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Formalidade para Celebração de Casamento

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Formalidades Preliminares à Celebração do Casamento 
 
 O casamento é ato burocrático, considerando que o Estado exige o 
cumprimento de diversas etapas, que antecedem às núpcias, evitando, com tais 
exigências, principalmente a celebração de casamentos nulos. Assim, será 
através do procedimento de habilitação que os nubentes, se vencerem todas as 
etapas, receberam a autorização para o casamento. 
 
1 – Habilitação 
 
 A habilitação é um procedimento que se encontra narrado na Lei dos 
Registros Públicos (Lei 6015/73, arts. 67 a 69). Vários documentos serão 
apresentados para que os nubentes demonstrem que estão habilitados para o ato 
nupcial. Esse ato transcorre perante o Oficial de Registro Civil do domicílio dos 
nubentes e, caso sejam domiciliados em locais distintos, do Registro Civil de 
qualquer um deles, pena de nulidade relativa do ato (art. 1525, 1550, IV, 1560, II 
e 1554). 
 Os noivos deverão apresentar requerimento subscrito por eles ou por 
procurador (art 1525/CC) e, se ambos ou algum deles forem analfabetos, será 
assinado a rogo, com duas testemunhas. 
 Com efeito, determina o art. 1525 do CC: “O requerimento de habilitação 
para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a 
seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos:”. 
 
“I – certidão de nascimento ou documento equivalente”. 
 
 Essa exigência é fundamental não apenas para comprovação da idade 
núbil dos 16 anos (art. 1517/CC), mas também para identificar o estado e a 
qualificação dos nubentes, verificando-se se estão sujeitos ao poder familiar 
(autoridade parental), tutela ou curatela ou, ainda, se incide a restrição do art. 
1641, II/CC, no caso de um dos noivos ser maior de 70 anos. 
 A expressão “documento equivalente” já não faz muito sentido, já que, a 
partir da Lei 765/49, que admitiu o registro de nascimento serôdio (fora do 
tempo), tornou-se mais fácil obter a certidão. O legislador da norma civil atual, no 
entanto, preferiu manter a expressão resguardando a hipótese, por exemplo, para 
a eventual situação de casamento de estrangeiros, cuja legislação admita outra 
prova de nascimento. 
 
“II – autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, 
ou ato judicial que a supra”. 
 
 O processo de habilitação dos menores de 18 anos deve incluir a prova de 
emancipação ou a anuência de seus pais ou tutor. 
 Para as pessoas que ainda não atingiram a idade de 18 anos é necessário 
o consentimento de ambos os pais e, se analfabetos, autorizarão com assinatura 
a rogo. Na hipótese de divergência entre os pais, poderá qualquer um deles 
recorrer ao judiciário para solução da questão (Parágrafo único, do art. 1631/CC). 
 2 
 No caso de um dos pais estiver ausente do lar conjugal, poderá o outro 
dar, sozinho. Caso o menor esteja sob tutela, o tutor dará o consentimento. O 
curatelado, que possui capacidade nupcial, a exemplo do pródigo, deverá ter 
autorização de seu curador. Os surdos-mudos, que tenham discernimento, 
poderão contrair casamento considerando que podem manifestar livremente sua 
vontade. 
 Cumpre observar o disposto no art. 1518/CC: até a celebração do 
casamento a autorização cedida pelos pais, tutores ou curadores pode ser 
revogada. 
 O art. 1519/CC prevê a possibilidade de suprimento de consentimento pelo 
juiz quando a autorização é, injustamente, negada. 
 Por fim, diz o art. 1641, III que, obtido o suprimento, vigerá o regime da 
separação de bens. 
 
“III – declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem 
conhecê-los e afirmem não existir impedimento, que os iniba de casar.” 
 
 O documento aqui referido busca atestar a idoneidade dos nubentes e de 
suas declarações. Seu valor é relativo, considerando que pode ser facilmente 
obtido. Aliás, é comum, no momento de habilitação, os noivos serem 
testemunhas entre si, apesar de sequer conhecerem. 
 Essa exigência está na hora de acabar. O leigo não tem conhecimento de 
todos os impedimentos. O legislador, através desta exigência, acaba forçando a 
prática de crime. 
 
