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Disciplina: Práticas Educativas em Saúde (PES) Profa Ms. Milena G. L. Cardoso Educação em Saúde e sua relação com a Promoção da Saúde Educação Um processo vital de troca, baseada pelas ações conscientes do educador e pela vontade livre do educando. “Uma forma de intervenção no mundo.” Paulo Freire Tarefa de todos os profissionais da saúde. Insere-se em todas as atividades. Deve ocorrer em todo e qualquer contato entre o profissional de saúde e a população, dentro e fora da unidade de saúde. Conceito de saúde Saúde é o resultado das condições de vida, logo do acesso ao trabalho, à escola, à moradia e à alimentação. Com isso, ter ou não estas condições implica em saúde ou adoecimento. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde não apenas como a ausência de doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social. Essa definição, até avançada para a época em que foi realizada, é, no momento, irreal, ultrapassada e unilateral. SEGRE, M e FERRAZ, F.C., 1997. Conceitos de educação em saúde “Conjunto de saberes e práticas orientados para a prevenção de doenças e promoção da saúde.” (COSTA & LOPES, 1996) Conceitos de educação em saúde “Recurso por meio do qual o conhecimento produzido no campo da saúde, atinge a vida cotidiana das pessoas, uma vez que a compreensão dos condicionantes do processo saúde- doença oferece subsídios para a adoção de novos hábitos e condutas de saúde.” (ALVES, 2005) Promoção da saúde A promoção da saúde é definida como as ações realizadas para desenvolver um nível elevado de bem-estar e é realizada pela influência comportamental de cada indivíduo e do ambiente no qual as pessoas vivem. Busca de qualidade de vida. Resgate de sua cidadania. Profissionais de saúde como facilitadores no processo educação em saúde. Educação em saúde pressupõe uma combinação de oportunidades que favorecem a promoção e a manutenção da saúde. “Passamos a idéia de que as pessoas não têm saúde por que não querem, por que não se esforçam, por que não têm vontade de ter saúde. As pessoas que trabalham com educação em saúde muitas vezes acham que uma grande parte da população tem problemas por que é ignorante. (...) Faltam condições de viver e saúde para a maioria da população brasileira, não por que ela ou eu nos descuidamos, mas porque as autoridades não usam o dinheiro público com os nossos interesses.” Minayo, 1986 Promoção da saúde CUIDAR DA VIDA DE MODO QUE REDUZISSE A VULNERABILIDADE AO ADOECER, REDUZINDO O SOFRIMENTO E EVITANDO MORTES PREMATURAS Política Nacional de Promoção à Saúde PORTARIA 687 DE 30 DE MARÇO DE 2006: APROVA A POLITICA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde e Secretaria de Atenção à Saúde (2010) Brasil investindo em promoção, proteção e recuperação da saúde: construção de um modelo de qualidade de vida. Objetivo: Promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes – modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais. Política Nacional de Promoção à Saúde MS definiu em setembro de 2005 agenda de compromissos pela saúde com três eixos: Pacto em defesa do SUS Pacto de gestão do SUS. Pacto pela vida: conjunto de prioridades e compromissos sanitários. Compreendem o Pacto pela Saúde. Macroprioridades: - Acesso e qualidade dos serviços do SUS - Fortalecimento e qualificação das estratégias de saúde da família Política Nacional de Promoção à Saúde Ênfase: - Promoção da atividade física - Hábitos saudáveis de alimentação e vida - Controle do tabagismo - Controle do uso abusivo de bebida alcoólica - Cuidados especiais ao processo de envelhecimento. Estratégias de implantação da Política Nacional de Promoção à Saúde Estimulo a inserção das praticas promotoras de saúde, em todos os níveis de atenção, com ênfase na atenção básica, voltadas as ações de cuidado com o corpo e a saúde, alimentação saudável e prevenção e controle do tabagismo. Desenvolver estratégias de qualificação para profissionais de saúde inseridos no sistema único de saúde Estratégias de saúde da família e agentes comunitários de saúde Responsabilidade dos três níveis de gestão: federal, estadual e municipal Educação em Saúde x Promoção à Saúde Entende-se por educação em saúde quaisquer combinações de experiências de aprendizagem delineadas com vistas a facilitar