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30/10/2014 1 Protocolo para avaliação do paciente traqueostomizado LICA ARAKAWA SUGUENO II Encontro de Disfagia: A utilização de protocolos na prática fonoaudiológica Seleção do instrumento depende do objetivo � A seleção do instrumento deve levar em consideração o perfil do indivíduo assistido. � Alguns centros especializados apresentam perfil de risco determinado para disfagia e já devem realizar o protocolo de avaliação clínica. � Não há consenso sobre o protocolo ideal para rastreio ou avaliação em internados críticos. Scheep SK et al. 2012; Kertscher B et al. 2013. Você quer saber se o paciente tem risco para disfagia, se apresenta disfagia ou se apresenta penetração/aspiração?? Risco de aspiração � Revisão sistemática sobre os fatores fisiológicos relacionados com o risco de aspiração � Parâmetros relevantes para o risco de aspiração � Medidas de força de língua � Movimento do osso hióideo � Tempo do trânsito do bolo na faringe enquanto a laringe permanece aberta � Taxa respiratória � Fase respiratória durante a deglutição Stelle C, Cichero JAY. Physiological factors related to aspiration risk: a systematic review. Dysphagia, Feb 2014, Vol. 29. A culpa é da traqueostomia... � Aspiração em pacientes com traqueostomia � 61 pacientes traqueostomizados por diferentes motivos � Aplicação de 4 gotas de corante azul na língua do paciente traqueostomizado – Evan’s Blue Dye (4/4h) � 69% tiveram resultado positivo num período até 30 horas � Três fatores foram relacionados ao grupo que apresentou aspiração � Presença de sonda nasogástrica � Status de consciência alterado � Presença de traqueostomia com balonete � Aspiração após a traqueostomia é uma causa freqüente de febre, atelectasia, broncopneumonia e, às vezes, a morte. Cameron JL; Reynolds J; Zuidema GD. Plastic & Reconstructive Surgery.1973;52(2):206 Traqueostomia e Disfagia � Redução do movimento ântero-superior da laringe (Logemann 1993, Dikeman e Kazandjian 1995). � Irritação traqueal em repouso e durante a deglutição. � Fechamento da laringe reduzida � A compressão do esôfago pelo balonete do tubo de traqueostomia (Becker, Weitez, Dettenmeier 1994) � O rompimento da pressão das vias aéreas de deglutição (Gross et al, 1992) � A redução do fluxo de ar através da glote � Eliminação de fluxo inspiratório quando manguito é inflado � Embotamento do reflexo de tosse (Tippetts e Siebens, 1991) Traqueostomia e Disfagia � Não coordenação da resposta fechamento glótico � Reduzida sensibilidade da laringe (Cameron et al 1973, Bone et al 1974, Bonnano 1971, Sasaki et al 1977) � Fonoaudiólogos estão envolvidos na avaliação e tratamento de pacientes com traqueostomia que apresentam dificuldades de deglutição. Estes pacientes necessitam de uma triagem antes do início da alimentação via oral, isto é reduzir o risco de aspiração, que pode levar a pneumonia de aspiração (Myers, 1995). � Recomenda-se uma abordagem multidisciplinar para garantir atendimento adequado e eficaz para o paciente individual. 30/10/2014 2 Mecanismo da tosse – o papel da laringe • A tosse é um dos dois mecanismos de depuração para proteção das vias aéreas com relação à entrada de partículas procedentes do meio externo. • O outro é o clearance mucociliar • Os principais benefícios da tosse são • eliminação das secreções das vias aéreas pelo aumento da pressão positiva pleural, o que determina compressão das vias aéreas de pequeno calibre, e através da produção de alta velocidade do fluxo nas vias aéreas • proteção contra aspiração de alimentos, secreções e corpos estranhos • é o mais efetivo mecanismo quando existe lesão ou disfunção ciliar, como acontece na mucoviscidose, asma e discinesia ciliar • proteção contra arritmias potencialmente fatais (ao originar aumento de pressão intratorácica) Fono Mecanismo da tosse - laringe • O ato de tossir está sob controle voluntário e involuntário • fases inspiratória, compressiva e expiratória, seguindo-se a fase