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1 CADERNO DE INFORMATIVOS Supremo Tribunal Federal INFOS 851 A 927 Por @LexMagis Venda Proibida – Autorizado Compartilhamento Atualizado até 22.08.2019 2 Sumário 1. DIREITO ADMINISTRATIVO ................................................................................................... 9 1.1. Abono Permanência .............................................................................................................. 9 1.2. Acordo de Leniência ............................................................................................................. 9 1.3. Agências Reguladoras ........................................................................................................... 9 1.4. Agentes Políticos ................................................................................................................. 10 1.5. Anistiado Político ................................................................................................................ 10 1.6. Aposentadoria ...................................................................................................................... 10 1.7. Bens Públicos ...................................................................................................................... 12 1.8. Compartilhamento de Prova ................................................................................................ 13 1.9. Concessão de Serviço Público ............................................................................................. 13 1.10. Concurso Público ............................................................................................................. 13 1.11. Confisco do art. 243 da CF/88 ......................................................................................... 14 1.12. Conselhos Profissionais ................................................................................................... 14 1.13. Contratação Temporária .................................................................................................. 14 1.14. Contratos Administrativos ............................................................................................... 14 1.15. Desapropriação ................................................................................................................ 15 1.16. Empresas Públicas ........................................................................................................... 16 1.17. FUNDEF .......................................................................................................................... 16 1.18. Greve ................................................................................................................................ 17 1.19. Improbidade Administrativa ............................................................................................ 18 1.20. Nepotismo ........................................................................................................................ 18 1.21. Pensão .............................................................................................................................. 18 1.22. Posse Tardia em Cargo Público por Determinação Judicial ............................................ 19 1.23. Precatórios ....................................................................................................................... 19 1.24. Regime Próprio de Previdência Social ............................................................................ 20 1.25. Regularização Fundiária .................................................................................................. 20 1.26. Responsabilidade Civil do Estado ................................................................................... 21 1.27. Servidores Públicos ......................................................................................................... 21 1.28. Servidores Temporários ................................................................................................... 26 2. DIREITO AMBIENTAL ............................................................................................................ 26 2.1. Amianto ............................................................................................................................... 26 2.2. Animais ............................................................................................................................... 27 3 2.3. Áreas de Preservação Permanente ....................................................................................... 28 2.4. Código Florestal .................................................................................................................. 28 2.5. Competências ...................................................................................................................... 29 2.6. Organismos Geneticamente Modificados ........................................................................... 29 2.7. SISNAMA ........................................................................................................................... 30 2.8. Unidades de Conservação ................................................................................................... 30 3. DIREITO CIVIL ......................................................................................................................... 30 3.1. Alimentos ............................................................................................................................ 30 3.2. Autonomia das Entidades Desportivas ................................................................................ 30 3.3. Bem de Família ................................................................................................................... 31 3.4. Direito à Imagem ................................................................................................................. 31 3.5. Responsabilidade Civil e Transporte Aéreo ........................................................................ 31 3.6. Transgênero ......................................................................................................................... 32 3.7. União Estável ...................................................................................................................... 32 4. DIREITO CONSTITUCIONAL ................................................................................................ 33 4.1. ADPF ................................................................................................................................... 33 4.2. Advocacia Pública ............................................................................................................... 34 4.3. Amicus Curiae ..................................................................................................................... 36 4.4. Cláusula de Reserva de Plenário ......................................................................................... 36 4.5. Competências Legislativas .................................................................................................. 37 4.6. Comunicação Social ............................................................................................................ 42 4.7. Comunidades Quilombolas ................................................................................................. 42 4.8. Conselho Nacional de Justiça .............................................................................................. 43 4.9. Conselho Nacional do Ministério Público........................................................................... 464.10. Contribuição Sindical ...................................................................................................... 46 4.11. Controle de Constitucionalidade...................................................................................... 47 4.12. Cotas Raciais em Concurso Público ................................................................................ 52 4.13. Defensoria Pública ........................................................................................................... 53 4.14. Direito à Educação ........................................................................................................... 54 4.15. Direito à Informação ........................................................................................................ 55 4.16. Direito de Resposta .......................................................................................................... 55 4.17. Direitos Sociais ................................................................................................................ 56 4.18. Educação .......................................................................................................................... 56 4 4.19. Emendas Constitucionais ................................................................................................. 57 4.20. Exercício Profissional ...................................................................................................... 57 4.21. Homeschooling ................................................................................................................ 