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AS AULAS DE LUTAS NAS ESCOLAS E SEUS BENEFÍCIOS
Profº Aldo Jose de Lima Junior 
 Licenciado em Educação Física
        pela Universidade Anhanguera 
RESUMO
            O presente artigo tem como objetivo discutir e refletir sobre a importância das Lutas nas aulas de Educação Física nas Escolas, sendo um tema instigante e polêmico. Para tanto, foi feita a revisão da literatura acerca do tema, disponível em livros e artigos. Apesar de os parâmetros curriculares preconizarem o ensino de lutas nas aulas de Educação Física do ensino Fundamental ao Médio, muitos professores o negligenciam, ora por não se acharem aptos para abordar o assunto, ora por sofrerem críticas, oriundas da sociedade, de que essas práticas incitariam a violência. O estudo discorrerá sobre os conceitos de luta, os benefícios trazidos pela modalidade, bem como a prática pedagógica das lutas nas escolas com o intuito de chegar à conclusão de que as lutas devem ser um instrumento de auxílio pedagógico para o professor de Educação Física, ou seja, as lutas devem ser inseridas em um contexto histórico-sócio-cultural do homem.
Palavras chave: Educação Física, Lutas, Escola, PCNs, Cultura corporal, Pedagogia do esporte.
INTRODUÇÃO
 
             O presente trabalho tem como escopo discutir e refletir sobre a importância das Lutas nas aulas de Educação Física.   O tema é relevante, uma vez que as lutas e as artes marciais estão presentes cada vez mais na sociedade através da mídia, sendo que algumas delas já fazem parte das Olímpiadas como o judô, o tae-kwon-do, a esgrima, entre outras. O Karatê também já é considerado um jogo olímpico, estando presente nos jogos Pan-Americanos.
             Através de pesquisas, vivências e leituras acerca do tema que diz respeito ao ensino das lutas nas aulas de Educação Física no ensino básico, surgiu a seguinte questão: quais os benefícios que as aulas de lutas na Educação Física Escolar.
             Ao pesquisar a literatura sobre o tema, verificou-se que apesar de o assunto ser relevante, existem poucas fontes de pesquisa, inclusive livros dedicados ao ensino de lutas e suas implicações no ensino básico.  Foram encontrados artigos, inclusive publicados em revistas dedicadas à educação, que mostram os benefícios da prática de lutas nos ensinos fundamental e médio. Outros artigos discorrem sobre pesquisas que apontam que de fato essa modalidade não é ensinada nas instituições de ensino, sejam elas públicas ou privadas.
            Para elucidar essa questão, filiamo-nos a Rufino & Darido (2011) que afirmam que as lutas corporais são intrínsecas à cultura corporal, ou seja, fazem parte do arcabouço cultural de um povo, da mesma forma que as danças, os jogos, os esportes, as ginásticas e outras práticas desportivas.
            Da mesma forma, Betti (2009, apud RUFINO e DARIDO, 2012) aponta que as lutas e as artes marciais são formas culturais do exercício da motricidade humana, estando, portanto, inseridas na cultura corporal. Além de ser uma exigência dos PCNs, como já foi supracitado, o ensino tanto das lutas, quanto das artes marciais nas Aulas de Educação Física do ensino básico favorecem, de acordo com Brown e Johnson (2000, apud SANTOS, 2013), o desenvolvimento integral do ser humano.
             O objetivo geral do trabalho é elucidar os benefícios físicos e sócio - afetivo propiciados pelas aulas de Lutas na disciplina de Educação Física para os Ensinos Fundamental e Médio.
             Já os específicos são:
             Revisar a bibliografia sobre a aplicação das aulas de Lutas na Educação Física escolar, discursar sobre os tipos de Lutas, mostrar a utilização das lutas como conteúdo das aulas de Educação Física. 
             O método de abordagem da pesquisa será dedutivo, ou seja, abordar-se-á o assunto do geral para o específico.
             A técnica utilizada foi a revisão da Literatura sobre o assunto. Foram utilizados artigos, livros, trabalhos acadêmicos sobre o assunto, revistas e sites.
             Primeiramente, foi feito uma leitura exploratória a fim de encontrar e organizar o material relacionado ao assunto. Em seguida, uma leitura seletiva desses textos para que finalmente os dados e teorias sejam analisados e interpretados pelos autores do trabalho.
Lutas e Artes Marciais
             É importante que se conceitue o termo lutas para que se possa entender o assunto que será contemplado no trabalho em questão.
             Pucineli, preconiza que o termo “luta corporal” deve ser empregado, e a define como uma relação de oposição e dominação entre dois indivíduos, sendo que “o alvo da ação deve ser a própria pessoa com quem se luta e a possibilidade de finalização do ataque deve ser mútua, podendo ser simultânea”. (Pucineli, 2004, p.35, apud RUFINO & DARIDO, 2009).
