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Aula 7: Comportamento Emocional Profª MD. Cláudia Leite/2017Profª Dra.Cláudia Leite/2018 Disciplina: Psicobiologia do Comportamento Introdução Experiência emocional não é um fenômeno unitário, varia de pessoa para pessoa e é o resultado de vários eventos. No caso mais simples a emoção se expressa por um ato motor, desencadeado por sensações provocadas por estímulos sensoriais do meio onde se encontra o indivíduo. Introdução A emoção, entretanto, pode incluir um conjunto de pensamentos e planos sobre um evento que já ocorreu, está ocorrendo ou que vai acontecer e manifestar-se através de expressões faciais características. Introdução Ao lado disto, podem ocorrer alterações endócrinas e autonômicas importantes, como: - garganta e boca secas, - sudorese nas mãos e axilas, - aumento dos batimentos cardíacos e da respiração, - rubor facial, - tremores das extremidades e, - incontinência urinária e intestinal. Aspectos Evolutivos Segundo Darwin, expressões emocionais tem um caráter evolutivo e podem tem um caráter genético e hereditário. Exemplos: - Ranger dos dentes e exibição das garras acompanham o ataque às presas; - Retração das orelhas na iminência de um ataque defensivo expressa autopreservação; - Franzir as sobrancelhas indicando desagrado; - Meio-sorriso sustentado pode representar temor em resposta a um constrangimento.; - Retração dos lábios sobre os dentes pode indicar medo, enquanto a exposição dos dentes pode expressar raiva. Manifestação de uma reação (1) psicomotora e/ou (2) neurovegetativa, em decorrência de uma demanda ambiental. Comportamento(1) Estímulo (2) Alterações endócrinas e autonômicas Introdução TEORIAS DAS EMOÇÕES Teorias das emoções • Teoria de James-Lange • No início do século XX, William James e Carl Lange, propuseram uma teoria. • Segundo eles, as emoções consistem da percepção das alterações fisiológicas desencadeadas pelo estímulo emocional. • O ponto básico desta teoria e que o cérebro necessita primeiro ler a reação do organismo ao estímulo antes de expressar o comportamento emocional. Teorias das emoções • Teoria de James-Lange • Para James-Lange sentir medo é perceber as alterações autonômicas (taquicardia, piloereção etc.) provocadas pelo estímulo emocional. • Esta teoria pode ser vista como um paradoxo: “nós sentimos medo porque corremos e não corremos porque estamos com medo”. • Ainda seguindo essa interpretação poderíamos dizer que estamos tristes porque choramos. • Assim, segundo essa teoria, a cada emoção particular (medo, raiva, prazer etc.) deve corresponder diferentes respostas fisiológicas. Teorias das emoções Medo Teoria de W. James- C. Lange (início do séc XX) Teorias das emoções • Teoria de Cannon-Bard • Em 1928, Walter Cannon e Phillip Bard discordaram da teoria de James-Lange com base no fato de que os animais com lesões da medula espinhal ainda manifestavam reações emocionais. • Alterações fisiológicas são similares, independentemente do tipo de emoção que o indivíduo experimenta, seja raiva, medo ou comportamento agressivo. • A experiência emocional resulta da ativação de circuitos no SNC. Teorias das emoções • Teoria de Cannon-Bard • Postularam a Teoria Talâmica das emoções, segundo a qual as emoções seriam coordenadas ao nível do tálamo e se manifestariam através do hipotálamo. Medo Teoria de W. Cannon - P. Bard (1928) Teorias das emoções Teorias das emoções Teorias das emoções • Teoria de Papez • Em 1937, James Papez levantou a hipótese de que as estruturas do sistema límbico constituiriam o substrato neural das emoções. • O conceito de sistema límbico deriva da ideia de um lobo límbico (do latim limbus, “margem”), um termo introduzido por Pierre Broca para caracterizar os giros corticais filogeneticamente primitivos que formam um anel em torno do tronco cerebral. Teorias das emoções • Teoria de Papez Teorias das emoções • Teoria de Papez Teorias das emoções • Teoria de Papez • Papez foi influenciado por experimentos que sugeriam que o hipotálamo desempenha um papel crítico nas emoções e pela noção de que as