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1 A criança constitui um grupo extremamente vulnerável do ponto de vista nutricional, já que apresenta elevada velocidade de crescimento, principalmente no 1° ano de vida (Chemin), por isso é importante a avaliação e monitoração do seu estado nutricional. A realização das medidas de maneira sistematizada e cronológica através das curvas de crescimento permite o acompanhamento do processo de crescimento e detecção precoce de situações de risco que possam interferir negativamente na condição nutricional e consequentemente na saúde do individuo. A caderneta da criança, disponibilizada pelo Ministério da saúde é uma boa ferramenta para o acompanhamento longitudinal. O diagnóstico deve ser baseado na inclinação da curva e não em um único ponto (Welfort). Nos casos de pacientes hospitalizados, a avalição deve ser realizada nas primeiras 24 horas de internação (Welfort). São hormônios (fator intrínseco pós concepcionais) influentes nas 4 fases do crescimento: • Intrauterino: insulina, lactogênio placentário, somatotrofina coriônica e somatomedinas. • Fase de lactente: hormônios tireoidianos. • Fase pré puberal: hormônio de crescimento hipofisário (GH). • Fase puberal: esteroides sexuais, somatomedinas e GH. Avaliação do EN de acordo com faixa etária A) Recém nascido & Lactentes: A duração da gestação, o peso pré-gestacional da mãe, e o ganho de peso materno determinam o estado nutricional da criança ao nascimento. Depois do nascimento, o crescimento da criança é influenciado pelos fatores genéticos e dietéticos. O acompanhamento do estado nutricional para < 1 ano de idade, deve levar em consideração: PESO, COMPRIMENTO e PERÍMETRO CEFÁLICO. Para crianças menores que 2 anos normalmente usa- se a balança pediátrica (“de mesa”) e antropômetro horizontal. A partir desta idade já pode usar a balança plataforma e estadiômetros ou então uma fita métrica fixa na parede. Características da faixa etária: Logo após o nascimento a criança perde 5 a 10% de seu peso, como forma de compensar a retenção hídrica que ocorre no nascimento e o recupera por volta de 7 a 10 dias. A água corpórea total diminui em 70% no nascimento para 60% com 1 ano de idade, esse decréscimo e devido à perda de agua extracelular, que diminui de 42% para 32% aos 12 meses de idade. De um modo geral, o recém nascido apresenta proporcionalmente muito menos massa muscular (25%) do que o adulto (40%) e ao nascer, meninos e meninas não diferem quanto à composição corporal. Há um aumento é em média do peso e altura para meninos e meninas durante os primeiros dois meses. Os RN a termo têm incremento de peso em torno de 30g/dia e 5cm/mês no comprimento (Chemin). Bebês que tendem a ter maior estatura atingem sua curva de crescimento entre o 3º e o 6º mês, já os nascidos com ≤ percentil 10 para altura podem não atingir a curva até 1 ano de idade (Krause). Curvas de crescimento: Ganho de peso e comprimento: Peso: o Taxa de ganho de peso nos primeiros anos de vida: 25 a 30 g/dia. o Ao redor do 4 a 6 meses: dobra o peso. o No primeiro ano de vida: peso do nascimento triplica. o Anos restantes: ganho de 2,0 -3,0 kg/ano = 1/3 do peso ganho no primeiro ano de vida. Período Ganho de peso 1º trimestre 700g/mês 25 a 30 g/dia 2º trimestre 600g/mês 20 g/dia 3º trimestre 500g/mês 15 g/dia 4º trimestre 300g/mês 10 g/dia Comprimento/ Altura: o Taxa de ganho de peso nos primeiros anos de vida: 1 mm/dia, reduzindo para 0,4 mm/dia até 1 ano. o Primeiro ano de vida: incremento de 50% na altura. o Segundo ano de vida: 12 cm. o Terceiro ano de vida: 8 a 9 cm. o Anos restantes: 7 cm/ano (Dan: 6 cm/ano). B) Crianças de 1 a 10 anos: Antropometria: As medidas mais utilizadas em crianças são: peso e estatura (comprimento para < 24 meses) e a circunferência de braço. o Peso Expressa a dimensão da massa corporal, incluindo tecido adiposo e muscular. Se modifica AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS 2 de forma rápida e intensa em intervalos curtos de tempo, permitindo diagnóstico precoce da desnutrição, e da recuperação do estado nutricional, mas sua medida isolada não indica qual compartimento corporal está comprometido. Crianças com edema não devem ser classificadas antropometricamente quanto ao seu EN. O edema caracteriza estado clínico indesejado, portanto, quando a criança edemaciada apresenta perda de peso importante em horas/dias, é um indicativo de que a terapia clínica e nutricional está sendo eficaz. oEstatura Indicador para avaliação do tamanho corporal e do crescimento linear. As modificações ocorrem em períodos de tempo prolongados, de modo que seu déficit reflete agravos do estado nutricional de longa duração. O termo estatura não é adequado para crianças menores de 2 anos, neste caso deve-se medir a criança deitada, o que é chamado de comprimento. O comprimento é aproximadamente 0,5cm a 1,5cm maior que a altura. O ganho em altura é proporcionalmente mais lento que o aumento de peso. Assim na vigência de um déficit nutricional em qualquer idade, a altura não sofre impacto imediato, mas o peso sim. E ao ocorrer prejuízo na estatura, parece não haver condições de recuperação. oCircunferência do braço (ou perímetro braquial – Chemin) Reflete tanto as reservas de energia como a massa protéica. É recomendada na avaliação do estado nutricional de crianças até 5 anos de idade. Considera-se como ponto de corte o valor de 12,5cm, abaixo disso é considerado baixo peso, equivalendo-se ao índice peso/altura. É recomendado como alternativa para avaliações rápidas do estado nutricional quando não é possível a utilização de peso e altura. É simples, fácil, rápido e de baixo custo (Chemin). Vantagens: Simplicidade do instrumento. Facilidade e rapidez de coleta e interpretação dos dados. Boa aceitabilidade e Baixo custo. Maior cobertura populacional. Replicabilidade. Desvantagens: A medida isolada de apenas um segmento corporal, limita a obtenção de diagnóstico mais global. E deve ser comparada a tabelas de referência (Chemin). oPerímetro torácico (PT) Até os 2 anos de idade possui valor como índice de estado nutritivo (funciona como indicador de reserva adiposa e massa muscular), depois sofre influência da atividade física. oPerímetro cefálico (PC) ou Circunferência occiptofrontal (Chemin) Deve ser realizado prioritariamente em crianças até 2 anos (Chemin) de idade, pois reflete indiretamente o crescimento cerebral, acelerado nesta fase, porém, NÃO reflete necessariamente retardo do crescimento do sistema nervoso (Chemin). Espera-se um aumento de 1cm/semana. RN= 34 a 35cm 6 meses = 42 a 44 cm 1 ano = 45 a 47 cm PC é utilizado para diagnóstico de estados patológicos de microcefalia, macrocefalia e hidrocefalia; e antropometricante ele é utilizado para classificação da desnutrição pelo indicador PTorácico/PCefálico. Interpretação: Relação CC/idade = Adequado entre p10- p90 (Chemin). oRelação Perímetro braquial/perímetro cefálico Reflete a proporcionalidade do crescimento e tem relação direta com a IG. Ao nascimento reflete a nutrição fetal, e o acompanhamento por este índice pode refletir a reserva muscular ou tecido muscular. Bom indicador do estado proteico-calórico do RN e permite caracterizá-lo quanto à restrição de crescimento intrauterino. Valores < p5, seriam indicativos de restrição intrauterina. Essa relação avalia a proporcionalidade corpórea, baseada no princípio da preservação relativa do crescimento cefálico comparado a perda muscular e de gordura em períodos de nutrição marginal. No entanto, a medida de PB não é realizada como rotina na prática clínica. oDobras cutâneas medem a quantidade de tecido adiposo subcutâneo e consequentemente as reservas de energia do organismo e o estado nutricional atual. É de fácil acesso, mas depende do treinamento do avaliador (Chemin).As mais recomendadas na avaliação de crianças são a triciptal e a subescapular, por possuírem valores de referência (Frisancho), valores acima de p90 indicam risco à saúde, e abaixo do percentil 5 representam aumento no risco de morbidade (Chemin). As mais indicadas para crianças: triciptal, subescapular, biciptal, abdominal e suprailíaca. Vantagens: Mede a composição corporal não só o volume É de maior acessibilidade econômica Sua acurácia depende do treinamento do avaliador Desvantagens: Variações na distribuição do tecido adiposo de acordo com idade e sexo Inexistência de parâmetro de referência levando em consideração a etnia Depende do treinamento do avaliador (Chemin). oCircunferência da cintura Serve como indicador de doença cardiovascular inclusive em crianças e 3 adolescentes. A grande limitação para o seu uso, é a falta de pontos de corte específicos para as crianças. o Alvo parenteral (canal familiar) Compara a altura da criança à altura dos pais. Quando o percentil do pai e da mãe é semelhante, existe grande probabilidade da criança atingir na vida adulta um percentil muito próximo do familiar. Entretanto, no caso em que a estatura dos pais é muito discordante, a altura alvo-familiar não é muito informativa. o Idade óssea (IO): capaz de avaliar o crescimento por meio da avaliação da maturação óssea episária (núcleos de ossificação), analisando através de radiografia, os ossos das mãos e punhos. Nos menores de 1 ano são analisados pé e quadril. As imagens são comparadas a referências. O desenvolvimento dos ossos é caracterizado por uma sequência de maturação, com