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Doenças Hepáticas Caso clínico DHGNA: Identificação: E.J.S, sexo masculino, 56 anos, casado, reside com a esposa e uma filha, trabalha com técnico de gesso de um hospital em escala 12 x 36h, natural de São Vicente, São Paulo. Queixa e duração: Paciente em acompanhamento médico regular para tratamento de refluxo gastroesofágico leve, meteorismo e dislipidemia. Em sua última consulta, foram realizados exames de rotina sendo diagnosticada esteatose hepática (EH) ao ultrassom. Hábitos de vida: Adventista do sétimo dia, não fuma, não consome bebidas alcoólicas e nem carne de porco. É sedentário. Avaliação nutricional: Paciente apresentando 1,68m e 89,5Kg (peso atual). Refere que seu peso habitual era de 93 a 94Kg, porém há 2 meses, após o diagnóstico de esteatose hepática, passou a reduzir o açúcar da sua alimentação. Aumentou a atividade física, conseguindo emagrecer 4Kg neste período. IMC: 31,7Kg/m2 e CC: 107cm. Dados bioquímicos: Glicemia: 123mg/dL; Colesterol total: 211mg/dL; HDL: 28mg/dL; LDL: < 130mg/dL; TG: 160mg/dL; TGO: 23mg/dL; TGP: 27mg/dL; Fosfatase alcalina: 173mg/dL. Medicamentos: omeprazol, sinvastatina Exames clínicos: Ultrassonografia de abdome total: esteatose hepática moderada; Biópsia hepática: esteatose hepática macrogoticular grau 2. Dados sobre alimentação: Faz de 4 a 5 refeições por dia, porém “belisca” nos intervalos. Nos dias de plantão, faz as refeições no trabalho. Com base nos dados do registro alimentar, verificou-se que há um consumo elevado de carboidratos de alto índice glicêmico e gorduras saturadas, assim como não tem o hábito de consumir frutas e verduras. Caso clínico cirrose: Paciente L.O.P.T, sexo masculino, 57 anos, advogado, internado há 18 dias na enfermaria de gastroenterologia com queixa de febre e aumento do volume abdominal. Há cerca de um mês vem apresentando fadiga pra caminhar e dispnéia. Alega transgressão de orientação de abstinência alcoólica durante os finais de semana. Há dois anos começou a apresentar aumento progressivo do volume abdominal, tendo sido diagnosticado cirrose hepática alcoólica. Etilista por 15 anos. Nega tabagismo e drogas ilícitas. Nega HAS, DM e dislipidemias. No décimo dia de internamento, começou a apresentar alteração do padrão sono/vigília e a não reconhecer os familiares, tendo sido diagnosticado com quadro de encefalopatia hepática grau 1. Diagnóstico: cirrose hepática alcoolica e encefalopatia grau 1. Fígado: Órgão central do metabolismo; Capacidade de se regenerar; 10 a 20% do fígado funcional; Unidade funcional: lóbulo hepático. MAHAN; RAYMOND, 2018; CUPPARI, 2019 MAHAN; RAYMOND, 2018; CUPPARI, 2019 Lóbulo hepático: MAHAN; RAYMOND, 2018; CUPPARI, 2019 Funções do fígado: Glicogenólise, glicogênese e gliconeogênese; Transaminação e desaminação; Síntese de ureia; Formação da bile e metabolismo do colesterol; Armazenamento de ferro, vitaminas lipossolúveis e B12; Detoxificação de drogas e toxinas. MAHAN; RAYMOND, 2018; CUPPARI, 2019 Doenças hepáticas: Hepatocelular: lesão hepática, inflamação e necrose; Colestáticas (obstrutivas): inibição do fluxo biliar; Mistas. SILVA; MURA, 2016; MAHAN; RAYMOND, 2018; CUPPARI, 2019 Doenças hepáticas: Agudas ou crônicas; Hereditárias ou adquiridas. SILVA; MURA, 2016; MAHAN; RAYMOND, 2018; CUPPARI, 2019 Agudas: Hepatite viral; Lesão hepática induzida por fármacos; Colangite; Doença hepática alcoólica. Crônicas: Hepatite viral, alcoólica ou autoimune; DHGNA; Cirrose; Carcinoma hepatocelular. SILVA; MURA, 2016; CUPPARI, 2019 Doença hepática crônica (DHC): Hepatite; Cirrose; Insuficiência hepática; Carcinoma hepatocelular. SILVA; MURA, 