emoções têm um componente cognitivo e, portanto, a experiência da emoção requer a participação do córtex, enquanto que a expressão das emoções recruta circuitos hipotalâmicos. O circuito de Papez foi uma resposta à pergunta: Como os centros corticais se comunicam com o hipotálamo? Teorias das emoções • Teoria Cognitivo-Fisiológica ou • Teoria Cognitivo-Comportamental - TCC Aaron Temkin Beck é um psiquiatra norte-americano que introduziu a TCC por volta de 1960. Teorias das emoções • Teoria Cognitivo-Fisiológica • Esta teoria propõe que a experiência emocional depende do contexto físico e social em que o estímulo ocorre , da experiência passada em lidar com a situações e da forma de interpretar a situação. • O indivíduo rotula este estado emocional como medo, amor, alegria, raiva ou tristeza. Experiência EmocionalEstímulo Respostas Fisiológicas (Experiência prévia, contexto) Cognição Ativação do meio interno Teorias das emoções • Teoria do Cérebro Triuno de Paul MacLean (1990) • MacLean propôs três divisões do cérebro com base na anatomia comparativa, neuroquímica e teoria evolutiva. Teorias das emoções • Teoria do Cérebro Triuno Teorias das emoções • Teoria do Cérebro Triuno • Experiências prévias levam a pessoa a reagir às circunstâncias do presente. • Mesmo antes de observar se a experiência do presente é a mesma do passado (ou não), a reação vem automática e intempestiva. Registro de indicadores de emoções Registro de indicadores de emoções • Resposta galvânica da pele — Registro das alterações da resistência da pele na ponta dos dedos. • Durante a excitação emocional, as glândulas sudoríparas nas mãos estão ativas, e os eletrodos detectam a queda da resistência elétrica (ou o aumento da condutividade) na extremidade dos dedos, em decorrência da produção de suor. Registro de indicadores de emoções • Xerostomia (secura da boca): • Conta-se que os chineses usavam este índice para detectar mentiras. Eles faziam perguntas a pessoas suspeitas de haver cometido algum crime, ao mesmo tempo em que lhes faziam comer biscoitos. A dificuldade em engoli-los durante um determinado tempo servia como prova de sua culpa. Registro de indicadores de emoções • Registro poligráfico de respostas cardiovasculares e respiratórias. • Durante estados emocionais existe um aumento da pressão arterial, frequência cardíaca, respiração e fluxo sanguíneo muscular que podem ser registrados simultaneamente através dos canais de um polígrafo ou de uma interface de um computador. Registro de indicadores de emoções • Teste do campo aberto: • O campo aberto foi um dos primeiros meios utilizados na tentativa de selecionar animais com diferentes níveis de medo (Carl Hall, década de 30). Registro de indicadores de emoções • Teste do campo aberto: • Alta defecação e baixa atividade locomotora indicariam a ansiedade do animal. • A atividade locomotora do animal no centro do campo aberto é uma medida mais seletiva de ansiedade, enquanto a movimentação na periferia do aparato é um indicador da atividade locomotora do animal. Registro de indicadores de emoções • Labirinto em cruz elevado — Este aparelho, construído em madeira ou em acrílico, é suspenso a 50 cm do assoalho. • Consiste de dois braços abertos e dois fechados dispostos de forma que os fechados se opõem aos abertos. • Amedida da atividade exploratória dos animais no labirinto demonstra que eles preferem os braços fechados. Registro de indicadores de emoções Labirinto em cruz elevado — As porcentagens de entrada e tempo gasto nos braços abertos representam indicadores de ansiedade. O total de entradas nos braços fechados, ou o numero absoluto de entradas nos braços fechados são empregados como índice de atividade locomotora. Registro de indicadores de emoções Campo aberto e Labirinto em cruz elevado Baixos índices de ansiedade: o self-grooming (auto-limpeza) é realizado em progressões céfalo-caudais bem ordenadas e ininterruptas, denotando limpeza corporal. Ansiedade: self-groming é realizado em progressões fragmentadas e desorganizadas. AJUSTES FISIOLÓGICOS DAS EMOÇÕES Os principais sinais