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Apostila- Introdução à teologia

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CURSO DE INTRODUÇÃO
À TEOLOGIA
1
UNIDADE I
INTRODUÇÃO À TEOLOGIA
O termo Teologia tem origem etimológica do grego “theos”, que significa “deus”,
e “logos” que denota “estudo”. Sendo assim, a palavra teologia significa “estudos
sobre Deus”. Importante observar que, embora não a encontremos nas Escrituras,
Teologia é uma palavra bíblica em seu caráter.
O filósofo grego Platão (427-347 a.C.) usou o vocábulo indicando a história de
mitos e lendas dos deuses contados por poetas. Na Grécia Antiga, foram os
primeiros a se intitular teólogos “por comporem versos em honra aos deuses”, uma
vez que teologia referia-se às discussões filosóficas a respeito de seres divinos
(teogonias) e o mundo (cosmogonias).
Já no final do século II, Clemente de Alexandria (c. 150-c. 215) contrapôs
theologia a mythologia. A primeira seria superior às histórias da mitologia pagã
devido à sua condição de verdade cristã a respeito de Deus. A palavra “teologia”
parece ter sido incorporada à linguagem cristã nos séculos IV e V referindo-se à
genuína compreensão das Escrituras.
No entanto, seu uso era restrito ao conhecimento relacionado à Deus. A partir de
Theologia Christiana, obra de Abelardo (1079-1142), que passou a designar um
corpo de doutrina. Mais tarde, João, Gregório de Nazianzo (c. 330-389) e João
Calvino (1509-1564) foram denominados teólogos por seus trabalhos de “verdade”
direcionados à questão divina.
Mesmo que seu significado mais recorrente remeta a Deus, se usada num
sentido mais amplo, a Teologia pode incluir as demais reveladas na Escritura. Afinal,
se Deus é o supremo ser que criou e sustenta tudo o que existe, a Teologia procura
entender, articular sistematicamente a informação revelada a nós, e se preocupa com
a realidade última.
Isso porque a contempla e discute essa realidade definindo, assim, o governo de
cada área da vida e do pensamento. Tal como Deus é o ser ou realidade última, a
reflexão teológica é a atividade humana última. Diante disso, a teologia é um estudo
sempre em andamento, pois o homem é finito e não chega a um ponto de
compreender plenamente o infinito.
2
NATUREZA E POSSIBILIDADE DA TEOLOGIA
Reforçando o conceito de Teologia, temos se tratar da ciência de Deus e seu
relacionamento com o homem, o mundo físico e espiritual. É a disciplina que
apresenta uma formulação unificada da verdade de Deus conforme a revelação
divina os expõe, aplicando tais verdades a todo aspecto da vida e do pensamento
humano.
A Teologia trata de compreender e aprofundar nas verdades reveladas à luz da
razão iluminada pela fé. Ou melhor, a poderíamos defini-la como a ciência em que a
razão do crente, guiada pela fé teologal, se esforça para compreender melhor os
mistérios revelados em si mesmos e em suas consequências para a existência
humana.
O objeto de interesse da Teologia é centrado em Deus e na sua atividade
salvadora em Cristo. É por definição uma ciência teocêntrica e trata a Deus sob a
razão de deidade. Mas a Teologia não busca uma formulação da verdade divina em
si mesma, mas sua exposição e desenvolvimento para os homens.
Deus é o ponto de referência de todos os temas da teologia que, por sua vez,
não é um produto da imaginação humana. Ao analisarmos a natureza teológica,
esbarramos na definição de doutrina, uma série de proposições relacionadas com
certo tópico teológico, isto é, o ensino bíblico de um determinado assunto.
Portanto, a Teologia refere-se ao estudo da Escritura ou à formulação
sistemática das doutrinas dessa. A doutrina verdadeiramente bíblica é autorizada e
obrigatória, enquanto um sistema teológico é somente autorizado até onde ele reflita
o ensino escriturístico. Um pré-requisito para construir um sistema teológico é provar
que o conhecimento é possível.
Para melhor compreendermos a Teologia, é necessário diferenciá-la da
Teodicéia, o conjunto de conhecimentos que o homem pode chegar a ter de Deus
sem ajuda da Revelação sobrenatural e se limita a estudar a existência, o ser e os
atributos divinos. A ciência teológica estuda o ser de Deus, na medida em que pode
ser alcançado.
Não se esquece nunca que Deus é um mistério, nem um objeto do qual se possa
dar informação como dos outros seres. Que a Teologia é a ciência de Deus significa
que tudo se trata nela principalmente desde o ponto de vista divino. A distinção
tradicional é a seguinte:
3
1) Objeto material – é a realidade da que propriamente se ocupa a Teologia. O
objeto é Deus e todas as realidades por Ele criadas e governadas por seu desígnio
salvador. O objeto material primário ou principal é Deus e o objeto secundário são
todas as coisas criadas enquanto ordenadas a Deus.
2) Objeto formal, indica o ponto de vista. Um é o objeto formal “quod”: o que é
próprio de Deus. “Deus sub ratione Deitatis” e o objeto formal “quo” designa a luz
intelectual sob a que o objeto é considerado. Neste caso, a razão iluminada ou
guiada pela fé.
Dizemos que às verdades da Revelação podemos aproximarmos através da fé,
enquanto que os conteúdos da Revelação são críveis (ut credibilia); e por meio da
Teologia enquanto essas verdades reveladas são inteligíveis (ut intelligibilia), como
suscetíveis de uma compreensão cada vez maior.
RELAÇÃO ENTRE FÉ E TEOLOGIA
A fé é assentir a uma verdade enquanto digna de ser crida. O próprio da
Teologia é analisá-la. O motivo formal da fé é a autoridade de Deus que se revela
enquanto que o da Teologia é a percepção da razão da inteligibilidade do crido. A fé é
sempre pressuposto absoluto da Teologia.
Assim, a Teologia deve ser feita desde e a partir da fé, sendo algo mais que a
simples reflexão racional sobre os dados da revelação. Busca entender a fé não por
curiosidade, mas por amor e veneração ao mistério. O crente não discute a fé, mas a
mantém firme por buscar razões de mantê-la.
A Teologia é, então, desenvolvimento da dimensão intelectual do ato da fé
reflexiva, que pensa, compreende, pergunta e busca. O Teólogo se apóia no
conhecimento de Deus pela fé, na razão humana e suas descobertas certas,
tentando ordenar e interpretar os dados que são objeto de fé, de modo que se veja
sua unidade tal como Deus o dispôs.
A TEOLOGIA COMO CIÊNCIA
Os maiores esforços para fundamentar o caráter científico da Teologia se deram
ao longo do século XIII, destacando a figura de Santo Tomás de Aquino entre seus
grandes expoentes. Ele adotou o conceito aristotélico de ciência e tratou de
demonstrar que não é alheio à Teologia, baseando-se nos seguintes argumentos:
4
- Normalmente, a ciência tem evidência de seus princípios, mas há aquelas que se
baseiam em princípios dados por outras ciências superiores, sendo chamadas de
ciências subordinadas. A Teologia seria uma delas ao se basear nas verdades da
fé. A ciência superior à Teologia seria a Ciência de Deus.
- A Teologia se assume como ciência ao construir racionalmente o revelado, onde
verdades se apresentam ligadas umas a outras e ao seu princípio. A partir daí,
toma conclusões a partir de princípios, de modo que ambos (conclusões e
princípios) sejam igualmente revelados. Portanto, é ciência por tirar conclusões a
partir de princípios revelados.
O método que a Teologia utiliza se desenvolve em três etapas:
 Fixar os dados da Revelação;
 Determinar as questões que esses dados suscitam, em si mesmos ou em
relação com a experiência de fé do homem e do mundo;
 Reflexão sobre os dados.
A concepção e aplicação adequada do método teológico pode ser dirigida pelos
seguintes critérios:
 Não existe um paradigma metodológico único que possa ou deva ser
considerado a forma científica da Teologia.
 Todo método teológico compreende o auditus fidei e o intellectus fidei.
 Todo método contêm aspectos falíveis e provisórios, que,chegado o
momento, devem ser superados. Costuma progredir por enriquecimento do
anterior ou pela substituição de esquemas operativos.
 No método teológico não se pode separar, formal e aceticamente, modo e
objeto. Ambos são correlativos e inseparáveis.
 O objeto não é nunca na Teologia um produto do método.
 O método teológico inclui necessariamente a consideração da incidência da
doutrina cristã na vida do crente, da comunidade e da sociedade eclesial.
Sem se esquecer da ideia de Mistério que preside suas investigações, o teólogo
deve dar atualidade ao experimentado diretamente pelos discípulos de Jesus. Por
isso, se insere no caminho da Tradição e tenta re-expressar a Verdade fundamental
tomada da Igreja, encontrando resposta a questões antigas, reformulando outras e
eliminando as vazias.
5
FONTES TEOLÓGICAS
As fontes da Teologia são a Sagrada Escritura (a Palavra de Deus escrita por
inspiração do Espírito Santo), a Tradição da Igreja e o Magistério autêntico. De algum
modo pode considerar-se também a História. A Sagrada Escritura deve estar unida à
Tradição para entregar o reto sentido dos textos.
A Tradição reflete a vida intelectual, orante e litúrgica da Igreja. Está formada por
um conjunto de testemunhos que dão a razão da fé da Igreja. A Igreja não a certeza
do revelado, exclusivamente, da Escritura porque a Tradição recebe a Palavra de
Deus para que os iluminados a conservem, exponham e difundam.
Ao Magistério, foi conferido o ofício de interpretar autenticamente a Palavra de
Deus, e o exerce em nome de Jesus Cristo. Tem a missão de conservar o depósito
da fé em toda sua integridade. Protege-o do erro, julga com autoridade as
interpretações da revelação que oferece a Teologia e o oferece considerações e
desenvolvimentos em torno da fé.
Assim, a Tradição, a Sagrada Escritura e o Magistério estão tão unidos que
nenhuma pode subsistir sem os outros. Por último, ainda que o recurso à História não
seja propriamente uma fonte, é certo que pode ajudar e colaborar a entender melhor
como essas verdades se interpretam e vivem dentro da Igreja com o transcurso do
tempo.
