Buscar

Magnesio x Osteoporose

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
MAGNÉSIO E OSTEOPOROSE 
 
MAGNESIUM AND OSTEOPOROSIS 
 
MAGNESIO Y LA OSTEOPOROSIS 
 
 
LARISSA FEIBER
1
 
ROBERTA CAETANO
2
 
 
RESUMO 
Com o cessar do crescimento dos ossos em comprimento e largura, o processo de 
consolidação óssea se mantém e atinge seu máximo na faixa dos 30 anos, o pico de massa 
óssea. Após se inicia o declínio natural da densidade mineral óssea e a partir dos 50 anos esta 
perda é acentuada. A osteoporose, doença caracterizada pela perda de massa óssea e 
deterioração da microarquitetura, resulta na fragilidade dos ossos e maior suscetibilidade a 
fraturas. Aproximadamente 50-60% do magnésio está no esqueleto, e uma dieta deficiente em 
magnésio tem sido considerada como fator de risco para a osteoporose. Estudos em animais 
demonstram que a deficiência de magnésio resulta na redução da resistência e volume dos 
ossos, baixo desenvolvimento ósseo e desequilíbrio entre a formação e reabsorção óssea. O 
aporte adequado de magnésio apresenta efeitos sobre a densidade mineral óssea seja por 
influenciar diretamente a atividade dos osteoblastos e osteoclastos, modular o metabolismo 
ósseo, reduzir a liberação de citocinas inflamatórias e/ou auxiliar na manutenção do equilíbrio 
ácido-básico do organismo. Entretanto, há dados na literatura com resultados controversos 
que parecem indicar má relação com outros minerais, justificando esses achados. 
Palavras-chave: Magnésio; Metabolismo ósseo; Osteoporose. 
 
 
2 
 
 
ABSTRACT: With the interruption of bone growth in length and width, the bone 
solidification process keeps and reaches its maximum in the range of 30 years, the peak of 
bone mass. After starting the natural decline in bone mineral density, from age 50, this is loss 
is marked. Osteoporosis, a disease characterized by loss of bone mass and microarchitectural 
deterioration, resulting in bone fragility and increased susceptibility to fractures. 
Approximately 50-60% of magnesium is in the skeleton, and a deficient diet in magnesium 
has been considered as a risk factor for osteoporosis. Studies in animals demonstrate that 
magnesium deficiency results in reduction of the resistence and volume of the bones, low 
development and imbalance between bone formation and resorption. The adequate intake of 
magnesium, has effects on bone mineral density either by directly influencing the activity of 
osteoblasts and osteoclasts, modulate bone metabolism, reducing the release of inflammatory 
cytokines and/or help maintain the acid-base balance in the body. However, some data in the 
literature with controversial results seem to indicate that bad relation with other minerals, 
explaining these findings. 
 Key-words: Magnesium; Bone metabolism; Osteoporosis. 
 
RESUMEN: Con el cesar del crecimiento óseo en longitud y anchura, el proceso 
de consolidacion del hueso continúa y alcanza su máximo en el rango de 30 años, en el pico 
de masa ósea. Después de iniciar la declinación natural de la densidad mineral ósea de 50 
años de edad y esta pérdida es significativa. La osteoporosis, una enfermedad caracterizada 
por la pérdida de masa ósea y el deterioro de la microarquitectura, lo que resulta en la 
fragilidad ósea y aumento de la susceptibilidad a las fracturas. Aproximadamente el 50-60% 
del magnésio se encuentra en el esqueleto, y una dieta deficiente em magnésio, ha sido 
considerada como um fator de riesgo para la osteoporosis. Los estudios en animales muestran 
que la deficiencia de magnésio resulta en la reducion de la resistencia ósea reducida y el 
volumen de los huesos, bajo el desarrollo ósseo, y el desequilibrio entre la formación y 
resorción ósea. El consumo adecuado de magnesio tiene efectos sobre la densidad mineral 
óssea, ya sea por influencia directa en la actividad de los osteoblastos y los osteoclastos, 
modulan el metabolismo óseo, lo que reduce la liberación de citoquinasinflamatorias y/o 
ayudar mantener el equilibrio ácido-base en el cuerpo. Sin embargo, algunos datos en la 
literatura con resultados controversius parecen indicar que la mala relación con otros 
minerales, lo que explica estos resultados. 
Palabras clave: Magnesio, el metabolismo óseo, osteoporosis. 
 
