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1 Marcela Oliveira – Medicina 2020 Modulo Envelhecimento – - RECONHECER AS ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO DO SISTEMA ENDÓCRINO. O sistema endócrino assim o sistema nervoso, coordena respostas fisiológicas aos fatores ambientais, melhorando a sobrevida individual. As alterações hormonais influenciam o declínio funcional, as incapacidades, as doenças da pessoa idosa e a longevidade. O declínio da secreção espontânea dos hormônios do crescimento e dos hormônios sexuais é frequentemente referido como somatopausa, menopausa e andropausa. TIREÓIDE O diagnostico de alterações tireoidianas no idoso muitas vezes é um desafio. Nem sempre é fácil distinguir as alterações fisiológicas daquelas originadas por processos fisiológicos relacionados com o envelhecimento. A anatomia e a histologia da tireoide alteram com a idade. Seu peso pode aumentar diminuir ou manter-se. Na maioria das vezes, o tamanho da glândula aumenta em virtude do aparecimento de bócio nódular. Os nódulos tireoidianos podem estar relacionados com períodos de privação de iodo. A taxa de captação de iodo pela tireoide e pelo rim diminui com a idade após 60 anos e a excreção urinaria de iodo diminui significativamente após os 80 anos de idade. Geralmente, os valores de tiroxina (T4) e tri- iodotironina (T3) estão em níveis mais baixos e os de TSH mais altos. Essa diminuição dos hormônios tireoidianos, especialmente a conversão de T4 em T3, sugere uma ação protetora para o organismo contra o catabolismo, levando à diminuição da taxa do metabolismo basal e um aumento progressivo do tecido adiposo corporal. Esse tecido adiposo é metabolicamente menos ativo do que a massa magra, portanto diminui a demanda pelo hormônio tireoidiano, fechando o ciclo. Os hormônios tireoidianos estimulam o consumo de oxigênio em quase todos os tecidos, aumentando a taxa do metabolismo celular e contribuindo para a manutenção da temperatura corporal. Seu efeito calorigênico diminui com o aumento da idade, aumentando a suscetibilidade de hipotermia nos idosos. A resposta ao calor também está comprometida devido à menor sudorese. PARATIREÓIDES As glândulas paratireoidianas, responsáveis pela secreção dos hormônios paratireoidiano e calcitonina, parecem não alterar suas funções de forma marcante. HIPÓFISE Com o envelhecimento, a hipófise aumenta de volume, e as alterações bioquímicas que ai ocorrem variam de individuo para individuo. Os níveis de melatonina tanto diurnos quanto noturnos diminuem, interferindo no sono. cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 2 Marcela Oliveira – Medicina 2020 PANCREAS Ocorrem pequenas alterações morfológicas observada no pâncreas com o envelhecimento. É esperado um leve aumento da glicemia de jejum relacionado com a idade. Para os idosos ativos pode não haver essa diferença. Entretanto, após ingesta de alimentos a glicemia alcança níveis mais elevados e o tempo de retorno ao normal é mais longo quando comparado com adultos. O mecanismo que explica o surgimento da intolerância à glicose com o envelhecimento ainda não estão completamente esclarecidos. Parece haver uma exaustão progressiva das células. Ou seja, ocorre uma menor resposta dos tecidos à glicose e à insulina. FUNÇÃO ADRENAL: A glândula adrenal é dividida em córtex e medula. No córtex, há as zonas glomerular (produção de aldosterona), fasciculada (cortisol – sob comando do hormônio adrenocorticotrófico [ACTH]) e reticulada (DHEA e androstenediona – andrógenos). Na medular, ocorre a produção de epinefrina. Em teoria, diversos sintomas inespecíficos e déficits (como perda de massa muscular e cognição) poderiam ser atribuíveis a ou remotamente compatíveis com deficiências dos hormônios desta glândula. Quanto à produção de cortisol, é sabido que ela aumenta ou se mantém com a idade, sendo a média de cortisol sérico de 24h aumentada em ambos os sexos, a resposta aumentada ao ACTH em idosas, a resposta ao jejum inalterada comparada aos jovens, o nadir noturno mais alto e precoce em idosos, além da resposta ao estresse, mais prolongada no idoso. Tais alterações são correlacionáveis com alterações no sono – menor nadir noturno, ou fraturas em ambos os sexos, contudo esses pacientes não possuem síndrome de Cushing, provavelmente são alterações fisiológicas