TEOLOGIA POSITIVA E TEOLOGIA ESPECULATIVA:
A Teologia positiva é a ciência do conteúdo integral da Revelação que tenta
determinar e traçar toda a história documental do objeto crido em sua revelação,
transmissão e proposição. Deseja conhecer a forma externa do dado revelado, com o
estilo metódico e exaustivo que próprio das ciências positivas.
Faz isso para chegar a uma inteligência mais profunda da Palavra de Deus.
Trata de responder à seguinte pergunta: qual é exatamente a verdade revelada por
Deus? Assim, procura determinar e estabelecer o que e como Deus revelou, se o fez
diretamente ou indiretamente, de modo explícito o implícito, com expressões
obscuras ou claras.
E porque as doutrinas reveladas não se encontram sempre com a mesma nitidez,
costuma ser necessário um trabalho de interpretação de termos e expressões. Por
6
sua vez, a Teologia especulativa aprofunda-se nas verdades reveladas, mostra sua
inteligibilidade, a conexão e harmonia que reina entre elas, servindo-se da ajuda das
ciências humanas.
Leva à compreensão aprofundada do dado revelado, mas não deve ser
confundida com uma simples especulação. Não é a aplicação da filosofia técnica à
compreensão da doutrina revelada, mas cai sob o controle e a luz do mistério de
salvação. Também não é uma super estrutura da Teologia positiva, mas o
pensamento especulativo é englobado nela.
O dado de fé não é unicamente o ponto de partida, mas o princípio vital que a
anima ao longo de todo seu recorrido de reflexão crente. A possibilidade da Teologia
especulativa se fundamenta numa epistemologia realista - a doutrina revelada
pressupõe que a mente humana se ordena à verdade e é capaz de conhecer a Deus
de maneira limitada e certa.
Para isso, tem grande importância o tema da analogia. Permite-nos falar de
Deus de modo que nossa linguagem tenha sentido. Algo podemos dizer de Deus
ainda que Ele não possa ser explicado univocamente. A Teologia especulativa possui
duas grandes tarefas, sendo elas a compressão e organização sistemática do dado
revelado.
DISCIPLINAS TEOLÓGICAS
A Teologia pode e deve ser uma e plural ao mesmo tempo. A riqueza e a
profundidade do mistério revelado é tanta que não pode ser exposta num único
sistema teológico. O pluralismo teológico encontra seu fundamento na Sagrada
Escritura e se encontra presente no Cristianismo.
A unidade da Teologia dentro da pluralidade de suas disciplinas está garantida
pelo fato de que todas têm o mesmo objeto formal que é Deus que se revela em
Cristo. A divisão das diferentes disciplinas teológicas foi aparecendo
progressivamente. Podemos dividi-la em três grupos:
a) Disciplinas histórico-bíblicas:
1- História – estuda a influência da Revelação no mundo depois de Cristo.
2- Ciências bíblicas – investigam a produção da Revelação divina, sua história e
seu conteúdo na Sagrada Escritura.
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b) Teologia Sistemática:
1- A Teologia Dogmática – expõe sistematicamente as realidades nos são
manifestadas na Palavra de Deus. Trata as verdades fundamentais da fé.
2- A Teologia Moral – interpreta cientificamente as normas práticas contidas na
Revelação.
3- A Teologia Espiritual: estuda a vida cristã como realidade dinâmica. Preocupa-se
da relação do homem com Deus.
c) Teologia Prática:
1- Liturgia – descreve o modo no qual a obra de Cristo é atualizada na Igreja.
2- Direito Canônico – expõe a ordem dado por Cristo à Igreja enquanto povo de
Deus.
3- Teologia Pastoral – explica a arte de formar os homens conforme a seu caráter
de filhos de Deus e de levá-los até a plenitude celestial.
Prévia a estes três grupos, está a Teologia Fundamental, disciplina que mostra
o fato da Revelação, demonstrando também a racionalidade da Fé.
NECESSIDADE DA TEOLOGIA
É consenso no pensamento cristão a necessidade de se conhecer a Deus, e
esse é um processo contínuo. Tal realidade é, por si só, justificadora do estudo da
Teologia. Sem entrar na questão dos limites e da qualidade desse conhecimento, é
pertinente afirmar a necessidade de se refletir sobre Deus.
Tal conhecimento é mediado por proposições e fatos revelados pelo próprio
Deus. No entanto, a Teologia é necessária não somente para as atividades cristãs,
mas também para tudo da vida e do pensamento. Isso porque procura entender e
sistematizar a Revelação Verbal de Deus, e até onde ela reflete o ensino da Escritura
A necessidade de teologia é uma questão da necessidade de comunicação de
Deus. Visto que este é o universo de Deus, a fonte última de informação e
interpretação de tudo da vida e do pensamento é a revelação divina. A Teologia trata
com a revelação verbal de Deus, realidade essencial que dá existência e significado
a tudo.
Uma das maiores razões para o estudo da Teologia é o valor intrínseco do
conhecimento sobre Deus. As outras categorias de conhecimento são meio para um
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fim, mas o conhecimento de Deus é um fim digno em si mesmo. E, visto que Deus se
revelou através da Escritura, conhecer a Escritura é conhecê-Lo, e isto significa
estudar Teologia.
PENSADORES DA TEOLOGIA
Muitos pensadores foram, ao longo dos séculos, essenciais para o entendimento
e crescimento da Teologia. Abaixo, segue um lista com os principais nomes cujos
trabalhos contribuíram para a disseminação dos ideais e teorias teológicos:
SÉCULO I - PAULO DE TARSO: é considerado como o mais importante discípulo de
Jesus e no desenvolvimento do Cristianismo nascente. Ao contrário dos demais
discípulos, não conheceu Jesus pessoalmente, era um homem culto, frequentou uma
escola em Jerusalém, era Fariseu e sacerdote.
Educado em duas culturas (grega e judaica), Paulo fez muitopela difusão do
Cristianismo entre os gentios e é considerado uma das principais fontes da doutrina
da Igreja. Suas Epístolas formam uma seção fundamental do Novo Testamento.
Favorecia a abolição da circuncisão e dos estritos hábitos alimentares judaicos.
SÉCULO II - POLICARPO DE ESMIRNA: foi um bispo de Esmirna (atualmente na
Turquia) no segundo século. Morreu como um mártir, vítima da perseguição romana,
aos 87 anos. É reconhecido como santo tanto pela Igreja Católica Apostólica
Romana quanto pelas Igrejas Ortodoxas Orientais.
São Policarpo foi ordenado bispo de Esmirna pelo próprio São João, o
Evangelista. De caráter reto, de alto saber, amor a Igreja e fiel à ortodoxia da fé, era
respeitado por todos no Oriente. Com a perseguição, escondeu-se até ser preso e
assim foi levado para o governador, que pretendia convencê-lo de ofender a Cristo.
Policarpo, porém, proferiu estas palavras: "há oitenta e seis anos sirvo a Cristo e
nenhum mal tenho recebido Dele. Como poderei rejeitar Aquele a quem prestei culto
e reconheço o meu Salvador".
SÉCULO III - CLEMENTE DE ALEXANDRIA: escritor grego, teólogo e mitógrafo
cristão nascido em Atenas, combateu o racismo, que via como base moral da
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escravidão. Convertido ao cristianismo por patrístico Panteno (século II), sucedeu-lhe
como líder espiritual da comunidade cristã de Alexandria.
Entre suas obras de ética, teologia e comentários bíblicos destaca-se a trilogia
formada por Exortação, Pedagogo e Miscelâneas. Do período de formação da
patrística e pré-nissênico com nomes da escola cristã de Alexandria, combateu os
hereges gnósticos. Embora ele tenha sido instruído profundamente na filosofia
neoplatônica, decidiu voltar-se ao cristianismo.
SÉCULO IV - ATANÁSIO DE ALEXANDRIA(295-373): considerado santo pela
Igreja Ortodoxa e Católica, foi um dos defensores do ascetismo cristão, tendo
inaugurado o género literário da hagiografia. Do ponto de vista doutrinal, foi
perseguido e exilado devido às acesas discussões que manteve contra partidários do
Arianismo.
SÉCULO V - AURÉLIO AGOSTINHO (Do latim, Aurelius Augustinus): foi um bispo
católico, teólogo e filósofo. É considerado pelos católicos santo e doutor da doutrina
da Igreja. Tornou-se um pregador famoso e notado pelo seu combate à heresia do
Maniqueísmo.
SÉCULO IX - JOÃO ESCOTO ERÍGENA: filósofo, teólogo e tradutor escocês da
corte de Carlos, o Calvo, escolheu como tema principal de seus estudos as relações
entre a filosofia grega e os princípios do cristianismo. Sua obra caracterizou-se pela
poderosa síntese filosófico-teológica e obscuridade estrutural.
SÉCULO XII - BERNARDO DE CLARAVAL(O. Cist.): conhecido também como São
Bernardo, era oriundo de uma família nobre de Fontaine-les-Dijon, perto de Dijon, na
Borgonha, França. Nasceu em 1090 e morreu em Claraval em 20 de Agosto de 1153.
Aos 22 anos foi estudar teologia no mosteiro de Cister (fr. Cîteaux). Em 1115 fundou
a abadia de Claraval (fr. Clairvaux), sendo o seu primeiro abade. Naquela época
enfrentou inúmeras oposições, apesar disto, acabou reunindo mais de 700 monges.
Fundou 163 mosteiros em vários países da Europa. Durante sua vida monástica
demonstrava grande fé em Deus serviu à igreja católica apoiando as autoridades
eclesiásticas acima das pretensões dos monarcas. Em função disto favoreceu a
criação de ordens militares e religiosas. Uma das mais famosas foi a ordem dos
10
cavaleiros templários. Ao morrer o papa Honório II em 1130, Bernardo apoiou o papa
Inocêncio II, que assim conseguiu se impor ao antipapa Anacleto II. Sempre
influenciou os sucessivos pontífices com seu apoio.