de relaxamento • Quanto maior a fase inspiratória, maior será a eficácia da tosse • Uma inspiração profunda permite um maior volume torácico e dilatação dos brônquios, o que torna mais eficiente a segunda fase • Na fase compressiva existe fechamento da glote por cerca de 0,2 segundos, e ativação do diafragma e dos músculos da parede torácica e abdominal que, aumentando a pressão intratorácica até 300 mmHg, comprimem as vias aéreas e os pulmões • Na fase expiratória há uma abertura súbita da glote com saída do ar em alta velocidade, podendo atingir fluxos de até 12 L/s, ocasionando o som característico da tosse Fono Mecanismo da tosse - laringe • O fluxo expiratório na última fase da tosse é gerado mesmo mediante pequenas variações de pressão positiva intratorácica. • Assim, a realização da tosse efetiva pode se dar mesmo em situações nas quais sejam obtidas pressões bem abaixo das que podem ser produzidas pela musculatura expiratória. • Na fase de relaxamento, a musculatura relaxa e há retorno das pressões aos níveis basais. Dependendo do estímulo, essas fases podem resultar em tosse de intensidade leve, moderada ou grave. Fono Padrão? expiração-apnéia-deglutição-expiração expiração-apnéia–deglutição-inspiração inspiração-apnéia–deglutição-expiração inspiração-apnéia–deglutição-inspiração Martin-Harris et al, 2003 Mecanismo da tosse - laringe • Mecanismos de diminuição da efetividade da tosse • a presença de anormalidades ou alterações no arco reflexo, que podem tornar os receptores ineficazes ou pouco efetivos, principalmente após estimulação repetitiva • pode ser observado em crianças ou idosos que aspiraram corpos estranhos e apresentam muita tosse nos primeiros dias e depois diminuição ou cessação do ato de tossir • crianças com retardo de desenvolvimento neuropsicomotor grave e que apresentam aspiração de líquidos podem apresentar pouca tosse depois de um tempo prolongado de aspiração • uso de medicamentos sedativos e narcóticos • dano decorrente de aumento de pressão sobre o centro da tosse (tumores de SNC e hipertensão intracraniana) Fono Mecanismo da tosse - laringe • Mecanismos de diminuição da efetividade da tosse • Doenças neuromusculares, pela menor capacidade de mobilizar o ar na fase inspiratória, e comprometimento da musculatura respiratória expiratória • Cirurgia abdominal e torácica • Anomalias da laringe com ineficácia de abertura da glote (paralisia de pregas vocais) • Ineficácia de abertura da glote por procedimentos médicos (traqueostomia, tubo nasotraqueal) Fono 30/10/2014 3 Mecanismo da tosse - laringe • Mecanismos de diminuição da efetividade da tosse • Redução na velocidade do fluxo aéreo produzido na fase expiratória. A remoção do muco depende também da obtenção de elevada velocidade do gás, que pode atingir aproximadamente 2.500 cm/s, o que favorece a suspensão de partículas do muco no lúmen da via aérea. Fono Intubação Orotraqueal - IOT Tolep et al., 1996; Kunigk e Chehter, 2007; Padovani et al., 2008; Camargo, 2010 � Há impacto da IOT eletiva prolongada ou por complicação na deglutição � Alteração na relação inspiração-expiração no processo da deglutição � Laringoscopia alterada � Alteração na fase oral e faríngea da deglutição � Risco aumentado para penetração e aspiração � A disfagia após IOT não pode ser associada apenas à IOT. Quase sempre associado a outros fatores. � Considerar também a presbilaringe o 7 pacientes adultos traqueostomizados (46-82 anos) o Sem história de CCP, cognição normal, deglutição normal e habilidade para tolerar decanulação o Videofluoroscopia digital (30 frames) o Análise do máximo de movimento do ossohióide o Análise da aproximação laringe x hióide o Critérios de randomização: o TQ insuflado (5cc) o TQ desinsuflado oclúido o Estoma presente, porém, decanulado o Não houve diferença estatística significante nos dados analisados sob randomização. o Não houve ocorrência de aspiração em 100%. Traqueostomia e Disfagia Terk AR; Leder SB; Burrell MI Dysphagia;22(2):89-93, 