            Embora os PCNs apontem uma relação intrínseca entre lutas e artes marciais é importante que se estabeleçam as diferenças. As lutas envolvem um confronto corporal, enquanto que as artes marciais são fundamentadas em conceitos éticos e filosóficos. Como exemplo de artes marciais pode ser citado o Aikidô, o Judô, o Karatê e a Capoeira. E de lutas, a esgrima e o boxe.
            Vale ressaltar que a filosofia budista exerceu grande influência nos sistemas de lutas orientais.  É nesse contexto que surgem lutadores que criaram estratégias militares, como Sun Tsu, escritor de “A Arte da Guerra”, obra mundialmente consagrada.
            A origem das lutas é uma questão controversa, pois não se sabe ao certo o local onde surgiram, porém nas escrituras bíblicas já encontramos relatos de lutas, uma vez que as mesmas fazem parte da natureza instintiva do homem e têm garantido a sua sobrevivência.
            De acordo com Ferreira (2006), a forma de luta dos gregos era denominada “pancrácio”, configurando um dos primeiros jogos olímpicos da era antiga.  Vale ressaltar, que os gladiadores romanos já utilizavam técnicas de luta entre dois indivíduos.  Entretanto, de acordo com a literatura, as primeiras formas organizadas de lutas surgiram na Índia e na China.
            Outro entrave encontrado no que diz respeito ao contexto histórico das lutas é que os ensinamentos não eram registrados em documentos escritos, mas transmitidos oralmente de sensei para aprendiz.
             E com base nos PCN’s os Professores de Educação Física Escolar tem do o direito de trabalhar com as Lutas em suas aulas tanto no ensino público quanto no privado.
As Aulas de Lutas na Educação Física Escolar.
             Segundo os PCN’s, as aulas de lutas fazem parte da grade curricular, porém poucos professores utilizam essa prática esportiva em suas aulas.
  A Educação Física é entendida como uma disciplina que trata do
 conhecimento da cultura corporal de movimento, os esportes, a dança,
a ginástica, as lutas, entre outras temáticas que se relacionam com a
cultura do movimento e com o contexto histórico-social dos alunos
(BRASIL, 1998).
             A prática das lutas nas Aulas de Educação Física, assim como as demais modalidades esportivas colaboram para o aprendizado motor do aluno, com o desenvolvimento cognitivo, social, afetivo e psicomotor, contribuindo no processo educativo e formação do ser humano.
Como estudioso da cultura, considerando a Educação Física como
disciplina escolar e a escola como espaço e tempo de desenvolver a
cultura, entendo como tarefa precípua da área garantir ao aluno a
compreensão de conteúdos culturais, no caso, relacionados à
dimensão corporal: jogo, ginástica, esporte, dança, luta (DAOLIO,
2004, p.21).
             A falta de material para uma aplicação de uma aula de lutas, ou a falta estrutura física da escola, não deve ser um empecilho para a prática dessa atividade, pois nada disso impediria o professor de aplicar uma aula de lutas. Um exemplo é a aula de capoeira, a qual não necessita de materiais específicos, e sim do próprio corpo. Também pode-se usar os jogos de oposição, uma vez que os materiais podem ser improvisados, como uma corda para um cabo deguerra, que é considerado um jogo de oposição, ou o sumozinho, no qual a corda serviria para demarcar a área onde os alunos ficariam.
             De acordo com Leite et al (2012), o ensino das lutas é indispensável nas aulas de Educação Física e promovem não só benefícios em relação a saúde física e psicológica no individuo, como também a socialização, uma vez que incitam o respeito ao próximo e a interação social.        
             Os PCN’s demonstram a importância das lutas no conteúdo escolar, ao propor a definição do termo:
As lutas são disputas em que os oponentes serão subjugados, com
técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou
exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de
ataque e defesa. Caracterizam-se por uma regulamentação especifica
afim de punir atitudes de violência e deslealdade. Podem ser citados
exemplos de lutas as brincadeiras de cabo de guerra e braço de ferro
até as práticas mais complexas da capoeira, do judô e do caratê
(BRASIL, 1998, p.70).
             Muitas vezes, o professor de Educação Física até tem o interesse de trabalhar com o conteúdo de lutas, mas se sente pressionado pela escola, direção e coordenação a não trabalhar com as lutas, pois acreditam que isso possa incitar mais a violência entre os alunos, o que seria uma afirmação completamente equivocada, pois as lutas ajudam a disciplinar, a ter concentração e respeito ao próximo. Muitas vezes, os filmes deturpam o verdadeiro sentido das lutas, sendo apresentadas de forma violenta ou sem um objetivo definido, mas existem outros, que mesmo sendo ficção, não deixam de abordar a prática da luta na escola como conteúdo extracurricular e uma forma de ajudar os alunos a irem para o caminho correto em suas vidas.*
* Filme Esporte Sangrento 27 de agosto de 1993.