fisiológicos das emoções são decorrentes da estimulação do Sistema Nervoso Simpático. Síndrome de Adaptação Geral Hans Selye • Hans Selye: adaptação do organismo a estímulos prolongados: • Reação de alarme: fase inicial • Estágio de resistência: quando a resistência ao estímulo desencadeador é aumentada, mas a resistência a qualquer outro estímulo subsequente é reduzida. Nessa fase o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) está ativado e aumenta suas secreções. • Estágio de exaustão: se o estresse continua, o estágio de resistência é substituído pelo estágio de exaustão, quando as secreções adrenais caem abaixo do normal. Nessa fase, ocorre declínio dramático da resistência do organismo a todas as formas de estresse. • Síndrome da adaptação geral, teoria proposta por Hans Selye • Animais mantidos sobre estresse apresentam glândulas supra-renais bastante desenvolvidas. Síndrome de Adaptação Geral Hans Selye Síndrome de Adaptação Geral Hans Selye Ajustes Fisiológicos das Emoções Respostas Imediatas Ajustes Fisiológicos das Emoções Respostas Imediatas Todas as respostas ocorrem em um tempo de segundos a minutos. Nas condições de vida moderna, este processo pode ser mais prolongado, uma vez que as situações de perigo não estão sempre associadas à fuga ou luta. Ajustes Fisiológicos das Emoções Respostas Prolongadas Ajustes Fisiológicos das Emoções Respostas Prolongadas Revisão Ajustes Fisiológicos das Emoções Respostas Prolongadas • ACTH (Hormônio Adrenocorticotrófico ou Corticotrofina): • Funções: • Estimular a síntese e secreção de cortisol (glicocorticóide) pela glândula supra renal, • Estimular a secreção de insulina, • Estimular a captação de glicose e aminoácidos e • Aumentar a secreção do GH. Eixo HPA Ajustes Fisiológicos das Emoções Respostas Prolongadas • ACTH (Hormônio Adrenocorticotrófico ou Corticotrofina): • Como ocorre sua liberação e inibição: • O hipotálamo secreta o Hormônio liberador de corticotrofina (CRH) e este por sua vez ativa a adenohipófise para liberação de ACTH. • Adrenalina e a noradrenalina estimulam a liberação de ACTH • A inibição da secreção de ACTH depende de retroalimentação do próprio cortisol e a da aldosterona sobre o hipotálamo. • Outro mecanismo regulador é a variação circadiana, com padrão diurno acentuado, no caso dos seres humanos. Ajustes Fisiológicos das Emoções Respostas Prolongadas • O Hormônio liberador de corticotrofina (CRH) também promove a liberação de beta- endorfina (também pela adenohipófise). • Isto pode explicar a analgesia induzida pelo estresse ou pelo estímulo condicionado de medo. Ajustes Fisiológicos das Emoções Respostas Prolongadas • O Cortisol, além de transformar os não- açúcares em glicogênio, provendo o organismo de fontes de energia rapidamente mobilizáveis, eles também aumentam a ação constritora dos vasos. • Se fatores estressantes adicionais e constantes ocorrem, poderá gerar quadros hipertensivos como consequência. • Os glicocorticóides em geral, apresentam efeitos antiinflamatórios, porisso utilizados como agentes farmacológicos. • Por outro lado, em excesso, geram queda da resistência às infecções, retardam a formação de tecido cicatricial nas feridas, inibem a formação de anticorpos e diminuem o número de leucócitos envolvidos na luta contra o agente infeccioso. Ajustes Fisiológicos das Emoções Respostas Prolongadas • Uma observação freqüente é a produção de úlceras no estômago e duodeno, face ao papel permissivo do Cortisol aos efeitos corrosivos do ácido clorídrico na mucosa gástrica. Ajustes Fisiológicos das Emoções Respostas Prolongadas • Redução da secreção do hormônio estimulante da tireóide (TSH), levando depressão da atividade da glândula tireóide, que deixa de liberar seus hormônios (T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina))que controlam o metabolismo celular. Ajustes Fisiológicos das Emoções Respostas Prolongadas • Redução da secreção pela hipófise anterior dos hormônios gonadotróficos; o FSH (hormônio folículo estimulante) e o LH (hormônio luteinizante). • Nas fêmeas, ocorre perturbação ou completa supressão