2007 Apr. o 22 pacientes adultos com câncer de CP tratados cirurgicamente o Análise prospectiva com FEES pela narina e posteriormente análise da TQ até a carina o Condições o TQ presente o TQ removida e estoma coberto com gaze o TQ removida e estoma parcialmente descoberto o Análise dos resultados por 3 juízes o 100% concordância o 59% deglutição funcional o 41% aspiração o Cânula ou decanulação não afetaram o status da aspiração no pós- operatório recente de CP Traqueostomia x Disfagia Leder SB; Joe JK; Ross DA; Coelho DH; Mendes J Head Neck;27(9):757-61, 2005 Sep. Disfagia e traqueostomia � Há impacto da traqueostomia na deglutição no período imediato (dia do procedimento) e recente por efeitos inflamatórios do procedimento � Traqueostomia realizada após insucesso na IOT deve considerar sequelas de tentativas de IOT � Há controvérsias sobre impacto do uso prolongado da traqueostomia na deglutição � Não há evidência de disfagia em pacientes traqueostomizados somente pelo uso da traqueostomia Terk AR et al. Dysphagia;22(2):89-93, 2007 Brookes JT et al. J Otolaryngol;35(2):77-82, 2006 Disfagia e traqueostomia � Não há suporte na literatura embasada em estudos de evidência científica que a cânula traqueal aumenta o risco para aspiração. � Não há evidência de que a decanulação melhora a função da deglutição. � O que determina a necessidade da TQ (problemas respiratórios, trauma, etc) devem ser considerados os fatores determinantes para disfagia ou aspiração. Leder SB; Joe JK; Ross DA; Coelho DH; Mendes J Head Neck;27(9):757-61, 2005 Sep. 30/10/2014 4 Excursão laríngea e movimento do osso hióide e laringe x gravidade da disfagia Steele et al., Clin Otolaryngol. 2011 Feb;36(1):30-6 o 28 indivíduos foram avaliados por meio da VF o Avaliação de medidas de excursão laríngea e movimento do osso hióide o Há variações para as medidas conforme altura do paciente o Há relação entre aumento de risco para penetração- aspiração com movimento anterior de osso hióide o Reduções no movimento anterior da laringe e de excursão vertical abaixo dos limites de primeiro quartil estão associadas com risco de penetração-aspiração. Proposta de intervenção Pacientes internados � Traqueostomia –eletiva ou emergência � Doença de base � Estado o Controle motor de OFA o Deglutição espontânea o Respiração o Via de alimentação o Comunicação o Complicações o Estado de alerta o Nível de consciência o Sinais vitais o Postura/posicionamento o Audição, compreensão � SPO2 – Saturação de oxigênio �Normalidade >95% � Investigar saturação de base � Investigar velocidade de retorno após queda acima de 4% Sinais vitais � Freqüência Respiratória - FR � adulto 12 a 20rpm � criança 30 a 40rpm � Pressão arterial Sinais vitais Sistolica (mmHg) <130 130-139 140-159 160-179 >179 >140 Diastolica (mmHg) <85 85-89 90-99 100-109 >109 <90 Nível Normal Normal limítrofe Hipertensão leve Hipertensão moderada Hipertensão grave Hipertensão sistolica ou máxima � Freqüência cardíaca � adulto 60 a 100bpm � RN 100 a 160bpm � crianças de 1 a 10 - 70 a 120bpm Considerações – “síndromes” geriátricas o Delirium hipoativo o Doenças neuropsiquiátricas o Acidente vascular encefálico o Demências o Depressão o Parkinson PKS o Deficits motores – dependência? o Incapacidade financeira o Disfunções sociais Cicerchia M et al. Surg Oncol 2009 I Consenso Brasileiro de Nutrição e Disfagia em idosos hospitalizados da SBGG 30/10/2014 5 MINI MENTAL Dr. Salomon Rojas J. Pediatr.79(4),2003 Escala de Richmond - Agitação e Sedação - RASS Dr. Salomon Rojas � Via � Nutrição/absorção � Hidratação � Sintomas e sinais relacionados Alimentação Identificar nível de assistência � Presença de Cânula/cuff � Necessidade de ventilação mecânica � Característica da secreção � Competência para expectoração Respiração 30/10/2014 6 Tipos de cânulas Tipos de cânulas Complicações da traqueostomia � Imediata � Hemorragia � Má colocação � Pneumotórax � Enfisema � Perfuração esofágica Complicações da traqueostomia � Tardio pós traqueostomia � Obstrução por secreção � Infecção do estoma traqueal � Infecção brônquica � Ulcera traqueal � Necrose traqueal � Migração do tubo para espaço pre traqueal � Risco de oclusão da traqueostomia em obesos ou dificuldade na extensão cervical � Fístula traqueoesofágica � Decanulação acidental � Hemorragia � Tardio após decanulação � Granuloma � Orifício persistente do estoma traqueal � Dilatação traqueal � Estenose traqueal (balonete) � Feridas � Traqueomalácia Critérios de intervenção � Prescrição de avaliação fonoaudiológica � Paciente capaz de manter no mínimo 15 minutos de estado de alerta (SIGN Guideline, 2004) � Consegue manter uma postura adequada, mais vertical possível � Ausência de dor ou dor suportável � Possibilidade de oxigenação menor ou igual a 40% � Estabilidade de sinais vitais nas últimas 24h � Sinais vitais dentro dos limites de normalidade � FC, FR, saturação de O2 (95ª100%) ou saturação basal mínima 88% - contra indicação relativa � Nível de consciência – Escala de Glasgow acima de 8 – critério relativo � Seguimento de equipes médica e de Fisioterapia (especialmente em ventilação mecânica) Materiais disponíveis para a avaliação segura � Descartáveis (gaze, espátula, copo, luvas, soro, seringa de 20ml) � Lanterna � Estetoscópio � Aspirador em funcionamento e sondas � Oxímetro de pulso � Cuffômetro � Corante azul � Alimentos � Espessante 30/10/2014 7 Proposta de intervenção � Precauções: � Avaliação com alimento ou corante alimentício com restrições para hematopatas, ou pacientes com doença renal (Recomendações da ASHA, 2003) � Laringectomizados totais até 10 dias de pós-operatório (ausência do risco para aspiração, porém, ao mesmo tempo, a deglutição de alimentos precoce pode aumentar risco para fístulas de Pcomplicação) � Há restrição de teste de corantes e alimentos nas reconstruções microcirúrgicas até 15 dias de pós-operatório devido ao risco de perda de retalho por contaminação. Testes com saliva e água pura são frequentemente liberados. � Cardiopatas tem restrição a uso de manobras de proteção de via aérea com apneia prolongada � Seleção de alimentos a diabéticos, nefropatas, etc. Proposta de intervenção � Precauções: � os pacientes são avaliados mesmo no período imediato, ou seja, no dia da traqueostomia, porém, na conclusão deve ficar clara a correspondência funcional pela avaliação precoce. Ideal esperar 24h, mas não é a realidade de encaminhamentos e de liberação de VO. � Avaliação pode ocorrer mesmo em jejum se há possibilidade de oferecer a maior quantidade de informações da biodinâmica da deglutição. A proposta não é só avaliar o risco para aspiração. Triagem � OFA e controle motor � Estímulos orais � Audição/compreensão � Presença de deglutição espontânea � Respiração, via de alimentação � Possibilidade de comunicação oral ou outra forma de comunicação � Correlação entre qualidade de voz e deglutição Proposta de intervenção inicial para risco de aspiração � Cânula traqueal com balonete insuflado: observarinicialmente visualmente e manualmente a condição da pressão do balonete (semi-desinsuflada, hipoinsuflada, insuflada ou hiperinsuflada) � Ausculta torácica prévia para observação de ruídos sugestivos que impeçam desinsuflação de cuff � solicitar tentativa de expectoração de secreção traqueal observando valores de saturação e sinais de desconforto. � Se houve queda de saturação acima de 4% apenas na intenção de expectorar, é importante identificar se o retorno à saturação base é lenta ou rápida e registrar essa informação no protocolo de avaliação. � Auscultar novamente a região torácica para observar se houve redução de ruído. Identificar características da secreção pulmonar (coloração, consistência e volume) Proposta de intervenção para risco de aspiração � Solicitar deglutição de saliva ainda com balonete insuflado para observar se o paciente � Compreende a ordem � Tem presença de tosse reflexa mesmo com balonete insuflado (pode sugerir edema faríngeo) � Apresenta