              Segundo os mesmos autores (2012):
Os objetivos das práticas de lutas na escola, são: a compreensão por
parte do educando do ato de lutar, por que lutar, com quem lutar,
contra quem ou contra o que lutar; compreensão e vivência de lutas
no contexto escolar, lutas x violência; vivência de momentos para
apreciação e reflexão sobre as lutas e a mídia; análise dos dados
da realidade positiva das relações positivas e negativas com relação
a prática de lutas e a violência da adolescência, luta como defesa
pessoal e não para “arrumar briga” (Leite et al, 2012, p.3).
             As Lutas podem ser entendidas de várias formas diferentes, isso vai depender do contexto em que estão sendo aplicadas, para quais fins serão utilizadas. Pode-se aplicá-las como um esporte, ou jogo de oposição, como uma modalidade marcial, ou até mesmo como uma atividade rítmica. Podemos utilizar várias possibilidades pedagógicas, porém o diferencial está na forma e nos valores que serão transmitidos através da cultura corporal. Segundo Alves (2001), a Educação Física é a disciplina que dá um enfoque pedagógico na área do conhecimento conhecida por “cultura corporal”, levando em conta temas ou atividades corporais. Devemos entender que as lutas adquirem um aspecto positivo ou negativo conforme o contexto em que são aplicadas. As lutas são moldadas de acordo com a forma que são ensinadas, por isso nas escolas deve-se ensiná-las de uma forma que proporcionem o bem-estar, evitando brigas e privilegiando o respeito hierárquico, sem estimular a competição em si.
A Importância das aulas de lutas na Educação Física Escolar
             Nas aulas de Educação Física escolar, são vivenciados vários tipos de movimentos que ajudam a estimular a coordenação motora através de diversas modalidades de esporte, como futsal, basquetebol, voleibol, handebol. Mesmo tendo um grande acervo de esportes que ajudam a estimular os gestos motores, não podemos deixar de fora as modalidades de lutas que também fazem parte da cultura corporal e que também são citadas nos PCNs. Segundo Ferreira (2006), existem muitos estilos de lutas, que são chamadas de artes orientais como o Kung Fu, Tai-Chi-Chuan, Aikidô, Kendo e etc. E existem aquelas consideradas ocidentais que são, Kick-Boxe, Esgrima, Boxe e etc.
              “Nas Escolas, a busca de campeões conduz a especialização prematura, inibindo o desenvolvimento do potencial psicomotor das crianças” (OLIVEIRA, 2004, p.34), algo que não pode ser aplicado na Educação Física Escolar, pois deve-se vivenciar o máximo de atividades que possam contribuir com o psicomotor, sócio- afetivo e cognitivo sem nos preocuparmos com a alta performance, porque nas escolas não formar atletas, mas se identificado potencial, deve-se encaminhá-lo para um local de treinamento especifico e lá ele será lapidado para o alto rendimento, como afirmam os autores abaixo:
A Educação Física enquanto componente curricular da educação
básica deve assumir então uma outra tarefa: introduzir e integrar o
aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai
produzi-la, e transformá-la instrumentalizando-o para usufruir do jogo,
esporte, das atividades rítmicas e dança, das ginásticas e da prática de
aptidão física em benefício da qualidade de vida (BETTI & ZULIANI,
2002, p.75).
            Os gestos motores ensinados nas aulas de Educação Física têm como objetivo básico vivenciar uma grande diversidade de movimentos, para que haja o enriquecimento da cultura corporal sem a obrigação do aperfeiçoamento, mas sim com a naturalidade do movimento.
             Os movimentos expressados pela arte marcial são “a própria pessoa, com todos os seus sentidos e sentimentos naturais desenvolvidos” (Centro Filosófico do Kung Fu – Internacional, 1983, p.16).
            Através disso, a criança poderá adquirir uma consciência corporal maior, pois os movimentos básicos das lutas irão lhe proporcionar desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo-social. A partir do momento que a criança entrar em sintonia com o seu próprio corpo, tornar-se-á um ser humano mais evoluído, conhecendo-se melhor.
            Como afirma Ferreira (2006), as lutas ajudam a desenvolver a lateralidade e as demais funções motoras do corpo, como o equilíbrio e a coordenação. Além disso, ajuda a estabelecer a noção de tempo e espaço e consciência corporal. No que tange o aspecto cognitivo, favorecem o raciocínio, a percepção, a atenção e visão estratégica. No campo atitudinal, promove um melhor convívio social, fazendo com que o aluno observe suas atitudes e aprimore sua postura em relação ao próximo.