O rei Luís VII da França e o papa Eugénio III, em 1147, encomendaram a
Bernardo a pregação da segunda cruzada. Porém, não aceitava as motivações
políticas e econômicas subjacentes à iniciativa dos soberanos, mas mesmo assim
apoiou. Durante toda sua vida monástica escreveu numerosos sermões e ensaios
externando o seu espiritualismo contemplativo. Sua obra mais conhecida foi
Adversus Abaelardum. Nela combateu as teorias do teólogo e filósofo Pedro
Abelardo, por não aceitar as interpretações racionalistas que, segundo Bernardo,
desvirtuavam a fé exigida pelos mistérios de Deus. Foi canonizado em 1174 pelo
papa Alexandre III com o nome de São Bernardo. Em 1830 recebeu o título de doutor
da Igreja Católica.
SÉCULO XIII - SÃO TOMÁS DE AQUINO (perto de Aquino, Itália, 1227 - Paris, 7
de Março 1274): tido como santo pela Igreja Católica, foi um frade dominicano e
teólogo italiano. Nascido numa família nobre, estudou filosofia em Nápoles e foi
depois para Paris, onde se dedicou ao ensino e ao estudo de questões filosóficas e
teológicas. Aos 19 anos fugiu de casa para se juntar aos dominicanos. Conseguiu
entrar na Ordem fundada por São Domingos de Gusmão. Foi mestre em Paris e
morreu na Abadia de Fossa nova quando se dirigia para Lião a fim de participar do
Concílio de Lião. Seus interesses não se restringiam a religião e filosofia, mas
também interessou-se pelo estudo de alquimia, tendo publicado uma importante obra
alquímica chamada "Aurora Consurgens". O mérito transcendente de São Tomás
consistiu em introduzir aristotelismo na escolástica anterior. A partir de São Tomás a
Igreja tem uma teologia (fundada na revelação) e uma filosofia (baseada no exercício
da razão humana) que se fundem numa síntese definitiva: fé e razão. São Tomás é
considerado um dos maiores mestres da Igreja pois conseguiu alcançar um profundo
entendimento da espiritualidade cristã.É também conhecido como o Doutor Angélico.
SÉCULO XIV - JOHN DUNS SCOT, OU SCOTUS (Escócia ca. 1266 - 8 de
Novembro 1308): foi membro da Ordem Franciscana, filósofo e teólogo da tradição
escolástica, chamado o Doutor Sutil, mentor de outro grande nome da filosofia
medieval: William de Ockham. Foi beatificado em 20 de Março de 1993, durante o
11
pontificado de João Paulo II. Formado no ambiente acadêmico da Universidade de
Oxford, onde ainda pairava a aura de Robert Grosseteste e Roger Bacon,
posicionou-se contrário a São Tomás de Aquino no enfoque da relação entre a razão
e a fé. Para Scot, as verdades da fé não poderiam ser compreendidas pela razão. A
filosofia, assim, deveria deixar de ser uma serva da teologia, como vinha ocorrendo
ao longo de toda a Idade Média e adquirir autonomia. Um dos grandes contributos de
Scot para a história da filosofia, afirmam os historiadores, está no conceito de
estidade (aecceitas). Por esta teoria, valoriza a experiência, e distancia a
preocupação exclusivista da filosofia com as essências universais e transcendentes.
SÉCULO XV - TOMÁS DE KEMPIS OU THOMAS HEMERKEN: monge e escritor
místico alemão a quem são atribuídas cerca de 40 obras, o que o tornam o maior
representante da literatura devocional moderna. Um dos textos que lhe são atribuídos
é o da Imitação de Cristo, obra de inegável influência no cristianismo.
MARTINHO LUTERO: teólogo alemão considerado o pai espiritual da Reforma
Protestante. O desejo de obter os graus acadêmicos levaram Lutero a estudar as
Escrituras em profundidade. Influenciado por sua formação humanista de buscar ir
"ad fontes" (às fontes), mergulhou nos estudos sobre a Igreja Primitiva.
SÉCULO XVI - JOÃO CALVINO: teólogo cristão francês que fundou o Calvinismo,
variante do Protestantismo que viria a ser bem sucedida em países como a Suíça,
Países Baixos, África do Sul , Inglaterra, Escócia e Estados Unidos. Vítima das
perseguições aos protestantes na França, fugiu para Genebra, onde faleceu anos
depois.
SÉCULO XVIII - JONATHAN EDWARDS: desde a infância, apresentava grande
preocupação com a obra de Deus e a salvação de almas. Em Nova Jersey, pregou
seu sermão mais famoso, Pecadores nas Mãos de um Deus Irado.
SÉCULO XIX - CHARLES GRANDISON FINNEY (1792-1875):pregador, teólogo e
avivalista estadunidense. Seu ministério é conhecido por incluir medidas na pregação
e mudar o entendimento teológico do avivamento. Influenciou o pentecostalismo,
especialmente sobre o Batismo no Espírito Santo após a conversão.
12
SÉCULO XX - CLIVE STAPLES LEWIS: foi um autor e escritor norte-irlandês
conhecido pelo trabalho académico sobre literatura medieval e apologética cristã
desenvolvida através de várias obras e palestras. Também conhecido por ser o autor
da famosa série de livros infantis de nome As Crônicas de Nárnia.
SÉCULO XXI - MARTIN LUTHER KING JR: pastor norte-americano, prêmio Nobel,
líder do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos, partidário da
não-violência na luta contra o racismo e ativista político estadunidense. Seu discurso
mais famoso e lembrado é "I Have A Dream (Eu Tenho Um Sonho)".
DIVISÕES DA TEOLOGIA
Por constituir um vasto campo, a Teologia está dividida em muitos
departamentos,tendo em vista facilitar o seu estudo. Vejamos quais são com maiores
detalhes.
TEOLOGIA EXEGÉTICA
Em sentido literal, o termo exegética, vem da palavra grega que expressa “tirar o
sentido para fora do texto”, “sacar” ou “extrair” a verdade. Assim, a Teologia
Exegética procura no estudo do Texto Sagrado trazer à luz o seu verdadeiro sentido.
Aqui, se estuda as Línguas Originais, a Arqueologia Bíblica, Introdução Bíblica e
Hermenêutica Bíblica.
TEOLOGIA HISTÓRICA
Estuda a trajetória do povo de Israel e da Igreja Cristã, a História dos Hebreus e a
História da Igreja. Considera o desenvolvimento histórico da doutrina, mas também
investiga as variações sectárias e heréticas da verdade. Abrange portanto, história
bíblica, história da igreja, história das missões, história da doutrina e história dos
credos e confissões.
TEOLOGIA BÍBLICA
Sistematiza as doutrinas de acordo com as suas ocorrências nas diversas partes
da Bíblia, como são apresentadas por cada escritor sacro. Aqui, se estuda a Teologia
13
Bíblica do Antigo e do Novo Testamentos. A teologia bíblica extrai o seu material
exclusivamente da Bíblia.
TEOLOGIA SISTEMÁTICA
Encarrega-se de coordenar todos os ensinos das Teologias anteriores e
sistematizá-las sob os grandes títulos do estudo teológico. Também conhecida como
Teologia Reformada, estuda Teologia, Cristologia, Paracletologia, Angelologia,
Hamartiologia, Antropologia, Eclesiologia, Escatologia e Soteriologia.
A amplitude de seus estudos é justificada pelo caráter lícito de usar outras fontes,
enquanto verdades, para o estudo da teologia. Por isso, dizemos que a Teologia
Sistemática incorpora, em seu escopo, o exame das ciências naturais.
TEOLOGIA DOGMÁTICA
Estuda-se os credos das igrejas, a Apologética, Polêmica e Ética.
TEOLOGIA PRÁTICA
Sistematiza e ordena a aplicação das doutrinas de modo prático e direto no
homem. Estuda Homilética, Liturgia, Administração Eclesiástica, Educação Cristã e
Missões. Além disso, busca aplicar à vida prática os ensinamentos das outras
teologias para edificação, educação e aprimoramento dos homens.
TEOLOGIA NATURAL
Estuda fatos que se referem a Deus e Seu universo revelados na natureza.
DOUTRINA
Doutrina é definida como um conjunto de princípios que servem de base a um
sistema, que pode ser literário, filosófico, político e religioso. Para os cristãos,
doutrinar é ensinar as verdades fundamentais da Bíblia, organizadamente.
Trata-se do conjunto de princípios que baseiam o cristianismo, compreendendo
ensinamento, pregação, opinião das lideranças religiosas (embasadas em textos
bíblicos), preceito de comportamento e conduta social, referente a Deus, a Jesus, ao
Espírito Santo e Salvação.
14
DOUTRINA E RELIGIÃO
A religião é definida como a um ser supremo, se considerada no sentido piedoso,
religioso. Porém, também pode ser definida em um sentido menos virtuoso, quando
indica a superstição. A adoração religiosa externa consiste em cerimônias que
seguem determinada disciplina religiosa.
E qual a relação entre doutrina e religião? A fim de estabelecê-la, é necessário
comparar as definições de cada uma:
- Doutrina: está relacionada a um conjunto de princípios de ou dogmas de uma
religião.
- Religião: se define como conjunto de crenças ou dogmas relacionados com a
divindade e da relação do homem com essa divindade em sentimento de
veneração e obediência perante Ela. Abrange também normas morais para o
comportamento do sujeito de forma individual e social.
Como a doutrina está relacionada a um conjunto de princípios ou dogmas de uma
religião e a religião diz respeito a um conjunto de crenças ou dogmas relacionados
com a divindade e da relação do homem com essa divindade e abrange também
normas morais para o comportamento do sujeito de forma individual e social, logo
ambas estão inter-relacionadas.
Vale lembrar que o fenômeno religioso está presente em todos os povos, culturas
e civilizações. No entanto as concepções religiosas variam como cada indivíduo ou
coletividade idealiza o mundo superior. De acordo com a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, no Art. XVIII,
“toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento, consciência e
religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a
liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática,
pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em
particular”.
Mesmo que todo homem tenha direito a liberdade religiosa, de acordo com os
ensinamentos bíblicos, podemos mencionar o que está escrito em Salmos capítulo
90 versículos 1 e 2: “Senhor, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração.
Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a
eternidade, tu és Deus”.
