Buscar

PEDIATRIA DR ABEL HEPATOESPLENOMEGALIA

Prévia do material em texto

Maria Beatriz Machado 
PEDIATRIA – DR ABEL – HEPATOESPLENOMEGALIA 
 O fígado e o baço são frequentemente palpáveis em crianças normais, porém, o aumento destes órgãos pode estar 
relacionado a diversas condições/doenças com maior ou menor gravidade. 
 Alguns dos mecanismos que causam a hepatoesplenomegalia são: 
 Aumento do tamanho ou do número de células 
 Aumento do espaço vascular 
1. PROPEDÊUTICA DO FÍGADO E BAÇO 
 Muitas vezes o fígado e baço são palpáveis devido a outros fatores que não sejam seu aumento. 
 Podem ocorrer: 
 Variações anatômicas 
 Rebaixamento do diafragma 
 Alterações em órgãos adjacentes 
2. AVALIAÇÃO DO TAMANHO HEPÁTICO 
 Para avaliar clinicamente o tamanho hepático, é importante que façamos a PERCUSSÃO da borda SUPERIOR e 
INFERIOR antes da palpação. 
 Borda superior é percutível: Entre o 4º a 6º espaços intercostais direitos (principalmente no 5º espaço). 
 O tamanho do fígado é considerado normal: 
 Até o 6º mês de vida: Se for palpável até 3,5cm do rebordo costal direito na linha hemiclavicular 
 Dos 6 meses aos 2 anos de vida: Se for palpável até 2cm ou 3cm do rebordo costal direito na linha hemiclavicular 
 Dos 2 aos 10 anos de idade: Se for palpável até 2cm do rebordo costal direito na linha hemiclavicular 
 Características normais na palpação: 
 Superfície lisa 
 Bordas regulares 
 Consistência não endurecida 
 Ausência de dor à palpação 
3. CONDIÇÕES CLÍNICAS ASSOCIADAS À HEPATOESPLENOMEGALIA 
 O quadro mais comum na infância é de uma hepatoesplenomegalia discreta ou moderada e de curta duração, 
geralmente associada à febre, e sem acometimento do estado geral. 
 A maioria desses casos está relacionada aos processos infecciosos, onde há infiltração de células inflamatórias no 
fígado e/ou baço, e também a hiperplasia das células de Kupffer. 
 A evolução desse quadro geralmente é benigna, e ocorre uma resolução espontânea em menos de 2 meses. 
 As principais condições clínicas associadas à hepatoesplenomegalia variam de acordo com: 
 Faixa etária da criança 
 Estado nutricional 
 Exposição a agentes infecciosos 
 A anamnese e exame físico são FUNDAMENTAIS para direcionar a investigação diagnóstica da criança com 
hepatoesplenomegalia. 
Maria Beatriz Machado 
 
4. CAUSAS DA HEPATOESPLENOMEGALIA DE ACORDO COM A IDADE 
 Primeiros meses de vida: 
 Processos hemolíticos 
 Infecções congênitas: Sífilis, toxoplasmose, rubéola, hepatite B, herpes, citomegalovírus e HIV  A 
hepatoesplenomegalia é uma das manifestações mais precoces na criança com HIV 
 Doenças metabólicas: Deficiência de alfa-1-antitripsina 
 Crianças com idade inferior a 2 anos: 
 Processos infecciosos de etiologia viral ou bacteriana 
 A infecção do trato urinário (ITU) é a causa infecciosa mais comumente associada a hepatoesplenomegalia febril 
nas crianças dessa idade. 
 Desnutrição e anemias carenciais 
 Crianças com idade superior a 2 anos: 
 Anemia: Principalmente a anemia ferropriva. 
 Desnutrição 
 Infecção: Hepatite A e B 
 Toxocaríase (larva migrans visceral): É a helmintíase mais comum em São Paulo 
5. FORMAS DE APRESENTAÇÃO DA HEPATOESPLENOMEGALIA 
 Doenças de início agudo: Provavelmente são de caráter infeccioso, tóxico ou congestivo 
 Doenças de início insidioso: Provavelmente são auto-imunes, metabólicas ou estão relacionadas a processos 
infiltrativos 
Maria Beatriz Machado 
6. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ASSOCIADAS 
 Febre: Pode ocorrer por infecções, inflamações, colagenoses ou neoplasias. 
 Nos processos infecciosos, a febre desaparece após a fase aguda, antes mesmo que haja hepatoesplenomegalia: 
Ocorre muito na mononucleose, nas hepatites virais, toxocaríase e esquistossomose  A hepatoesplenomegalia 
nesses casos surge depois e pode persistir por meses 
 Nos processos inflamatórios crônicos de origem não infecciosa, ocorre mais uma hepatoesplenomegalia febril, e 
esse quadro não se resolve espontaneamente. 
 Anemia: As hepatoesplenomegalias são frequentes nas anemias, sejam elas de origem carencial, infecciosa, 
metabólica ou neoplásica. 
 Icterícia: É fundamental investigar a criança que tem hepatoesplenomegalia associada a icterícia. 
 Adenomegalia: Pode ser encontrada em diversos quadros infecciosos, reações a drogas, leucemia, linfoma e doenças 
de depósito 
 Manifestações hemorrágicas: Pode ocorrer em processos neoplásicos, na hipertensão portal ou na insuficiência 
hepática. 
 Acometimento articular: Pode ocorrer nas doenças auto-imunes 
 Problemas respiratórios 
 Ascite: Ocorre nos processos de hipertensão portal sinusoidal ou pós-sinusoidal 
 Prurido: Importante sinal de colestase 
 Outras alterações: Fácies característico, baixa estatura, deformidades ósseas, convulsões, catarata e retardo mental 
 Suspeitar de doenças metabólicas e infecções congênitas. 
7. EXPOSIÇÃO A MEDICAMENTOS OU AGENTES HEPATOTÓXICOS 
 Diversos medicamentos podem ser hepatotóxicos, porém a maioria das lesões hepáticas induzidas por medicamentos 
são completamente reversíveis com a suspensão do agente agressor. 
 Drogas que podem causar hepatotoxicidade: 
 Acetoaminofeno 
 Salicilatos 
 Vitamina A 
 Isoniazida 
 Metotrexato 
 Azatioprina 
 Ciclosporina 
 Ácido valpróico 
 