            A partir do momento que o aluno começa a conhecer melhor o seu corpo e a si mesmo, ele começa a entender como ele funciona, tendo noção da distância para realizar um salto, ou um golpe sem acertar o colega, diferenciando esquerda e direita e executando movimentos com os dois lados do seu corpo, além de adquirir um raciocínio mais rápido para resolução de problemas e a melhora do tempo de reação, segundo Almeida (2006, p.5), afirma que: “através da estimulação motora, a criança desenvolve uma consciência do seu corpo, de si mesma e do mundo a sua volta”.
            As aulas de lutas nas escolas não devem se limitar apenas a um estilo especifico, como caratê, judô, capoeira, elas devem utilizar um pouco de cada estilo, e assim seus movimentos poderão proporcionar um benefício maior para a criança em vivência lúdica. De acordo com Silva (2003), o corpo é o instrumento principal na luta, da mesma forma que ocorre com a capoeira.
            A prática das lutas no âmbito escolar, especificamente nas aulas de Educação Física, deve ser inclusiva, pois Ferreira (2006), afirma que as lutas devem ser utilizadas como uma ferramenta pedagógica para o professor de Educação Física, afirmando ainda que as lutas já estão presentes na vida do homem desde a pré-história.
Segundo Ferreira (2006), o motivo pelo qual as lutas devem fazer parte da Educação Física Escolar deve-se ao fato de proporcionar ao aluno um maior conhecimento cultural e de atividades motoras.
            É um fato, as lutas estão cada vez mais presentes na vida das crianças e dos adolescentesatravés da mídia, como desenhos e filmes de super-heróis, e isso se reflete no dia-a-dia, mesmo quando os vemos brincando entre si nos intervalos e nas aulas vagas de lutinhas imaginárias e fingindo ser personagens desses mesmos filmes e desenhos.* Porém, no âmbito escolar devemos aproveitar esse conteúdo de uma forma mais lúdica, e não para formar competidores. O aluno deve, através da escola, ter “compreensão do ato de lutar: por que lutar, com quem lutar, contra quem ou contra o que lutar” (Brasil, 1998, p.96) e, ainda de acordo com os PCNs, os alunos devem aprender a diferenciar luta de violência, e isso deverá ser trabalhado dentro do contexto escolar.
* Liga da Justiça, Vingadores, Power Rangers, etc....
            Segundo Ferreira (2006), as aulas de lutas podem trazer inúmeros benefícios aos alunos. Ele destaca o desenvolvimento motor, o cognitivo e o afetivo-social. Observa-se que no aspecto motor, ocorre uma melhora do controle do tônus muscular, com exercícios isométricos e o equilíbrio, a lateralidade e a coordenação em geral. Já no aspecto cognitivo, identifica-se uma melhora na elaboração de estratégias, do raciocínio, atenção e na percepção do aluno. E por fim, no aspecto afetivo social, vê-se a reação a certas atitudes como uma melhor socialização, o respeito ao próximo, disciplina e determinação.
            Entende-se através disso, que as lutas devem fazer parte das aulas desde o ensino infantil até o ensino médio, podendo ser trabalhadas de forma diversificada, não de uma forma sistematizada, como o Caratê e o Judô. Pode-se trabalhar as lutas como o cabo de guerra, o braço de ferro, usar técnicas recreativas, de puxar, empurrar para deslocar o aluno do lugar, ou desequilibrar o mesmo. As lutas figurativas, como a luta do saci (dois alunos, um de frente para o outro, de mãos dadas e em um apoio, devem tentar fazer com que um dos dois encostem o pé no chão), a luta do sapo (dois alunos, um de frente para o outro, agachados de mão dadas, deverão deslocar um ao outro em uma área determinada). Essas são algumas dicas de atividades que podem ser trabalhadas com os alunos, as quais não necessitam de materiais e corroboram com a coordenação motora dos mesmos.
            Conforme afirma a revista do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF, 2002), as lutas enquanto modalidade esportiva corroboram com o desenvolvimento integral do ser humano, segundo profissionais da área da saúde como médicos, psicólogos e outros. Além de promoverem a saúde, fazem parte do arcabouço cultural de um povo.
A pedagogia aplicada as lutas
            A pedagogia do esporte tem trazido uma grande contribuição ao ensino das lutas, o qual não deve ser entendido de forma rígida ou inflexível, mas sim estar centrado no aprendiz e no seu desenvolvimento através dessa prática.
            Conforme Rufino e Darido (2012), ao se propor “pedagogizar” as lutas corporais deve-se levar em consideração a integração da pedagogia do esporte com a prática pedagógica das lutas corporais, considerando-se alguns eixos pertinentes à prática pedagógica.
