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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE – UFCG
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS – CCJS
UNIDADE ACADÊMICA DE DIREITO – UAD
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
PROF. MANOEL PEREIRA DE ALENCAR
ROGER JOSÉ DOS SANTOS SILVA
COMENTÁRIOS SOBRE OS ARTS. 539 ao 770
TITULO III – DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
Art. 539.  Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida. [Dispositivo correspondente ao art. 890, caput do CPC/1973] (1)
§1º Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa. [Dispositivo correspondente ao art. 890, §1º do CPC/1973] (2)
§2º Decorrido o prazo do § 1º, contado do retorno do aviso de recebimento, sem a manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia depositada. [Dispositivo correspondente ao art. 890, §2º do CPC/1973] (3)
§3º Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, poderá ser proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo-se a inicial com a prova do depósito e da recusa. [Dispositivo correspondente ao art. 890, §3º do CPC/1973] (4)
§4º Não proposta a ação no prazo do § 3º, ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-lo o depositante. [Dispositivo correspondente ao art. 890, §4º do CPC/1973] (4)
 
(1) Consignação em pagamento: A ação de consignação em pagamento constitui ação de rito especial, que tem por objeto o depósito de quantia ou da coisa devida, quando o credor se recusa a receber, a fim de desonerar o devedor da obrigação. Deste modo, a consignação pode ser judicial ou extrajudicial, casos em que o devedor optando por qualquer das duas modalidades, deposita a coisa devida a fim de libertar-se da obrigação.
Neste sentido: “A mora do devedor não lhe retira o direito de saldar seu débito, devendo o credor receber, desde que o pagamento se faça com os encargos decorrentes do atraso e a prestação ainda lhe seja util. a recusa injustificada de receber configura ‘mora accipiendi’, autorizando a consignatória”. (STJ, REsp 39862 / SP, j. 30.11.1993).
Em igual sentido: “Não receber o pagamento da parcela via boleto bancário – referente a contrato com garantia de alienação fiduciária – mesmo depois de ter admitido essa forma de pagamento por meses, impondo ao mutuário o débito em conta-corrente que estava com saldo negativo, configura a injusta recusa prevista no art. 335, I, do Código Civil, porquanto impõe ônus desmedido ao alienante”. (TJRS, AC 70075168542, j. 30.11.2017).
 
(1) Contudo, em sentido contrário: “Na hipótese dos autos, o Tribunal de origem, com base nas provas carreadas aos autos, concluiu pela ausência dos pressupostos de constituição e desenvolvimento válido e regular da ação de consignação em pagamento, uma vez que não havia recusa do credor ou dúvida quanto à quem efetuar o pagamento”. (STJ, AgRg no Ag 1378321 / SP, j. 14.11.2017).
No mesmo sentido também: “O  Tribunal  de  origem  asseverou  que  não  houve  suficiente comprovação de que tenha havido a recusa de recebimento do pagamento do  valor  nominal  acrescido  de  juros  de  1%  ao  mês.  Por esta perspectiva, concluiu não ter sido evidenciada, no caso, nenhuma das hipóteses  autorizadoras  da  consignação  em pagamento previstas no art.   335   do  Código  Civil,  não  conferindo,  assim,  o  efeito liberatório do débito à ora agravante”. (STJ, AgInt no AREsp 1095827 / RS, j. 17.08.2017).
 
(1) E ainda: “A ação de consignação em pagamento é modalidade especial de pagamento de valores que tem cabimento nas hipóteses estabelecidas no art. 335 do CC/2002. Utilização de ação inapropriada para a pretensão postulada (alteração da forma de pagamento ajustada)”. (TJRS, AI 70074965690, j. 30.11.2017).
Situações de cabimento: Vide artigo 335 do Código Civil que enumera as hipótese de cabimento da consignatória.
 
(2) Depósito do valor devido: Quando tratar-se de obrigação de pagar quantia, o devedor depositará o valor devido em estabelecimento bancário oficial no local do pagamento. Na sequência, o devedor cientificará o credor por carta com aviso de recebimento, para que apresente recusa no prazo de dez dias a respeito do valor depositado.
Falta do depósito: A falta ou insuficiência do depósito liberatório da obrigação no prazo legal   que é pressuposto de constituição e de desenvolvimento regular do processo resulta na extinção da ação sem julgamento do mérito. Neste sentido: TRF-1 – APELAÇÃO CIVEL AC 19260 GO 1999.01.00.019260-8 (TRF-1) – Data de publicação: 17/03/2000 – Ementa: SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. CAUTELAR JULGADA EXTINTA. FALTA DE DEPÓSITOS NA CONSIGNATÓRIA. 1. Correta a sentença que, tendo julgado extinto o processo principal, ação consignatória, por falta dos depósitos, julga também extinta a cautelar. 2. Apelo improvido. Encontrado em: . CAUTELAR JULGADA EXTINTA. FALTA DE DEPÓSITOS NA CONSIGNATÓRIA. 1. Correta a sentença que, tendo julgado… extinto o processo principal, ação consignatória, por falta dos depósitos, julga também extinta.
TJ-DF – Apelação Cível APC 20150110806204 (TJ-DF) – Data de publicação: 17/02/2016 –Ementa: PROCESSO CIVIL. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. AUSÊNCIA DE DEPÓSITO. FALTA INTERESSE PROCESSUAL. REQUISITO ESSENCIAL À AÇÃO CONSIGNATÓRIA. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. SENTENÇA MANTIDA. 1. Na Ação de Consignação em Pagamento, o depósito do valor que o autor deseja ser consignado é requisito essencial ao prosseguimento do feito. 2. Assim, determinado ao autor que comprove o depósito, o seu não cumprimento denota falta de interesse processual, ensejando a extinção do processo por falta de condição da ação. 3. Recurso desprovido. Sentença mantida.
 
(3) Liberação do devedor: Transcorrido o prazo, sem que o credor tenha manifestado recusa, o devedor estará liberado da obrigação, ficando a quantia depositada à disposição do credor para levantamento.
 
(4) Recusa do credor: O credor quando não concordar com o valor depositado, deverá apresentar manifestação da recusa, por escrito, endereçada ao estabelecimento bancário. Neste caso, o devedor poderá ingressar, no prazo de um mês, com a ação judicial de consignação em pagamento, instruindo a inicial com o comprovante do depósito bancário e da recusa. Neste sentido: “A consignação exige que o depósito judicial compreenda o mesmo objeto que seria preciso prestar, para que o pagamento possa extinguir a obrigação, pois “o credor não é obrigado a receber a prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa” (art. 313 do NCC)”. (STJ, REsp 1194264 / PR, j. 01.03.2011).
 
(4) Caso o devedor não proponha a ação judicial de consignação em pagamento no prazo de um mês, o depósito ficará sem efeito, podendo levantar a quantia depositada.
 
 
Art. 540.  Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessando para o devedor, à data do depósito, os juros e os riscos, salvo se a demanda for julgada improcedente. [Dispositivo correspondente ao art. 891, caput do CPC/1973] (1)
 
(1) Competência: O dispositivo trata de regra de competência para o ajuizamento da ação de consignação, que deverá ser proposta no local do pagamento. Todavia: “Não prevalece o foro contratual de eleição, se configurada que tal indicação, longe de constituir-se uma livre escolha, mas mera adesão a cláusula pré-estabelecida pela instituição mutuante, implica em dificultar a defesa da parte contrária, em face dos ônus que terá para acompanhar o processo em local distante daquele em que tem sua sede, prevalecendo o local onde foi celebrado o mútuo, no município vizinho do autor e sede da comarca”. (STJ, CC 31408 / MG, j. 26.09.2001).
 
(1) A propositura desta ação faz cessar para o devedor a incidência de juros, exceto se a demanda for julgada improcedente. Nestesentido: “O depósito em consignação é modo de extinção da obrigação, com força de pagamento, e a correspondente ação consignatória tem por finalidade ver atendido o direito – material – do devedor de liberar-se da obrigação e de obter quitação. Trata-se de ação eminentemente declaratória: declara-se que o depósito oferecido liberou o autor da respectiva obrigação”. (STJ, REsp 886757 / RS, j. 15.02.2007).
 
(1) Enunciado 59 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “Em ação de consignação e pagamento, quando a coisa devida for corpo que deva ser entregue no lugar em que está, poderá o devedor requerer a consignação no foro em que ela se encontra. A supressão do parágrafo único do art. 891 do Código de Processo Civil de 1973 é inócua, tendo em vista o art. 341 do Código Civil”.
 
 
Art. 541.  Tratando-se de prestações sucessivas, consignada uma delas, pode o devedor continuar a depositar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que o faça em até 5 (cinco) dias contados da data do respectivo vencimento. [Dispositivo correspondente ao art. 892 do CPC/1973] (1)
 
(1) Obrigação sucessiva: Quando se tratar de obrigação sucessiva, o devedor poderá depositar as parcelas que forem vencendo no curso do processo, no prazo de cinco dias da data de vencimento. Neste sentido: “Na ação de consignação em pagamento de prestações mensais, os depósitos continuam após a sentença de 1. grau; a respectiva regularidade, todavia, fica dependente de conferência a ser realizada depois do trânsito em julgado”. (STJ, REsp 139402 / MG, j. 05.02.1998).
 
(1) Enunciado 60 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “Na ação de consignação em pagamento que tratar de prestações sucessivas, consignada uma delas, pode o devedor continuar a consignar sem mais formalidades as que se forem vencendo, enquanto estiver pendente o processo”.
 