 
3 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 O osso é composto por sais inorgânicos, em sua maioria cristais de 
hidroxiapatita [Ca10(PO4)6(OH)2] com menores quantidades de sódio, magnésio, potássio, 
zinco e carbonato, associados à uma matriz protéica orgânica, constituída 95% de fibras de 
colágeno tipo I e 5% de proteoglicanos e proteínas não colagenosas, como a osteocalcina. Os 
ossos são constituídos por dois tipos de tecidos: o cortical e o trabecular. O osso cortical é 
denso e compacto, enquanto o trabecular é muito menos denso e metabolicamente ativo
1
. 
Com o cessar do crescimento dos ossos em comprimento e largura, o processo de 
consolidação óssea se mantém e atinge seu máximo na faixa dos 30 anos, o pico de massa 
óssea. Após se inicia o declínio natural da densidade mineral óssea e a partir dos 50 anos esta 
perda é acentuada
1
. Quanto maior o pico de massa óssea, maior será o aporte para compensar 
a perda que ocorre com o avançar da idade, o que contribui para a redução dos riscos de 
osteoporose. Por ser uma doença caracterizada pela deterioração da microarquitetura e perda 
de massa óssea, a osteoporose resulta na fragilidade dos ossos e maior suscetibilidade a 
fraturas
2
. 
O magnésio é o quarto cátion mais abundante no corpo e o segundo mais prevalente 
no meio intracelular
3,4
. É limitante em mais de 300 reações enzimáticas quelato com ATP 
(MgATP), atua como catalisador para inúmeras enzimas, além de fornecer estrutura específica 
as mesmas
5
. É fundamental para a função normal das glândulas paratireóides, para o 
metabolismo da vitamina D e atua na sensibilidade dos tecidos-alvos à ação do PTH e do 
metabólito ativo da vitamina D [1,25(OH)2]
6
. 
A deficiência de magnésio está associada com a hipertensão, arritmia cardíaca, infarto 
do miocárdio, hipocalemia e hipocalcemia
7
. A Recomendação de Ingestão Diária para adultos 
do sexo masculino e feminino é de 420 e 320 mg/dia, respectivamente
8
. Aproximadamente 
50-60% do magnésio está no esqueleto, e uma dieta deficiente em magnésio tem sido 
considerada como fator de risco para a osteoporose
7,9
. Portanto, esta revisão propõe verificar a 
relação entre o magnésio e o metabolismo ósseo e sua influência na etiologia da osteoporose. 
 
METODOLOGIA 
 
Artigo de revisão da literatura, com ênfase nos últimos 20 anos, utilizando artigos 
indexados na base de dados PubMed e Google scholar através das palavras-chave: 
 
 
4 
 
magnesium, osteoporosis and bone health. Foram excluídos do estudo artigos em idiomas 
estrangeiros, excetuado português, inglês e espanhol. Livros também foram verificados, bem 
como as referências citadas nas publicações foram examinadas e consideradas. 
METOBOLISMO DO MAGNÉSIO E FUNÇÕES 
 