aparecimento progressivo de núcleos de ossificação que variam em tamanho e forma desde o nascimento até o final de desenvolvimento puberal. Idade óssea = idade cronológica → Indicador de baixa estatura familiar. Idade óssea < Idade cronológica → Indicador de atraso constitucional do crescimento. Relação entre as proporções corporais (Vitolo): São úteis em caso de síndromes genéticas e endocrinológicas, ou atraso no crescimento. A) Relação Segmento superior (SS)/Segmento inferior (SI): - Segmento superior (SS): altura sentado (mede-se a altura que se estende da cadeira até a parte mais alta da cabeça). - Segmento inferior (SI): comprimento dos membros inferiores (junção da virilha até o chão). Ao nascimento SS/SI = 1,7 cm 3 anos SS/SI = 1,3 cm Após 7 anos SS/SI = 1,0 cm B) Relação envergadura/estatura: Envergadura é a distância entre os extremos dos dedos médios. Valores de Normalidade (Vitolo, Chemin): Fontanela (Welfort): O acompanhamento do fechamento das fontanelas, pode indicar desnutrição quando ultrapassa: Fontanela anterior: fecha entre 9 e 18 meses. Fontanela posterior: nasce fechada ou fecha aos 2 meses de idade. Métodos complementares (Welfort): Bioimpedância é utilizado para determinar água corporal e posteriormente estimar a massa livre e o percentual de gordura. Tem sido muito utilizado por ser de baixo custo em comparação a outros, além de não invasivo, simples e últil para medir composição corporal. Não existem estudos que validem o uso da tanita (BIA vertical) em avaliação de crianças. A utilização da BIA é limitada nos casos de: doenças degenerativas, pacientes críticos, indivíduos em crescimento não devendo portanto ser aplicada em menores de 6 anos de idade. Densitometria: para crianças e adolescentes ainda faltam dados de referencia. Dentição (Welfort): Na maioria das crianças é precedido por um aumento de salivação e a criança tende a levas as mãos ou objetos a boca. Podem-se formar pequenos hematomas antes da erupção que deixam a gengiva edemaciada. O uso de chupetas e sucção do dedo leva ao deslocamento dos dentes antero-superiores, deslocando maxilar superior = má oclusão. Em meninas a dentição permanente costuma ser mais precoce. Métodos indiretos de avaliação da composição corporal (Tirapegui): A circunferência braquial (CB), abdominal (CA), e a prega cutânea triciptal (PCT) podem ser utilizadas para estimativa da composição corporal. Tais procedimentos refinam o diagnóstico da condição nutricional, uma vez que podem dar a ideia de massa magra e massa gorda. De acordo com Freedman medida de circunferência de cintura acima de p90 está associada com resistência à insulina e alteração do perfil lipídico. Para classificação de CB e PCT utiliza-se o padrão proposto por Frisancho, e classifica os valores <p5 como risco para desnutrição, p85-p90 como sobrepeso e >p90 obesidade. A partir de tais medidas podem ser calculadas a CMB e AMB. CMB = CB – (PCT x 0,324) AMB = CB – (PCT x 3,1416)2 / 4 x 3,1416 Outros métodos mais empregados em crianças com idade superior a 6 anos são: BIA e DEXA (baixa radiação, 1/10 do raioX de punho). Crianças e Adolescentes com limitações físicas (Tirapegui): As medidas de segmento de membros superiores ou inferiores em crianças de 2 a 12 anos com limitações físicas permitem a utilização das equações propostas por Stevenson para realização da estimativa de estatura. As medidas utilizadas são comprimento superior do braço (CSB) – distância entre acrômio até cabeça do rádio medida com o membro superior fletido; comprimento tibial 4 (CT) – medida da borda súpero-medial da tíbia até a borda do maléolo medial inferior com fita inextensível; e comprimento do membro inferior a partir do joelho (CJ) – comprimento do joelho até o tornozelo. Avaliação nutricional no estresse metabólico (Tirapegui): Na criança e adolescente doentes a avaliação nutricional também é extremamente importante e deve ser realizada na admissão, após estabilização hemodinâmica e dos distúrbios hidro-eletrolíticos e ácido-base. Deve ser realizada periodicamente. Deve conter todos os itens anteriormente citados, contudo os parâmetros a serem avaliados diferem um pouco. Deve-se considerar: Perdas aumentadas (diarreia, vômitos, fístulas) Alteração da ingestão alimentar e do apetite Sintomas gastrointestinais (náusea, vômito, diarreia) Frequência de jejum forçado por exames ou procedimetnos cirúrgicos Estimativa do impacto da doença Avaliação do grau de alteração da capacidade funcional provocada pela doença As medidas antropométricas são úteis para avaliar comprometimento nutricional prévio à internação, no entanto não refletem as alterações nutricionais agudas que ocorrem em situações de estresse metabólico. Fase inicial = redistribuição hídrica com migração de líquidos e proteínas para o espaço intersticial, devido a alteração da permeabilidade capilar. Assim, a expansão do volume extracelular faz com que a perda de peso seja subestimada. Assim, torna-se importante o acompanhamento diário do peso para avaliações das perdas, relação peso/altura, que pode refletir precocemente agravos na situação nutricional. Crianças com perda de peso superior a 2% em período inferior a 1 semana apresenta grande morbimortalidade. Na criança doente os exames laboratoriais são de extrema importância no diagnóstico e segmento, norteando a terapia nutricional e metabólica. Na fase aguda do estresse metabólico, por estímulo das citocinas, ocorrre síntese de ptns de fase aguda (ptn C reativa, pro-calcitonina) em detrimento a ptns viscerais. Assim a aferição das ptns viscerais concomitantemente as ptns de fase aguda auxilia na caracterização do estado nutricional do paciente grave. Proteína Meia vida Uso clínico Limitações Albumina 18-20 Prognóstico Hidratação, dias Grau de desnutrição inflamação, doença renal ou hepática. Transferrina 8-9 dias Nenhum Hidratação, inflamação, doença renal ou hepática, alteração do metabolismo de ferro. Pré- albumina 2 dias Prognóstico Monitorização nutricional Hidratação, inflamação, doença renal ou hepática, uso de corticoides. Proteína C reativa 8-12 horasPrognóstico Indicador de infecção bacteriana Indicador de resposta inflamatória É um reagente de fase aguda, não tem valor no diagnóstico nutricional, serve como contraprova para as demais proteínas plasmáticas. Fibronectina 12 horas Monitorização nutricional Inflamação, valores referências não estabelecidos. Proteína ligada ao retinol 4-24 horas Monitorização nutricional Hidratação, inflamação, doença renal ou hepática, deficiência de vitamina A e zinco. O substrato energético preferível passa a ser a proteína devido alteração hormonal, com aumento do catabolismo proteico. A avaliação do metabolismo proteico pode ser feita por: índice creatinina-altura, 3 metil-histidina, dosagem de nitrogênio ureico urinário associado à amônia urinária, balanço nitrogenado, e perfil sérico de aminoácidos (a maioria desses exames não são usados na prática clínica, mas em estudos clínicos). Índices antropométricos: São construídos a partir de duas medidas antropométricas brutas, já que isoladamente as medidas não permitem uma avaliação nutricional precisa. Os mais utilizados são: oPeso por idade (P/I) Reflete o peso em relação à idade cronológica, é influenciado tanto pelo peso como pela estatura. Em situações onde há uma relação elevada para este índice utiliza-se o termo sobrepeso, já a utilização do termo desnutrição global deve ser desencorajada. É preconizado em crianças menores de 2 anos, pois o peso nesta faixa etária é o parâmetro que tem maior velocidade de crescimento, variando mais em função da idade do que do comprimento. É um indicador do estado nutricional atual (Chemin). oAltura por idade (A/I) ou (E/I) Reflete o crescimento linear alcançado para uma idade específica e seus déficits indicam inadequações acumuladas a longo prazo, ou seja, fornece um quadro de história nutricional 5 passada, permitindo observar a cronicidade do agravo nutricional (Chemin). As crianças com baixa estatura para idade podem ser classificadas como baixas ou com nanismo (stunting). O primeiro termo é utilizado para descrever um baixo valor de E/I, já o segundo termo, implica em um processo patológico que demanda cuidados nutricionais específicos. Caso contrário, assume-se que estas crianças são geneticamente baixas. A utilização do termo desnutrição crônica deve ser desestimulada como sinônimo de baixa E/I, por não permitir diferenciar um processo passado e um de longa duração, mas que se mantém presente. oPeso por altura (P/A) ou (P/E) Reflete a harmonia do crescimento com o peso e não requer o uso da idade. As crianças com baixo peso para estatura podem ser classificadas como sendo portadoras de magreza ou emaciação (wasting). O primeiro termo não implica associação com um processo patológico, já o segundo resulta de um processo grave de fome ou doença. O uso do temo emaciação em nível populacional é apropriado somente quando a prevalência do P/E é > 3% (- 2DP). A OMS não recomenda mais a utilização dos termos desnutrição aguda, corrente ou severa e também não recomenda o termo obesidade quando se fala em nível individual, mas pode ser um indicador a nível populacional. É considerado um bom indicador do estado nutricional atual ou como detector de deficiência a curto prazo (Chemin). o IMC ou índice de Quetelet Tem sido pouco empregado na avaliação do EN de crianças < 10 anos, embora a OMS