“IV – declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos 
contraentes e de seus pais, se forem conhecidos.” 
 
 Residindo os noivos em diferentes circunscrições do registro civil, os 
editais de casamento deverão ser publicados em ambos os locais. 
 Para que os nubentes não fraudem o procedimento, informando domicílio 
diverso do verdadeiro, no intuito de fugir da oposição de impedimentos, o 
Ministério Público poderá requerer a juntada de atestado de residência firmado 
por autoridade policial. 
 
“V- certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou 
de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença do 
divórcio.” 
 
 A regra visa evitar a consumação de matrimônio de pessoas já casadas. 
 No caso de sentença de divórcio proferida no estrangeiro, deverá ser 
apresentada a respectiva certidão, com a devida homologação pelo STJ., para 
que o nubente divorciado em seu país de origem possa casar-se novamente no 
Brasil. 
 
“Certificado do exame pré-nupcial.” 
 
 3 
 O exame pré-nupcial apenas será exigido quando os nubentes forem 
colaterais de terceiro grau (tio e sobrinha, tia e sobrinho). Os noivos devem 
requerer ao juiz a nomeação de dois médicos que atestem sua sanidade e a 
conveniência, para eles e sua futura prole, das núpcias a serem contraídas. Sem 
o exame o casamento é nulo. 
 
2 – Publicidade nos órgãos locais 
 
art. 1527 “Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se 
afixará durante 15 (quinze) dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os 
nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver.” 
 
 Os documentos poderão ser apresentados pelos nubentes ou por 
procurador. Feito isso, o oficial lavrará os proclamas do casamento através de 
edital que, durante 15 dias, ficará afixado em local ostensivo do edifício onde se 
realizam os casamentos. 
 Esse procedimento é uma forma de convocação para que qualquer 
cidadão possa opor algum dos impedimentos matrimoniais, na forma do art. 
1529/CC. 
 
art. 1527, § único, “A autoridade competente, havendo urgência, poderá 
dispensar a publicação.” 
 
 A publicação é feita em jornal oficial e, facultativamente, em um jornal de 
grande circulação. Porém, comprovando-se urgência para a realização do 
casamento, o juiz poderá, após ouvir o Ministério Público, dispensar a publicação 
do edital. Como hipóteses de urgência de considerar grave enfermidade, parto 
iminente, viagem inadiável etc. 
 Caso alguém oponha algum impedimento ou causa suspensiva, o oficial 
do registro dará aos nubentes, ou a seus representantes, nota da oposição. Os 
noivos, então, irão requerer prazo para produção de provas contrárias à alegação 
e para ajuizamento das ações cabíveis contra o oponente de má-fé. 
 
3 – Autorização para a celebração do casamento 
 
Não ocorrendo oposição alguma no prazo de 15 dias, o oficial expedirá 
certidão, declarando que os nubentes estão habilitados para casar dentro de 90 
dias. Decorrendo os 90 dias, sem que haja casamento, todo o processo de 
habilitação deverá ser repetido (arts. 1531 e 1532/CC). 
 Vislumbrando o interesse social é que o nosso Código prevê a 
necessidade de registro dos editais em cartório e fornecimento de certidões a 
quem as solicitar. Nesse mesmo sentido, o art. 1526 dá ao Ministério Público o 
encargo de fiscalizar as habilitações e homologá-las, se observadas as 
exigências legais. 
 Pelo parágrafo único do art. 1.526 do CC, existindo impugnação da 
habilitação pelo oficial, pelo Ministério Público ou de terceiro, a habilitação se3rá 
submetida ao juiz. 
 4 
 Por fim, ressaltamos que, de acordo com o art. 1512, § único/CC, a 
habilitação, o registro e a primeira certidão serão isentosde selos, custas e 
emolumentos, para as pessoas cuja pobreza for declarada. 
 