Aproximadamente 60% do magnésio está presente nos ossos, destes 30% é 
permutável, com a finalidade de manter a concentração no soro estável. Em adultos normais, 
o magnésio total no soro varia entre 0,70 a 1,10 mmol/L, no qual 20% é complexado às 
proteínas, 65% é ionizado e o restante ligado a íons diversos, como o fosfato e o citrato. O 
intervalo de referência para a concentração de magnésio ionizado sérico é entre 0,54 a 0,67 
mmol/L, e portanto, mais estreito em relação ao cálcio
10
. 
O magnésio ionizado livre constitui apenas 0,5 a 5% do magnésio celular total, o 
restante é complexado a compostos iônicos, como o ATP, ADP, citrato, proteínas, RNA e 
DNA ou é sequestrado para dentro do retículo endoplasmático e mitocôndrias.A 
concentração de magnésio livre intracelular, medido com o uso de corante fluorescente, é em 
cerca de 0,5 mmol/L
11
, porém esta concentração varia conforme o tipo de célula e a técnica 
utilizada, cuja distribuição intracelular é heterogênea, com menores concentrações nas regiões 
periféricas do citoplasma em relação a região próxima ao núcleo
12
. A taxa de transporte 
transmembrana de magnésio varia conforme o tipo celular, sendo mais elevada no coração, 
fígado e rins, e inferior no músculo esquelético, hemácias e cérebro. A concentração de 
magnésio intracelular também é superior em células com rápida proliferação, o que indica que 
o transporte deste está ligado a atividade metabólica da célula
13
. 
A absorção intestinal de magnésio está inversamente relacionada com sua ingestão, 
sendo em cerca de 65% em condições de baixo consumo e 11% em alto consumo. É no íleo e 
no cólon que a maior parte do magnésio ingerido é absorvido, em doses normais é absorvido 
essencialmente por difusão passiva, entretanto, durante a baixa ingestão, a absorção por um 
transportador saturável pode ser demonstrada
14
. A função renal adequada é fundamental à 
homeostase e a manutenção da concentração plasmática de magnésio, sendo esta 
concentração plasmática um dos principais determinantes na sua excreção urinária. Quando 
há baixa ingestão de magnésio, sua excreção renal reduz para < 0,5% da carga filtrada, devido 
ao aumento da reabsorção tubular na Alça de Henle ascendente. O mecanismo desta 
adaptação não é bem elucidado
15
. 
Nenhum único hormônio apresentou relação específica com a homeostase do 
magnésio, no entanto, muitos hormônios, incluindo o paratormônio (PTH), hormônio 
 
 
5 
 
antidiurético (ADH), calcitonina, glucagon e insulina demonstraram afetar a reabsorção 
tubular de magnésio. Destes, o PTH é o mais influente, por estimular a reabsorção de 
magnésio nos túbulos distais através de um processo mediado por adenosina mono fosfato 
cíclico (AMP-c)
16,17
. A depleção de fosfato está associada ao aumento na excreção urinária de 
magnésio e pode causar hipomagnesemia, bem como a hipercalcemia e o uso de diuréticos, 
por inibirem a reabsorção na Alça de Henle ascendente, na hipercalcemia também há aumento 
na excreção urinária de cálcio, no entanto, a excreção de magnésio é superior
18
. 
O magnésio atua na síntese de ácidos graxos e proteínas; ativação de aminoácidos; 
fosforilação da glicose e seus metabólitos na via glicolítica; descarboxilação oxidativa do 
citrato; reações de transcetolase; formação de AMP cíclico em 100 reações; transporte de íons 
potássio e cálcio; e estabilização da estrutura do ATP no músculo e nos tecidos moles
19
. O 
magnésio forma um complexo com o ATP (Mg-ATP), o qual é substrato para enzimas que 
utilizam o ATP dependente da bomba de sódio/potássio. Age também na modulação da 
secreção do PTH, dependente de AMP cíclico. O complexo Mg-ATP atua como substrato 
para a adenilato ciclase, sendo conhecido como bloqueador dos canais de cálcio fisiológico
20-
22
. 
 
FONTES ALIMENTARES 
 
 A ingestão dietética de magnésio depende da composição alimentar diária. Fontes 
importantes de magnésio incluem hortaliças e folhosos verdes, grãos, nozes, sementes, cereais 
integrais e leguminosas. Vegetais, frutas, carnes e peixes apresentam teores intermediários do 
mineral, enquanto laticínios são pobres em magnésio. 
A Tabela 1 dispõe as principais fontes alimentares e o teor de magnésio das mesmas, 
de acordo com a respectiva quantidade do alimento. 
 