próprias do envelhecimento. - DESCREVER AS DOENÇAS DA TIREOIDE MAIS PREVALENTE NOS IDOSOS. Na maioria das vezes, o tamanho da glândula tireoide aumenta em virtude do aparecimento de bócio nodular, sendo esta a alteração mais frequente nos idosos. Os nódulos tireoidianos podem estar relacionados com períodos de privação de iodo; este fato não é tão raro no envelhecimento uma vez que no passado nem todos os idosos viviam em áreas em que a reposição de iodo existia. Microscopicamente encontraremos infiltração linfocítica, fibrose, redução do tamanho do folículo e achatamento do epitélio. Embora estas alterações possam ser encontradas mais frequentemente em portadores de alterações de função tireoidiana, isto não implica o fato de que os idosos com estas alterações serão também portadores de disfunções de tireoide. cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 3 Marcela Oliveira – Medicina 2020 O hipotireoidismo primário é responsável pela maior parte dos casos de hipotireoidismo. A tireoidite autoimune crônica, ou tireoidite de Hashimoto, é a alteração mais frequentemente observada na população idosa. A tireoidite crônica autoimune é caracterizada pela presença de infiltração linfocítica do parênquima tireoidiano, folículos atrofiados e/ou danificados e pela presença de anticorpos antitireoidianos. A segunda maior causa de hipotireoidismo é o pós- operatório de tireoidectomia ou pós irradiação da região cervical anterior, por tratamento de hipertireoidismo ou pós-irradiação de neoplasia cervical. Outra etiologia possível é o hipotireoidismo secundário à dose terapêutica de iodo radioativo. NÓDULOS E NEOPLASIA DE TIREOIDE O envelhecimento está associado à maior incidência de nódulos na tireoide. Entre os idosos na faixa dos 65 anos, aproximadamente 50% apresentam nódulos ao ultrassom. Em áreas de deficiência de iodo, a prevalência de nódulo de tireoide é ainda maior e chega a 74% dos pacientes com idade entre 55-75 anos. Os nódulos de tireoide podem ser considerados adenomas benignos, neoplasias, cistos ou secundários À inflamação. A maior parte destes nódulos é caracterizada como cistos benignos ou nódulos coloides. O primeiro passo é a avaliação funcional do nódulo tireoidiano. Quando não encontramos a presença de hiperfunção tireoidiana, devemos realizar a punção aspirativa do nódulo, de preferencia guiada por USG. A maior parte dos pacientes com lesões neoplásicas são considerados eutireoidianos. Ocasionalmente observamos a presença de hipertireoidismo e neoplasia de tireoide concomitante.Nestes casos, o prognostico é pior uma vez que os auto anticorpos responsáveis pela estimulação da glândula podem também estimular o crescimento da lesão neoplásica, sendo assim, a supressão do TSH com medicamentos antitireoidianos deve ser feita o mais rápido possível. Em geral, o prognostico das neoplasias de tireoide no idoso não apresenta um prognostico pior quando comparado a adultos jovens. A conduta terapêutica no idoso não difere do adulto jovem, ou seja, tireoidectomia total e ablação com iodo radioativo. - DIFERENCIAR ASPECTOS CLÍNICOS, FISIOPATOLÓGICOS E EXAMES LABORATORIAIS DO HIPO E HIPERTIREOIDISMO NOS IDOSOS. HIPERTIREOIDISMO O hipertireoidismo é definido como uma hiperfunção da glândula tireoide, ou seja, um aumento na produção e liberação de hormônios tireoidianos (levotiroxina e triiodotironina). O hipertireoidismo leva a tireotoxicose, que é qualquer estado clinico resultante do excesso de hormônios da tireoide nos tecidos. A doença de Graves é a principal causa de hipotireoidismo, responsável por 60- 90% de todos os estados de tireotoxicose. DOENÇA DE GRAVES A doença de graves é uma desordem autoimune, que apresenta como cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 4 Marcela Oliveira – Medicina 2020 características uma síntese e secreção excessiva de hormônios da tireoide e achados clínicos muito típicos, que consistem em bócio difuso, oftalmopatia, dermopatia (mixedema pré-tibial) e acropatia. A doença de Graves predomina cerca de 10 vezes mais em mulheres do que em homens, talvez, em parte pelos efeitos moduladores dos estrógenos no sistema imunitário. Sugere-se que alguns efeitos emocionais possam desencadear a doença. Além disso, o tabagismo tem sido bastante relacionado à ocorrência de oftalmopatia e ao hipertireoidismo. Em