58 4.22. Imunidade Material .......................................................................................................... 58 4.23. Imunidade Parlamentar .................................................................................................... 58 4.24. Inelegibilidades ................................................................................................................ 59 4.25. Liberdade de Expressão ................................................................................................... 59 4.26. Medida Provisória ............................................................................................................ 61 4.27. Ministério Público ........................................................................................................... 63 4.28. Nacionalidade .................................................................................................................. 64 4.29. Normas de Constituições Estaduais Examinadas pelo STF ............................................ 64 4.30. Ordem Econômica ........................................................................................................... 65 4.31. Organização do Estado .................................................................................................... 65 4.32. Perda do Mandato de Deputados e Senadores ................................................................. 66 4.33. Poder Executivo ............................................................................................................... 66 4.34. Poder Judiciário ............................................................................................................... 67 4.35. Poder Legislativo ............................................................................................................. 69 4.36. Presidente da República ................................................................................................... 70 4.37. Processo Legislativo ........................................................................................................ 71 4.38. Saúde ................................................................................................................................ 71 4.39. Sigilo Bancário ................................................................................................................ 71 4.40. Tribunal de Contas ........................................................................................................... 72 4.41. Voto Impresso .................................................................................................................. 74 5. DIREITO DO CONSUMIDOR .................................................................................................. 75 5.1. Competências Legislativas .................................................................................................. 75 5.2. Responsabilidade Civil e Transporte Aéreo ........................................................................ 75 5.3. Plano de Saúde .................................................................................................................... 76 6. DIREITO DO TRABALHO ....................................................................................................... 76 6.1. Comissão de Conciliação Prévia ......................................................................................... 76 6.2. Contribuição Sindical .......................................................................................................... 77 6.3. Estabilidade ......................................................................................................................... 77 6.4. FGTS ................................................................................................................................... 78 6.5. Greve ................................................................................................................................... 78 5 6.6. Terceirização ....................................................................................................................... 79 7. DIREITO ELEITORAL ............................................................................................................. 79 7.1. Financiamento de Campanha Eleitoral................................................................................ 79 7.2. Fundo Partidário .................................................................................................................. 79 7.3. Inelegibilidades ................................................................................................................... 81 7.4. Infidelidade Partidária ......................................................................................................... 81 7.5. Lei da Ficha Limpa.............................................................................................................. 82 7.6. Liberdade de Expressão....................................................................................................... 82 7.7. Propaganda Eleitoral ........................................................................................................... 82 7.8. Recurso Contra a Expedição de Diploma............................................................................ 83 7.9. Título de Eleitor................................................................................................................... 83 7.10. Vacância de Cargos Políticos .......................................................................................... 83 7.11. Voto Impresso .................................................................................................................. 84 8. DIREITO FINANCEIRO ........................................................................................................... 85 8.1. Orçamento Público .............................................................................................................. 85 9. DIREITO INTERNACIONAL ...................................................................................................85 9.1. Exequatur............................................................................................................................. 85 9.2. Extradição ............................................................................................................................ 86 10. DIREITO NOTORIAL E REGISTRAL ................................................................................. 87 10.1. Concurso Público ............................................................................................................. 87 10.2. Juiz de Paz e Remuneração .............................................................................................. 87 10.3. Regime Jurídico ............................................................................................................... 88 11. DIREITO PENAL ................................................................................................................... 88 11.1. Atividade Clandestina de Telecomunicações .................................................................. 88 11.2. Calúnia Eleitoral .............................................................................................................. 88 11.3. Código de Trânsito .......................................................................................................... 89 11.4. Confisco de Bens ............................................................................................................. 89 11.5. Continuidade Delitiva ...................................................................................................... 89 11.6. Corrupção Passiva ........................................................................................................... 90 11.7. Crimes Contra a Administração Pública. ......................................................................... 90 11.8. Crimes Contra a Dignidade Sexual.................................................................................. 90 11.9. Crimes Contra a Ordem Tributária .................................................................................. 91 11.10. Crimes da Lei de Licitações ............................................................................................ 93 6 11.11. Crime Eleitoral ................................................................................................................. 95 11.12. Crimes Funcionais ........................................................................................................... 95 11.13. Crimes Políticos ............................................................................................................... 95 11.14. Desacato ........................................................................................................................... 96 11.15. Descaminho ..................................................................................................................... 96 11.16. Difamação ........................................................................................................................ 96 11.17. Dosimetria da Pena .......................................................................................................... 97 11.18. Falsidade Ideológica ........................................................................................................ 