 
Art. 542. Na petição inicial, o autor requererá: [Dispositivo correspondente ao art. 893, caput do CPC/1973] (1)
I – o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ressalvada a hipótese do art. 539, § 3º; [Dispositivo correspondente ao art. 893, I do CPC/1973]
II – a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação. [Dispositivo correspondente ao art. 893, II do CPC/1973]
Parágrafo único. Não realizado o depósito no prazo do inciso I, o processo será extinto sem resolução do mérito. [Não existe correspondente no CPC/1973]
 
(1) Requisitos da petição inicial: O dispositivo trata dos requisitos que devem estar preenchidos na petição inicial da ação de consignação, sendo que o devedor deverá realizar o depósito da quantia devida no prazo de cinco dias, contados do deferimento da medida, salvo se o depósito já tiver sido realizado extrajudicialmente, caso em que juntará aos autos o referido comprovante.
 
(1) Se o devedor não fizer o depósito da quantia no prazo, o processo será extinto sem resolução de mérito. Neste sentido: “Na ação de consignação em pagamento, o depósito feito pelo devedor deve ser integral, incluindo multa por atraso de pagamento e correção monetária, sob pena de improcedência do pedido”. (STJ, REsp 369773 / ES, j. 16.04.2002). Em igual sentido: “Não tem como prosperar o alegado cerceamento de defesa sob a argumentação de não ter sido feita a intimação em nome do advogado que recebeu o substabelecimento sem reserva de poderes, quando foi a ação julgada improcedente por falta de depósito e, ainda, a petição pedindo a juntada do substabelecimento ingressou na ação declaratória, não na consignatória, destacando o Acórdão recorrido que a reprodução não era obrigação do cartório”. (STJ, REsp 189171 / RO, j. 04.11.1999).
 
 
Art. 543.  Se o objeto da prestação for coisa indeterminada e a escolha couber ao credor, será este citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco) dias, se outro prazo não constar de lei ou do contrato, ou para aceitar que o devedor a faça, devendo o juiz, ao despachar a petição inicial, fixar lugar, dia e hora em que se fará a entrega, sob pena de depósito. [Dispositivo correspondente ao art. 894 do CPC/1973] (1)
 
(1) Direito de escolha: Quando a prestação for para entregar coisa indeterminada e a escolha couber ao credor, este será citado para exercer o seu direito de escolha, no prazo legal ou convencionado pelas partes. Caso o credor manifeste que a escolha pode ser feita pelo devedor, o juiz fixará o local para o cumprimento da medida.
Vide artigos: 233,244, 255, 342 do Código Civil.
 
 
Art. 544.  Na contestação, o réu poderá alegar que: [Dispositivo correspondente ao art. 896, caput do CPC/1973] (1)
I – não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa devida; [Dispositivo correspondente ao art. 896, I do CPC/1973]
II – foi justa a recusa;  [Dispositivo correspondente ao art. 896, II do CPC/1973]
III – o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento; [Dispositivo correspondente ao art. 896, III do CPC/1973]
IV – o depósito não é integral. [Dispositivo correspondente ao art. 896, VI do CPC/1973]
Parágrafo único.  No caso do inciso IV, a alegação somente será admissível se o réu indicar o montante que entende devido. [Dispositivo correspondente ao art. 896, parágrafo único do CPC/1973]
 
I – não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa devida:  Cabe ao devedor, desde logo, comprovar a recusa do credor em receber o quantum debeatur, por exemplo exibindo notificação ou outro meio de probatório.
Neste sentido: TRF-3 – AGRAVO DE PETIÇÃO AP 00214973520104036100 SP (TRF-3) – Data de publicação: 07/11/2017 – Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. FALTA DE PROVA DA RECUSA DO CREDOREM RECEBER O PAGAMENTO. 1. A ação de consignação em pagamento, tipificada pelos artigos 890 a 900 do CPC/73, tem por finalidade a desobrigação do devedor ante a recusa injustificada e ou impossibilidade de recebimento do credor. 2. Não há nenhum documento que aponte a recusa injustificada da requerida em receber o valor necessário para o adimplemento da dívida. 3. Apelação desprovida.
II – foi justa a recusa – III  – o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento.
Na forma do artigo 335, inciso I do Código Civil a consignação tem lugar se o credor recusar receber o pagamento sem justa causa. Havendo justo motivo para o recebimento inviabiliza a ação. Por exemplo pagamento oferecido de forma diversa da pactuada ou ofereceu o crédito antes do vencimento:
Neste sentido: TJ-SP – Apelação APL 00323131420108260309 SP 0032313-14.2010.8.26.0309 (TJ-SP)– Data de publicação: 17/02/2014 – Ementa: AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. PRETENSÃO DE DEPOSITAR DÍVIDA VENCIDA COM ENCARGOS INFERIORES AO CONTRATADO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA MORA CREDITORIS. POSSIBILIDADE, EM TESE, DE CONSIGNAÇÃO DO VALOR DEVIDO SE PROVADA A INJUSTA RECUSADO CREDOR. ART. 335 , INC. I , DO CC . FATOS NÃO PROVADOS. EXTINÇÃO DA AÇÃO COM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. ART. 269 , INC. I DO CPC . Pressuposto para o ajuizamento da ação consignatória é a prova de que houve recusa sem justacausa pelo credor ao recebimento da obrigação (art. 335 , inc. I , do CC ). A consignação em pagamento não permite ao devedor o depósito de quantia que entende devida em detrimento ao que foi previamente contratado se não há prova de cobrança injusta. Para a discussão sobre encargos cobrados e/ou contratados deve a parte se valer de ação revisional. Recurso desprovido, com observação.
IV – o depósito não é integral: Quando o depósito não é integral o que torna absoluta inutilidade da ação cujo objetivo e elisão do débito por inteiro, acrescidos de todos consectários contratuais de única vez. Não pode o devedor parcelar a dívida via ação consignatória depositando em doses homeopáticas em várias prestações o débito.
 
(1) Alegações do credor: O dispositivo trata das matérias que podem ser alegadas pelo credor na contestação, sendo elas: inexistência de recusa em receber; justo motivo para não receber o valor;o depósito não foi feito no prazo convencionado; ou, que o depósito realizado foi parcial.
 
(1) Na hipótese de alegação de depósito parcial, o credor deverá indicar, desde logo, o valor que entende correto.
 
 
Art. 545.  Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, em 10 (dez) dias, salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato. [Dispositivo correspondente ao art. 899, caput do CPC/1973] (1)
§1º No caso do caput, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida. [Dispositivo correspondente ao art. 899, §1º do CPC/1973] (2)
§2º A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que possível, o montante devido e valerá como título executivo, facultado ao credor promover-lhe o cumprimento nos mesmos autos, após liquidação, se necessária. [Dispositivo correspondente ao art. 899, §2º do CPC/1973] (3)
 
(1) Depósito parcial: Uma vez alegada a insuficiência do depósito, o devedor poderá, desde já, efetivar o depósito da parte faltante, de modo a cumprir com a totalidade da quantia devida. Neste sentido: “A insuficiência do depósito não significa mais a improcedência do pedido, quer dizer apenas que o efeito da extinção da obrigação é parcial, até o montante da importância consignada, podendo o juiz desde logo estabelecer o saldo líquido remanescente, a ser cobrado na execução, que pode ter curso nos próprios autos. Art. 899 do CPC”. (STJ, REsp 448602 / SC, j. 10.12.2002).
 
(2) Levantamento do valor depositado: O credor poderá levantar o valor depositado ainda que parcialmente, prosseguindo a ação sobre o que faltar. Todavia: “Limitando-se o recorrente a embasar sua defesa na insuficiência do depósito (art. 896, IV do CPC), pressupondo o restabelecimento da dívida originária, restou prejudicado o prosseguimento da demanda nos termos do § 1º do art. 899 do CPC, eis que, permanecendo válido o montante acordado, o depósito efetuado pela devedora não se mostrou insuficiente”. (STJ, REsp 341649 / DF, j. 07.06.2005).
 
(2) Enunciado 61 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “É permitido ao réu da ação de consignação em pagamento levantar “desde logo” a quantia ou coisa depositada em outras hipóteses além da prevista no §1º do art. 545 (insuficiência do depósito), desde que tal postura não seja contraditória com fundamento da defesa”.
 
(3) Valor correto: A decisão que reconhecer que o valor depositado foi feito à menor, deverá indicar expressamente o valor devido, salvo se houver necessidade de prévia liquidação para apuração do valor. No caso, o credor poderá cobrar o devedor nos mesmos autos, neste sentido:“Ora, no caso da ação consignatória, além de ter rito especialmente amoldado à satisfação específica do direito material de liberar-se da obrigação, sua adoção, na forma como estabelecida a partir da reforma processual de 1994, é também de interesse do réu, não só por lhe ser facultado levantar antecipadamente os depósitos (CPC, art. 899, § 1º), mas sobretudo porque poderá, ao final, obter tutela jurisdicional em seu favor (art. 899, § 2º). Trata-se de ação dúplice, em que a tutela em favor do réu é dada independentemente de reconvenção, o que não ocorre no procedimento comum”. (STJ, REsp 816402 / RS, j. 15.09.2009). No mesmo sentido: “A consignação em pagamento, não obstante seja efetuada no interesse do autor, aproveita imediatamente ao réu, que pode, desde logo, levantar a quantia depositada, ainda que insuficiente. O depósito efetuado representa quitação parcial e  produzirá os seus efeitos no plano do direito material, e, sob o enfoque processual, impedirá a repropositura pelo todo, admitindo a acionabilidade pelo resíduo não convertido. Como a recorrente efetuou depósito de montantes incontroversos, com a finalidade de afastar a mora, enquanto discutia, em juízo, cláusulas do contrato, é inconcebível que venha requerer o levantamento do valor, que reconhecidamente deve, ao argumento de que terá a recorrida a faculdade de cobrar os valores devidos, em execução ou ação de cobrança”. (STJ, REsp 1160697 / MG, j. 28.04.2015).
 