III – Celebração do casamento 
 
1 – Formalidades essenciais da cerimônia nupcial 
 
Ao casamento, ato eminentemente formal, deve ser dada a devida 
publicidade, tudo em razão de sua repercussão social e da necessidade de 
preservar o consentimento dos nubentes. 
 Assim, determina o art. 1533 do CC que “Celebrar-se-á o casamento, no 
dia, hora e lugar previamente designados pela autoridade que houver de presidir 
o ato, mediante petição dos contraentes, que se mostrem habilitados com a 
certidão do art. 1531.” 
 O juiz de paz do local em que se de processou a habilitação é o 
competente para celebração. 
 O art. 1534/CC recepciona a necessidade da publicidade no momento da 
celebração do casamento, na sede do cartório. Entretanto, prevê a possibilidade 
de sua realização em edifício publico ou particular, caso em que as portas 
deverão permanecer abertas para que não haja obste à alegação de 
impedimentos. 
 Duas testemunhas deverão estar presentes no ato, porém, se a 
celebração se der extracartório ou se algum dos contraentes não souber ou não 
puder escrever, o número deve subir para quatro. 
 Pelo art. 1535 do CC “Presentes os contraentes, em pessoa ou por 
procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o 
presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por 
livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento...”. 
 Não há forma prescrita em lei para exteriorização da vontade dos noivos, 
deverá ser clara e indubitável, não se admitindo mero silêncio. 
 Ocorrerá a suspensão da celebração se houver oposição séria de 
impedimento ou retratação do consentimento prestado pelos pais, tutores ou 
curadores e ainda nos casos do art. 1538/CC. 
 Assim, o art. 1538 “A celebração do casamento será imediatamente 
suspensa se algum dos contraentes: I – recusar a solene afirmação de sua 
vontade; II – declarar que esta não é livre e espontânea; III – manifestar-se 
arrependido.”. 
 Mesmo que se trate de piada de ou que, logo após, o nubente manifeste 
sua vontade de recomeçar a cerimônia esta só poderá ser celebrada no outro dia, 
em razão da solenidade do ato. 
 Após o consentimento dos nubentes, o juiz proferirá os dizeres do art. 
1535, parte final, declarando os noivos casados. A partir deste momento o 
casamento estará consumado e de nada valerá o arrependimento. 
Há críticas com relação ao aperfeiçoamento do casamento somente depois 
de o juiz de paz considerar os contraentes casados, considerando que, se o 
próprio Código considera o casamento como um contrato, a ponto de afirmar, no 
 5 
caput do art. 1.535, “presentes os contraentes”, bastava o acerto de vontade 
apenas nas partes. 
 Finalizando as formalidades do casamento, lavrar-se-á assento no livro de 
registro, assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, testemunhas e oficial 
do registro, que conterá todas as informações arroladas no art. 1536, I a VII/CC. 
 Em razão do que diz o art. 1543, § único/CC, que admite a prova do 
casamento por outros meios, a falta de lavratura do assento não invalida o 
matrimônio. 
 
2 – Casamento por procuração 
 
 Pelo art. 1542 do CC “O casamento pode celebrar-se mediante 
procuração, por instrumento público, com poderes especiais.”. 
 
 Tendo em vista a solenidade do ato é que se exige que a procuração aqui 
referida se faça por instrumento público. Os poderes devem ser especiais, 
indicando o nome da pessoa com quem o outorgante vai consorciar-se. 
 A eficácia do mandato é limitada a 90 dias (art. 1542, § 3º/CC). É 
indiferente o sexo do procurador. Nada impede que o outorgante, enquanto não 
concluída a cerimônia, participe dela pessoalmente. Se a procuração estabelecer 
o regime de bens, amplia-se o objeto do mandato para que se firme também o 
pacto antenupcial. 
 Há discussão na doutrina se ambos os nubentes podem ser representados 
por um mesmo procurador. Entretanto, na ausência de proibição legal para tanto, 
não vemos nenhum obstáculo para que o mandato seja lavrado por ambos os 
nubentes a apenas um procurador. 
 O mandato pode ser revogado até o momento da celebração e somente 
por instrumento público (art. 1.542 § 4 do CC). 
 Pelo art. 1542, § 1º, do CC, “A revogação do mandato não precisará 
chegar ao conhecimento do mandatário, mas, celebrado o casamento sem que o 
mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá o 
mandante por perdas e danos.”. 
 Portanto, revogada a procuração, sem que o outorgado ou o outro 
contraente tenha conhecimento da revogação, o casamento é anulável, 
respondendo o outorgante por perdas e danos. 
 Entretanto, o art. 1.542, § 1º, do CC há que ser compreendido com o 
disposto no art. 1550, V, também do CC, considerando que o casamento, 
ocorrida a hipótese do art. 1.542 § 1º, do CC é anulável, desde que não 
sobrevindo coabitação entre os cônjuges. 
O Código Civil não traz solução para o caso de um casamento ser 
realizado após a extinção do mandato, por morte do mandante, estando de boa-
fé o mandatário por ignorar o fato e o outro cônjuge. 
 Nesse caso, não é correto aplicar, analogicamente, o disposto no art. 
1550, V, do Código Civil. Com a morte do mandante, antes do casamento, cessa 
o mandato (art. 682, II, do CC). Assim, não há manifestação de vontade e o ato é 
inexistente. 
 