2016; CUPPARI, 2019 Insuficiência hepática crônica: Falência global do fígado, relacionada à agressão contínua ao parênquima hepático; Redução da capacidade funcional maior que 80%. SILVA; MURA, 2016; CUPPARI, 2019 Etiologia: Agentes virais; Etanol; Acúmulo de gordura; Medicamentos; Colestáticas; Doenças autoimunes. SILVA; MURA, 2016; CUPPARI, 2019 Diagnóstico: Exames bioquímicos (fosfatase alcalina, bilirrubina, AST, ALT); Exames de imagem; Biópsia hepática – inflamação e fibrose. MAHAN; RAYMOND, 2018 Epidemiologia: Doenças gastroenterológicas: sétima causa de morte no Brasil; Cirrose: principal causa; DHGNA: causa mais comum de DHC em países industrializados. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; CUPPARI, 2019 Esteatose hepática: Infiltração gordurosa nos hepatócitos; Microvesicular: associada com a disfunção hepática grave – alteração na beta oxidação dos ácidos graxos – forma aguda; Macrovesicular: aumento na síntese hepática de lipídios, oxidação deficiente e redução da secreção hepática de lipídicos para a corrente sanguínea e tecidos extra-hepáticos – forma crônica. CUPPARI, 2019 A microvesciular pode ocorrer na gestação e síndrome de Reye (doença grave, de rápida progressão, que compromete o cérebro e o fígado, ocorrendo na infância); A macrovesicular ocorre frequentemente na obesidade, doença alcoólica, caquexia, distúrbios metabólicos, hepatite C, resistência à insulina. CUPPARI, 2019 Doença hepática alcoólica: Esteatose hepática; Hepatite alcoólica; Cirrose. MAHAN; RAYMOND, 2018; CUPPARI, 2019 Doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA): Relacionada com o depósito anormal de lipídios nos hepatócitos em pacientes sem consumo excessivo de etanol; Fatores ambientais e predisposição genética; Aumento progressivo da obesidade; Manifestação hepática da síndrome metabólica. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; SILVA; MURA, 2016; MAHAN; RAYMOND, 2018; CUPPARI, 2019 OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; SILVA; MURA, 2016; MAHAN; RAYMOND, 2018; CUPPARI, 2019 OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; SILVA; MURA, 2016; CUPPARI, 2019 Os mecanismos envolvidos são complexos e envolvem diferentes gatilhos inflamatórios ativados concomitantemente associados à susceptibilidade genética, resistência à insulina, padrão alimentar ocidental e disbiose intestinal; Padrão alimentar ocidental: alimentos processados ricos em gordura saturada, carboidratos refinados, açúcares simples e xarope de milho rico em frutose CUPPARI, 2019 Aumenta a lipogênese de novo; Estimula a lipólise, aumentando o influxo de ácidos graxos livres para os hepatócitos; Aumenta a produção e liberação de citocinas pró-inflamatórias. CUPPARI, 2019 Resistência à insulina x DHGNA: Dislipidemia; Resistência à insulina; Obesidade; Diabetes. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; CUPPARI, 2019 DHGNA é comumente associada a: Mesmo indivíduos com peso adequado podem estar susceptíveis DHGNA caso apresentem aumento de circunferência da cintura abdominal e/ou resistência à insulina. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; CUPPARI, 2019 A DHGNA também pode estar associada a: By-pass jejuno ileal; Desnutrição; NPT prolongada; Endocrinopatias; Medicamentos e toxinas. SILVA; DALL´ALBA, 2016 Two-hits: OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016 Lesão inicial - esteatose hepática Estresse oxidativo NASH Tratamento da DHGNA: Tratar condições associadas; Suspender uso de fármacos hepatotóxicos. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016 Cirrose: Estágio próprio da evolução de diversas doenças hepáticas crônicas; Pode evoluir para insuficiência hepática e carcinoma hepatocelular; Processo difuso de fibrose e formação de nódulos, acompanhado frequentemente de necrose celular. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; SILVA; MURA, 2016; CUPPARI, 2019 Cirrose: Duração superior a 6 meses; Biópsia com alterações na histologia do fígado com presença de sinais de necrose, fibrose nodular difusa, distorção da arquitetura do órgão;Geralmente associada a alterações clínicas, laboratoriais e radiológicas. CUPPARI, 2019 Durante a fase inicial, a maioria dos pacientes não apresenta sintomas, e a doença pode facilmente não ser diagnosticada e ficar sem tratamento adequado. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016 Principais doenças que levam ao desenvolvimento da cirrose: Hepatites virais crônicas B e C; Alcoolismo; DHGNA; Hemocromatose; Hepatite autoimune; Cirrose biliar primária; Doença de Wilson; Deficiência de alfa-1-antitripsina. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016 Complicações da cirrose – Hipertensão portal: Aumento crônico da pressão venosa no território portal causada por interferência no fluxo sanguíneo venoso hepático e traduzida clinicamente por: Hepatoesplenomegalia; Ascite; Rede venosa visível na parede abdominal. SILVA; MURA, 2016 Ascite: Hipertensão portal; Redução da excreção de sódio; Expansão do volume de líquido extracelular; Ascite e edema. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016 Peritonite bacteriana espontânea: Infecção do líquido de ascite por microorganismos entéricos, por causa da translocação bacteriana espontânea. Síndrome hepatorrenal: Quadro de insuficiência renal funcional, sem outra causa identificável, que ocorre em indivíduos com cirrose avançada; Intensa vasoconstricção renal, reversível na melhora do quadro circulatório e da função hepática. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016 Varizes esofagogástricas: Hipertensão portal; Hemorragias digestivas. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016 Encefalopatia hepática: Largo espectro de anormalidades neuropsiquiátricas potencialmente reversíveis, ocorrendo em indivíduos com disfunção hepática e hipertensão portal, por causa da formação de um shunt portossistêmico. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; CUPPARI, 2019 Grande desvio de sangue a partir da circulação venosa portal diretamente para a circulação sistêmica Disfunção cerebral devido a anormalidades metabólicas decorrentes da insuficiência hepática; Distúrbios de atenção, alterações do sono e distúrbios motores (desde letargia até coma); Astrócitos: principais células afetadas, cuja função mais importante é a detoxificação e a proteção dos neurônios, além da regulação da permeabilidade seletiva da barreira hematoencefálica. Encefalopatia hepática: OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; CUPPARI, 2019 É multifatorial, estando relacionada com alterações da barreira hematoencefálica e com afastamentos das junções rígidas entre as células endoteliais que compõem os capilares cerebrais, o que permite a passagem de susbtâncias tóxicas da circulação sistêmica para o cérebro. Encefalopatia hepática: CUPPARI, 2019 Amônia; Mercaptanos; Síntese de falsos neurotransmissores derivados de aminoácidos aromáticos; Inflamação; Estresse oxidativo; Disfunção mitocondrial dos astrócitos. CUPPARI, 2019 Gênese da encefalopatia: Amônia: O fígado funcionante metaboliza aproximadamente 80 a 90% da amônia proveniente da veia porta, convertendo-a em glutamina e evitando sua entrada na circulação sistêmica; Quando ocorre redução da função hepática, há diminuição da detoxificação