97 11.19. Furto ................................................................................................................................. 98 11.20. Homicídio ........................................................................................................................ 98 11.21. Injúria ............................................................................................................................... 98 11.22. Latrocínio ......................................................................................................................... 99 11.23. Lavagem de Dinheiro ...................................................................................................... 99 11.24. Lei de Drogas ................................................................................................................. 101 11.25. Lei Maria da Penha ........................................................................................................ 102 11.26. Multa .............................................................................................................................. 102 11.27. Prescrição ....................................................................................................................... 103 11.28. Princípio da Insignificância ........................................................................................... 104 11.29. Racismo ......................................................................................................................... 106 11.30. Regime Inicial ................................................................................................................ 107 11.31. Teoria do Domínio do Fato............................................................................................ 108 12. DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL MILITAR ................................................... 108 12.1. Crime Militar ................................................................................................................. 108 12.2. Desacato ......................................................................................................................... 108 13. DIREITO PREVIDENCIÁRIO ............................................................................................ 109 13.1. Benefício de Prestação Continuada ............................................................................... 109 13.2. Segurados ....................................................................................................................... 109 14. DIREITO PROCESSUAL CIVIL ........................................................................................ 109 14.1. Ação Anulatória ............................................................................................................. 109 14.2. Ação Civil Pública ......................................................................................................... 109 14.3. Ação Coletiva Proposta por Associação ........................................................................ 110 14.4. Ação Rescisória ............................................................................................................. 111 14.5. Coisa Julgada ................................................................................................................. 111 7 14.6. Competência .................................................................................................................. 112 14.7. Embargos de Declaração ............................................................................................... 114 14.8. Execução ........................................................................................................................ 114 14.9. Execução Contra a Fazenda Pública .............................................................................. 115 14.10. Fazenda Pública em Juízo .............................................................................................. 115 14.11. Honorários Advocatícios ............................................................................................... 115 14.12. Inquérito Civil ................................................................................................................ 117 14.13. Julgamento por Amostragem do REsp e RE ................................................................. 117 14.14.Mandado de Segurança .................................................................................................. 118 14.15. Precatórios ..................................................................................................................... 119 14.16. Reclamação .................................................................................................................... 119 14.17. Recurso Extraordinário .................................................................................................. 121 14.18. Recursos ......................................................................................................................... 121 14.19. Requisição de Pequeno Valor ........................................................................................ 122 15. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO....................................................................... 122 15.1. Ação Rescisória ............................................................................................................. 122 15.2. Comissão de Conciliação Prévia ................................................................................... 122 15.3. Competência .................................................................................................................. 123 15.4. Participação em Espetáculos Públicos ........................................................................... 124 16. DIREITO PROCESSUAL PENAL ...................................................................................... 124 16.1. Ação Penal ..................................................................................................................... 124 16.2. Arquivamento ................................................................................................................ 124 16.3. Audiência de Custódia ................................................................................................... 125 16.4. Colaboração Premiada ................................................................................................... 126 16.5. Competência .................................................................................................................. 129 16.6. Denúncia ........................................................................................................................ 130 16.7. Embargos Infringentes ................................................................................................... 131 16.8. Emendatio Libelli .......................................................................................................... 132 16.9. Execução Penal .............................................................................................................. 132 16.10. Foro por Prerrogativa de Função ................................................................................... 133 16.11. Habeas Corpus ............................................................................................................... 135 16.12. Indulto ............................................................................................................................ 139 16.13. Inquérito Policial ........................................................................................................... 139 8 16.14. Interceptação Telefônica ................................................................................................ 139 16.15. Interrogatório ................................................................................................................. 141 16.16. Julgamento por Amostragem de REsp e RE .................................................................. 142 16.17. Medida de Segurança ..................................................................................................... 143 16.18. Nulidades ....................................................................................................................... 143 16.19. Prisão ............................................................................................................................. 145 16.20. Prisão Preventiva ........................................................................................................... 147 16.21. Progressão de Regime .................................................................................................... 149 16.22. Provas ............................................................................................................................ 149 16.23. Queixa-Crime ................................................................................................................ 151 16.24. Reclamação e Habeas Corpus ........................................................................................ 151 16.25. Recursos ......................................................................................................................... 