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Ponto 4 - aquisição e perda da posse 1

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Curso: Direito
Disciplina: Direito das Coisas
Profª. Kátia Rovaris de Agostini
Ponto 4 – Aquisição e Perda da Posse 
4.1. Modos de Aquisição.
	Baseando-se na teoria de Ihering Caio Mário entende que adquire a posse aquele que procede em relação à coisa de maneira como habitualmente o faz o dono. Para se apurar se alguém a adquiriu, ter-se-á de verificar se, no caso, ocorre uma situação de fato, análoga à conduta do proprietário, em relação às suas coisas, e, na afirmativa, ter-se-á a relação jurídica possessória.[1: Caio Mário, Instituições ..., Vol. IV, p. 35.]
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
	A aquisição pode classificar-se em originária ou derivada. 
Originária: estado de fato da pessoa em relação à coisa, oriundo de assenhoreamento autônomo, sem a participação de um ato de vontade de outro possuidor antecedente. se dá sem qualquer interferência do anterior titular. Não há transmissão de um direito. Não se exige que o bem jurídico seja “virgem” de sujeição do homem. Ex: avulsão (art. 1.251)[2: Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.]
 adquire-se o direito em sua plenitude. Assim, para a análise de sua validade investiga-se somente o fato da aquisição, sem se cogitar de fato anterior.
Derivada: forma de aquisição da coisa que pressupõe a existência de uma posse anterior e, consequentemente, a transmissão desta posse ao adquirente.[3: Caio Mário, Instituições ..., Vol. IV, p. 35-36.]
 a validade e eficácia do direito do novo titular dependem, em regra, da validade e da eficácia do direito do precedente titular, pois ninguém transfere mais direito do que tem.
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
4.1.1. Aquisição Originária.
	A posse adquire-se, originariamente, pela apreensão da coisa ou pelo exercício do direito.[4: Caio Mário, Instituições ..., Vol. IV, p. 37.]
Apreensão da coisa
apropriação unilateral de coisa “sem dono”, que tiver sido abandonada (lixo) ou quando não for de ninguém (uma pedra, uma peixe). 
retirada da coisa, sem permissão. Esbulho convalidado em posse.
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.
Exercício de um direito – pelo exercício do direito adquire-se a posse dos direitos reais sobre coisas alheias. Exemplo servidão, o uso
Art. 1.379. O exercício incontestado e contínuo de uma servidão aparente, por dez anos, nos termos do art. 1.242, autoriza o interessado a registrá-la em seu nome no Registro de Imóveis, valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a usucapião.
Parágrafo único. Se o possuidor não tiver título, o prazo da usucapião será de vinte anos.
4.1.2. Aquisição Derivada.
	Quando uma pessoa recebe a posse de alguém. 
	O ato mais frequente representativo da aquisição derivada é a tradição. Na sua acepção mais pura, ela se manifesta por ato material de entrega da coisa, ou a sua transferência de mão a mão, passando do antigo ao novo possuidor.[5: Caio Mário, Instituições ..., Vol. IV, p. 39.]
Tradição Real: a que consiste na efetiva entrega ou entrega material da coisa ao adquirente que a recebe e apreende.[6: Caio Mário, Instituições ..., Vol. IV, p. 146.]
Tradição Simbólica: se diz da tradição que se não realizada pela entrega e apreensão material da coisa, porém mediante a de algo que a represente, como aquela do alienante que entrega as chaves do carro ao comprador como sinal de que o está transferindo ao mesmo.[7: Caio Mário, Instituições ..., Vol. IV, p. 39.]
Tradição Ficta – ocorre no caso do constituto possessório (clausula constituti) e da traditio brevi manu
4.1.2.1 Sucessão na posse
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.
Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.
Inter vivos – opera-se em geral a título singular 
Causa mortis – sucessão universal x sucessão a título singular (bem individualizado)
Acessio Possessionis: quando a posse vai da pessoa do antecessor para a pessoa do novo possuidor. Na transmissão mortis causa, passa a posse do falecido para o herdeiro com os mesmos vícios e qualidades que anteriormente possuída. Já no caso da posse a título singular (compra e venda, doação, dação em pagamento), o adquirente, recebendo embora uma posse de outrem, começa a sua como estado de fato novo. Permite-lhe a lei, entretanto, unir à sua posse a do seu antecessor se assim o quiser. A acessio possessionis a título singular é uma faculdade e não uma obrigação.[8: Caio Mário, Instituições ..., Vol. IV, p. 40.][9: Caio Mário, Instituições ..., Vol. IV, p. 41.]
4.2 Quem pode adquirir a posse
Subjetivamente falando a posse pode ser adquirida pela própria pessoa ou por seu representante ou procurador. Também pode por terceiro sem procuração.
Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:
I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação
4.3. Presunção legal da posse de móveis que guarnecem imóvel
Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que nele estiverem.
4.4. Perda da Posse.
	Sendo a posse a visibilidade da propriedade, perde-a o possuidor que não guarda a conduta, em relação à coisa, análoga a do proprietário.[10: Caio Mário, Instituições ..., Vol. IV, p. 41.]
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196.
	As hipóteses mais usuais de perda da posse são: a) perda da própria coisa; b) destruição da coisa; c) posse da coisa por outrem; d) abandono; e) tradição; f) constituto possessório e g) a coisa ter sido posta fora do comércio.[11: Caio Mário, Instituições ..., Vol. IV, pp. 43-45.]

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