(3) Contudo, em sentido contrário: “Neste caso peculiar, estabelecido na ação de consignação que a correção monetária deveria ser feita com base na TR e que os juros de mora deveriam ser de 10,47% ao ano e tendo sido o depósito efetivado a maior, fundado em índices diversos daqueles, levantado pelo credor, a diferença pode ser buscada em ação de cobrança, sem ofensa à coisa julgada”. (STJ, REsp 947350 / MS, j. 15.10.2009).
 
 
Art. 546.  Julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios. [Dispositivo correspondente ao art. 897, caput do CPC/1973] (1)
Parágrafo único. Proceder-se-á do mesmo modo se o credor receber e der quitação. [Dispositivo correspondente ao art. 897, parágrafo único do CPC/1973]
 
(1) Extinção da obrigação: Não oferecida a contestação pelo credor, o juiz julgará procedente o pedido do devedor e declarará extinta a obrigação deste, condenando o credor (réu) ao pagamento das custas e honorários advocatícios. Vale ressaltar que, a sentença vale como quitação.
O parágrafo único: Contempla da mesma forma de extinção da obrigação o credor que concordar com valor depositado proceder o levantamento, sem qualquer resistência ao pedido inaugural, produz o mesmo efeito do caput do artigo.
 
 
Art. 547.  Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos possíveis titulares do crédito para provarem o seu direito. [Dispositivo correspondente ao art. 895 do CPC/1973] (1)
 
(1) Credor incerto: Pode acontecer de o devedor não saber quem realmente é o seu credor, neste caso, fará requerimento ao juízo para deferir o depósito do valor que entende devido e, ainda, requerer a citação daqueles que podem ser os possíveis titulares do crédito. Neste sentido:“Dificuldade no pagamento da pensão por morte em favor dos pais da vítima por falta de seus dados pessoais para inclusão em folha de pagamento não afasta a mora do devedor. Possibilidade de depósito judicial do valor devido para evitar a caracterização da mora do devedor”. (STJ, REsp 1131377 / RJ, j. 05.06.2012).
 
 
Art. 548.  No caso do art. 547: [Dispositivo correspondente ao art. 898 do CPC/1973]
I – não comparecendo pretendente algum, converter-se-á o depósito em arrecadação de coisas vagas; [Dispositivo correspondente ao art. 898 do CPC/1973] (1)
II – comparecendo apenas um, o juiz decidirá de plano; [Dispositivo correspondente ao art. 898 do CPC/1973] (2)
III – comparecendo mais de um, o juiz declarará efetuado o depósito e extinta a obrigação, continuando o processo a correr unicamente entre os presuntivos credores, observado o procedimento comum. [Dispositivo correspondente ao art. 898 do CPC/1973] (3)
 
(1) Arrecadação de coisas vagas: No caso de não aparecer nenhum credor, o depósito será convertido em arrecadação de coisas vagas, conforme art. 746.
 
(2) Um credor: Caso compareça apenas um credor, o juiz decidirá com base na comprovação de que se trata do verdadeiro titular do crédito.
 
(3) Vários credores: No caso de comparecer mais de um credor, o juiz declarará realizado o depósito e extinguirá a obrigação do devedor, prosseguindo a ação em relação aos possíveis credores. Neste sentido: “I.  Se o objeto da ação consignatória é, na espécie em comento, o de desonerar o devedor do encargo do pagamento das contribuições legalmente devidas, em razão de dúvida relevante acerca do destinatário da verba, ou seja, o credor, sendo que uma pluralidade deles se apresenta para recebê-la, uma vez reconhecida judicialmente a fundada existência da dúvida a justificar o exercício do direito de ação pelo Banco devedor, a relação litigiosa, no que pertine ao autor, termina. E, como houve litígio, devidos são-lhe os honorários desucumbência e o ressarcimento das custas processuais, em respeito ao art. 20 do CPC. II. A lide prosseguirá, mas apenas entre os réus, já que mais de um deles se diz credor da obrigação. E o vencido – aquele a quem não for atribuído o crédito – responderá perante o vencedor pela respectiva sucumbência, bem assim estará passível de lhe ressarcir o que teve de arcar, na primeira fase, a título de igual sucumbência frente ao autor, o que poderá ter lugar nesta mesma ação”. (STJ, REsp 109868 / MG, j. 15.02.2000). Em igual sentido: “Natureza interlocutória da decisão que julga extinta a obrigação em relação ao autor, excluindo-o da lide, mas mantendo o processo em relação aos réus, a fim de definir o credor a quem será revertido o depósito. Interposição de agravo de instrumento. Cabimento”. (STJ, AgRg no REsp 1423294 / SP, j. 07.10.2014).
 
(3) E ainda: “Na ação de consignação proposta com fundamento na dúvida do devedor acerca de quem seja o credor, a decisão do processo se dá em duas fases: inicialmente, libera-se o devedor e, após, o processo continua pelo procedimento ordinário para determinar quem, entre os que disputam o crédito, tem titularidade para recebê-lo. Inteligência do art. 898, do CPC. Na hipótese dos autos, a decisão proferida na ação de consignação em pagamento apenas liberou o devedor, nada definindo acerca do verdadeiro titular do crédito. Essa questão, portanto, não transitou em julgado”. (STJ, REsp 825795 / MS, j. 07.02.2008).
 
(3) Enunciado 62 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “A regra prevista no art. 548, III, que dispõe que, em ação de consignação em pagamento, o juiz declarará efetuado o depósito extinguindo a obrigação em relação ao devedor, prosseguindo o processo unicamente entre os presuntivos credores, só se aplicará se o valor do depósito não for controvertido, ou seja, não terá aplicação caso o montante depositado seja impugnado por qualquer dos presuntivos credores”.
 
 
Art. 549.  Aplica-se o procedimento estabelecido neste Capítulo, no que couber, ao resgate do aforamento. [Dispositivo correspondente ao art. 900 do CPC/1973] (1)
 
(1) Aplicação subsidiária ao resgate de aforamento: As disposições acerca da ação de consignação em pagamento podem ser aplicadas, no que couber, ao resgate de aforamento.
Art. 550.  Aquele que afirmar ser titular do direito de exigir contas requererá a citação do réu para que as preste ou ofereça contestação no prazo de 15 (quinze) dias. [Dispositivo correspondente ao art. 914 e 915, caput do CPC/1973] (1)
§1º Na petição inicial, o autor especificará, detalhadamente, as razões pelas quais exige as contas, instruindo-a com documentos comprobatórios dessa necessidade, se existirem. [Não existe correspondente no CPC/1973] (1)
§2º Prestadas as contas, o autor terá 15 (quinze) dias para se manifestar, prosseguindo-se o processo na forma do Capítulo X do Título I deste Livro. [Dispositivo correspondente ao art. 915, §1º do CPC/1973] (2)
§3º A impugnação das contas apresentadas pelo réu deverá ser fundamentada e específica, com referência expressa ao lançamento questionado. [Não existe correspondente no CPC/1973] (2)
§4º Se o réu não contestar o pedido, observar-se-á o disposto no art. 355. [Dispositivo correspondente ao art. 915, §2º do CPC/1973] (3)
§5º A decisão que julgar procedente o pedido condenará o réu a prestar as contas no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor apresentar. [Dispositivo correspondente ao art. 915, §2º do CPC/1973] (3)
§6º Se o réu apresentar as contas no prazo previsto no § 5º, seguir-se-á o procedimento do § 2º, caso contrário, o autor apresentá-las-á no prazo de 15 (quinze) dias, podendo o juiz determinar a realização de exame pericial, se necessário. [Dispositivo correspondente ao art. 915, §3º do CPC/1973]
 
(1) Exigir contas: Aquele que tenha o direito de exigir as contas ingressará com ação judicial, requerendo a citação de quem tenha o dever de prestá-las, para fazê-la ou apresentar contestação, no prazo de quinze dias.
 
(1) Na inicial da ação de prestação de contas, o autor deverá especificar detalhadamente os motivos da exigência das contas, devendo juntar documentação que possa comprovar as suas alegações. Neste sentido: “O STJ firmou  entendimento de que, mesmo havendo o fornecimento de extratos bancários periódicos, o correntista tem interesse e legitimidade para propor ação de prestação de contas quando discorde dos lançamentos deles constantes (Súmula nº 259/STJ). Não obstante, a petição inicial deve, no mínimo, apontar o vínculo jurídico existente com o réu e especificar o período de esclarecimentos, sendo imprestável a mera referência genérica e vazia a respeito. Precedentes”. (STJ, REsp 1318826 / SP, j. 19.02.2013). No mesmo sentido: “AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS. PRIMEIRA FASE. CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO EM CONTA CORRENTE. PEDIDO GENÉRICO. INADMISSIBILIDADE”. (STJ, AgInt no AREsp 1065183 / PR, j. 21.11.2017).
 
(1) Contudo, em sentido contrário:  “O direito do correntista de solicitar informações sobre lançamentos realizados unilateralmente pelo Banco em sua conta-corrente independe da juntada de detalhes sobre tais lançamentos na petição inicial. Precedente”. (STJ, AgRg no Ag 814417 / PR, j. 01.03.2007).
 
(1) Súmula 259 do STJ: “A ação de prestação de contas pode ser proposta pelo titular de conta-corrente bancária”.
 
(2) Manifestação do autor: Tendo o réu prestado as contas, o autor terá o prazo de quinze dias para se manifestar, após o juiz verificará se é causa de julgamento antecipado ou saneá-lo, sobrevindo as demais fases. Neste sentido: “A ação de prestação de contas ocorre em duas fases distintas e sucessivas – na primeira, discute-se sobre o dever de prestar contas; na segunda, declarado o dever de prestar contas, serão elas julgadas e apreciadas se apresentadas. É possível a aglutinação das referidas fases quando o demandado, em sua contestação, reconhece seu dever de prestar as contas, apresentando-as de forma espontânea”. (STJ, REsp 1567768 / GO, j. 17.10.2017).
 
(2) Uma vez apresentadas as contas pelo réu, o autor que não concordar poderá impugná-las e deverá fundamentar as razões de sua discordância.
 