ações voluntárias conducentes à saúde. Procura desencadear mudanças de comportamento individual. Define-se promoção em saúde como uma combinação de apoios educacionais e ambientais que visam a atingir ações e condições de vida conducentes à saúde. Inclui educação em saúde, visa promover mudanças de comportamento organizacional. Promoção e Educação em Saúde estão extremamente vinculadas e promovem a qualidade de vida no cotidiano das pessoas. A promoção da saúde articula saberes técnicos e populares e a mobilização de recursos institucionais e comunitários, públicos e privados. Supera a conceituação biomédica de saúde abrangendo objetivos mais amplos. Educação em Saúde x Promoção à Saúde Educação em saúde A educação em saúde se insere no contexto da atuação da nutrição como meio para o estabelecimento de uma relação dialógico-reflexiva entre nutricionista e cliente, em que este busque conscientizar-se sobre sua situação de saúde-doença e perceba-se como sujeito de transformação de sua própria vida. A educação em saúde é instrumento para a promoção da qualidade de vida de indivíduos, famílias e comunidades por meio da articulação de saberes técnicos e populares, de recursos institucionais e comunitários, de iniciativas públicas e privadas, superando a conceituação biomédica de assistência à saúde e abrangendo multideterminantes do processo saúde enfermidade- cuidado. Disciplina: Práticas Educativas em Saúde (PES) Profa Ms. Milena G. L. Cardoso Papel do profissional de saúde como educador: competências e implicações Conceitos Conhecimento: apreensão da realidade Aprendizado: modificação do conhecimento OMS: "o foco da educação em saúde esta voltado para a população e para a ação.” Deve promover, por um lado, senso de identidade individual, a dignidade e a responsabilidade e, por outro, a solidariedade e a responsabilidade comunitária. Educação em Saúde Educação em saúde Competência importante e inerente ao trabalho do profissional em saúde, que deve ser continuamente desenvolvida e avaliada, visto que: "a educação em saúde como processo político pedagógico requer o desenvolvimento de um pensar crítico e reflexivo, permitindo desvelar a realidade e propor ações transformadoras que levem o indivíduo a sua autonomia e emancipação enquanto sujeito histórico e social capaz de propor e opinar nas decisões de saúde para o cuidar de si, de sua família e da coletividade“ MACHADO, et al, 2007). Profissional da Saúde: Educador Principal atuante no processo de cuidar, por meio da educação em saúde. Imposição x Diálogo Exemplos: “não fume; não transe sem camisinha;use cinto de segurança; não abandone o tratamento...” Diálogo no processo ensino-aprendizagem ‘‘Pedagogia da autonomia’’, Paulo Freire Não há docência sem discência. Ensinar exige: rigorosidade metódica; pesquisa; respeito aos saberes dos educandos; criticidade; estética e ética; a “corporeificação” das palavras pelo exemplo; risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação; reflexão crítica sobre a prática; o reconhecimento da identidade cultural. Ensinar não é transferir conhecimento. Ensinar exige: consciência do inacabamento; reconhecimento de ser condicionado; respeito à autonomia do ser educando; bom senso; curiosidade; apreensão da realidade; alegria e esperança; convicção de que a mudança é possível; humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores. ‘‘Pedagogia da autonomia’’, Paulo Freire Ensinar é uma especificidade humana. Ensinar exige: competência profissional e generosidade; comprometimento; compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo; liberdade e autoridade; tomada consciente de decisões; saber escutar; reconhecer que a educação é ideológica; disponibilidade para o diálogo; querer bem aos educandos. ‘‘Pedagogia da autonomia’’, Paulo Freire Educação em saúde ATUALMENTE o cuidado à saúde requer um PROFISSIONAL que influencie positivamente sua equipe com valores humanísticos, criando um ambiente favorável ao desenvolvimento da criatividade e do intelecto, pela prática e pela pesquisa, promovendo a sua satisfação no cuidado ao paciente. Ação educativa Processo que inclui também o crescimento dos profissionais de saúde Reflexão conjunta sobre o trabalho que desenvolvem e suas relações com a melhoria das condições de saúde da população • Técnico