escape oral ou estase oral e faríngea � Tem refluxo nasal � Tem dor (local e se suporta) � Qualidade e auto administração da saliva (fluida, espessa ou ausente) e quantidade de saliva ou secreção � Traqueostomia eletiva e de urgência (corada com 0,1ml de anilina- verificar contra-indicações) � Solicitar expectoração de secreção pulmonar e observar se houve saída de secreção azulada e volume, que pode um sinal de eventual perda de pressão de balonete por dano do material. Neste caso, observar tolerância do paciente à aspiração e sinais de oximetria de pulso. Critérios para desinsuflar balonete � Necessidade de oxigênio suplementar inferior a 40% � Estabilidade hemodinâmica � Capacidade de tosse para limpar as secreções no peito usando pregas vocais � Capacidade de manter posição vertical sentado ou em cama � O paciente requer aspiração ocasional � Não necessidade ária ventilação com pressão positiva 30/10/2014 8 Contra-indicações para desinsuflar balonete � Desconforto respiratório � Aumento da freqüência respiratória � Taquicardia � Hipotensão � Instabilidade hemodinâmica � Mudança no nível de consciência � Dificuldade de remover secreções de sucção / expectoração � Questões em andamento ou não resolvidas relacionadas com a via aérea Proposta de intervenção para risco de aspiração � Ausculta torácica deve identificar necessidade de aspiração endotraqueal mecânica (com cateter) antes de desinsuflar balonete. Observar necessidade pelos traumas na parede traqueal. � Higienizar a boca com gaze eliminando o máximo de secreção oral e desinsuflar balonete lentamente com seringa informando o paciente previamente sobre o desconforto possível. � Solicitar tosse ocluindo levemente a cânula para expectoração de secreção faringolaríngea por boca. Caso ocorra a queda da secreção supratraqueal, solicita-se a expectoração para estimular saída pelo traqueostomia. Caso o paciente apresente queda de saturação acima de 4% com retorno lento, deve-se reinsuflar o balonete e imediatamente iniciar a aspiração endotraqueal com cateter. � Caso paciente tolere a retirada de pressão do balonete, dar continuidade ao teste Proposta de intervenção para risco de aspiração � Cânula traqueal com balonete desinsuflado ou cânula plástica sem balonete ou cânula metálica (sem êmbolo): certificar-se de que o balonete está realmente desinsuflado. � Ausculta cervical e torácica prévia para observação de ruídos – na presença dos mesmos, solicitação de tosse voluntária com leve oclusão traqueal e tentativa de expectoração oral. � Em seguida nova ausculta para observar resultado de tentativa de higiene alta; posteriormente, solicita-se tentativa de expectoração de secreções baixas e condições voluntárias de higienização de baixa observando valores de saturação e sinais de desconforto. � Se houver queda de saturação acima de 4% apenas na intenção de expectorar, é importante identificar se o retorno à saturação base é lenta ou rápida e registrar essa informação no protocolo de avaliação. � Auscultar novamente a região torácica para observar se houve redução de ruído. Identificar características da secreção pulmonar (coloração, consistência e volume) Proposta de intervenção para risco de aspiração � Solicitar deglutição de saliva (corada com 0,1ml de anilina- verificar contra-indicações) mantendo oxímetro de pulso e uso de estetoscópio. � Observar se o paciente compreende a ordem, se apresenta escape oral ou estase oral e faríngea, refluxo nasal, se tem dor (local e se suporta) e qualidade da saliva (fluida, espessa ou ausente). Identificar ruído de deglutição sugestivo de penetração ou aspiração. � Solicitar expectoração de secreção pulmonar e observar se houve saída de secreção azulada e volume. Neste caso, observar tolerância do paciente à aspiração e sinais de oximetria de pulso. � Ausculta torácica posterior deve identificar necessidade de aspiração endotraqueal mecânica (com cateter). Observar necessidade pelos traumas na parede traqueal. � Testar