ambientes iodo-deficientes, a exposição ao iodo suplementar pode precipitar a doença de graves em alguns indivíduos. A principal característica a ser lembrada dessa doença é que é uma doença autoimune. Sabemos que nesses pacientes, os linfócitos B sintetizam anticorpos contra receptores TSH localizados na superfície da membrana da célula folicular da tireoide. Estes anticorpos são capazes de produzir um aumento no volume e função da glândula. Denominamos essa imunoglobulina de imunoglobulina estimuladora da tireoide ou anticorpo antireceptor de TSH estimulante (TRAb). No caso desses anticorpos estimuladores, eles se ligam ao receptor, ativam a produção de AMPciclíco, provocando o excesso de produção de hormônio tireoidiano e desempenhando as funções do TSH, como hipertrofia glandular. Ao contrario do que se observa com o TSH, o efeito causado por esses auto anticorpos não é bloqueado por concentrações elevadas de hormônios tireoidiano, levando à hiperprodução hormonal crônica. Na fase ativa da doença, concentrações elevadas de TRAb podem ser observadas ao redor de 99% dos pacientes afetados, sendo esse o marcador patognomonico da doença de Graves. PATOLOGIA A glândula tireoidiana encontra-se simetricamente aumentada, devido à hipertrofia e hiperplasia das células foliculares. A macroscopia, a tireoide apresenta-se macia e lisa, com a capsula intacta e com peso aumentado, podendo chegar a 80 gramas (sendo o normal até 20g). Já do ponto de vista histológico, existe uma superpopulação de células foliculares e um aumento significativo de tecido linfoide. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A oftalmia está clinicamente presente em mais de 50% dos pacientes com doença de graves. Além disso, temos a presença da dermopatia ou mixedema pré-tibial que tem como localização a área pré-tibial e o dorso dos pés. A deposição de glicosaminoglicanos na derme dessa região pode promover prurido e às vezes dor. Isso porque a pele é infiltrada pelos linfócitos T, onde os fibroblastos que possuem receptores de TSH irá iniciar a produção de citocinas que estimulam a produção do acido hialurônico causando edema e raramente o linfedema. A lesão é caracterizada pelo espessamento da pele com pápulas ou placas elevadas hiperpigmentadas violáceas. Os pacientes com dermopatia tireóidea exibem níveis elevados de TRAb. cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Balão de comentário o TRAB se liga aos fibroblastos dos musculos oculares causando uma proptose cecel Balão de comentário Bócio multinodular: nódulos que com o passar do tempo ganham autonomia. É mais comum em idosos e areas carentes de iodo. 5 Marcela Oliveira – Medicina 2020 Na doença de graves existe associação de baqueteamento e osteoartropatia dos dedos das mãos e dos pés, constituindo a acropaquia da doença de graves. As lesões afetam predominantemente a porção distal dos ossos, e a reação dos tecidos moles é firme, indolor e sem rubor e calor locais. Portanto, a dermopatia tireóidea é sugestiva de doença tireóidea autoimune severa, enquanto a acropaquia sugere uma forma ainda mais severa. A intensidade e a duração da doença de graves e a idade do paciente determinam a apresentação do distúrbio. Em indivíduos mais jovens (20-50 anos), manifestações clinicas como nervosismo, fatigabilidade fácil, palpitações, hipercinesia, diarreia, intolerância ao calor, sudorese e perda de peso estão presentes em mais de metade do pacientes com a doença. Com o aumento da idade, perda de peso e de apetite está menos exacerbada, enquanto a irritabilidade e a intolerância ao calor ficam menos frequentes. A miopatia é bastante severa, com perda de massa muscular impedindo a deambulação. A fibrilação atrial é rara em pacientes com menos de 50 anos, mas ocorre em cerca de 20% dos idosos. Em torno de 90% dos pacientes com idade inferior a 50 anos exibem o bócio difuso, de consistência firme e elástica, com tamanho variável; A piora da labilidade emocional em portador de doença psiquiátrica preexistente ou piora da angina ou insuficiência cardíaca em individuo com doença coronariana pode ser pista para ocorrência de hipertireoidismo sobreposto. DIAGNÓSTICO O diagnostico de hipertireoidismo requer a demonstração de um TSH suprimido com T4 livre aumentado. Em casos nos quais a dosagem do T4 livre não cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacarcecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 6 Marcela Oliveira – Medicina 2020 confirmar a suspeita clinica, devemos solicitar a dosagem de T3 total ou do T3 livre, que se encontram elevados em todos os casos de hipertireoidismo. Eventualmente a doença de Graves pode manifestar-se apenas com elevação do T3, caracterizando a T3 toxicose (TSH suprimido, T4 normal e T3 elevado). Esses pacientes possuem um estimulo importante sobre o receptor de TSH, que resulta em uma maior produção de triiodotironina pela glândula. Assim, diante de um paciente com TSH suprimido e T4 normal, sempre devemos solicitar a dosagem de T3. Além disso, sempre devemos solicitar o hepatograma em pacientes portadores de hipertireoidismo antes de iniciarmos o tratamento com drogas antitireoidianas, uma vez que essas medicações possuem potencial hepatotóxico. O anticorpo característico da doença de Graves é o antirreceptor do TSH (TRAb). A pesquisa dessa imunoglobulina não é necessária na maioria dos casos, uma vez que o diagnostico da doença de graves baseia-se em achados clínicos acompanhados de dosagem hormonal. No entanto, existem algumas situações clinicas em que a pesquisa de TRAb torna-se necessária, como no diagnostico da doença de graves em pacientes eutireoidianos, ou em pacientes com poucas manifestações clínicas. HIPOTIREOIDISMO O hipotireoidismo é uma síndrome clinica caracterizada por síntese/secreção insuficiente ou ação inadequada dos hormônios tireoidianos nos tecidos, resultando em lentificação generalizada no metabolismo. Podemos classificar o hipotireoidismo em PRIMÁRIO (falência tireoidiana), SECUNDÁRIO (falência hipófisaria- deficiencia de TSH) ou TERCIARIA (deficiência hipotalâmica de TRH). As formas secundarias e terciarias costumam ser agrupadas no conceito de “hipotireoidismo central”. O hipotireoidismo primário representa a maioria dos casos, sendo bastante comum em indivíduos com mais de 65 anos. O hipotireoidismo congênito é diagnosticado em RN através do teste do pezinho, iniciando precocemente o seu tratamento e prevenindo sequelas neurológicas. Os principais fatores de risco conhecidos para hipotireoidismo são: idade (>65 anos), sexo feminino, puerpério, história familiar, irradiação prévia de cabeça e pescoço e doenças autoimunes. Em áreas com baixo aporte de iodo na dieta, a causa mais comum de hipotireoidismo é a carência nutricional. Já o hipotireoidismo central (secundário ou terciário) tem como causas mais prevalente em adultos, os tumores hipofisários. TIREOIDITE DE HASHIMOTO A tireoidite de Hashimoto é a causa mais comum de hipotireoidismo em áreas com insuficiência de iodo (como o Brasil). Trata-se de uma doença autoimune assintomática nos primeiros meses ou anos, mas que lentamente destrói o parênquima glandular. Tal processo resulta, na maioria dos casos, em falência tireoidiana progressiva. cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 7 Marcela Oliveira – Medicina 2020 Apresenta prevalência sete vezes maior em mulheres e sua incidência aumenta na meia-idade. A patogênese autoimune é corroborada pela infiltração linfocitária da tireoide, presença de auto anticorpos tireoidianos circulantes e células T ativadas especificas para antígenos tireoidianos. Em consonância, a presença de anticorpos dirigidos contra a peroxidasse tireoidiana (antiTPO) em portadores da doença de Hashimoto com insuficiência tireoidiana mínima eleva o risco de progressão para o hipotireoidismo. Nos portadores de tireoidite autoimune, a tireoide pode ser impalpável ou encontra-se difusamente aumentada, com consistência firme, sem nódulos e contorno irregular. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As manifestações do hipotireoidismo devem ser entendidas dentro de um espectro de gravidade, ou seja, quanto maior a duração e a intensidade da carência hormonal, mais grave e numerosa serão as alterações. O quadro clássico, multissemico, é fácil de reconhecer e relativamente especifico. Em contrapartida, quadros leves e oligossintomáticos são absolutamente inespecíficos, mas representam a maioria dos casos. O quadro clínico do hipotireoidismo manifesto é bem característico e compreende sintomas e sinais que incluem intolerância ao frio, ganho de peso, obstipação, pele seca, bradicardia, rouquidão, melancolia