recomende seu uso para crianças a partir de 5 anos de idade (Accioly 09). Entretanto, necessita de curvas específicas, pois conforme a criança cresce, a composição corporal sofre alteração em função da idade e sexo. É criticado por depender da estatura, o qual por sua vez depende da idade, além de não permitir diferenciar se o excesso de peso é decorrente de massa gorda ou massa magra e óssea, entretanto é bastante útil no rastreamento de excesso e baixo peso. É considerado um índice superior ao P/E na identificação desses agravos nutricionais em crianças > 5 anos. Segundo Chemin, o P/E só deve ser utilizado no período pré-pubertário, pois só nessa fase essa relação independe da idade. Os índices antropométricos mais amplamente usados e recomendados pela OMS e MS na AN de crianças e adolescentes são: Faixa etária Crianças de 0 a 5 anos completos Crianças de 5 a 10 anos incompletos Adolescen tes (10 a 19 anos) Índice antropométrico Peso para idade Peso para idade ---- Estatura para idade Estatura para idade Estatura para idade Peso para estatura ---- ---- IMC para idade IMC para idade IMC para idade Interpretação dos índices: Percentis: O percentil mostra a frequência com que ocorre determinado peso ou estatura em um determinado grupo populacional de acordo com o sexo, faixa etária ou estado fisiológico, o percentil 50 é considerado ideal. É o mais utilizado nos serviços básicos de saúde (Vitolo). Os pontos de corte mais importantes são: p3 (indicador de desnutrição); p50 (equivalente à media ou mediana); p97 (indicador de sobrepeso). Aplicação (Vitolo): são práticas e fornecem o diagnóstico da condição nutricional da criança ou do adolescente sem cálculos. Limitações: - O mesmo intervalo de percentis correponde a diferentes mudanças de valores absolutos de estatura ou peso. Assim não serve para calcular média e desvio padrão. - Não permite identificar de forma eficaz pequenos ganhos ou perdas, não sendo útil na avaliação de intervenções. - Não são indicadas em caso de atraso ou avanço puberal, nestas situações o melhor indicador é percentual de adequação de peso para estatura (Vitolo). Escore-Z ou múltiplos de desvio padrão: É a medida de quanto o indivíduo se afasta ou se aproxima da média ou mediana em desvios-padrão do grupo de dados a que pertence. É mais aceito na literatura científica e é um excelente método para estudos de grupos populacionais. É útil na detecção de pequenas mudanças nos extremos da distribuição. Seus valores de normalidade são entre – 2DP e + 2DP. Se o valor de escore Z for zero (0), isto significa que o valor obtida pela criança é exatamente igual ao valor do referencial, no caso o valor do percentil 50 das curvas de crescimento. Limitações: Era preciso um tratamento estatístico, entretanto agora com as novas curvas da OMS é possível usar o escore Z de maneira mais fácil e prática (Vitolo). Sistemas de Classificação do EM: A) Gomez baseia-se na adequação percentual do peso para idade de 0 a 2 anos. Limitações: - Não consegue diferenciar os tipos de desnutrição, pois utiliza somente o índice P/I. - Gomez utilizou ponto de corte aleatório para a definição dos graus de desnutrição. - É útil quando ocorre desnutrição aguda ou apresenta estatura praticamente no percentil 50. Por isso, a SBP recomendou que só fosse utilizado para crianças até 2 anos. 6 Classificação de Gomez > 90% Eutrofia 75 – 90% Desnutrição leve 60 – 75% Desnutrição moderada < 60% Desnutrição grave B) Waterlow: Preconizava a utilização de dois índices para crianças de 2 a 10 anos: E/I e P/E e propuseram que a desnutrição fosse classificada como crônica, pregressa ou aguda. Chemin: Curvas de crescimento: É o instrumento mais utilizado pelos profissionais de saúde para acompanhar EN de crianças. Até o final da última década, a OMS recomendava o uso exclusivo como referência antropométrica do National Center for Health and Statistics (NCHS). Entretanto, devido a uma série de limitações tais como: a maior parte das crianças estudadas não não foram alimentadas com LM (principal limitação); não possui representatividade internacional, pois foi baseado em crianças da população americana; e diferenças metodológicas que resultaram em uma disjunção na curva, com mudanças abruptas nos índices aos 2 anos de idade. Essas curvas foram revisadas pelos Centers for Disease Control, e deram origem as curvas CDC, 2000 (Accioly09).Entretanto, a população continuava sendo a mesma (população americana), porém a edição do NCHS só utilizava crianças e adolescentes brancos e crianças alimentadas artificialmente; na edição revista foram incluídas os negros e descendentes mexicanos, garantindo maior representatividade étnica; além de crianças com amamentação mista (SM e alimentação artificial – Vitolo), e inclusão do índice IMC/I. Apesar da revisão do NCHS pelos CDC, os pesquisadores da OMS organizaram um Estudo Internacional Multicêntrico para elaboração de curvas de crescimento baseadas em informações sobre o desenvolvimento infantil em países com diferentes níveis de desenvolvimento sócio-econômico em distintos continentes (Brasil, Gana, Índia, Noruega, Oman e EUA). Este estudo deu origem as novas curvas de crescimento da OMS em 2006, para crianças de 0 a 5 anos. Além dos índices P/I, E/I e P/E, foram elaborados para as diferentes faixas etárias: perímetro cefálico, circunferência do braço, prega cutânea do tríceps e subescapular e IMC para idade. O Brasil foi o país de menor adesão ao aleitamento e que mais ofereceu chás ao lactente. As curvas novas identificam menor prevalência de desnutrição e maiores taxas de sobrepeso e obesidade. Esse mesmo trabalho não foi possível ser feito para crianças de 5 a 19 anos pois passa a ser difícil controlar o ambiente em que vivem, então através de estudos populacionais de diversos paises, determinaram novos referenciais de peso e estatura. Foram elaboradas curvas de IMC por idade e de estatura por idade de crianças de 5 a 19 anos e curvas de peso para idade para crianças de 5 a 10 anos, embora os pesquisadores alertem que não se deve usar o P/I paramonitorar o estado nutricional nesta faixa etária, sendo as curvas de IMC elaboradas para diagnóstico de baixo e excesso de peso (sobrepeso e obesidade). A justificativa para a elaboração dessas curvas (P/I até 10 anos) foi para beneficiar os países que medem apenas peso. Conclusão: A referência de crescimento pela OMS para uso internacional foi desenvolvida pelo NCHS, 1977 nos EUA. Esse referencial foi revisto e relançado em 2000, incluido a curva do IMC/idade (CDC, 2000). Entretanto, hoje não se recomenda mais o uso dessas curvas e sim sua substituição pelas novas curvas da OMS lançadas em: 2006 para < de 5 anos e 2007 para crianças e adolescentes de 5 a 19 anos. Cartão da Criança (Chemin): A forma mais adequada para acompanhar o crescimento, nos serviços básicos de saúde é por meio do registro periódico do peso no cartão da criança (Chemin), onde utiliza o sistema de percentis e índice peso/idade para avaliar o crescimento infantil. A grande desvantagem é o fato do cartão avaliar somente o crescimento ponderal. Acompanhamento do crescimento: SISVAN, 2008 coloca como periodicidade mínima de atendimento: registro aos 15 dias de vida, 1 mês, 2, 4, 6, 9, 12, 18 e 24 meses. A partir dos 3 anos, recomenda-se no mínimo um atendimento por ano até que a criança complete 10 anos. Vigilância alimentar e nutricional na atenção básica: proposta de atendimento prevista para essa fase da vida Crianças Fase da vida Consultas Observação Recém-nascido (até 29 dias de vida) com ≥ 2500g até 12m 3 consultas médicas ao ano 4 consultas de enfermagem/ano 2 atividades educativas/ano (para mae ou responsável) Monitorar crescimento, aleitamento materno, alimentação e investigar anemia 1 aos 2 anos 1 consulta médica/ano 2 consultas de enfermagem/ano 1 atividade educativa/ano (para mães ou responsável) Monitorar crescimento, aleitamento materno, alimentação e investigar anemia 2 aos 10 anos 1 consulta médica/ano 1 atividade educativa/ano (para mães ou responsável) Monitorar crescimento, alimentação e investigar anemia 7 5 Durante muito tempo, o MS adotava o índice P/I para acompanhamento do crescimento infantil. Atualmente para classificação do EN são adotados os seguintes índices: P/I; P/E; IMC/I; E/I (Accioly 09). Os pontos de corte são os mesmos propostos pelo SISVAN, 2008. Classificação da OMS (Chemin): Independe da faixa etária e é realizada a partir do escore Z dos índices P/E e E/I. Tem maior especificidade e menor sensibilidade diagnóstica. Identifica formas moderadas e graves de desnutrição Inadequada para assistência primária, pois impede intervenção precoce. São desnutridos aqueles que estiverem 2 desvios- padrão abaixo da média de referência: Classificação de desnutrição segundo a Organização Mundial da Saúde Desnutrição moderada Desnutrição grave Edema simétrico não Sim Escore Z P/E Escore Z E/I -3 ≤ Escore Z < -2 (70 – 79%) -3 ≤ Escore Z > -2 (85 – 89%) Escore Z < -3 (< 70%) Escore Z ≤ -3 (<85%) P/E= índice peso/estatura; P/I= índice peso/idade A avaliação de sobrepeso/obesidade pode ser feita da seguinte maneira: 8 P/E 110 e < 120% = sobrepeso P/E > 120% = obesidade Escore Z: > +2 e < +3 ou > p85 e < p97= sobrepso Escore Z > +3 ou > p97 = obesidade Situação Nutricional da criança brasileira: Famílias com piores condições socioeconômicas apresentam riscos significativamente maiores de baixo peso