Buscar

Relatorio sp2 Marina (1)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS
UNIDADE BÁSICA DAS BIOCIÊNCIAS 
CURSO DE MEDICINA 
 
 
UNIDADE III
PROBLEMA 4: “ Ainda lembro...”
BRENDA YACOUB
EMANUELY LIMA
GEOVANA ALMEIDA
GIOVANA CRESTANI
JÊMINA NORÂMY NEVES
JOLIANE FIGUEIREDO
LUCAS ZALTRON
LUCIANA DORNELES
MARINA CAVALCANTE
MARIANA SOUZA
NICOLE VITORINO
RICHARD AMUY
YASMIN PEREIRA
MINEIROS-GO
2019
SUMÁRIO
 
1.INTRODUÇÃO ........................................................... Erro! Indicador não definido. 
2-OBJETIVOS ................................................................ Erro! Indicador não definido. 
2.1 – Objetivo Geral: Reconhecer o envelhecimento fisiológico do sistema muscular e osteoarticular ................................ Erro! Indicador não definido. 
	2.2 	_ Objetivos específicos ..................................... Erro! Indicador não definido. 
DESENVOLVIMENTO ............................................. Erro! Indicador não definido. 
CONCLUSÃO............................................................................................................29
REFERÊNCIAS.........................................................................................................37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.INTRODUÇÃO 
No presente relatório discutiremos acerca da senescência dos sistemas nervoso, endócrino e geniturinário em ambos os sexos. Ressaltando suas principais alterações, aspectos clínicos, fisiopatológicos e epidemiológicos das demências vasculares e do Alzheimer. Como complemento a abordagem dos exames laboratoriais fundamentais com direcionamento para infecção urinária, hiperplasia de próstata e hipotireoidismo. Além disso, serão abordados elementos utilizados na avaliação geriátrica, falaremos também sobre a importância da sexualidade na terceira idade e, sobre as necessidades de internação com suas consequências no âmbito biopsicossocial do indivíduo. 
2-OBJETIVOS 
– Objetivo Geral: Reconhecer o envelhecimento fisiológico do sistemas nervoso, genito-urinário e endócrino.
_ Objetivos específicos 
1.Descrever as alterações fisiológicas da senescência do sistema nervoso.
2.Descrever as alterações fisiológicas da senescência endócrina.
3.Descrever as alterações fisiológicas da senescência genito-urinária masculino e feminino.
4.Reconhecer a epidemiologia das doenças degenerativas neurológicas e genito-urinárias prevalentes no idoso.
5.	Diferenciar os aspectos clínicos, fisiopatológicos e epidemiológicos das demências vasculares e da Doença de Alzheimer.
6.Descrever os testes clínicos utilizados nas avaliações geriátricas.
7.Caracterizar as alterações genito-urinárias prevalentes no idoso (masculino e feminino) e suas formas de prevenção e abordagem (HPB, CA de próstata e perda involuntária de urina).
8.Discutir a importância da sexualidade na terceira idade.
9.Discutir acerca da necessidade de internação para cuidado dos idosos e as consequências psicossociais para estes.
10.Discutir os exames laboratoriais empregados no diagnóstico de infecção urinaria, hiperplasia de próstata e hipotireoidismo.	
	 
3. DESENVOLVIMENTO 
1.Descrever as alterações fisiológicas da senescência do sistema nervoso.
Envelhecimento do sistema nervoso
O sistema biológico mais comprometido com o envelhecimento é o Sistema Nervoso Central (SNC), responsável pelas sensações, movimentos, funções psíquicas (vida de relações) e pelas funções biológicas internas (vida vegetativa). (CANÇADO EHORTA, 2002).
Com o envelhecimento, o sistema nervoso apresenta alterações com redução no número de neurônios, redução na velocidade de condução nervosa, redução da intensidade dos reflexos, restrição das respostas motoras, do poder de reações e da capacidade de coordenações (DE VITTA, 2000).
Para Cançado e Horta (2002), o que preocupa no envelhecimento é o fato de o SNC não possuir capacidade reparadora. Esses autores expressam que o SNC é definido como unidades morfofuncionais pós-mitóticas, sendo estas sem possibilidades reprodutoras, estando sujeito ao envelhecimento decorrente de fatores intrínsecos (genética, sexo, sistema circulatório e metabólico, radicais livres, etc.) e extrínsecos (ambiente, sedentarismo, tabagismo, drogas, radiações, etc.). Esses fatores continuam exercendo ações desfavoráveis com o tempo.
Gallahue e Ozmun (2005) constatam que, no período compreendido entre os 20 e 90 anos, o córtex cerebral experimenta perda de 10% a 20 % de massa, podendo ocorrer em outras partes do cérebro prejuízo de até 50%. Assim, à medida que o cérebro envelhece, a atividade bioquímica (neurotransmissores) é afetada frequentemente. Desta maneira, com o envelhecimento normal, ocorre decréscimo no número de células nervosas, podendo ocorrer variações com uma mínima perda celular em uma região e prejuízos mais pronunciados em outras (Cançado e Horta, 2002). A figura 1 ilustra a diferença entre o cérebro de um adulto normal e o cérebro envelhecido.
Figura 1 – Diferença entre o cérebro normal e o cérebro envelhecido Fonte: adaptada de (FOX E ALDER 2001, p. 404).
No nascimento, o encéfalo possui peso de 0,360 a 0,380 kg, aos dois anos, de 1,040 a 1,120 kg; e dos 3 aos 21 anos, o encéfalo possui um aumento progressivo depeso de até 1,350 kg , sendo atingido na metade da segunda década de vida. A partir da segunda década de vida, começa a acontecer um declínio ponderal discreto e lentamente progressivo, de 1,4 a 1,7% por década (CANÇADO E HORTA, 2002).
Para Cançado e Horta (2002), o declínio é mais precoce nas mulheres do que nos homens, acontecendo uma correlação entre cérebro, peso do corpo e altura, principalmente nas duas primeiras décadas. Até os 45 anos, ocorre pequena alteração positiva. Acima dos 45 anos, em relações ao peso do cérebro, este é alvo de redução. Ocorre um decréscimo discreto na década de 60 anos, com acentuação entre as décadas de 70 e 90 anos, com decréscimo de até 80%. Assim da segunda à terceira década, até os 90 anos, o peso do cérebro em média diminui gradualmente em cerca de 10% por década (CANÇADO E HORTA, 2002).
Gallahue e Ozmun (2005) indicam que, com o envelhecimento, o cérebro é passível de hipóxia (quantidade inadequada de oxigênio). Assim, com o envelhecimento, alterações na estrutura do sistema circulatório e na inatividade física, acarretam declínio na circulação sanguínea que conduz o oxigênio. Desta maneira, o fluxo sanguíneo para o cérebro e a quantidade de oxigênio que alcança as células nervosas no envelhecimento pode ser melhorado pelo aumento do nível de atividade física.
Algumas mudanças cerebrais ocorrentes com o envelhecimento incluem depósito de lipofuscina nas células nervosas; depósito amilóide nos vasos sanguíneos e células nervosas; aparecimento de placas senis; menos frequentemente emaranhados fibrilares; mudanças nos neurotransmissores, principalmente os dopaminérgicos; diminuição da produção de acetilcolina; atrofia da plasticidade de receptores colinérgicos muscaríneos; redução da função desses receptores; função colinérgica diminuída (CANÇADO E HORTA, 2002).
Haywood e Getchell (2004) chamam à atenção para o fato de que o exercício físico é de fundamental importância para redução de alguns declínios com o envelhecimento no sistema nervoso.
2.Descrever as alterações fisiológicas da senescência endócrina.
O declínio hormonal ocorre por um dos seguintes motivos:
SNC (hipotálamo) envia menos mensagens para que as glândulas liberem hormônios;
O próprio envelhecimento glandular.
Nos idosos, hormônios como testosterona, estrogênio, melatonina, somatomedinas, GH, estão em menor produção/secreção, enquanto o cortisol está elevado. O GH sofre queda de 10% a 15% por década de vida após os 25 -30 anos de idade. A maioria das modificações ocorrem por causa do GH, na senescência, pois não só o mesmo está sendo menos secretado, bem como está reduzida sua biotransformação hepática em somatomedinas(IGF-Ie IGF-II).
Como o GH é conhecido também como o hormônio anti-envelhecimento, a reposição do GH promove a reversão parcial de determinadasfunções do organismo, como a melhora do rendimento cardíaco, da força e massa muscular, da pele, do humor, da memória, das funções sexuais e do estado imunológico, além de reduzir a gordura corporal.
A secreção noturna de GH nos idosos é comprometida, ficando bem mais reduzida do que o normal em um indivíduo jovem-adulto.
Uma vez que o envelhecimento está associado com alterações no metabolismo das lipoproteínas, e efeitos benéficos no perfil lipídico foram verificados na reposição de rhGH em adultos com DGH, alguns estudos procuraram verificar os efeitos da administração de GH em idosos. Em mulheres em pós-menopausa sem reposição esteróide, a reposição de rhGH reduziu as LDL-colesterol. Em contraste, dois outros estudos em homens idosos não verificaram efeitos do tratamento com rhGH tanto no colesterol total como nas suas frações. Por outro lado, o metabolismo glicídico pode ser negativamente afetado pela reposição de GH em idosos.
Como o estrogênio está com nível baixo na senescência, não há a ação destes sobre os neurotransmissores e principalmente sobre as endorfinas, o que compromete a função de aliviar a dor e oferecer as sensações de prazer de forma normal ao idoso. Além disso, sem o funcionamento normal de endorfinas, o idoso fica mais suscetível à falha da memória e à depressão, visto que haverá níveis baixos de serotonina, por exemplo, afetando diretamente o sistema límbico.
A osteoporose também se torna mais possível, devido ao baixo nível de estrogênio. O estrogênio também é relacionado ao desequilíbrio do colesterol e triglicérides, que se tornam aumentado na senescência. Estudos mostram, também, que as mulheres na Menopausa têm uma chance muito maior de sofrerem arteriosclerose e suas consequências, tais como ataques cardíacos, doenças cardiovasculares e demência.