             O primeiro deles é por que ensinar as lutas e qual a importância da sua prática? Como já foi mencionado anteriormente, as lutas fazem parte da cultura corporal, assim como a dança, os jogos, as ginásticas e outras atividades corporais, as quais expressam diferentes culturas ao longo da história.
             Para Soares et al (1992):
(...) a perspectiva sobre a cultura corporal (...) busca desenvolver uma
reflexão pedagógica sobre o acervo de formas de representação do
mundo que o homem tem produzido no decorrer da história,
exteriorizadas pela expressão corporal: jogos, danças, lutas,
exercícios ginásticos, esporte, malabarismo, contorcionismo, mímica e
outros, que podem ser identificados como formas de representação
simbólica de realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e
culturalmente desenvolvidas (Soares et al., 1992, p.38).
            É nesse sentido que os PCNS preconizam o ensino das lutas nas escolas, como já foi citado ao longo do artigo.  Entretanto, apesar de fazerem parte do arcabouço cultural de uma sociedade, poucos as praticam.
            Outra questão relevante que emerge ao se pensar no ensino das lutas é: o que ensinar?
            De acordo com Zabala (1998, p.29) “a determinação das finalidades ou objetivos da educação, sejam ou não explícitos, é o ponto de partida de qualquer análise da prática"
            Coll, Pozo, Sarabia e Valls (2000), afirmam que os conteúdos devem ser apresentados em três diferentes dimensões nas aulas de lutas para que atinjam os seus objetivos de forma profícua, são elas:  atitudinal, conceitual e procedimental. A dimensão conceitual responde à pergunta: "o que se deve saber?" A dimensão procedimental diz respeito "ao que se deve fazer?" E a dimensão atitudinal propõe: "como se deve ser?". É importante ressaltar que essas dimensões não devem ser ensinadas separadamente, uma vez que possuem uma relação intrínseca.
            Em relação ao ensino das lutas corporais, a dimensão conceitual diz respeito, por exemplo, às explicações das regras das diferentes modalidades, no ensino dos fatos históricos relacionados a essas modalidades, nas explicações sobre formas de treinamento.
            A dimensão procedimental no ensino das lutas corporais relaciona-se à realização das atividades práticas de acordo com a modalidade, ou seja, “ao saber fazer, como os exercícios de alongamento, aquecimento, repetição de técnicas, simulação de combates, etc.
            Finalmente, a dimensão atitudinal, que está ligada ao emocional do aprendiz, tem uma ligação direta com os preceitos das lutas que envolvem o respeito e a ética, vinculados à tradição destas práticas. Entretanto, muitas vezes, esses preceitos estão em um plano implícito, cabendo ao professor contextualizá-los.
            Outra questão importante diz respeito a como ensinar as lutas nas aulas de Educação Física. Primeiramente, os objetivos devem ser estabelecidos de forma clara e concisa para que se determine a metodologia adequada e as melhores estratégias para que os mesmos sejam atingidos; levando em conta o conhecimento prévio do aluno e sua disponibilidade para a prática da modalidade. Os conteúdos devem ser delimitados, considerando-se as modalidades supracitadas.
            As sequências didáticas não devem ser aplicadas de forma rígida e exclusiva.
            Segundo Ruffino e Darido (2012) tanto a prática em bloco quanto a randômica promovem situações de aprendizagem. Porém, a utilização da prática randômica é mais eficaz na aprendizagem em longo prazo.
            Conforme Rodrigues et al:
A prática em blocos é utilizada por indivíduos que treinam de forma
repetida uma mesma tarefa. “Esse procedimento traz uma vantagem
de se poder analisar os resultados da tentativa recém executada e
tentar aproveitar essa avaliação na melhoria do desempenho na
tentativa seguinte” (RODRIGUES et al, apud TEIXEIRA, 2004, p. 5).
            E ainda segundo o mesmo autor:
Na prática randômica um indivíduo pratica diversas atividades em uma
única sessão e definem que prática randômica é a “sequência prática
na qual os indivíduos realizam uma variedade de diferentes tarefas
sem ordem específica, assim evitando, ou minimizando, repetições
consecutivas de qualquer tarefa única”. As tarefas, portanto, são
alternadas constantemente (RODRIGUES et al, apud SCHMIDT &
WRISBERG, 2001, p. 5).
            Ainda segundo os autores supracitados (2012), o ensino das lutas deve valer-se de procedimentos pedagógicos claros e ter objetivos concretos. Além da utilização de métodos, tanto parcial, quanto global, por meio de jogos, brincadeiras e repetição das técnicas, sequenciadas por práticas randômicas.
            O processo de avaliação da aprendizagem das lutas é um processo complexo e deve estar atrelado ao processo de ensino-aprendizagem, levando em conta a evolução do aluno. A auto avaliação pelo aluno também deve ser considerada,uma vez que promove a sua autonomia e emancipação.