e retardo de crescimento. Pesquisas anteriores ao POF já sugeriam a redução da desnutrição em crianças abaixo de 5 anos, nas que apresentam baixo peso, o principal preditor de BP é o peso ao nascimento (triplo de chance de BP). O déficit estatural é melhor que o ponderal como indicador de influências ambientais negativas sobre a saúde da criança, sendo o mais sensível de má nutrição, esse déficit é mais prevalente em baixa renda e no BP ao nascer. Anamnese alimentar: Até os 7 anos os dados de ingestão são fornecidos predominantemente pela mãe, a partir daí pode-se fazer o inquérito direto a criança e em caso de dúvida pede-se o auxílio da mãe. Em adolescentes, o inquérito é feito exclusivamente com eles e a mãe deve ser orientada a não interferir. - Para lactentes exclusivos: número de vezes que mama, quantidade de fraldas molhadas, as evacuações e ganho de peso. - Para pré escolares: inquérito de 1 dia (recordatório de 24 horas ou o dia alimentar habitual), e um registro alimentar de pelo menos 3 ou 4 dias, devido ao apetite instável. É comum a mãe relatar a mãe relatar a quantidade oferecida e não a da realmente consumida. - Para escolares: dia alimentar habitual. Investigação laboratorial: Os parâmetros laboratoriais mais úteis e mais acessíveis são: hemograma, colesterol total e frações, TG, hemoglobina glicosilada e glicemia de jejum. Em casos de desnutrição, pode-se pedir albumina. Adolescentes (10 a 19 anos – OMS) Indicadores: IMC/idade e estatura/idade Observações: - IMC/idade: utilidade no rastreamento de excesso e baixo peso. - Peso/idade: uso LIMITADO nesta fase, pois hormônios influenciam no ganho ponderal e composição corporal. - CB, CMB e dobras cutâneas: podem ser utilizadas. - DCT e DCSE: soma-se para obtenção do percentual de gordura corporal (25% para meninos e 30% para meninas) ou por distribuição em percentis através da soma das PCSE e PCT proposta por Frisancho (normalidade p15 e p75; valores < p5 representam déficit e > p85, são considerados excesso de reserva energética). Pontos de corte para avaliação do percentual de gordura corporal em indivíduos de 7 a 17 anos: Classificação do % de gordura corporal Masculino Feminino Excessivamente baixa 0 a 6% 0 a 12% Baixa 6,01 a 10% 12,01 a 15% Adequada 10,01 a 20% 15,01 a 25% Moderadamente alta 20,01 a 25% 25,01 a 30% Alta 25,01 a 31% 30,01 a 36% Excessivamente alta ≥ 31,01% ≥36,01% Maturidade sexual: Para os adolescentes além da antropometria e composição corporal, é fundamental avaliar a maturação sexual, que permitirá identificar em que momento da puberdade se encontra o adolescente e consequentemente a fase de crescimento (maior ou menor aceleração).O método mais conhecido foi proposto por Tanner. Nas meninas são avaliadas as características sexuais secundárias de pelos pubianos e mamas e nos meninos genitais e pêlos pubianos. Podem ser classificados em 5 estágios: - Estágio 1: Fase pré-puberal (características infantis). - Estágios 2, 3 e 4: Fase puberal. - Estagio 5: Fase pós-puberal (características de adulto). O estirão puberal (crescimento) é o período em que ocorre o pico de velocidade de crescimento (PVC) e dura cerca de 3 a 4 anos, em que há um acréscimo de 20% na estatura e 50% no ganho de peso. O PVC ocorre entre 11 e 12 anos nas meninas (9cm/ano) e 13 e 14 anos (10 cm/ano) nos meninos. Marcadores biológicos: Sexo Início Fim Meninos Genitália estágio 3 Timbre de voz Meninas Mama estágio 2 Menarca 9 Avaliação laboratorial: Avaliação antropométrica em situações especiais: Paralisia cerebral A avaliação antropométrica é limitada devido a presença de deformidades musculoesqueléticas ou espasmos musculares involuntários que dificultam que as crianças fiquem em pé, além da pouca cooperação em razão da deficiência cognitiva. Assim, estima-se a altura por meio das medidas: - Comprimento superior do braço (CSB): distância do acrômio até a cabeça do rádio, medida com o membro superior fletido a 90º. - Comprimento da tíbia (CT): distância da borda superomedial da tíbia até a borda do maléolo medial inferior, sendo o comprimento da porção média superior abaixo do joelho até a porção média inferior no tornozelo. - Comprimento do joelho (CJ): medida do comprimento entre calcanhar e a superfície anterior da perna na AJ com o mesmo flexionado a 90º. Cálculo da estatura em indivíduos portadores de limitações físicas (2 a 12 anos): Medida do segmento Estatura estimada (cm) Desvio padrão (cm) CSB E = (4,35 x CSB) + 21,8 ± 1,7 CT E = (3,26 x CT) + 30,8 ± 1,4 CJ E = (2,69 x CJ) +24,2 ± 1,1 As medidas de composição corporal também podem ser utilizadas para o melhor diagnóstico nutricional, principalmente as que avaliam gordura corporal, já que não são afetadas pelo déficit neuromuscular. Não há curvas específicas – necessidade de acompanhamento. Síndrome de Down Apresentam características de crescimento diferentes: o estirão de crescimento ocorre de forma mais precoce e a velocidade de crescimento é mais lenta, resultando assim em indivíduos de ESTATURA MAIS BAIXA em relação à população geral e maior predisposição ao EXCESSO DE PESO. Existe as curvas específicas de Cronk et al (população americana) para avaliação de P/I e E/I, que considera baixo peso (< p5) e excesso de peso (> p95). A principal causa da alta prevalência da anemia na infância é a restrição ao mineral, tanto quantitativamente como qualitativamente, bem como os elevados requerimentos de ferro nos grupos biológicos mais susceptíveis à anemia. Os países em desenvolvimento são os mais atingidos, tendo como principais grupos de risco os lactentes, as crianças pequenas e as mulheres em idade fértil. A prevalência em crianças abaixo de 5 anos varia de 40,9% a 73,2%. A anemia por deficiência de ferro está associada a dano no desenvolvimento psicomotor das crianças. Definições e distinção: Anemia: níveis anormais de hemoglobina devidos a condições patológicas. Causas incluem: deficiência de ferro, infecções crônicas, particularmente a malária e deficiência de outros micronutrientes, como ácido fólico e vitamina B12. A anemia em crianças de 6 a 59 meses é definida por valores de hemoglobina menores que 11g/dL. Deficiência de ferro: diminuição na concentração de ferritina, que é geralmente resultado de uma dieta com biodisponibilidade de ferro inadequada, aumento dos requerimentos de ferro durante o rápido período de crescimento e/ou o aumento das perdas sanguíneas. Anemia por deficiência de ferro: quando aguda, a deficiência de ferro causa anemia. Na instalação da deficiência de ferro ocorrem 3 estágios progressivos: 1. Diminuição dos níveis de ferro no organismo, com redução dos seus depósitos, observada pela queda da ferritina sérica. 2. Eritropoiese deficiente, caracterizada pela diminuição do ferro sérico, saturação de transferrina abaixo de 16% e elevação de protoporfirina eritrocitária. 3. Anemia com redução na síntese de hemoglobina e com hemácias microcíticas e hipocrômicas. ANEMIA FERROPRIVA NA INFÂNCIA 10 Parâmetros laboratoriais hematológicos - níveis de normalidade: Valores normais Hemoglobina 0 a 59 meses >11g/dl 5-11anos>11,5g/dl Hematócrito 0 a 59 meses > 33% 5 a 11 anos >34% Volume corpuscular médio (VCM) 1 a 2 anos >74fl 3 a 4 anos > 76fl Hemoglobina corpuscular média (HCM) < 24pg Amplitude de distribuição do tamanho dos eritrócitos (RDW) 14% Ferritina 0 a 5 anos > 12ug/l depleção dos estoques > 5 anos: > 12ug/l meninas e > 15ug/L meninos Ferro sérico 22 a 184ug/L Saturação de transferrina 1 a 2 anos > 10% 3 a 5 anos >12% 6 a 11 anos > 14% Protopporfirina eritrocitária livre < 5 anos: < 70ug/dl células vermelhas < 2,6ug/g hemoglobina < 61 mmol/mol heme > 5 anos: < 80ug/dl células vermelhas < 3ug/g hemoglobina < 70 mmol/mol heme São consequências da anemia ferropriva: prejuízos no desenvolvimento da linguagem falta de atenção, fadiga, insegurança e redução da atividade física. Os sintomas mais frequentes são debilidade física, irritabilidade, cefaléia, dispnéia ao esforço, palpitações e parestesias. Sinais clínicos como atrofia papilar da língua, coiloníquia (unhas côncavas), edema de membros, quelites, retardo de crescimento, anorexia e geofagia. Fatores dietéticos associados à anemia em crianças: As reservas de ferro ao nascimento desempenham importante função na determinação dos fatores de risco para anemia durante a infância porque a concentração de ferro no leite humano é baixa. A criança a termo, ao nascer, tem cerca de 75mg de ferro por quilograma de peso, aproximadamente 250 a 300mg. O tempo entre o nascimento da criança e o clampeamento do cordão umbilical é fator determinante na ocorrência de anemia em crianças. O aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida e a manutenção do leite materno a partir dessa idade, juntamente com a alimentação complementar, estão associados à menor prevalência de anemia. A quantidade de ferro presente no leite de vaca é de 0,6mg/L e a absorção é de 10%. O risco de anemia é maior entre crianças em aleitamento artificial (cerca de três vezes) e entre crianças em aleitamento misto (cerca de duas vezes) do que entre crianças que recebem exclusivamente leite materno. A abs do ferro no LH 50% (x 70%, Accioly, 2009) => pode reduzir em 80% quando outros alimentos são ingeridos pelo lactente. A absorção do ferro dos alimentos depende de vários fatores, tais como o estado nutricional de ferro do indivíduo; quando há deficiência, há maior absorção. Mas não se sabe se esse mecanismo de regulação funciona durante a infância. 