Buscar

VITAMINAS E MINERAIS GESTANTE

Prévia do material em texto

Profa Carla Nogueira
- Disciplina: Nutrição materna, da criança e do adolescente.
 
�
Para grande parte dos micronutrientes, as necessidades de gestantes encontram-se aumentadas, se comparadas às mulheres não grávidas. As recomendações de cada micronutriente segue as propostas pela DRI ( Dietary Reference Intakes - Ingestão Dietética de Referência) do IOM.
VITAMINA A
	É um nutriente essencial, pois participa de importantes processos biológicos. Tem papel destaque na visão, reprodução, no desenvolvimento fetal, na função imune, na regulação da proliferação e diferenciação celular, na manutenção do tecido esquelético, formação de esperma e manutenção da placenta. Devido ao impacto da carência no sistema imune, vários pesquisadores chamam atenção para a necessidade do diagnóstico precoce da carência visando reduzir os índices de morbimortalidade associada à carência desta vitamina, principalmente em crianças.
	 Em gestantes, a hipovitaminose pode comprometer a gestação, pois a vitamina A é indispensável para o crescimento e desenvolvimento fetal normal, constituição da reserva hepática fetal e para o crescimento tecidual materno. Acredita-se também que esteja envolvida na síntese de hormônios esteroides e foi demonstrado que a suplementação de vitamina A traz benefícios para a função feto-placentária pelo aumento dos níveis de progesterona que atuam no organismo materno produzindo os ajustes fisiológicos necessários que permitem o desenvolvimento fetal.
	Avaliando o impacto do estado nutricional da vitamina A no resultado obstétrico, segundo o peso ao nascer, alguns autores postulam uma possível associação entre baixas concentrações de vitamina A no cordão umbilical e crescimento anormal do feto, e essa deficiência nutricional tem sido apontada como possível fator de risco para o retardo do crescimento intrauterino.
VITAMINA C
	O ácido ascórbico tem capacidade de ceder e receber elétrons, o que lhe confere ação antioxidante; é também necessária para a síntese e manutenção de colágeno e para a oxidação da fenilalanina e da tirosina, além de participar da redução do ferro férrico a ferroso no trato gastrointestinal, facilitando sua absorção e contribuindo para a prevenção e tratamento da anemia.
	Na gestação pode ocorrer redução nos níveis plasmáticos de vitamina C em torno de 10 a 15% que geralmente não está associada com resultado obstétrico indesejável, este declínio está associado com ajustes hormonais e expansão do volume sanguíneo. Os níveis fetais e do lactente são 50% maiores que os níveis maternos, indicando transporte ativo através da placenta.
FOLATO
	O folato é requerido para o crescimento normal, na fase reprodutiva (gestação e lactação) e na formação de anticorpos. Atua como coenzima no metabolismo de aminoácidos, síntese de purinas e pirimidinas, síntese de DNA e RNA e é vital para a divisão celular e síntese proteica. Sua deficiência pode ocasionar alterações na síntese de DNA e alterações cromossomiais.
	A deficiência de folato na gestação está associada à anemia megaloblástica, causada pela produção anormal de hemácias. Alguns fatores interferem nos baixos níveis séricos de ácido fólico como armazenamento de alimentos, perda na cocção, entre outros. Esta deficiência também pode estar associada com várias complicações na gestação como aborto espontâneo, pré-eclâmpsia, retardo do crescimento intrauterino e hemorragia.
	
	Evidências epidemiológicas, clínicas e teratológicas têm demonstrado que o folato está envolvido na prevenção e patogênese dos Defeitos do Tubo Neural. Sabe-se que as gestantes são propensas a desenvolverem deficiência de folato provavelmente devido ao aumento da demanda deste para o crescimento fetal e dos tecidos maternos e também por: dieta inadequada, hemodiluicão fisiológica gestacional e influências hormonais. As anomalias descritas mais frequentemente são anencefalia e espinha bífida, que são acompanhadas de mau prognóstico. A anencefalia é uma importante causa de morte perinatal e os portadores de espinha bífida crescem com paralisia nos membros inferiores e graus variados de incontinência intestinal e de bexiga. A prevalência destes Defeitos é de 0,1% em todas as gestações e o risco de recorrência é de 2 a 5%.
	A concentração sérica de folato cai de 6 ng/mL no estado pré-gravídico para 4,5 ng/mL durante a gestação. Assim a suplementação com doses elevadas de ácido fólico aumenta sua concentração nos fluidos teciduais, corrigindo a deficiência local nos mesmos. 
	A suplementação de folato através de alimentos fortificados tem sido recomendada no período pré-concepção por 1 mês e pós concepção por 2 meses, ou seja, prazo no qual termina o período crítico do desenvolvimento do sistema nervoso central. A suplementação medicamentosa deve ser feita fora do horário das refeições, objetivando maior taxa de absorção.
VITAMINA D
	Exerce papel fundamental na homeostase do cálcio e do fósforo, mantendo o metabolismo mineral normal, sendo essencial ao crescimento ósseo, como fator imunológico, além de estar envolvida reprodução humana.
	Durante a gestação a vitamina D tem sido apontada como essenciais para o equilíbrio de cálcio e fósforo, atravessando a barreira placentária, atingindo as mesmas concentrações tanto no sangue fetal quanto materno.
	Sua deficiência pode ocasionar hipocalcemia neonatal e/ou hipoplasia de esmalte da dentição futura, além de osteomalácia materna.
	Vale ressaltar que além da ingestão de alimentos fonte ( arenque, salmão, sardinha, gema de ovo e fígado de frango), deve-se se expor ao sol diariamente por aproximadamente 15 min.
VITAMINA B6 OU PIRIDOXINA
	É uma importante co-enzima envolvida no metabolismo proteico, atuando nas reações de transaminação, desaminação, dessulfuração e descarboxilação. Ela também exerce um papel fundamental no desenvolvimento do sistema nervoso central.
	A piridoxina vem sendo indicada para gestante no tratamento da hiperêmese gravídica e a sua suplementação está associada com a melhora do índice de apgar (índice de vitalidade do recém-nascido segundo a taxa de batimento cardíaco, esforço respiratório, tônus muscular, irritabilidade reflexa e coloração do recém-nascido no 1º e 5º minuto após o parto).
CÁLCIO
	Representa 1 a 2% do peso corporal do adulto, cerca de 99% de cálcio corporal é encontrado nos ossos e dentes. Uma pequena parte é encontrada no sangue, fluidos extracelulares, músculos e outros tecidos, mediando a contração muscular, transmissão nervosa e secreção glandular.
	Durante a gestação, aproximadamente 25 a 30g de Ca são transferidos para o feto, principalmente no 3º trimestre. A deficiência deste micronutriente pode afetar o resultado gestacional, com prejuízo no crescimento fetal, alteração na permeabilidade da membrana, bem como afetar a PA e propiciar contrações uterinas e, consequentemente, parto prematuro.
As mudanças que ocorrem no metabolismo do Ca durante a gestação favorecem a transferência deste para o feto, incluindo mudanças nos hormônios reguladores do Ca. 
A taxa de absorção de Ca modifica:
Mulheres não-gestante 27%
Gestante a partir 2º trimestre 54%
	Vale ressaltar que além de leite e derivados serem fontes principais, também têm a sardinha, ostra e salmão.
	