Tabela 1. Conteúdo de magnésio em alguns alimentos. 
Alimentos Peso (g) Magnésio (mg) 
Semente de Abóbora 57 303 
Amêndoas 78 238 
Castanha-do-brasil 70 166 
Feijão preto cozido 86 60 
Gérmen de trigo 14 45 
 
 
6 
 
Arroz integral cozido 98 42 
Pão integral 28 24 
Farelo de trigo 3,6 23 
Farelo de aveia 6 13 
Gergelim 9,4 32 
Lentilha cozida 99 36 
Ervilhas verdes cozidas 80 23 
Couve cozida 90 21 
Brócolis cozido 85 19 
Peixe cozido 100 30 - 40 
Frango cozido 100 29 
Adaptado de HANDS, 2000
23
. 
 O refino ou processamento de alimentos pode reduzir o teor de magnésio dos 
alimentos em até 85%. Além disso, a cocção, especialmente de ebulição resulta em perdas 
significativas de magnésio
24
. Os fitatos formam complexos com o magnésio e prejudicam sua 
absorção, porém, as quantidades presentes em uma dieta normal não afetam de maneira 
significativa. Outros fatores alimentares que devem ser considerados por afetarem a absorção 
intestinal de magnésio são o oxalato, fosfato, proteínas, potássio e zinco
18
. 
 
INFLUÊNCIA NO METABOLISMO ÓSSEO 
 
Os marcadores ósseos são os produtos bioquímicos envolvidos no processo de 
formação (por exemplo, no soro a osteocalcina e fosfatase alcalina osso-específica), ou no 
processo de reabsorção óssea (por exemplo, a deoxipiridinolina e N-telopéptideo de ligação 
cruzada com colágeno tipo I urinários). A elevação destes marcadores reflete um aumento na 
renovação óssea e estes parâmetros têm sido utilizados em vários estudos para prever a perda 
óssea
25
. New et al. (2000) avaliaram a correlação da ingestão alimentar de magnésio com 
estes marcadores bioquímicos e apesar de não ter encontrado associação entre o consumo de 
magnésio e a osteocalcina sérica, a ingestão de magnésio foi negativamente correlacionada 
com a excreção urinária de piridinolina e deoxipiridinolina, sugerindo que uma dieta pobre 
em magnésio é associada ao aumento da reabsorção óssea
26
. 
Têm-se observado um decréscimo de osteoblastos em roedores com deficiência de 
magnésio
27,28
, em outros estudos a osteocalcina e a fosfatase alcalina osso-específica séricas e 
o mRNA osteocalcina no osso foram reduzidos, o que sugere redução da atividade dos 
 
 
7 
 
osteoblastos
29,30
. Em um estudo mais recente em ratos menos gravemente depauperados, o 
número de osteoblastos não diferiu do grupo controle, no entanto, os marcadores de formação 
óssea (fosfatase alcalina e osteocalcina) foram reduzidos, o que indica prejuízo na atividade 
osteoblástica
28
. Outro estudo sugere que o magnésio resultou em um aumento da adesão dos 
osteoblastos em superfícies biocerâmicas através de um mecanismo mediado pela integrina
31
. 
Estes estudos sugerem que variações na concentração de magnésio podem influenciar 
diretamente a função dos osteoblastos e o metabolismo ósseo. 
Estudo em ratos demonstrou que após a administração de uma dieta pobre em 
magnésio houve redução do crescimento ósseo, diminuição do número de osteoblastos e 
aumento dos osteoclastos, além da perda de osso trabecular e estimulação de citocinas pró-
inflamatórias
27
. Outros estudos em animais também mostraram que a deficiência de magnésio 
resultou na redução da resistência e do volume dos ossos, baixo desenvolvimento ósseo
7,30 
e 
desequilíbrio entre a formação e reabsorção óssea, com predomínio da última
32,33
. 
Outro estudo, também realizado em ratos e colaborando com esses dados, demonstrou 
que a depleção dietética de magnésio inferior a 50% das necessidades diárias do animal 
resultou em redução da massa óssea, ressaltando que este nível de ingestão é semelhante à 
ingestão de magnésio pela população humana, tornando-se um fator de risco para a 
osteoporose. Esta deficiência de magnésio quando associada à depleção de cálcio piora ainda 
mais esta condição. Os mecanismos propostos para a redução da massa óssea incluem a 
diminuição da formação e aumento da reabsorção óssea, e os fatores que contribuem incluem 
alterações no PTH e na 1,25(OH)2vitamina D, e um aumento na substância P resultando no 
aumentode citocinas inflamatórias, como o TNF e IL-1, bem como um aumento no RANKL 
(receptor ativador do ligante NFkB) e uma redução na osteoprotegerina
34
. 
Os principais mecanismos para a perda de massa óssea induzida pela deficiência de 
magnésio incluem os seguintes aspectos: 1) Aumento da liberação de substância P com 
estimulação do receptor NMDA por aminoácidos excitatórios, esta substância P ainda 
estimula a produção de TNF-α e IL-1 por monócitos, as quais ativam os osteoclastos; 2) 
Desenvolvimento do estresse oxidativo aumentando as espécies reativas de oxigênio, que 
também podem induzir a atividade osteoclástica; 3) Redução da atividade dos osteoblastos 
por perda do efeito mitogênico sobre estas células ou por redução na secreção de PTH e/ou 
por redução da produção de 1,25 dihidroxivitamina D3; 4) Provoca a formação de cristais de 
hidroxiapatita maiores e mais perfeitos, o que pode também contribuir para a fragilidade dos 
ossos
35
. 
 
