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Prescrição Medicamentosa em Odontologia Odontologia x Dor Independente da especialidade em Odontologia, o conhecimento da ação e eficácia de cada medicação que será prescrita, é de fundamental importância. Procedimentos odontológicos, apresentam grau variável de complexidade e, consequentemente, de sintomatologia dolorosa. Além disso, pessoas apresentam diferentes limiares de dor, organismos e grau de ansiedade (medo). Terapêutica Medicamentosa Procedimentos mais simples não necessitam, em sua grande maioria dos casos, medicação mais complexa. Em cirurgias e procedimentos mais complexos, a condição dolorosa pode apresentar-se elevada devido ao maior trauma tecidual. Nesses casos, fazem-se necessárias medicações mais intensas para minimizar a hiperalgesia. BOM SENSO -> USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS Uso Racional de Medicamentos Existe uso racional quando os pacientes recebem os medicamentos apropriados à sua condição clínica, em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um período de tempo adequado e ao menor custo possível para eles e sua comunidade. OMS, Conferência Mundial Sobre Uso Racional de Medicamentos, Nairobi, 1985. Somente 50% dos pacientes, em média, tomam corretamente seus medicamentos. Cresce constantemente a resistência da maioria dos microrganismos causadores de enfermidades infecciosas prevalentes. 50-70% das consultas médicas geram prescrição medicamentosa. 50% de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou usados inadequadamente. 75% das prescrições com antibióticos são errôneas. Indicação apropriada Esquema de administração adequado Paciente em condições de receber o tratamento proposto Ausência de contra-indicações e menor possibilidade de efeitos adversos Dispensação correta, incluindo informação adequada para o paciente Acompanhamento do paciente Protocolo Medicamentoso Vai depender do primeiro procedimento em qualquer atendimento odontológico: Anamnese do paciente A medicação sistêmica assume papel importante no(a): Sedação da dor pelo controle da reação inflamatória Combate e, principalmente, na prevenção de infecções Redução da ansiedade e tensão do paciente Objetivo Geral Montagem de um protocolo a partir de um levantamento dos medicamentos que melhor atuem no pré e pós-operatório dos diversos procedimentos, sejam eles menos invasivos ou mais invasivos, como cirurgias, tentando padronizar o uso indiscriminado, até o momento, destes medicamentos. Não se trata de “livro de bolso”, mas prescrições baseadas em bom senso quanto à complexidade, conhecimento teórico e aplicabilidade na prática clínica. Protocolo medicamentoso: Antibiótico Analgésico Antiinflamatório / Corticosteróides Ansiolítico Propostas Medicamentosas Antibiótico O antibiótico ideal deve apresentar as seguintes características: 1. Ter ação antimicrobiana s eletiva 2. Ser bactericida e não somente bacteriostático 3. Atuar em líquidos orgânicos e exsudatos, não chegando a ser destruídos por enzimas dos tecidos 4. Não perturbar as defesas orgânicas do hospedeiro, nas doses utilizadas. 5. Ter bom índice terapêutico (Quanto maior a dose máxima tolerada e menor dose mínima curativa, melhor o antibiótico). 6. Ter pequenos efeitos adversos 7. Não desenvolver resistência dos microrganismos sensíveis 8. Ter absorção, destino e excreção que dêem rapidamente níveis bactericidas, e estes devem ser mantidos por um bomperíodo 9. Ser administrado por todas as vias 10. Ser fabricado em grandes quantidades e com preços acessíveis. Logicamente, não existe até hoje um antibiótico ideal, apenas produtos que preenchem parte dos requisitos citados. Antibioticoterapia profilática: Alguns princípios devem ser analisados para se preconizar uma antibioticoterapia evitando- se uma endocardite bacteriana Categoria do procedimento a ser realizado Condição clínica e sistêmica do paciente Tem o objetivo de prevenir infecção por um agente conhecido ou fortemente suspeito, em um paciente que se encontre em risco de contraí-la Classificando os pacientes em Condição Clínica x Risco, teremos: •Alto Risco : Próteses valvares Endocardite bacteriana prévia Cardiopatia