e raciocínio lento. A maioria dos achados reflete a redução generalizada dos processos metabólicos e o acúmulo intersticial de glicosaminoglicanos e ácido hialurônico nos vários tecido O hipotireoidismo pode provocar deficiência cognitiva, particularmente problemas de memória. Outros achados neurológicos incluem depressão, psicose, ataxia, convulsões e coma. DIAGNÓSTICO – HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO Caracteriza-se por TSH elevado e T4 livre baixo. O T3 também se encontra reduzido, mas não é habitualmente dosado. Na maioria dos casos, num primeiro momento ocorre elevação isolada do TSH com T4 livre normal. É o chamado hipotireoidismo subclínico: como a glândula é destruída aos poucos, a reserva tireoidiana é progressivamente requisitada, sendo necessário um nível relativamente mais alto de TSH para manter o T4 livre dentro da faixa normal. Muitos doentes evoluirão com perda completa da reserva e queda do T4 livre, que posteriormente será seguida pela queda do T3. Logo é desnecessário dosar o T3 sérico já que sua redução sempre sucede o do T4 livre. A presença da TPO (anticorpos antitireoglobulina) indica um processo autoimune quase sempre, como vimos à tireoidite de Hashimoto. DIAGNÓSTICO – HIPOTIREOIDISMO CENTRAL O TSH encontra-se baixo ou inapropriadamente normal, em face de um T4 livre que está sempre baixo. O próximo passo após a confirmação do hipotireoidismo de padrão “central” é a cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Balão de comentário TPO é quem conjuga o iodo com a tireoglobulina.8 Marcela Oliveira – Medicina 2020 realização de uma RNM da sela túrcica, para pesquisa de doenças que justifiquem este achado (ex.: tumor, lesão infiltrativa etc.). - DISCUTIR OS ASPECTOS CLÍNICOS, DIAGNÓSTICOS (DSM-V E ESCALA DE DEPRESSÃO GERIÁTRICA), FATORES DE RISCO E EPIDEMIOLÓGICOS DA DEPRESSÃO NOS IDOSOS. A depressão é uma das principais doenças que acometem os idosos. Além do sofrimento pessoal e do estresse familiar, ela piora a evolução de muitas doenças clinicas e pode causar incapacidade funcional. O diagnostico da depressão em idosos é complicado por diversos fatores: Presença de múltiplas co- morbidades; Uso de varias medicações que podem causar ou contribuir para depressão; Sinais e sintomas de depressão confundem-se com os de outras doenças clinicas; Os idosos quase não referem sintomas psicológicos, mas apresentam-se com queixas somáticas. Às vezes, a depressão pode ser também uma fase do distúrbio bipolar. O distúrbio bipolar tipo I é diagnosticado em pacientes com depressão e historia de pelo menos um episódio de mania ou misto e o distúrbio bipolar tipo II é diagnosticado em quem apresenta depressão e historia de episódios de hipomania. EPIDEMIOLOGIA Estudos epidemiológicos mostram que os sintomas depressivos estão presentes em 8 a 15% da população geral de idosos, embora a depressão ocorra em apenas 1 a 4% dos idosos que residem na comunidade. No entanto, em idosos hospitalizados e institucionalizados, a prevalência de depressão aumenta, acometendo cerca de 10 até 30%. Além disso, a depressão na terceira idade acomete duas vezes mais mulheres do que homens. A recorrência de depressão em idosos pode acometer cerca de 40% dos indivíduos. A frequência de suicídio é duas vezes maior em idosos que na população geral. Os fatores de risco para suicídio incluem ser branco, homem, idoso e apresentar doença psiquiátrica associada. A depressão estava presente em 80% dos indivíduos com mais de 74 anos que cometeram suicídio. A ideação suicida diminui com o envelhecimento, mas o idoso com pensamentos suicidas tem maior risco de concretizar o suicídio que os indivíduos mais jovens. ETIOLOGIA A ansiedade, a tristeza e o desconforto somático fazem parte da resposta psicológica normal ao estresse da vida, incluído as doenças clinicas. Apesar de não se conhecer a etiologia da depressão, sabe-se que ela é resultado da interação de fatores biológicos, psicológicos e sociais. Os fatores de risco para depressão em idosos incluem: historia previa de depressão, sexo feminino, solteiro ou divorciado, presença de doenças clinicas, medicamentos, prejuízo funcional e efetividade das estratégias de enfrentamento e suporte social. cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 9 Marcela Oliveira – Medicina 2020 Além disso, algumas