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A religião e a doutrina desempenham um papel significativo na vida individual e
social da humanidade. Em um mundo multicultural, é imprescindível respeitar
diferentes valores e pontos de vista diferentes, tendo em vista a liberdade de
consciência, o direito de seguir a religião que desejar, sempre tendo a consciência de
que tem princípios e doutrinas a seguir.
A DOUTRINA NO ANTIGO TESTAMENTO
O Velho Testamento é a parte preparatória de Deus para revelações maiores e
mais profundas ao homem. Deus providenciou uma revelação e mostrou seus
diferentes métodos:
 SONHOS – Joel 2:28: E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre
toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão
sonhos, os vossos jovens terão visões.
 Jeremias 23:32: Eis que eu sou contra os que profetizam sonhos mentirosos, diz
o SENHOR, e os contam, e fazem errar o meu povo com as suas mentiras e com
as suas leviandades; pois eu não os enviei, nem lhes dei ordem; e não trouxeram
proveito algum a este povo, diz o SENHOR.
 VISÕES – Atos 7:31: Então Moisés, quando viu isto, se maravilhou da visão; e,
aproximando-se para observar, foi-lhe dirigida a voz do Senhor, ( Uma Visão
espiritual )
 APARIÇÕES – Isaías 6:1 No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi também ao
Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu séquito enchia o
templo.
A melhor forma de revelação de Deus ao homem sem dúvida é através da
história, da convivência e as experiências adquiridas com Ele. Todo esse período é
dividido entre eras, sendo elas Patriarcal (auge da revelação e protagonizada por
Abraão), Patriarcal, Mosaica e Monárquica).
No Antigo Testamento, a doutrina é dividida entre cinco grandes doutrinas,
sendo elas:
 A Doutrina da Criação;
 A Doutrina de Deus;
 A Doutrina do Homem e do Pecado;
 A Doutrina da Salvação;
 A Doutrina da Criação.
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A DOUTRINA NO NOVO TESTAMENTO
A principal doutrina contida no Novo Testamento é a divindade de Jesus,filho de
Deus: Deus se fez carne e veio habitar entre nós. A partir dela, se desenvolve uma
série de outras doutrinas também importantes. Entre elas, citamos “Reino de Deus”,
“Evangelização”, “Apostolado”, “Oração”, “Amor ao próximo”, “Justificação”, “Vinda de
Jesus”.
A lista pode ser muito maior, pois cada confissão religiosa encontra, sobretudo
no Novo Testamento, as razões para a própria fé e, portanto, toda reflexão teológica
cristã tem como parâmetro essencial aquilo que os escritores inspirados escreveram
nas páginas do Segundo Testamento.
UNIDADE II
A doutrina de Deus é o fundamento metafísico do qual outras doutrinas bíblicas
dependem. Portanto, o cristão deve lutar para alcançar um correto entendimento de
Deus.
DEFINIÇÕES E ATRIBUTOS DE DEUS
Na Teologia, Deus é o Ser Supremo, Espírito Infinito, Eterno, Imutável, dotado
de Sabedoria, Poder, Santidade, Justiça, Bondade, Verdade e Amor, Único, Perfeito,
Criador, Sustentador do universo e Pessoal. Ainda em sua definição, subsiste em
três Pessoas ou Distinções: Pai, Filho e Espírito Santo.
Perante a Bíblia, e conforme o livro, Deus é testemunha entre os homens, zeloso,
misericordioso, único, grande e poderoso, perfeito, verdadeiro, justo e reto, salvador,
excelso em poder, misterioso e eterno, justo juiz, bem presente, santo, a verdade real
e eterna; Espírito, Fiel, Poderoso, único, Amor, verdadeiro em seu Filho Jesus Cristo
e a vida eterna.
Quanto aos seus nomes, a Bíblia registra vários deles, assim como o trata
mencionando Deus no singular. Veja as declarações: “Não tomarás o nome do
Senhor teu Deus em vão” (Êx. 20.7); “Quão magnífico em toda terra é o teu nome!”
(Sl 8.1): “Como o teu nome, ó Deus, assim o teu louvor se estende até os confins da
terra” (Sl 48.10).
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Nos casos mencionados, “o nome” vale por toda manifestação de Deus em Sua
relação com o Seu povo, ou simplesmente pela pessoa, de modo que se constitui
sinônimo de Deus. Segundo o pensamento oriental, jamais um nome era considerado
como simples vocábulo, mas sim, como expressão da natureza da coisa por ele
designada.
Saber o nome de alguém é ter poder sobre ela, por isso, os nomes dos diversos
deuses eram utilizados nos encantamentos para se exercer poder sobre eles. No
sentido mais geral da palavra, o nome de Deus é Sua auto-revelação, um designativo
dele, não como existe nas profundezas do Seu Ser Divino, mas como se revela em
Suas relações com o homem.
Para nós, o nome geral de Deus é subdividido em muitos nomes, fato que
expressa o multiforme Ser de Deus. Nenhum deles é uma invenção do homem, mas
têm origem divina, embora tomados da linguagem humana e derivados das relações
humanas e terrenas. São antropomórficos e assinalam uma condescendente
aproximação de Deus ao homem.
E, com que base estes nomes são aplicados ao Deus infinito e incompreensível?
O que possibilitou tantas atribuições foi o fato de que o mundo, com todas as suas
relações, teve o objetivo de ser uma revelação de Deus. Dado o que O
Incompreensível revelou-se em Suas criaturas, é possível ao homem dar-lhe nome à
maneira de cada uma.
A fim de fazer-se conhecido ao homem, Deus teve que condescender em
nivelar-se ao homem, acomodar-se à limitada e finita faculdade cognitiva e psíquica
humana e falar em sua língua. Se denominar Deus como nomes antropomórficos
envolve Sua limitação, trata-se de uma verdade quanto à revelação de Deus na
criação.
Estudiosos distinguem as diversas denominações entre nomina propria (nomes
próprios), nomina essentialia (nomes essenciais, ou atributos) e nomina personalia
(nomes pessoais; como pai e Filho e Espírito Santo). Para facilitar a identificação,
vejamos quais são os nomes atribuídos a Deus em cada Testamento:
Os Nomes do Velho Testamento e Seu Significado:
 El Shaddai (Deus Todo Poderoso)
 El Elyon (Deus Altíssimo)
 Adonai (Senhor, Mestre)
 Yahweh (Senhor Deus)
 Jeová Nissi (O Senhor Minha
bandeira)
 Jeová-Raah (O Senhor meu pastor)
 Jeová Rapha (O Senhor que cura)
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 Jeová Shammah (O Senhor está lá)
 Jeová Tsidkenu (O Senhor Justiça
Nossa)
 Jeová Mekoddishkem (O Senhor
que te santifica)
 El Olam (o eterno Deus)
 Elohim (Deus)
 Qanna (ciumento)
 Jeová Jiré (O Senhor proverá)
 Jeová Shalom (o Senhor é paz)
 Jeová Sabaoth (O Senhor dos
Exércitos
 El Shaddai (Deus Todo Poderoso)
 El Elyon (Deus Altíssimo)
 Adonai (Senhor, Mestre)
 Yahweh (Senhor Deus)
 Jeová Nissi (O Senhor Minha
bandeira)
 Jeová-Raah (O Senhor meu pastor)
 Jeová Rapha (O Senhor que cura)
 Jeová Shammah (O Senhor está lá)
 Jeová Tsidkenu (O Senhor Justiça
Nossa)
 Jeová Mekoddishkem (O Senhor
que te santifica)
 El Olam (o eterno Deus)
 Elohim (Deus)
 Qanna (ciumento
 Jeová Jiré (O Senhor proverá)
 Jeová Shalom (o Senhor é paz)
 Jeová Sabaoth (O Senhor dos Exércitos)
OS NOMES DO NOVO TESTAMENTO E SEU SIGNIFICADO:
O Novo Testamento tem equivalentes gregos aos nomes apresentados no Antigo
Testamento. Assim, temos:
 Theos (El Elohim e Elyon)
 Pantokrator e Theos Pantokrator (Shadda e El-Shadday)
 Kyrios (Yahweh, Adonai)
 Pater (usado para designar a relação de Deus com Israel)
DEFINIÇÕES DE DEUS
a) Definição Filosófica de Platão: Deus é o começo, o meio e o fim de todas as
coisas. Ele é a mente ou razão suprema; a causa eficiente de todas as coisas; eterno,
imutável, onisciente, onipotente; tudo permeia e tudo controla; é justo, santo, sábio e
bom; o absolutamente perfeito, o começo de toda a verdade, a fonte de toda a lei e
justiça, a origem de toda a ordem e beleza e, especialmente, a causa de todo o bem.
b) Definição Cristã do Breve Catecismo: Deus é um Espírito, infinito, eterno e
imutável em Seu Ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade.
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c) Definição Combinada: Deus é um espírito infinito e perfeito em quem todas as
coisas têm sua origem, sustentação e fim
d) Definições Bíblicas: As expressões "Deus é Espírito" (Jo.4:24) e "Deus é Luz
"(IJo.1:5), remetem à natureza essencial de Deus, enquanto a expressão "Deus é
amor" (IJo.4:7) define Sua personalidade. (ITm.6:16)
OS ATRIBUTOS DE DEUS
Os atributos de Deus são qualidades atribuídas ao caráter divino de acordo com
sua auto-revelação e que nos ajudam a entender quem é Ele. Além da designação
“atributos de Deus”, a Teologia também denomina tal estudo de “qualidades de Deus”
ou “perfeições de Deus”, de modo que devemos entender todas essas expressões
como sendo sinônimas.
Porém, é importante lembrar que Deus não pode ser explicado ou definido de
forma plena e compreensível aos homens. Sob esse aspecto, não há como
expressá-lo de forma adequada com algum atributo e, mesmo o estudo específico o
descreve de forma limitada, pois Ele, em sua plenitude, é completamente
incompreensível para nós.
Algo que precisa ser considerado é que conhecemos Deus apenas com base no
que Ele resolveu nos revelar. Assim, há muito mais que não conhecemos porque
nosso intelecto não consegue compreender ou Ele simplesmente não nos revelou.
No entanto, Ele certamente nos revelou tudo o que de fato precisaríamos saber.