congênita cianótica Shunts pulmonares sistêmicos •Risco Moderado: Cardiopatias congênitas não cianóticas Doença reumática com disfunção valvar •Baixo Risco: Marcapasso implantado Defeito de septo ventricular Doenças reumáticas sem disfunção valvar Sopro cardíaco fisiológico Os antibióticos são sem dúvida eficazes na prevenção de infecções pós-operatórias. Mais de 150 estudos compararam profilaxia antibiótica com placebo ou outro controle, e ficou demonstrado em 80% deles que a profilaxia antibiótica proporcionou um benefício significativo. (KAISER, 1986) A profilaxia antibiótica até duas horas antes do procedimento cirúrgico minimiza o risco de infecções pós-operatórias, que têm correlação com a própria cirurgia em si (tipo, extensão e técnica operatória), preparação pré-operatória e o ambiente cirúrgico. (CLASSEN et al., 1992) Princípios básicos da profilaxia antibiótica: 1. Obtenção de níveis eficazes de antibióticos em dados momentos considerados críticos. 2. Curso de cobertura antibiótica limitado ao período trans-operatório, com doses adicionais por até 24-48 horas.3. Não usar como substituto de uma drenagem adequada, nem de uma esterilização correta ou de uma técnica bem executada. 4. Dosagem e duração adequados, preços acessíveis e droga com menores efeitos colaterais. Os erros mais comuns na profilaxia antibiótica são: escolha incorreta do antimicrobiano, administração prematura dados e inicial e prolongamento da terapia além do necessário. (PAGE et al.,1993) O erro mais sensível, é utilizar um agente inadequado, com largo espectro de ação e por períodos prolongados, aumentando os custos, expondo o paciente a efeitos colaterais e contribuindo para a seleção de microrganismos resistentes ao antimicrobiano. (ANDRADE, 2014) A profilaxia antibiótica deve ser instituída com doses altas, pelo menos três vezes a dose terapêutica recomendada em esquemas convencionais, a fim de maximizar a difusão para os tecidos contaminados ou sob risco de contaminação. (DENT et al., 1997) Amoxicilina A amoxicilina é recomendada como droga de escolha em profilaxia antibiótica, e de forma terapêutica, embora tenha a ampicilina e a penicilina V a mesma eficácia contra estreptococos, em função da sua alta absorção e níveis séricos mais elevados e prolongados. (DAJANIet al., 1997). Uma dose simples de 2g proporciona níveis plasmáticos adequados e prolongados, por isso, a segunda dose, administrada seis horas após a dose inicial, foi eliminada, por orientação da American Heart Association e da Australian Dental Association. Preconiza-se que deve ser continuada a administração do antibiótico por 7 a 10 dias nos seguintes casos: Cirurgias mais complexas, como enxerto ósseo e levantamento do assoalho de seio maxilar; Cirurgias com mais de 2 horas de duração; Pacientes imunossuprimidos; Pacientes com alto risco de endocardite Dor “…uma experiência sensorial e emocional desagradável, relacionada com lesão tecidual real ou potencial, ou descrita em termos deste tipo de dano.” (Associação Internacional P/o Estudo da Dor) Valorização da descrição do paciente, pois o tratamento da dor não deve estar limitado em eliminar a sensação dolorosa, mas sim, dar alívio ao paciente que apresente dor. A dor apresenta 2 componentes: Nocicepção ou sensação dolorosa Reatividade emocional à dor A nocicepção é o conjunto daspercepções de dor que somos capazes de distinguir. É a atividade do sistema nervoso aferente induzida por estímulos nocivos. Estes estímulos podem ser: Mecânico: receptor excitado por impacto, tração, fricção; Ex.: Pancada, corte, perfuração e pressão Térmica: termorreceptor excitado ao calor ou frio. Ex.:Queimaduras Químicas: quimiorreceptor excitado pelos mediadores químicos. Ex.: Prostaglandinas, Bradicininas e Tromboxanos Biológicos: Nossas próprias substâncias produzidas; Eventos Iniciais da Dor Estímulo nocivo (Cárie / lesão tecidual) Liberação de Potássio e síntese de mediadores químicos Interação com nociceptores periféricos e terminações nervosas livres Dor deflagrada no local da lesão tecidual Potencial gerado aciona outras terminações axonais Liberação de substância P Produção de serotonina e histamina Cascata de novos