da amônia e aumento da concentração plasmática; Sintetizada no intestino a partir da digestão de fragmentos alimentares contendo nitrogênio e glutamina pelas bactéricas colônicas; Fonte endógena: desaminação de aminoácidos existentes nos músculos, cérebro, fígado e rim; CUPPARI, 2019 Fatores que podem precipitar a encefalopatia: Administração de drogas; Hemorragia digestiva; Inflamação e infecções; Paracentese sem reposição plasmática; Intervenção cirúrgica; Hiponatremia e distúrbios eletrolíticos; Constipação. CUPPARI, 2019 Classificação da encefalopatia hepática: SILVA; MURA, 2016 Escores prognósticos de doenças hepáticas: Child Pugh: Envolve variáveis clínicas (encefalopatia hepática e ascite) e laboratoriais (tempo de protrombina, bilirrubina e albumina) OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016 Escores prognósticos de doenças hepáticas: OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016 MELD score: Fórmula logarítmica que envolve bilirrubina, tempo de protrombina e creatinina. Alterações metabólicas nas doenças hepáticas crônicas: Alterações no metabolismo de macro e micronutrientes; Gasto energético de repouso variável; Redução da síntese de proteínas plasmáticas e da metabolização de aminoácidos aromáticos; Detoxificação insuficiente da amônia. CUPPARI, 2019 Avaliação nutricional: Comprometimento nutricional devido a ingestão dietética inadequada; Pacientes compensados: 20% de desnutrição; Pacientes descompensados: 80% de desnutrição. SILVA; MURA, 2016 Não existe um método padrão-ouro para avaliação nutricional de pacientes com DHC. Antropometria, métodos bioquímicos e imunológicos podem ser influenciados pela ascite, edema e diminuição da função hepática. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; SILVA; MURA, 2016; CUPPARI, 2019 Nas formas mais graves da insuficiência hepática, a avaliação do estado nutricional pelos métodos tradicionais pode estar comprometida se houver repercussões do dano hepático sobre o metabolismo hídrico e a distribuição de líquido nos compartimentos corporais. CUPPARI, 2019 Avaliação nutricional: Métodos de avaliação nutricional: Métodos clínicos, bioquímicos e dietéticos; Índices compostos; Métodos antropométricos e de composição corporal; Força muscular. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; SILVA; MURA, 2016; CUPPARI, 2019 Não há padrão ouro CUPPARI, 2019 Métodos clínicos: Avaliar início, duração e etiologia da doença hepática; Presença de outras doenças; Sintomatologia digestiva; ASG. Métodos bioquímicos: Albumina, pré-albumina, transferrina, transportadora do retinol, contagem de linfócitos – utilizados com cautela; Índices compostos: Índice de risco nutricional (peso atual/usual, albumina); Índice de Maastrich (albumina, pré-albumina, linfócitos totais, peso atual, peso ideal). CUPPARI, 2019 Métodos antropométricos e de composição corporal: Presença de edema: dobras cutâneas tricipital, bicipital e subescapular), CB e CMB; Peso e CC: verificar progressão da ascite; Força muscular: Dinamômetro. CUPPARI, 2019 Objetivos da terapia nutricional na DHC: Favorecer a aceitação da dieta; Melhorar o suprimento de nutrientes; Suprir substratos energéticos e favorecer o ganho de peso; Prover substratos proteicos para controlar o catabolismo; Suprir o organismo com o quantitativo de aminoácidos adequado para a normalização da função e regeneração hepática sem precipitar a encefalopatia. CUPPARI, 2019 Terapia nutricional: Fracionamento de refeições; Evitar longos períodos de jejum; Utilizar alimentos de fácil digestibilidade e alta densidade calórica; Administrar suplementos no período noturno. Prevenir