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O lúdico como facilitador da aprendizagem 1 Acadêmicos¹ Tutor Externo² RESUMO Nas últimas décadas têm se feito muitos questionamentos sobre até que ponto a utilização do lúdico na educação infantil pode contribuir para a aprendizagem. Acredita-se que as crianças que são impulsionadas a desenvolver sua aprendizagem à partir do brinquedo, se tornarão indivíduos com maior facilidade para resolver problemas, pois brincando a criança é capaz de assimilar os modelos sociais podendo tomar melhores decisões no futuro. Durante a infância o brinquedo é algo primordial para a criança. O seu uso propicia à criança o enfrentamento de desafios, desperta o gosto por aprender, além de proporcionar sensação de prazer, suprindo algumas necessidades presentes nessa fase. Os jogos e brincadeiras, se realizados com objetivos pedagógicos são capazes de trabalhar diversas áreas do desenvolvimento infantil, e assim, podem ser um dos instrumentos mais educativos que o professor pode usar. Isso se dá ao fato de que no ato de brincar, não se aprende somente conteúdos escolares, mas se adquire também sabedoria para lidar com diferentes situações; as crianças se divertem e aprendem a conviver com outras crianças. Miranda(MIRANDA, 1964, pág. 83) diz que “O momento lúdico não é só um complemento, mas sim um auxiliar essencial no processo de ensino aprendizagem”. Palavras-chave: Lúdico, Aprendizagem, Educação Infantil. 1. INTRODUÇÃO Jogos e brincadeiras fazem parte da realidade infantil e estão presentes desde o início da humanidade. Por meio da ludicidade a criança comunica-se consigo mesma e com o mundo, constrói conhecimentos e se diverte. As atividades lúdicas são de extrema importância para o desenvolvimento da imaginação, da fantasia e dos sentimentos Muitas vezes a aprendizagem infantil é marcada por barreiras impostas até mesmo pelas instituições que oferecem o ensino, pois muitos profissionais não estão habilitados a suprir as necessidades que a criança precisa. Dessa forma não ocorre o questionamento e as curiosidades dos alunos, e apenas um repasse de informações. O educador deve mudar seus métodos à medida que seus alunos vão mudando, para que haja uma relação de ensino e aprendizagem mais eficiente. É de extrema importância que o profissional atente seu olhar no mundo infantil, para compreender as barreiras que precisam ser enfrentadas tanto para o 1 educando quanto para o educador, utilizando recursos que tornem a aula mais participativa e criativa para que seja obtido sucesso. Conceituando Ludicidade Pesquisadores como Santos (2001), Kishimoto (2009), Brougère (2004) e Wajskop (2005) a definem como uma proposta associada aos jogos, à recreação, às brincadeiras e aos brinquedos infantis. Autores como Luckesi (2000) e Pereira (2005) ressaltam que o lúdico envolve questões externas e internas do ser humano como a cultura, relações interpessoais, a percepção de si e as experiências objetivas e subjetivas. Podemos considerar que o lúdico se caracteriza essencialmente como uma concepção interna e integral de cada sujeito. Interna, porque se trata, na sua concepção, da experiência subjetiva do indivíduo que a vivencia; Integral, porque compreende essa dimensão subjetiva indissociável da vida exterior e de suas relações sociais, culturais e históricas. Dessa forma, o que pode ser lúdico em sala de aula para uns, pode não ser para outros. A ludicidade não deve ser confundida com a concepção ingênua de passatempo. Brincar é para a criança uma de suas atividades mais sérias e é desta forma que também deve ser considerada pelo professor. Brincar: Hábito ou necessidade? Conforme Santos (1999), para a criança, brincar é viver. A própria história da humanidade nos mostra que as crianças sempre brincaram, brincam hoje, e certamente, continuarão brincando. Sabemos que quando algumas crianças não brincam, alguma coisa pode não estar bem. Enquanto algumas crianças brincam por prazer, outras brincam para dominar angústias. Para Santos (1999): Do ponto de vista filosófico, o brincar é abordado como um mecanismo para contrapor à racionalidade. A emoção deverá estar junto na ação humana tanto quanto a razão; Do ponto de vista sociológico, o brincar tem sido visto como a forma mais pura de inserção da criança na sociedade. Brincando a criança vai assimilando as crenças, os costumes, regras, leis e hábitos do meio em que ela vive; Do ponto de vista psicológico, o brincar está presente em todo o desenvolvimento da criança nas diferentes formas de modificação de seu comportamento; Do ponto de vista da criatividade, tanto o ato de brincar como o ato criativo estão centrados na busca do “eu”. É no brincar que se pode ser criativo, e é no criar que se brinca com os signos e as imagens fazendo uso do próprio potencial; Do ponto de vista pedagógico, o brincar tem se revelado como uma estratégia poderosa para a criança aprender. A partir do que foi mencionado sobre o brincar nos mais diferentes enfoques, podemos afirmar que “brincar é viver”, pois a criança aprende a brincar brincando e brinca aprendendo. Para manter o equilíbrio com o mundo, a criança necessita brincar, jogar, criar e inventar. Essas atividades lúdicas tornam-se mais significativas à medida que se desenvolve, inventando, reinventando e construindo. O brincar é fundamental para o desenvolvimento psicossocial equilibrado do ser humano. Brincando a criança aumenta sua independência, estimula sua sensibilidade visual e auditiva, valoriza sua cultura popular, desenvolve