mediadores (PG, Interleucinas e Cicloxigenases) Aumento da área afetada HIPERALGESIA INSTALADA Novos potenciais de ação / terminações nervosas Área afetada inicialmente bem maior e mais sensível Condução dos estímulos ao SNC Alodínia Analgesia Com a hiperalgesia instalada ocorre uma maior entrada de íons cálcio nos nociceptores levando ao aumento dos níveis de AMPc (monofosfato de adenosina cíclico). Os analgésicos atuam deprimindo diretamente a ação dos nociceptores, diminuindo a hiperalgesia através do bloqueio da entrada de cálcio e diminuindo os níveis de AMPc nas terminações nervosas. Dipirona Derivados do Pirazolona Efeitos: Analgésico/Antipirético –Muito potente Sem atividade antiinflamatória nas doses usuais Absorção: rápida por VO Metabolização: Hepática Excreção: Renal Uso prolongado pode causar hipotensão Marcas Comerciais: Novalgina, Anador Paracetamol Derivados do Para-aminofenol Efeitos: Analgésico/Antipirético Sem atividade anti-inflamatória Absorção: rápida por VO Metabolização: Hepática Excreção: Renal Fraca inibição das PGs periféricas mas excelente no SNC. Marca Comercial: TYLENOL, PARADOR, ACETOFEN Tratamento Endodôntico Endodontia Convencional: Polpa viva ou necrosada sem dificuldades de instrumentação. Expectativa de pós-operatório com pouco desconforto ou dor leve. Prescrição de analgésico apenas(Dipirona, Paracetamol ou AAS). Administração logo após o atendimento, antes de cessar os efeitos da anestesia local. Endodontia de maior complexidade : Polpa viva ou necrosada com dificulda desde instrumentação do SCR (atresias,curvaturas, calcificações, retra tamentos,etc). Expectativa de pós-operató rio com maior desconforto e dor intensa Prevenção da hiperalgesia e amplificaçãoda dor aguda e do FLARE-UP Administração de antiinflamató rio ou corticosteróide de ação prolongada (betametasona ou dexametasona) FLARE-UP Agudização de um abscesso crônico que surge horas ou dias depois da intervenção endodôntica, ou principal mente, entre as sessões endodônticas. Apesar de todo cuidado, o Flare-up pode ocorrer : pela simples mudança de pressão durante a abertura de uma câmara pulpar de um dente contaminado. Extrusão apical de detritos contaminados Introdução de novas bactérias no canal radicular Desequilíbrio da microbiota endodôntica Aumento do potencial de oxirredução –proliferação de anaeróbios Caracteriza -se pela dor intensa, às vezes acompanhada de edema, e requer um pronto atendimento. O Cirurgião- Dentista que pretenda prevenir a hiperalgesia,decorrente de intervenções invasivas, deve optar por um antiinflamatório não esteróide ou pelos corticosteróides, pois inibirá a síntese dos mediadores químicos. Por outro lado se deseja controlar hiperalgesia instalada, de intensidade leve a moderada, a melhor opção é uma droga que deprima diretamente a atividade dos nociceptores, como faz a dipirona. Inflamação A inflamação pode se dividir em três fases: 1) Aguda: Fase da agressão tecidual e liberação de mediadores químicos pré-formados com consequente vasodilatação aumento da permeabilidade capilar 2) Resposta imune ou Subaguda: Células inflamatórias migram e invadem o sítio lesado. 3) Crônica: Fase linfocitária de limpeza e reparo da lesão.(YAGIELA et al., 2011) A resposta inflamatória decorrente de intervenções em procedimentos mais invasivos, como cirurgias, é algo bem evidente. A dor resulta da ação excitatória de mediadores químicos liberados por tecidos lesados ou inflamados. As prostaglandinas e os leucotrienos são os mediadores mais diretamente ligados ao processo de hiperalgesia, ou seja, a sensibilização das terminações nervosas (nociceptores). Cicloxigenases (COX) São enzimas essenciais para a síntese de prostaglandinas a partir do ácido araquidônico (AA) liberado pelas fosfolipases A2 damembrana celular. Antiinflamatórios não esteroidais(AINEs) Mecanismo de ação: Inibição da síntese de prostaglandinas (PG): Inibe a COX-1 e COX-2 ou ambas, impedindo a formação de PG. Também antagonizam os receptores das PG. Inibem a liberação de histamina dos mastócitos. Redução da permeabilidade capilar, diminuindo o edema e vermelhidão. Inibem a liberação da PGE1, inibindo o mecanismo da FEBRE Classificação