(3) Prestação de contas pelo réu: Caso o réu não apresente contestação, o juiz poderá antecipar o julgamento de mérito. Assim, no caso de procedência do pedido, o réu será condenado à prestar as contas no prazo de quinze dias. Todavia, caso o réu permaneça inerte, as contas serão apresentadas pelo autor, tendo em vista, que o direito do réu apresentá-las precluiu. Neste sentido: “O  Tribunal  de  origem,  ao  negar  provimento  ao  agravo  de instrumento  interposto  contra decisão que determinou a produção de prova  pericial  em  segunda  fase de prestação de contas, consignou que,  ainda que as contas prestadas pelo réu tivessem sido prestadas intempestivamente,  não  há  imposição  para  que  o juízo acolha as contas apresentadas pelo autor, devendo, segundo o que dispõe o art. 915,  §  3º,  do CPC/73, as contas serem julgadas segundo o prudente arbítrio  do  juiz,  que  poderá  determinar  a  realização de exame pericial contábil”. (STJ, AgInt no AgInt no AREsp 992083 / PR, j. 09.03.2017).
 
(3) Enunciado 177 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “A decisão interlocutória que julga procedente o pedido para condenar o réu a prestar contas, por ser de mérito, é recorrível por agravo de instrumento”.
 
 
Art. 551. As contas do réu serão apresentadas na forma adequada, especificando-se as receitas, a aplicação das despesas e os investimentos, se houver. [Dispositivo correspondente ao art. 917 do CPC/1973] (1)
§1º Havendo impugnação específica e fundamentada pelo autor, o juiz estabelecerá prazo razoável para que o réu apresente os documentos justificativos dos lançamentos individualmente impugnados. [Não existe correspondente no CPC/1973]
§2º As contas do autor, para os fins do art. 550, § 5º, serão apresentadas na forma adequada, já instruídas com os documentos justificativos,especificando-se as receitas, a aplicação das despesas e os investimentos, se houver, bem como o respectivo saldo. [Dispositivo correspondente ao art. 917 do CPC/1973]
 
(1) Forma mercantil: As contas devem ser apresentadas, tanto pelo autor quanto pelo réu, observando-se a escrituração contábil, para melhor apuração dos dados. Neste sentido: “É necessário reexaminar provas para definir se as contas do réu foram ou não apresentadas na forma mercantil, como exige o Art. 917 do CPC”. (STJ, AgRg no Ag 740483 / DF, j. 14.12.2006). Em igual sentido: “O Tribunal de origem consignou ter o BANCO apresentado as contas de forma mercantil, com demonstração da origem e evolução do débito, bem  como  exibido toda a documentação necessária”. (STJ, AgInt no AgRg no AREsp 763647 / SP, j. 21.09.2017).
 
(1) Contudo, em sentido contrário: “Segundo a jurisprudência desta Corte, o rigor da norma quanto à prestação de contas na forma mercantil pode ser afastado caso as contas apresentadas atinjam a finalidade do processo, hipótese verificada nos autos. Precedentes”. (STJ, AgRg no REsp 997634 / DF, j. 01.09.2015).
 
 
Art. 552.  A sentença apurará o saldo e constituirá título executivo judicial. [Dispositivo correspondente ao art. 918 do CPC/1973] (1)
 
(1) Procedência da ação: Devidamente apurado o valor das contas o juiz decidirá por sentença, que valerá como título executivo judicial. Neste sentido: “Na ação de prestação de contas, mera estimativa do valor devido pelo réu não delimita o pedido. Assim, não é extra petita a sentença que, em segunda fase do processo, condena o réu em valor maior que tal estimativa”. (STJ, AgRg nos EDcl no Ag 676841 / PR, j. 14.11.2007).
Recurso: Da sentença que determina o saldo que é título judicial  cabe apelação.
 
 
Art. 553.  As contas do inventariante, do tutor, do curador, do depositário e de qualquer outro administrador serão prestadas em apenso aos autos do processo em que tiver sido nomeado. [Dispositivo correspondente ao art. 919 do CPC/1973] (1)
Parágrafo único.  Se qualquer dos referidos no caput for condenado a pagar o saldo e não o fizer no prazo legal, o juiz poderá destituí-lo, sequestrar os bens sob sua guarda, glosar o prêmio ou a gratificação a que teria direito e determinar as medidas executivas necessárias à recomposição do prejuízo. [Dispositivo correspondente ao art. 919 do CPC/1973]
 
(1) Dever de prestar contas em decorrência de encargo: Aquele que esteja na qualidade de inventariante, tutor, curador ou depositário tem o dever de prestar contas dos bens colocados sob sua administração. Sendo que, não prestadas as contas, o recusante será removido do encargo. Neste sentido: “A ação de prestação de contas compete a quem tiver a obrigação de prestá-las, deve ser lida e interpretada no sentido de competir somente àquele que administra os bens e interesses de terceiros (obrigação personalíssima), porque é a pessoa capaz de informar quais providências e despesas foram feitas, como foram feitas e por que o foram”. (STJ, REsp 1354347 / SP, j. 06.05.2014).  
Art. 554.  A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados. [Dispositivo correspondente ao art. 920 do CPC/1973] (1)
§1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública. [Não existe correspondente no CPC/1973] (2)
§2º Para fim da citação pessoal prevista no § 1º, o oficial de justiça procurará os ocupantes no local por uma vez, citando-se por edital os que não forem encontrados. [Não existe correspondente no CPC/1973]
§3º O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no § 1º e dos respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios. [Não existe correspondente no CPC/1973] (3)
 
(1) Modalidades de ação possessória: O dispositivo prevê a possibilidade de o autor ingressar erroneamente com uma das modalidades de ação possessória, sendo elas: reintegração de posse, manutenção de posse e interdito proibitório. Em qualquer dos casos, o juiz receberá o pedido e determinará as medidas cabíveis. Neste sentido: “A cláusula constituti revela-se como uma das formas de aquisição de posse, ainda que indireta. Cabível, portanto, a ação de reintegração de posse para a discussão de esbulho. Precedentes”. (STJ, AgRg no AREsp 10216 / PE, j. 05.03.2013). No mesmo sentido também: “É cabível a propositura da ação possessória na hipótese em que o autor demonstra a existência de turbação ou esbulho e a posse sobre o objeto discutido”. (STJ, AgRg no REsp 1215453 / MT, j. 08.09.2015).
 
(1) E ainda: “De acordo com a jurisprudência desta Corte, “Em Ação Possessória não  se  admite  oposição, mesmo que se trate de bem público, porque naquela  discute-se  a  posse  do  imóvel  e nesta, o domínio” (REsp 1134446/MT,  Rel.  Ministro  Herman  Benjamin,  Segunda  Turma,  DJe 19/4/2017)”. (STJ, AgInt no AREsp 428844 / RO, j. 08.08.2017).
 
(1) Juizado Especial: Tem competência para concilia e julgamento das ações possessórias sobre bens imóveis no valor não superior quarenta salários mínimos e de bens móveis de qualquer valor (art. 3º-caput-II e IV). 
 
(1) Súmula 228 do STJ: “É inadmissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral”.
 
(1) Enunciado 178 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “O valor da causa nas ações fundadas em posse, tais como as ações possessórias, os embargos de terceiro e a oposição, deve considerar a expressão econômica da posse, que não obrigatoriamente coincide com o valor da propriedade”.
 
(1) Enunciado 328 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “Os arts. 554 e565 do CPC aplicam-se à ação de usucapião coletiva (art. 10 da Lei 10.258/2001) e ao processo em que exercido o direito a que se referem os §§ 4º e 5º do art. 1.228, Código Civil, especialmente quanto à necessidade de ampla publicidade da ação e da participação do Ministério Público, da Defensoria Pública e dos órgãos estatais responsáveis pela reforma agrária e política urbana”.
 
(2) Litisconsórcio passivo multitudinário: Quando a demanda for composta por um grande número de réus, a citação será pessoal para os ocupantes que estiverem presentes no local, os ausentes serão citados por edital.
 
(2) Nesta ação em que o polo passivo é formado por um grande número de pessoas, o Ministério Público será intimado para participar do processo, bem como a Defensoria Pública, caso haja réus em situação de hipossuficiência econômica. Enquanto o MP atuará como fiscal da ordem jurídica, a Defensoria Pública defenderá o interesse daqueles que não constituíram advogado para sua defesa.
 
(3) Publicidade da ação: O juiz determinará uma ampla publicidade da existência da ação e também dos prazos processuais por outros meios além do edital, tais como anúncios em jornal ou rádio locais e publicação de cartazes na região do conflito.
 
(3) Enunciado 63 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, a ampla divulgação prevista no § 3º do art. 554 contempla a inteligência do art. 301, com a possibilidade de determinação de registro de protesto para consignar a informação do litígio possessório na matricula imobiliária respectiva”.
 