            De acordo com Ruffino e Darido (2012), o aluno deve ser avaliado individualmente de acordo com seus objetivos, limites, anseios e suas limitações. Além disso, este não deve ter como parâmetro um outro aluno que possua uma maior ou menor graduação. Ele deve ser o seu próprio parâmetro.
            Ainda segundo os autores supracitados (2012), o ensino das lutas deve valer-se de procedimentos pedagógicos claros e ter objetivos concretos. Além da utilização de métodos, tanto parcial, quanto global, por meio de jogos, brincadeiras e repetição das técnicas, sequenciadas por práticas randômicas.
            O processo de avaliação da aprendizagem das lutas é um processo complexo e deve estar atrelado ao processo de ensino-aprendizagem, levando em conta a evolução do aluno. A auto avaliação pelo aluno também deve ser considerada, uma vez que promove a sua autonomia e emancipação.
            De acordo com Ruffino e Darido (2012), o aluno deve ser avaliado individualmente de acordo com seus objetivos, limites, anseios e suas limitações. Além disso, este não deve ter como parâmetro um outro aluno que possua uma maior ou menor graduação. Ele deve ser o seu próprio parâmetro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa foi dividida em quatro tópicos. No primeiro, fez-se a distinção entre lutas e artes marciais, uma vez que há uma generalização dos termos. Apesar de apresentarem pontos de convergência, as lutas envolvem um confronto corporal, enquanto que as artes marciais são fundamentadas em métodos bélicos e baseiam-se em conceitos éticos e filosóficos.
            O segundo tópico tratou das aulas de lutas na Educação Física escolar, tema do artigo em questão.  Constatou-se que apesar de os PCNs preconizarem o ensino das lutas nas aulas de Educação Física, poucos docentes utilizam essa modalidade em suas aulas, ora por falta de conhecimento, ora por falta de um incentivo efetivo por parte das instituições.
            Vale lembrar que não é necessário que o professor tenha uma formação específica para ensinar lutas na educação básica, uma vez que o objetivo dessas aulas não é formar profissionais, mas sim colaborar com a formação integral do indivíduo, assim como as demais modalidades esportivas.
            Além de fazer parte do arcabouço cultural de um povo, as lutas contribuem não só com o aprimoramento da consciência corporal do aluno, mas também com o seu desenvolvimento cognitivo, social, afetivo e psicomotor.
            Além disso, sabe-se que hoje em dia, a indisciplina na sala de aula representa um dos maiores entraves da educação. Nesse sentido, o ensino das lutas torna-se um importante aliado do educador, na medida em que tanto as lutas, quantos as artes marciais têm preceitos filosóficos baseados na disciplina e no respeito ao próximo.
            Outro obstáculo enfrentado pelo professor em relação ao ensino das lutas nas escolas está no fato de a sociedade ainda vincular essa prática à violência. Ao se observar essas práticas, nota-se que nenhuma modalidade tem como objetivo a violência, algumas, inclusive, imobilizam o adversário, como o jiu-jítsu.
            Alguns estudiosos argumentam que a violência não é exclusiva das aulas de luta, ela pode ocorrer na prática de outros esportes, como o futebol, por exemplo. Dessa forma, a violência não pode ser usada como uma justificativa plausível para não se ensinar lutas na educação básica.
            No último tópico foi abordada a importância da sistematização das aulas de lutas na escola, ou seja, o professor deve incorporar alguns eixos pertinentes à prática pedagógica nas aulas de lutas.
            Para isso, deve refletir sobre a importância dessas aulas e o porquê ensinar lutas na aula de Educação Física. Os conteúdos devem ser delimitados e apresentados nas dimensões conceitual, procedimental e atitudinal a fim de que os objetivos sejam alcançados.
            A metodologia também deve ser definida de acordo com a modalidade ensinada e deve sempre ser levado em conta o conhecimento prévio do aluno.
            A avaliação deve ser feita de acordo com a evolução do aluno e deve fazer parte do processo de ensino-aprendizagem. Alguns autores sugerem que o aluno faça a auto avaliação, a fim de desenvolver sua autonomia e senso crítico.
            Conclui-se que o tema é relevante, uma vez que, segundo os PCNs, as aulas de lutas fazem parte das aulas de Educação Física. Porém, o mesmo carece de mais estudos, haja vista a escassez de artigos e livros sobre o tema.
            Uma das possíveis soluções para que as aulas de lutas ocorressem nas escolas de forma efetiva seria um melhor preparo dos profissionais de Educação Física desde a sua formação acadêmica, além da oferta de cursos extracurriculares que os tornassem mais seguros para ensinar as diversas modalidades de lutas, tendo em vista de que esse profissional não precisa ser um especialista na área.