de saúde deve se preparar para um método educativo que se baseie na participação social, através de sua própria prática profissional. Bases conceituais para ação de EDUCAÇÃO EM SAÚDE Funcional: as funções de técnica, método e meio de veiculação conformam os instrumentos de ação. Epistemológica: formada pela ciência (através do rigor científico), educação e comunicação, que fornecem as diretivas de ação. acesso fácil, oportuno e compreensível a dados e informações de qualidade sobre sua saúde e sobre as condições de vida de sua comunidade, cidade, município, estado e país COMUNICAÇÃO DEVE SER CLARA!! Os dados e informações devem ser claros, sem ambigüidade, precisos e fidedignos, transmitidos de maneira adequada, através de sistemas visuais e auditivos que mobilizem a atenção e motivem sua utilização. POPULAÇÃO Objetivos da educação Em relação às necessidades individuais: 1. Desenvolvimento harmônico do corpo e do espírito; 2. Desenvolvimento emocional; 3. Formação do espírito crítico; 4. Desenvolvimento da capacidade criativa; 5. Desenvolvimento do espírito de iniciativa; 6. Formação estética; 7. Formação ética; 8. Formação moral; 9. Desenvolvimento das peculiaridades de cada educando 10. Assimilação dos valores e técnicas fundamentais da cultura a que pertence o educando. Formação e desenvol- vimento da personali- dade Educador - Características: facilitador X orientador domínio dos conteúdos específicos domínio das formas de ensinar experiência na prática assistencial Lanthier,1982 - Características Básicas Conhecimento Atualização Responsabilidade Julgamento crítico Freire,2002 Competências do Educador - Estimular agentes reflexivos; problematizadores do conhecimento - Respeitar os saberes, relacionado-os aos novos conteúdos - Estimular o pensamento crítico como elemento de melhora da prática - Respeitar a dignidade e autonomia do educando - Ser mediador do desenvolvimento cognitivo, posto que este é individual - Aprender a falar com e não falar para, através do ato de saber escutar. Competências do Educador -Ter segurança, que se apresenta na firmeza com que atua, com que decide, na forma de respeitar seus alunos, nas discussões das suas ações e na possibilidade de revê-las. -Desempenhar papel cultural e político, auxiliando o aluno a ampliar as dimensões da realidade em que vive, auxiliando-o a assumir uma postura crítica diante do mundo. - Senso Crítico -Levantar as necessidades educativas do indivíduo e da comunidade Ações educativas São as práticas de ensino-aprendizagem desenvolvidas junto a população com a finalidade de debater e promover a tomada de decisão em relação a atitudes e práticas de saúde, através da reflexão crítica de ambos os atores (docentes e discentes). O principal objetivo da educação em saúde é fazer com que os indivíduos vivam suas vidas com qualidade, que sejam conscientes e capazes de se responsabilizar por sua própria saúde e intervir para manutenção desta. Toda situação educativa deve considerar: Presença dos sujeitos: educador e educando Objetos do conhecimento: conteúdos Objetivos imediatos e mediatos: orientam a prática educativa Métodos, processos, materiais de ensino, práticas didáticas Processo educacional deve contemplar uma relação igualitária entre educando e educador. Há, assim, a necessidade de incorporar o empoderamento de indivíduos e comunidades, tornando-os mais autônomos para fazer escolhas informadas. Experiências e vivências do educando: transformação ou reconstrução dos saberes Deve-se cada vez mais aprofundar-se em sua realidade vivida, pois o processo de conscientização é determinado pela tríade ação-reflexão-ação Toda situação educativa deve considerar: Ao realizar uma ação educativa devemos considerar: Para quem se destina a ação educativa Conteúdos, objetivos e metodologia A participação ativa, crítica e reflexiva dos atores envolvidos no processo educativo Níveis de prevenção à saúde 1. A prevenção de doenças visa a evitar problemas ou minimiza-los nos momentos que eles ocorrem. 1. A prevenção primária é a prevenção total de uma condição. 2. A prevenção secundária é a identificação precoce de um distúrbio e as medidas tomadas para acelerar sua recuperação. 