do ciclo menstrual, redução do peso do útero, aumento do número de abortos espontâneos e alterações na lactação. Nos machos há redução da produção de espermatozóides. • O comportamento emocional influencia decisivamente o desempenho reprodutivo do indivíduo, podendo determinar redução da libido, ou mesmo infertilidade. Ajustes Fisiológicos das Emoções Respostas Prolongadas • A exposição a estressores significantes induz remodelamento dendrítico e diminuição da neurogênese no hipocampo de animais de laboratório, incluindo primatas. • Estas alterações parecem ser mediadas pelo aumento de Cortisol que acompanha os eventos de estresse. • Em humanos, níveis elevados de cortisol durante a vida predizem atrofia hipocampal e têm sido relacionados aos déficits cognitivos e quadros de depressão. Ajustes Fisiológicos das Emoções Respostas Prolongadas SUBSTRATO NEURAL Substrato Neural Sistema de Ativação • R.Hess e M.Brugger, 1943, mostraram que a estimulação elétrica do Hipotálamo Medial possui propriedades aversivas (medo). • Década de 1970 a 1980, além do hipotálamo medial, pesuisadores concluíram que a estimulação da Substância Cinzenta Periaquedutal Dorsal (SCPD) também produzia comportamento de fuga. • Quando a fuga é possível, essa resposta prevalece sobre as demais. Hess and Brugger, 1943 MEDO Estimulação elétrica: - Hipotálamo Medial - Substância Cinzenta Periaquedutal Dorsal - Amígdala Sistema Cerebral aversivo Substrato Neural Sistema de Ativação • Hipotálamo Lateral: • Estimulação = raiva/agressão Hipotálamo lateral: agressão predatória Substrato Neural Sistema de Ativação • Padrão de respostas do sistema aversivo quando ativado: • Atividade motora intensa, • Saltos, • Aumento da pressão arterial, da FC e da FR, • Piloereção, • Micção e defecação e • Exoftalmia. Substrato Neural Sistema de Ativação • Além do HM + SCPD + Amígdala, há evidências de que também o colículo superior (processa informações visuais) e o colículo inferior (projeta informações auditivas para o tálamo e o córtex temporal), também participam do sistema cerebral aversivo. Substrato Neural Sistema de Ativação Substrato Neural Sistema de Ativação Substrato Neural Sistema de Inibição • A via serotoninérgica ascendente que se projeta para o septo e o hipocampo pode estar implicada na gênese da inibição comportamental em situações de perigo. • Em todas as espécies: a lesão do Septo-Hipocampal provoca o aparecimento de hiperatividade acentuada (além da facilitação da agressão). Substrato Neural Sistema de Inibição SISTEMA SEPTO-HIPOCAMPALSubstrato Neural Sistema de Inibição • O Sistema Septo-hipocampal desempenha papel importante na detecção e avaliação dos estímulos que nos chegam, conferindo sua natureza e o grau de conflito. • A ação desse sistema visa reduzir os efeitos da interferência e impedir o controle da memória. • Bulbo olfatório: regula o comportamento agressivo. Animais “bulbectomizados” apresentam maior irritabilidade. Substrato Neural Sistema de Inibição Substrato Neural - Amígdala • A amígdala parece exercer papel de interface. • Ela mantém importantes conexões com o Hipocampo (sistema de inibição) e com a SCPD (sistema de ativação). Substrato Neural - Amígdala • Após ablação bilateral do lobo temporal inferior (incluindo a amígdala), houve docilidade, redução do medo, comportamento alimentar indiscriminado (comiam alimentos que normalmente rejeitavam), bem como mostravam aumento pronunciado da atividade autoerótica, homossexual e heterossexual, e mostravam desejo sexual por objetos inanimados. SÍNDROME DE KLÜVER E BUCY Neurotransmissores O acido gama-aminobutírico (GABA) em nível pós- sináptico, inibe a ação da amigdala, na identificação de uma situação de perigo e na coordenação das reações de defesa. Algumas drogas e álcool etílico, favorecem a ação inibitória do GABA e seu uso em animais e humanos esta associado a efeitos ansiolíticos. A serotonina é um neurotransmissor ansiogênico. As drogas que reduzam a ação desse neurotransmissor diminuem a ansiedade. Neurotransmissores fim
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