            As instituições de ensino, por sua vez, também deveriam incentivar essa prática e se despojar de ideias pré-concebidas acerca das lutas como um incentivo à violência. Para isso, seria importante fazer um estudo mais apurado dos PCNs que inclusive, sugerem metodologias para que o professor ensine lutas aos seus alunos, além de outros textos acadêmicos que sugerem o ensino dessa modalidade nas escolas.
REFERÊNCIAS
ALVES, E. D. Jr., in GUEDES, O. C. (org), Judô Evolução Técnica e competição. João Pessoa: Ideia, 2001.
BETTI, M. Educação física escolar: ensino e pesquisa-ação. Ijuí: Unijuí, 2009.
BETTI, Mauro; ZULIANI, Luiz Roberto. Educação Física Escolar: uma proposta de diretrizes pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, l(l): p.73-81, São Paulo: 2002.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental, MEC/SEF, 1998.
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 Abrir espaço no planejamento para ensinar como atingir, desequilibrar e derrubar um adversário pode parecer um contrassenso em tempos de tanta violência gratuita. Mas não é se você souber diferenciar as lutas (que são modalidades esportivas) das brigas (essas, sim, manifestações de agressividade desorganizadas). Tal como os esportes, os jogos e as ginásticas, elas são temas importantes do ensino de Educação Física. 
Com características próprias - atividades que fazem parte da história e cultura de diversos povos, têm regras e movimentos específicos -, elas podem ser praticadas por todos os alunos, independentemente da força, da altura, do sexo e da aptidão física de cada um. 
Para trabalhar com esse assunto, o professor não precisa ser um atleta que saiba lutar judô, por exemplo. O essencial é estudar o assunto - tal como se faz com outros, como futebol e alongamento - e se dedicar para que as informações apresentadas sejam compreendidas pela turma com clareza. Outro ponto importante que o docente precisa ter claro é que o objetivo não pode ser transformar os alunos em lutadores profissionais (como ocorre no caso da prática de esporte de alto rendimento). A ideia é fazer com que eles conheçam as características comuns às lutas, as técnicas, o histórico, as vestimentas e os países em que as lutas são praticadas (e também vivenciem movimentos básicos de cada modalidade). 
Foi exatamente isso o que fez Joice Nozaki, quando lecionava para a 5ª e a 7ª série da EMEF Professor Mario Marques de Oliveira, na capital paulista. Ela criou um projeto sobre lutas, vencedor do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10 no ano passado, visando aumentar o repertório cultural dos estudantes, ampliar e complexificar as experiências motoras deles e mostrar para a moçada que brigar é, definitivamente, outra coisa (leia mais sobre o projeto na última página).
Trabalho com lutas permite explorar força e agilidade
Como já foi explicado, a meta do trabalho na escola não é fazer a garotada lutar seguindo à risca as regras pertinentes a cada prática. O importante mesmo é garantir uma diversidade de propostas de atividades - combinando pesquisa, conhecimento de regras e, é claro, muito movimento. 
"Ao proporcionar essas vivências diversas, o docente permite à garotada conhecer novas possibilidades de movimentos, o que contribui para que a memória corporal da turma ganhe outros elementos, diferentes dos tradicionalmente realizados em jogos, como o futebol", explica Eduardo Augusto Carreiro, mestre em Ciência da Motricidade Humana e gerente de esportes e lazer do Serviço Social da Indústria (Sesi), em São Paulo. 
Na prática, isso quer dizer elaborar aulas que explorem habilidades motoras e capacidades físicas que envolvam os seguintes aspectos: força, flexibilidade, equilíbrio e desequilíbrio, agilidade e corrida ou saltos. Esses são os elementos básicos para qualquer luta. Sendo assim, vale convidar os estudantes para experimentar um desafio de queda de braço ou para uma briga de dedão, em que os oponentes dão as mãos, mantendo os polegares levantados e, com o braço apoiado em uma mesa, tentar abaixar o dedão um do outro, por exemplo. O importante é levá-los a compreender quão fundamental é, em ambos os casos, empregar a força para vencer ao mesmo tempo em que é fundamental não se descuidar do equilíbrio. Sem se esquecer também de deixar claro que violência e deslealdade são alvos de punição. 
Há muitas outras atividades que você pode propor aos alunos para trabalhar as habilidades exigidas pelas lutas. É possível, inclusive, inventar algumas e convidar os alunos a fazer o mesmo. 
As que privilegiam o equilíbrio são as que têm como desafio manter o corpo estável mesmo diante de quedas e de tentativas de deslocamento do adversário. Práticas que exigem força devem fazer com que a musculatura vença a resistência para realizar algum movimento, como empurrar, elevar, apertar e segurar. Atividades que envolvem agilidade ou rapidez são as que pedem capacidade de deslocamento, tempo de reação curto entre o estímulo recebido e o movimento realizado. Já as que têm como foco a flexibilidade exigem movimentos amplos que atinjam maior amplitude articular para sustentar algumas posturas, como as de chutes. 