152 16.26. Remição de Pena ............................................................................................................ 154 16.27. Sentença ......................................................................................................................... 154 16.28. Suspeição ....................................................................................................................... 155 16.29. Suspensão Condicional do Processo .............................................................................. 155 16.30. Sustentação Oral ............................................................................................................ 155 16.31. Tribunal do Júri .............................................................................................................. 156 17. DIREITO TRIBUTÁRIO ..................................................................................................... 157 17.1. Cofins ............................................................................................................................. 157 17.2. Contribuição Previdenciária .......................................................................................... 157 17.3. Contribuições ................................................................................................................. 158 17.4. CSLL.............................................................................................................................. 158 17.5. Depositário Infiel de Débitos Tributários ...................................................................... 158 17.6. Direito Financeiro .......................................................................................................... 159 17.7. ICMS.............................................................................................................................. 159 17.8. Imunidade Tributária ..................................................................................................... 160 17.9. IPI .................................................................................................................................. 163 17.10. ITR ................................................................................................................................. 163 17.11. PIS/COFINS .................................................................................................................. 164 17.12. Prescrição ....................................................................................................................... 164 17.13. Taxas .............................................................................................................................. 165 18. ESTATUTO DE CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ......................................................... 1669 18.1. Participação em Espetáculos Públicos ........................................................................... 166 CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA – DIZER O DIREITO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF 1. DIREITO ADMINISTRATIVO 1.1. Abono Permanência Magistrado que estava recebendo abono de permanência e foi promovido terá direito de continuar percebendo o benefício. A ocupação de novo cargo dentro da estrutura do Poder Judiciário, pelo titular do abono de permanência, não implica a cessação do benefício. Ex: determinada pessoa ocupa o cargo de Desembargador do Trabalho e está recebendo abono de permanência; se ela for promovida ao cargo de Ministro do TST, terá direito de continuar recebendo o abono, não sendo necessário completar cinco anos no cargo de Ministro para requerer o benefício. STF. 1ª Turma. MS 33424/DF e MS 33456/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 28/3/2017 (Info 859). 1.2. Acordo de Leniência É possível o compartilhamento das provas obtidas no acordo de leniência, desde que sejam respeitados os limites estabelecidos no acordo em relação aos aderentes. É possível o compartilhamento, para outros órgãos e autoridades públicas, das provas obtidas no acordo de leniência, desde que sejam respeitados os limites estabelecidos no acordo em relação aos aderentes. Assim, por exemplo, se uma empresa celebra acordo de leniência com o MPF aceitando fornecer provas contra si, estas provas somente poderão ser utilizadas para as sanções que foram ajustadas no acordo. No entanto, nada impede que tais provas sejam fornecidas (compartilhadas) para os órgãos de apuração para que sejam propostas medidas contra as outras pessoas envolvidas nos ilícitos e que não fizeram parte do acordo. STF. 2ª Turma. Inq 4420/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/8/2018 (Info 913) 1.3. Agências Reguladoras É constitucional a previsão de que a ANVISA pode proibir produtos e insumos em caso de violação da legislação ou de risco iminente à saúde, inclusive cigarros com sabor e aroma. É constitucional o art. 7º, III e XV, da Lei nº 9.782/99, que preveem que compete à ANVISA: III - estabelecer normas, propor, acompanhar e executar as políticas, as diretrizes e as ações de vigilância sanitária; 10 XV - proibir a fabricação, a importação, o armazenamento, a distribuição e a comercialização de produtos e insumos, em caso de violação da legislação pertinente ou de risco iminente à saúde; Entendeu-se que tais normas consagram o poder normativo desta agência reguladora, sendo importante instrumento para a implementação das diretrizes, finalidades, objetivos e princípios expressos na Constituição e na legislação setorial. Além disso, o STF, após empate na votação, manteve a validade da Resolução RDC 14/2012ANVISA, que proíbe a comercialização no Brasil de cigarros com sabor e aroma. Esta parte do dispositivo não possui eficácia erga omnes e efeito vinculante. Significa dizer que, provavelmente, as empresas continuarão ingressando com ações judiciais, em 1ª instância, alegando que a Resolução é inconstitucional e pedindo a liberação da comercialização dos cigarros com aroma. Os juízes e Tribunais estarão livres para, se assim entenderem, declararem inconstitucional a Resolução e autorizar a venda. Existem, inclusive, algumas decisões nesse sentido e que continuam valendo. STF. Plenário. ADI 4874/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 1º/2/2018 (Info 889). 1.4. Agentes Políticos Exercentes de mandato eletivo que não forem vinculados a regime próprio deverão pagar contribuição previdenciária ao RGPS. Incide contribuição previdenciária sobre os rendimentos pagos aos exercentes de mandato eletivo, decorrentes da prestação de serviços à União, aos Estados e ao Distrito Federal ou aos Municípios, após o advento da Lei nº 10.887/2004, desde que não vinculados a regime próprio de previdência. STF. Plenário. RE 626837/GO, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 25/5/2017 (repercussão geral) (Info 866). 1.5. Anistiado Político Pagamento dos valores retroativos a anistiados políticos. 1 - Reconhecido o direito à anistia política, a falta de cumprimento de requisição ou determinação de providências por parte da União, por intermédio do órgão competente, no prazo previsto nos artigos 12, parágrafo 4º, e 18, caput, parágrafo único, da Lei 10.559 de 2002, caracteriza ilegalidade e violação de direito líquido e certo. 2 - Havendo rubricas no orçamento destinadas ao pagamento das indenizações devidas aos anistiados políticos, e não demonstrada a ausência de disponibilidade de caixa, a União há de promover o pagamento do valor ao anistiado no prazo de 60 dias. 3 - Na ausência ou na insuficiência de disponibilidade orçamentária no exercício em curso, cumpre à União promover sua previsão no projeto de lei orçamentária imediatamente seguinte. STF. Plenário. RE 553710/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/11/2016 (repercussão geral) (Info 847). STF. 1ª Turma. RMS 28201/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 25/9/2018 (Info 917). 1.6. Aposentadoria Aproveitamento do tempo trabalhado como aluno-aprendiz. 