hipoglicemia, reverter a oxidação excessiva de substratos energéticos e proteicos e evitar perda de peso CUPPARI, 2019 Gasto energético: Aumento do gasto energético: inflamação sistêmica, aumento da atividade beta-adrenérgica induzida pelo aumento das catecolaminas, alterações hemodinâmicas do sistema portal e resistência à insulina; Redução do gasto energético: medicamentos betabloqueadores. CUPPARI, 2019 Necessidades energéticas: Gasto energético de repouso: calorimetria indireta; Não se recomenda Harris-Benedict; 30 a 40Kcal/Kg. Peso atual ou seco; Ascite: aumento de 10% do GER. AMODIO et al, 2013; OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; CASTRO et al, 2018; CUPPARI, 2019 Necessidades de proteínas: Doença hepática compensada: 0,8 a 1,0g/Kg/dia ou levemente hiperproteica; Doença hepática descompensada: 1,2 a 1,5g/Kg/dia; Doença hepática avançada (Child-PughC): iniciar com 1,2g/Kg/dia e aumentar gradativamente, observando os sintomas de intolerância proteica (flapping, fala arrastada, inversão do ritmo do sono). Não se recomenda restrição para evitar a EH. CUPPARI, 2019 Necessidades de carboidratos e lipídios: Até 30% do VET de lipídios; 50 a 60% do VET de carboidratos. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; CUPPARI, 2019 Sódio: Restrição em caso de retenção hídrica, de sódio ou sobrecarga de fluidos; Ascite leve: 4 a 5,5g de NaCl; Ascite moderada: <4g de NaCl; Ascite grave: 0,63 a 1,3g de NaCl. CUPPARI, 2019 Terapia nutricional na EH: Evitar ou controlar o catabolismo proteico para reduzir a síntese de amônia; Favorecer o ritmo intestinal para reduzir a produção e a absorção intestinal de amônia; Medidas que visam evitar ou tratar os fatores desencadeantes, como disbiose intestinal, constipação, distúrbios hidroeletrolíticos e perda de massa magra CUPPARI, 2019 Terapia nutricional na EH: Controlar a ingestão de carne vermelha, fresca ou processada; Aumentar o consumo de proteína vegetal de boa qualidade, frango, peixe, ovos, laticínios menos processados; Estimular o consumo de uma alimentação mais saudável; Evitar longos períodos de jejum; Ingerir fibras alimentares. CUPPARI, 2019 Terapia nutricional na EH: BCAA, probióticos, prebióticos, simbióticos, L-ornitina-L-aspartato e dissacarídeos não absorvíveis (lactulose) terapia redutora da amônia; Lactulose: distensão, dor abdominal e diarreia; Tratamentos alternativos a lactulose: BCAA, aspartato ornitina, suplementação de zinco, benzoato de sódio, arcabose, probióticos. CUPPARI, 2019 Terapia nutricional na EH: Dieta hipoproteica proscrita!!; Não reduz o grau da EH; Compromete o estado nutricional. AMODIO et al, 2013; OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; SILVA; MURA, 2016; CUPPARI, 2019 Encefalopatia graus I e II: 1,2 a 1,6g de proteína/Kg de peso/dia (60% de proteína vegetal e laticínios); 25 a 40Kcal/Kg/dia, 60 a 75% de carbo e 25 a 30% de lipídios; Encefalopatia graus III e IV: Restrição proteica de forma individualizada e transitória; Episódios agudos: 0,6g/Kg/dia + 0,25g/Kg/dia BCAA – 3 a 5 dias; 25 a 40Kcal/Kg/dia, 60 a 75% de carbo e 25 a 30% de lipídios. CUPPARI, 2019 CUPPARI, 2019 EH crônica e recorrente: 1,0 a 1,2g/Kg/dia, associada a 0,25g/Kg de BCAA; Restrição proteica profilática é contraindicada. Para pacientes que cursam com cirrose descompensada, com insuficiência ou EH, recomenda-se que pelo menos 60% do quantitativo de proteína seja de fontes vegetais, como soja em grãos, lentilha, grão de bico, proteína isolada da ervilha, suplementos proteicos à base de soja, de arroz ou de ervilha; Proteínas vegetais: maior conteúdo de BCAA e melhora da função intestinal. CUPPARI, 2019 BCAA – valina, leucina e isoleucina: Normalmente derivados de laticínios e vegetais; Subtratos importantes para a síntese proteica; Podem potencializar a detoxificação da amônia. CUPPARI, 2019 Principais vantagens para a utilização do BCAA em pacientes com insuficiência hepática: Para pacientes com cirrose e desnutrição, podem ser utilizados como fonte energética para prevenir catabolismo, sem sobrecarregar a função hepática; Podem competir com os AAA pela passagem na barreira hematoencefálica, prevenindo a entrada de substâncias tóxicas no SNC; Podem ser utilizados para atingir a necessidade proteica diária de pacientes com intolerância à proteína. CUPPARI, 2019 Probióticos x DHC: Manutenção da integridade da barreira da mucosa com consequente prevenção de infecções; Prevenção e tratamento da EH em função do controle da disbiose com redução do crescimento de bactérias patogênicas e da produção endógena de amônia; Redução dos níveis plasmáticos de amônia e bilirrubina, favorecendo a redução do risco de complicações. CUPPARI, 2019 Suporte nutricional: As sondas nasoenterais de material macio e fino calivre estão indicadas, mesmo na presença de varizes esofágicas, exceto quando houver sangramento ativo; EH graus 1 e 2: pode-se utilizar solução de aminoácidos padrão, desde que haja acompanhamento do quadro clínico; EH graus 3 e 4: fórmulas suplementadas com BCAA. CUPPARI, 2019 Caso clínico cirrose: Paciente L.O.P.T, sexo masculino, 57 anos, advogado, internado há 18 dias na enfermaria de gastroenterologia com queixa de febre e aumento do volume abdominal. Há cerca de um mês vem apresentando fadiga pra caminhar e dispnéia. Alega transgressão de orientação de abstinência alcoólica durante os finais de semana. Há dois anos começou a apresentar aumento progressivo do volume abdominal, tendo sido diagnosticado cirrose hepática alcoólica. Etilista por 15 anos. Nega tabagismo e drogas ilícitas. Nega HAS, DM e dislipidemias. Peso habitual: 96Kg; altura 1,90m. No décimo dia de internamento, começou a apresentar alteração do padrão sono/vigília e a não reconhecer os familiares, tendo sido diagnosticado com quadro de encefalopatia hepática grau 1. Diagnóstico: cirrose hepática alcoolica, com presença de ascite moderada e encefalopatia grau 1. Quais as necessidades energéticas do paciente? Quais as necessidades proteicas, de lipídios e carboidratos? Qual o tratamento nutricional indicado para a EH? Terapia nutricional na DHGNA: Perda de peso gradual; Esteatose: 3 a 5% de perda de peso; Inflamação: 10% de perda de peso. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; SILVA; MURA, 2016 Rápida perda de peso Melhora da esteatose hepática Piora da inflamação e fibrose OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; SILVA; MURA, 2016; CUPPARI, 2019 Terapia nutricional na DHGNA: Restrição de açúcares, ácidos graxos trans e saturados e colesterol; Ainda não existe consenso sobre a conduta dietoterápica a ser adotada para DHGNA; Redução do peso, redução da gordura intra-hepática, melhor controle metabólico, com redução de níveis glicêmicos, melhora da resposta à insulina, do perfil lipídico e do estado inflamatório. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; SILVA; MURA, 2016; CUPPARI, 2019 Terapia nutricional na DHGNA: 45 a 65% de carboidratos; Açúcares até 5% do VET; 20 a 30% de lipídios; Probióticos. CUPPARI, 2019 Fator de risco Fator de proteção Elevado consumo de gordura saturada e colesterol Gordura monoinsaturada Deficiente consumo de gordura poli-insaturada Alimentos com baixo índice glicêmico Elevado consumo de carboidratos Fibras Elevado consumo de sacarose e frutose (bebidas adoçadas) Deficiente consumo de fibras SILVA; MURA, 2016 Correlação de nutrientes com a DHGNA: Produtos contendo xarope de milho rico em frutose, como flocos de cereais, biscoitos, refrigerantes, sucos artificiais, barras de cereal e iogurtes industrializados devems er evitados em razão da sobrecarga de frutose sobre o desequilíbrio da lipogênese hepática. CUPPARI, 2019 Melhora da sensibilidade à insulina; Redução da progressão do diabetes tipo 2; Melhora das alterações lipídicas. Exercício físico: OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; SILVA; MURA, 2016 ; CUPPARI, 2019 Caso clínico DHGNA: Identificação: E.J.S, sexo masculino, 56 anos, casado, reside com a esposa e uma filha, trabalha com técnico de gesso de um hospital em escala 12 x 36h, natural de São Vicente, São Paulo. Queixa e duração: Paciente em acompanhamento médico regular para tratamento de refluxo gastroesofágico leve, meteorismo e dislipidemia. Em sua última consulta, foram realizados exames de rotina sendo diagnosticada esteatose hepática (EH) ao ultrassom. Hábitos de vida: Adventista do sétimo dia, não fuma, não consome bebidas alcoólicas e nem carne de porco. É sedentário Avaliação nutricional: Paciente apresentando 1,68m e 89,5Kg (peso atual).Refere que seu peso habitual era de 93 a 94Kg, porém há 2 meses, após o diagnóstico de esteatose hepática, passou a reduzir o açúcar da sua alimentação. Aumentou a atividade física, conseguindo emagrecer 4Kg neste período. IMC: 31,7Kg/m2 e CC: 107cm. Dados bioquímicos: Glicemia: 123mg/dL; Colesterol total: 211mg/dL; HDL: 28mg/dL; LDL: < 130mg/dL; TG: 160mg/dL; TGO: 23mg/dL; TGP: 27mg/dL; Fosfatase alcalina: 173mg/dL. Medicamentos: omeprazol, sinvastatina Exames clínicos: Ultrassonografia de abdome total: esteatose hepática moderada; Biópsia hepática: esteatose hepática macrogoticular grau 2. Dados sobre alimentação: Faz de 4 a 5 refeições por dia, porém “belisca” nos intervalos. Nos dias de plantão, faz as refeições no trabalho. Com base nos dados do registro alimentar, verificou-se que há um consumo elevado de carboidratos de alto índice glicêmico e gorduras saturadas, assim como não tem o hábito de consumir frutas e verduras. Transplante hepático: Única opção de tratamento para a doença hepática avançada; Segundo tipo de transplante mais realizado no Brasil; MELD como critério para a fila; Quadro de desnutrição (40 a 90%); Pós-transplante imediato e tardio. OLIVEIRA; SILVA; DALL´ALBA, 2016; SILVA; MURA, 2016; CUPPARI, 2019 Terapia nutricional no transplante hepático: Necessidades no pós-transplante imediato: 35Kcal/Kg/dia (30Kcal/Kg/dia em obesos); 1,5 a 2,0gde proteina/Kg/dia; 55 a 60% de CH e 25% de lipídios. SILVA; DALL´ALBA, 2016; SILVA; MURA, 2016; CUPPARI, 2019 Necessidade no pós-transplante tardio: Controle e prevenção das complicações metabólicas; 1,0g de proteína/Kg/dia; 25 a 35Kcal/Kg/dia. SILVA; DALL´ALBA, 2016; SILVA; MURA, 2016; CUPPARI, 2019 Referências bibliográficas: AMODIO, P. et al. The nutritional management of hepatic encefalopathy in patients with cirrosis: International Society for Hepatic Encefalopathy and Nitrogen Metabolism Consensus. Hepatology, v. 58, n.1, p. 325-336, 2013. CUPPARI L. Nutrição Clínica no Adulto. 4ª Edição. São Paulo: Manole, 2019. MAHAN, L.K.; RAYMOND, J.L. Krause – Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 14 Edição. São Paulo: Elsevier, 2018. OLIVEIRA, A.M.; SILVA, F.M.; DALL´ALBA, V. Dietoterapia nas Doenças Gastrointestinais no Adulto. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Rubio, 2016. SILVA, S.M.C.S; MURA, J.D.P. Tratado de Alimentação, Nutrição e Dietoterapia. 3ª Edição. São Paulo: Paya, 2016.