3. A prevenção terciária é a assistência prestada para minimizar os efeitos de um distúrbio e prevenir suas complicações em longo prazo. Os cuidados preventivos devem considerar a avaliação do risco coletivo para distúrbios específicos. Papel da nutrição na prevenção à saúde Nutricionistas desempenham papéis importantes na prevenção em determinadas áreas. Podem atender as necessidades de promoção à saúde dos pacientes/clientes em todas as unidades de trabalho. A promoção da saúde é realizada através da educação do paciente. Deve ocorrer durante todo o ciclo de vida: fase de lactente, fase de infância, fase de adolescente, fase adulta, idosos. Lactente: apoio e fortalecimento à amamentação, alimentação complementar, higiene, etc. Primeira infância: nutrição para crescimento e desenvolvimento adequados, acompanhamento do crescimento, intervenção nutricional, educação nutricional. Adolescência: adaptação da alimentação à realidade do adolescente, prevenção de transtornos alimentares, valorização do corpo e imagemcorporal, educação focada para evitar envolvimento com álcool e drogas. Idade adulta: melhora e manutenção dos hábitos alimentares, dietoterapia como tratamento de doenças, desvendar mitos, crendices e alimentos da “moda”. Papel da nutrição na prevenção à saúde Papel da nutrição na prevenção à saúde Gestação e lactação: nutrição para crescimento e desenvolvimento adequados do feto, vitaminas e minerais, ganho de peso. Idoso: nutrição para prevenir desnutrição, dietas com consistência adaptada, fortalecimento ósseo, autonomia, melhora da qualidade de vida. A natureza multidimensional da nutrição exige profissionais que sejam competentes, não somente nos aspectos técnicos específicos do seu fazer, mas também na capacidade de apropriação e reelaboração de conhecimentos originários de outras áreas, que lhes capacitem interferir na realidade com a compreensão das várias possibilidades disponíveis. A formação do nutricionista educador Nutricionista educador O nutricionista é um educador em potencial, mas se a saúde é um direito de todos, dever do Estado, e fruto de uma conquista social, a educação em saúde não é de competência exclusiva de uma categoria profissional. Ela deve ser multiprofissional. O papel educativo de um profissional de saúde, como um dos componentes das ações básicas de saúde, é tarefa de toda a equipe na unidade de saúde. A formação do nutricionista educador O papel da interdisciplinaridade da nutrição na educação em saúde foi considerado não apenas como a competência em vários campos do saber, mas a congregação de saberes que possam contribuir para a prática de educação em saúde. A participação popular insere-se nesse contexto como forma de dar oportunidade para a manifestação do educando, garantindo-lhe poder no relacionamento com o educador. Interdisciplinaridade: interação entre disciplinas aparentemente distintas. Possibilita a formulação de um saber crítico-reflexivo, que deve ser valorizado no processo de ensino-aprendizado. Forma de superar a fragmentação entre as disciplinas, proporcionando diálogo entre estas, relacionando-as entre si para a compreensão da realidade. Bibliografia consultada - Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – 3. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_promocao_saude_3ed.pdf - Candeias, Nelly Martins Ferreira. Conceitos de Educação e de Promoção em Saúde: mudanças individuais e mudanças organizacionais. Rev. Saúde Pública, 31 (2): 209-13, 1997. - CANDEIAS, Nelly Martins Ferreira; ABUJAMRA, Alcéa Maria David and PEREIRA, Isabel Maria Teixeira Bicudo. Delineamento do papel profissional dos especialistas em Educação em Saúde: uma proposta técnica. Rev. Saúde Pública [online]. 1991, vol.25, n.4 [cited 2010-03- 10], pp. 289-298. - Figueiredo, Nébia Maria Almeida de. Ensinando a cuidar em saúde pública. Editora: Yendes. - MACHADO, Maria de Fátima Antero Sousa et al. Integralidade, formação de saúde, educação em saúde e as propostas do SUS: uma revisão conceitual. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2007, vol.12, n.2 [cited 2010-03-11], pp. 335-342 - SEGRE, M. e FERRAZ, F. C. O conceito de saúde. Rev. Saúde Pública vol. 31 no. 5 São Paulo Oct. 1997. - Sousa, Leilane Barbosa de. Prática de Educação em Saúde no Brasil: a atuação da enfermagem. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2010 jan/mar; 18(1):55-60.
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