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Módulo III: Cálculos Estequiométricos I Nome da Disciplina: Cálculos Básicos em Química Módulo III: Cálculos Estequiométricos I Professor Conteudista: Marco Antonio Verzola Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2018. Guia de Estudos – Módulo III –Cálculos Estequiométicos I 1. Equações químicas (lei da conservação das massas) e balanceamento das equações 2. Reações de combinação e decomposição, combustão, cálculos estequiométricos envolvendo substâncias puras 3. Cálculo com reagentes impuros, rendimento das reações e cálculos com reagente limitante Conversa Inicial Nesse módulo, buscaremos entender as equações químicas, a lei da conservação das massas, compreendendo como balancear as equações e estudar algumas reações químicas classificadas de combinação, decomposição e de combustão. Além disso, serão estudado os cálculos estequiométricos envolvendo substâncias puras, reagentes impuros, rendimento das reações e cálculos com reagente limitante. Isso trará a compreensão de onde utilizar o que foi estudado até o momento nessa disciplina e a realização dos cálculos para o desenvolvimento das reações químicas. Espero que tenham um bom aproveitamento deste módulo e façam as atividades para praticarem o que foi estudado. Bons estudos! Módulo III - Cálculos Estequiométricos I 1) Equações químicas (lei da conservação das massas) e balanceamento das equações O estudo das fórmulas e equações químicas é necessário para os trabalhos com cálculos estequiométricos realizados nos próximos capítulos. Uma reação química é o processo de mudança química, uma transformação das substâncias iniciais (reagentes) para a formação das substâncias finais (produtos). Essas substâncias podem ser representadas por fórmulas químicas utilizando os elementos químicos da tabela periódica vista no módulo I. As reações são descritas por equações químicas, sendo do lado esquerdo os regentes e do lado direito os produtos: aA + bB → cC + dD As equações fornecem as sustâncias presentes na reação e o estado físico de cada matéria, sendo sólido (s), líquido (l), gasoso (g) e o meio aquoso (aq.), em água. Além disso, a seta na equação indica qual o sentido da reação química, e elas podem ser representadas como uma seta simples (→), como também uma seta dupla de equilíbrio químico ( ↔ ). Algumas equações podem aparecer com a letra grega Δ (delta) sobre a flecha indicando a presença de altas temperaturas; pode ainda ocorrer a presença de catalisadores. De forma geral: CaCo3(s) ⟶ CaO(s) + CO2(g) Para que essa reação forneça informações corretas é necessário fazer o seu balanceamento, ou seja, verificar se cada elemento químico da substância tem a mesma quantidade de átomos nos reagentes e nos produtos. Se não tiver, deve-se alterar os números inteiros que ficam na frente das fórmulas, chamados de coeficientes estequiométricos que indicam a proporção com que as espécies reagem e se formam. Todo coeficiente indicado na frente do composto, multiplica as quantidades de átomos presentes na fórmula; quando esse coeficiente for 1 não é necessário escrevê-lo. Exemplo: 2 H2 + O2 ⟶ 2 H2O Nessa equação, reagem duas moléculas de hidrogênio (H2) com uma molécula de oxigênio (O2) para formar duas moléculas de água (H2O). Os índices inferiores não são mudados ao balancear uma equação. Dessa maneira, realiza- se a multiplicação do coeficiente estequiométrico com o índice inferior do átomo, como no 2 H2 ficando 2 x 2 = 4 átomos de hidrogênio. Geralmente, uma equação balanceada deve conter os menores coeficientes inteiros possíveis. Na equação abaixo a reação de sódio metálico com a água, produz gás hidrogênio e hidróxido de sódio, porém não está balanceada, pois a quantidade de hidrogênios nos reagentes são dois e nos produtos três: Na (s) + H2O(l) ⟶ NaOH(aq) + H2(g) Assim, realizamos o balanceamento colocando o coeficiente da molécula de água sendo 2 para que os números de hidrogênios fiquem iguais dos dois lados da seta, e também será necessário balancear os outros átomos devido a alteração feita. 