 
Art. 555.  É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: [Dispositivo correspondente ao art. 921, caput do CPC/1973] (1)
I – condenação em perdas e danos; [Dispositivo correspondente ao art. 921, I do CPC/1973]
II – indenização dos frutos. [Não existe correspondente no CPC/1973]
Parágrafo único.  Pode o autorrequerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para: [Não existe correspondente no CPC/1973] (2)
I – evitar nova turbação ou esbulho; [Dispositivo correspondente ao art. 921, II do CPC/1973]
II – cumprir-se a tutela provisória ou final. [Não existe correspondente no CPC/1973]
 
(1) Cumulação: O autor poderá cumular com o pedido possessório a indenização por perdas e danos e/ou ainda, a indenização de frutos, na hipótese dos frutos gerados pelo bem serem apossados indevidamente pelo agressor. Neste sentido: “A ação de reintegração de posse, espécie de ação possessória, pode ser cumulada com pedido de reparação de perdas e danos”. (STJ, REsp 173544 / PB, j. 15.04.2003).
É plausível além da proteção da posse o autor da ação formular pedido de reparação de danos decorrentes do esbulho possessório, por exemplo reparação de muros, cercas, portas, desfazimento de plantações etc. Os lucros cessantes por exemplo perda de aluguel, enfim deixou o autor perceber os frutos do imóvel etc
 
(1) Contudo, em sentido contrário, referente o Código revogado: “Por um lado, o artigo 921 do Código de Processo Civil expressamente prevê que, em demandas possessórias, é lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de condenação em perdas e danos e de desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento de sua posse. Por outro lado, o  artigo 286, II, CPC, permite ao autor, quando não for possível determinar, de modo definitivo, as consequências do ato ou do fato ilícito, formular pedido genérico. No caso em julgamento, os pleitos formulados na inicial limitam-se a vindicar a manutenção da primitiva servidão de passagem e cessação da turbação de posse de área pertencente à autora, sem pleito genérico, e a autora, ora recorrente, afirma que a recorrida suprimiu área de seu terreno para construção de estrada, e também vem se valendo dessa mesma via, obtendo proveito logístico, é de todo inviável a apreciação desse pleito indenizatório incidental, pois o eventual acolhimento, a par de resultar em decisão extra petita por extravasar o pedido vestibular, também violaria a ampla defesa e o contraditório, por não ter supedâneo na causa de pedir”. (STJ, REsp 1060748 / MG, j. 09.04.2013).
 
(2) Tutela antecipada: Pode ainda o autor, requerer medida necessária para impedir nova turbação e esbulho e ainda, o cumprimento da tutela antecipada ou final. Eventualmente, dependendo da resistência ao cumprimento de decisão judicial e coibir novos  da violação da posse o juiz pode impor multa pecuniária diária para descumprimento.
 
 
Art. 556.  É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor. [Dispositivo correspondente ao art. 922 do CPC/1973] (1)
 
(1) Natureza dúplice da contestação: A contestação na ação possessória tem natureza dúplice, ou seja, pode o réu apresentar pedido de proteção possessória e indenização por perdas e danos sem que precise manejar a reconvenção. Neste sentido: “AÇÃO POSSESSÓRIA. NATUREZA DÚPLICE. INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS. POSSIBILIDADE DE FORMULAÇÃO, PELO RÉU, DE PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS, DESDE QUE CORRELATOS À QUESTÃO POSSESSÓRIA. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 921 E 922 DO CPC”. (STJ, EDcl no REsp 1368565 / MG, j. 01.10.2015). Em igual sentido: “O Código de Processo Civil já assegurou à parte que figurar como ré em ação possessória a apresentação de pedido contraposto, não havendo necessidade de aguardar o trânsito em julgado da decisão para buscar a proteção possessória ou pleitear indenização por perdas e danos”. (STJ, REsp 1297425 / MT, j. 24.02.2015).
 
(1) E ainda: “O pedido de perdas e danos reclamados pelo réu de ação possessória dispensa a reconvenção, conforme o disposto no art. 922 do CPC. Todavia, essa ampliação subjetiva só pode ocorrer – em tese, e ainda assim dependendo das peculiaridades de cada caso – ou quando o integrante novo trazido na contra ação formar um litisconsórcio com o autor da demanda inicial, ou quando os direitos ou as obrigações em causa derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito”. (STJ, REsp 147944 / SP, j. 18.12.1997).
 
Quanto o cabimento de reconvenção em ação possessória a jurisprudência é dividida, possuindo as seguintes posições:
A favor: TJ-DF – Apelação Cível APL 994832920038070001 DF 0099483-29.2003.807.0001 (TJ-DF) – Data de publicação: 25/06/2009 – Ementa: CIVIL – PROCESSO CIVIL – AÇÃO POSSESSÓRIA – RECONVENÇÃO – POSSIBILIDADE – CONTRATO DE GAVETA – INADIMPLÊNCIA DO CESSIONÁRIO – RESCISÃO CONTRATUAL – REINTEGRAÇÃO DE POSSE – RECURSO PROVIDO. 1. CABE RECONVENÇÃO EM AÇÃO POSSESSÓRIA, TENDO POR OBJETO PRETENSÃO DIVERSA DA PREVISTA NO ARTIGO 922 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL . 2. A PATENTE INADIMPLÊNCIA DO CESSIONÁRIO DÁ AZO À RESOLUÇÃO CONTRATUAL DE CESSÃO DE DIREITOS SOBRE O OBJETO DA AÇÃO, COM CONSEQÜENTE REINTEGRAÇÃO DOS RECONVINTES NA POSSE DO IMÓVEL, EM RAZÃO DO PEDIDO DE PROTEÇÃO POSSESSÓRIAREQUERIDO EM SEDE DE CONTESTAÇÃO.
Em contrário: TJ-RS – Agravo de Instrumento AG 184020501 RS (TJ-RS) – Ementa:POSSESSORIA.RECONVENCAO. NÃO CABE RECONVENÇÃO EM AÇÃO POSSESSORIA. TAL PEDIDO DOS REUS DEVE SER RECEBIDO COMO CONTESTACAO E O SILENCIO DOS AUTORES NAO IMPLICA REVELIA. POSSESSORIA. LIMINAR. A DECISAO QUE CONCEDE LIMINAR “INAUDITA ALTERA PARTE” PODE SER REEXAMINADA PELO JUIZ DA CAUSA. AGRAVO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 184020501, Terceira Câmara Cível, Tribunal de Alçada do RS, Relator: Ruy Rosado de Aguiar Júnior, Julgado em 30/05/1984).
 
 
Art. 557.  Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa. [Dispositivo correspondente ao art. 923 do CPC/1973] (1)
Parágrafo único.  Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de propriedade ou de outro direito sobre a coisa. [Não existe correspondente no CPC/1973]
 
(1) Proibição de promover ação envolvendo domínio: No curso da ação possessória ficam as partes proibidas de ajuizarem ação envolvendo o direito de propriedade sobre o bem, salvo se a pretensão for deduzida em face de terceiro. Neste sentido: “De acordo com a jurisprudência desta Corte, “Em Ação Possessória não  se  admite  oposição, mesmo que se trate de bem público, porque naquela  discute-se  a  posse  do  imóvel  e nesta, o domínio” (REsp 1134446/MT,  Rel.  Ministro  Herman  Benjamin,  Segunda  Turma,  DJe 19/4/2017)”. (STJ, AgInt no AREsp 428844 / RO, j. 08.08.2017). Em igual sentido:“Conforme  a  jurisprudência  do  STJ,  “é impossível admitir a intervenção  de terceiro para discutir o instituto da propriedade em ação  possessória.  Precedentes:  AgRg  no  REsp  1.455.320/SE, Rel. Ministro  Humberto  Martins, Segunda Turma, DJe 15.8.2014, e AgRg no REsp 1.242.937/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 1º.8.2012”  (STJ,  AgRg  no  AREsp  474.701/DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,  SEGUNDA  TURMA,  DJe  de  12/02/2016)”. (STJ, AgRg no AREsp 663135 / RO, j. 28.03.2017).
 
(1) E ainda: “Apelação Ação possessória Parcial procedência, com ordem de manutenção na posse de bem imóvel – Registro da propriedade do bem e oitivas colhidas em instrução demonstram que os requerentes mantêm posse pacífica do imóvel há longa data – Pretensão disposta pelo réu que resvala em eventual dúvida quanto às demarcações da propriedade – Matéria que transborda a pretensão possessória e, assim, não pode ser aqui acolhida – Impossibilidade de discussão do domínio (Súm. 487/STF) – – Configurada a turbação, pela aferida alteração de cercas por parte do réu”. (TJSP, AC 1018245-80.2016.8.26.0196, j. 27.11.2017).
 
(1) Súmula 487 do STF: “Será deferida a posse a quem, evidentemente, tiver o domínio, se com base neste for ela disputada”.
 
(1) Enunciado 65 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “O art. 557 do projeto não obsta a cumulação pelo autor de ação reivindicatória e de ação possessória,se os fundamentos forem distintos”.
 
(1) Contudo, em sentido contrário: “A jurisprudência do STJ pacificou-se no sentido de considerar públicos os bens pertencentes à Terracap. Ao ingressar com oposição, a Terracap apenas demonstra seu domínio sobre a área para comprovar a natureza pública dos bens. A discussão fundamentada no domínio é meramente incidental. A pretensão manifestada no processo tem, como fundamento, a posse da Empresa Pública sobre a área. A posse, pelo Estado, sobre bens públicos, notadamente quando se trata de bens dominicais, dá-se independentemente da demonstração do poder de fato sobre a coisa. Interpretação contrária seria incompatível com a necessidade de conferir proteção possessória à ampla parcela do território nacional de que é titular o Poder Público. Se a posse, pelo Poder Público, decorre de sua titularidade sobre os bens, a oposição manifestada pela Terracap no processo não tem, como fundamento, seu domínio sobre a área pública, mas a posse dele decorrente, de modo que é incabível opor, à espécie, o óbice do art. 923 do CPC”. (STJ, REsp 780401 / DF, j. 03.09.2009).
 
 
Art. 558.  Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial. [Dispositivo correspondente ao art. 924 do CPC/1973] (1)
Parágrafo único.  Passado o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório. [Dispositivo correspondente ao art. 924 do CPC/1973] (2)
 
(1) Posse nova: Quando a ação de manutenção ou reintegração de posse for ajuizada no prazo de ano e dia da turbação, serão aplicadas as regras dos artigos 560 a 566. Neste sentido: “O prazo de ano e dia para a caracterização da posse nova e a consequente viabilidade da liminar na ação possessória conta-se, em regra, desde a data do esbulho ou turbação até o ajuizamento da ação, nos termos do art. 924, CPC”. (STJ, REsp 313581 / RJ, j. 21.06.2001).
 