A revelação de Deus aos homens é tão clara que torna qualquer um que a
negligencie indesculpável. Os atributos de Deus, então, nos auxiliam na
compreensão da Sua natureza infinita de Deus em relação ao universo. Ele é
auto-existente, independente e infinitamente exaltado sobre a natureza, nem sofre
limitações por ela.
Para facilitar a compreensão do assunto, os atributos de Deus estão divididos em
duas categorias: atributos incomunicáveis e atributos comunicáveis. Os primeiros,
também chamados de não-relacionados, são aqueles que Deus não compartilha com
nenhuma criatura, ou seja, são atributosexclusivos dele e Ele não os comunicou a
mais ninguém.
Os atributos comunicáveis são aqueles que Deus compartilha, pelo menos em
certa medida, com o homem. Foram impressos na criação da humanidade, e por isso
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o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus. Isto porque Deus comunicou a
Ele alguns de seus atributos, e por portá-los, o homem se parece com Deus em
alguns aspectos.
ATRIBUTOS INCOMUNICÁVEIS
1- Asseidade: significa que Deus é auto-existente, e não necessita de nada nem
ninguém para continuar a existir, ou seja, Ele não depende de ninguém fora de si
mesmo para ser o que é. Obviamente a asseidade de Deus está diretamente ligada a
sua eternidade (Sl 90:1,2).
2- Eternidade: significa que Deus sempre existiu, Ele não foi criado por ninguém e
está acima de qualquer limitação de tempo (Gn 21:33; Sl 90:1,2). Ele não tem
começo nem fim, e existe sem sucessão de momentos, ou seja, para Ele não existe
passado, presente e futuro, pois seu presente é sempre a própria eternidade.
3- Unidade: significa que Deus é um e que todos os atributos dele estão inclusos em
seu ser o tempo todo. A doutrina da Trindade não contradiz esse principio, pois as
três Pessoas distintas formam um único Deus, ou seja, sua essência é indivisível (Dt
6:4; Ef 4:6; 1Co 8:6; 1Tm 2:5).
4- Imutabilidade: significa que Deus não muda jamais, ou seja, tanto Seu ser como
Suas perfeições não sofrem qualquer alteração, e Ele não muda, de forma alguma,
os Seus propósitos e promessas (Tg 1:17). Aqui é importante entender que qualquer
tipo de alteração que as Escrituras pareçam sugerir é apenas figuras de linguagem
para que nós, humanos, possamos compreender de forma mais didática o
relacionamento dele conosco.
5- Infinitude: significa que Deus é infinito em seu ser e não sofre qualquer tipo de
limitação. O tempo e o espaço não podem limitá-lo (1Rs 8:27; At 17:24-28). Talvez a
qualidade da infinitude seja um dos atributos de Deus que apresenta mais dificuldade
de compreensão por parte dos homens. Geralmente os estudiosos entendem que a
infinitude de Deus também aparece revelada através de outros atributos, como a
onipresença, onisciência, onipotência e a eternidade.
6- Onipresença: significa que Deus não é limitado de nenhuma forma pelo espaço.
Sua presença é infinita, de modo que Ele está presente em toda parte com toda
plenitude do Seu ser (Sl 139).
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7- Onipotência: significa que Deus possui todo poder, isto é, seu poder é infinito e
ilimitado. Deus é soberano e capaz de cumprir todos os Seus propósitos (2Co 6:18;
Ap 1:8).
8- Onisciência: significa que Deus conhece todas as coisas de modo completo e
absoluto. Seu conhecimento é infinito e não está sujeito a qualquer limitação. Ele não
precisa pedir nenhuma informação, bem como nunca possui dúvidas (Sl 139; 147:4).
9- Soberania: significa que Deus controla todas as coisas, pois Ele próprio é
soberano e supremo sobre tudo e todos. Ele é quem governa o universo e conduz a
História segundo os seus propósitos eternos. Também é importante saber que a
soberania de Deus não anula a responsabilidade humana, e nem a responsabilidade
humana descaracteriza as ações soberanas de Deus (Fp 2:12,13).
ASPECTOS COMUNICÁVEIS
10- Amor: a Bíblia declara explicitamente que “Deus é amor” (1Jo 4:8). O amor,
como um dos atributos de Deus, deve ser entendido, sobretudo, pelo aspecto do que
os escritores do Novo Testamento chamaram de “amor ágape“, isto é, um amor
profundo e incondicional, que ao mesmo tempo em que revela grande afeição,
também revela cuidado, zelo, correção e abnegação.
O apóstolo Paulo escreveu que o amor de Deus é derramado no coração dos cristãos
genuínos (Rm 5:5). Certamente a maior manifestação do amor de Deus foi enviar
Jesus, seu Filho, para morrer por pecadores. Esse ato imerecido é designado como
graça (Ef 2:4-8). Aqui mais uma vez vale ressaltar que o atributo do amor não anula
os atributos da santidade, justiça e retidão.
A própria obra de Cristo no Calvário deixa isso muito bem claro, pois se por um lado
vemos seu infinito amor ao enviar seu próprio Filho, por outro vemos que esse ato
serviu para satisfazer a sua justiça e santidade. Se Ele fosse mais amor do que
justiça, santidade e retidão, Ele poderia ter perdoado os pecadores sem precisar
sacrificar seu próprio Filho.
Logo, não existe qualquer base bíblica ou fundamentação lógica para dizer que os
demais atributos de Deus estão sujeitos e subordinados ao seu atributo do amor,
resultando, como já foi dito, na heresia do universalismo, ou, em alguns casos, no
próprio aniquilacionismo.
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11- Bondade: esse atributo está diretamente ligado ao atributo do amor, enfatizando
a benevolência de Deus para com suas criaturas. A bondade de Deus também
implica na realidade de que tudo o que Ele faz é essencialmente bom e legítimo,
mesmo que o homem não compreenda (2Cr 30:18; Sl 86:5; 100:5; 119:68; At 14:17).
12- Misericórdia: a misericórdia é outro atributo que também está ligado ao atributo
do amor, e revela a compaixão e piedade Deus para com os miseráveis e
angustiados (Ef 2:4,5). Na verdade, além da misericórdia e bondade (citada acima),
existem várias outras características de Deus que estão relacionadas ao atributo do
amor, como por exemplo, a benevolência, a benignidade e a longanimidade.
Através do capítulo 5 da Epístola aos Gálatas, percebemos que muitos dos atributos
comunicáveis de Deus são compartilhados com os cristãos através do fruto gerado
pelo Espírito Santo.
13- Sabedoria: significa que Deus é infinitamente sábio, de modo que Ele próprio é a
fonte da sabedoria. O profeta Daniel entendeu isso ao dizer que “dele são a
sabedoria e a força” (Dn 2:20; cf. Jó 12:13; Jó 36:5; Sl 147:5; Is 40:28; Rm 11:33).
Além disso, devemos entender que a sabedoria de Deus é completamente superior à
sabedoria dos homens (Is 55:8; cf. Jó 28:12-28; Jr 51:15-17).
14- Justiça: significa que Deus é plenamente justo e perfeito em sua retidão. Não há
injustiça em Deus, e dele não provém nenhum tipo de desigualdade. Ele sempre é
correto, e seus juízos são perfeitos (Sl 11:7; Dn 9:7; At 17:31). Muitos estudiosos
também detalham o atributo da justiça em outras características específicas, como a
retidão e a equidade.
15- Santidade: significa que Deus é completamente separado do pecado, e
totalmente comprometido com sua honra. Ele nunca está relacionado a qualquer
coisa impura ou qualquer comportamento indigno (Is 40:25; Hc 1:12; Jo 17:11; Ap
4:8). O atributo da santidade em Deus exige que os pecadores estejam separados
dele, a menos que estes sejam justificados pelos méritos de Cristo, sendo feitos nele
santo.
16- Veracidade: significa que Deus, e tudo o que provém dele, é necessariamente
verdadeiro, infalível e absolutamente confiável (Hb 10:23), de modo que Ele é o
próprio Deus verdadeiro (Jo 17:3). O atributo da veracidade também expressa a
fidelidade de Deus, ou seja, tudo o que Ele revelou de si mesmo é genuíno, e por ser
fiel, Ele nunca fará nada que afronte a sua própria natureza ou contradiga sua
palavra.
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17- Liberdade: significa que Deus não precisa de nada nem ninguém para fazer o
que quer, ou seja, Ele é completamente livre para executar sua vontade (Mt 11:26; cf.
Is 40:13,14) de acordo com a perfeição de sua natureza, ou seja, apesar de ser
completamente independente e livre, isso não significa que Ele seja livre para pecar,
mentir, deixar de ser Deus ou mesmo morrer, pois trais coisas contrariam seu próprio
ser.
18- Paz: esse atributo de Deus nos revela que nele próprio, ou em qualquer uma de
suas ações, não há nenhum tipo confusão ou desordem. Gideão entendeu essa
qualidade de Deus quando declarou “O Senhor é paz” (Jz 6:24).
A ESSÊNCIA E A NATUREZA DE DEUS
Um bom ponto de partidapara discutirmos o essência de Deus é a criação do
Universo. Nosso conhecimento de Deus se baseia no fato de que Ele criou todas as
coisas: o tempo, o Universo, o mundo físico, toda a matéria, todos os seres vivos,
assim como o mundo do espírito e seus habitantes.
Portanto, Ele Se revelou à humanidade, de uma forma geral, pela Sua criação (o
que se conhece por revelação geral) e, mais especificamente, pela Bíblia (o que se
conhece por revelação especial).
A EXISTÊNCIA DE DEUS
Percebemos que os grandes argumentos contra a existência de Deus tombam
diante de uma análise mais detalhada. Será, todavia, que somente podemos ir pelo
caminho da defesa, ou há muita discussão entre os teólogos se é possível apresentar
provas racionais a respeito da existência de Deus sem o uso da Escritura?
O que deve ser esclarecido é que, se por provas racionais se entende que elas
devem convencer a todos que Deus existe, ou que é o único instrumento do
despertamento espiritual de alguém, então, não existem tais provas. Somente o
Espírito Santo, fazendo uso da revelação, pode convencer alguém da existência de
Deus.