Com a deficiência de testosterona, a esterilidade é a consequência. O principal motivo da baixa produção, decorrente da idade (a partir dos 40 anos), se dá por alterações no eixo hipotálamo-hipófise. A queda deste hormônio causa diminuição da libido, impotência, redução da força muscular. Os níveis de hormônio luteinizante (LH) não se apresentam aumentados apesar dos níveis reduzidos de testosterona. 
A redução da testosterona pode causar:
Impotência sexual;
Queda da libido;
Ejaculação precoce;
Perda de cabelo;
Perda de memória;
Diminuição da massa muscular;
Câncer na próstata;
Alterações no humor (Nervosismo, Insônia);
Osteoporose.
	
A melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal que tem efeito antioxidante, que tem capacidade de passar pela barreira hematoencefálica, atuando em nível neuronal, cujo um dos objetivos é retardar o processo de envelhecimento. Com o envelhecimento a glândula pineal funciona menos, causando insônia, má qualidade do sono (ou dorme pouco ou dorme muito mesmo quando não deveriam), explicando muitas vezes porque idosos possuem o sono desregulado. Além disso, a melatonina desempenha papel importante no fortalecimento do sistema imunológico em humanos, dessa forma, com o envelhecimento, muitos problemas e doenças comuns aos idosos decorrem da perda da capacidade do sistema imunológico de reagir às agressões, com o passar da idade, muitas vezes relacionado ao déficit de melatonina. Além de suas funções como hormônio-mestre que regula os ritmos biológicos, a melatonina protege as células contra os danos causados pelos radicais livres. Dessa forma, a melatonina é vista como uma das melhores defesas contra distúrbios inerentes ao envelhecimento.
A Dehidroepiandrosterona(DHEA) é um hormônio produzido pelas glândulas adrenais, e é convertido pelo organismo em estrógeno e testosterona. Os níveis de DHEA começam a diminuir por volta dos 30 anos de idade, e alguns especialistas acreditam que a reposição desse hormônio aumenta os níveis de estrógeno e testosterona. Alguns afirmam que a DHEA também apresenta ação sobre a libido. Embora, usar esse hormônio como medida preventiva ao envelhecimento possa causar câncer de próstata em homens e câncer de mama em mulheres.
Em relação a andropausa, cujo termo mais adequado seria Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino (DAEM), é caracterizado pela diminuição do hormônio Dehidroepiandrosterona (DHEA). O DHEA e o Dehidroepiandrosterona sulfato, são os primeiros a abaixarem com a idade, levando a patologias circulatórias, osteoarticulares e metabólicas e com aumento da gordura abdominal.
Já o cortisol, hormônio secretado pela suprarrenal, que normalmente é secretado em casos de jejum prolongado, dietas pobres em CHO, ou de estresse físico e emocional, visando reduzir inflamações e /ou em casos de ferimentos, no envelhecimento é caracterizado como “o hormônio acelerador do processo de envelhecer”. Pois, os altos níveis de colesterol se relacionam diretamente aos seguintes importantes fatores de envelhecimento:
Diminuição de colágeno e elastina na pele, articulações, ossos e músculos;
Perda de memória e prejuízo do sistema nervoso;
Diminuição da função imunológica;
Aumento de fatores sinalizadores de inflamação (eicosanóides);
Distúrbios no metabolismo de lipídeos, refletindo alta taxa de triglicerídeos e de colesterol total, baixo HDL e alto LDL;
Retenção de fluídos corporais e aumento da pressão sanguínea;
Diminuição da capacidade sinalizadora de hormônios;
Aumento da hipoglicemia e da vontade de comer açúcar, devido aos altos níveis de insulina;
Mais inflamações provocadas por alergias, asma e artrite;
Problemas de pele, rugas, acne, psoríase, seborréia e alopécia (queda de cabelo);
Diminuição da função cognitiva.
A insulina está aumentada fisiologicamente no processo de envelhecimento, porém como um dos distúrbios metabólicos está o Diabetes Mellitus tipo 2 (insulino não-dependente), pois apesar de existir alto nível de insulina, há problemas nos receptores de insulina, isso decorre geralmente por envelhecimento do pâncreas (das células Beta-pancreáticas).
	Os hormônios T3 e T4, em consequência de um metabolismo basal diminuído, o mais comum é que ocorra na senescência queda da produção de tiroxina e de triiodotironina. O hipotireoidismo, então, é uma das consequências secundárias patológicas da senescência endócrino-metabólica. 
Descrever as alterações fisiológicas da senescência genito-urinária masculino e feminino.
Histologicamente, a lesão característica do rim senil é a esclerose glomerular e, apesar de ser há muito tempo conhecida, sua patogênese ainda é pobremente entendida. O peso e volume renal diminuem em 20% a 30% entre as idades de 30 a 90 anos, de 250-270 g no adulto não idoso para 180-200 g no idoso. O número de glomérulos diminui em 30 a 50%, havendo um aumento da relação entre os esclerosados e os normais: 1 em 10 glomérulos na idade de 80 anos comparados com 1 em 100 no adulto não idoso. O mesângio mostra graus variados de expansão, bem como de fibrose intersticial. Os túbulos se mostram diminuídos em número, volume e extensão. Atrofia tubular focal, fibrose intersticial e inflamação crônica são achados frequentes e, em algumas situações, podem estar associados a áreas de esclerose glomerular.
As arteríolas desenvolvem espessamento da íntima, duplicação da lâmina elástica interna, hialinização com graus variados de estenose do lúmen. Estudos em autópsias mostram que na ausência de hipertensão arterial, somente 15% dos indivíduos com mais de 50 anos desenvolvem mudanças morfológicas vasculares, enquanto que em hipertensos estas alterações aparecem em 95% dos casos. Embora estejam bem definidas na literatura, estas alterações variam em intensidade proporcionando graus variados de deterioração da função renal. Acredita-se que outros fatores de risco, como doenças sistêmicas, dieta, meio ambiente e hábitos pessoais quando superimpostos no idoso, acelerem este processo de deterioração.
Gradualmente, o fluxo plasmático renal diminui de 600 ml/min na 3ª década para 300 ml/min na 8ª década, sendo que um importante fator para se levar em consideração quando este parâmetro for avaliadoé o declínio do débito cardíaco associado à idade. O ritmo de filtração glomerular (RFG), estimado pela depuração de EDTA, inulina ou creatinina, tem sido mostrado em estudos longitudinais e retrospectivos declinar com a idade. É relatada uma diminuição de 1 ml/ min/1,73 m2 por ano após a 3ª década, sendo esperada uma depuração de 50 ml/min na maioria dos indivíduos com 90 anos de idade. Além disso, há alterações na habilidade de concentração e diluição também são fenômenos documentados em idosos. O rim apresenta anormalidade na conservação do sódio, talvez relacionada à perda de néfrons, à carga de filtração por néfron ou à diminuição da atividade do sistema renina-angiotensina-aldosterona.
A atividade plasmática de renina está diminuída em 30-50% nos indivíduos idosos, havendo uma redução similar nos níveis plasmáticos da aldosterona. Ademais, um prejuízo na secreção de vasopressina e na responsividade das células do ducto coletor para o efeito hidro-osmótico desta têm sido descritos. 25 Os idosos apresentam defeito na acidificação, que pode ser inaparente em condições basais, mas que em situações que produzam acidose metabólica como diarreia, vômito, obstrução do trato urinário, graus leves de insuficiência renal, o distúrbio ácido-básico poderá ser notado. O metabolismo do cálcio também se mostra alterado, sendo a osteopenia um achado frequente. É visto nestes indivíduos uma menor excreção urinária de cálcio, níveis diminuídos de calcitriol e aumento da concentração de paratormônio.
Além das alterações decorrentes da senilidade dos tecidos, a diminuição de função renal, atrofia da uretra, enfraquecimento da musculatura pélvica associado à perda de elasticidade uretral e de colo vesical, doenças próprias do indivíduo idoso também contribuem para o desenvolvimento de incontinência urinária (SOUZA,2002; CARDOSO,2009). A hiperplasia prostática benigna, que está presente em aproximadamente 50% dos homens aos 50 anos de idade, em metade dos quais causa obstrução ao fluxo urinário e acarreta alterações significativas do trato urinário inferior, como a instabilidade do músculo detrusor. A presença de instabilidade detrusora em muitos indivíduos idosos continentes sugere que a relação entre urge-incontinência e instabilidade detrusora seja mais fraca em pessoas idosas do que em jovens.
Uma possível explicação para este fato é que, nos idosos, as características das contrações involuntárias, de menor amplitude, necessitem de alterações estruturais e funcionais do esfíncter uretral para que ocorra a incontinência urinária (REIS et al.,2003). Nas mulheres ocorre a abertura do assoalho pélvico, para a passagem da cabeça fetal, é pequena e, por essa razão, a cabeça empurra o assoalho pélvico para baixo até que tenha dilatado o suficiente para passar por ela. Os relatos documentam essas alterações do assoalho pélvico após o parto vaginal, o qual seja um dos causadores de incontinência urinaria nas mulheres (BARBOSA et al.,2005). Estima-se que a incontinência urinária em mulheres é em torno de 58,8%, sendo e 39,2% entre os homens. As mulheres são ao longo de sua vida mais suscetível a infecções do trato urinário o que possivelmente justifica as diferenças. A prevalência de incontinência urinária varia conforme a faixa etária, que de acordo com Junior (2009) é de 26,5% em indivíduos com até 65 anos, para 73,7% em indivíduos com 95 anos ou m
Reconhecer a epidemiologia das doenças degenerativas neurológicas e genito-urinárias prevalentes no idoso.
O envelhecimento da população mundial é um dos grandes desafios a ser enfrentado nas próximas décadas. Em decorrência da acentuada redução da mortalidade prematura por inúmeras doenças agudas e crônicas, observada ao longo do século 20, a expectativa de vida aumentou e continuará se elevando na maioria das regiões do planeta.