(2) Posse velha: Contudo, transcorrido o prazo para ajuizamento, a ação será regida pelo procedimento comum. Neste sentido: “É possível a antecipação de tutela em ação de reintegração de posse em que o esbulho data de mais de ano e dia (posse velha), desde que presentes os requisitos que autorizam a sua concessão, previstos no art. 273 do CPC, a serem aferidos pelas instâncias de origem”. (STJ, REsp 1194649 / RJ,j. 12.06.2012). Em igual sentido: “Em relação à posse de mais de ano e dia (posse velha), não se afasta de plano a possibilidade da tutela antecipada, tornando-a cabível a depender do caso concreto”. (STJ, REsp 201219 / ES, j. 25.06.2002).
 
 
Art. 559.  Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência, responder por perdas e danos, o juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução, real ou fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente. [Dispositivo correspondente ao art. 925 do CPC/1973] (1)
 
(1) Caução pelo autor: O autor deverá prestar caução, real ou fidejussória, caso seja provisoriamente reintegrado ou mantido na posse e careça de idoneidade financeira para responder às perdas e danos sofridos pelo réu. Neste sentido: “O Tribunal de origem, de modo expresso, consignou não haver risco iminente ou dano irreparável ao direito do recorrente (indenização por benfeitorias) ao manter a decisão que imitiu os recorridos/agravados na posse do imóvel, enfatizando que foi prestada caução idônea, conforme devidamente comprovado nos autos”. (STJ, AgRg no Ag 1379240 / PR, j. 13.12.2011).
 
(1) Enunciado 179 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “O prazo de cinco dias para prestar caução pode ser dilatado, nos termos do art. 139, inciso VI”.
 
(1) Enunciado 180 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “A prestação de caução prevista no art. 559 poderá ser determinada pelo juiz, caso o réu obtenha a proteção possessória, nos termos no art. 556”.
Art. 560.  O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho. [Dispositivo correspondente ao art. 926 do CPC/1973] (1)
 
(1) Manutenção e reintegração de posse: As ações de manutenção e reintegração de posse são modalidades de ação possessória, sendo que de acordo com a intensidade da ameaça será utilizada a manutenção da posse no caso de turbação, mas quando a agressão se tornar mais grave, chegando ao esbulho, o possuidor ingressará em juízo por meio da reintegração de posse. Neste sentido: “Possessória. Ação de manutenção. Em caso de turbação, o possuidor tem direito a ser mantido na posse. Decidida a causa à luz do contrato e das provas”. (STJ, REsp 120692 / SP, j. 23.03.1999). Em igual sentido: “Tem caráter pessoal a ação de manutenção de posse, para obviar atos de sua turbação, consistentes na retirada de madeiras pelo turbador, a dispensar a citação do seu cônjuge para a demanda”. (STJ, REsp 34756 / MG, j. 13.12.1993).
 
(1) Contudo, em sentido contrário: “Discute-se a possibilidade de propositura de interditos possessórios entre compossuidores, no particular, entre coerdeiros, e a ocorrência de turbação à posse do bem herdado. Adquirem os sucessores, em consequência, a composse pro indiviso do acervo hereditário, que confere a cada um deles a legitimidade para, em relação a terceiros, se valer dos interditos possessórios em defesa da herança como um todo, em favor de todos, ainda que titular de apenas uma fração ideal. De igual modo, entre eles, quando um ou alguns compossuidores excluem o outro ou os demais do exercício de sua posse sobre determinada área, admite-se o manejo dos interditos possessórios. Essa imissão ipso jure se dá na posse da universalidade e não de um ou outro bem individuado e, por isso, não confere aos coerdeiros o direito à imediata apreensão material dos bens em si que compõem o acervo, o que só ocorrerá com a partilha. No particular, o reconhecimento do direito sucessório da recorrente não lhe autoriza, automaticamente, agir como em desforço imediato contra os recorridos que, até então, exerciam a posse direta e legítima do imóvel”. (STJ, REsp 1244118 / SC, j. 22.10.2013).
 
(1) O esbulho pode ser total ou parcial, de modo a privar o possuidor do seu poder de fato sobre a coisa. Por sua vez, a turbação ocorre quando o possuidor é severamente incomodado no exercício da posse, porém tal agressão não o retira da posse física sobre o bem.
 
 
Art. 561.  Incumbe ao autor provar: [Dispositivo correspondente ao art. 927, caput do CPC/1973]
I – a sua posse; [Dispositivo correspondente ao art. 927, I do CPC/1973]
II- a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; [Dispositivo correspondente ao art. 927, II do CPC/1973]
III – a data da turbação ou do esbulho; [Dispositivo correspondente ao art. 927, III do CPC/1973]
IV – a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração. [Dispositivo correspondente ao art. 927, IV do CPC/1973]
 
(1) Requisitos específicos da petição inicial: Na petição inicial da ação de manutenção ou reintegração de posse, o autor terá que provar a atualidade da posse ao tempo da turbação ou do esbulho. Terá que demonstrar os atos praticados pelo réu, bem como a data em que ocorreu a agressão. E ainda, se continua ou não no exercício da posse sobre o bem. Neste sentido: “O Tribunal estadual, mediante o exame do acervo fático-probatório dos autos, entendeu terem sido comprovados os requisitos elencados no art. 927 do CPC – exercício da posse e turbação -, para concessão da liminar pleiteada pelos autores”. (STJ, AgRg no AREsp 693909 / MG, j. 06.08.2015).
 
Inciso I – Prova de posse: A posse pode ser provada por documentos, contratos de aquisição do bem, contas de luz, gás, imposto predial, etc. Mas não prescinde prova testemunhal em audiência de justificação de posseInciso II – Prova – a turbação ou o esbulho praticado pelo réu: Para procedência da ação de Manutenção ou Reintegração de Posse deve haver prova do esbulho possessório com  perda da posse. Pode ser provado com fotos, vídeos, etc, também por prova testemunhal.
 
Inciso III – A data da turbação ou do esbulho: É essencial delinear se posse e nova ou velha, pois os prazos começam a fluir a partir do conhecimento do esbulho para a propositura da ação e até mesmo a concessão de medida liminar  de reitegração de posse inaudita altera pars. A prova da data da turbação, também, é comprovada, através de prova testemunhal
 
Inciso IV- A continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração: Considerando que posse é matéria de fato, neste item também a prova está órbita de testemunhas.
 
 
Art. 562.  Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. [Dispositivo correspondente ao art. 928, caput do CPC/1973] (1)
Parágrafo único.  Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais. [Dispositivo correspondente ao art. 928, parágrafo único do CPC/1973] (2)
 
(1) Liminar: Caso o autor tenha juntado todos os documentos suficientes para comprovação das suas alegações e ação  for intentada dentro de ano e dia do ato ofensivo à posse (art. 558),  o juiz expedirá liminar de manutenção ou reintegração de posse. Neste sentido: “Requisitos ao deferimento da tutela possessória: Corte de origem que, com base nas provas coligidas aos autos, reputa comprovada a posse anterior, hábil a ensejar a tutela possessória”. (STJ, AgRg no Ag 1262107 / MG, j. 24.06.2014).
 
(1) Todavia, se os documentos juntados não despertarem convicção suficiente, o magistrado mandará citar o réu para comparecer em audiência de justificação, oportunizando ao autor que prove suas alegações. Neste sentido: “Se a petição inicial não traz provas suficientes para justificar a  expedição  de  mandado liminar de posse, deve o juiz determinar a realização  de audiência de justificação prévia, com a finalidade de permitir  ao  autor  a  oportunidade  de  comprovar  suas alegações. Precedentes”. (STJ, AgInt no AREsp 986891 / SC, j. 28.03.2017). Em igual sentido:  “Se a petição inicial não traz provas suficientes para justificar a expedição de mandado liminar de posse, deve o juiz cumprir o que dispõe a segunda parte do art. 928 do CPC e determinar a realização de audiência de justificação prévia com o fim de permitir ao autor a oportunidade de comprovar suas alegações”. (STJ, REsp 900534 / RS, j. 01.12.2009).
 
(1) E ainda no mesmo sentido: AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE – LIMINAR – ARTIGO 561 DO NCPC – REQUISITOS NÃO DEMONSTRADOS – DESIGNAÇÃO DE AUDIENCIA DE JUSTIFICAÇÃO – NECESSIDADE – ARTIGO 562 do NCPC. Nas ações possessórias, não tendo sido comprovados de plano os requisitos necessários à concessão da liminar possessória (art. 561 do NCPC), deve ser designada audiência de justificação, conforme disposto no artigo 562 do NCPC.(TJ-MG – AI: 10000160491924001 MG, Relator: Mariângela Meyer, Data de Julgamento: 27/11/0016, Câmaras Cíveis / 10ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 02/12/2016).
 
(2) Audiência do representante do Poder Público: Quando a agressão à posse partir de uma empresa de direito publico Público, o particular também poderá repelir o esbulho, mediante a ação de reintegração, com a peculiaridade da impossibilidade de obtenção de tutela liminar inaudita altera parte, exigindo-se a prévia audiência do representante da pessoa jurídica.
Recurso: É cabível Agravo de Instrumento em face do deferimento ou indeferimento de medida liminar na forma do artigo 1015, I do Código em Comento.
 