2 Na (s) + 2 H2O(l) ⟶ 2NaOH(aq) + H2(g) . Os coeficientes estequiométricos devem ser números inteiros, mas pode ocorrer de se usar coeficientes fracionários no balanceamento químico, por exemplo nessa reação de 1 mol de H2: H2(g) + O2(g) ⟶ H2O(l) O balanceamento de uma equação é fundamental para a realização dos cálculos em química, pois se não estiverem corretos, os cálculos produziram resultados errados. Um dos métodos para se realizar esses balanceamentos é o método das tentativas, porém temos de respeitar algumas regras que nos orientam sobre a sequência para realiza-lo: • Deve-se começar a balancear os átomos dos elementos metálicos que estiverem na fórmula (geralmente são os que estão em menor quantidade). • Em seguida os átomos dos elementos não-metálicos (deixando para o final o ajuste dos átomos de hidrogênio e oxigênio). • Em terceiro lugar ajustar os átomos de Hidrogênio. • E por último ajustar os átomos de Oxigênio. (BRAATHEN, 2011) Esse método auxilia-nos no balanceamento da maioria das equações químicas, mas existem outros tipos de reações como as de oxirredução que é necessário o balanceamento dos átomos e das cargas, ou seja, do número de elétrons perdidos e ganhos para ser chegar em um resultado geral. Uma equação química balanceada demonstra as mudanças qualitativa e quantitativa que ocorrem em uma reação química. Os coeficientes estequiométricos mostram os números relativos aos mols dos reagentes e produtos que tomam parte da reação (ATKINS, 2007). ______________________________________________________________ PERGUNTA: Faça o balanceamento da seguinte equação determinando os coeficientes não fornecidos: _Fe (s) + _O2(g) ⟶ _Fe2O3(s) _______________________________________________________________ Inicie a contagem dos átomos observando os dois lados da seta, começando do metal se tiver ou dos não metais, nesse caso será do metal ferro (Fe). Do lado direito existem dois átomos de Fe e do lado esquerdo apenas um átomo. Para aumentar a quantidade de átomos de Fe do lado esquerdo colocamos o coeficiente 2 na frente do Fe. 2 Fe (s) + _O2(g) ⟶ _Fe2O3(s) Esta escolha é uma tentativa inicial, agora faremos a contagem para o oxigênio pois não tem hidrogênio nessa equação, no qual do lado direito tem três átomos de oxigênio e do lado esquerdo somente dois. Assim, é necessário colocar um coeficiente na frente do O2 que multiplicado por 2 de um valor ou com a mesma quantidade do lado direito, ou se não for possível, deve colocar um coeficiente na frente do Fe2O3 para que a multiplicação acerte os valores. Dessa maneira, colocaremos o coeficiente 3 na frente do O2 do lado esquerdo tendo assim 6 átomos de oxigênio, e do lado direito vamos ter que colocar o coeficiente 2 na frente da molécula Fe2O3, pois com a multiplicação teremos 6 átomos de oxigênio também. 2 Fe (s) + 3 O2(g) ⟶ 2 Fe2O3(s) Entretanto, é necessário voltar e recuperar o balanceamento dos átomos de Fe do lado esquerdo colocando o coeficiente 4 ao invés do 2 ficando correto agora o balanceamento. 