 6 
3 – Casamento sob moléstia grave e casamento nuncupativo 
 
 Vimos e insistimos que o casamento é ato solene (é por tal razão que 
vários preferem viver em união estável) e que deve seguir um ritual demorado, da 
habilitação até à celebração das núpcias. A partir de agora vamos verificar que, 
em alguns casos, estas formalidades podem ser quebradas, no todo ou em parte. 
 
 Assim é que o art. 1539 do CC afirma que, “No caso de moléstia grave de 
um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o 
impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que 
saibam ler e escrever.”. 
 
 O art. 1539 contempla a hipótese do estado de saúde grave de um ou de 
ambos os nubentes. A urgência do ato dispensa os atos preparatórios da 
habilitação e proclamas. 
 Não sendo possível o comparecimento da autoridade competente, o 
substituto legal realizará a cerimônia. Neste caso, o oficial do registro poderá ser 
nomeado ad hoc pelo presidente do ato. O oficial nomeado ad hoc lavrará termo 
avulso, que dentro de cinco dias será levado ao registro, perante duas 
testemunhas. A prova do casamento urgente é a certidão do termo avulso 
transcrito no registro. 
 Já o artigo art. 1540 permite que, “Quando algum dos contraentes estiver 
em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incuba 
presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na 
presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em 
linha reta, ou, na colateral, até o segundo grau.” 
 O casamento do art. 1540, também denominado in extremis vitae 
momentis, é forma especial, que se dá em razão da urgência e por falta de 
tempo. A diferença entre o disposto no art. 1.539 e no artigo 1.540 é que no 
primeiro há doença grave, sem iminente risco de vida. 
 Há, nesse caso, até a possibilidade de dispensa da autoridade para 
presidir o ato, caso em que se deve obedecer ao disposto no art. 1540/CC. 
 Celebrado este casamento, chamado de nuncupativo, dentro de dez dias 
as testemunhas deverão comparecer espontaneamente (ou se recusarem serão 
intimadas) diante da autoridade judicial para declararem que foram convocadas 
pelo enfermo; que este parecia em risco de vida, mas consciente de seus atos; e 
que presenciaram as declarações livres e espontâneas dos contraentes de se 
tornarem marido e mulher. 
 A autoridade judiciária irá averiguar se os contraentes poderiam ter se 
habilitado naforma regular, ouvindo o Ministério Público e os interessados em 15 
dias. Verificada a idoneidade dos cônjuges, a autoridade decidirá e, depois de 
transitada em julgado a decisão, o juiz mandará registrá-la no livro respectivo. Os 
efeitos desse casamento retroagirão à época da celebração. 
 O processo homologatório será dispensado se, recuperado o enfermo, 
este comparecer e ratificar o casamento diante da autoridade competente. 
 
 
 7 
4 – Casamento perante autoridade diplomática ou consular 
 
 Esclarece art. 7º, § 2º, LINDB “O casamento de estrangeiros poderá 
celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os 
nubentes.”. 
 
 Nessa hipótese, os noivos devem possuir a mesma nacionalidade. A forma 
do ato será a prescrita pelo direito estrangeiro, enquanto os efeitos serão os da 
legislação brasileira, sendo que, não será possível a transcrição deste tipo de 
casamento no cartório do Registro Civil brasileiro. 
 E pelo art. 18 da LINDB, “Tratando-se de brasileiros, são competentes as 
autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento...” 
 