atual dos inibidores da cicloxigenases Inibidores não seletivos (inibem COX-1 e COX- 2): Aspirina, Piroxicam, Ibuprofeno, Diclofenaco Inibidores seletivos (inibem preferencialmente COX- 2): Nimesulida (Scaflan) e Meloxican Inibidores específicos (quase exclusivamente a COX-2): Celecoxib (Celebra), Etorecoxib (Arcoxia) e Lumiracoxibe (Prexige) –RETIRADOS DO MERCADO Salicilatos Ácido Acetil Salicílico (AAS) Efeitos: Analgésico / Antitérmico / Antiinflamatório Antiadesivo Plaquetário Absorção: Rápida por V.O. (Ác. Fracos) Estômago/porção sup. intest. Delgado Biotransformação: todos tecidos, principalmente hepática. Excreção: urinária (urina alcalina > eliminação) Marca Comercial: ASPIRINA Diclofenaco Derivados do ácido fenilacético Diclofenaco de sódio e de potássio Rapidamente absorvido por via oral e parenteral. Atinge concentração máxima em 10-30 minutos; Possui excelente atividade antiinflamatória,analgésica e antitérmica; Em altas doses, inibe a agregação plaquetária; Distúrbios gastrointestinais muito comum Marcas comerciais: VOLTAREN, ARTR EN (sódico)CATAFLAN®, PROBENXIL (Potássio) Ibuprofeno Derivados do ácido propiônico: Bem absorvido pelo TGI; Acopla-se às proteínas plasmáticas (90%); É extensamente metabolizado pelo fígado; É excretado pelos rins Marcas comerciais: MOTRIN, ALIVIUM Piroxicam Derivados dos ácidos enólicos: Completamente absorvido pelo TGI; Meia-vida longa, o que permite dose única diária; Tem atividade analgésica, antiinflamatória e antitérmica; Atividade analgésica superior ao Ibuprofeno, porém lentano início, o que desfavorece uso no tratamento da dor odontológica pós-operatória. Inibe agregação plaquetária / Promove sangramento GI Marca comercial: FELDENE CORTICOSTERÓIDES Inibição da Fosfolipase A2 Prevenção da hiperalgesia Controle do edema Menor disponibilidade de ácido araquidônico Diminuição da síntese dos mediadores químicos Antiinflamatório X Corticosteróide Os antiinflamatórios não esteroidais ou drogas do grupo da aspirina sempre tiveram ampla utilização em todas especialidades médicas e odontológicas, no alívio da dor e inflamação. Porém, os estabelecidos efeitos gastrointestinaise a interferência no processo de coagulação tem levado muitos dentistas a recorrer a drogas inibidoras da fosfolipaseA2, como os corticosteróides . Tanto os antiinflamatórios não esteróides (AINEs)quanto os corticosteróidespodem ser indicados como medicação pré e pós-operatórias nas intervenções odontológicas, onde há expectativa de resposta inflamatória de maior intensidade, com objetivo de prevenira dor e edema. Segundo (ANDRADE, 2011), os AINEs possuem inúmeras desvantagens quando comparado ao emprego de corticosteróides de maior potência e duração de ação, como a betametasona e a dexametasona, dentre elas: Os corticosteróides administrados em dose única ou por tempo restrito, são praticamente desprovidos de efeitos colaterais. Os AINEs em sua maioria não são eficazes em dose única Os corticosteróides não provocam distúrbios gastrointestinais em dose única ou por tempo restrito. Quando empregados em dose única, os corticosteroides não interferem na coagulação, como a aspirina e os AINEs, não aumentando o risco de hemorragia pós-operatória. Os corticosteróides possuem ação antialérgica. O esquema posológico é muito mais prático e a comprovação clínica é maior que a maioria dos AINEs, não se conhecendo por total os efeitos colaterais da maioria. A relação custo / benefício do tratamento com os corticosteróides é menor se comparado à dos AINEs. Existem AINES, como o Ibuprofeno, o Diclofenaco de Potássio e Nimesulide, que podem ser indicados no pré e pós-operatórios de uma cirurgia de instalação de implantes e outros procedimentos onde existam uma expectativa de resposta inflamatória de maior intensidade, sem proporcionar distúrbios gastrointestinais. ANDRADE (2011) Os corticosteróides suprimem a liberação dos metabólitos do ácido araquidônico, fenômenos agudos da inflamação, como edema, deposição de fibrina e vasodilatação. Corticosteroide Indicações terapêuticas em Odontologia Em processos inflamatórios agudos: Pós-extração traumática (para reduzir edema); Endodônticos: dor pós-tratamento