Historicamente, alguns argumentos têm sido formulados para defender a Sua
existência:
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Argumento ontológico - a ideia de um ser superior: Segundo este argumento,
uma das coisas que nos leva a pensar que Deus deve existir é o fato de que todos
têm esta noção em si mesma. Em geral, a ideia que as pessoas fazem de Deus é a
de um ser superior e infinito. A questão é como noções de um ser infinito podem
surgir em mentes de seres finitos? O filósofo e matemático francês Descartes
(1595-1650) não conseguia entender que o homem fosse capaz de criar essas ideias.
Para ele, isso necessariamente precisava ter vindo de fora, ou seja, do próprio Deus.
Argumento cosmológico - toda causa tem um efeito: outra ideia comum e
aceita entre os homens é que todo efeito precisa ter uma causa. Nesse sentido, o
mundo criado é o efeito, enquanto que o criador, a causa. Sendo o mundo tão
grandioso como é, necessariamente precisa ter uma causa grandiosa também.
Este argumento vai além do anterior, que determina apenas a existência de um
ser superior, demonstrando que esse ser superior é também infinito, pois só alguém
infinito poderia ter criado um universo tão grande. Popularmente se diz que o
universo é infinito, mas é claro que de forma absoluta isso não é possível.
Somente Deus pode ser infinito, pois a existência de dois infinitos é uma
contradição. O universo, entretanto, é enorme, além da compreensão do homem. A
existência de um universo tão grande pressupõe a existência de um Deus ainda
maior.
A falha desse argumento tem sido apontada pelo fato de que, se toda causa tem
um efeito, então, Deus também precisaria ter uma causa. A resposta é que Deus é a
causa de si mesmo, ou seja, a causa não causada. Ele é eterno, isto é, existe desde
toda a eternidade.
Argumento teológico - há propósito em tudo o que existe: O mundo não é
caótico, ao contrário, em todos os lugares é possível ver ordem, propósito,
organização e harmonia. O mundo revela um senso de inteligência que não pode ser
ignorado.
Essa noção de organização e inteligência pode ser vista até mesmo nas coisas
mais insignificantes, como na vida dos insetos, ou nas coisas mais sofisticadas, como
na constituição do corpo humano. Toda a simetria, toda a lógica, toda a harmonia
pressupõe uma inteligência maior que tenha planejado tudo.
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A organização do universo pressupõe a existência de um ser inteligente e com
propósitos definidos. Este argumento vai além dos anteriores porque determina a
existência de um ser inteligente e sábio que planejou o universo. A ideia é que pode
ser vista na natureza evidência de um design inteligente.
Argumento moral - há uma ideia moral implícita em todos: em todos nós, há
homens uma noção de certo e errado. Todos almejam por justiça e se irritam com a
injustiça. Tal noção depende do aprendizado recebido durante a vida, mas há um
grau em que esse senso é inato a todos os homens. E de onde ele vem?
A explicação é que a noção é implantada pelo próprio Deus. Somos criaturas
morais e a moral não poderia se originar em nós mesmos, por isso, deve existir um
Deus que a implantou em nós. A evolução não consegue explicar a existência dessa
moral.
Naturalismo irracional: tudo o que é da “natureza” é automaticamente mais
aceito. As pessoas cultuam a mãe natureza, e procuram soluções “naturais” para
seus problemas. A existência humana também tem sido explicada a partir de
elementos naturais. Nesse sentido, evolucionismo e naturalismo são sinônimos.
Trata-se da tentativa humana de explicar a existência do homem sem precisar
apelar para o sobrenatural, para o divino. Contudo, que sentido teria a vida se não
existisse um Deus? Se imaginarmos que tudo é obra do acaso, acreditarmos nas
teorias naturalistas e tudo é produto da evolução, não viemos e nem vamos a lugar
nenhum.
Seríamos apenas um fruto de um acidente cósmico, de uma espécie de
conspiração molecular inanimada.
Irracionalismo puro: diante do que temos sobre naturalismo, a questão que
surge é - será que o naturalismo é racional? Em última instância podemos dizer que o
naturalismo também é questão de fé. Os cientistas não têm provas concretas do que
dizem, porém creem que é verdade.
A primeira observação que pode ser feita sobre o naturalismo é que sua base é
extremamente frágil.Uma pergunta sempre ficará sem resposta no naturalismo: qual
é a causa última de todas as coisas? Nada! Portanto, a única saída para a ciência é
admitir que Deus existe.
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A existência do mal: o principal argumento que um ateu pode usar contra a
existência de Deus é aquele que explora a existência do mal. Segundo ele, Deus
existe, é onipotente, onisciente, onipresente e, acima de tudo, bom. Ademais, existe
o mal e, assim, por que Deus o permite? A Escritura diz que todas as coisas existem
para a glória de Deus. Deus manifesta sua glória ao permitir que o mal exista, pois
sabe como lidar com ele. Ainda devemos lembrar que uma criação testada e
aprovada é mais valiosa do que uma criação que jamais foi testada.
Os pensamentos elevados: a maneira como funciona a mente de Deus é tão
diferente, que seus pensamentos e propósitos se tornam incompreensíveis para nós.
A mente de Deus realmente é diferente da nossa, mas isso não quer dizer que ela
admita contradição. Sua mente é elevada e trata de questões incompreensíveis para
nós, porém tudo o que Deus pensa faz sentido e é perfeitamente lógico.
Amor incompreensível: não compreendemos a maneira como Deus se
relaciona com o homem. A base do seu amor está nele próprio e não nas razões que
o objeto amado oferece. Tanto que “Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o
seu Filho unigênito, para todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna".
Conhecimento revolucionário: o conhecimento que podemos ter de Deus é
algo que emana dEle com o propósito de transformar as pessoas. Integra todas as
partes de nosso ser e produz transformações profundas no caráter, vontade,
sentimentos, pensamentos e ações. Num resumo, é algo que redireciona a vida de
alguém.
A PALAVRA DE DEUS
A PALAVRA DE DEUS COMO PESSOA - JESUS CRISTO
Às vezes, a Bíblia refere-se ao Filho de Deus como a Palavra de Deus. Em
Apocalipse, João vê o Senhor Jesus ressurreto no céu e diz: “Está vestido com um
manto tingido sangue, e o seu nome é a Palavra de Deus”.
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De modo semelhante, no começo do Evangelho de João, lemos “No princípio era
a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus”. João está falando do
Filho de Deus, pois, no versículo 14, diz: “A Palavra tornou-se carne e viveu entre
nós”.
A PALAVRA DE DEUS COMO COMUNICAÇÃO VERBAL
A frase “Palavrade Deus” é muito conhecida e proclamada por quem acredita
Nele. Porém, assume diferentes significados, sem, contudo interferir em seu aspecto
autoritativo.
1. A palavra como pessoa
Nesse caso, especificamente, se refere à pessoa de Cristo. Ele é a palavra
encarnada. Em Apocalipse 19.13 lemos: “Está vestido com um manto tinto de sangue,
e o seu nome se chama o Verbo de Deus” (Ap 19.13).
O tão conhecido texto de Jo 1.1 descreve Cristo da seguinte forma: “No princípio
era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. A pessoa de Cristo
tem a atribuição de revelar o caráter santo de Deus, bem como sua vontade.
2. A palavra como uma comunicação verbal
Essa comunicação verbal aparece de diversas formas na Escritura. A primeira
são os decretos pelos quais eventos ocorrem a partir da ordem de Deus, como a
criação (Gn 1.3,4). A segunda é a aplicação pessoal quando Deus se dirige
diretamente a uma pessoa, como fez com Adão (Gn 2.16-17).
A terceira é aquela comunicada por meio de lábios humanos, como ocorreu
através dos profetas (Jr 1.9). Por fim, a quarta é a forma escrita, como aconteceu
quando Deus entregou as tábuas da lei escritas pelo seu dedo (Ex 31.18).
A palavra escrita, além de registrar as formas já citadas também possui três
vantagens. Uma, é a preservação para as gerações futuras (Ex 17.14) A outra é
proporcionar a possibilidade de estudo (Sl 1.2). E a última é proteger da simples
confiança na memória.
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AS OBRAS DE DEUS
Além de considerar Deus em si mesmo, é preciso analisá-lo em suas obras,
tanto as essenciais quanto as pessoais. As obras essenciais são aquelas que são
realizadas por toda a Santíssima Trindade operando como sendo apenas um Ser. As
obras pessoais são aquelas que são peculiares a uma pessoa em particular.
Tanto as obras essenciais como as pessoais incluem aquilo que somente afeta
[ad intra] e aqueles efeitos percebidos fora de Deus [ad extra]. A primeira espécie não
tem outro objeto [terminus] além de Deus. [A esta espécie pertencem] tais assuntos
como a inteligência pela qual Deus conhece a si mesmo, a geração do Filho e a
procedência do Espírito Santo.
As obras da segunda espécie têm alguns outros objetos além da Santíssima
Trindade. Tais como a predestinação, criação e coisas semelhantes que concernem
às criaturas como objetos externos a Deus. Em relação a obras externas pessoal e
essencial, é necessário pontuar algumas observações:
I. A mesma obra externa é tanto pessoal como essencial de diferentes pontos
de vista. Assim, a encarnação de Cristo, em seu aspecto eterno [inaugurativo]
é uma obra essencial, comum à toda a Trindade; em seu aspecto histórico
[consumativo], é uma obra pessoal apenas do Filho.
Embora o Pai e o Espírito sejam causas da encarnação, somente o Filho
tornou-se encarnado. Do mesmo modo, embora a criação, redenção e santificação
são obras de toda a Santíssima Trindade, todavia, de um ponto de vista, elas podem
ser chamadas de pessoais.
O Pai é chamado criador, porque ele é, como era a origem [fons] da operação da
Trindade, e o Filho e Espírito Santo agem pelo Pai. O Filho é chamado redentor,
porque ele consumou a obra da redenção assumindo a natureza humana. O Espírito
Santo é chamado santificador, porque ele é enviado pelo Cristo como um confortador
e santificador.
II. As obras externas são indivisíveis ou comuns a todas as pessoas. Desta
proposição segue do que foi declarado acima; uma vez que a essência é
comum a todas as pessoas, as obras essenciais também precisam ser
comuns a todos os três.