 Para essa possibilidade, ambos os nubentes devem ser brasileiros e a lei 
local deve reconhecer os efeitos civis da celebração. Deverão ser registrados em 
180 dias contados da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório 
de seu respectivo domicílio ou, em sua falta, no 1º Ofício da Capital do Estado 
que passarem a residir (art. 1544/CC). A volta não significa mera passagem, mas 
sim retorno com o intuito de permanência. Entretanto, de entender-se tal 
exigência como mera formalidade. A falta de registro do casamento, no 
estrangeiro, na forma aqui mencionada não significa que o brasileiro não está 
casado. 
 Também não é correto entender-se que, se o brasileiro casar-se no 
estrangeiro, segundo a lei do país escolhido para o casamento, que não está 
casado e, portanto, pode livremente casar-se no Brasil. Na verdade, mesmo 
casado no estrangeiro, segundo a lei do país escolhido, o estado civil destes 
brasileiros é o de casado. O mesmo acontece com o estrangeiro, casado no seu 
país de origem, que venha a residir no Brasil. O estado civil dele é também o de 
casado. Evidentemente que, no caso de divórcio, poderá a ação ou requerimento 
ser proposto no Brasil, segundo nossas leis. 
 No caso de anulação e de nulidade de casamento, celebrado no 
estrangeiro, fora da embaixada ou do consulado, neste caso de aplicar-se a lei do 
país em que celebrado o casamento e não a do Brasil, caso a discussão seja 
aqui enfrentada, em razão de o casal agora estar aqui residindo. 
 
 
5 – Casamento religioso com efeitos civis 
 
5.a – Breve histórico 
 
 A Igreja Católica foi detentora quase absoluta dos direitos matrimoniais, no 
Brasil, durante muito tempo, sendo que era o direito canônico que regia os atos 
nupciais. É por tal razão que o casamento foi, durante muito tempo, sacralizado e 
considerando como a única forma de constituição de família. 
 A imigração de novas culturas para o país e o fortalecimento da República 
possibilitou a inserção de normas que, a partir da separação dos poderes 
temporal e espiritual, permitiam a realização de matrimônios acatólicos. 
 8 
 A Constituição de 1891 reconhecia apenas o casamento civil, 
posicionando o religioso como um interesse da consciência individual. 
 O Código Civil de 1916 tratou o casamento religioso como instituto 
inexistente juridicamente e a união entre seus participantes como mero 
concubinato. 
 Com a Constituição de 1934 permitiu-se a atribuição de efeitos civis ao 
casamento religioso, desde que observadas as prescrições legais. 
 A Constituição de 1946 manteve a permissão e, em 1950, a Lei 1110 
regulamentou por completo o reconhecimento de efeitos civis ao casamento 
religioso. 
 Nossa atual Constituição, em seu art. 226, § 1º, diz que o casamento é 
civil, gratuita sua celebração e que o casamento religioso tem efeito civil, nos 
termos da lei. 
 Atualmente, a lei que disciplina a matéria é a Lei 6015/73, arts. 71 a 75, 
combinada com os arts. 1515 e 1516 do Código Civil. 
 
5.b – Procedimentos para o casamento religioso com efeitos civis 
 
No Brasil temos como regra que o casamento é regido pelas leis civis, mas 
é possível que o casamento religioso tenha efeitos civis, não havendo distinção 
entre a modalidade de religião, ou seja, o efeito civil do casamento religioso é 
com relação a todas as religiões e não há, por conseguinte, reserva de mercado 
à Igreja Católica, como chegou a entender alguns, numa leitura míope da 
Constituição. 
Assim e na verdade não é preciso casar no religioso e também no civil, 
como é da tradição brasileira. Basta dar efeito civil ou casamento religioso. 
Evidentemente que, se o casamento for apenas o religioso, sem efeito civil, 
estamos diante de uma união estável e não de casamento. 
Ressaltamos como paradoxo a exigência de algumas Igrejas, de que 
primeiro você case no civil, para depois poder casar naquela religião. Na verdade, 
tal exigência é descabida e inviabiliza a conversão permitida pela lei civil. Urge 
que os religiosos repensem tal atitude! 
Portanto e pelo art. 1515 do CC “O casamento religioso, que atender às 
exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde 
que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua 
celebração.”. 
 Habilitados, dentro do prazo decadencial de 90 dias (art.1516/CC), o 
interessado requererá o registro do casamento ao oficial do Registro Civil, tudo 
conforme os arts. 71 a 75 da Lei dos Registros Públicos. 
 