FÓSFORO
	É um mineral essencial ao lado do Ca, encontrando-se em grande proporção nos ossos e dentes (85%) na forma de cristais de fosfato de Ca. Ele exerce funções metabólicas nas células e no fluido extracelular, tais como constituinte do DNA, RNA e ATP, assim como está envolvido em reações de fosforilação na ativação/desativação de enzimas.
	A ocorrência de cãibras durante a gestação tem sido relacionada com um declínio de Ca sérico decorrente do desequilíbrio da relação Ca/P.
FERRO
	É um nutriente essencial para a síntese de hemoglobina, participa da distribuição de oxigênio a partir do pulmão para os tecidos corporais e participa de enzimas ferro-dependentes,que são requeridas para o transporte de O2 para a produção celular de energia.
	Durante a gestação, as mulheres necessitam de ferro para repor suas perdas basais, para a expansão da massa de hemácias e cobrir as necessidades fetais e placentárias, além de suprir o crescimento do feto e da placenta. Ao termo, o feto armazena cerca de 290 mg de Fe e a placenta 25 mg, excluindo-se o ferro no sangue materno.
	As necessidades de Fe não se distribuem de maneira uniforme ao longo da gestação e acredita-se que as necessidades maternas de Fe se levam no início do 2º trimestre, aumentando de 0,8 mg/dia no 1º para 6,3 mg/dia no 2º e 3º trimestre. É fato reconhecido que as necessidades de Fe dificilmente são atingidas somente através da dieta, por isso recomenda-se a suplementação para permitir a expansão da massa de hemoglobina, sendo esta uma recomendação adotada pelo MS.
	A deficiência de Fe pode afetar também o sistema imune e o crescimento e desenvolvimento. A anemia ferropriva na gestação está associada com o aumento da mortalidade perinatal, baixo peso ao nascer e prematuridade. (Suplementar não é garantia de prevenção de tais eventos; estas ocorrências estão mais relacionada a anemia grave)	
	A eficiência da absorção de Fe não-heme pode variar de 2 a 40% dependendo do tipo de alimento.
PROMOÇÃO ABSORÇÃO: Vit C, fator MFP (presente em carnes, peixes e aves), condimentos fermentados que reduzem a quantidade de fitato nos alimentos.
INIBIDOR ABSORÇÃO: Fitatos, tanino, compostos fenólicos e Ca.
O ferro é encontrado em carnes de um modo geral (especialmente o fígado).
IODO
	É um componente essencial dos hormônios tireoidianos (T3 e T4). Sua importância nutricional deve-se ao importante papel desempenhado pelos hormônios da tireoide no crescimento e desenvolvimento humano, principalmente da concepção até o 2º ano de vida, pois o cérebro continua a crescer rapidamente até esta idade e estes hormônios são essenciais para o desenvolvimento cerebral normal. Estes efeitos deletérios são observados em todas as fases de crescimento e desenvolvimento rápido em especial no feto, neonato e lactente.
	A deficiência fetal de I é o resultado da deficiência materna, associando a uma maior incidência de natimortos, abortos espontâneos e anormalidades congênitas. O cretinismo endêmico, a forma mais comum de carência de I, é caracterizado por deficiência mental, surdo-mudismo e diplegia espástica.
ZINCO
	Dentre os papéis bioquímicos do zinco encontra-se o seu envolvimento em um grande nº de enzimas ou como estabilizador de estrutura molecular dos constituintes celulares e membranas. Participa na síntese de DNA, RNA, tem função imunológica e está envolvido no metabolismo de proteínas, carboidratos e lipídios, sendo essencial nos processos de diferenciação e replicação celular. 
	A deficiência de Zn tem sido associada com infertilidade, abortos, malformações congênitas e outros efeitos adversos na gestação. Efeitos teratogênicos são visto apenas na deficiência severa de Zn.
	O Zn armazenado nos ossos maternos não pode ser mobilizado. Logo uma deficiência dietética é rapidamente refletida no equilíbrio mineral materno.

Continue navegando