Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TRANSFORMAÇÃO DO MÚSCULO EM CARNE TECIDO MUSCULAR: maior componente da carcaça. Tecido muscular esquelético: mais importante – quantidade e valor econômico. Caracterizado pela propriedade de contrair e relaxar – locomoção e trabalho. TECIDO CONJUNTIVO: presença de colágeno, tropocolágeno e elastina – reduz a maciez a medida que aumenta a quantidade de colágeno e elastina. Fibras de colágeno: existência de pontes ou enlaces intermoleculares que dão relativa insolubilidade e inextensibilidade – insolubilidade é causada pela presença de AA não polares. Quanto maior a idade do animal, maior a existência de pontes – carne mais dura. Sob pressão, temperatura e umidade o colágeno se solubiliza – miofibrilas se expandem e a água entra entre elas. RIGOR MORTIS: encurtamento pelo frio Durante a sangria o aporte de oxigênio e o controle nervoso deixam de chegar à musculatura - músculo passa a utilizar a via anaeróbica, para obter energia para um processo contrátil desorganizado. Nesse processo há transformação de glicogênio em glicose, e como a glicólise é anaeróbica, gera lactato e verifica- se a queda do pH. Com o gasto dos depósitos energéticos, o processo contrátil tende a cessar formando um complexo irreversível denominado de actinomiosina - nesse estado, a musculatura atinge o rigor mortis, ou seja, os músculos transformam-se em carne. FORMAÇÃO DO COMPLEXO ACTINOMIOSINA: acetilcolina é liberada e causa uma despolarização na membrana que gera um impulso... (falta uma parte aqui) que libera Ca², este se liga a troponina C (ligada a miosina) para gerar a contração. Quando a troponina muda de conformação e se liga a tropomiosina (ligada a actina), os canais de ligação da actina com a miosina são liberados. PH MUSCULAR: pH 6: carne deteriora mais rápido e não será de boa qualidade. pH 5,5: desejável – para de produzir lactato (carne fresca). A queda de pH irá induzir a liberação de Ca² no pós morten – Ca² ativa a calpaína (protease) que cliva as actinas e causa relaxamento. BOI: carne demora mais tempo para ficar macia porque o pH cai mais devagar – demora liberar Ca². FRANGO: pH cai mais rápido, haverá liberação de Ca² mais rápido e a proteólise será mais intensa porque possui fibras glicolíticas. SUÍNOS: intermediário entre boi e frango. DFD – Carne escura, firme e seca: Carne com pH elevado; Estresse pré-abate – reduz glicogênio – não produz lactato – sem queda de pH – alta capacidade de retenção de água; Baixa perda por gotejamento; Pequena vida de prateleira: crescimento de bactérias indesejáveis; Animais zebuínos possuem temperamento mais difícil e maiores chances de apresentarem estresse pré-abate; PSE – carne pálida, flácida e exsudativa: Queda excessivamente rápida no pH – mais comum em suínos; Alta perda por gotejamento; Aumento da calpastatina reduz a calpaína: quantidade de calpastatina vai definir a proteólise; Temperaturas altas estimulam a produção de calpastatina, aumenta a proteólise – PSE; Frango – suínos – bovinos; GOTEJAMENTO: influenciado pelo pH – ponto isoelétrico é atingido com pH = 5,0. pH baixo: reduz as cargas negativas das miofibrilas e a atração pela água (carga + ) – gera o gotejamento; Carne de boi (pH = 5,5) apresenta menos gotejamento que frango – maior ligação da água com as miofibrilas; ENCURTAMENTO PELO FRIO: resfriamento rápido da carcaça reduz a maciez da carne – para evitar gordura subcutânea de acabamento. MATURAÇÃO: consiste em manter a carne fresca a uma temperatura superior ao seu ponto de congelamento (- 1ºC) – aumenta a maciez; Conservada e embalada a vácuo; Ocorre proteólise natural pelas enzimas da carne; Deve ter inicio logo após o abate – câmara de resfriamento a 0ºC com temperatura e umidade controlada, por um tempo mínimo de 8 dias; CALPAÍNAS: durante o processo de maturação da carne as calpaínas degradam as proteínas miofibrilares em determinados pontos internos das moléculas melhorando a maciez da carne. CALPASTATINA: inibe a ação das calpaínas, desta forma diminuindo a degradação das proteínas miofibrilares durante o processo de maturação reduzindo assim a maciez - carnes com alta atividade de calpastatina no primeiro dia post-mortem necessitam de maior força para serem cortadas devido a força de cisalhamento; A carne de zebuínos é menos macia que a carne de taurinos em virtude da proteólise reduzida das proteínas miofibrilares