4 Fe (s) + 3 O2(g) ⟶ 2 Fe2O3(s) A equação está balanceada, a quantidade de cada átomo dos elementos químicos do lado esquerdo é a mesma que do lado direito. __________________________________________________________Síntese Para a representação das reações químicas estudadas, as fórmulas das substâncias são colocadas em equações, tendo do lado direito da seta os produtos e do lado esquerdo os reagentes. Um importante conceito estudado para o desenvolvimento dos cálculos estequiométricos é a lei da conservação da massa, que se resume na massa total dos produtos de uma reação química é a mesma massa total dos reagentes, pois os átomos se reorganizam formando outras moléculas, mas não deixam de existir. Sendo que, cada tipo de elemento químico de um lado da equação (direita) tem que ter a mesma quantidade deles do outro lado (esquerda). Uma equação química irá mostrar as quantidades de átomos corretos através do seu balanceamento químico, utilizando coeficientes estequiométricos inteiros ou fracionários (quando precisar) na frente das fórmulas químicas para os reagentes e produtos da reação, não havendo a troca dos índices inferiores nas fórmulas. Para a realização do balanceamento químico existe algumas regras que ajudam no momento das tentativas para encontrar o coeficiente correto. O coeficiente estequiométrico adicionado na equação representa também a quantidade de mols de determinada molécula na reação química. 2- Reações de combinação e decomposição, combustão, cálculos estequiométricos envolvendo substâncias puras Como já estudado no capítulo anterior, interpreta-se uma reação química através de sua equação balanceada, no qual é possível prever os produtos de algumas reações sabendo somente seus reagentes. Dois tipos de reações que serão vistas agora são as reações de combinação e de decomposição. Nas reações de combinação duas ou mais substâncias reagem para formar um único produto: A + B → C Exemplo: C(s) + O2 (g) → CO2(g) Na reação de decomposição, ocorre a quebra de um único reagente para formação de duas ou mais substâncias, no qual muitos compostos reagem dessa maneira quando aquecidos. Por exemplo: C → A + B PbCO3(s) → PbO (s) + CO2(g) Outro tipo de reação a ser estudada são as reações de combustão, a qual são reações que tem como reagente o O2 , chamado de comburente, e o outro composto, que é o combustível, consumido na reação. Se uma determinada reação tiver como combustível um hidrocarboneto (compostos que contém apenas carbono e hidrogênio) e reagir com o oxigênio presente no ar (comburente), a reação produzirá CO2 e H2O, sendo chamada de reação de combustão e completa. Exemplo: Combustível: gás butano - C4H10 2 C4H10(g) + 13 O2(g) → 8 CO2(g) + 10 H2O(g) + calor Gás butano entra em combustão, por exemplo, quando acendemos um isqueiro comum. A faísca provoca a reação do butano com o oxigênio do ar, resultando em uma chama azul. Entretanto, quando não houver uma quantidade suficiente de O2 presente na reação para reagir com todo o combustível, ela ocorre de forma incompleta produzindo CO (gás tóxico) e H2O. Exemplo: combustão incompleta do gás butano: C4H10(g) + 9 O2(g) → 8 CO(g) + 10 H2O(g) E por fim, se a quantidade de oxigênio for mais restrita, haverá a formação de carbono (C), como partículas finas chamadas de fuligem. Exemplo: combustão incompleta do gás butano: C4H10(g) + 5 O2(g) → 8 C(g) + 10 H2O(g) Para efeitos dos cálculos que iremos realizar, considere sempre uma combustão completa, a menos que o exercício especifique o contrário. _______________________________________________________________ PERGUNTA: Escreva a equação balanceada para a reação que ocorre quando o metanol, CH3OH (l), é queimado ao ar. _______________________________________________________________ Quando qualquer composto contendo C, H e O sofre combustão, ele reage com o O2 (g) do ar para produzir CO2 (g) e H2O (g). Assim, a equação não balanceada é: CH3OH (l) + O2(g) ⟶ CO2 (g) + H2O (g) Para começar o balanceamento, observamos o carbono, uma vez que CH3OH tem apenas um átomo de C, podemos