11 O servidor que trabalhou como "aluno-aprendiz" pode utilizar este período como tempo de serviço para fins de aposentadoria? Sim, no entanto, para isso é necessário que ele apresente certidão do estabelecimento de ensino frequentado. Tal documento deve atestar a condição de aluno-aprendiz e o recebimento de retribuição pelos serviços executados, consubstanciada em auxílios materiais diversos. Com a edição da Lei nº 3.353/59, passou-se a exigir, para a contagem do tempo mencionado, a demonstração de que a mão de obra foi remunerada com o pagamento de encomendas. O elemento essencial à caracterização do tempo de serviço como aluno-aprendiz não é a percepção de vantagem direta ou indireta, mas a efetiva execução do ofício para o qual recebia instrução, mediante encomendas de terceiros. Como consequência, a declaração emitida por instituição de ensino profissionalizante somente comprova o período de trabalho caso registre expressamente a participação do educando nas atividades laborativas desenvolvidas para atender aos pedidos feitos às escolas. STF. 1ª Turma. MS 31518/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 7/2/2017 (Info 853). Juiz Federal que completou os requisitos para se aposentar quando ainda vigorava o art. 192, I, da Lei 8.112/90 tem direito de se aposentar com proventos de Desembargador. A redação originária do art. 192, I, da Lei nº 8.112/90 previa que o servidor público federal, ao se aposentar, deveria receber, como proventos, a remuneração da classe superior a que pertencia. Esse art. 192 foi revogado em 1997 pela Lei nº 9.527. Determinado Juiz Federal completou os requisitos para se aposentar em 1994. No entanto, optou por continuar trabalhando até 2010, quando pediu a aposentadoria. O STF entendeu que, como ele preencheu os requisitos para se aposentar em 1994, ou seja, antes da Lei nº 9.527/97, ele teria direito à regra prevista no art. 192, I, da Lei nº 8.112/90. Logo, ele, ao se aposentar como Juiz Federal, tem direito de receber os proventos como se fosse Desembargador Federal (classe imediatamente superior àquela em que ele se encontrava posicionado). STF. 1ª Turma. MS 32726/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgado em 7/2/2017 (Info 853). Não se aplica a aposentadoria compulsória para titulares de serventias judiciais não estatizadas não ocupantes de cargo público e que não recebam remuneração dos cofres públicos. Não se aplica a aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, daCF aos titulares de serventias judiciais não estatizadas, desde que não sejam ocupantes de cargo público efetivo e não recebam remuneração proveniente dos cofres públicos. STF. Plenário. RE 647827/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/2/2017 (repercussão geral) (Info 854). EC 70/2012 produz efeitos financeiros somente a partir da data de sua promulgação. Os efeitos financeiros das revisões de aposentadoria concedida com base no art. 6º-A da EC 41/2003, introduzido pela EC 70/2012, somente se produzirão a partir da data de sua promulgação (30/3/2012). STF. Plenário. RE 924456/RJ, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 5/4/2017 (Info 860). 12 Importante!!! Guardas municipais não têm direito à aposentadoria especial. Aposentadoria especial é aquela cujos requisitos e critérios exigidos do beneficiário são mais favoráveis que os estabelecidos normalmente para as demais pessoas. A CF/88 prevê que os servidores que exerçam atividades de risco têm direito à aposentadoria especial, segundo requisitos e condições previstas em lei complementar (art. 40, § 4º, II, “b”). Diante da ausência de legislação específica, não cabe ao Poder Judiciário garantir aposentadoria especial (art. 40, § 4º, II, da CF/88) às guardas municipais. A aposentadoria especial não pode ser estendida aos guardas civis, uma vez que suas atividades precípuas não são inequivocamente perigosas e, ainda, pelo fato de não integrarem o conjunto de órgãos de segurança pública relacionados no art. 144, I a V, da CF/88. STF. Plenário. MI 6515/DF, MI 6770/DF, MI 6773/DF, MI 6780/DF, MI 6874/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 20/6/2018 (Info 907). Funpresp e data limite para adesão ao regime de previdência complementar. O art. 3º, § 7º, da Lei nº 12.618/2012 e o art. 92 da Lei nº 13.328/2016 previram que os servidores titulares de cargos efetivos da União (inclusive magistrados, membro do MP e do TCU) poderiam aderir, até o dia 29/07/2018, aos planos de benefícios administrados por entidades fechadas de previdência complementar. Duas associações de magistrados ingressaram com ação requerendo a prorrogação deste prazo. O STF, contudo, negou o pedido. O deferimento do pleito representaria indevida manipulação de opção político-normativa do Parlamento. Ao STF, à semelhança do que ocorre com as demais Cortes Constitucionais, cabe exercer o papel de legislador negativo. É sua a relevante função de extirpar do ordenamento jurídico normas incompatíveis com a Lei Maior, devendo, exatamente por esse motivo, atuar com parcimônia. Não há, sob o ângulo material ou formal, qualquer traço de incompatibilidade direta com a Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 4885 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 27/6/2018 (Info 908). 1.7. Bens Públicos Importante!!! Continuam pertencendo à União os terrenos de marinha situados em ilha costeira que seja sede de Município. A EC 46/2005 não interferiu na propriedade da União, nos moldes do art. 20, VII, da Constituição Federal, sobre os terrenos de marinha e seus acrescidos situados em ilhas costeiras sede de Municípios. STF. Plenário. RE 636199/ES, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 27/4/2017 (repercussão geral) (Info 862). Não se pode caracterizar as terras ocupadas pelos indígenas como devolutas. 13 As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são bens da União (art. 20, XI, da CF/88) e, portanto, não podem ser consideradas como terras devolutas de domínio do Estado-membro. STF. Plenário. ACO 362/MT e ACO 366/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em 16/8/2017 (Info 873). 1.8. Compartilhamento de Prova É possível o compartilhamento das provas obtidas no acordo de leniência, desde que sejam respeitados os limites estabelecidos no acordo em relação aos aderentes. É possível o compartilhamento, para outros órgãos e autoridades públicas, das provas obtidas no acordo de leniência, desde que sejam respeitados os limites estabelecidos no acordo em relação aos aderentes. Assim, por exemplo, se uma empresa celebra acordo de leniência com o MPF aceitando fornecer provas contra si, estas provas somente poderão ser utilizadas para as sanções que foram ajustadas no acordo. No entanto, nada impede que tais provas sejam fornecidas (compartilhadas) para os órgãos de apuração para que sejam propostas medidas contra as outras pessoas envolvidas nos ilícitos e que não fizeram parte do acordo. STF. 2ª Turma. Inq 4420/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/8/2018 (Info 913) 1.9. Concessão de Serviço Público Importante!!! A concessionária não tem direito adquirido à renovação do contrato de concessão. A concessionária não tem direito adquirido à renovação do contrato de concessão de usina hidrelétrica. A União possui a faculdade de prorrogar ou não o contrato de concessão, tendo em vista o interesse público, não se podendo invocar direito líquido e certo a tal prorrogação. Dessa forma, a prorrogação do contrato administrativo insere-se no campo da discricionariedade. A Lei nº 12.783/2013 subordinou a prorrogação dos contratos de concessão de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica à aceitação expressa de determinadas condições. Se estas são recusadas pela concessionária, a Administração Pública não é obrigada a renovar a concessão. A Lei nº 12.783/2013 pode ser aplicada para a renovação de contratos ocorrida após a sua vigência mesmo que a assinatura do pacto original tenha ocorrido antes da sua edição. STF. 2ª Turma. RMS 34203/DF e AC 3980/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 21/11/2017 (Info 885). 1.10. Concurso Público Importante!!! A candidata que esteja gestante no dia do teste físico possui o direito de fazer a prova em uma nova data no futuro. Os candidatos possuem direito à segunda chamada nos testes físicos em concursos públicos? 14 REGRA: NÃO. Os candidatos em concurso público NÃO têm direito à prova de segunda chamada nos testes de aptidão física em razão de circunstâncias pessoais, ainda que de caráter fisiológico ou de força maior, salvo se houver previsão no edital permitindo essa possibilidade. STF. Plenário. RE 630733/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/5/2013 (repercussão geral) (Info 706). EXCEÇÃO: as candidatas gestantes possuem. É constitucional a remarcação do teste de aptidão física de candidata que esteja grávida à época de sua realização, independentemente da previsão expressa em edital do concurso público. STF. Plenário. RE 1058333/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21/11/2018 (repercussão geral) (Info 924). 1.11. Confisco do art. 243 da CF/88 Importante!!! Possibilidade de o proprietário afastar a sanção do art. 243 da CF/88 se provar que não teve culpa. A expropriação prevista no art. 243 da Constituição Federal pode ser afastada, desde que o proprietário comprove que não incorreu em culpa, ainda que in vigilando ou in eligendo. STF. Plenário. RE 635336/PE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/12/2016 (repercussão geral) (Info 851). 1.12. Conselhos Profissionais Importante!!! Conselhos profissionais não estão sujeitos ao regime de precatórios. Os pagamentos devidos, em razão de pronunciamento judicial, pelos Conselhos de Fiscalização (exs: CREA, CRM, COREN, CRO) não se submetem ao regime de precatórios. STF. Plenário. RE 938837/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgado em 19/4/2017 (repercussão geral) (Info 861). 1.13. Contratação Temporária Lei de contratação temporária não pode prever hipóteses genéricas nem a prorrogaçãoindefinida dos contratos. São inconstitucionais, por violarem o art. 37, IX, da CF/88, a autorização legislativa genérica para contratação temporária e a permissão de prorrogação indefinida do prazo de contratações temporárias. STF. Plenário. ADI 3662/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 23/3/2017 (Info 858). 1.14. Contratos Administrativos Importante!!! 