A prevalência da demência varia substancialmente entre as várias partes do mundo. Por exemplo, na América Latina, a prevalência é maior do que o esperado para o nível de envelhecimento populacional, tal fenômeno é explicado pela somatória do baixo nível educacional e alta prevalência do perfil de risco vascular. Pesquisas recentes do estudo clinico patológico realizado no Brasil retrata as seguintes prevalências:
Doença de Alzheimer (35,4% );
Demência vascular (21,2% );
Demência mista (30,1% ).
Comparando com outros países esses dados se mostram baixos para Alzheimer e mais altas para demência vascular (DV) e para demência mista (DM). Valores elevados de DV e DM, pode ser explicado pelo acesso limitado da população estudada ao controle adequado dos fatores de risco cardiovasculares.
A infecção do trato urinário é uma das causas mais prevalentes em todas as faixas etárias. No sexo feminino, estima-se que 40% dos idosos terão infecção urinária em alguma fase da vida. A prevalência de infecção urinária aumenta com a idade em ambos os sexos pela diminuição dos mecanismos de defesa do trato urinário. No sexo masculino, esse aumento é maior pela incapacidade do esvaziamento miccional completo secundária ao aumento do volume prostático.
Já a prevalência da incontinência urinária em idosos é variável dentre as literaturas. Esse fato é explicado pela heterogeneidade dessa população. Sabe-se que o sexo feminino é o mais acometido devido causas anatômicas e que o envelhecimento aumenta tanto a prevalência quanto a gravidade dos casos. Trinta a 60% de mulheres idosas e 10 a 35% dos homens idosos na comunidade e até 80% dos institucionalizados tem incontinência urinária.
Diferenciar os aspectos clínicos, fisiopatológicos e epidemiológicos das demências vasculares e da Doença de Alzheimer.
A Doença de Alzheimer (DA) é atualmente considerada um problema de saúde pública em todo o mundo. Os custos diretos e indiretos relacionados com a doença, tais como: tempo despendido e perda de produtividade; o impacto negativo na saúde do cuidador, as limitações peculiares ao diagnóstico; e as expectativas negativas dos pacientes e de seus familiares (MACHADO, 2006).
A DA acarreta um declínio funcional progressivo e perda gradual da autonomia, ocasionando nos indivíduos por ela afetados uma dependência total de outras pessoas em decorrência da deterioração das funções cognitivas e do desempenho de atividades da vida diária, associada a uma variedade de distúrbios de comportamento e de sintomas neuropsiquiátricos (MACHADO, 2006; KWENTUS, 2002).
Atualmente, os critérios mais amplamente aplicados para a definição clínica de DA preconizam a presença de demência estabelecida por exame clínico, documentada por avaliação do estado mental padronizada e confirmada por testes neuropsicológicos. Esses testes devem demonstrar déficits em duas ou mais áreas de cognição, com piora progressiva da memória e de outras funções cognitivas na ausência de delirium (KWENTUS, 2002; REICHMAN; CUMMINGS, 2002).
A DA se inicia, frequentemente, após os 60 anos de idade. A idade é indiscutivelmente o fator de risco mais importante para o desenvolvimento de demências. Além disso, são também identificados como fatores de risco para a DA uma história familiar positiva, síndrome de Down, baixo nível econômico e gênero feminino (após 80 anos) (MACHADO, 2006).
As evidências científicas sugerem para a DA uma etiologia multifatorial: fatores genéticos e ambientais, possivelmente agindo através de complexas interações, modulariam o risco de desenvolvimento da doença. Como ainda não existe um tratamento que possa curar ou reverter a deterioração causada pela demência, os tratamentos disponíveis atualmente buscam minimizar sintomas cognitivos e comportamentais por meio de medicação e técnicas cognitivas de reabilitação, melhor estruturação do ambiente e, também, por meio de grupos informativos para pacientes e familiares (MACHADO, 2006).
Enquanto não é possível conhecer melhor sua etiopatogênese e descobrir tratamentos curativos orientados para o mecanismo fisiopatológico da DA, preconiza-se, na assistência e prevenção deste distúrbio, o seu conhecimento por parte de todos os profissionaisda saúde, o diagnóstico precoce e preciso, a instituição precoce do tratamento farmacológico, a intervenção interdisciplinar e o envolvimento da família e dos grupos de apoio.
Não há uma avaliação única que determine o diagnóstico específico da DA. Além disso, é importante pontuar a importância da utilização de diferentes métodos e técnicas no processo de realização de diagnósticos diferenciais, pois várias outras condições podem apresentar-se, de início, com quadro clínico semelhante à DA, entre as quais se incluem outros tipos de demências, as desordens amnésicas, o retardo mental, as desordens fictícias, o estado confusional agudo (delirium), as desordens psiquiátricas funcionais (depressão maior, esquizofrenia), o comprometimento cognitivo leve, declínio cognitivo associado ao envelhecimento, ou ainda o comprometimento da memória associado à idade .
Nesse sentido, a utilização de escalas é fundamental, pois elas representam indicadores quantitativos que favorecem a produção de evidências mais fidedignas, uma vez que permitem acompanhar resultados, evoluções, avaliações, impactos gerados e outros. Já os exames de imagem do crânio utilizados para auxiliar no diagnóstico são reconhecidos como um excelente recurso para a investigação dos quadros demenciais. A tomografia computadorizada do encéfalo (TC) ou a ressonância magnética do encéfalo (RM) são recomendadas como procedimentos de rotina para o diagnóstico de demência, devendo ser realizadas pelo menos uma vez em todos os casos (MACHADO, 2006).
Estudos relativos a aspectos genéticos (6,34%) caracterizam-se como outra categoria de análise, trazendo evidências de que a DA envolve múltiplas causas, uma vez que diferentes lócus cromossômicos encontram-se afetados.
A descoberta de marcadores genéticos de risco para a DA implica em informações que podem favorecer novas pesquisas relativas às possíveis formas de se prevenir as mutações genéticas que podem ocorrer por interferência de fatores ambientais.
A abordagem farmacológica da DA: uso do lítio, inibidores da colinesterase, Ginkgo biloba. Em 2005, licenciados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), quatro medicamentos inibidores da colinesterase: tacrina, rivastigmina, donepezil e galantamina, todos envolvidos no tratamento farmacológico do comprometimento cognitivo e com critérios de indicação específicos para cada indivíduo, considerando principalmente a fase da doença.
Engelhart et al. (2005) também discutem a utilização do extrato de Ginkgo biloba. Segundo os autores, o extrato de Ginkgo biloba é administrado para melhora da cognição e neuroproteção em virtude de seus princípios ativos, que promovem o aumento do suprimento sanguíneo cerebral por vasodilatação e redução da viscosidade do sangue, além de redução de radicais livres no tecido nervoso. Apesar dos resultados dos efeitos do extrato de Ginkgo biloba sobre a cognição normal em adultos jovens e idosos indicaram melhora objetiva na velocidade de processamento cognitivo e impressão subjetiva de melhora da memória. 
Ainda em relação à abordagem farmacológica, é importante ressaltar que, além de propiciar efeitos benéficos nos aspectos cognitivos (memória), essas têm como função intervir nos sintomas de comportamento psicológico, através de antipsicóticos (neurolépticos – típicos e atípicos), antidepressivos, ansiolíticos, sedativos e estabilizadores de humor. Essas medidas buscam promover melhora funcional no desempenho das atividades de vida diária e, consequentemente, têm um impacto positivo na qualidade de vida.
O objetivo da intervenção terapêutica é facilitar e aumentar o nível de desempenho máximo do paciente, minimizando as possíveis intercorrências que, de uma forma ou de outra, estão impedindo a realização das atividades do dia-a-dia.
Problemas que ocorrem no alzheimer:
-Déficits de memória (ÁVILA; MIOTTO, 2002),
-Déficit de funções executivas (ÁVILA; MIOTTO, 2003)
-Alterações de linguagem;
-Dependência no momento da alimentação (SANCHES et al., 2003).
A reabilitação de idosos requer a participação de uma equipe com características multi e interdisciplinar que poderá, conforme necessidades de cada paciente, incluir a atuação de profissionais de áreas diversas compondo uma equipe básica de atendimento, geralmente formada por assistente social, enfermeira, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, médico, nutricionista, terapeuta ocupacional e psicólogo.
FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA DE ALZHEIMER
A doença de Alzheimer caracteriza-se, histopatologicamente, pela maciça perda sináptica e pela morte neuronal observada nas regiões cerebrais responsáveis pelas funções cognitivas, incluindo o córtex cerebral, o hipocampo, o córtex entorrinal e o estriado ventral.
As características histopatológicas presentes no parênquima cerebral de pacientes portadores da doença de Alzheimer incluem depósitos fibrilares amiloidais localizados nas paredes dos vasos sanguíneos, associados a uma variedade de diferentes tipos de placas senis, acúmulo de filamentos anormais da proteína tau e consequente formação de novelos neurofibrilares (NFT), perda neuronal e sináptica, ativação da glia e inflamação.
Baseadas nesses marcadores neuropatológicos, duas hipóteses principais foram propostas, a fim de explicar a etiologia da doença. De acordo com a hipótese da cascata amiloidal, a neurodegeneração na doença de Alzheimer inicia-se com a clivagem proteolítica da proteína precursora amilóide (APP) e resulta na produção, agregação e deposição da substância β- amilóide (Aβ) e placas senis. 
De acordo com a hipótese colinérgica, a disfunção do sistema colinérgico é suficiente para produzir uma deficiência de memória em modelos animais, a qual é semelhante à doença de Alzheimer.
Cérebros de pacientes portadores da doença de Alzheimer mostraram degeneração dos neurônios colinérgicos, ocorrendo também uma redução dos marcadores colinérgicos, sendo que a colina acetiltransferase e a acetilcolinesterase tiveram sua atividade reduzida no córtex cerebral de pacientes portadores da doença de Alzheimer.