começar o balanceamento usando o coeficiente 1 para o CO2. Já que o CH3OH tem quatro átomos de H, colocamos um coeficiente 2 na frente de H2O para balancear os átomos de H: CH3OH (l) + O2(g) ⟶ CO2 (g) + 2 H2O (g) Com esse ajuste, temos quatro átomos de O junto dos produtos e três junto dos reagentes. Podemos utilizar o coeficiente fracionário na frente do O2 para obter quatro átomos de oxigênio do lado dos reagentes. CH3OH (l) + O2(g) ⟶ CO2 (g) + 2 H2O (g) A equação está balanceada, mas a forma mais comum é sem a parte fracionária, assim, multiplica-se toda a equação por 2 e elimina a fração: 2 CH3OH (l) + 3 O2(g) ⟶ 2 CO2 (g) + 4 H2O (g) ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- Quando analisamos quantitativamente as reações químicas, estamos analisando a estequiometria dessas reações. E afinal o que é estequiometria? Esse termo que está sendo mencionado nessa disciplina, nada mais são do que os cálculos das quantidades ou medidas das substâncias envolvidas em uma reação química. Em uma equação química balanceada observa-se a proporção entre os mols das substâncias, baseando-se nos coeficientes estequiométricos estudados anteriormente. Dessa maneira, é possível transformar essas quantidades em mols para massa, ou volume (no caso de gases). O volume de 1 mol de qualquer gás ideal nas condições normais de temperatura e pressão (CNTP), é de 22,7 L, sendo que se mudarem as condições, é necessário utilizar a equação dos gases ideais (MAIA, 2007). A massa molar (MM) de cada substância é obtida através de cálculos conforme demonstrado no módulo 1, utilizando-se a tabela periódica. Como já estudamos as etapas que precisamos para chegar até aqui, vamos aos cálculos estequiométricos envolvendo substâncias puras e com rendimento de 100%. Exemplo: Com 5,00 g de gás butano, na presença de excesso de oxigênio, quantos gramas de gás carbônico serão liberados para o meio ambiente? 2 C4H10(g) + 13 O2(g) → 8 CO2 (g) + 10 H2O(g) Para responder esse tipo de exercício sempre coloque as informações dadas pelo problema em baixo das substâncias correspondentes na equação, inclusive qual ele quer como resposta, prestando atenção nas unidades fornecidas, que devem ser mesmas quando estão do “mesmo lado da equação”, isso facilita a visualização das informações para resolver a questão. Este exercício podemos fazer de duas maneiras: na primeira iremos utilizar a equação do número de mols (n). Inicialmente vamos calcular quantos mols (n) de C4H10 há em 5,00 g dessa substância: A massa molar (MM) do C4H10 é: 12,0 x 4 + 1,01 x 10 = 58,1 g/mol Agora substituindo esses valores na equação temos: = 0,0861 mols de C4H10 A equação balanceada informa que 2 mols de C4H10 produzirão 8 mols de CO2, assim através da regra de três podemos fazer a relação a seguir para encontrar a quantidade de mols de CO2 em 5,00 g: 2 mol C4H10 ---------------- 8 mol CO2 0,0861 mol C4H10 ------------------------- X mol CO2 Agora sabendo que a massa molar do CO2 é: 12,0 + 16,0 x 2 = 44,0 g/mol, basta calcular a massa de CO2 liberados para o meio ambiente utilizando novamente a equação do número de mols (n): m = 15,1 g de CO2 Outra maneira mais rápida de responder esse exercício é realizando uma regra de três já de início, que se observarmos na equação química dada e os dados que colocamos sob as substâncias, praticamente ela já está pronta. Veja: 2 C4H10(g) + 13 O2(g) → 8 CO2 (g) + 10 H2O(g) Se o exercício solicitar a informação em gramas e os dados fornecidos também estão expressosem gramas podemos utilizar as informações (em gramas) das substâncias mencionadas no exercício da equação, como sendo a primeira linha da regra de três e as informações dadas como sendo a segunda linha: 2 C4H10 -------------- 8 CO2 5,00 g C4H10 ------------- X g CO2 Os valores que irão na primeira linha são as massas molares de C4H10 e de CO2 que podemos calcular utilizando a tabela periódica. Vamos utilizar os valores já calculado de MM na primeira resolução desse exercício. MM C4H10 = 58,1 g/mol MM CO2 = 44,0 g/mol Assim, substituímos na regra de três e multiplicamos o coeficiente estequiométrico correspondente para cada substância: 2 x 58,1 C4H10 --------------- 8 x 44,0 CO2 5,00 g C4H10 ------------- X g CO2 Resolvendo essa regra de três teremos o valor em gramas de CO2. 116,1 -------------- 352,0 5,00 -------------- X 116,1 X = 1760 X = 1760/116,1 X = 15,1 g de CO2 Neste exemplo trabalhamos com cálculos estequiométricos para substâncias puras; mais adiante serão estudados as substâncias impuras e com um rendimento menor que 100%. _______________________________________________________________ PERGUNTA: Quantos gramas de água são produzidos na oxidação de 1,00 g de glicose, C6H12O6? C6H12O6 (s) + 6 O2(g) ⟶ 6 CO2 (g) + 6 H2O (l) _______________________________________________________________ Primeiro vamos converter a quantidade de número de mols de C6H12O6 para gramas e depois faremos em sequência a regra de três: Observa-se na equação balanceada as proporções de glicose e água: sendo 1 mol de C6H12O6 para 6 mol de H2O. A massa molar (MM) do C6H12O6 é: 180 g/mol. Substituindo esses valores na equação temos: 1 mol C6H12O6 ---------------- 6 mols H2O ou 180 g C6H12O6 --------------------------------- 108g H2O Em 1,0 g de C6H12O6 ----------------------- x g de H2O X = 0,6 g de H2O são formadas ou liberadas quando 180 g de glicose reagem ______________________________________________________________ Síntese Neste capítulo do módulo III, estudamos alguns tipos de reações químicas como as de combinação, nas quais dois reagentes combinam-se para formar um produto; reações de decomposição, em que um único reagente forma dois ou mais produtos; e por último as reações de combustão, que em presença de oxigênio (chamado de comburente) e um combustível (exemplo um hidrocarboneto), reagem entre si para formar CO2 e H2O (combustão completa). Além disso, estudamos como é possível determinar a quantidade de reagentes e produtos envolvidos em uma reação química, fazendo uma relação da massa com o número de mols. Assim, em um cálculo para se obter a resposta em massa, converte-se a quantidade de mols, de acordo com os coeficientes dos compostos, e depois aplica-se o fator de conversão de mols para massas e faz- se uma regra de três ou calcula-se a quantidade de mols existentes numa certa quantidade de massa e faz-se a relação mol a mol. Pratiquem com os exercícios propostos que ficará fácil o entendimento. 3- Cálculo com reagentes impuros, rendimento das reações e cálculos com reagente limitante Até o momento, foi pensado em problemas com reagentes sendo substâncias puras, entretanto iremos ver que quando as substâncias não forem 100 % puras deve-se levar em consideração as impurezas ao fazer os cálculos. Além disso, o rendimento da reação pode ser inferior a 100 %. Muitos produtos que são vendidos hoje contêm muitas substâncias envolvidas, e a porcentagem da quantidade de cada uma delas variam. Como por exemplo, a água oxigenada comercialmente disponível em supermercados e farmácias é uma solução aquosa cuja concentração de peróxido de hidrogênio (H2O2) é normalmente expressa em "volumes". Entretanto, esse produto tem apenas 6 % de (H2O2) e não é 100% puro. Assim, quando for preciso calcular a massa de produto obtido a partir de um reagente impuro, temos que primeiro calcular qual é a parte pura da amostra e depois efetuar os cálculos com o valor obtido. Segue um exemplo para