manobras (postural, proteção, facilitador) durante a deglutição de saliva de acordo com a patologia de base. Proposta de intervenção para risco de aspiração � Caso a deglutição de saliva tenha ocorrido com moderada ou franca aspiração e/ou desconforto respiratório com queda de saturação sem rápida elevação à saturação base, a avaliação será interrompida � Caso a deglutição de saliva tenha ocorrido sem aspiração ou discreta a moderada, sem desconforto respiratório e rápida elevação à saturação base, ou seja, paciente com tolerância (controle dos sinais vitais), terá seguimento com alimento (checando possibilidade no item de contra-indicações) � Deglutição de 2ml néctar na colher (proporção 100ml + 1 colher de chá de espessante + 2 gotas de corante azul) com uso da manobra mais segura no teste com saliva - observar tolerância ao desconforto, capacidade de expectoração, queda e retorno da saturação (tempo). 30/10/2014 9 Proposta de intervenção para risco de aspiração � Repetir com outra manobra indicada. Caso a deglutição de néctar tenha ocorrido com moderada ou franca aspiração e/ou desconforto respiratório com queda de saturação sem rápida elevação à saturação base, a avaliação será interrompida. Caso haja tolerância, será realizada a aspiração endotraqueal. Observar fadiga e questionar conforto do paciente e se o paciente quer continuar. � Conclusão: Escala de gravidade e FCMs ASHA Swallowing � Conduta: Aspiração endotraqueal tardia para eventual aspiração laringotraqueal tardia; novas avaliações com outras consistências; terapia, encaminhamento, outras avaliações específicas, discussão com outras equipes Consistência Thick&Easy® Thicken up Clear® Néctar 4,5g 1 colher medida (padrão) Mel 6g 2 colheres medida Creme, pudim 7,5g 3 colheres medida Preparo das consistências líquidas para 100ml de líquido fino Algoritmo de avaliação clínica Clave P et al.2008 Functional Communication Measures Nível Functional Communication Measures - Deglutition 1 Indivíduo não é capaz de deglutir nada com segurança pela boca. Toda nutrição e hidratação é recebida por meio de via alternativa (SNE, PEG, etc) 2 O indivíduo não é capaz de deglutir nada com segurança pela boca para nutrição e hidratação, mas pode ingerir alguma consistência com uso máximo e consistente de pistas, somente em terapia. Método alternativo de alimentação é necessário. 3 Método alternativo de alimentação é necessário se o indivíduo ingere menos de 50% da nutrição e hidratação e/ou deglutição é segura com uso moderado e consistente de pistas para utilizar estratégias compensatórias e/ou necessita de restrição máxima da dieta. 4 A deglutição é segura, mas frequentementerequer uso moderado de pistas para utilizar as estratégias compensatórias e/ou o indivíduo tem restrições moderadas da dieta e/ou ainda necessita de alimentação por tubo e/ou suplemento oral. 5 A deglutição é segura com restrições mínimas da dieta e/ou ocasionalmente requer mínimas pistas para utilizar estratégias compensatórias. Pode ocasionalmente se auto monitorar. Toda nutrição e hidratação necessária são recebidas pela boca durante a refeição. 6 A deglutição é segura e o indivíduo come e bebe independentemente e pode raramente necessitar de mínimas pistas. Frequentemente se auto monitora quando ocorrem dificuldades. Pode necessitar evitar itens de alimentos específicos (ex.: pipoca e amendoim) ou requerer tempo adicional (devido à disfagia). 7 A habilidade do individuo de se alimentar independentemente não é limitada pela função de deglutição. A deglutição seria segura e eficiente para todas as consistências. Estratégias compensatórias são efetivamente utilizadas quando necessárias. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº1, p. 29-34,2014 30/10/2014 10 Nunes et al, Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº1, p. 29-34,2014 Obrigada lica.sugueno@gmail.com www.foco-fono.com.br 20 de março Dia Nacional de Atenção à Disfagia
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