 
8 
 
Um fator importante a ser considerado para a integridade óssea é a manutenção do 
equilíbrio ácido-básico do organismo
36
. O magnésio apresenta característica alcalina, e, 
portanto, auxilia na manutenção do equilíbrio do pH sanguíneo, o que possibilita o aumento 
do transporte de íons potássio no interstício ósseo, no entanto, em condições de 
hipomagnesemia ocorre alterações nas bombas de H/K ATPase dependentes de magnésio, o 
que provoca acidificação do pH e consequente aumento da instabilidade óssea, por atuar 
como sistema tampão. Além disso, a hipomagnesemia reduz a absorção de cálcio, uma vez 
que a ativação da vitamina D depende de uma enzima, a hidroxilase, a qual é dependente de 
magnésio
20,21,37
. Mulheres pós-menopáusicas são encorajadas a consumir pelo menos 1000 
mg de cálcio diariamente, porém, isto pode conduzir uma relação entre cálcio/magnésio na 
dieta de 4:1, em vez de manter a proporção recomendada de 2:1, o que prejudica a absorção 
de magnésio e predispõe sua deficiência
18
. 
 
OSTEOPOROSE 
 
Baixas concentrações séricas de magnésio, cobre e zinco foram encontradas em 
mulheres pós-menopáusicas osteoporóticas em relação as mulheres que não possuíam 
osteoporose
38
. Em outro estudo envolvendo mulheres na perimenopausa e na pós-menopausa, 
mulheres com osteoporose grave tinham níveis significativamente mais baixos de magnésio 
ionizado sérico
39
. Em pacientes com doença de Crohn, maiores concentrações séricas de 
magnésio previu maior densidade mineral óssea (DMO) no fêmur, entretanto, foi observado 
correlação negativa na coluna vertebral
40
. 
Existem evidências sobre a suplementação de magnésio em mulheres na pós-
menopausa e aumento da densidade mineral óssea, no entanto, não há dados concretos sobre 
seu efeito na redução dos riscos de fraturas
6
. Em um estudo retrospectivo, a administração de 
200 mg de magnésio diário em mulheres na pós-menopausa, provocou um aumento não 
significativo de 1,6% na densidade mineral óssea da coluna lombar, sem nenhuma alteração 
no fêmur
41
. 
Pinheiro et al. (2009) ao avaliarem a relação entre a ingestão de nutrientes e fraturas 
osteoporóticas em brasileiros constataram que entre as mulheres com fraturas a ingestão de 
cálcio, fósforo e magnésio foi significativamente mais elevada em relação às mulheres sem 
fraturas, no entanto, apenas 20% atingiu as recomendações de ingestão diária para 
magnésio
42
. Segundo New et al. (2000), em mulheres pós-menopáusicas há uma associação 
positiva significativa entre a ingestão de magnésio e a DMO da coluna lombar e do fêmur
26
. 
 