entender como resolvemos esse tipo de exercício: Exemplo: Qual é a massa de óxido de cálcio (CaO) obtida na decomposição de 250 g carbonato de cálcio (CaCO3), contendo apenas 80% desse reagente? CaCO3 → CaO + CO2 Como já foi aprendido anteriormente, nesse exercício já terremos as massas molares calculadas, mas quando não houver, é necessário calcular. Dados: MM (CaCO3) = 100 g/mol MM(CaO) = 56 g/mol MM (CO2) = 44 g/mol Primeiramente iremos encontrar através da regra de três quanto de carbonato realmente há na amostra que poderá reagir, levando em consideração que o exercício informou 80%: 250 g de CaCO3 -------------- 100 % x -------------- 80 % x = 200 g de CaCO3 em 80 % Visto que a proporção estequiométrica na equação química balanceada é de 1:1, utilizamos a relação da massa molar de CaCO3 com a de óxido de cálcio (CaO) para encontrar a massa desse produto a partir dos 200 g de carbonato de cálcio: 100 g CaCO3 ---------------------- 56 g CaO 200 g CaCO3 ---------------------- y y = 112 g de CaO serão produzidos a partir de 200 g de CaCO3 _______________________________________________________________ PERGUNTA: A hematita é um minério de ferro, no qual tem como componente principal dessa mistura o óxido férrico (Fe2O3). Quando o minério é processado em altas temperaturas, esse óxido reage com monóxido de carbono como na equação seguinte: Fe2O3 + 3 O2 ⟶ 3 CO2 + 2 Fe Suponha que se faça ocorra uma reação, a partir de 500g de minério hematita, e que este minério seja 80 % puro em relação a Fe2O3. Que massa de ferro será obtida? _______________________________________________________________ Nesse caso não estamos reagindo 500 g de Fe2O3, mas sim apenas 80% de 500 g. Assim, faremos os cálculos pensando na quantidade de reagente que é puro somente não considerando as impurezas. Para descobrir qual a massa de Fe2O3 vai reagir na reação de 90 % de pureza fazemos uma regra de três para encontrar a proporção: 500 g de Fe2O3 -------------- 100 % x -------------- 80 % x = 400 g de Fe2O3 em 80 % de pureza Vamos utilizar a equação balanceada para visualizar o dado do problema e o que se pede para calcular. Fe2O3 + 3 CO ⟶ 2 Fe + 3 CO2 A partir dessa etapa podemos fazer de duas maneiras, mas nesse exercício vamos resolver por regra de três desde o início. Como o exercício quer a informação em gramas e o valor para o reagente que foi fornecido é em gramas, podemos utilizar as massas das substâncias mencionadas no exercício da equação para serem a primeira linha da regra de três e as informações dadas como sendo a segunda linha: 1 Fe2O3 -------------- 2 Fe 400 g Fe2O3 ------------ X g Fe Consideramos os valores das massas molares para o reagente Fe2O3 e o produto: Dados: MM Fe2O3 = 160 g/mol; MM Fe = 55,8 g/mol. Assim, substituímos na regra de três e multiplicamos o coeficiente estequiométrico correspondente para cada substância: 1 * 160 de Fe2O3 --------------- 2 * 55,8 de Fe 400 g Fe2O3 ------------- X g Fe Resolvendo essa regra de três teremos o valor em gramas de Fe. 160 de Fe2O3 -------------- 111,6 g de Fe 400 g -------------- X g 160* X = 44640 X = 279 g de Fe será obtido nessa reação __________________________________________________________ _ Além dos exercícios e exemplos que envolvem pureza dos reagentes, em cálculos estequiométricosestuda-se reações que não tem 100 % de rendimento, ou seja, nem tudo o que colocamos para reagir formaram o produto de interesse; isso pode ocorrer devido a problemas de purificação do composto desejado, ou ainda porque a reação produz mais de um produto além do explicitado pela equação química (BRAATHEN, 2011). Esse tipo de acontecimento ocorre em processos orgânicos, como por exemplo na síntese de ácido acetilsalicílico (C9H8O4), a conhecida aspirina, de acordo com a equação química: C7H6O3 + C4H6O3⟶ C9H8O4 + CH3COOH Vamos supor que 2,00 g de ácido salicílico (C7H6O3) reaja com anidrido acético (C4H6O3) em quantidade suficiente para reagir com todo o ácido salicílico. Entretanto o rendimento dessa reação é de apenas 85 %. Qual a quantidade de aspirina será obtida nestas condições? Deve-se esquematizar os dados fornecidos na equação química: C7H6O3 + C4H6O3⟶ C9H8O4 + CH3COOH Dados: MM C7H6O3 = 138 g/mol MM C9H8O4 = 180 g/mol Vamos fazer os cálculos, utilizando a fórmulas de número de mols (n) aprendidas anteriormente. Assim, para 2,00 g de C7H6O3 teremos: 1 mol C7H6O3 --------------------- 1 mol de C9H8O4 ou 138 g --------------------------------- 180 g Para 2,0 g -----------------------------x g X = 2,61 g de C9H8O4 ou 0,0145 mols Observando a equação, o número de mol de C7H6O3 produz o mesmo número de mols de ácido acetil salicílico, sendo 1 mol proporção de 1:1. Assim, o valor de n encontrado para C7H6O3 de 0,0145 mol é o mesmo para o produto formado de interesse o C9H8O4 (aspirina). Portanto, essa é a massa da aspirina que deveria ser obtida com uma reação com 100 % de rendimento. Entretanto, como o problema diz que essa reação tem apenas 85 % de rendimento, devemos levar em consideração e calcular a massa de aspirina em relação a essa porcentagem. 2,61 g de C9H8O4 ------------------ 100 % X g ------------ 85 % X = 2,22 g de C9H8O4 é obtido nessa reação de 85 % de rendimento Além desse tipo de cálculo envolvendo pureza relacionada com os reagentes e o rendimento envolvendo os produtos, é necessário em muitos casos analisar o reagente limitante da reação, ou seja, quando um determinado reagente acabar a reação não tem mais a formação de produtos, pois o fator limitante realmente limita a quantidade de produtos a serem formados. Já outros reagentes são chamados em alguns casos de reagente em excesso. Entretanto, como saber qual reagente utilizar para fazer os cálculos, sendo que são fornecidos dados sobre os dois reagentes? Deve se utilizar o reagente que é limitante e não o que está em excesso. Para isso deve-se pensar em unidades utilizando mol. Como exemplo, para uma reação que tenha 10 mols de H2 e 7 mols de O2, que reagem para formar água a seguinte reação: 2 H2 (g) + O2 (g) ⟶ 2 H2O(g) : A proporção de 2 mols de H2 está para 1 mol de O2, sendo assim a quantidade de matéria de O2 necessária para reagir com todo o H2 é na proporção de 2 para 1; quando todo H2 for consumido ainda terá 2 mols de O2, levando-se em consideração que, no início haviam 7 mols e depois com a reação 5 mols. Como mostra a tabela abaixo, pode-se observar o desenvolvimento da reação até o momento em que não há mais o reagente limitante: 2 H2 (g) + O2 (g) ⟶ 2 H2O(g) Quantidades iniciais 10 mols 7 mols 0 mol Mudanças (reação) -10 mols -5 mols + 10 mols Quantidades finais 0 mols 2 mols 10 mols Fonte: BRONW, 2010. Na figura acima é mostrado o consumo total de um reagente limitante em uma reação. Sendo que o H2 é completamente consumido, ele é o reagente limitante nesse caso. E como o reagente O2 está em excesso uma parte sobra no final da reação. Como exemplo desse tipo de exercício temos: Exemplo: O mais importante no processo comercial para converter N2 do ar em de compostos contendo nitrogênio é baseado na reação de N2 e H2 para formar (NH3): N2 (g) + 3 H2 (g) ⟶ 2 NH3(g) Qual a quantidade de matéria de NH3 pode ser formado a partir de 3 mols de N2 e 6 mols de H2? Como pede a quantidade de NH3 e foi fornecido a quantidade dos reagentes, é necessário assumir que um dos reagentes é o limitante para que possamos calcular a quantidade necessária do segundo reagente na reação. Compara-se depois a