associada à alta atividade de calpastatina nos músculos. CATEPSINAS: degradam não só proteínas miofibrilares (como as calpaínas o fazem) como também exercem ação sobre as proteínas do tecido conjuntivo (colágeno), o que pode indicar um sinergismo entre os dois sistemas - nas carnes maturadas a quantidade de colágeno solubilizado é maior que em carnes não maturadas, pela ação proteolítica das catepsinas, liberadas ao meio extracelular e capazes de clivar o colágeno insolúvel em fragmentos solúveis. BINÔMIO pH x TEMPERATURA: frio é ruim em termos de maciez, se houver uma queda de temperatura muito acentuada antes do rigor mortis haverá encurtamento pelo frio – atrasa a geração de lactato, pH cai mais devagar e o rigor é se inicia mais tardiamente (?) esta certo? COR DA CARNE: a diferença na coloração é causada pela mioglobina. MIOGLOBINA: transporta O2 dos capilares na superfície muscular para o interior das células; OXIDAÇÃO DA MIOGLOBINA: mioglobina – oximioglobina – metamioglobina Vermelho púrpura: mioglobina – desoxigenada; Vermelho brilhante: oximioglobina – oxigenada; Vermelho marrom: metamioglobina – oxidada; DIFERENÇAS NA ESTABILIDADE DA COR DOS MÚSCULOS PODEM SER CATRIBUÍDAS AO TIPO DE FIBRA MUSCULAR PREDOMINANTE: Músculos com maior proporção de fibras vermelhas oxidativas terão maiores concentrações de mitocôndria – maior consumo de oxigênio; Apresentam maior taxa de descoloração e maior produção de metamioglobina do que músculos “brancos”, uma vez que a taxa de oxidação do pigmento oximioglobina e afetado pela taxa de consumo de oxigênio; QUALIDADE DA CARNE ASPECTOS SANITÁRIOS: sem a presença de patógenos e substâncias prejudiciais à saúde humana – necessário inspeção municipal, estadual ou federal; ASPECTOS RELIGIOSOS: abate halal (islamismo) e abate kosher (judaísmo); ASPECTOS DE SUSTENTABILIDADE: protocolos de sustentabilidade agregam valor ao produto – produzido sem desmatamento, tratamento de dejetos, etc; APECTOS ÉTICOS: respeita o bem-estar animal, produtos orgânicos, animais a pasto e sem castração; ASPECTOS CULTURAIS: local de origem agrega valor ao produto – picanha argentina, boi do pampa gaucho; ASPECTOS ORGANOLÉPTICOS: cor, aparência, sabor e suculência; CARACTRÍSTICAS NUTRICIONAIS: PROTEÍNAS: equilíbrio dos AA essenciais – perfil dos AA da carne são mais parecidos com os nossos e suprem nossas necessidades; VITAMINAS: rica em vitamina B12 – vegetais não possuem vitamina B12 suficiente disponível; MINERAIS: ferro e zinco altamente disponíveis – vegetais possuem apenas nos cloroplastos e não fica disponível para seres humanos; PERFIL DA GORDURA BOVINA: os teores de ácidos graxos saturados na carne bovina são inferiores a 50%. Do total de ácidos graxos saturados aproximadamente 30% são de ácido esteárico, que não apresenta efeito sobre os níveis de colesterol sanguíneo; OPERAÇÕES DE ABATE BOVINOS ESTRESSE PRÉ-ABATE: interfere na qualidade da carne – importante ter instalações adequadas para embarque e transporte. FATORES QUE INTERFEREM NA MOVIMENTAÇÃODOS ANIMAIS:: ILUMINAÇÃO: necessário uso de lâmpadas nos corredores; CONTRASTES: minimizar contrastes entre claro e escuro; MOVIMENTOS BRUSCOS: evitar visualização de movimentos – uso de corredores com paredes laterais sólidas; BARULHO EXCESSIVO: possuem audição mais sensível que o ser humano; VENTOS E CHEIROS: movimentos em direção contrária; Bovinos são animais sociais e podem se tornar muito agitados quando separados do rebanho – isolamento é um grande fator de estresse; evitar trabalhar com animais separados; CONDUÇÃO DOS ANIMAIS: deve ser feita com calma – uso de choques e gritos ou bater podem ser interpretados pelo animal como “perigo a frente”; EMBARQUE E TRANSPORTE: movimentação e contenção geram grande nível de estresse; Mistura de bovinos de diferentes grupos deve ser feita 24h antes; Transporte rodoviário (Brasil): laterais seguras, fortes e suficientemente altas; piso não pode ser escorregadio; devem ter boa ventilação; Tombos durante o transporte podem causar lesões na carcaça; TRANSPORTE: prolongado gera perda na qualidade da carne – DFD; <4h: não induz estresse severo – 4% de perda de peso; <12h: respeita o bem-estar; 15h: máximo que deveria ser permitido – 7% de perda de peso; Grandes distâncias: alimentar animais e fornecer água após 12h com 1h de descanso; RECEPÇÃO E SELEÇÃO: lavar veículos após desembarque para evitar disseminação de doenças; INSPEÇÃO