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Imunodeficiência Viral Felina (FIV) A AIDS dos felinos... Epidemiologia Variável Presente em vários países Vários subtipos – A, B, C, D, E 1-14% dos gatos são assintomáticos 44% dos gatos são sintomáticos (observar o felino que sempre fica doente) Vírus Retrovírus do gênero Lentivírus Mesma família e subfamília do HIV – NÃO EXISTE POSSIBILIDADE DE ZOONOSE! Felino é teste de uso para humanos Tropismo pelos linfócitos T CD4, pouca afinidade com linfócitos T CD8 Quem são os Linfócitos? O linfócito é o “General” do sistema imune, é o que manda informação para as demais células trabalharem – Vêm uma célula apresentadora de Antígeno, o linfócito T manda essa informação aos linfócitos B e linfócitos B de memória (permanente) para produção de Ac. Sem o linfócito T não haverá comando para o sistema imune defender o organismo, ou seja, produzir anticorpos. Como o vírus entra na célula? Vírus envelopado, formado por capa proteica e material genético formado por RNA (fita simples). Na célula (linfócitos) se liga aos receptores CD4, se abrem e mandam seu material genético (RNA) para dentro da célula, juntamente com uma enzima chamada transcriptase reversa. Dentro do núcleo da célula do linfócito existe DNA (de fita dupla), para se ligar e modificar o material genético do linfócito, a enzima transcriptase reverte a fita simples de RNA em um DNA (fita dupla) no citoplasma da célula. O DNA viral consegue entrar dentro do núcleo e se ligar ao material genético da célula. Cada vez que a célula ler proteína ou quaisquer informações, ela lê informações também do vírus, e produz mais transcriptase reversa, ou seja, produz cada vez que trabalha mais vírus. Transmissão Principal forma: Mordidas – inoculação do vírus no tecido. Animal que volta da rua com abscesso, após 2-3 meses são positivos para FIV. No ambiente não sobrevive, sofre ressecamento. Não é capaz de ser transmitido por saliva. Mais comum em machos na proporção de 3:1 – maiores brigas por defesa de território. Animal que volta da rua com abscesso, após 2-3 meses são positivos para FIV. Pode ficar de 8 a 10 anos sem manifestar a doença. Verificar a presença de cicatrizes é importante para o histórico da doença. Outras formas de transmissão: Transfusão sanguínea. Qualquer animal com anemia que precisa de transfusão, sempre realizar o teste no doador. Material hospitalar – sem esterilização. Cuidado com materiais de reutilização principalmente em castração. Transmissão venérea – região de lesão na vulva da fêmea em contato com pênis. Macho também pode transmitir durante a reprodução pelo ato de morder a fêmea. Transmissão gestacional não ocorre por defesa da placenta, porém durante a passagem no canal do parto pode haver contato do sangue da mãe com o filhote. Importante realizar a Cesária! Fatores de risco Semi domiciliados (acesso à rua) Menos sociais (bravos) Machos jovens não castrados Colônias – mais que cinco gatos já é um risco. Estresse – sistema imune comprometido. Como o vírus age no organismo? Com a inoculação do vírus, este através das células de defesa (linfócitos T, linfócitos B e macrófagos) é disseminado para os órgãos linfoides, que aumenta a viremia (de 8 a semanas após inoculação - depende da produção de Ac que podem estar presentes de 2 a 4 semanas após inoculação), ou seja, sua circulação pelo organismo. Haverá redução de CD4 por destruição apoptótica e alterações de citocinas que mandam informações de um linfócito para outro. No momento da viremia, ocorre redução da atividade do CD8, por falta de informação do CD4. Aumenta cada vez mais a disfunção imune, abrindo portas para infecções oportunistas. Pode ocorrer neoplasias pelo fato do vírus entrar dentro do núcleo da célula e modificar seu material genético codificando informações e causando rapidamente mutações na célula. Progressão depende do sistema imune da idade do animal, do subtipo viral, da quantidade inoculada e via de transmissão. Sinais clínicos Fase aguda – após mordida Dias a semanas Febre leve, letargia, linfoadenomegalia periférica (inespecífico) Teste pode dar negativo Pode ter neutropenia (raramente) Fase de latência ou assintomática De 4 a 6 anos – ou feliz para sempre Silencioso – NADA ACONTECE Após estresse, sistema imune baixo Início da fase de imunodeficiência De meses a anos Acontece de tudo um pouco – felino com cara de AIDS O animal que é atendido sempre – em um dia tem gripe, outro dia tem diarreia, no outro problema de pele, etc... Aumento de linfonodo, febre, apatia, leucopenia, anemia, anorexia, perda de peso (crônica). Infecções oportunistas – bactérias, vírus, protozoários, fungos... Mortalidade baixa Responde ao tratamento Gripe (secreção mucopurulenta), Sarna, Uveíte (região nublada no olho - terceira causa por FIV), Esporotricose, Complexo gengivite estomatite faringite – hiperplasia gengival e vermelhidão (70% são FIV), devido acúmulo de placa. Falcite grave (dor de garganta, saliva com sangue) – animal com apatia e anorexia. Primeiramente fazer limpeza dentária, orientação extrair