III. Toda obra específica sempre preserva o mesmo princípio essencial, causa
eficiente e efeito.
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IV. Nem todas as obras cujo objeto é fora de Deus [ad extra] é uma obra
externa. Um decreto de Deus é ad extra naquilo que se refere à criatura ou
alguma coisa além de Deus, mas ela é interna naquilo que ela permanece em
toda a essência de Deus.
V. As obras imanentes e internas de Deus são as realidades [res] e não
diferem da essência de Deus. Tudo o que estiver em Deus é Ele, e como
essência e ser [essentia et esse] não são diferentes em Deus, assim, em sua
vontade e o ato da vontade não são realidades [realiter] diferentes.
OS DECRETOS
Ainda no que toca as obras de Deus, é preciso conceituar a relação entre elas e
seus decretos. Trata-se do terno propósito de Deus, segundo o conselho da sua
vontade, pelo qual, para a sua própria glória, Ele determinou tudo o que acontece.
Embora muitas vezes usado no plural, o decreto é somente um único ato de Deus.
Esse ato é imediato e simultâneo, não sucessivo como o nosso, e a sua
compreensão é sempre completa. Não existem, pois, uma série de decretos de Deus,
mas somente um plano que abrange tudo o que se passa. O decreto de Deus tem a
mais estreita relação com o seu conhecimento.
Ele não refere-se ao ser essencial de Deus, nem às suas atividades imanentes
dentro do ser divino. Deus não decretou ser santo e justo, nem existir como três
pessoas numa essência, nem gerar o filho. Essas coisas são como são
necessariamente e não dependem da vontade optativa de Deus.
Aquilo que é essencial ao ser divino não pode fazer parte do conteúdo do
decreto. O decreto não se limita aos atos realizados pessoalmente por Deus, mas
abrange também as ações das suas criaturas livres. Algumas coisas Deus faz
pessoalmente, outras ele faz com que aconteçam por meios secundários, os quais
ele vitaliza e sustenta pelo seu poder.
Porém, deve-se frisar que o decreto não é o ato propriamente dito. Ou seja, é
necessário fazer a distinção entre o decreto e sua execução. O decreto para criar não
é a criação em si, nem o decreto para justificar é a justificação em si. Ordenar Deus o
universo de tal modo que o homem seguirá certo curso de ação é diferente de
ordenar-lhe que aja desse modo.
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O decreto não é dirigido ao homem e não é de natureza estatutária, tampouco
impõe compulsão ou obrigação à livre vontade do homem. O decreto tem
fundamento na sabedoria divina, é imutável, eterno, universal e abrangente. Mesmo
que haja diferença entre decreto e execução, o estudo do primeiro leva as
considerações quanto ao segundo.
Obviamente, tudo começa a partir da Criação e o conhecimento dessa doutrina
só é aceito pela fé.. Embora a Bíblia apresente um Deus transcendente, ela também
nos lembra que Ele está profundamente envolvido nos assuntos do universo e da
humanidade, começando com o ensino sobre a Criação.
Em distinção à geração do filho, que foi um ato necessário do pai, a criação do
mundo foi um ato livre do Deus triúno. Os Livros Gênesis 1 e 2 trazem o relato
histórico no qual Deus trouxe à existência terra, estrelas, estações, a vida vegetal e
todas as espécies de animais. O homem é a coroa de sua Criação, tanto que o fez a
sua própria imagem.
Deus criou o universo ex nihilo, ou “do nada”. Antes da Criação, nem o tempo
existia, dado que o mundo foi trazido à existência “com o” tempo, antes que “no”
tempo. No geral, a igreja sustenta que o mundo foi criado em seis dias comuns.
Contudo, nomes como Agostinho, afirmavam que os dias seriam eternos, já que
“para o Senhor um dia é como mil anos”.
A Criação é definida como livre ato de Deus pelo qual ele, segundo a sua
vontade soberana e para a sua própria glória, produziu no princípio todo o universo,
visível e invisível, em parte do nada e em parte de material que, por sua natureza,
nada poderia produzir, e assim lhe deu uma existência distinta da sua própria, e,
ainda assim dele dependente.
A crença da Igreja na criação do mundo vem expressa já no primeiro artigo
confissão de fé apostólica: “creio em Deus pai, todo-poderoso, criador dos céus e da
terra”. A Igreja primitiva entendia o verbo “criar” no sentido estrito de “produzir do
nada alguma coisa”.No entanto, nem sempre a escritura usa o hebraico “bará” e o
grego “ktizein” nesse sentido.
Também emprega esses termos para denotar uma criação secundária, na qual
Deus usou material já existente, mas que não podia causar por si mesmo o resultado
indicado. Embora o pai esteja em primeiro plano na obra da criação, esta é também
reconhecida como obra do filho e do Espírito Santo.
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Deus não deixou o universo existir por si mesmo, visto que ele deveras não pode
existir por si mesmo, mas continuamente sustenta sua existência e ativamente
governa sua operação. É uma visão anti-bíblica dizer que Deus criou o universo com
certas leis que governam sua operação.
A posição bíblica é que Deus está sustentando o universo, e controlando os
mínimos eventos dentro dele. Em outras palavras, a totalidade deste universo está
sendo governada por uma mente pessoal, ao invés de poderes ou leis impessoais.
Esta é a doutrina da PROVIDÊNCIA de Deus.
A propósito, os teólogos distinguem Providência Geral e Especial. A primeira
refere-se ao seu controle e supervisão, e precisa dos eventos que Ele causa através
dos meios ordinários. A última refere-se ao seu controle e intervenção precisa dos
eventos que Ele causa através dos meios extraordinários.
Juntos, a providência geral e especial de Deus abraçam cada evento que ocorre.
Paulo escreve que Deus o Pai, através da agência de Deus o Filho, criou, não
somente todas as coisas “visíveis e invisíveis”, mas que “[o Filho] é antes de todas as
coisas, e nele tudo subsiste” (Colossenses 1:17).
Cristo é antes de toda criação, e mesmo agora Ele está sustentando o universo
inteiro. Deus criou o universo por Sua palavra, e mesmo agora Ele está “sustentando
todas as coisas por sua palavra poderosa” (Hebreus 1:3). Paulo observa em Atos
17:28, “Pois nele vivemos, nos movemos e existimos”.
Além de preservar a existência de Sua criação, Deus também governa e causa
todos os aspectos dela. Nem mesmo um animal aparentemente insignificante pode
morrer a parte de Sua vontade (Mateus 10:29). Isto implica que tudo está sujeito ao
Seu governo, e há muitas passagens que descrevem a extensão e o escopo de Sua
supervisão sobre a criação.
DEUS E SUA RELAÇÃO COM A HUMANIDADE
Como Deus se relaciona com o homem? Desde a criação do mundo, o
relacionamento entre Deus e o homem tem sido definido por promessas e requisitos
específicos. Deus revela às pessoas como ele deseja que ajam e também faz
promessas de como agirá com eles em várias circunstâncias.
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A Bíblia contém vários tratados a respeito das provisões que definem as
diferentes formas de relacionamento entre Deus e o homem que ocorrem nas
Escrituras, e frequentemente chama esses tratados de alianças. Podemos
apresentar a seguinte definição das alianças entre Deus e o homem nas Escrituras:
“Uma aliança é um acordo imutável e divinamente imposto entre Deus e o
homem, que estipula as condições do relacionamento entre as partes”.
Apesar da definição incluir indicar que há duas partes, também mostra que o
homem jamais pode negociar com Deus ou alterar os termos desse acordo. Ele
apenas pode aceitar as obrigações da aliança ou rejeitá-las. Sobre isso, há muitos
questionamentos sobre como falar da aliança de obras entre Deus, Adão e Eva no
Jardim do Éden.
A própria palavra aliança não é utilizada no relato de Gênesis. Todavia, as partes
essenciais estão todas lá, considerando um conjunto de provisões que compromete
legalmente e estabelece as condições do relacionamento, a promessa de bênçãos
pela obediência e a condição para obter aquelas bênçãos.
Teólogos falam de outro tipo de aliança, sendo esta firmada entre os membros
da Trindade. A ela, chamam de a aliança da redenção. É um acordo entre Pai, Filho e
Espírito Santo, no qual o Filho concordou em tornar-se homem, ser nosso
representante, obedecer às exigências da aliança das obras em nosso favor e pagar
o preço de nossos pecados.
As Escrituras ensinam sua existência ao mencionar um plano específico e do
propósito de Deus como um acordo entre Pai, Filho e Espírito Santo para obter nossa
redenção. Há, ainda, a aliança da graça, que trata do novo caminho criado por Deus
para que o homem, falho em obter as bênçãos pela aliança das obras, pudesse ser
salvo.
Após o relato da queda em Gênesis, as Escrituras narram como Deus operou um
plano de redenção por meio do qual pessoas poderiam chegar a ter um
relacionamento consigo. Por isso, há várias formas de aliança e seus termos variam
conforme a ocasião. Nos tempos de Adão e Eva, havia uma sugestão de
relacionamento com Deus.
Esse viria na promessa da semente da mulher em Gênesis e na provisão
graciosa, da parte de Deus, de vestir Adão e Eva.
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A DOUTRINA DO HOMEM
Visto que Cristo precede o homem em preeminência, pode parecer que a
doutrina de Cristo mereça receber atenção primeira em relação a doutrina do homem.
Mas, visto que a obra redentora de Cristo permeia seu estudo e que, por seres
humanos, ele fez sua expiação, é razoável estudar primeiramente a doutrina do
homem.
Tal posição encontra embasamento nos atributos humanos que Cristo tomou
sobre si na encarnação. Primeiro, é interessante mencionar que Deus criou o homem
para sua própria Glória com o propósito de cumprir o objetivo da criação humana. O
homem foi criado a imagem e semelhança de Deus.
Mas, o que isso significa? Que o homem tem traços do Criador e o representa.
Veremos isso com maiores detalhes adiante, mas houve o momento da queda
homem, no qual vários elementos desta semelhança se perderam. Resumindo, o
plano de de Deus para a humanidade, em Cristo, é a gradual recuperação de tal
semelhança.