doenças estão relacionadas com altos índices de depressão, como AVE, doença de Parkinson, Alzheimer e demência. QUADRO CLÍNICO Os pacientes idosos não relatam tanto humor depressivo, mas se apresentam com sintomas somáticos menos específicos, como insônia, inapetência, fadiga, esquecimento e dores difusas. Embora não faça parte dos critérios diagnósticos eles podem manifestar alterações cognitivas como distúrbio de atenção, lentificação dos pensamentos e da função executiva, mesmo na ausência de demência. Às vezes, os idosos ou seus familiares associam os sintomas de depressão leve como parte normal do envelhecimento ou apenas como resposta aos eventos estressante da vida e não procuram auxilio adequado. DIAGNÓSTICO O diagnóstico de depressão em idosos, assim como em adultos, baseia-se nos sintomas clínicos. A presença durante os últimos quinze dias, de pelo menos 5 dos 9 critérios do DSM-V sustenta o diagnostico de depressão. O diagnóstico é clínico, realizado por anamnese, que deve incluir além dos sintomas de depressão e a história psiquiátrica prévia, pesquisa sobre problemas com uso de álcool e outras substâncias e medicações que possam causar sintomas depressivos. Alguns instrumentos foram desenvolvidos para o auxílio ao diagnóstico, como a Escala de Depressão Geriátrica, utilizada para o rastreamento de depressão, que apresenta 15 perguntas, sendo 6 ou mais pontos o corte mais frequentemente adotado. cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 10 Marcela Oliveira – Medicina 2020 Os exames complementares são realizados para diagnosticar doenças concomitantes que possam contribuir para depressão e incluem hormônios tireoidianos, hemograma, glicemia, função renal e hepática, dosagem sérica de vitamina B12, ácido fólico, eletrocardiograma e urina. - CARACTERIZAR INSUFICIÊNCIA FAMILIAR NA PESSOA IDOSA. Insuficiência familiar se caracteriza como um processo de interação psicossocial de estrutura complexa, fundado especialmente no baixo apoio social da pessoa idosa e no vínculo familiar prejudicado. Tem como antecedentes as transformações contemporâneas no sistema familiar, os conflitos Inter geracionais, o comprometimento das relações familiares e a vulnerabilidade social da família. As consequências da insuficiência familiar incluem a vulnerabilidade social da pessoa idosa, o declínio da saúde psicológica e funcional, a menor qualidade de vida e o envelhecimento malsucedido. A dimensão sociofamiliar é fundamental na avaliação multidimensional do idoso. A família constitui-se na principal instituição cuidadora dos idosos frágeis, devendo ser privilegiada nessa sua função. A transição demográfica, entretanto, atinge diretamente essa “entidade”, reduzindo drasticamente a sua capacidade de prestar apoio a seus membros idosos. A redução da taxa de fecundidade trouxe profundas modificações na estrutura familiar. O número de filhos está cada vez menor e as demandas familiares são crescentes, limitando a disponibilidade dos pais de cuidarem de seus filhos quanto dos filhos de cuidarem de seus pais. Por sua vez, o aumento da participação da mulher no mercado de trabalho, a valorização do individualismo e os conflitos Inter geracionais contribuem para as modificações nos arranjos domiciliares. Essas mudanças sociodemográficas e culturais têm repercussões importantes na capacidade de acolhimento às pessoas com incapacidades, que historicamente dependiam de apoio e cuidado familiar. A insuficiência familiar, por sua vez, configura um dos 7 "Is" da Geriatria, dessa forma, marca uma das principais síndromes associadas a senescência. Os 7 Is: Incapacidade cognitiva, instabilidade postural, imobilidade, incapacidade comunicativa, incontinência urinária, incontinência esfincteriana e insuficiência familiar - DISCUTIR SOBRE AS ILPIS - INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS E SOBRE RDC 283 – RESOLUÇÃO DE DIRETORIA COLEGIADA NO 283, INSTITUCIONALIZAÇÃO E AS CONSEQUÊNCIAS PSICOSSOCIAISPARA OS IDOSOS. No Brasil, o aumento da população idosa associado a diminuição da taxa de fecundidade, a qual foi decorrente do crescente numero de mulheres no mercado de trabalho, do planejamento familiar e melhores condições de vida culminou na falta de tempo das famílias para o cuidado aos idosos, fazendo-se necessário a presença de um cuidador para