Descrever os testes clínicos utilizados nas avaliações geriátricas.
Há inúmeros testes clínicos utilizados para avaliar de forma multidimensional os idosos. É necessário avaliar a habilidade em executar as atividades de vida diária em um padrão considerado como normal, de acordo com comportamentos socialmente construídos e baseada nas funções física, mental e psicossocial. 
AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA 
A avaliação clínica deve ser individualizada em cada fase da vida. Não há sentido em se usar o arsenal semiotécnico do recém-nascido para um paciente adolescente. Assim também ocorre em relação ao idoso. Muitas condições peculiares nessa faixa etária, como as demências e as quedas, passam despercebidas ou são mal dimensionadas pela avaliação clínica padrão. O processo diagnóstico e, por vezes de direcionamento terapêutico do idoso é conhecido como “Avaliação Geriátrica Ampla” (AGA). 
A AGA começou a ser utilizada no Reino Unido, no final da década de trinta, com base no trabalho da médica britânica Marjory Warren. Em 1936, ela assumiu a chefia de uma unidade do West Middlesex County Hospital, de pacientes crônicos, acamados, para os quais se acreditava que permaneceriam na instituição pelo resto de suas vidas. Por meio da avaliação sistemática, com detalhado trabalho diagnóstico, apoio da enfermagem e da reabilitação, muitos deles receberam alta do hospital. A AGA é sempre multidimensional, frequentemente interdisciplinar e tem por objetivo determinar as deficiências e incapacidades apresentadas pelo idoso, objetivando o planejamento do cuidado e de acompanhamento a longo prazo. Ela integra o processo clínico padrão, mas enfatiza a avaliação da capacidade funcional e da qualidade de vida. Parâmetros objetivos de avaliação, com escalas e questionários padronizados, são muitas vezes empregados para esse fim.
Os benefícios e utilidades da AGA podem ser vistos na tabela 1.
ÍNDICE DE VULNERABILIDADE CLÍNICO- FUNCIONAL (IVCF)
O primeiro passo para identificarqual paciente idoso mais se beneficiaria da AGA, é a estratificação em níveis de risco para declínio funcional. Uma das formas é a ferramenta IVCF3 . Trata-se de um instrumento conciso, fácil de ser utilizado e que possui boa correlação com a AGA. 
O IVCF avalia oito dimensões: a idade, a auto-percepção da saúde, as atividades de vida diária (três AVD instrumentais e uma AVD básica), a cognição, o humor/comportamento, a mobilidade (alcance, preensão e pinça; capacidade aeróbica/muscular; marcha e continência esfincteriana), a comunicação (visão e audição) e a presença de comorbidades múltiplas, representada por polipatologia, polifarmácia e/ou internação recente. As perguntas podem ser respondidas pelo idoso ou por alguém que conviva com ele. É importante que as respostas sempre sejam confirmadas pelos cuidadores, pois, muitas vezes, o idoso com déficit cognitivo pode não perceber o problema e não apresentar queixa de memória ou de perda funcional nas atividades de vida diária. Cada pergunta recebe uma pontuação específica, de acordo com o desempenho do idoso, no total de 40 pontos. Além das perguntas, algumas medidas, como a circunferência da panturrilha, a velocidade da marcha e o peso/índice de massa corporal, são incluídas para aumentar o valor preditivo do instrumento. 
A pontuação gera três classificações: de 0 a 6 pontos, o idoso tem provavelmente baixa vulnerabilidade clínico-funcional, e não necessita de avaliação e acompanhamento especializados; de 7 a 14 pontos, verifica-se risco aumentado de vulnerabilidade, que vai apontar necessidade de avaliação mais ampla e atenção para identificação e tratamento apropriado de condições crônicas; com 15 ou mais pontos, considera-se alto risco de vulnerabilidade ou mesmo fragilidade instalada, que exigem avaliação ampliada, de preferência por equipe especializada em cuidado geriátricogerontológico e com suporte psicossocial.
COMPONENTES DA AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA
Uma vez identificados os indivíduos de moderado e alto risco clínico-funcional, é essencial a AGA. Existem diversos modelos disponíveis no Brasil. De forma a avaliar cada um de seus componentes, descreveremos em detalhes aqui o modelo sugerido pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), disponível no site da sociedade. 
	
Na identificação, já é possível perceber nuances da avaliação do idoso. A situação conjugal e o local de residência podem ser marcadores de vulnerabilidade social e de saúde, na medida em que viúvos e residentes de instituições de longa permanência tendem a ter piores desfechos em várias condições de saúde. Outros pontos relevantes são a escolaridade e as fontes de renda, medidas para acesso e aderência aos tratamentos. Aspectos religiosos são importantes, tanto pelo engajamento social, quanto na perspectiva da preparação para o fim da vida.
Na pessoa idosa, a presença de comorbidades é a regra. A coexistência de mais de uma doença torna novos diagnósticos e as intervenções terapêuticas mais complexas. Um inventário com os problemas mais relevantes para aquele indivíduo norteia as futuras condutas, bem como permite a comunicação com outros integrantes da equipe que assistem o paciente, assim como o estadiamento de cada uma das principais doenças. 
Entre as intervenções em saúde, o uso de medicamentos é a principal forma de iatrogenia no idoso. Pessoas idosas frequentemente utilizam muitos medicamentos, prescritos por diferentes médicos, adquiridos de parentes ou nas farmácias, o que aumenta o risco de interações medicamentosas e eventos adversos. Todos os fármacos em uso devem ser revistos a cada encontro com o paciente. 
O melhor método para se detectar risco de problemas relacionados a medicamentos é pedir ao idoso que traga todos medicamentos à consulta, incluindo vitaminas, herbais e aqueles adquiridos por outra via que não a prescrição médica. Polifarmácia é o termo que indica o uso concomitante de cinco ou mais medicamentos, que marca o aumento do risco de eventos adversos relacionados a fármacos.
Funcionalidade é a capacidade de gerir a própria vida e de cuidar de si mesmo. Uma pessoa é considerada saudável quando é capaz de realizar suas atividades sozinha, de forma independente e autônoma, ainda que tenha doenças. A perda de funcionalidade não é natural à medida que envelhecemos e exige investigação e intervenções apropriadas. Um idoso deve ser avaliado em três níveis de funcionalidade: nas atividades da vida diária (AVD´s) básicas, aquelas desempenhadas para o autocuidado; as AVD´s instrumentais, aquelas relativas à habilidade para manter de modo independente as atividades domésticas; as AVD´s avançadas, relativas aos papeis sociais, comunitário ou laboral. A seguir, relacionamos, nas tabelas 2 e 3, dois instrumentos simples de avaliação das AVD´s básicas e instrumentais, amplamente utilizadas no nosso meio e indicadas na diretriz da SBGG. 
	
Ressalta-se aqui a pesquisa de incontinências, condições comuns e com grave repercussão na vida do idoso. São definidas como a perda involuntária de urina ou de fezes, quase sempre com problemas sociais graves. Isoladamente, o envelhecimento não causa incontinências. Sua intensidade pode variar desde episódios ocasionais de gotejamento de pequenas quantidades de urina até a incontinência urinária (IU) e/ou fecal contínuas. A saúde física, o bem-estar psicológico, as condições sociais e os custos com a assistência à saúde podem ser afetados negativamente pelas incontinências. Muitas das incontinências são tratáveis, desde que devidamente reconhecidas.
Adicionalmente às medidas de avaliação de independência para AVD´s, é importante determinar o risco de quedas, que está intrinsecamente relacionado à marcha. Por si só, a redução da mobilidade e os distúrbios da marcha são marcadores de pior prognóstico no idoso. Todo idoso deve ser inquirido ativamente quanto à ocorrência de quedas. Mais de um evento no último ano, uma ou mais quedas com lesões secundárias, o idoso que refere desequilíbrio e o desequilíbrio detectado no exame físico são preditores de risco aumentado de quedas e indicam necessidade de avaliação pormenorizada. Testes específicos podem auxiliar na avaliação, sobretudo por torná-la mais objetiva e para se observar resposta aos tratamentos. A descrição desses testes pode ser vista na tabela 4. 
AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA BREVE
A Incapacidade Cognitiva é um dos principais problemas da saúde do idoso. O termo cognição refere-se ao conjunto das capacidades mentais superiores. Todas às vezes, em que há um comprometimento dessas funções, capaz de prejudicar ou mesmo impedir a pessoa de gerir a própria vida ou cuidar de si mesmo, há Incapacidade Cognitiva. Termos como “confusão” e “lucidez” são muito amplos e imprecisos e têm pouca utilidade clínica.
Todo paciente acima de 60 anos, sobretudo aqueles com suspeita de Incapacidade Cognitiva, devem ser avaliados globalmente, uma vez que comorbidades frequentemente são causa ou fator de piora da cognição. A anamnese e o exame físico devem, portanto, ser abrangentes. O histórico de medicamentos, o uso de drogas lícitas ou ilícitas, trauma crânio-encefálico e doenças psiquiátricas devem ser investigados, assim como internações hospitalares e outras intervenções terapêuticas. 
Também é fundamental a avaliação quanto à presença de depressão, uma vez que a mesma pode ser causa ou associar-se a outras causas de deterioração da cognição. Instrumentos como a Escala de Depressão Geriátrica são úteis para rastreamento dessa condição (tabela 5).
Juntamente com a avaliação das atividades da vida diária e o rastreamento de depressão, testes simples de avaliação da cognição podem ser realizados em qualquer contexto e fornecem importantes parâmetros sobre o status cognitivo do idoso. A tabela 6 relaciona alguns dos testes mais empregados, seus componentes e a maneira de interpretá-los. Deve ser ressaltado que nenhum resultado dos testes de avaliação cognitiva comprova ou afasta definitivamente o diagnóstico de demência. A avaliação globaldo quadro clínico, associado com a observação de desempenho em atividades da vida diária é essencial.