11 Ferro Heme, Ferro Não-heme e ferro proveniente de alimentos fortificados: As carnes apresentam cerca de ±2,8mg de ferro por 100g do alimento, e são absorvidos em torno de 20% a 30% desse nutriente. O ferro não-heme, contido no ovo, nos cereais, nas leguminosas (feijão) e nas hortaliças (beterraba), ao contrário do ferro animal, tem 2% a 10% absorvidos pelo organismo. Potencializam a absorção do ferro: Ácido ascórbico e outros ácidos: cítrico, málico, tartárico Carnes Vitamina A e betacaroteno: diminuição a inibição de outros fatores Inibem: Polifenóis, como espinafre, berinjela e lentilha Fitatos Proteínas como albumina do ovo, fosvitina da gema do ovo e proteínas das leguminosas Cálcio, manganês, cobre, cádmio e cobalto Welfort: O ideal é que a carne seja cozida e não frita com o aproveitamento do caldo do cozimento. Os ovos tem baixa biodisponibilidade em razão da presençade fosfoproteínas na clara, todavia, quando o ovo é consumido sem a clara e com alimentos que facilitem a absorção do ferro, como a polpa ou molho de tomate, a aumento na absorção do ferro não heme. Quanto ao feijão a biodisponibilidade do ferro pode ser melhorada por meio de técnicas de preparo como deixar o feijão de molho algumas horas antes do cozimento e retirar sua película antes do consumo. Quando panelas de ferro são utilizadas para cozimento, ocorre aumento do teor de ferro nos alimentos.Para países em desenvolvimento, pode-se considerar que a biodisponibilidade do ferro seja em torno de 5% (baixa – carne e ac ascóbico em quantidade insignificante) a 10% (moderada) Quantidade de alimentos necessários para que a recomendação de vitamina C seja atingida: Laranja: ½ unidade; ou kiwi: 1 unidade Suco de fruta: 1 copo; ou goiaba: ¼ unidade O ácido ascórbico auxilia no aumento da absorção do ferro não-heme pelos seguintes mecanismos: Como agente redutor, ao reduzir o ferro da forma férrica (fe+++) para a forma ferrosa (fe++) além de manter sua solubilidade no meio alcalino do intestino delgado superior; o ácido ascórbico aumenta o transporte de ferro através da membrana do enterócito. Como agente quelador, na liberação do complexo ferro-transferrina e na formação de quelato com ferro férrico em pH ácido, que permanece solúvel no meio alcalino do intestino delgado. Como liberador de ferro armazenado, aumentando o pool de ferro realmente biodisponível. Leite de vaca fluido: A introdução precoce de leite de vaca causa impacto negativo nos estoques de ferro das crianças por causa da baixa quantidade de ferro que o leite contém (2,6mg de Fe para 1.000kcal do alimento) e pela baixa biodisponibilidade, além de provocar microhemorragias devido a imaturidade do trato gastrointestinal. Classificação das dietas quanto à biodisponibilidade de ferro: As dietas geralmente podem ser classificadas em três categorias de biodisponibilidade de ferro: baixa, intermediária e alta, e a absorção média de ferro heme e não-heme é aproximadamente 5%, 10% e 15%, respectivamente. Dieta com baixa biodisponibilidade: baseada em cereais, raízes e tubérculos, com pouca presença de carne, peixe ou vitamina C. Contém predominantemente alimentos que inibem a absorção do ferro, tais como arroz, feijão, milho e farinha de trigo integral. Dieta com biodisponibilidade intermediária: é composta principalmente de cereais, raízes e tubérculos, mas inclui alguns alimentos de origem animal e/ou ácido ascórbico. Dieta com alta biodisponibilidade: é dieta diversificada e contém moderadas quantidades de carne, aves, peixe ou alimentos ricos em ácido ascórbico. Classificação da Biodisponibilidade de ferro presente nas dietas: Baixa Biodisponibilidade Média Biodisponibilidade Alta Biodisponibilidade < 23g de carne e < 25mg ou 25- 75mg de vitamina C < 23g de carne e > 75mg de vitamina C 23 a 70g de carne e <25mg de vitamina C >70g de carene e <25mg de vitamina C 23 a 70g de carne e 25 a 75 ou >75 mg de vitamina C >70g de carne e 25-75 ou >75mg de vitamina C Fatores dietéticos que diminuem a absorção de ferro: Recomendações de ferro para crianças: Os principais fatores determinantes dos requerimentos de ferro durante a infância são as reservas de ferro ao nascer, as necessidades para o crescimento e 12 a necessidade para repor as perdas. A densidade de ferro nos alimentos complementares recomendada pelo MS (2002) para crianças abaixo de 24 meses é de 4mg/100kcal dos 6 aos 8 meses, de 2,4mg/100kcal dos 9 aos 11 meses e de 0,8mg/100kcal dos 12 aos 24 meses. Recomendação diária de ferro (mg) segundo a IOM (2000): Faixa etária RDA/AI EAR UL 0 a 6 meses 0,27 6,9 40 7 a 12 meses 11 6,9 40 1 a 3 anos 7 3 40 4 a 8 anos 10 4,1 40 9 a 13 anos (meninas) 8 5,7 40 9 a 13 anos (meninos) 8 5,9 40 Crianças pequenas, devido à capacidade gástrica reduzida, comem em pequenas quantidades; assim, os alimentos enriquecidos e fortificados devem ser indicados. Estratégias para prevenção e combate à Anemia Ferropriva: Uso de alimentos enriquecidos: No Brasil, desde 18 de junho de 2004, toda a farinha de trigo e de milho comercializadas no país sai da fábrica fortificada com ferro. A cada 100g de farinha no mínimo 4,2mg de ferro (30% das DRI). Além dessa proposta, o mercado atual oferece ampla variedade de produtos enriquecidos com ferro. Suplementação de ferro em doses profiláticas: A WHO recomenda o uso universal de suplementos de ferro na dosagem de 2mg/kg de peso ao dia, para todas as crianças de 6 a 23 meses de vida. O Programa Nacional de Suplementação de Ferro tem o objetivo de prover suplementação universal de crianças de 6 a 18 meses com dose semanal de 25mg de ferro. A proposta enfatiza a importância da sensibilização das famílias para à importância da suplementação. O Comitê de Nutrição da Academia Americana de Pediatria recomenda: PN < 1.000g = 4mg de ferro elementar/kg peso/dia PN > 1.000g e < 1.500g = 3mg de ferro elementar/kg peso/dia Recomendação da Sociadade Brasileira de Pediatria para Suplementação de fero para lactentes : 13 Prevenção e tratamento da anemia ferropriva na infância: Prevenção • Incentivo ao alitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida, evitando oferta de água e chá • Prescrição de fórmulas lácteas enriquecidas com ferro para lactentes com desmame precoce. A prescrição de fórmulas lácteas caseiras é indicada para famílias de baixo poder aquisitivo, nestes casos antecia-se a oferta de frutas e refeição de sal para 2 e 4 meses, rescpectivamente • Restrição do uso de leite de vaca no primeiro ano de vida se amamanetadas ao seio materno • Restrição da oferta de alimentos fonte de ferro-heme (carnes) e ferro não-heme (feijões, hortaliças folhosas) em duas refeições diárias a partir da alimentação complementar • Associação de alimento-fonte de vitamina C junto às refeições ricas em ferro-heme e não-heme • Utilização de alimentos enriquecidos com ferro • Suplementação profilática de ferro para pré-termo e crianças após 6 meses de idade ou no início da alimentação complementar Tratamento • Suplementação medicamentosa de ferro na dose de 3 a 5 mg/kg/dia, oferecida diariamente • Orientação alimentar idêntica as apresentação nas medidas preventivas • Acompanhamento dos níveis de Hb após 1 mês, para avaliar a resposta ao tratamento Tratamento: O tratamento imediato da anemia ferropriva é a reposição dos estoques de ferro no organismo. A alimentação previne a deficiência de ferro no organismo, mas sua ação na recuperação pode ser demorada. Os problemas mais frequentes são efeitos colaterais gastrintestinais, constipação intestinal, diarreia, náuseas e dor abdominal. Esses efeitos são mais comuns quando se supera 120mg de ferro elementar. Recomenda-se em geral para crianças e adolescentes 30mg de ferro elementar por dia antes do desjejum; raramente surgem efeitos colaterais. A suplementação deve ser mantida por três meses para correção dos depósitos de ferro; recomenda- se que nesse período se faça um novo exame que avalie depósitos de ferro, como a ferritina. Exemplos de condutas: Oferecer uma vez por semana (escolher com a mãe o dia da semana) 50g de fígado de boi (x 50 a 100g – Guia < 2 anos), picado e bem cozido. Uma vez ao dia oferecer, após a refeição salgada, 100ml de suco rico em vitamina C. Adicionar verdura verde-escura às preparações cozidas. Utilizar farinhas enriquecidas com ferro. Não permitir a substituição de refeições salgadas por alimentos lácteos, biscoitos ou guloseimas. Garantir 2 refeições de sal/dia (Guia < 2 anos). Oferecer 50 a 100g de carne/dia (Guia < 2 anos). A carne por conter ferro heme, aumenta em até 4x a absorção do ferro não-heme. Ouso de panelas de ferro para combater a anemia é discutível, porém já há evidência do aumento do conteúdo de ferro nos alimentos após cocção nesse tipo de panelas. Entretanto, não há justificativa para prescrição do uso de panelas de ferro como profilaxia no combate à anemia. Diarreia aguda é uma doença caracterizada pela perda de água e eletrólitos, que resulta em aumento do volume, da frequência de evacuações e diminuição da consistência das fezes, apresentando algumas vezes muco e sangue, com evolução potencialmente auto limitada, com duração de até 14 dias. Tipo Características Diarreia aguda Pode durar horas ou dias e cujo > risco é a desidratação e a perda de peso. Diarreia aguda com sangue (ou disenteria) O principal risco é o dano à mucosa intestinal, sepse e