 
Art. 563.  Considerada suficiente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de manutenção ou de reintegração. [Dispositivo correspondente ao art. 929 do CPC/1973] (1)
 
(1) Liminar: Após a audiência de justificação, se o juiz estiver convencido das alegações, mandará expedir mandado liminar de manutenção ou reintegração de posse.
Força policial: É legítimo o entrego força policial para cumprimento de liminar, havendo restitência do réu no cumprimento da ordem judicial, neste sentido: Data de publicação: 01/10/2008 – Ementa: PROCESSO CIVIL. PEDIDO DE AUXÍLIO DE FORÇA POLICIAL. RENOVAÇÃO EM JUÍZO DE PLANTÃO. INDEFERIMENTO. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. I. O auxílio da força policial para cumprimento de decisão reintegratória é medida legal e perfeitamente viável, e indicada nos caso em que as circunstâncias fáticas assim apontem pela sua necessidade. Numa análise adstrita aos ditames do inciso III , do art. 17 , do CPC , portanto, não se vislumbra objetivo ilegal na pretensão em si formulada de auxílio da força policial para cumprimento de medida reintegratória já deferida liminarmente pelo juízo natural. II. A busca de um provimento judicial em sede de juízo de plantão, ainda que ilegitimamente afigure-se a pretensão, não induz a conduta típica da litigância de má-fé, a justificar a penalidade contida no art. 18 , caput, do CPC . III. Outrossim, não se reconhece nas circunstâncias apontadas na i. sentença – a desistência do pedido, a formulação de pedido análogo por empresa que eventualmente possua ligação com a ora Apelante, ou se localizados no mesmo endereço os escritórios dos patronos das causas – a temeridade expressa no inciso V , do art. 17 , do CPC , o qual, ademais, destaque-se, reprova a conduta temerária no âmbito do processo – em incidente ou ato processual –, sendo certo que o presente caso cuida da prática do próprio ato processual consubstanciado na requisição de força policial. As circunstâncias citadas, ainda que estejam interligadas, não possuem o condão de infligir litigância de má-fé, nos moldes do inciso V , do art. 17 , do CPC . IV. Ao presente caso, portanto, impor-se-ia, tão-somente, uma vez inferido o descabimento da medida pleiteada, seu indeferimento, e o devido encaminhamento do feito ao Juízo competente.
 
 
Art. 564.  Concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de reintegração, o autor promoverá, nos 5 (cinco) dias subsequentes, a citação do réu para, querendo, contestar a ação no prazo de 15 (quinze) dias. [Dispositivo correspondente ao art. 930, caput do CPC/1973] (1)
Parágrafo único.  Quando for ordenada a justificação prévia, o prazo para contestar será contado da intimação da decisão que deferir ou não a medida liminar. [Dispositivo correspondente ao art. 930, parágrafo único do CPC/1973] (2)
 
(1) Prazo para contestar: Quando não tiver realizado audiência de justificação, o prazo de quinze dias começará a correr da data da citação, sempre que o juiz deferir ou indeferir a liminar. Neste sentido: “Na  hipótese,  o  Tribunal de origem consignou constar dos autos mandado  de citação e intimação expedido pela serventia, tendo o réu ficado  advertido  de  que  o prazo para contestação teria início da data  da intimação da decisão que deferisse ou não a medida liminar”. (STJ, AgInt no REsp 1258864 / RJ, j. 06.06.2017).
 
(2) Prazo para contestar após a audiência: Caso a audiência tenha se realizado, o prazo para contestar terá o termo a quo da intimação da decisão que concedeu ou não a liminar, que pode ser ao final da audiência. Neste sentido:  “Realizada a audiência de justificação, concedida ou não a liminar, o autor promoverá a citação do réu para contestar, sendo que o prazo só terá início a partir da juntada aos autos do mandado de intimação da decisão que deferir ou não a liminar, nos termos do artigo 930, parágrafo único do CPC. Precedentes desta Corte”. (STJ, REsp 890598 / RJ, j. 23.11.2010).
Mas nada obsta que o réu apresente a contestação quando citado antes da audiênciade justificação de posse, neste sentido: TJ-SC – Agravo de Instrumento AI 4175 SC 2005.000417-5 (TJ-SC) – Data de publicação: 18/01/2008 – Ementa: PROCESSUAL CIVIL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. CONTESTAÇÃO APRESENTADA ANTES DA AUDIÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO. MERA IRREGULARIDADE QUE NÃO AUTORIZA O DESENTRANHAMENTO. RECURSO PROVIDO. Nas ações possessórias em que for ordenada a justificação prévia, o prazo para contestar fluirá a partir da data da intimação da decisão concessiva ou denegatória da liminar (art. 930 , p. único, CPC ). Contudo, nada obsta, ainda que não seja usual, que o réu, já tendo sido citado, antecipe sua resposta, sendo isso até compreensível para trazer ao conhecimento do magistrado elementos que poderão orientá-lo na audiência de justificação ou na decisão sobre a medida liminar ou quando, como no caso, a ré-agravada suscitou a incompetência do Juízo.
 
(2) E ainda: “REINTEGRAÇÃO DE POSSE. JUSTIFICAÇÃO PREVIA. PRAZO DA CONTESTAÇÃO. INTIMAÇÃO. ART. 930, PARAGRAFO UNICO, DO  CPC. Quando o réu possuir advogado constituído nos autos, o prazo   da contestação flui a partir da intimação, feita ao procurador,   da decisão que deferir ou não a medida liminar”. (STJ, REsp 39647 / MG, j. 12.04.1994). No mesmo sentido: STJ, REsp 47107 / MT, j. 19.06.1997.
 
 
Art. 565.  No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, que observará o disposto nos §§ 2º e 4º. [Não existe correspondente no CPC/1973] (1)
§1º Concedida a liminar, se essa não for executada no prazo de 1 (um) ano, a contar da data de distribuição, caberá ao juiz designar audiência de mediação, nos termos dos §§ 2º a 4º deste artigo. (2)
§2º O Ministério Público será intimado para comparecer à audiência, e a Defensoria Pública será intimada sempre que houver parte beneficiária de gratuidade da justiça.
§3º O juiz poderá comparecer à área objeto do litígio quando sua presença se fizer necessária à efetivação da tutela jurisdicional. (3)
§4º Os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da União, de Estado ou do Distrito Federal e de Município onde se situe a área objeto do litígio poderão ser intimados para a audiência, a fim de se manifestarem sobre seu interesse no processo e sobre a existência de possibilidade de solução para o conflito possessório.
§5º Aplica-se o disposto neste artigo ao litígio sobre propriedade de imóvel.
 
(1) Mediação nas possessórias de força velha: O dispositivo prevê a hipótese de designação de mediação para as ações de força velha que envolva conflito coletivo. A mediação é utilizada como forma de heterocomposição jurisdicional, onde há um maior diálogo entre as partes.
 
(1) Registre-se que, o órgão do Ministério Público deverá atuar necessariamente quando se tratar de litigio coletivo pela posse de terra rural ou urbana (art. 178, III). Neste sentido: “Não é nula, contudo, a decisão que defere a medida liminar de reintegração de posse sem que o Ministério Público tenha sido ouvido previamente sobre o pedido. Em tais situações, cabe ao juiz determinar a intimação do MP logo após apreciar o pedido liminar, como ocorreu no caso concreto”. (STJ, REsp 792130 / AC, j. 14.02.2008).
No mesmo sentido decisão do Superior Tribunal de Justiça: STJ – RECURSO ESPECIAL REsp 792130 AC 2005/0178056-4 (STJ) – Data de publicação: 05/03/2008 – Ementa: RECURSO ESPECIAL. LITÍGIO COLETIVO PELA POSSE DE TERRA RURAL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. PEDIDO DE CONCESSÃO LIMINAR DA MEDIDA. DEFERIMENTO. INTERVENÇÃO OBRIGATÓRIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. 1. Nos litígios coletivos pela posse da terra rural é obrigatória a intervenção do Ministério Público (Art. 82 , III , do CPC ). 2. Não é nula, contudo, a decisão que defere a medida liminar de reintegração de posse sem que o MinistérioPúblico tenha sido ouvido previamente sobre o pedido. 3. Em tais situações, cabe ao juiz determinar a intimação do MP logo após apreciar o pedido liminar, como ocorreu no caso concreto.
 
(1) O órgão responsável pela política urbana ou agrária deverá ser intimado para comparecer à audiência de mediação, a fim de contribuir para solução do conflito.
 
(1) Enunciado 66 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “A medida liminar referida no art. 565 é hipótese de tutela antecipada”.
 
(1) Enunciado 67 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “A audiência de mediação referida no art. 565 (e seus parágrafos) deve ser compreendida como a sessão de mediação ou de conciliação, conforme as peculiaridades do caso concreto”.
 
(1) Enunciado 328 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “Os arts. 554 e 565 do CPC aplicam-se à ação de usucapião coletiva (art. 10 da Lei 10.258/2001) e ao processo em que exercido o direito a que se referem os §§ 4º e 5º do art . 1.228, Código Civil, especialmente quanto à necessidade de ampla publicidade da ação e da participação do Ministério Público, da Defensoria Pública e dos órgãos estatais responsáveis pela reforma agrária e política urbana”.
 
(2) Mediação para execução da liminar: A audiência de mediação também será designada quando concedida liminar, caso esta não tenha sido executada no prazo de um ano contado da distribuição da ação.
 
(3) Inspeção judicial: O preceito cuida da inspeção judicial na área litigiosa em lides coletivas.
 