 
9 
 
Um estudo de caso sobre uma mulher com 82 anos de idade portadora de osteoporose 
severa com múltiplas fraturas vertebrais, ao procurar o hospital por tetania foi submetida a 
uma bateria de exames, cujos dados laboratoriais relataram hipomagnesemia, hipocalcemia, 
hipocalemia, deficiência de vitamina D e PTH intacto ligeiramente elevado. A administração 
intravenosa de 720 mg de magnésio por 12 horas, normalizou as concentrações de cálcio e 
potássio, bem como aumentou os níveis séricos de PTH intacto, marcadores de formação 
óssea, 1,25-dihidroxivitamina D, marcadores de reabsorção óssea urinária e reduziu a 
reabsorção tubular de fosfato. Os valores da DMO da coluna lombar e do colo do fêmur 
aumentaram de 0,328 g/cm
2
 para 0,383 g/cm
2
 e de 0,179 g/cm
2
 para 0,212 g/cm
2
, 
respectivamente, durante seis meses com suplementação de magnésio sem terapias específicas 
para a osteoporose. Os autores concluíram que neste caso, a deficiência de magnésio 
provocou prejuízo na secreção de PTH e refratariedade óssea e renal ao hormônio, o que 
causou a supressão da remodelação óssea e da ativação renal da vitamina D, cujas alterações 
foram relacionadas à sua osteoporose severa, a qual foi revertida pela suplementação de 
magnésio
43
. 
Em um pequeno ensaio não controlado, foi demonstrado um aumento significativo na 
DMO da coluna lombar e do fêmur proximal em indivíduos celíacos suplementados com 575 
mg de magnésio por dia durante 2 anos. Estes indivíduos apresentaram teores reduzidos de 
magnésio nos eritrócitos e nos linfócitos periféricos
44
. Estudos epidemiológicos com poucas 
pessoas sugerem que a ingestão elevada de magnésio está associada com uma maior DMO em 
homens e mulheres idosos
45
. 
 
CONCLUSÃO 
 
O magnésio, seja dietético em quantidades adequadas ou suplementar, é fundamental 
para o crescimento e desenvolvimento ósseo adequados, bem como para a formação eficaz da 
trabécula, proporcionando resistência aos ossos. A literatura apresenta dados ainda 
inconclusivos relacionando magnésio e osteoporose, entretanto os estudos com resultados 
controversos parecem apresentar má relação com outros minerais, como o fósforo e o cálcio, 
justificando esses achados. O magnésio por si só, apresenta efeitos sobre a densidade mineral 
óssea seja por influenciar diretamente a atividade dos osteoblastos e osteoclastos, modular o 
metabolismo ósseo, reduzir a liberação de citocinas inflamatórias e/ou auxiliar na manutenção 
do equilíbrio ácido-básico do organismo. 
 
 
 