De acordo com as Escrituras, isso se dará mediante a volta de Jesus Cristo. O
termo “doutrina do Homem” é usado tanto na Teologia como na Ciência. O
conhecimento dessa doutrina servirá de alicerce para entender melhor as doutrinas
sobre o ‘pecado’, o ‘juízo’ e a ‘salvação’, as quais se baseiam no homem.
O HOMEM
Iniciaremos as discussões tratando do uso da palavra homem para referir-se a
toda a raça humana, algo veementemente contestado nos dias atuais. Tal
discordância encontram respaldo no argumento de que tal costume desrespeita as
mulheres. Assim, preferem que se referir à raça humana usando termos neutros,
humanidade, seres humanos ou pessoas.
A CRIAÇÃO DO HOMEM
Existem diversas versões acerca da criação do homem, e certamente, nenhuma
questão é mais debatida que essa. O debate sobre a inerrância das Escrituras tem
incluído uma discussão sobre a historicidade da narrativa que Gênesis faz da criação.
Muitos pontos de vista diferentes procuram ser aceitos, alguns defendidos inclusive
por evangélicos.
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Primeiro, vamos tratar das teorias evolucionistas que, por sua vez, se dividem
em evoluções teístas e ateístas. De acordo com as últimas, a evolução significa
simplesmente uma mudança em qualquer direção.Mas como essa palavra é usada
para se referir às origens do homem?
Neste caso, seu significado envolve a origem com base em um processo natural,
tanto no surgimento da primeira substância viva quanto de novas espécies. A teoria
afirma que, bilhões de anos atrás, substâncias químicas existentes no mar,
influenciadas pelo Sol e pela energia cósmica, acabaram unindo-se por obra do
acaso.
A partir daí, deram origem a organismos unicelulares e, desde então, vêm se
desenvolvendo por intermédio de mutações benéficas e de seleção natural, formando
todas as plantas, animais e pessoas. Em suma, a evolução ateísta enxerga a
geração espontânea como a causa original.
Já a evolução teísta vê um poder divino como a causa original e a força diretriz.
A teoria afirma que Deus direcionou, usou e controlou o processo da evolução natural
para ‘criar’ o mundoe tudo o que nele existe. Normalmente, essa visão inclui as
seguintes idéias: os dias da criação de Gênesis 1, na verdade, foram eras.
O processo evolutivo estava envolvido na criação de Adão e, desse modo, a
Terra e as formas pré-humanas são extremamente antigas. Porém, é interessante
frisar que as duas teorias - teísta e ateísta - podem incluir variações acidentais,
seleção natural e transmissibilidade de características adquiridas.
Ainda relacionada a teoria teísta da evolução, temos o criacionismo, isto é, a
ideia da Criação. Ainda que existam variantes no conceito de criacionismo, a principal
característica desse ponto de vista é que ele tem a Bíblia como sua única base. A
ciência contribui para o entendimento sem mudar a interpretação das Escrituras para
acomodar suas descobertas.
Os criacionistas possuem diferentes pontos de vista em relação aos dias da
criação, mas para alguém ser criacionista, é preciso acreditar que o registro bíblico é
historicamente factual e que Adão foi o primeiro homem. A Bíblia não responde a
todas as perguntas que a respeito das origens, mas o que ela revela deve ser
reconhecido como verdade.
Duas características principais do ato da criação do homem destacam-se no
texto bíblico - que ele foi planejado por Deus (Gênesis 1:26), além de ter ocorrido de
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forma direta, especial e imediata (Gênesis 1:27; 2:7). Para justificar o criacionismo, é
usada a evidência da revelação bíblica.
Embora a Bíblia não seja um livro de ciência, sempre que menciona um fato
científico registra-o sem erro. Ademais, tudo o que as Escrituras apresentam como
verdade tem autoridade divina. A criação é apresentada como fato histórico em
muitos lugares das Escrituras.
O começo do primeiro dia ocorre em Gn 1.3. O versículo 2 pode envolver um
enorme período de tempo. As eras geológicas podem ter ocorridos devido a uma
catástrofe (relacionada ou não à queda de satanás) depois da criação inicial, ou
podem ter sido causadas pelo dilúvio.
A ESSÊNCIA DA NATUREZA HUMANA
Como já mencionado, o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. Tais
semelhanças incluem a moralidade, espiritualidade, sensibilidade, inteligência e
capacidade de relacionamento. A natureza do homem tem três teorias explicativas -
tricotomia, dicotomia e monismo.
A tricotomia é a concepção de que o homem é constituído de três partes - corpo,
alma e espírito. A dicotomia é a ideia de que o homem é composto por duas partes -
corpo e alma/espírito. Por fim, o monismo é a concepção de que o homem é
composto de um único elemento e seu corpo é a própria pessoa.
Um dos aspectos da criação do ser humano à imagem de Deus foi sua feitura
como homem e mulher. Embora a criação do ser humano como homem e mulher não
seja o único aspecto à imagem de Deus, ele é tão significativo que as Escrituras o
mencionam logo no mesmo versículo em que descrevem a criação do homem por
Deus.
Podemos resumir da seguinte maneira os aspectos segundo os quais a criação
dos dois sexos representa algo da nossa criação à imagem de Deus: a criação do ser
humano como homem e mulher revela a imagem de Deus em relações interpessoais
harmoniosas, igualdade em termos de pessoalidade, importância, papéis e
autoridade.
Voltando a questão da natureza humana, de quantas partes compõe-se uma
pessoa? Todos concordam que temos um corpo físico, mas muitos acreditam na
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existência de uma parte imaterial, ou seja, uma ‘alma’ que sobreviverá à morte do
corpo. E qual seria a origem da alma?
Sabemos que a primeira alma veio a existir como resultado de Deus ter soprado
no homem o Espírito de vida. A esse respeito, existem três teorias principais:
1. PREEXISTÊNCIA
Deus teria criado todas as almas antes da queda e antes de cessar a sua
atividade criadora. Desse estoque de almas Deus daria a cada corpo uma alma.
• DEFESA: A origem do Imaterial não pode ser material.
• DIFICULDADES: A preexistência não tem respaldo nas Escrituras. Têm
associações com teorias não-Bíblicas como transmigração da alma e reencarnação.
Contradiz os ensinos de Paulo de que todo pecado e morte são resultado do
pecado de Adão (1 Coríntios 15:21 – 22).
2. CRIACIONISMO
Deus estaria criando cada alma em algum momento da fecundação, unindo-se
ao corpo imediatamente. A alma se tornaria pecaminosa por causa do contato com a
natureza humana, pela culpa herdada dela.
• DEFESA: Passagem das Escrituras que falam de Deus como criador da alma e do
espírito: Números 16:22; Salmo 104:30; Eclesiastes 12:7; Zacarias 12:1; Hebreus
12:9. A alma (imaterial) não pode ser meramente transmitida. Explica porque Cristo
não assumiu a natureza pecaminosa de Maria.
• DIFICULDADES: A atividade criadora de Deus cessou no sexto dia em Gênesis
2:1 – 3, e não pode ser que Deus crie uma alma diariamente, a cada hora e
momento. Por que Deus criaria uma alma pura para colocá-la numa situação de
pecado e provável condenação eterna?
3. TRADUCIONISMO
A Raça Humana foi criada em Adão, tanto o corpo como a alma, e os dois são
propagados a partir dele pelo processo de geração natural.
• DEFESA: Esta teoria se harmoniza perfeitamente com as Escrituras, com a
Teologia e com uma concepção correta da natureza humana. No Salmo 51 Davi
reconhece que herdou a alma depravada de sua mãe; em Gênesis 46:26, almas
que descenderam de Jacó; em Atos 17:26, Paulo nos ensina que Deus “de uma
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vez fez toda a raça humana”. É melhor explicado o “pecado hereditário” e a
“transmissão da natureza pecaminosa”.
A IMAGEM DE DEUS NO HOMEM
O homem foi criado a semelhança de Deus em caráter e personalidade. Vejamos
como isso se dá:
1. Parentesco com Deus.
A relação de Deus com as primeiras criaturas viventes consistia em essas, de
maneira inflexível, obedecer aos instintos implantados pelo Criador; mas a vida que
inspirou ao homem foi resultado verdadeiro da personalidade de Deus. Por mais que
se tenha o homem degradado, ainda ele reconhece que deveria estar em plano mais
elevado.
2. Caráter Moral.
O reconhecimento do bem e do mal pertence somente ao homem. Esse sentido
está resumido naquele curto, mas precioso “deve”, tão cheio de significado. É o mais
nobre de todos os atributos do homem.
3. Razão.
O animal è meramente uma criatura da natureza; o homem é senhor da natureza.
A tragédia da história è essa que o homem tem usado esse dom para propósitos
destrutivos, até mesmo para negar o Criador que o fez uma criatura pensante.
4. Capacidade para imortalidade.
A existência da árvore da vida no Jardim do Éden indica que o homem nunca
teria morrido se não tivesse desobedecido a Deus.
5. Domínio sobre a terra.
O homem foi designado para ser a imagem de Deus com respeito à soberania, e
como ninguém pode ser monarca sem súditos e sem reino, Deus deu-lhe tanto um
“império” como um “povo”. O homem tem enchido a terra com suas produções. È um
privilégio subjugar o poder da natureza a sua própria vontade.
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A queda do homem resultou na perda e no desfiguramento da imagem divina.
Isto não quer dizer que os poderes mentais e psíquicos (a alma) foram perdidos, mas
que a inocência original e a integridade moral, nas quais foi criado, foram perdidas
por sua desobediência. Portanto, o homem è absolutamente incapaz de salvar-se a si
mesmo.
Está, então, sem esperança, a não ser por um ato de graça que lhe restaure a
imagem divina. Embora tenhamos argumentado acima que seria difícil definir todos
os aspectos em que somos semelhantes a Deus, podemos assim mesmo mencionar
vários aspectos que nos revelam mais parecidos com Deus do que todo o restante da
criação.
Assim, podemos mencionar os aspectos morais, mentais e espirituais envolvidos
na semelhança do homem perante a Deus:
a) ASPECTOS MORAIS: somos criaturas moralmente

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