 
Art. 566.  Aplica-se, quanto ao mais, o procedimento comum. [Dispositivo correspondente ao art. 931 do CPC/1973] (1)
 
(1) Aplicação subsidiária do procedimento comum: O dispositivo confere a aplicação, no que couber, do procedimento comum às lides possessórias. Neste sentido: Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO – ARRENDAMENTO MERCANTIL – POSSE VELHA – AÇÃO ORDINÁRA – ANTECIPAÇÃO DA TUTELA INDEFERIDA – PROCEDIMENTO INCÁBIL – DECISÃO MANTIDA – Em se tratando de posse velha, mais de ano e dia, a ação é ordinária e sem antecipação da tutela. – As ações de procedimentos especiais como as ordinárias têm regras próprias. – Conceder a tutela nas ações possessórias de mais de ano e dia é da volta na lei, o que não pode ser aceito. E a liminar da reintegração é de maior espectro. AGRAVO DE INSTRUMENTO 1.0362.13.001309-1/001 – COMARCA DE JOÃO MONLEVADE – AGRAVANTE: BB LEASING S/A ARRENDAMENTO MERCANTIL – AGRAVADO: EBV INFORMATICA E TELECOMUNICAÇÕES LTDA.
Art. 567.  O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito. [Dispositivo correspondente ao art. 932 do CPC/1973] (1)
(1) Interdito proibitório: O interdito proibitório faz parte das modalidades de ações possessórias. Nesta, a agressão ao bem deriva de uma ameaça, cabendo ao possuidor direto ou indireto promover a defesa preventiva da posse diante de iminentes atos de turbação ou esbulho, de modo a impedir a consumação do ato agressivo.
Art. 569.  Cabe: [Dispositivo correspondente ao art. 946, caput do CPC/1973] (1)
I – ao proprietário a ação de demarcação, para obrigar o seu confinante a estremar os respectivos prédios, fixando-se novos limites entre eles ou aviventando-se os já apagados; [Dispositivo correspondente ao art. 946, I do CPC/1973]
II – ao condômino a ação de divisão, para obrigar os demais consortes a estremar os quinhões. [Dispositivo correspondente ao art. 946, II do CPC/1973]
 
(1) Divisão e demarcação de terras: A ação de divisão e demarcação de terras particulares deve ser promovida por quem seja proprietário do bem, urbano ou rural, quando um ato deste repercute no prédio vizinho, causando prejuízo ao próprio imóvel ou incômodo ao morador.
 
(1) Deste modo, o proprietário de um imóvel poderá ingressar judicialmente em face do seu confinante, requerendo a fixação de limites entre os prédios, a fim de que possa ser individuado o objetodo direito. Neste sentido: “A ação demarcatória é cabível, mesmo quando definidos os limites divisórios, ainda restando dúvidas sobre sua correção e, principalmente, discordância entre o título de domínio e a realidade. Por isso que, havendo divergência entre a verdadeira linha de confrontação dos imóveis e os correspondentes limites fixados no título dominial, cabível a ação demarcatória para eventual estabelecimento de novos limites (art. 946, I, do CPC c/c art. 1.297 do CC). Precedentes”. (STJ, REsp 759018 / MT, j. 05.05.2009).
Art. 570.  É lícita a cumulação dessas ações, caso em que deverá processar-se primeiramente a demarcação total ou parcial da coisa comum, citando-se os confinantes e os condôminos. [Dispositivo correspondente ao art. 947 do CPC/1973] (1)
 
(1) Cumulação em um único processo: É importante salientar que essas ações são distintas, ainda que apresentem procedimento semelhante. A demarcação objetiva compelir os confinantes a estremar limites entre prédios distintos. A divisão, por sua vez, tem como pressuposto um único prédio e a finalidade de obrigar os condôminos a individuar os quinhões que formam a coisa comum. As duas pretensões podem ser promovidas num mesmo processo, delimitando-se e repartindo-se a propriedade entre os condôminos. Neste sentido: “CUMULAÇÃO DE PEDIDO DEMARCATÓRIO COM DIVISÃO. Possibilidade. Inteligência do art. 947, do CPC. NATUREZA BIFÁSICA DA AÇÃO CUMULADA. Necessidade de prévia demarcação à divisão. Caso concreto que autoriza o imediato ingresso na segunda fase. DEMARCAÇÃO. Prova técnica evidenciando a ausência de controvérsia acerca dos limites entre as propriedades. Marcos divisórios inalterados. DIVISÃO DO IMÓVEL, POSSIBILIDADE”. (TJRS, AC 70022034334, j. 05.12.2007). No mesmo sentido também: “Nos termos do art. 570, do novo Código de Processo Civil, é possível a cumulação das ações de demarcação e divisão, processando-se primeiro a demarcação da área, razão pela qual cabe ao proprietário a sua propositura, consoante o disposto pelo art. 569, do aludido diploma processual pátrio. No caso, porém, caracterizada a ilegitimidade ativa, visto que a autora não logrou comprovar o necessário domínio. (TJRS, AC 70070424031, j.  14.12.2016).
 
 
Art. 571.  A demarcação e a divisão poderão ser realizadas por escritura pública, desde que maiores, capazes e concordes todos os interessados, observando-se, no que couber, os dispositivos deste Capítulo. [Não existe correspondente no CPC/1973] (1)
 
(1) Escritura pública: O dispositivo apresenta uma novidade ao prever a utilização de escritura pública para os atos de demarcação e divisão, desde que todos os interessados estejam de acordo e sejam maiores e capazes.
Muito eficaz foi o legislador em promover essa mudança, harmonizando esse procedimento ao que já havia feito com inventário, separação e divórcio, é uma tendência de remeter atos merameramente homologatória para notários.
 
 
Art. 572.  Fixados os marcos da linha de demarcação, os confinantes considerar-se-ão terceiros quanto ao processo divisório, ficando-lhes, porém, ressalvado o direito de vindicar os terrenos de que se julguem despojados por invasão das linhas limítrofes constitutivas do perímetro ou de reclamar indenização correspondente ao seu valor. [Dispositivo correspondente ao art. 948 do CPC/1973] (1)
§1º No caso do caput, serão citados para a ação todos os condôminos, se a sentença homologatória da divisão ainda não houver transitado em julgado, e todos os quinhoeiros dos terrenos vindicados, se a ação for proposta posteriormente. [Dispositivo correspondente ao art. 949, caput do CPC/1973] (2)
§2º Neste último caso, a sentença que julga procedente a ação, condenando a restituir os terrenos ou a pagar a indenização, valerá como título executivo em favor dos quinhoeiros para haverem dos outros condôminos que forem parte na divisão ou de seus sucessores a título universal, na proporção que lhes tocar, a composição pecuniária do desfalque sofrido. [Dispositivo correspondente ao art. 949, parágrafo único do CPC/1973] (3)
 
(1) Indenização em decorrência da demarcação: Uma vez fixada a demarcação de determinado bem cujos limites não estavam definidos, qualquer um dos condôminos que se achar prejudicado quanto à divisão realizada, poderá reclamar a parte que lhe foi diminuída ou requerer indenização correspondente ao valor. Neste sentido: “DIVISÃO DE DEMARCAÇÃO DE TERRAS: Concordando as partes com a necessidade de divisão da área rural em condomínio, deve-se proceder a demarcação da área sobre a qual incide o direito de proprietário. No caso dos autos, a divisão do imóvel deve respeitar a origem do título adquirida pelo réu, cuja individualização é pretendida pelos autores, através do mapa de fls. 326, confeccionado pelo perito judicial. Inviável conceber a tese o réu de que a área por ele ocupada ocorre há mais 15 (quinze) anos, porquanto a exceção de usucapião foi desacolhida e disso não interpôs recurso. INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS: Razão assiste aos autores quanto a indenização por perdas de danos, importância que deve ser apurada em liquidação de sentença e desde a citação nesta loide, pois reconhecida a necessidade de demarcação da área em litígio, restando incontroversa a ocupação indevida do réu nas áreas dos demais condôminos. Acolhido o pedido de que a parte ré não poderá exercer direito de retenção”. (TJRS, 70073318818, j. 07.12.2017).
 
(2) Citação dos interessados: Fixada a demarcação, todos os condôminos serão citados até o trânsito em julgado da sentença homologatória da divisão. Entretanto, se a ação já estiver revestida da coisa julgada, todos os quinhoeiros dos terrenos vindicados serão citados.
 
(3) Terceiro prejudicado: Se sentença da ação divisória já tiver transitado em julgado, esta valerá como título executivo em favor do terceiro prejudicado que poderá se insurgir contra os condôminos ou seus sucessores, para ser ressarcido do prejuízo que sofreu.
 
(3) Todavia: “Encerrada, por sentença irrecorrida, a primeira fase da divisória (contenciosa), não mais se mostra admissível, já na segunda (executiva), reabrir-se a discussão de matéria relativa a existência e extensão de domínio sobre o imóvel comum. Havendo superposição aparente de domínio, aos terceiros, que se julgarem legítimos detentores de  propriedade de parte do terreno dividendo, cabe defende-la na via própria, mormente quando determinada, por decisão irrecorrida, a exclusão e desentranhamento de seus títulos dos autos da ação de divisão”. (STJ, REsp 13420 / GO, j. 27.10.1992).
 
 
Art. 573.  Tratando-se de imóvel georreferenciado, com averbação no registro de imóveis, pode o juiz dispensar a realização de prova pericial. [Não existe correspondente no CPC/1973] (1)
 
Georreferenciamento: É localizar o imóvel é situar o imóvel rural no globo terreste através de coordenadas conhecidas com sistema de referencia é possível fazer um memorial descritivo do mesmo.
O georreferenciamento é obrigatório para cadastro de imóveis rurais na forma da  Lei 10267/01 de 28 de agosto de 2001, regulamentada pelo Decreto 5.5570  de 31 de outubro 2005.
 
(1) Levantamento topográfico: Caso o imóvel tenha passado por levantamento topográfico, de forma que esteja definida sua forma, dimensão e localização, constantes do registro competente, o juiz poderá dispensar a realização de prova pericial parta levantamento desses dados.
Art. 574.  Na petição inicial, instruída com os títulos da propriedade, designar-se-á o imóvel pela situação e pela denominação, descrever-se-ão os limites por constituir, aviventar ou renovar e nomear-se-ão todos os confinantes da linha demarcanda. [Dispositivo correspondente ao art. 950 do CPC/1973] (1)
 
(1) Requisitos específicos da inicial: O autor deverá juntar à petição inicial da ação de demarcação o título de domínio ou condomínio, informando a situação e a denominação do imóvel, bem como os seus limites. Neste sentido: “PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO REIVINDICATORIA. REQUISITOS. Falta de individuação da área reivindicanda,

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