10 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
1 HEANEY, R. P. Dairy and Bone Health. J Am Col Nutr, 2009; 28(1):82-90. 
2 NIEVES, J. W. Osteoporosis: the role of micronutrients. Am J Clin Nutr, 2005; 81: 
1232-1239. 
3 MAGUIRE, M.E; COWAN, J. A. Magnesium chemistry and biochemistry. Biometals, 
2002; 15:203-210. 
4 WOLF, F.I; CITTADINI, A. Chemistry and biochemistry of magnesium. Mol Aspects 
Med, 2003; 24:3-9. 
5 RUDE, R. K; SHILS, M. E: Magnesium. In Shils ME (ed): Modern Nutrition in Heath 
and Disease. Philadelphia, PA: Lippincott, Williams and Wilkins, 2006; 223-247. 
6 MARTINI, L. A. Magnesium supplementation and bone turnover. Nutr Rev, 1999; 
57:227-229. 
7 RUDE, R.K. Magnesium deficiency: a heterogeneous cause of disease in humans. J Bone 
Miner Res, 1998; 13:749-758. 
8 DRI – Dietary Reference Intakes for calcium, phosphorus, magnesium, vitamin D and 
fluoride. Washington (DC): National Academy Press, 1997; 190-249. 
9 ILICH, J. Z; KERSTETTER, J. E. Nutrition in bone health revisited: a story beyond 
calcium. J Am Coll Nutr, 2000; 19:715-737. 
10 SARIS, N. E; MERVAALA, E; KARPPANEN, H; KHAWAJA, J. A; LEWENSTEM, A. 
Magnesium. An update on physiological, clinical and analytical aspects. Clin Chim Acta, 
2000; 294:1-26. 
11 QUAMME, G. A; RABKIN, S. W. Cytosolic free magnesium in cardic myocytes: 
identification of a Mg
2+
 influx pathway. Biochem Biophys Res Commun, 1990; 
167:1406-1412. 
12 DE ROUFFIGNAC, C; QUAMME, G. Renal magnesium handling and its hormonal 
control. Physiol Rev, 1994; 74:305-322. 
13 RUDE, R. K. Magnesiummetabolism and deficiency. Endocrinol Metab Clin Noth Am, 
1993; 22:377-395. 
14 KAYNE, L. H; LEE, D. B. Intestinal magnesium absorption. Miner Electrolyte Metab, 
1993; 19:210-217. 
15 NORONHA, J. L; MATUSCHAK, G. M. Magnesium in critical illness: metabolism, 
assessment, and treatment. Intensive Care Med, 2002; 28:667-679. 
16 DAI, L. J; RITCHIE, G; KERSTAN, D; KANG, H. S; COLE, D. E; QUAMME, G. A. 
Magensium transport in the renal distal convoluted tubule. Physiol Rev, 2001; 81:51-84. 
17 VETTER, T; LOHSE, M. J. Magnesium and the parathyroid. Curr Opin Nephrol 
Hypertens, 2002; 11:403-410. 
18 SWAMINATHAN, R. Magnesium Metabolism and its Disorders. Clin Biochem Rev, 
2003; 24:47-66. 
19 WOLF, F. I; TRAPANI, V. Cell (patho)physiology of magnesium. Clin Sci (Lond), 
2008; 114(1):27-35. 
20 TRABA, J; FROSCHAUER, E; WIESENBERGER, G. et al. Yeast mitochondria import 
ATP through the calcium-dependent ATP-Mg/Pi Carrier Sal1p, and are ATP consumers 
during aerobic growth in glucose. Mol Microbiol, 2008; 69(3):570-585. 
21 TAHARA, H; NISHZAWA, Y. Hypomagnesemia ans hypoparathyroidism. Clin 
Calcium, 2007; 17(8):1200-1204. 
22 JASSO-CHÁVEZ, R; VEJA-SEGURA, A; EL-HAFIDI, M. Kinetic and thermodynamic 
characterization of adenylyl cyclase from Euglena gracilis. Arch Biochem Biophys, 
2002; 404(1):48-54. 
23 HANDS, E. S. Nutrients in foods. Lippincott Williams & Wilkins, 2000, 315p. 
 