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
O estado nutricional alterado associa-se a inúmeras doenças no idoso, piora seu prognóstico e também a qualidade de vida. Por outro lado, um bom cuidado nutricional parece estar diretamente relacionado ao envelhecimento bem-sucedido. Há várias formas de se identificar o idoso que se encontra em risco ou com comprometimento nutricional. 
A triagem pelo questionário de Mini Avaliação Nutricional (tabela 7) pode ser um ponto de partida.
O principal parâmetro antropométrico útil à avaliação nutricional no idoso é o índice de massa corporal (IMC), obtido dividindo-se o peso corporal (kg) pela altura ao quadrado (m2). Tanto o baixo peso quanto o sobrepeso têm efeitos deletérios conhecidos para a saúde geral. Importante ressaltar que os valores do IMC aumentam com o passar da idade, uma vez que a adiposidade aumenta, mesmo com o peso estável. Consequentemente, para os idosos, sugerem-se diretrizes de idadeespecífica para o IMC, que compreende o intervalo entre 22 e 27kg/m2 . Valores de IMC abaixo de 22 e acima de 27 devem ser considerados como risco potencial para deterioração da saúde geral. 
Outra medida útil, que avalia não somente o estado nutricional, mas também a capacidade funcional e o risco de quedas, é a circunferência da panturrilha (CP). Uma CP inferior a 31 cm é considerada, atualmente, o importante indicador clínico de sarcopenia, risco de incapacidade funcional e de queda.
OUTROS MEIOS DE AVALIAR:
Avaliação de fatores de risco cardiovascular e de uso de álcool na AGA – SBGG;
Avaliação de déficits visuais, auditivos e do sono na AGA – SBGG;
Avaliação do status vacinal na AGA – SBGG;
Avaliação do suporte social na AGA – SBGG;
APGAR familiar – avaliação do funcionamento familiar.
Caracterizar as alterações genito-urinárias prevalentes no idoso (masculino e feminino) e suas formas de prevenção e abordagem (HPB, CA de próstata e perda involuntária de urina).
HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA
A hiperplasia prostática benigna (HPB) é um dos processos mórbidos mais comuns que afetam o homem idoso. Na literatura médica, encontram-se estimativas de que 90% dos homens com 80 anos de idade ou mais apresentam evidências histológicas dessa condição, 81% têm sinais ou sintomas relacionados com a HPB, e 10% desenvolvem retenção urinária aguda. 
Devido à íntima relação anatômica entre próstata, uretra e colo vesical, qualquer aumento da próstata, permanente ou não, trará graus variáveis de obstrução ao fluxo urinário. Na dependência da intensidade e duração desse fenômeno, bem como das reações de adaptação encontradas nos músculos detrusores da bexiga, o paciente poderá manter-se assintomático ou apresentar situações de desconforto e gravidade variados, tais como sintomas do trato urinário baixo, antigamente denominados genericamente prostatismo, além de hematúria, litíase vesical, incontinência urinária, infecções locais, e insuficiência renal ou pós-renal.
A análise epidemiológica da história natural da HPB mostra que os sintomas não são inexoravelmente progressivos. Um número significativo de pacientes experimenta, ao longo dos anos, sem tratamento, melhora clínica e, às vezes, completa resolução das suas queixas. Cerca de apenas 10% dos pacientes podem evoluir para retenção urinária, e 50% deles podem permanecer assintomáticos por toda a vida.
A HPB origina-se na zona de transição da próstata. Essa zona rodeia a uretra prostática entre o colo vesical. No desencadeamento da HPB, o aumento da zona de transição é observado pela cistoscopia como uma hipertrofia dos lobos lateral ou medial. Essa hiperplasia do estroma e dos elementos glandulares se expande em direção ao lúmen uretral, favorecendo sintomas obstrutivos locais.
Esses sintomas possuem três componentes diferentes: estáticos ou mecânicos, dinâmicos e de disfunção vesical ou detrusora. O componente estático diz respeito ao efeito de massa exercido pela próstata crescida, composta de nódulos adenomatosos. Os andrógenos, principalmente testosterona e di-hidrotestosterona, possuem papel fundamental nesse processo, por estimularem o crescimento acinar e do estroma fibromuscular da próstata. Essa ação se dá tanto pelo estímulo trófico, exercido pela diihidrotestosterona nos ácinos e estroma de próstatas normais ou hiperplásicas, como pela supressão dos mecanismos de autorregulação celular, ao reduzir a morte celular programada.
Esses padrões anormais de crescimento hiperplásico são mediados por anormalidades presentes no envelhecimento, nos fatores de crescimento locais e nos seus receptores. Os mais estudados e correlacionados com a gênese dos fenômenos hiperplásicos são (epidermal growth factor (EGF), (transforming growth factor (TGF-alfa), (fibroblast growth factor (FGF), (keratinocyte growth factor (KGF) e os (insulin-like growth factors (IGF I e II). O componente dinâmico está diretamente relacionado ao tônus dos músculos lisos da cápsula prostática e do colo vesical. Essas regiões são ricas em receptores adrenérgicos alfa-1, e um aumento no tônus muscular local pode justificar alguns dos sintomas de caráter obstrutivo vistos nos homens com HPB.
O terceiro componente sintomático diz respeito às reações de adaptação da bexiga frente aos dois componentes anteriores, que, mediante processos de irritabilidade e/ou instabilidade detrusora, poderão responder por sintomas chamados irritativos. Inicialmente, as reações vesicais tendem à instabilidade ou à redução da complacência vesical, frequentemente associada a sintomas de urgência e frequência.
Posteriormente, ocorrem perda da capacidade contrátil do detrusor e deterioração da capacidade de esvaziamento vesical, surgindo, pois, hesitação, intermitência e aumento do volume urinário residual. A base anatômica desse processo adaptativo da bexiga se dá tanto por hipertrofia dos músculos detrusores que compõem a parede vesical como, também, por aumento do colágeno local e surgimento de trabeculações na parede vesical, vistas à cistoscopia.
Reconhece-se ainda, a possibilidade de mecanismos neurorreguladores exercerem função patológica no grau de irritabilidade do detrusor, independentemente do grau de obstrução uretral. Tais mecanismos explicariam, assim, a variabilidade na intensidade dos sinais e sintomas vistos em diferentes pacientes com próstatas de mesmo volume. 
Prevenção
Coma mais legumes:
As melhores opções, segundo as pesquisas, são os legumes ricos em vitamina C e o antioxidante luteína do pimentão e do espinafre. Dê uma atenção especial também à cebola. Homens que comem várias porções de cebola por semana têm menos predisposição a desenvolver HPB. 
Opte por descafeinados:
Uma xícara de café de manhã faz bem. Mas, depois disso, só tome descafeinados. Deixe também de lado chás com cafeína, chocolate e AAS.
Descubra a linhaça e a soja:
Ambas são fonte de compostos vegetais equivalentes aos hormônios chamados fitoestrogênios. Eles ajudam a prevenir a HPB, bloqueando uma enzima que transforma a testosterona, causando o crescimento da próstata. Os fitoestrogênios também neutralizam os efeitos do estrogênio (sim, homens também têm estrogênio). Eles também estimulam o aumento das células prostáticas. Pesquisadores acreditam que um dos motivos para maiores taxas de HPB nos ocidentais, em comparação aos asiáticos, seja a ingestão de menores quantidades de alimentos ricos em fitoestrogênios.
Atividades físicas:
Uma pesquisa que acompanhou mil homens durante nove anos descobriu que os que queimavam mais calorias por semana, em atividades físicas, tinham metade da probabilidade de desenvolver HPB. Duas horas semanais de natação queimam cerca de 1.260 calorias. Isto é, levando-o para a faixa de redução de 50% dos riscos, segundo a pesquisa. Além disso, outras boas opções incluem correr duas horas por semana ou andar quatro horas por semana.
Controle o nível do seu colesterol:
Os hormônios da reprodução, como a testosterona, são em grande partefeitos de colesterol. Há evidências de que homens com altas taxas de LDL (o mau colesterol) têm mais tendência a desenvolver HPB.
Evitar açúcar:
Diminuir a ingestão de açúcar e de carboidratos é uma ótima maneira de perder peso e de prevenir o aumento da glicemia. Homens muito obesos (índice de massa corporal igual ou superior a 35) têm probabilidade 3,5 maior de desenvolver HPB do que os que estão na faixa do peso ideal. Além disso, a glicemia elevada em homens torna-os três vezes mais propensos a desenvolver HPB do que aqueles com níveis normais.
Evitar bebidas alcoólicas:
Homens que tomam duas ou mais doses de bebida alcoólica por dia apresentam probabilidade um terço maior de desenvolver HPB do que aqueles que bebem menos de uma dose ao mês.
ADENOCARCINOMA DE PRÓSTATA
A importância do adenocarcinoma de próstata reside tanto em sua alta incidência e prevalência no mundo todo quanto na sua potencialidade em ser precocemente diagnosticado e tratado de forma curativa. À exceção dos cânceres dermatológicos, é o tipo de câncer mais comum no sexo masculino, representando, nos EUA, a segunda causa de morte por câncer, atrás somente do câncer de pulmão. Segundo dados brasileiros, corresponde, no estado de São Paulo, à terceira causa de morte em homens.
Etiologia
As pesquisas médicas na área molecular têm apresentado importantes avanços na compreensão dos eventos que contribuem para a transformação de uma célula prostática normal, androgênio-dependente, em uma célula anormal, de comportamento maligno, metastático e androgênio-independente.
O crescimento do câncer da próstata depende assim da perda do equilíbrio entre a proliferação e a morte celular programada geneticamente. O surgimento de lesões precursoras do câncer, como lesões intraepiteliais, envolve aumento nos ritmos de proliferação e de morte celular, abrindo caminho para mutações genéticas, redução posterior da morte celular programada e consequente elevação da replicação celular displásica.