desnutrição, assim como a desidratação. Diarreia persistente Duração ≥ 14 dias, com grande risco de desnutrição. Diarreia com DEP grave (marasmo/ Kwashiorkor) O principal risco é de infecção sistêmica grave, desidratação, falência cardíaca e deficiência nutricional. Cerca de 70% dos casos são causados por contaminação alimentar, como com as bactérias: Escherichia coli (25% do total), Shigella, Salmonella, Vibrium cholerae e Campylobacterjejuni, protozoários como: Giárdia lamblia, Entamoeba hystolytica e Cryptosporidium, e vírus como rotavírus. Os alimentos podem ser contaminados pelos manipuladores, água, dejetos humanos e animais, ambiente e utensílios contaminados, presença de insetos, cocção ou reaquecimento inadequados e contaminação cruzada. O aleitamento materno exclusivo protege o bebê, além de reduzir a duração e a gravidade das enfermidades, pela presença de fator bífidus (promove o crescimento da flora bífida que propicia um meio ácido que impede a colonização bacteriana) e IgA secretória (reduz a adesividade bacteriana intestinal). A faixa etária de maior incidência de diarréia é entre 7 e 28 meses com pico aos 9 meses. Conseqüências da diarreia: São complicações da diarreia a desidratação (principal causa de morte), a diarreia prolongada e a desnutrição. Efeitos negativos da doença diarreica sobre o crescimento: Diminuição do apetite em cerca de 20% e conseqüente redução da quantidade de alimento ingerido. NUTRIÇÃO NAS DIARREIAS AGUDAS DA INFÂNCIA 14 Má absorção de nutrientes e as alterações metabólicas presentes. Perda de nutriente causada por vômitos e febre. Suspensão da alimentação com fins de pausa abdominal. Redução da resistência às infecções, tornando-se cada vez mais susceptível a outras infecções agudas. Fisiopatologia e patogênese: A mucosa intestinal possui microvilosidades contendo enterócitos, estes têm uma meia vida de média de 3 dias, sendo um processo contínuo de renovação do epitélio intestinal, isso justifica a duração auto limitada de 3 a 5 dias das diarreias agudas e a possibilidade de usar a via oral para a reidratação e a manutenção da alimentação. Além disso, a presença de alimentos na luz intestinal estimula a migração de células da cripta para o extremo da vilosidade. Então, a restrição alimentar na dieta pode diminuir o processo de renovação da mucosa intestinal e a produção de enzimas da borda em escova. O intestino secreta e absorve grande quantidade de água durante o processo normal de digestão e absorção de nutrientes, neste caso a absorção predomina sobre a secreção, porém quando há inibição do processo de absorção, resultante da lesão ou inflamação intestinal, ou estímulo da secreção, pela exposição intestinal a enterotoxinas inflamatórias, ocorre a diarreia. A absorção de glicose, aminoácidos e alguns oligopeptídeos depende, absoluta ou parcialmente, da presença de sódio no lúmen intestinal, sendo a taxa de absorção de sódio maior na presença destes solutos, sendo a terapia de reidratação oral baseada neste mecanismo. Mecanismos possíveis da diarreia: Aderência à mucosa e produção de enterotoxinas. Dissolução da mucosa e da borda em escova. Invasão da mucosa com proliferação bacteriana intracelular. Translocação da mucosa seguida por proliferação bacteriana na lâmina própria e nos gânglios linfáticos mesentéricos. Tratamento tem como objetivo: Prevenir ou tratar a desidratação; Prevenir o dano nutricional; Reduzir a duração da gravidade e ocorrência de episódios futuros. O tratamento dependerá do estado de hidratação do paciente, que deve ser baseado na observação de sinais e sintomas do quadro: Sinais Sem desidratação Desidratação (2 ou mais sinais) Desidratação grave (2 ou + sinais incluindo pelo menos 1*) Condição Bem, alerta Irritado, intranquilo Comatoso hipotônico * Olhos Normais Fundos Muito fundos Lágrimas Presentes Ausentes Ausentes Boca e língua Úmidas Secas Muito secas Sede Bebe normalmente Bebe rápido e aviamente Bebe mal ou é incapaz * Sinal da prega Desaparece rapidamente Desaparece lentamente Desaparece muito lentamente Pulso Cheio Rápido Muito débil ou ausente Enchimento capilar Normal (até 3 seg) Prejudicado (3 a 5 seg) Muito prejudicado * Tratamento Plano A Plano B Plano C Accioly 09 – MS 2003 e WHO 2005: Pacientes sem sinais de desidratação apresentam um déficit de fluido de 3 a 5%, com desidratação moderada apresentam déficit de 5 a 10%, e com desidratação grave, déficit maior que 10%. Solução de Reidratação oral (SRO): Solução de reidratação Oral (SRO) Compostos Composição por litro de preparo Cloreto de sódio (NaCl) 2,6g Cloreto de potássio 1,5 g Citrato de sódio diidratado 2,9 g Glicose anidra 13,5 g Osmolaridade por litro Sódio 75 mmol Cloreto 65 mmol Citrato 10 mmol Potássio 20 mmol Glicose 75 mmol Total 245 mmol O preparo da SRO é simples, basta misturar um envelope em 1 litro de água filtrada e/ou fervida. Esta solução deverá ser mantida 24 horas em temperatura ambiente e a sobra desprezada. A solução caseira, recomendada para o início da reidratação ainda no domicílio, deve ser feita adicionando-se 2 medidas grandes de açúcar e uma medida pequena de sal em um copo pequeno de água. Estudos experimentais indicam que soluções com menor teor de sódio e glicose, e consequentemente menor osmolaridade, podem melhorar a absorção de sódio e água no intestino. 15 PLANO A: Indicado para crianças com diarreia aguda, mas sem desidratação, é um tratamento de manutenção justamente para evitá-la. 1. Aumentar a oferta de líquidos: Manter o aleitamento materno aumentando a freqüência das mamadas. Se a criança está em amamentação exclusiva, dar SRO além do leite. Se não está em amamentação exclusiva, além de SRO dar líquidos casieras, sopas, refresco sem açúcar, água de coco ou água potável. Bebidas não recomendadas: refrigerantes, suco de fruta industrializado, chá adoçado e café pois, podem causar diarréia osmótica. Oferecer para crianças até 2 anos: 50 a 100ml de SRO e para crianças de 2 a 10 anos: 100 a 200ml de SRO após cada evacuação líquida. Se não tiver a SRO, deve iniciar com as formulações caseiras. 2. Prescrever suplemento de zinco (10 a 20mg) durante 10 a 14 dias, na forma de xarope ou comprimidos para serem dissolvidos, com o objetivo de repor perdas, diminuir a gravidade, duração e ocorrência de novos casos de diarreia, dado o papel deste mineral na função imunológica. 3. Manter a alimentação habitual da criança, especialmente fontes protéicas, carboidratos complexos e óleo vegetal, fazendo as correções alimentares após a anamnese nutricional, para evitar a deterioração e promover mais rapidamente a recuperação do epitélio intestinal: Deve-se aumentar a utilização de alimentos com densidade energética elevada, para evitar a anorexia, oferecendo volumes reduzidos com maior frequência. Restrições alimentares e jejum são contra indicados. É desaconselhado o uso de bebidascom quantidades excessivas de açúcar. 4. Orientar a família sobre o reconhecimento de sinais de desidratação. O volume e freqüência aumentada das evacuações não significam piora do quadro, deve-se avaliar presença de distensão abdominal, vômitos, estado de hidratação, aspecto geral da criança e peso. PLANO B: Recomendado para crianças com diarréia aguda e sinais de desidratação. É constituída de 2 fases: reidratação e manutenção. Fase de reidratação (SRO + restrição alimentar): 1. Durante um período de 4 horas administrar SRO no serviço de saúde, nas quantidade apresentadas pela tabela abaixo: oDemonstrar a mãe como se administra. oSe a criança vomitar, esperar 10 minutos e administrar novamente. oManter aleitamento materno. Volume de SRO a ser oferecido na fase de reidratação: Idade Até 4 meses 4 – 11 meses 1 – 2 anos 2 – 4 anos 5 – 14 anos Peso < 5kg 5 a 7,9 kg 8 – 10,9 kg 11 a 15,9 kg 16 – 29,9 kg SRO (ml) 200 - 400 400 - 600 600 - 800 800 - 1200 1200 - 2200 Obs. Somente utilizar a idade se o peso da criança for desconhecido. A quantidade aproxima de SRO necessária pode ser calculada multiplicando-se o peso da criança (em kg) por 75 2. Após 4 horas reavaliar a criança e classificá-la quanto a desidratação: oCaso a criança esteja sem desidratação prosseguir com a fase de manutenção = Plano A oSe a criança tem desidratação refazer o Plano B ou se a desidratação for grave ir para plano C 3. Manter o aleitamento nos lactentes amamentados exclusivamente. 4. Dar líquidos adicionais. 