Para treinar a força, por exemplo, a turma pode praticar o cabo de guerra e, para o equilíbrio, vivenciar atividades que exijam ficar em uma perna só e ao mesmo tempo derrubar o adversário com algum tipo de golpe (leia a sequência didática). 
Ao combinar exercícios que exigem diferentes capacidades físicas, como força e elasticidade, e outras habilidades motoras, como correr, rastejar e pular, você ajuda os alunos a aprofundar seus conhecimentos sobre o próprio corpo e a respeito dos movimentos que são capazes de fazer. E contribui para o desenvolvimento do processo de aceitação da disputa como um elemento das competições, e não como uma atitude de rivalidade frente aos colegas.
 
Jogos, esportes e lutas exigem movimentos comuns
Embora as lutas possam parecer um conteúdo um tanto quanto desconectado dos esportes tradicionalmente praticados nas aulas de Educação Física (futebol, vôlei, basquete e handebol), ao analisá-los com cuidado fica fácil perceber como os pilares força, flexibilidade, equilíbrio e desequilíbrio, agilidade e corrida ou saltos são comuns a todos. O que varia é a exigência, em relação a cada um deles, requerida dos participantes. 
"Uma das capacidades físicas importantes tanto para o basquete como para o judô é a força. Porém as condições gerais em que ela aparece em cada prática são distintas. No jogo, o contato entre adversários nada tem a ver com o que ocorre na luta. Variam também os materiais e os movimentos, tal como o objetivo. Enquanto no basquete o propósito é fazer cestas, a intenção no judô é derrubar o oponente de costas para o chão", explica Carreiro. 
Isso comprova como não basta o aluno ter desenvolvido certa capacidade física num jogo se, no momento de utilizá-la em outro contexto, é preciso outro foco. Quanto mais vivências diferentes os estudantes tiverem de certa habilidade, mais hábeis e conscientes de seus movimentos eles serão.
5 CONCLUSÃO
 
Neste estudo foi observado a respeito da inserção e utilização das lutas e artes marciais no ambiente escolar, sob o aspecto de disciplina pertinente da Educação Física, após verificar que a legislação é favorável para tal, ficando claro que as lutas e artes marciais devem fazer parte das modalidades de desenvolvimento de cultura corporal no currículo escolar. Tendo em vista que o Parâmetro Curricular Nacional reconhece e estabelece as lutas como um dos pilares da Educação Física escolar.
Entretanto nem todos os documentos Estaduais respeitam esta determinação, por exemplo: o Parâmetro Curricular de Santa Catarina nem cita o referido tema, sendo este um dos motivos pela não utilização frequente nas aulas de Educação Física, porém outros estados como São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul respeitam as leis de diretrizes e base e o Parâmetro Curricular Nacional e descrevem as lutas nos documentos estaduais de referência curricular.
As lutas e artes marciais são ricas em filosofia, entretanto não está previsto nos documentos e leis que a filosofia das lutas e artes marciais estejam presentes nas aulas de educação Física. Este é um tema importante tendo em vista que censo comum toda a parte filosófica das lutas são de grande importância na educação que é parte intrínseca das artes marciais orientais. A filosofia das artes marciais está presente quando se fala em respeitar o próximo, conhecer os limites e resguardar a saúde do colega duranteas aulas, refletir sobre suas ações podem de maneira simples fazer parte de um programa mais elaborado para esta valorosa experimentação e inserção dos alunos as lutas e artes marciais.
Após as leituras dos artigos ficou claro a importância de uma metodologia que favoreça os professores que não dominam muito bem, criando de forma lúdica, aulas que tenham em seu objetivo os referenciais curriculares. Podemos perceber que se a metodologia estivesse de alguma forma organizada em cursos específicos ou se os cursos de Educação Física de forma Homogênea privilegiasse em seu currículo acadêmico uma atenção voltada a uma formação mínima que garantisse as aulas de lutas e artes marciais nas escolas.
O temor que as lutas possam de alguma forma estimular a violência contraria a filosofia das artes marciais. E em nenhum artigo a violência se fez estimulada, o que ocorreu foi o respeito e o cuidado com o próximo.
Estudos mais específicos poderão enriquecer em muito as lutas nas aulas de educação Física, estudos de comportamento dos alunos durante a intervenção com o tema, estudos para a criação de metodologias lúdicas específicas a esta área se fazem necessárias. Apesar de pouca literatura a respeito concluo que as lutas precisam fazer parte regular das aulas de educação física tendo em vista todas as possibilidades descritas nos documentos e leis que abarcam o conteúdo a ser ministrado nas aulas.
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