Aproximadamente 9% de todos os cânceres prostáticos e 45% dos casos diagnosticados abaixo dos 55 anos de idade podem ser atribuídos à suscetibilidade genética, caracterizada pela presença de um alelo autossômico dominante. Um número expressivo de homens carrega, pois, uma mensagem genética, os proto-oncogenes, que levam ao surgimento de células autônomas na sua replicação neoplásica. A presença de genes protetores, os oncossupressores, evita a ocorrência indiscriminada dessas transformações cancerígenas. Essa proteção é dada principalmente pelos genes p21, p53 e Rb, que, durante o envelhecimento, tendem a perder sua eficácia funcional, favorecendo o predomínio da replicação celular desordenada, disfunções na metilação do DNA celular, inativação da (glutation S-transferase, com posterior elevação do aumento da oxidação intranuclear, culminando com o surgimento do câncer. 
Outros fatores biomoleculares que parecem influenciar o surgimento de células neoplásicas são a detecção de mutações nos receptores androgênicos das células prostáticas tanto hormônio-dependentes como também em 50% das células hormônio-independentes. Mais recentemente, têm sido descritas transformações relevantes nos fatores de crescimento intraprostáticos, provocando assim estimulação indevida de crescimento e proliferação celular. Foram descritas ações pró-neoplásicas na ação patológica de substâncias como peptídios neuroendócrinos, fatores de crescimento derivados de plaquetas epidérmicas, assim como fatores de crescimento provenientes de células ósseas. 
Quanto à relação entre o surgimento do câncer prostático e a ação da testosterona, a maioria dos estudos falha em comprovar uma ação causal estatisticamente significativa. Não foram também significativas as relações causais verificadas entre o câncer e di-hidrotestosterona, FSH, LH e b-estradiol. Aparentemente, os andrógenos não são agentes oncogenéticos em relação à próstata. Eles apenas aceleram o crescimento tumoral, caso ele já exista, assim como estimulam e promovem, também, a manutenção trófica do tecido prostático normal.
Prevenção do câncer de próstata 
Alguns estudos de caráter epidemiológico sugerem que hábitos dietéticos possam influenciar a redução da prevalência da doença, como, por exemplo, a alimentação pobre em gorduras saturadas, principalmente de fontes animais, a ingestão abundante de tomate e seus derivados, ricos em licopeno, que parece reduzir em 35% os riscos de câncer de próstata, além da suplementação alimentar com vitamina E (800 mg/dia) e selênio (200 mg/dia). 
Mais recentemente, alguns autores têm defendido que o uso preventivo da finasterida (5 mg/dia), por inibir a ação estimulante da testosterona sobre as células prostáticas, poderia reduzir a incidência do câncer prostático. São estudos iniciais, que carecem de maior tempo de acompanhamento para resultados estatisticamente relevantes. Por ora, a recomendação mais importante é a busca do diagnóstico do câncer em fases precoces, que possibilita a cura. Para tanto, recomenda-se que todos os homens com 50 anos de idade ou mais submetam-se anualmente ao exame digital retal e à dosagem sérica de PSA. Esses cuidados deverão se iniciar a partir dos 40 anos de idade nos pacientes de raça negra e/ou com história familiar positiva para o câncer de próstata.
INCONTINÊNCIA URINÁRIA
Introdução 
Incontinência urinária é definida pela Sociedade Internacional de Continência como “perda involuntária de urina”. Na população geriátrica, apresenta-se como uma síndrome de etiologia multifatorial, resultante da interação de fatores do envelhecimento com lesões do sistema nervoso e urinário, com comorbidades, com o uso de medicamentos, com declínio funcional e cognitivo. Exerce grande impacto sobre a saúde dos indivíduos afetados, sobre os cuidadores e sobre os sistemas de saúde em várias partes do mundo. Ainda assim, permanece subdiagnosticada e subtratada.
Classificação 
A incontinência urinária é classificada em transitória (reversível) e estabelecida (persistente). Esta última é subdividida em incontinência de urgência, de esforço, de transbordamento (hiperfluxo) e mista, conforme será detalhado a seguir. 
INCONTINÊNCIA TRANSITÓRIA OU REVERSÍVELA: é caracterizada pela perda involuntária de urina na ausência de disfunção do trato urinário inferior. É provocada por eventos clínicos agudos, potencialmente reversíveis. Esse tipo de incontinência tem sido referido como “incontinência relacionada a situações potencialmente reversíveis”.
INCONTINÊNCIA ESTABELECIDA: A incontinência estabelecida refere-se à variedade não causada por comorbidades clínicas ou efeito colateral de medicamentos, que persiste ao longo do tempo. Relaciona-se aos seguintes mecanismos fisiopatológicos: hiperatividade ou hipoatividade do detrusor, alteração da pressão uretral, obstrução da saída vesical e distúrbios funcionais. A incontinência estabelecida é classificada, de acordo com a sintomatologia clínica, em: urgência, esforço, transbordamento (hiperfluxo) funcional e mista.
INCONTINÊNCIA DE URGÊNCIA E BEXIGA HIPERATIVA: A incontinência de urgência ou urge-incontinência é a mais comum em pacientes idosos de ambos os sexos. Caracteriza-se clinicamente por intenso desejo de urinar (urgência), seguido da perda involuntária de volume de urina, que pode ser de moderado a grande. É desencadeada por contrações não inibidas da bexiga, referidas como hiperatividade do detrusor, condição que, geralmente, ocorre na presença de função contrátil normal. Idosos fragilizados, entretanto, podem apresentar incontinência na presença de detrusor hiperativo, mas hipocontrátil, caracterizando-se a denominada “hiperatividade do detrusor com redução da contratilidade”. 
Essa condição se manifesta, clinicamente, com urgência, frequência, jato urinário fraco e grande volume residual, sintomas que se confundem com aqueles provocados por obstrução mecânica do fluxo urinário. O diagnóstico diferencial é obtido com base na urodinâmica. A bexiga hiperativa é uma síndrome caracterizada por urgência urináriacom ou sem incontinência, em geral acompanhada de frequência e noctúria. Pode ocorrer em consequência de doenças neurológicas tais como esclerose múltipla, doença de Parkinson, AVC e demência, mas em muitos casos o seu mecanismo fisiopatológico permanece desconhecido.
INCONTINÊNCIA DE ESFORÇO: Ocorre quando aumentos na pressão intra-abdominal superam a pressão de fechamento esfincteriano, na ausência de contrações vesicais. É o tipo de incontinência mais comum em mulheres jovens e o segundo mais comum em mulheres idosas. É causada, na mulher, por deslocamento da uretra de sua posição anatômica durante esforços (hipermotilidade uretral) ou por deficiência esfincteriana intrínseca, decorrente de trauma cirúrgico; no homem, ocorre por deficiência esfincteriana, consequência de lesão causada por prostatectomia radical.
INCONTINÊNCIA POR TRANSBORDAMENTO (HIPERFLUXO): O termo “incontinência por transbordamento ou de hiperfluxo” é utilizado para descrever o quadro de gotejamento ou perda contínua de urina, associada a esvaziamento vesical incompleto, jato urinário fraco, esforço miccional, intermitência, hesitação, frequência e noctúria. A incontinência por transbordamento é provocada por dois mecanismos distintos: hipocontratilidade do detrusor e obstrução da saída vesical. 
Hipocontratilidade do detrusor ocorre em 5 a 10% dos idosos, como consequência de hipoestrogenismo, de neuropatia periférica e de lesão das vias eferentes do detrusor (herniação discal, estenose do canal medular, tumores). Obstrução da saída ocorre, no homem, em consequência de aumento da próstata ou estenose uretral e, nas mulheres, devido a lesões uretrais cicatriciais e a prolapso vesical e uterino volumosos.
INCONTINÊNCIA MISTA: Esta modalidade refere-se à coexistência de mais de um tipo de incontinência em um mesmo paciente. É a variedade de incontinência mais frequente na mulher. O suposto mecanismo fisiopatológico envolve a associação de hiperatividade do detrusor com redução da função esfincteriana.
INCONTINÊNCIA FUNCIONAL: Trata-se da incontinência que acomete pacientes sem comprometimento dos mecanismos controladores da micção. Deve-se à incapacidade desses pacientes para alcançar o toalete a tempo de evitar a perda de urina, seja por limitações físicas, transtornos psíquicos, déficit cognitivo, hostilidade ou limitações ambientais (iluminação inadequada, banheiros e urinóis de difícil acesso). Pacientes idosos hospitalizados, não prontamente atendidos pelo corpo de enfermagem ou por cuidador durante o desejo de urinar, podem tornar-se, com o tempo, funcionalmente incontinentes.
Prevenção
É possível adicionar à rotina do dia a dia uma série de hábitos que evitam a incontinência urinária.
Controle a ingestão de líquidos à noite.
Evite bebidas alcoólicas e com cafeína.
Controle o diabetes e o peso corporal.
Abandone o tabagismo.
Regule os intervalos entre as micções. Não espere apenas a vontade de urinar para ir ao banheiro.
Mantenha uma alimentação saudável, com bastante fibras.
Realize atividades físicas regularmente.
Reconheça e evite alguns fatores que causam a IU, como uso de remédios diuréticos ou problemas de locomoção em idosos.
Exercícios do assoalho pélvico
Esse treinamento é baseado em exercícios para fortalecer e melhorar a coordenação dos músculos do assoalho pélvico, prevenindo ou melhorando as disfunções nessa região.É muito utilizado em casos de incontinência urinária, incontinência fecal e disfunções pélvicas, tanto em homens quanto em mulheres. É importante buscar um fisioterapeuta para realizar os exercícios da forma correta.
Discutir a importância da sexualidade na terceira idade.