8. DADOS EPIDEMIOLÓGICOS 
 A obtenção dos dados epidemiológicos auxilia na investigação de doenças como hepatite A ou B, AIDS, tuberculose, 
fase aguda da esquistossomose e Doença de Chagas, leishmaniose visceral, malária, leptospirose, etc. 
9. ANAMNESE 
9.1. ANTECEDENTES FAMILIARES 
 Perguntar a respeito de anemias hemolíticas, doenças de depósito, síndromes colestáticas familiares, talassemia, 
fibrose cística, deficiência de alfa-1-antitripsina, anemia falciforme.. 
9.2. HISTÓRIA ATUAL 
 Verificar se o paciente está com alguma doença infecciosa no momento. 
 Verificar sintomas como: Icterícia, colúria, acolia, edemas, telangiectasias, alterações de consciência, hemorragias.. 
 Perguntar a respeito de viagens internacionais, ingestão de alimentos diferentes. 
10. EXAME FÍSICO DA CRIANÇA 
 O exame físico da criança com hepatomegalia e/ou esplenomegalia deve ser completo, e devemos sempre procurar 
por outras alterações associadas, como: Baixa estatura, deformidades, etc. 
Maria Beatriz Machado 
 O estado geral e nutricional da criança podem estar comprometidos, levando a suspeita de quadros infecciosos, 
hemolíticos ou neoplásicos. 
 Ainda podemos encontrar outras alterações associadas, como: Sufusões hemorrágicas, eritema palmar, 
teleangiectasias, circulação colateral em abdome, ascite e presença de adenomegalia. 
 No exame abdominal é importante lembrar que a avaliação clínica do fígado e baço pode ser bastante falha por 
variações anatômicas, etc. 
 Além de avaliarmos o tamanho do fígado e baço, devemos pesquisar: 
 Alterações na forma: Simétrica ou assimétrica 
 Consistência: Firme ou endurecida 
 Superfície: Lisa, irregular, com nódulos 
 Ausculta de sopro na área hepática: Hemangioendotelioma, telangiectasia hemorrágica hereditária 
 Dor à palpação: Hepatites infecciosas, leptospirose, absceso hepático e congestão passiva secundária à 
insuficiência cardíaca. 
10.1. OBSERVAÇÕES 
 Na maioria das crianças com processos sistêmicos, teremos aumento simultâneo do fígado e baço, porém, também 
podemos ter predomínio ou aumento isolado de um deles. 
 Hepatomegalias isoladas: Doenças tumorais, doenças císticas, glicogenoses e doenças venoclusivas 
 Aumento acentuado do tamanho do fígado: Doenças tumorais, doenças venoclusivas e glicogenoses 
 Esplenomegalias isoladas: Trombose da veia porta, doenças de depósito de gordura (lipidoses), leucemia 
mielocíticacrônica e anemias hemolíticas 
 Aumento acentuado do tamanho do baço: Lipidoses, talassemia major, calazar, esquistossomose crônica, 
leucemia mieloide crônica, histiocitose e salmonelose septicêmica 
11. AVALIAÇÃO LABORATORIAL E DE IMAGEM 
 A investigação laboratorial será sempre baseada nos dados de anamnese e exame físico. 
 Crianças que apresentam comprometimento importante do estado geral e sinais de insuficiência hepática 
(sangramentos, alterações de consciência, icterícia grave e ascite) DEVEM ser internadas para investigação. 
 Exames laboratoriais: 
 Hemograma completo: Esfregaço de sangue periférico e reticulócitos 
 Urocultura e analise do sedimento urinário 
 Bioquímica do perfil hepático: 
 TGO 
 TGP 
 Gama-GT 
 Fosfatase alcalina 
 Bilirrubina total e 
frações 
 Albumina 
 Glicemia 
 Creatinina 
 Colesteróis 
 
 Reações sorológicas 
 Tipagem sanguínea 
 Exame de fundo de olho 
 Reação de Mantoux 
 Mielograma 
 Testes para pesquisa de metabólitos urinários 
 Pesquisa de auto-anticorpos 
 Dosagem sérica de alfa-1-antitripsina 
 Exames de imagem: 
 Raio X de tórax 
 Ultrassom de abdome

Continue navegando