os dentes (deixar as presas). Utilizar interferon, corticoide (1-2mg/kg dose não imunossupressora) e antibiótico Doença Renal Crônica – deposição de imunocomplexos (Antígeno ligado ao Anticorpo), em vasos menores (glomérulo) através de citosinas sinalizam para células de defesa a presença do vírus. As células de defesa vão até o rim e os combatem de forma intensa, destroem o vírus, porém causam lesão no glomérulo. Filhotes ou animais jovens com DRC, pesquisar FIV! Final – Fase de Imunodeficiência Fase que acontece tudo e nada resolve Alta carga viral Imunodeficiência Perda de peso acentuada Infecções oportunistas e não responsivas (pneumonia, doenças de pele, etc...) Leucopenia persistente Anemia crônica Mortalidade crônica Sem produção de Ac Linfócitos sem função Fase de imunoestimulação Neoplasias – superprodução de células Linfossarcoma de células B Mieloproliferativas – leucemias Relato de carcinoma de células escamosas (não comum) Tratamento? Tratamento de neoplasia mais comum é com imunossupressor. Porém, felinos com FIV se você imunessuprime, você aumentará a carga viral. É complexo o tratamento! Sinais Neurológicos Tropismo pelos astrócitos e micróglia Mudanças comportamentais Padrão de sono perturbado Aprendizagem prejudicada Paresia Convulsão (perda de consciência, movimentos involuntários como andar em círculo e urinam) Diagnóstico Elisa – teste rápido (snap) Uma tira = controle Duas tiras = positivo Marcação de controle – marcação em “bolinhas” (Indexx) Uma bolinha= controle Bolinha na esquerda = FIV Bolinha na direita = FELV FIV – positivo para presença de Ac PCR – pesquisa de antígeno. Não encontra todos os subtipos, pode dar falso negativo. Se o snap der negativo e o contato foi recente... Repetir 60 dias após contato a literatura relata que pode dar negativo até 6 meses) Se o snap der negativo e você acha que é... Pode ser fase terminal – não produzir mais anticorpos, não produz mais células de defesa. Troca de teste! Se o snap é positivo e você acha que não é... Filhote= Presença de Ac maternos até 16 semanas de idade (a literatura relata até 2 meses) Espera um pouco mais para realizar o teste Cuidado com sangue total, pode dar falso positivo – coletar o sangue e deixar decantar ou centrifugar, usar sempre o soro sanguíneo. No EUA existe vacina de FIV – cuidado se o animal vem de fora do país, também pode dar falso positivo pela presença de Ac vacinais. Prognóstico Muito variável Pode ser boa, depende de vários fatores como presença de doenças secundárias, subtipo viral e fase de evolução no momento de diagnóstico. Se o tratamento não resolve e o animal tem perda de peso (fase final) – prognóstico ruim Animais jovens – prognóstico ruim Tratamento Não existe Proteção contra infecções – animal não morre de FIV, morre de outras infecções. Podem ser graves e estimular a progressão do FIV devido a estresse etratamento com corticoide (evitar uso). Animais com gripes, os protocolos são maiores e as doses mais altas (maiores dias de tratamento) Animal vêm para checkup e medição de peso a cada 6 meses (é sutil a perda de peso) Vacinação? Vacinar para outras doenças como rinotraqueite, porém com uso de vacinas inativadas ou mortas. Resposta é menor, porém o pouco de Ac que é produzido, será bom. Antiviral – AZT Reduz a carga viral (trabalha na transcriptase reversa) Maior qualidade de vida – menos estomatite e sinais neurológicos Bem tolerado (até 2 anos de uso) Efeitos colaterais: anemia e anorexia (raramente) Medicamento proibido no Brasil Imunomoduladores Interferon humano – doses baixas V.O – 30 UI/gato Uso: um dia sim, um dia não; semana sim, semana não. Produção de Ac em altas doses (usar doses baixas) Prolonga a sobrevivência das células T CD4 Interferon felino – mais eficaz Virbagen Omega ® Não tem no Brasil Registro de atividade in vitro Complexo gengivite estomatite faringite - vários estudos indicam seu uso para o favorecimento na redução da inflamação. Filgrastin Fator estimulador de colônias de granulócitos Estimula a medula óssea a produzir mais células para defesa imune, porém não se usa. Aumenta a carga viral toda vez que produz novas células. Usa somente quando há uma profunda neutropenia (sepse e internação) – maior progressão da AIDS. Manejo do gato positivo Eutanásia? Existe animais que vivem bem, não é mais a principal recomendação Fazer a castração principalmente, diminuir acessos a ruas - na castração usar antibiótico! Não colocar animais em infectocontagiosos – após higiene do local e ao manejar outros gatos. Prevenção de contactantes Nos EUA existe vacina para FIV – discussão se a vacina é eficaz contra todos os subtipos Atrapalha no diagnóstico – vacinar somente se tem certeza que o animal é negativo. Então quer dizer... Que gatos que tem complexo gengivite estomatite gengivite 70% deles são FIV positivos, os demais são FELV Terceira maior causa de uveíte é a FIV, sendo a segunda maior causa FELV. Doenças oportunistas ou animais que sempre vivem doentes, ou seja, miou, teste para FIV e FELV.
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