A sexualidade na terceira idade apresenta estereótipos de diversos significados que se associam as disfunções ou insatisfações com o ato sexual. A aparência física contribui para uma atitude inibitória da atividade sexual. No entanto, estudos apontam que há um grande número de idosos com idade superior aos 65 anos que continuam a atividade sexual e relatam estar satisfeitos com o sexo e seu parceiro. Uma pesquisa coordenada por Carmita Abdo, professora da Faculdade de Medicina da USP e coordenadora do ProSex (Programa de Estudos em Sexualidade da USP), que contou mais de 8 mil entrevistados, mostra como homens e mulheres, em diferentes faixas etárias, se dizem sexualmente ativos. Confira o gráfico abaixo:
A atividade sexual regular ajuda a manter a habilidade no sexo. Com o processo de envelhecimento, sabe-se que há diminuição de resposta aos estímulos. No homem, a produção de espermatozoides e testosterona diminui após os 40 anos. Por sua vez, a mulher idosa perde a libido, enquanto o homem mantém a libido, mas apresenta disfunções na ereção e ejaculação. As alterações podem intervir no aspecto sexual, social e psicológico da pessoa idosa. Os homens idosos percebem algumas alterações, tais como:
Depressão;
Irritabilidade;
Falta de impulso sexual;
Ereção menos rígida;
Redução da força de ejaculação;
Percepção mais limitada da ejaculação;
Diminuição do volume do sêmen;
Maior tempo para outra ereção;
Orgasmo mais rápido;
Maior tempo de estimulação manual.
As pessoas idosas podem apresentar sentimentos de temor e ansiedade que resultam em interpretações negativas sobre a atividade sexual, as alterações na estrutura genital e a resposta sexual. Tais sentimentos podem emergir quando detectado a impotência sexual e frigidez feminina. A impotência sexual pode agravar-se em pessoas com diagnósticos de problemas cardíacos, diabetes e hipertensão arterial. Por sua vez, nos casos de morbidade e de invalidez que possam trazer alterações na sexualidade, não se deve impedir a pessoa idosa que tenha uma vida sexual satisfatória e de realização pessoal. Segue algumas orientações às pessoas idosas para manter a satisfação com atividade sexual:
Orientar a regularidade da atividade sexual contínua;
Orientar a auto-estimulação antes do ato sexual;
Orientar as consultas periódicas ao ginecologista e urologista;
Incentivar a atividade física;
Estimular a alimentação equilibrada;
Orientar as medidas para diminuir o estresse e a ansiedade;
Explicar as mudanças fisiológicas vindas com a idade;
Explicar as adaptações sexuais.
Dessa forma, ao abordar a questão da sexualidade na velhice, surge também a preocupação com as doenças sexualmente transmissíveis. Além disso, a pessoa idosa pode apresentar alterações sócio comportamentais, as quais tornam o idoso suscetível para doenças sexualmente transmissíveis, inclusive ao vírus da imunodeficiência humana. Os dados epidemiológicos apontam um aumento de idosos portadores da imunodeficiência humana. 
Diante desse comportamento de risco, destaca-se: a troca de parceiros entre os idosos, o consumo de álcool e drogas, a inexistência do uso da camisinha, entre outros. Os sinais e sintomas da imunodeficiência humana são: alteração do hábito intestinal (diarréia), alteração neurológica (perda da memória e redução da atividade intelectual), cefaléia, algia óssea e articular, fadiga e cansaço, hipertermia e calafrios, lesões cutâneas, linfonodomegalias, lesões na mucosa oral, perda de peso, resfriados, tosse e sudorese noturna.Todavia, os idosos estão expostos às doenças sexualmente transmissíveis, e muitos sintomas supracitados podem ser ausentes, levando ao diagnóstico tardio e de sobrevida menor. A sexualidade é um aspecto importante à vida do indivíduo, seja ele jovem ou idoso.
Portanto, deve-se conhecer as alterações fisiológicas e psicológicas nessa etapa do ciclo vital. A qualidade de vida e a satisfação em viver da pessoa idosa dependem também da expressão sexual e afetiva. Tal expressividade facilita o atendimento holístico da pessoa idosa no contexto domiciliar. Entende-se que a sexualidade humana é uma prática imprescindível para a realização pessoal de todo ser humano, a qual se diferencia de acordo com as aptidões, valores e crenças de cada grupo social. Os profissionais de saúde são agentes multiplicadores das boas práticas de cuidado a saúde na sexualidade,em que abordam a temática entre os adolescentes nas escolas, no entanto, devem romper fronteiras da escola e discutir junto aos idosos, seja em consultas ou em grupos de terceira idade. Os profissionais podem contribuir para a desmistificação da sexualidade e para a ideia da universalização do atendimento holístico e humanizado na busca da qualidade de vida dessa população idosa.
Discutir acerca da necessidade de internação para cuidado dos idosos e as consequências psicossociais.
Com relação ao cotidiano das relações do cuidado nas instituições hospitalares – que muitas vezes é indiferente, mecânico e automatizado, não facilitando a percepção do outro e tornando massificada a atuação profissional –, pode favorecer a despersonificação do ser humano e consequentemente, pôr em risco a manutenção de sua dignidade.
O idoso hospitalizado mantém suas características prévias, as quais necessitam ser respeitadas e preservadas, logo, é importante ver o ser humano como o sujeito de atenção do sistema, não o contrário. Dessa forma, o cuidado ao idoso hospitalizado pode ocorrer norteado por relativa autonomia, desafiando as estruturas hospitalares a presenciar e viver um novo horizonte de atenção integral, no qual os princípios éticos alcancem uma dimensão mais ampla e efetiva, buscando a ampliação da qualidade do cuidado (Carreta Basegio, Bettinelli, & Lorenzini Erdmann, 2011). 
O paciente hospitalizado, idoso e adoentado, necessita de acolhimento e identificação de suas ansiedades, angústias, medos. Ele também pode ter dúvidas sobre seu estado físico, em níveis que precisam ser detectados, observados e respeitados. Necessita ter alguém com quem possa expressar e dividir seus temores e indecisões, a respeito das temáticas que ali o cercam e, sobretudo, necessita da observância do respeito e da ética no lidar com seu corpo, seus aspectos emocionais e sua religiosidade (Lustosa, 2007).
Novos papéis são ocupados involuntariamente pelo indivíduo internado, além da submissão a rotinas e normas nada ou pouco individualizadas e do compartilhamento de sua intimidade, espaço físico e sentimentos, na maioria desconhecidos, levando a um impacto dramático em sua vida (Zampieri, Wanderley, & Ventura, 2013).
A hospitalização do idoso desencadeia uma cascata de eventos que frequentemente culmina na diminuição da capacidade funcional e da qualidade de vida, complicações não relacionadas ao problema que levou à admissão hospitalar do idoso. Assim, para muitos idosos, a hospitalização não resulta em melhora de saúde; pelo contrário, há correlação com aumento da taxa de mortalidade e morbidade, piora do seu prognóstico e predisposição ao processo de fragilização. A possibilidade de alterações nas habilidades cognitivas devido ao afastamento de seus hábitos, costumes, rede de suporte social, trabalho, meio e cotidiano também é fator preocupante (Gutierrez, & Lima, 2012).
É importante ressaltar que além de ser privado do convívio familiar, o idoso internado tem risco de adquirir infecção hospitalar e isso pode prolongar a internação ou ainda levá-lo a óbito, além do aumento da dependência, do delírio e das quedas. 
Valera e Turrini (2008) observaram que a elevada incidência de readmissões hospitalares pode ser atribuída à evolução de alguma doença crônico-degenerativa, à avançada idade dos pacientes, às complicações pós-operatórias, à não resolução do problema anterior e ao baixo seguimento das orientações recebidas. Tais achados sugerem a necessidade de investir em melhorias na qualidade do atendimento hospitalar e na extensão do cuidado no domicílio.
A hospitalização por doença aguda é um fator de risco importante para a perda funcional em idosos. A restrição ao leito traz grande perda de massa óssea e muscular e pode levar à perda da capacidade de deambulação, além de aumentar o risco de quedas e fraturas. Um em cada três idosos hospitalizados evolui com perda da capacidade em realizar atividades básicas da vida diária (ABVDs) e pelo menos 20% desenvolvem delirium durante a internação.
A capacidade funcional é um importante marcador de saúde em idosos hospitalizados; um estudo para descrever as alterações da capacidade funcional de idosos durante a internação hospitalar observou que 19,1% pioraram funcionalmente e 21,3% faleceram durante o período. Houve correlação significante entre a piora funcional e a presença de déficit cognitivo, delirium e baixa capacidade funcional com a hospitalização (Siqueira, Cordeiro, Perracini, & Ramos (2004).
Discutir os exames laboratoriais empregados no diagnóstico de infecção urinaria, hiperplasia de próstata e hipotireoidismo.
EXAMES LABORATORIAIS HIPERPLASIA DA PRÓSTATA]
Urinálise
A urinálise (EAS) deverá ser avaliada para afastar infecção do sistema urinário e hematúria, que, se presentes, sugerem outras causas para os sintomas urinários que não HPB. Estudos cito-oncológicos na urina são indicados em homens com sintomas irritativos graves, em especial se apresentam história de tabagismo de longa duração.
Dosagem sérica de creatinina
Deverá ser realizada rotineiramente em todos os pacientes com sintomas urinários baixos para avaliar o possível acometimento da função de filtração renal por obstrução ao fluxo urinário (insuficiência renal pós-renal). Sabidamente, esses pacientes apresentam risco cirúrgico elevado, devendo ser abordados com cautela quanto ao planejamento operatório.
Antígeno prostático específico
Deverá ser rotina na avaliação laboratorial de todos os pacientes portadores de HPB, tanto para dimensionar prospectivamente a evolução desses pacientes para tratamentos mais intervencionistas como para se rastrear o carcinoma da próstata. O PSA é uma glicoproteína produzida, principalmente, na próstata, e, em menores proporções, foi também descrita no endométrio, no tecido mamário normal, em tumores mamários, no leite humano, em neoplasias adrenais e em células de carcinomas renais. Entretanto, na prática médica, o PSA pode ser considerado próstata-específico. Parte circulante do PSA não se encontra ligada a macromoléculas, e, apesar de metabolicamente inativa, pode ser detectada no soro sob a forma de PSA livre, em proporções variáveis entre 5 e 40% do PSA total, na dependência dos critérios técnicos de mensuração bioquímica e da população estudada. 