quantidade calculada com a quantidade disponível, podemos determinar qual reagente é o limitante. Resolvendo-se a primeira parte tem-se que a quantidade de matéria de H2 necessária para o consumo completo de 3 mols de N2 são 9 mols d H2 segundo a relação estequiométrica acima. Uma vez que apenas 6 mols de H2 está disponível, ficaremos sem H2 antes do N2 ter acabado e o H2 será o reagente limitante. Agora usamos a quantidade do reagente limitante H2 para calcular a quantidade de NH3 produzida nessa reação: Assim, encontramos a quantidade de mols de NH3 no final da reação sendo de 4 mols, e que o reagente H2 é o reagente limitante dessa reação, mesmo que no início tenha maior número de mols no começo da reação do que o outro reagente. Pois também seu coeficiente estequiométrico é maior. _______________________________________________________________ PERGUNTA: A partir da equação balanceada abaixo tem-se 20,0 g de H2 para reagir com 10,0 g de O2. Qual será a massa produzida de H2O? 2 H2 + 1 O2 ⟶ 2 H2O Considerando a massa molar do H2 sendo 1,02 x 2 = 2,02 g/mol, calculamos quantos mols temos em 40,0 g de H2: Para o outro reagente, o oxigênio fazemos da mesma maneira, calculamos a quantidade de mols em 10,0 g de O2 utilizando a sua massa molar de 16,0 x 2 = 32,0 g/mol: Como na reação a proporção é 2 mols de H2 para 1 mol de O2, para reagir com 0,3125 mols de O2 são necessários 2 x 0,3125 mols de H2, ou seja, o número de mols de H2 necessário para reagir com o O2 disponível é de apenas 0,625 mol. Até o momento encontramos que o reagente em excesso é o H2 devido a quantidade de mol encontrada, e que o reagente limitante da reação é o O2. Agora é possível fazer os cálculos para solucionar o problema sabendo qual é o reagente a ser considerado. Assim, como a equação nos informa que 1 mol de O2 pode-se obter 2 mols de H2O temos que encontrar o número de mols para a H2O baseado nessa proporação: n H2O = 0,3125 mols x 2 = 0,625 mols de H2O Logo com a massa da água sendo de 18,0 g/mol, tem-se: 18,0 g/mol x 0,625 mol = 11,25 g de H2O _____________________________________________________________ Síntese Nesse capítulo aprendemos a interpretarmos um problema através de uma equação química e relacionarmos o que é pedido com os dados fornecidos pelo exercício, no qual, o conceito de mol pode ser usado para calcular as quantidades relativas de reagentes e produtos envolvidos na reação química. Para calcular o número de gramas de um produto a partir do número de gramas de reagente, primeiro convertemos gramas de reagente para mols de reagente. Depois, usamos o coeficiente estequiométrico da equação balanceada para converter a quantidade de matéria dos reagentes em mols de produto. Por último, convertemos mols de produtos em gramas de produto novamente. Além disso, quando uma reação não contém reagentes puros é necessário realizar os cálculos para encontrar a quantidade de produto obtido com a quantidade de reagente puro não considerando as impurezas. Muitas reações não são realizadas com 100 % de rendimento em relação aos produtos formados, e outras tem a quantidade de reagentes limitados, fazendo com que os cálculos estequiométricos sejam alterados e recalculadosbaseando-se na situação do problema e da reação envolvida. Referências Bibliográficas ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de Química. Questionando a vida moderna e o ambiente. 3 ed. São Paulo: Bookman, 2007. BROWN, T.L.; LEMAY JR, H.E.; BURSTEN, J.E. Química, a Ciência Central. 10 Ed.. São Paulo: Pearson, Prentice Hall, 2010. MAHAN, B.M.; MYERS, R.D. Química, um curso universitário. 4 Ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2009.
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