 A lei também possibilita a habilitação posterior à celebração religiosa, 
desde que os nubentes apresentem ao oficial de registro os documentos exigidos 
e a prova do casamento religioso. Reunida a documentação, os editais serão 
publicados e, não havendo oposição de impedimentos, será lavrado o devido 
termo. Tal registro produzirá efeitos que retroagirão à data da celebração do 
casamento. 
 9 
 Portanto, o efeito civil ao casamento religioso poderá ocorrer mediante 
prévia habilitação ou, não existindo ou se ultrapassado o prazo de validade de 90 
(noventa) dia da habilitação, poderá, posterior ao casamento, ser feita a 
habilitação e pleitear o efeito civil. 
 
 
IV – Provas do casamento 
 
 Pelo art. 1543 do Código Civil, “O casamento celebrado no Brasil prova-se 
pela certidão do registro”. E pelo § único deste artigo, “Justificada a falta ou a 
perda do registro civil, é admissível qualquer outra espécie de prova.”. 
 Assim e analisando esse citado artigo, podemos falar em: 
 
1 - Provas diretas 
 
O casamento é comprovado, de forma direta, pela certidão do registro, que 
é prova específica. 
 Existem também outras provas diretas, mas supletivas, utilizadas no caso 
de perda ou destruição dos livros de registro cartoriais (ex: certidão de óbito 
constando que o de cujus era casado, declarações de testemunhas, certidão de 
proclamas, passaporte etc). 
 Em um primeiro momento deve-se justificar a falta ou perda do registro, 
para depois provar a existência do ato nupcial. 
 O casamento celebrado no exterior prova-se de acordo com a lei do local 
da celebração. Para que o documento estrangeiro produza efeitos no Brasil, deve 
ser autenticado de acordo com as leis consulares, sendo as formalidades 
dispensadas se não houver no Brasil representação diplomática do lugar de 
celebração do matrimônio. De outro modo, se o casamento foi realizado entre 
brasileiros, perante autoridade consular ou diplomática, a prova será a certidão 
do assento no registro do consulado. 
 
2 – Provas indiretas 
 
 Excepcionalmente, a lei brasileira permite a prova indireta do casamento, 
qual seja: a posse do estado de casado. Para tanto, exige-se que a mulher use o 
nome do marido, que ambos tratem-se como casados e que a sociedadelhes 
conheça a condição de cônjuges (nomen, tractatus, fama). 
 A posse de estado de casado não é peremptória para provar a existência 
do casamento, devendo vir permeada de circunstâncias que a confirmem. 
 O ordenamento traz esta exceção para as hipóteses de cônjuges que não 
possam manifestar sua vontade e de falecimento de cônjuges nesse estado, em 
benefício da prole comum. 
 Para que a presunção do casamento se realize é preciso que os pais 
tenham falecido ou que não possam manifestar sua vontade, que tenham vivido 
na posse do estado de casados, que exista prole comum e que inexista certidão 
de registro que ateste ter um dos pais contraído casamento anteriormente. 
 10 
 Somente os filhos podem alegar essa posse de estado, depois da morte 
dos pais. 
 E pelo art. 1546 do CC, “Quando a prova da celebração legal do 
casamento resultar de processo judicial, o registro da sentença no livro do 
Registro Civil produzirá, tanto no que toca aos cônjuges como no que respeita 
aos filhos, todos os efeitos civis desde a data do casamento.”. 
 Assim, a existência do casamento pode ser comprovada por meio 
requerimento, não havendo divergência entre os interessados, ou, havendo 
discordância entre eles, por intermédio de ação declaratória de existência de 
casamento, com efeito retroativo. 
 
 O art. 1547 esclarece que, “Na dúvida entre as provas favoráveis e 
contrárias, julgar-se-á pelo casamento, se os cônjuges, cujo casamento se 
impugna, viverem ou tiverem vivido na posse do estado de casados.” 
 
 É a admissão do princípio in dúbio pro matrimonio, isto é, produzida as 
provas e ainda existindo dúvida se foi o não celebrado, de se admitir o 
requerimento ou o pedido declaratório de existência de casamento.

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