5. Orientar o responsável em quando retornar. PLANO C: Recomendado para crianças com diarréia e desidratação grave. Geralmente se administra líquidos por via intravenosa ou usando uma SNG. Alimentação e diarreia aguda: A desnutrição é uma consequência comum da diarreia aguda. A manutenção da alimentação é essencial, pois nutrientes como carboidratos e proteínas agem estimulando a absorção de fluido no intestino e consequentemente prevenindo ou tratando a desidratação. Aleitamento materno: Reduz a incidência e intensidade da diarreia e minimiza seus efeitos nutricionais adversos. A presença de seus produtos da sua digestão (aminoácidos, dipeptídeos e hexoses) no lúmen intestinal, aumenta a absorção de sódio e água, reduzindo a frequência e volume das fezes. Contém hormônios que promovem a proliferação e recuperação da mucosa intestinal. Jejum: Perda de massa intestinal. Diminuição do estímulo de replicação celular na cripta da vilosidade intestinal. Diminuição da atividade de dissacaridases (ex. lactase). Casos de intolerância à lactose e às proteínas podem estar relacionados a casos mais graves de diarreia e/ou 16 associados com desnutrição. Entretanto, a restrição de leite de vaca em crianças com diarreia aguda é controversa. A maioria pode continuar recebendo leite de vaca (lactose). Nos casos de falhas no tratamento ou se a criança apresenta desnutrição moderada a grave, uma fórmula isenta de lactose pode ser considerada. Há perdas de 30 a 40% de alimentos não digeridos nas fezes, mas 60 a 70%, níveis satisfatórios, ainda são absorvidos e utilizados. A redução do consumo energético (anorexia) varia de 20 a 40% e também compromete o estado nutricional. Tem causa multifatorial, mas está relacionada com desequilíbrio eletrolítico. Pode ser reduzida com o tratamento da acidose (provoca náuseas) e da hipocalemia (provoca um certo grau de íleo paralítico). Alguns probióticos têm sido úteis na recuperação mais rápida da diarreia aguda, ou seja, menor duração da diarreia, e também menor chance de diarréia protraída e alta hospitalar mais rápida. A suplementação de zinco reduz a duração e severidade nos quadros agudos e persistentes, favorece o maior ganho em estatura, maior ganho de peso e tem menos episódio de diarreia e infecções respiratórias. A suplementação com vitamina A reduz a mortalidade. Alimentos funcionais: Alguns probióticos têm sido úteis na recuperação mais rápida da diarreia aguda, principalmente viral e associada ao uso de antibióticos. Principais agentes: Lactobacilos ou bifidobactérias e a levedura não patogênica Saccharomyces boulardii. Os mecanismos de ação incluem: Competição com bactérias patogênicas por receptores ou nutrientes; Produção de substâncias antibióticas; Aumento da resposta imune. Medicamentos: O ministério da Saúde recomenda que não sejam utilizados medicamentos para o tratamento da diarreia aguda, exceto antibióticos específicos para cólera e diarréia com presença de sangue e grave comprometimento do estado geral do paciente. Medicamentos contraindicados na diarreia aguda: Medicamentos Efeitos Antieméticos (metoclopramida, clorpromazina) Depressores do SNC, dificultam a ingestão de soro e podem causar distensão abdomnal Antiespasmódicos (elixir paregórico, atropínicos, operamida, difenoxilato) Inibem o peristaltismo facilitando proloferação de microorganizamos e prolongando o quadro diarreico. Podem levar a falsa impressão de melhora) Adistringentes (caolin- pectina, carvão) Efeito cosmético sobre as fezes, aumentando a consistência do bolo fecal. Espoliam sódio e potássio Antipiréticos Podem produzir sedação, prejudicando a ingestão de soro Prevenção: Deve ser estimulado o aleitamento materno, melhores práticas de desmame e boas práticas de higiene local como: Cozinhar muito bem o alimento e consumi-lo imediatamente. Se armazenados, devem ser refrigerados e depois reaquecidos antes de serem consumidos. Evitar o contato de alimentos crus com os cozidos. Lavar frutas e hortaliças com água limpa e sempre que possível, descascá-las antes do consumo. Utilizar água filtrada para beber e preparar refeições. Lavar as mãos antes de preparar alimentos, após interrupções e ao oferecer alimentos à criança. Dar preferência a copos e colheres. Evitar uso de mamadeiras, se usá-las, devem ser lavadas e fervidas. Manter alimentos longe de insetos e roedores. Guardar os alimentos em lugar seguro e diferente de produtos químicos e de limpeza. Quadro resumitivo de conduta no tratamento da diarreia aguada: Após a fase de reidratação garantir aporte nutricional adequado por meio de retorno à alimentação habitual da criança. Corrigir erros dietéticos. Evitar dietas restritivas e jejum. Aumentar a frequencia das mamadas ao seio. Fracionamento aumentado e volume reduzido. Aumentar a ingestão hídrica pelo aporte de água, SRO, sucos, refrescos de fruta sem açúcar. Adequar a consistência da dieta à idade e aceitação da criança. O leite poderá ser usado como fonte de cálcio podendo ser substituído por iogurte natural sem açúcar. Não é necessário diluir ou trocar por fórmulas sem lactose, exceto se não houver resposta satisfatória ao tratamento (criança que não ganha peso e queda do estado geral). 17 Os efeitos benéficos da fibra alimentar na saúde são relacionados com o tubo digestório, proporcionando a formação de bolo fecal com maior umidade e peso, facilitando a eliminação fecal regular e diminuindo a permanência do bolo fecal no intestino grosso. Fatores de proteção contra o desenvolvimento de doenças do tubo digestório, como apendicite, doença diverticular do cólon e câncer de cólon. Efeitos no metabolismo do colesterol e sua influência na velocidade de absorção de carboidratos, além de induzir saciedade e possível redução no excesso de peso. São poucos os estudos da literatura mundial nos quais se avaliou o consumo de fibra pela população pediátrica. O primeiro estudo no Brasil relacionando o consumo de fibra alimentar por mulheres adultas com e sem constipação intestinal permitiu observar que se utilizou o conceito de fibra bruta, que foi abandonado diante da evolução dos conhecimentos sobre a importânciada fibra alimentar na nutrição humana. Revela ainda que a média de consumo de fibra seria ínfima em relação às recomendações internacionais. Mais tarde, em outro estudo, observou-se que as principais fontes alimentares, expressas em porcentagem do total e fibra consumida, foram: 32,3% do pão e farinhas, 21,2% do arroz, 17,4% do feijão, 12,7% de frutas, 8,3% de verduras e legumes, 3,2% da batata e 4,9% de outros alimentos. Com as diferentes tabelas utilizadas em estudos contatou-se que as recomendações de consumo de fibra alimentar devem ser obrigatoriamente vinculadas a uma determinada tabela de composição de fibra nos alimentos por elas se diferenciarem no valor total de fibra. A Fundação Americana de Saúde aconselhou que as crianças com idade superior a dois anos devessem consumir, no mínimo, em gramas, o valor resultante da soma de 5 a sua idade expressa em anos. O máximo se estabelece pela soma de 10 à idade em anos. Mas não mencionou a tabela de composição a ser seguida. Parece que a dieta com quantidade inferior ao mínimo recomendado associava-se com risco 4,1 vezes maior de constipação. Posteriormente vários estudos confirmaram a associação do menor consumo de fibra alimentar ao maior risco de constipação. Estudos também avaliaram a relação entre ingestão de fibra alimentar, tempo de trânsito colônico e frequência de evacuações. Observaram correlação negativa entre a frequência de evacuações e o tempo de trânsito colônico. O tempo de trânsito no cólon esquerdo foi menor nas crianças com maior consumo de fibras. Em estudo avaliando a relação de constipação, tipo de aleitamento e consumo de fibra alimentar em crianças com menos de dois anos de idade, observou-se associação entre aumento da idade, diminuição da frequência de aleitamento e aumento na prevalência de constipação. Demonstrou-se também que os lactentes em aleitamento artificial apresentam chance 4,5 vezes maior de apresentarem constipação do que os em aleitamento natural predominante. Existe uma associação entre aleitamento natural e eliminação de fezes em maior freqüência e com maior conteúdo líquido. Em estudos com adolescentes, confirmou-se que o feijão é uma fonte importante de fibra alimentar e que seu consumo não habitual associava-se com chance dez vezes maior de consumo insuficiente de fibra. Em pediatria, constipação é definida como sintoma caracterizado pela ocorrência de qualquer uma das seguintes manifestações, independentemente do intervalo entre as evacuações: eliminação de fezes duras, dificuldade ou dor para evacuar, eliminação esporádica de fezes muito calibrosas que entopem o vaso sanitário ou frequência de evacuações inferior a três por semana, exceto em crianças IMPORTÂNCIA CLÍNICA DA FIBRA ALIMENTAR NA GASTROENTEROLOGIA PEDIÁTRICA (Chemin) 18 em aleitamento natural. A constipação crônica (duração maior que duas semanas) pode ser caracterizada pela presença isolada de suas complicações, como escape fecal e dor abdominal. Crianças maiores e adolescentes podem referir sensação de esvaziamento retal incompleto após evacuar. Em todos os estudos, o consumo de fibra alimentar foi abordado considerando que seu consumo insuficiente pode ser um fator envolvido na etiologia da constipação crônica funcional. Frequentemente observa-se na população pediátrica a dor abdominal crônica recorrente. Caracteriza-se pela ocorrência de pelo menos três episódios de dor abdominal, durante pelo menos três meses, tendo a dor intensidade suficiente para interferir nas atividades diárias da criança. Já considerou-se a possibilidade de a fibra alimentar participar da fisiopatogenia do tratamento da dor abdominal recorrente, mas não existem estudos mostrando a eficácia do aumento do consumo de fibra alimentar na forma de alimentos habituais ou suplementos na dor abdominal recorrente. Considerações finais: As fibras proporcionam hábito intestinal com frequência e características das fezes adequadas e seu consumo insuficiente associa-se com aumento do risco de constipação crônica funcional. No tratamento da constipação na infância, é necessário o desenvolvimento de pesquisas clínicas que definam a melhor forma de administração das fibras e sua dose terapêutica. Acredita-se que o consumo adequado de fibra possa prevenir doenças cardiovasculares e diabetes mellitus do tipo 2 na idade adulta