15 O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público a responsabilidade pelo seu pagamento. O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93. Obs: a tese acima foi a fixada pelo STF. No entanto, penso que é importante um esclarecimento revelado durante os debates: é possível sim, excepcionalmente, que a Administração Pública responda pelas dívidas trabalhistas contraídas pela empresa contratada e que não foram pagas, desde que o ex- empregado reclamante comprove, com elementos concretos de prova, que houve efetiva falha do Poder Público na fiscalização do contrato. STF. Plenário. RE 760931/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 26/4/2017 (repercussão geral) (Info 862). 1.15. Desapropriação Análise da constitucionalidade da MP 2.183-56/2001, que alterou o DL 3.365/41. O DL 3.365/41 dispõe sobre desapropriações por utilidade pública. Veja o que diz o art. 15-A, que foi incluído pela MP 2.183-56/2001: “Art. 15-A No caso de imissão prévia na posse, na desapropriação por necessidade ou utilidade pública e interesse social, inclusive para fins de reforma agrária, havendo divergência entre o preço ofertado em juízo e o valor do bem, fixado na sentença, expressos em termos reais, incidirão juros compensatórios de até seis por cento ao ano sobre o valor da diferença eventualmente apurada, a contar da imissão na posse, vedado o cálculo de juros compostos. § 1º Os juros compensatórios destinam-se, apenas, a compensar a perda de renda comprovadamente sofrida pelo proprietário. § 2º Não serão devidos juros compensatórios quando o imóvel possuir graus de utilização da terra e de eficiência na exploração iguais a zero. § 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se também às ações ordinárias de indenização por apossamento administrativo ou desapropriação indireta, bem assim às ações que visem a indenização por restrições decorrentes de atos do Poder Público, em especial aqueles destinados à proteção ambiental, incidindo os juros sobre o valor fixado na sentença. § 4º Nas ações referidas no § 3º, não será o Poder Público onerado por juros compensatórios relativos a período anterior à aquisição da propriedade ou posse titulada pelo autor da ação.” O STF analisou a constitucionalidade do art. 15-A do DL 3.365/41 e chegou às seguintes conclusões: 1) em relação ao “caput” do art. 15-A do DL 3.365/41: 1.a) reconheceu a constitucionalidade do percentual de juros compensatórios no patamar fixo de 6% ao ano para remuneração do proprietário pela imissão provisória do ente público na posse de seu bem; 1.b) declarou a inconstitucionalidade do vocábulo “até”; 1.c) deu interpretação conforme a Constituição ao “caput” do art. 15-A, de maneira a incidir juros compensatórios sobre a diferença entre 80% do preço ofertado em juízo pelo ente público e o valor do bem fixado na sentença; 2) declarou a constitucionalidade do § 1º do art. 15-A, que condiciona o pagamento dos juros compensatórios à comprovação da “perda da renda comprovadamente sofrida pelo proprietário”; 16 3) declarou a constitucionalidade do § 2º do art. 15-A, afastando o pagamento de juros compensatórios quando o imóvel possuir graus de utilização da terra e de eficiência iguais a zero; 4) declarou a constitucionalidade do § 3º do art. 15-A, estendendo as regras e restrições de pagamento dos juros compensatórios à desapropriação indireta. 5) declarou a inconstitucionalidade do § 4º do art. 15-A; 6) declarou a constitucionalidade da estipulação de parâmetros mínimo (0,5%) e máximo (5%) para a concessão de honorários advocatícios e a inconstitucionalidade da expressão “não podendo os honorários ultrapassar R$ 151.000,00 (cento e cinquenta e um mil reais)” prevista no § 1º do art. 27. STF. Plenário. ADI 2332/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/5/2018 (Info 902). 1.16. Empresas Públicas É possível aplicar o regime de precatórios às empresas públicas? Não se submetem ao regime de precatório as empresas públicas dotadas de personalidade jurídica de direito privado com patrimônio próprio e autonomia administrativa que exerçam atividade econômica sem monopólio e com finalidade de lucro. STF. 1ª Turma. RE 892727/DF, rel. orig. Min. Alexandre de Morais, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgado em 7/8/2018 (Info 910). Importante!!! Os Correios têm o dever jurídico de motivar, em ato formal, a demissão de seus empregados. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) tem o dever jurídico de motivar, em ato formal, a demissão de seus empregados. STF. Plenário. RE 589998 ED/PI, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 10/10/2018 (repercussão geral) (Info 919). 1.17. FUNDEF União deverá indenizar Estados prejudicados com o cálculo incorreto do VMNA. O valor da complementação da União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) deve ser calculado com base no valor mínimo nacional por aluno extraído da média nacional. A complementação ao Fundef realizada a partir do valor mínimo anual por aluno fixada em desacordo com a média nacional impõe à União o dever de suplementação de recursos, mantida a vinculação constitucional a ações de desenvolvimento e manutenção do ensino. Em outras palavras, os Estados prejudicados com o cálculo incorreto do valor mínimo nacional por aluno deverão ser indenizados por conta do montante pago a menor a título de complementação pela União no período de vigência do FUNDEF, isto é, nos exercícios financeiros de 1998 a 2007. Essa indenização abrange apenas os danos materiais, não sendo devidos danos morais coletivos por conta desse repasse a menor. STF. Plenário. ACO 648/BA, ACO 660/AM, ACO 669/SE e ACO 700/RN, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgados em 6/9/2017 (Info 876). 17 1.18. Greve Importante!!! Policiais são proibidos de fazer greve. O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. É obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do art. 165 do CPC, para vocalização dos interesses da categoria. STF. Plenário. ARE 654432/GO, Rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 5/4/2017 (repercussão geral) (Info 860). Compete à Justiça Comum (estadual ou federal) decidir se a greve realizada por servidor público é ou não abusiva. A justiça comum, federal ou estadual, é competente para julgar a abusividade de greve de servidores públicos celetistas da Administração pública direta, autarquias e fundações públicas. STF. Plenário. RE 846854/SP, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 1º/8/2017 (repercussão geral) (Info 871). Constitucionalidade de Decreto estadual que regulamenta as providências a serem adotadas emcaso de greve. O Governador da Bahia editou um decreto prevendo que, em caso de greve, deverão ser adotas as seguintes providências: a) convocação dos grevistas a reassumirem seus cargos; b) instauração de processo administrativo disciplinar; c) desconto em folha de pagamento dos dias de greve; d) contratação temporária de servidores; e) exoneração dos ocupantes de cargo de provimento temporário e de função gratificada que participarem da greve. O STF decidiu que este Decreto é constitucional. Trata-se de decreto autônomo que disciplina as consequências—estritamente administrativas—do ato de greve dos servidores públicos e as providências a serem adotadas pelos agentes públicos no sentido de dar continuidade aos serviços públicos. A norma impugnada apenas prevê a instauração de processo administrativo para se apurar a participação do servidor na greve e as condições em que ela se deu, bem como o não pagamento dos dias de paralisação, o que está em consonância com a orientação fixada pelo STF no julgamento do MI 708. É possível a contratação temporária excepcional (art. 37, IX, da CF/88) prevista no decreto porque o Poder Público tem o dever constitucional de prestar serviços essenciais que não podem ser interrompidos, e que a contratação, no caso, é limitada ao período de duração da greve e apenas para garantir a continuidade dos serviços. STF. Plenário. ADI 1306/BA, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 13/6/2017 (Info 906). 18 1.19. Improbidade Administrativa Importante!!! Ação de improbidade administrativa: ministro de estado e foro competente. Os agentes políticos, com exceção do Presidente da República, encontram-se sujeitos a duplo regime sancionatório, de modo que se submetem tanto à responsabilização civil pelos atos de improbidade administrativa quanto à responsabilização político-administrativa por crimes de responsabilidade. O foro especial por prerrogativa de função previsto na Constituição Federal em relação às infrações penais comuns não é extensível às ações de improbidade administrativa . STF. Plenário. Pet 3240 AgR/DF, rel. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 10/5/2018 (Info 901). Importante!!! Imprescritibilidade do ressarcimento nas ações de improbidade administrativa. São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa. STF. Plenário. RE 852475/SP, Rel. orig. Min. Alexandre de Moraes, Rel. para acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 08/08/2018 (repercussão geral) (Info 910). 1.20. Nepotismo Importante!!! A nomeação da esposa do prefeito como Secretária Municipal não configura, por si só, nepotismo e ato de improbidade administrativa. A nomeação do cônjuge de prefeito para o cargo de Secretário Municipal, por se tratar de cargo público de natureza política, por si só, não caracteriza ato de improbidade administrativa. STF. 2ª Turma. Rcl 22339 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/9/2018 (Info 914). Em regra, a proibição da SV 13 não se aplica para cargos públicos de natureza política, como, por exemplo, Secretário Municipal. Assim, a jurisprudência do STF, em regra, tem excepcionado a regra sumulada e garantido a permanência de parentes de autoridades públicas em cargos políticos, sob o fundamento de que tal prática não configura nepotismo. Exceção: poderá ficar caracterizado o nepotismo mesmo em se tratando de cargo político caso fique demonstrada a inequívoca falta de razoabilidade na nomeação por manifesta ausência de qualificação técnica ou inidoneidade moral do nomeado. STF. 1ª Turma. Rcl 28024 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/05/2018. 