habilidades motoras, exercita sua imaginação, sua criatividade, socializa, recicla suas emoções e constrói conhecimentos. A criança, e educação e o lúdico Compreender, conhecer e reconhecer as particularidades das crianças deve ser o grande desafio da educação infantil. Embora os conhecimentos derivados da psicologia, antropologia e sociologia possam ser de grande valia, apontando algumas características comuns de ser, elas permanecem únicas em suas individualidades e diferenças. Rosamilha (1979, p.77) A criança é antes de tudo, um ser feito para brincar. O jogo, eis aí um artifício que a natureza encontrou para levar a criança a empregar uma atividade útil ao seu desenvolvimento físico e mental. Usemos um pouco mais esse artifício, coloquemos o ensino mais ao nível da criança, fazendo de seus instintos naturais, aliados e não inimigos. Brincar possibilita às crianças um espaço para resolução dos problemas que as rodeiam. É necessário respeitar o tempo da criança ser criança, sua maneira de ser e estar no mundo, de vivê-lo, descobri-lo, conhecê-lo, simultaneamente. O papel da ludicidade no desenvolvimento infantil Por meio da ludicidade, a criança muitas vezes reproduz o seu cotidiano, porém de forma reelaborada, de acordo com suas afeições, necessidades e desejos. Essas ações são fundamentais para formar um homem criador. Negrine (1994, p.19) diz que, “As contribuições das atividades lúdicas no desenvolvimento integral indicam que elas contribuem poderosamenteno desenvolvimento global da criança e que todas as dimensões estão intrinsecamente vinculadas: a inteligência, a afetividade, a motricidade, e a sociabilidade são inseparáveis, sendo a afetividade a que constitui a energia necessária para progressão psíquica, moral, intelectual e motriz da criança.” Brincar e jogar geram um espaço para pensar, assim a criança avança no raciocínio, desenvolve o pensamento, estabelece contatos sociais, desenvolve habilidades, conhecimentos e criatividade. Educação e ludicidade Ensinar é um convite à exploração, à descoberta, e não a uma pobre transmissão de informações. Aprender a pensar sobre diferentes assuntos é muitos mais importante do que simplesmente memorizar os fatos referentes ao assunto. A educação não pode basear-se em reproduzir modelos, e nem em colocar freios às possibilidades criativas do ser humano. A evolução do próprio conceito de aprendizagem sugere que educar passe a ser facilitar a criatividade, no sentido de repor o ser humano em sua evolução histórica e abandonando de vez a idéia de que aprender significa acumular conhecimentos sobre fatos, dados e informações. O professor, ao assumir essa postura de mediador da ludicidade, deve primeiramente desenvolver em si mesmo a sensibilidade. A ludicidade exige uma predisposição interna do adulto, que não se adquire apenas com aquisição de conceitos, de conhecimentos, apesar de serem muito importantes. No espaço escolar, os jogos devem ser observados de forma crítica e mediada de situações lúdicas interdisciplinares. A escola precisa repensar quem ela está educando, considerar as individualidades do mesmo. A negação do lúdico pode ser entendida como uma perspectiva geral e, desse ponto de vista, está diretamente relacionada com a negação que a escola faz da criança, com o seu desrespeito, ou ainda, o desrespeito à sua cultura. O jogo e a brincadeira são experiências prazerosas. Assim também a experiência da aprendizagem tende a se constituir em um processo vivenciado prazerosamente. Ao valorizar as atividades lúdicas, ajuda a criança a formar um bom conceito de mundo, em que a afetividade é acolhida, sociabilidade vivenciada e os direitos da criança respeitados. O trabalho a partir do lúdico abre caminhos para envolver todos numa proposta interacionista, proporcionando o resgate de cada potencial. Podemos dizer que as atividades lúdicas, os jogos, permitem liberdade de ação, naturalidade, e prazer que raramente são encontrados em outras atividades escolares. O lúdico é essencial à formação do cidadão, pois como consequência imediata dessa ação educativa temos a aprendizagem em todas as dimensões: social, cognitiva, relacional e pessoal. CONCLUSÃO No universo infantil, o lúdico aponta como resgate e possibilidade de desenvolver de forma prazerosa e integralmente a criança. O brincar promove a construção de conhecimento, uma vez que permite o processo de análise, expressão, comunicação da criança consigo mesma e com o mundo que a cerca, criando sua identidade pessoal e social. Por meio da ludicidade a criança é estimulada a desenvolver criatividade e não produtividade, sendo sujeito do processo pedagógico. Por meio dos jogos e brincadeiras o aluno desperta o desejo de saber, a vontade de participar e a alegria da conquista. Quando a criança percebe que existe uma sistematização na proposta de uma atividade dinâmica e lúdica, a brincadeira passa a ser interessante e a concentração do aluno fica maior, assimilando os conteúdos com maior facilidade e naturalidade. REFERÊNCIAS FRIEDMANN, Selma. (et. al.). O direito de brincar. São Paulo: Edições Sociais: Abrinq, 1998, 4. Ed. WINNICOTT, D.W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975. NEGRINE, Airton. Aprendizagem e desenvolvimento infantil. Porto Alegre: Propil, 1994. RIZI, Leonor, HAYDT, Regina. Atividades Lúdicas na Educação das Crianças. São Paulo: Ática, 1998. SILVEIRA, Maria Joanete Martins da. O Ensino e o Lúdico. Santa Maria: Multiprees, 1998 PERRENOUD, P. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.