radicular, pulpotomia,biopulpectomia; Artrite e Distúrbios da ATM; Ulcerações bucais, aftas, pênfigo e líquen plano; Reações alérgicas e anafiláticas; DEXAMETASONA Disponível em gotas, comprimidos e injetável. Concentrações de 0,5 e 0,75 e 4mg (comprimidos) 4mg –2,5ml (Injetável) BETAMETASONA Disponível em gotas, comprimidos e injetável. Concentrações de 0,5 e 2mg (comprimidos) Injetável na conc. de 3mg de acetato de betametaso na(suspensão) e 3 mg de fosfato dissódico de betametasona –1ml Dexametasona A dexametasona, é um corticosteróide bastante indicado, por via sistêmica, como medicação pré e pós-operatória. Esse medicamento é eficaz na prevenção e controle da dor e do edema, proveniente de intervenções odontológicas mais invasivas como a exodontia de 3os molares inclusos (sisos), cirurgias periodontais e em cirurgias de implantes, em dose única de 4mg; Revisão de Literatura A ansiedade deve ser identificada, avaliada e adequadamente controlada antes de qualquer tratamento. Informações sobre os procedimentos ao paciente influenciam positivamente na dor pós-operatória, reduzindo na metade o tempo de cuidados pós-operatórios e da medicação analgésica . (MINDUS,1987) Aliviar (minimizar) o medo e a ansiedade do paciente, mas sem levar à perda da consciência, é o principal objetivo da sedação consciente. (YAMASHIRO, 1995) Procedimentos cirúrgicos e tratamento odontológico, de modo geral, induz um quadro de ansiedade e angústia nos pacientes. (ANDRADE, 2011) O uso de tranqüilizantes (ansiolíticos), há muito tempo utilizado, é um método popular de sedação consciente e alívio de ansiedade antes de procedimentos mais invasivos. O medicamento pré-anestésico ideal deve proporcionar ansiólise e alguma sedação, e deve ter os seguintes atributos: ser rapidamente absorvido e apresentar rápido início de ação; apresentar alto índice terapêutico; proporcionar rápida recuperação, sem causar prejuízos psicomotores prolongados. (LOEFFLER, 1992) Benzodiazepínicos Os benzodiazepínicos são os fármacos de primeira escolha para o controle da ansiedade na clínica odontológica, pela sua eficácia e segurança clínica (ANDRADE, 2014). Os benzodiazepínicos interferem na memória episódica e não sobre a memória semântica (conhecimento) e apresentam baixo grau de efeitos adversos e toxicidade (ORELAND, 1987). A sua capacidade de causar ansiólise sem produzir sedação profunda ou inconsciência, efeitos típicos de outros depressores do SNC, é a primeira grande vantagem dos benzodiazepínico sem relação a outras drogas (LOEFFLER, 1992) Mecanismo de ação: Se ligam aos receptores benzodiazepínicos do SNC Potencializam o efeito do GABA Ativação dos receptores GABA e indução dos canais de Cl Prevenindo a despolarização do neurônio e propagação de impulsos excitatórios Além de diminuir a ansiedade, tornando o paciente mais colaborativo ao tratamento, estes fármacos apresentam algumas outras vant gens no seu emprego em Odontologia: Reduzem o fluxo salivar e o reflexo do vômito; Provocam o relaxamento da musculatura esquelética; Em hipertensos ou diabéticos, ajudam a manter a pressão arterial ou glicemia, em níveis aceitáveis; Podem induzir amnésia anterógrada, ou esquecimento dos fatos a partir do momento que ocorreu. Geralmente com o uso do midazolam, e utilizado em intervenções de maior complexidade. (ANDRADE, 2011) Algumas marcas comerciais destes fármacos presentes nomercado são: Alprazolam => Apraz e Frontal Bromazepam => Lexotan, Brozepax e Somalium Diazepam => Valium, Kiatrium, Noan e Ansilive Midazolam => Dormonid Lorazepam => Lorax, Mesmerin e Sedacalm A prescrição destes medicamentos como dose única antes do início do procedimento, deve ser feita da seguinte forma : Lorazepam –2 horas antes Diazepam, Bromazepam ou Alprazolam –1 hora Midazolam –30 a 45 minutos Diazepam Considerado o fármaco padrão do grupo e o mais empregado em procedimentos ambulatoriais Droga considerada de ação longa (meia-vida de eliminação entre24 e72hs) pois sua metabolização no fígado produz 2 metabólitos ativos (desmetildiazepam e o oxazepam). Apesar dos efeitos clínicos sumirem em 2 a 3 horas, o prejuízo na função psicomotora e a sonolência podem persistir devido à esses metabólitos (Loeffler, 1992) A dosagem usual para adultos varia de 5 a 10mg, geralmente administrada uma hora antes do início do procedimento. Para pacientes extremamente ansiosos, recomenda-se empregar também uma dose na noite anterior à consulta, com a finalidade de assegurar um sono tranqüilo. Para crianças, são sugeridas dosagens que variam de 0,2 a 0,5mg/Kg de peso corporal (Haas, 1999 ). Benzodiazepínicos O lorazepam, melhor alternativa para pacientes idosos pela ação curta, e pode ser administrado como medicação pré-anestésica na dose única de 1mg ou 2mg, 2h antes da intervenção. Para crianças em idade escolar, o diazepam é de grande valor,devido às suas propriedades ansiolíticas específicas. A dose de 0,15 a0,3 mg/kg de peso corporal é suficiente para a maioria dos pacientes,sendo observado os efeitos 45 a60 minutos após a ingestão. Em casos de pacientes muito ansiosos, se prescrito diazepam ou bromazepam, em dose única via oral, 1 h antes do tratamento dentário. Se lorazepam, 2h antes da consulta; Caso paciente seja muito nervoso, é aconselhável, também, tomar um comprimido no dia anterior ao tratamento, de preferência ao deitar. ANDRADE (1999) PROTOCOLO MEDICAMENTOSO PROPOSTO Procedimentos Mais Simples: MEDICAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA: Desnecessária medicação pré-operatória MEDICAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA ANALGÉSICO -Dipirona Só dica 500mg (muito provável de ser a única medicação nestes casos) Tomar um comprimido a cada quatro horas por dois dias. ANTIINFLAMATÓRIO –Ibuprofeno 400 ou 600mgTomarum comprimido a cada 8 ou 12 horas por 2 a 3 dias Procedimentos Mais Invasivos (Complexos): Medicação Pré-Operatória: ANTIBIÓTICO: Amoxicilina 2,0 g Tomar 4 comp. 01 hora antes do procedimento CORTICOSTERÓIDE: Dexametas ona 4mg Tomar 1 comp. 1 hora antes do procedimento ANSIOLÍTICO: Diazepam 5mg - 01 comp. 1 hora antes do procedimento; ou Bromazepam 3mg - 01 comp. 1 h ora antes do procedim.; ou Lorazepam 1mg - 01 comp. 2 horas antes; ou ainda Midazolam 7,5mg - 01 comp. 30 minutos antes Medicação Peri-Operatória: ANTISSÉPTICO -Digluconato de Clorexidina 0,12% / 2% (face paciente)Bochecho durante 01 minuto imediata mente antes da cirurgia. Medicação pós-operatória: ANALGÉSICO -Dipirona Sódica 500mg / Paracetamol com Codeína (maior sintomatologia). Tomar um comprimido a cada quatro horas por dois dias. ANTIINFLAMATÓRIO –Ibuprofeno 400 ou 600mg Tomar um comprimido a cada 8 ou 12 horas por 2 a 3 dias. Alguns casos se recomenda o uso das medicações contra dor além de antibióticos por longo tempo: Abscessos apicais agudos localizados, com sinais de disseminação ou de infecção Abscessos apicais agudos localizados em pacientes com doenças metabólicas e imunossupressão (Diabéticos, portadoresdoença renal crônica, lupus eritematoso) Pacientes com abscessos agudos com a presença de dor severa e celulite ou outros sinais de defesa debilitada (febre,linfadenite, mal- estar geral) Cirurgias Paraendodônticas MEDICAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA ANTIBIÓTICO -Amoxicilina 2,0g *(Amoxil –500mg)Tomar 4 comp. 01 hora antes do procedimento ANSIOLÍTICO -Midazolam 7,5mg ou 15mg (Dormonid) Tomar 01 comprimido ½ hora antes do procedimento *Associação com Metronidazol (250mg) em casos com maior severidade. MEDICAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA ANTIBIÓTICO -Amoxicilina 500mg (Amoxil –500mg)Tomar 1 comp. 8/8 horas pelo menos por 5 dias. ANALGÉSICO -Dipirona 500mg ou Paracetamol 750mgTomar 01 comp. 4/4 horas (dipirona), ou 6/6 horas(Paracetamol) por no máximo 2 dias Associação com Metronidazol (250mg) em casos com maior severidade. Cada procedimento na área de saúde merece um planejamento detalhado e específico, tanto na técnica cirúrgica quanto também na medicação a ser utilizada no respectivo paciente. Sabemos que um protocolo medicamentoso que atenda a todos por completo é bem complicado de ser alcançado pelas características que cada paciente possui, como limiar de dor e condição imunológica. Porém, pode-se concluir que o protocolo proposto é bastante testado e comprovadamente muito eficaz.
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