ANTE MORTEM: Certificados de vacinação e sanidade; identiicar o estádio higiênico dos animais; identiicar e isolar os animais doentes ou suspeitos, bem como vacas em gestação e recém paridas; Suspeitos de doenças – currais de observação; Aptos – currais de mantença; DESCANSO E SIETA HÍDRICA: recuperação das perturbações causadas pelo transporte. Restabelecer as reservas de glicogênio muscular – gliconeogênese a partir de ácido lático; Permanecer em jejum e dieta hídrica o tempo todo – facilitar evisceração e reduzir a possibilidade de contaminação na carcaça; facilitar a remoção do couro e tornar a sangria mais abundante; 12-24h para recuperação fisiológica; CONDUÇÃO AO ABATE: corredores com comportas, tipo guilhotina – prevenir a aglomeração dos animais; Rampa de acesso: parede lisa com altura de 2m – afunilar no terço superior; VOCALIZAÇÃO E ESTRESSE: <0,5% - excelente. BANHO DE ASPERSÃO: limpeza nas extremidades, cascos e região anal – garante esfola higiênica, promove a vasoconstrição extrema e vasodilatação interna (acalma os animais). SERINGA: movimento em grupo – movimento em fila; construção em forma curvilínea e não linear; INSENSIBILIZAÇÃO: torna o animal inconsciente antes de sua sangria e morte – CONCUSSÃO POR DARDO CATIVO (mais utilizado no Brasil); CONCUSSÃO POR DADO NÃO PENETRANTE: não danifica o cérebro impedindo a contaminação de sangue, órgãos e tec. Musculares. Eletronarcose e atmosfera controlada (CO2): inviável para bovinos. SANGRIA: secção dos grandes vasos do pescoço – veias jugulares e artéria carótida. Uma faca para cada animal; Intervalo insensibilização/sangria: <1min Produção de farinha de sangue para alimentação animal; Fertilizantes, resinas, adesivos, cosméticos, meios de cultura; 60% do sangue circulante é removido; ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA: melhora a qualidade da carne – coloração e maciez; Principal método pós-abate para aumentar a maciez; Pode ser aplicada até 1h após a insensibilização/sangria; Induz a aceleração da contração muscular post mortem (rigor mortis) – consumo mais rápido das reservas de ATP acelerando a glicólise e queda do pH muscular; MECANISMOS DA EE QUE CAUSAM AUMENTO DA MACIEZ: Aumenta a taxa de resfriamento da carcaça – reduz o encurtamento pelo frio; Queda do pH muscular – aumenta a liberação de enzimas proteolíticas que degradam as proteínas responsáveis pela estrutura muscular e acelera o processo de maturação; OUTROS BENEFÍCIOS: Melhora a coloração vermelho brilhante – glicólise é necessária; Melhora o sabor e aroma da carne – glicólise acelera a maturação e liberação de IMP e hipoxantina; Previne a formação do “anel de aquecimento” – escuro na extremidade; ESFOLA: remoção do couro Ponto crítico do abate – possibilidade de contaminação por microorganismos presentes na pele e nos pelos do animal; CAMA ELEVADA (mesas especiais): animal deitado sobre uma armação de canos, ou tubos galvanizados, dispostos paralelamente e elevados a uma altura de 40cm do piso; ESFOLA AÉREA (animal suspenso em trilhos): operários trabalham em plataformas metálicas elevadas, que possibilitem o desempenho cômodo, eficiente e higiênico – elimina completamente o contato do animal com o piso, permite maior drenagem do sangue, evita formação de coágulos na cavidade torácica, facilitando a posterior lavagem das meias-carcaças, favorece a higiene e rapidez das operações, reduz MO e gastos de água. Nesta fase ocorre ablação e oclusão do reto para evitar eventuais contaminações por fezes; EVISCERAÇÃO: deve ser efetuada imediatamente após a esfola – 30min após a sangria do animal Abertura do esterno e da pélvis; Retirar de uma só vez o trato gastrointestinal; Retirada do fígado, pulmões e coração; Rins permanecem aderidos à carcaça – inspeção e remoção posterior; SERRAGEM DA CARCAÇA E TOALETE: Inspeção e retirada dos rins; Inspeção das glândulas localizadas na região pélvica e do pescoço; Limpeza de contusões superficiais; PESAGEM, TIPIFICAÇÃO E LAVAGEM: geralmente a tipificação de carcaças é feita apenas em frigoríficos exportadores; Lavagem por aspersão: remoção do sangue – redução da contagem microbiana (aumenta vida de prateleira) CARIMBAGEM, ESTOCAGEM E EXPEDIÇÃO: carimbo no coxão, lombo, ponta-de-agulha e paleta; Câmaras de resfriamento com ventilação forçada: 4ºC Sistemas de resfriamento rápido: mais suscetíveis a perda de maciez; ABATE DE SUÍNOS
Compartilhar