A função fisiológica do PSA relaciona-se à liquefação do coágulo seminal, formado após a ejaculação, atuando sobre um substrato proteico produzido pelas vesículas seminais. Cada grama de tecido prostático benigno produz cerca de 0,31 ng/mℓ. O carcinoma prostático produz 10 vezes mais PSA, atingindo 3,5 ng/mℓ de tumor. A medida sérica tanto do PSA total como de sua fração livre pode sofrer influências de vários fatores relatados a seguir. O PSA pode ser modificado pela ação de fármacos, em especial finasterida e dutasterida, por reduzirem o volume prostático. Como regra geral, os usuários de finasterida e dutasterida por 6 meses ou mais apresentam seu PSA reduzido à metade. Para fins práticos, a dosagem sérica de PSA deverá, quanto ao rastreamento para o carcinoma, ser multiplicada por dois. Não se verificou na literatura a influência dos bloqueadores alfa-adrenérgicos nos valores do PSA (Lin et al., 2008). 
Avaliação urodinâmica 
Por não haver relação diretamente proporcional entre a intensidade de queixas urinárias baixas (IPSS) e o grau da obstrução uretral, a avaliação urodinâmica, realizada por profissional experiente, poderá ser de grande auxílio em diferenciar os pacientes com padrão de hipofluxo urinário secundário a obstrução uretral relevante, candidatos ideais aos tratamentos curativos, daqueles com hipofluxo urinário por disfunção relevante do detrusor, a se beneficiarem pouco de procedimentos terapêuticos mais agressivos. Para validação desses resultados, é fundamental a correlação entre fluxo urinário e medida de pressão vesical. Os pacientes portadores de doenças neurológicas passíveis de alterarem a dinâmica miccional, muito comuns na 3 a idade, além dos pacientes com fluxo urinário normal na vigênciade I-PSS moderado a grave, deverão necessariamente submeter-se a estudos urodinâmicos de fluxo-pressão antes de se submeterem a tratamentos cirúrgicos. 
Medida do volume residual urinário pós-miccional
Representa uma forma indireta de se quantificar a obstrução uretral. Esbarra nas considerações referidas anteriormente sobre casos de hipofluxo urinário por falência detrusora. Consideram-se anormais resíduos pós-miccionais acima de 50 mℓ, medidos diretamente por sondagem vesical ou estimados por ultrassonografia pélvica transretal.
EXAMES LABORATORIAIS : INFECÇÃO URINÁRIA
Urina tipo I
O exame inicial na investigação laboratorial da ITU ( Infecção do Trato Urinário) é o da urina tipo I, que deve compreender uma análise sob três aspectos: físico, bioquímico e de sedimento urinário. Na análise física da urina deve-se atentar para a mudança do aspecto de límpido para turvo, e o odor que passa de sui generis para fétido. 
Essas observações são as que inicialmente chamam a atenção dos pacientes idosos ou de cuidadores de pacientes mais frágeis ou cognitivamente prejudicados, mesmo antes da realização de exames complementares. Associadas a manifestações atípicas, como, por exemplo, piora do estado geral e confusão, adinamia ou febrícula, essas informações constituem-se como boa pista na investigação da síndrome infecciosa. 
Quanto ao aspecto bioquímico, a presença de nitritos ocorre quando estão presentes bactérias, geralmente gram-negativas, nas quais o nitrato é transformado em nitrito. A presença qualitativa de leucócitos na análise bioquímica (teste da estearase leucocitária), de maneira indireta, pode evidenciar a presença de leucocitúria. Na avaliação do sedimento urinário, a presença de muco em grande quantidade pode indicar um processo inflamatório de vias urinárias, não necessariamente infeccioso. A presença de cilindros leucocitários indica geralmente infecção (no seu interior encontram-se leucócitos); porém, a anormalidade mais valorizada quanto a uma provável infecção do trato urinário é a piúria (≥ 10 leucócitos/mm3 ). 
A piúria está presente na maioria dos pacientes com ITU, mas deve-se lembrar de que outras condições como calculose renal, necrose papilar, uso crônico de analgésicos, vaginite, nefrite tubulointersticial e cistites inespecíficas também podem causar piúria, na ausência de infecção. Pode ocorrer também, em alguns casos, ausência de piúria na presença de bacteriúria significativa. Portanto, não se deve estabelecer o diagnóstico de ITU apenas a partir da análise isolada do resultado encontrado no exame de urina tipo I. Uma avaliação microscópica com coloração para Gram, pela simplicidade e pelo nível de informação oferecido, pode ser um importante exame complementar, especialmente onde não está disponível a realização da urocultura. A presença de um organismo por campo corresponde a 95% de sensibilidade para bacteriúria significativa (≥ 10 5 UFC/mℓ). 
Urocultura
A urocultura, com a identificação e a quantificação do número de colônias do agente etiológico, confirma a presença de bacteriúria significativa. Existem opiniões conflitantes na literatura de quando a urocultura deverá ser solicitada, não havendo necessariamente uma indicação especialmente nas formas não complicadas. Porém, há necessidade da realização em situações potencialmente mais graves como pielonefrite, falha no tratamento inicial ou sepse. 
 A realização de hemocultura pode ser útil nos casos de pielonefrite aguda, visto que 15 a 30% dos pacientes apresentam bacteriemia. Outros exames, tais como hemograma, ureia, creatinina, sódio e potássio, auxiliam quanto a gravidade e extensão do processo infeccioso. 
Em pacientes mais debilitados, especialmente os residentes em unidades de longa permanência, o diagnóstico de ITU sintomática pode ser desafiador, visto que muitos idosos apresentam comorbidades que dificultam a comunicação, como, por exemplo, AVE e demência, e nas quais as manifestações atípicas podem predominar; nesse grupo há também alta prevalência de bacteriúria significativa, gerando a dúvida se o quadro é sintomático com manifestações não clássicas de ITU ou se as mesmas são decorrentes de outra etiologia. Alguns critérios foram propostos (Loeb et al., 2001) para fins de vigilância e diagnóstico. Mais recentemente esses critérios foram revisados (Stone et al., 2012) e incluem critérios de 1, 2 ou de ambos:
Pelo menos um dos seguintes subcritérios ou sintomas:
Hematúria macroscópica
Novo ou marcado aumento da incontinência
Novo ou marcado aumento da urgência 
Novo ou marcado aumento da frequência 
Na ausência de febre ou leucocitose, dois ou mais dos seguintes subcritérios do trato urinário: Dor suprapúbica Hematúria macroscópica Novo ou marcado aumento da incontinência Novo ou marcado aumento da urgência
Novo ou marcado aumento da frequência Um dos seguintes subcritérios microbiológicos: Pelo menos 10 elevado à 5 UFC/mℓ de não mais do que duas espécies de microrganismos em uma amostra de urina vertida Pelo menos 10 elevado à 2 de qualquer número de microrganismos.
EXAMES LABORATORIAIS : HIPOTIREOIDISMO
Hipotireoidismo pode ser definido como um processo incidioso de falência tireoideana e um estado de menor disponibilidade do hormônio tireoidiano para os tecidos periféricos. Este estado de privação de hormônio faz com que uma série de processos metabólicos ocorra com velocidade diminuída, acarretando um alentecimento funcional de todo o nosso organismo. Os sintomas e sinais próprios do hipotireoidismo são as consequências destas alterações. A alteração metabólica mais frequente nesta população é a elevação de colesterol total, LDLcolesterol e triglicerídios. Em geral, após o início do tratamento de reposição de tiroxina, observamos o declínio dos valores de colesterol. 
O valor elevado de TSH, acima do valor superior do método, faz o diagnóstico de hipotireoidismo. Em fases iniciais, os valores do hormônio tireoidiano, seja o total ou livre, podem encontrar-se dentro da normalidade. Posteriormente os valores de TSH irão se elevar e o nível de hormônio tireoidiano irá declinar ainda mais. 
O hipotireoidismo subclínico caracteriza-se pelo valor de TSH elevado sem declínio do nível de T4. Geralmente, o TSH encontra-se entre 5 e 10 mU/mℓ. Nestes casos, a prevalência de sintomas inespecíficos é ainda maior. Nos casos de hipotireoidismo subclínico a dosagem de anticorpos antitireoidianos é útil, pois a presença destes em titulação mais elevada pode determinar maior velocidade na progressão para hipotireoidismo sintomático. Ainda mais desafiador é o diagnóstico de hipotireoidismo secundário. Nesses pacientes, o nível do TSH pode ser normal ou subnormal e o nível de T4 livre pode ser normal ou baixo. Esta condição é particularmente observada em pessoas acima de 85 anos (Rai et al., 1995).
 
4. CONCLUSÃO 
Ao final deste relatório percebe-se o quão importante é analisar o idoso de maneira holística, já que seus sistemas estão todos integrados não só fisiologicamente, mas também com seu bem-estar psicológico e sua maneira de vivência. O idoso não deve ser visto como inválido, pelo contrário, deve manter uma vida ativa dentro de suas limitações para envelhecer de maneira saudável. A sexualidade ainda se faz presente mesmo que aspectos próprios da senescência dificulte o sexo propriamente dito, visto que há uma diferença entre os termos. Percebemos que o quanto a AGA é importante no processo de conhecimento do idoso, assim como percebemos o quão diferente pode ser o processo de senescência em cada um dos indivíduos mesmo que idosos. 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
LIGIA, Elizabete Viana de Freitas. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 2017. 4ª Edição. Capítulo 66 ,67 e 76 Disponível em: <file:///C:/Users/%20V%20M/Downloads/livro%20tratado%20de%20geriatria.pdf>. Acesso em: 15 maio 2019.
COUTO, Fernanda Bueno D’elboux. Cuidando do idoso no hospital e em internação domiciliar: o que há de diferente? Revista Kairós Gerontologia, São Paulo, v. 1, n. 19, p.57-76, jun. 2015.
FECHINE,

Continue navegando