 
11 
 
24 FAWCETT, W. J; HAXBY, E. J; MALE, D. A. Magnesium: physiology and 
pharmacology. Br J Anaesth, 1999; 83:302-320. 
25 ENDRES, D; RUDE, R. K. Mineral and bone metabolism. In: Burtis CA, Ashwwod ER, 
editors. Tietz fundamentals of clinical chemistry. Philadelphia (PA): WB Saunders, 
2001; 795-821. 
26 NEW, S. A; ROBINS, S. P; CAMPBELL, M.K; MARTIN J. C; GARTON, M. J; 
BOLTON-SMITH, C. et al. Dietary influences on bone mass and bone metabolism: 
further evidence of a positive link between fruit and vegetable consumption and bone 
health. Am J Clin Nutr, 2000; 71:142-151. 
27 RUDE, R. K; GRUBER, H. E; WEI, L. Y. et al. Magnesium deficiency: effect on bone 
and mineral metabolism in the mouse. Calcif Tissue Int, 2003; 72(1):32-41. 
28 RUDE, R. K; GRUBER, H. E; NORTON, H. J; WEI, L. Y; FRAUSTO, A; MILLS, B. G. 
Bone loss induced by dietary magnesium reduction to 10% of nutrition requeriment in the 
rats in associated with increased release of substance P and tumor necrosis factor-α. J 
Nutr, 2004; 134:79-85. 
29 CARPENTER, T. O; MACKOWIAK, S. J; TROIANO, N; GUNDBERG, C. M. 
Osteocalcin and its message: relationship to bone histology in magnesium-deprived rats. 
Am J Physiol, 1992; 263:107-14. 
30 CREEDON, A; FLYNN, A; CASHMAN, K. The effect of moderately and severely 
restricted dietary magnesium intakes bone composition and bone metabolism in the rat. 
Br J Nutr, 1999; 82:63-71. 
31 ZREIQAT, H; HOWLETT, C. R; ZANNETTINO, A; EVANS, P; SCHULZE-TANZIL, 
G; HNABE, C. et al. Mechanism of magnesium-stimulated adhesion of osteoblastic cells 
to commonly used orthopaedic implants. J Biomed Mater Ress, 2002; 62:175-184. 
32 RUDE, R.K; KIRCHEN, M.E; GRUBER, H.E; STASKY, A. A; MEYER, M. H. 
Magnesium deficiency induces bone loss in the rat. Miner Eletrolyte Metab, 1998; 
24:314-320. 
33 RUDE, R.K; KIRCHEN, M.E; GRUBER, H.E; MEYER, M. H; LUCK, J. S, CRAW-
FORD, D. L. Magnesium deficiency-induced osteoporosis in the rat: uncoupling of bone 
formation and bone resorption. Magnes Res, v.12, p.257-267, 1999. 
34 RUDE, R. K; SINGER, F. R; GRUBER, H. E. Skeletal and hormonal effects of 
magnesium deficiency. J Am Coll Nutr, 2009; 28(2):131-141. 
35 RUDE, R. K; GRUBER, H. E. Magnesium deficiency and osteoporosis: animal and 
human observations. J Nutr Biochem, 2004; 15:710-716. 
36 FRINGS-MEUTHEN, P; BAECKER, N; HEER, M. Low-grade metabolic acidosis may 
be the cause of sodium chloride-induced exaggerated bone resorption. J Bone Miner Res, 
2008; 23(4):517-524. 
37 YUAN, W; PAN, W; KONG, J. et al. 1,25-dihydroxyvitamin D3 suppresses renin gene 
transcription by blocking the activity of the cyclic AMP response element in the renin 
gene promoter. J Biol Chem, 2007; 282(41):29821-29830. 
38 GUR, A; COLPAN, L; NAS, K; CEVIK, R; SARAC, J; ERDOGAN, F at El. The role of 
trace minerals in the pathogenesis of postmenopausal osteoporosis and new effect of 
calcitonina. J Bone Miner Metab, 2002; 20:39-43. 
39 BRODOWSKI, J. Levels of ionized magnesium in women with various stages of 
postmenopausal osteoporosis progression evaluated on the densitometric examinations. 
Przegl Lek, 2000; 57:714-716. 
40 HABTEZION, A; SILVERGERG, M. S; PARKES, R; MIKOLAINIS, S; STEINHART, 
A. Risk factors for low bone density in Crohn’s disease. Infllamm Bowel Dis, 2002; 
8:87-92. 
 
 
12 
 
41 EISING, J; CLAIRET, D. Effects of silicon, fluoride, etidronate and magnesium on bone 
mineral density: a retrospective atudy. Magnes Res, 1993; 6:267-269. 
42 PINHEIRO, M. M; SCHUCH, N. J; GENARO, P. S; CICONELLI, R. M; FERRAZ, M. 
B; MARTINI, L. A. Nutrient intakes related osteoporotic fractures in men and women – 
The Brazilian Osteoporosis Study (BRAZOS). Nutr J, 2009; 8(6): 8p. 
43 KANAZAWA, I; YAMAMOTO, M; YAMAGUCHI, T; YAMAUCHI, M; YANO, S; 
SUGIMOTO, T. A case of magnesium deficiency associated with insufficient parathyroid 
hormone action and severe osteoporosis. Endocrine Journal, 2007; 54(6):935-940. 
44 RUDE, R. K; OLERICH, M. Magnesium deficiency: possible role in osteoporosis 
associated with gluten-sensitive enteropathy. Osteoporos Int, 1996; 6:453-461. 
45 TUCKER, K. L; HANNAN, M. T; CHEN, H; CUPPLES, L. A; WILSON, P.W; KIEL, D. 
P. Potassium, magnesium, fruit and vegetable intakes are associated with greater bone 
mineral density in elderly men anad women. Am J Clin Nutr, 1999; 69:727-736.

Continue navegando