e doenças do aparelho digestório. Constipação não é uma doença, trata-se mais de um sintoma e é caracterizado por retenção de fezes no cólon ou dificuldade de evacuação por tempo superior a 2 semanas. Há eliminação de fezes endurecidas, frequência evacuatória menor que 3x/semana e/ou sensação de esvaziamento incompleto do reto. Já a Sociedade Paulista de Gastroenterologia Pediátrica e Nutrição define como uma síndrome que consite na eliminação com esforço de fezes ressecadas, independente do intervalo de tempo entre as evacuações. De acordo com Accioly, constipação é a retenção de fezes no cólon ou dificuldade de evacuação com intervalo superior a 2 semanas. A etiologia da constipação não está totalmente esclarecida, mas acredita-se que haja o envolvimento de diversos fatores, constitucionais, hereditários, alimentares, psicológicos, associados ou não ao distúrbio da motilidade intestinal. O pico de incidência da constipação é entre 2 e 4 anos, época na qual ocorre o treinamento de toilete (controle esficteriano). Não há uma idade definida para seu início, mas não deve ocorrer antes dos 2 anos, pois a criança precisa passar pelas etapas do seu desenvolvimento. Em crianças menores, que ainda mamam, a constipação pode ser considerada pela presença de movimentos intestinais dolorosos, acompanhados de desconforto e manobras para eliminar as fezes. A eliminação de fezes endurecidas, em forma de cíbalos (forma de bolinhas), mesmo com frequência normal para a idade da criança, é também considerada como constipação. Em lactentes amamentados ao seio, a eliminação de fezes, sem dor, mas com intervalos que se prolongam até 7 dias, não é considerada constipação. Hábitos alimentares intestinais regulares no início da vida, defecando, em geral pela manhã, após o desjejum, quando os reflexos gastrocólicos e duodenocólicos causam movimentos de massa no intestino grosso, previne o aparecimento da constipação. Classificação: Os distúrbios de evacuação podem ter origem orgânica (relacionada a doenças) ou funcional (relacionada à dieta, educação intestinal, atividade física). A constipação intestinal pode ser: Aguda: covalescência de uma doença aguda, frequentemente associada a diminuição da ingestão alimentar, ou tratamento com drogas constipantes (fenitoína, imipramina, fenotiazinas, preparações contendo ferro, codeina e vincrastina). Pode ocorrer também por mudança da alimentação, redução da atividade física e/ou mudanças de ambiente. É uma situação transitória, a função intestinal volta a normalidade tão logo cesse a causa. Crônica: divide-se em funcional e psicogência Funcional: está relacioanado ao hábito alimentar com pouco resíduo ou não atendimento do reflexo de defecação. Psicogência: tem origem comportamental, e é de dificil manuseio pois decorre da época do treinamento dos esfíncters. A criança passa a ter medo de evacuar pelo desconforto e dor que tal ato acarreta. Constipação e Regime Alimentar Uma das causas mais frequentes de constipação na infância é a mudança de práticas alimentares, que variam desde a simples troca de leite materno por fórmula ou uma fórmula por outra até a introdução de um novo alimento. A prática do aleitamento materno nos primeiros meses de vida e a ingestão de fibra alimentar em quantidades suficientes depois dos 2 anos previnem a constipação crônica funcional. A uma tendência histórica de ingestão reduzida de fibras nas dietas infantis. No entanto, uma dieta rica em fibras é eficaz no tratamento da cosntipação, porque aumentao volume fecal, produz evacuações mais amolecidas e frequentes, bem como diminui o tempo de trânsito intestinal. No entanto, há controvérsias quanto à utilização de dietas ricas em fibras para crianças, pois estes alimentos aumentam a saciedade e apresentam menor densidade energética, podendo ocasionar baixa ingestão diária de energia. E como a capacidade gástrica da criança é pequena, estas podem não atingir as recomendações dietéticas diárias. Além disso, pode levar à formação de gases e causar desconforto (por isso a mudança deve ser CONSTIPAÇÃO INTESTINAL 19 gradativa); e também reduzem absorção de minerais essenciais como Fe, Ca, Cu, Mg, Zn e P. Quadro clínico A constipação não é uma doença e sim um sintoma, mas pode ter consequências desagradáveis, como: dor, distensão abdominal, flatulência, enurese noturna e náuseas. É comum a criança apresentar anorexia, provavelmente pela dor e distensão abdominal, febre, nervosismo, déficit de crescimento e baixo rendimento escolar. Algumas crianças podem apresentar escape fecal, chamado soiling, o qual é um escape involuntário de fezes. Em geral, é uma consequência de constipação grave, quando há presença de massa fecal endurecida (fecaloma) no cólon. A parte externa do bolo fecal que fica em contato com a mucosa intestinal perde água, ocorrendo liberação de fezes moles pelas laterais. Essa situação pode ser confundida com diarreia ou que a criança não está controlando o esfícter e é mais percebida a partir dos 4 anos de idade, pois já há o controle esficteriano anal. Em crianças compactadas não é recomendada a intervenção dietética no primeiro momento, pois o aumento do consumo de fibras provocará estímulo nas partes superiores do intestino, sem a liberação da mais parte mais distal, o que provocará gases e dor abdominal. Primeiramente, o intestino deve ser desbloqueado, e só depois iniciar o tto dietético. Tratamento dietético As recomendações para crianças incluem uma ingestão regular de refeições, ampla variedade de alimentos que contenham fibras e líquidos em quantidade adequada. Os erros alimentares são identificados como os maiores responsáveis pela constipação intestinal, e portanto a educação nutricional envolvendo a criança e a família é muito importante. Algumas recomendações: Elevado consumo de líquidos. Deve ser cerca de 1,5ml/kcal. É desejável que cerca de 50% da ingestão diária de líquidos seja de água, com exceção dos lactentes em AM, já que o LH contém cerca de 80% de água. Em geral, a criança perde cerca de 800 ml de água/dia, sendo cerca de 200 ml nas fezes. Portanto, recomenda-se a ingestão de 4 a 6 copos de água/dia. Organizar os horários da refeições para garantir volume alimentar suficiente e, assim, estimular o reflexo gastrocólico do peristaltismo intestinal (Guia < 2 anos). Substituir a mamadeira por copo e a farinha utilizada (Guia < 2 anos). Estimular o consumo de alimentos com grande [ ] de fibras (leguminosas, cereais integrais, legumes, verduras, frutas e vegetais folhosos). O consumo de legumes e vegetais folhosos devem ser oferecidos preferencialmente crus (Accioly) x Introduzir legumes e verduras cozidos gradativamente, misturando aos outros alimentos, para que a criança possa tolerar o aumento de fibras na alimentação (Guia < 2 anos). As frutas deve-se dar preferência às laxativas (mamão, ameixa fresca e desidaratada, laranja com bagaço, abacate, abacaxi, tangerina, melancia, fruta de conde); inteiras ou em pedaços e sempre que possível com casca, pois fornecem mais fibras do que na forma de sucos e de polpa amassada. Frutas desidaratadas mantidas em remolho (ex: ameixa) podem ser mais fáceis de consumir. Segundo Guia < 2 anos, deve-se oferecer 2 frutas/dia. O uso de cereal e pães integrais deve ser incentivado, oferecidos de forma palatável à criança. Em situações em que a criança não aceita legumes e vegetais folhosos misturar esses alimentos no arroz, em massas de bolo salgado, tortas e bolinhos. Pode-se também substituir parte da farinha de trigo no preparo de bolos e outras preparações, por aveia em flocos ou farelo de aveia ou de arroz. Alimentos que estimula pouco o peristaltismo (maçã, banana, pães, arroz, batata, farinha de mandioca, maisena), não precisam ser excluídos do plano alimentar, porém devem ser utilizados em combinação com alimentos que estimulem o trânsito intestinal. Ex: banana com aveia ou farelo; arroz cozido com folhosos; farofa com ameixa ou talos de vegetais x Evitar maçã, banana, limão e goiaba (Guia < 2 anos). Recomenda-se o uso de lactobacilos: O Lactobacillus acidophilus ou Lactobacillus bifidus ajudam a criar uma flora intestinal favorável, produtora de ácidos orgânicos, o que é útil para aliviar a constipação. Evitar ou usar moderadamente alimentos flatulentos, os quais podem trazer desconforto intestinal, como: couve-flor, repolho, pepino, goiaba, jaca, batata doce, pimentão, ervilha, nabo. Os farelos de cereais (farelo de aveia tem mais solúveis e farelo de trigo mais insolúveis) são os que possuem maior concentração de fonte de fibras, mas devem ser usados com moderação em casos de constipação mais intensa. Devem ser adicionados a alimentos bem aceitos pelas crianças e divididos em 3 doses/dia, usando em média 1 colher de sobremesa. No entanto é possível elaborar uma dieta rica em fibras sem a utilização desses produtos. 20 Medicamentos A automedicação de drogas laxativas pode irritar a parede intestinal e causar dependência. O hábito de tomar laxantes diariamente provoca esvaziamento de cólon de forma violenta e artificial. Quando a medicação é suspensa, o intestino relaxa-se e a eliminação de fezes é interrompida por um tempo, pois o cólon está vazio e não houve tempo para a formação de bolo fecal. Tal fato pode reforçar a hipótese de constipação, mas na verdade, não houve chance do cólon de funcionar em um ritmo normal.
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