prestação de cuidados básicos a estes usuários, como ajuda para alimentar-se, vestir-se ou fazer uso de cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 11 Marcela Oliveira – Medicina 2020 suas medicações, podendo ou não ser algum membro da própria família. Isso acarretou no aumento do numero de internações asilares, levando o idoso ao processo de institucionalização. Tal processo, quando acontece leva o idoso a uma nova adaptação longe do seu ciclo familiar, fazendo-se necessário o estabelecimento de novos vínculos com pessoas estranhas, e o fato de ter que acostumar-se com uma nova rotina. A definição de asilo se da como casa de assistência social onde são recolhidas para sustento ou também para educação, pessoas pobres e desamparadas, como mendigos, crianças abandonadas, órfãos e velhos. Procurando-se padronizar a nomenclatura, tem sido proposta a denominação de Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), definindo-as como estabelecimentos para atendimento integral a idosos, dependentes ou não, sem condições familiares ou domiciliares para a sua permanência na comunidade de origem. A maior parte das ILPIs brasileiras é de natureza filantrópica (cerca de 65%). Porém, das instituições criadas entre 2000 e 2009, a maior parte pertence à iniciativa privada, com fins lucrativos (57,8%). Isso aponta para uma tendência de mudança no perfil das instituições. A participação direta do poder público como benfeitor de ILPIs é tímida, sendo inferior a 7%. A fim de facilitar e padronizar a fiscalização das ILPIs no território nacional, a diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou, em 2005, a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n° 283, que regulamenta e define normas de funcionamento para as ILPIs de caráter residencial e determina que as secretarias de saúde — estadual municipal e do Distrito Federal — devem implantar procedimentos para adoção do regulamento técnico, podendo adotar normas de caráter suplementar, com a finalidade de adequá-las às especificidades locais. Segundo a RDC 283/2005, as instituições de longa permanência para idosos devem promover aos seus residentes: • O exercício dos direitos humanos (civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e individuais); • Garantir a identidade e a privacidade da pessoa idosa, assegurando um ambiente de respeito e dignidade; • Promover a integração das pessoas idosas que residem na instituição, nas atividades desenvolvidas pela comunidade local; • Garantir e incentivar as relações intergeracionais; • Promover a participação da família na atenção com a pessoa idosa residente; • Desenvolver ações que estimulem a pessoa idosa à manutenção de sua autonomia; • Promover condições de cultura e lazer as pessoas idosas; • Desenvolver palestras e eventos que possam combater a violência contra a pessoa idosa bem como a violação de cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 12 Marcela Oliveira – Medicina 2020 seus direitos civis e contra a discriminação. - DISCUTIR SOBRE OS DIREITOS DOS IDOSOS (ESTATUTO DO IDOSO). O Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003) tem o objetivo de garantir os direitos à pessoa idosa, com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Todas as pessoas devem proteger a dignidade da pessoa idosa e nenhuma pessoa idosa pode sofrer qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, sendo que qualquer descumprimento aos direitos da pessoa idosa será punido por lei. O art. 3º do Estatuto do Idoso afirma que “é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar”. (...) § 2º Dentre os idosos, é assegurada prioridade especial aos maiores de oitenta anos, atendendo-se suas necessidades sempre preferencialmente em relação aos demais idosos. O respeito é essencial e extremamente importante dentro de qualquer relacionamento e, no universo da pessoa idosa, ser respeitado pode traduzir-se nas seguintes garantias: I – Direito de envelhecer II – Liberdade, respeito e dignidade. III – Alimentos IV – Saúde V – Educação,cultura,esporte e lazer VI – Exercício da atividade profissional e aposentar-se com dignidade VII – Moradia digna VIII – Transporte IX – Política de atendimento por ações governamentais e não governamentais X – Atendimento preferencial XI – Acesso à justiça
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