1.21. Pensão O art. 11 da EC 20/98 não proibiu a percepção de pensão civil com pensão militar. A CF/67 e a CF/88 (antes da EC 20/98) não proibiam que o militar reformado voltasse ao serviço público e, posteriormente, se aposentasse no cargo civil, acumulando os dois proventos. 19 Ex: João foi reformado como Sargento do Exército em 1980. Voltou ao serviço público e se aposentou como servidor da ABIN (órgão público federal), concedida em 1995. Essa acumulação de proventos é possível. O art. 11 da EC 20/98 proibiu, expressamente, a concessão de mais de uma aposentadoria pelo regime de previdência dos servidores civis. No entanto, este dispositivo não vedou a cumulação de aposentadoria de servidor público com proventos de militar. Sendo possível a cumulação de proventos, é também permitido que o dependente acumule as duas pensões. Ex: Em 1996, João faleceu e Maria, sua esposa, passou a receber duas pensões por morte, uma decorrente de cada vínculo acima explicado. 1.22. Posse Tardia em Cargo Público por Determinação Judicial Importante!!! A nomeação tardia a cargo público em decorrência de decisão judicial não gera direito à promoção retroativa. A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público, por meio de ato judicial, à qual atribuída eficácia retroativa, não gera direito às promoções ou progressões funcionais que alcançariam se houvesse ocorrido, a tempo e modo, a nomeação. STF. Plenário. RE 629392 RG/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/6/2017 (repercussão geral) (Info 868). 1.23. Precatórios Importante – Advocacia Pública!!! É possível aplicar o regime de precatórios às sociedades de economia mista? É aplicável o regime dos precatórios às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público próprio do Estado e de natureza não concorrencial. STF. Plenário. ADPF 387/PI, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/3/2017 (Info 858). É possível aplicar o regime de precatórios às empresas públicas e sociedades de economia mista? As empresas públicas e sociedades de economia mista não têm direito à prerrogativa de execução via precatório. STF. 1ª Turma. RE 851711 AgR/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12/12/2017 (Info 888). Em regra, as empresas estatais estão submetidas ao regime das pessoas jurídicas de direito privado (execução comum). No entanto, é possível sim aplicar o regime de precatórios para empresas públicas e sociedades de economia mista que prestem serviços públicos e que não concorram com a iniciativa privada. Assim, é aplicável o regime dos precatórios às empresas públicas e sociedades de economia mista prestadoras de serviço público próprio do Estado e de natureza não concorrencial. STF. 1ª Turma. RE 627242 AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 02/05/2017. STF. Plenário. ADPF 387/PI, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/3/2017 (Info 858). 20 Importante!!! É possível aplicar o regime de precatórios às sociedades de economia mista? É aplicável o regime dos precatórios às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público próprio do Estado e de natureza não concorrencial. STF. Plenário. ADPF 387/PI, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/3/2017 (Info 858). É inconstitucional determinação judicial que decreta a constrição de bens de sociedade de economia mista prestadora de serviços públicos em regime não concorrencial, para fins de pagamento de débitos trabalhistas. Sociedade de economia mista prestadora de serviço público não concorrencial está sujeita ao regime de precatórios (art. 100 da CF/88) e, por isso, impossibilitada de sofrer constrição judicial de seus bens, rendas e serviços, em respeito ao princípio da legalidade orçamentária (art. 167, VI, da CF/88) e da separação funcional dos poderes (art. 2º c/c art. 60, § 4º, III). STF. Plenário. ADPF 275/PB,Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 17/10/2018 (Info 920). 1.24. Regime Próprio de Previdência Social A contribuição previdenciária paga pelo servidor não deve incidir sobre parcelas que não são incorporadas à sua aposentadoria. Não incide contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos proventos de aposentadoria do servidor público, tais como terço de férias, serviços extraordinários, adicional noturno e adicional de insalubridade. STF. Plenário. RE 593068/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 11/10/2018 (repercussão geral) (Info 919). 1.25. Regularização Fundiária ADI proposta contra a Lei nº 11.952/2009. A Lei nº 11.952/2009 trata sobre a regularização fundiária das ocupações incidentes em terras situadas em áreas da União, no âmbito da Amazônia Legal. O STF deu intepretação conforme ao art. 4º, § 2º da Lei para dizer que é inconstitucional qualquer interpretação que permita a regularização fundiária das terras ocupadas por quilombolas e outras comunidades tradicionais da Amazônia Legal em nome de terceiros ou de forma a descaracterizar o modo de apropriação da terra por esses grupos. Em outras palavras, os quilombolas e outras comunidades tradicionais não podem perder suas terras em caso de regularização fundiária. O STF também deu intepretação conforme ao art. 13 da Lei para afastar quaisquer interpretações que concluam pela desnecessidade de fiscalização dos imóveis rurais até quatro módulos fiscais, devendo o ente federal utilizar-se de todos os meios referidos em suas informações para assegurar a devida proteção ambiental e a concretização dos propósitos da norma para, somente então, ser possível a dispensa da vistoria prévia, como condição para a inclusão da propriedade no programa de regularização fundiária de imóveis rurais de domínio público na Amazônia Legal. Em outras palavras, a União deve utilizar-se de todos os meios para assegurar a devida proteção ambiental e a concretização dos propósitos da norma, para somente então ser possível a dispensa da vistoria prévia 21 como condição para inclusão da propriedade no programa de regularização fundiária de imóveis rurais de domínio público na Amazônia Legal. STF. Plenário. ADI 4269/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 18/10/2017 (Info 882). 1.26. Responsabilidade Civil do Estado Importante!!! Estado deve indenizar preso que se encontre em situação degradante. Uma pessoa que está presa em uma unidade prisional que apresenta péssimas condições, como superlotação e falta de condições mínimas de saúde e de higiene possui o direito de ser indenizada pelo Estado diante desta violação de seus direitos? SIM. Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento. STF. Plenário. RE 580252/MS, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/2/2017 (repercussão geral) (Info 854). Responsabilidade civil da concessionária que administra a rodovia por furto ocorrido em seu pátio. A pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público possui responsabilidade civil em razão de dano decorrente de crime de furto praticado em suas dependências, nos termos do art. 37, § 6º, da CF/88. Caso concreto: o caminhão de uma empresa transportadora foi parado na balança de pesagem na Rodovia Anhanguera (SP), quando se constatou excesso de peso. Os agentes da concessionária determinaram que o condutor estacionasse o veículo no pátio da concessionária e, em seguida, conduziram-no até o escritório para ser autuado. Aproximadamente 10 minutos depois, ao retornar da autuação para o caminhão, o condutor observou que o veículo havia sido furtado. O STF condenou a Dersa – Desenvolvimento Rodoviário S/A, empresa concessionária responsável pela rodovia a indenizar a transportadora. O Supremo reconheceu a responsabilidade civil da prestadora de serviço público, ao considerar que houve omissão no dever de vigilância e falha na prestação e organização do serviço. STF. 1ª Turma. RE 598356/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018 (Info 901). 1.27. Servidores Públicos Importante!!! Aposentadoria compulsória não se aplica a cargos comissionados. Os servidores ocupantes de cargo exclusivamente em comissão não se submetem à regra da aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, da CF, a qual atinge apenas os ocupantes de 22 cargo de provimento efetivo, inexistindo, também, qualquer idade limite para fins de nomeação a cargo em comissão. Ressalvados impedimentos de ordem infraconstitucional, não há óbice constitucional a que o servidor efetivo, aposentado compulsoriamente, permaneça no cargo comissionado que já desempenhava ou a que seja nomeado para cargo de livre nomeação e exoneração, uma vez que não se trata de continuidade ou criação de vínculo efetivo com a Administração. STF. Plenário. RE 786540/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/12/2016 (repercussão geral) (Info 851). Regime de subsídio e pagamento de 13º e férias a Prefeito e Vice-Prefeito. O art. 39, § 4º, da Constituição Federal não é incompatível com o pagamento de terço de férias e décimo terceiro salário. STF. Plenário. RE 650898/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 1º/2/2017 (repercussão geral) (Info 852). Importante!!! Se a pessoa acumular licitamente dois cargos públicos ela poderá receber acima do teto. Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de cargos, empregos e funções, a incidência do art. 37, XI, da Constituição Federal pressupõe consideração de cada um dos vínculos formalizados, afastada a observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do agente público. Ex: se determinado Ministro do STF for também professor da UnB, ele irá receber seu subsídio integral como Ministro e mais a remuneração decorrente do magistério. Nesse caso, o teto seria considerado especificamente para cada cargo, sendo permitido que ele receba acima do limite previsto no art. 37, XI da CF se considerarmos seus ganhos globais. STF. Plenário. RE 612975/MT e RE 602043/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em 26 e 27/4/2017 (repercussão geral) (Info 862). Jornada de trabalho diferenciada para servidores médicos e dentistas. A jornada de trabalho do MÉDICO servidor público é de 4 horas diárias e de 20 horas semanais, nos termos da Lei nº 12.702/2012. A jornada de trabalho do ODONTÓLOGO servidor público é de 6 horas diárias e de 30 horas semanais, nos termos do DL 2.140/84. Essas regras acima explicadas não se aplicam no caso de médicos e odontólogos que ocupem cargo em comissão ou função de confiança, considerando que, neste caso, terão que cumprir a jornada normal de trabalho. STF. 2ª Turma. MS 33853/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/6/2017 (Info 869). Decisão que concede a gratificação de 13,23% viola a SV 37. A decisão judicial que concede a servidor público a gratificação de 13,32% prevista na Lei nº 10.698/2003 afronta a súmula vinculante 37, mesmo que o julgador fundamente sua decisão no art. 37, X, da CF/88 e no art. 6º da Lei nº 13.317/2016. STF. 1ª Turma. Rcl 25927 AgR/SE e Rcl 24965 AgR/SE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 31/10/2017 (Info 884). 23 Decisãoque concede a gratificação de 13,23% viola a SV 37. A decisão judicial que concede a servidor público a gratificação de 13,23% prevista na Lei nº 10.698/2003 afronta a súmula vinculante 37, mesmo que o julgador fundamente sua decisão no art. 37, X, da CF/88 e no art. 6º da Lei nº 13.317/2016. Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia. STF. 1ª Turma. Rcl 25927 AgR/SE e Rcl 24965 AgR/SE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 31/10/2017 (Info 884). STF. 1ª Turma. Rcl 24965 AgR/SE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/11/2017 (Info 886). Inconstitucionalidade de norma que equipara remuneração de servidores públicos. A Constituição do Estado do Ceará previa que deveria ser assegurado “aos servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações, isonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, ressalvadas as vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.” O STF decidiu que é inconstitucional a expressão “das autarquias e das fundações”. Isso porque a equiparação remuneratória entre servidores, a teor da redação originária do art. 39, § 1º, da CF/88, restringiu-se aos servidores da administração direta, não mencionando os entes da administração indireta, como o faz a norma impugnada. Além disso, o dispositivo estadual não foi recepcionado, em sua integralidade, pela redação atual do art. 39 da Constituição Federal, na forma EC 19/1998. STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907). Constitucionalidade de norma da CE que assegura equiparação salarial para professores com igual titulação, respeitando-se o grau de ensino em que estiverem atuando. A Constituição do Estado do Ceará prevê que deverá ser assegurada isonomia salarial para docentes em exercício, com titulação idêntica, respeitando-se o grau de ensino em que estiverem atuando. O STF decidiu que essa regra é constitucional e que não ofende o art. 37, XIII, da CF/88. Isso porque não há, no caso, equiparação salarial de carreiras distintas, considerando que se trata especificamente da carreira de magistério público e de docentes com titulação idêntica. STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907). Inconstitucionalidade de normas da Constituição Estadual que tratam sobre remuneração e direitos dos servidores públicos sem que existam previsões semelhantes na CF/88. São inconstitucionais os arts. 154, § 2º; 167, XII e XIII, §§ 1º e 2º; e 174, da Constituição do Estado do Ceará, e os arts. 27 e 28 do seu ADCT. Tais dispositivos tratam de remuneração e direitos de servidores públicos, que, por não encontrarem similares na CF/88, somente poderiam ser veiculados por meio de lei de iniciativa do Chefe do Poder Executivo. São previsões específicas que não tratam da organização e estruturação do Estado-membro ou de seus órgãos, mas que versam sobre o regime jurídico de servidores públicos. STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907). 24 Não é compatível com a CF/88 a norma de CE que estabelece que o servidor público inativo deverá receber obrigatoriamente a mais do que percebia na ativa. A Constituição do Estado do Ceará previa que o servidor, ao se aposentar, deveria receber, como proventos, o valor pecuniário correspondente ao padrão de vencimento imediatamente superior ao da sua classe funcional, e, se já ocupasse o ultimo escalão, faria jus a uma gratificação adicional de 20% sobre a sua remuneração. O STF decidiu que essa previsão não era considerada materialmente inconstitucional à época da edição da Carta, uma vez que a superação da remuneração em atividade era tolerada na redação original da CF. Porém, essa regra não foi recepcionada pela EC 20/98 que proibiu a superação do patamar remuneratório da atividade e a impossibilidade de incorporação da remuneração do cargo em comissão para fins de aposentadoria (art. 40, §§ 2º e 3º, da CF/88). STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907). STF decide modular os efeitos de decisão que mandou afastar Delegados de Polícia do cargo por ofensa à regra do concurso público. Em 2001, foi editada uma lei estadual criando cargos e organizando a Polícia Civil do Estado do Amazonas. Nesta Lei foi previsto que, na estrutura da Polícia Civil, haveria cargos de Delegado de Polícia e de Comissário de Polícia. Ainda em 2001, foi realizado um concurso público, com provas específicas para cada um desses cargos, e os aprovados nomeados e empossados. Contudo, em 2004, houve duas leis modificando o cargo de Comissário de Polícia. a primeira delas afirmou que Comissário de Polícia seria autoridade policial, juntamente com o Delegado de Polícia, equiparando a remuneração dos dois cargos; a segunda lei, transformando o cargo de "Comissário de Polícia" em "Delegado de Polícia". Essas duas leis foram impugnadas por meio de ADI. Em 2015, o STF decidiu que elas são INCONSTITUCIONAIS porque representaram burla à exigência do concurso público. As referidas leis fizeram uma espécie de ASCENSÃO FUNCIONAL dos Comissários de Polícia porque transformaram os ocupantes desses cargos em Delegados de Polícia sem que eles tivessem feito concurso público para tanto. No caso concreto, os Ministros entenderam que, quando o cargo de Comissário de Polícia foi criado, ele possuía diferenças substanciais em relação ao de Delegado de Polícia, o que impediria a transformação, mesmo sob o argumento de ser medida de racionalização administrativa. Foram opostos embargos de declaração contra a decisão. Em 2018, o STF acolheu os embargos e aceitou modular os efeitos da decisão proferida na ADI 3415. Além disso, o Tribunal determinou ao Estado do Amazonas que promova, no prazo máximo de 18 meses, a contar da publicação da ata de julgamento (07/08/2018), a abertura de concurso público para o cargo de Delegado de Polícia. O Ministro Relator Alexandre de Moraes afirmou que mais de 70 delegacias de polícia ficariam sem delegados e que a população amazonense é que sofreria as consequências. Além disso, na decisão dos embargos, os Ministros esclareceram que são plenamente válidos os atos praticados nos cargos de Delegado de Polícia que serão afastados. 25 STF. Plenário. ADI 3415 ED-segundos/AM, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 1º/8/2018 (Info 909). Não se pode cassar a aposentadoria do servidor que ingressou no serviço público por força de provimento judicial precário e se aposentou durante o processo, antes da decisão ser reformada. Em regra, não produzem fato consumado a posse e o exercício em cargo público decorrentes de decisão judicial tomada à base de cognição não-exauriente. Em outras palavras, não se aplica a teoria do fato consumado para candidatos que assumiram o cargo público por força de decisão judicial provisória posteriormente revista. Trata-se do entendimento firmado no RE 608482/RN (Tema 476). A situação é diferente, contudo, se a pessoa, após permanecer vários anos no cargo, conseguiu a concessão de aposentadoria. Neste caso, em razão do elevado grau de estabilidade da situação jurídica, o princípio da proteção da confiança legítima incide com maior intensidade. Trata-se de uma excepcionalidade que autoriza a distinção (distinguish) quanto ao leading case do RE 608482/RN (Tema 476). STF. 1ª Turma. RE 740029
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