Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Art. 1.196 do CC. A posse é um direito autônomo, constituído a partir da apreensão de uma coisa física. Não exige título. Não é um direito real. Não é subordinada à propriedade. Possuidor tem direito a ser mantido (se sofrer turbação - manutenção de posse), a ser reintegrado (se perder a posse; esbulho - reintegração) e a ser segurado na posse (violência iminente -> justo receio de ser molestado = interdito proibitório - natureza preventiva). Art. 1196 do CC -> possuidor é aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade -> GRUD (gozar, reaver, usar e dispor). De fato -> não exige título. Art. 1228 do CC -> proprietário = tem todos os poderes (GRUD). Se tem um dos poderes -> possuidor -> ação possessória. Se tem todos os poderes -> proprietário. Teorias explicativas} Teoria subjetiva da posse -> Savigny. Posse = corpus (apreensão) + animus (elemento subjetivo). Teoria objetiva da posse -> Ihering. Posse = corpus (apreensão). Teoria sociológica da posse -> posse = função social. Detenção} É um obstáculo jurídico á aquisição da posse. Quando a lei cria uma situação jurídica impeditiva da aquisição da posse. Art. 1198 do CC -> detentor tem relação de dependência e conserva a posse em nome de outra pessoa, logo, não tem posse. Ex.: caseiro, empregada doméstica. Art. 1208 do CC -> atos de mera permissão/tolerância não induzem a posse. O detentor não tem posse, ou seja, não tem direitos possessórios. Não tem direito a usucapião nem a indenização por benfeitorias (jurisprudência) É possível romper a relação de detenção para surgir uma relação de posse. Objeto da posse} Direito imaterial (vida privada, honra, direito autoral, imagem) -> não cabe ação possessória. A ação possessória pressupõe objeto imóvel e físico. Súmula 228, STJ -> não é possível interdito proibitório para proteção de direito autoral (bem incorpóreo, imaterial). Bens físicos/corpóreos -> imóveis (ações possessórias) móveis (busca e apreensão). Bens imateriais/incorpóreos -> obrigação de pagar quantia certa (perdas e danos), de fazer (cominatória) ou de abstenção (não fazer). Composse} Quando há mais de um possuidor de coisa indivisa. Condomínio da posse. Art. 1199, CC. Duas ou mais pessoas tem, sobre o mesmo bem, posse. Há um exercício simultâneo da posse e a indivisibilidade da coisa. Se todos têm a posse, todos podem defendê-la, inclusive um contra o outro. Aquisição da posse} Art. 1204, CC -> adquirida quando passa a exercer algum dos poderes da propriedade. Ex.: ocupar terreno acreditando ser abandonado (usar e fruir). Art. 1205, CC -> pode ser adquirida -> pela própria pessoa que pretende ou representante legal; ou terceiro sem mandato (depende de ratificação). Transmissão da posse} Art. 1206 do CC. Pode ser transmitida aos herdeiros ou legatários com os mesmos caracteres, ou seja, o sucessor não pode alegar que não sabia que a posse do antecessor era de má-fé, por exemplo. Recebe a posse com as mesmas características, independente de ciência ou não. Art. 1207, CC -> sucessor universal é quem recebe um quinhão hereditário (uma % herança) = continua de direito a posse do antecessor (há a soma do tempo de posse). O sucessor singular é o legatário (recebe bem determinado). Não há a soma automática dos tempos de posse e sim a faculdade deste unir a posse do antecessor com a sua, para os efeitos legais (usucapião). Perda da posse} Art. 1223, CC -> quando cessa o poder sobre o bem, mesmo que contra vontade do possuidor. Perda -> reintegração de posse. Perdida -> não presenciou o esbulho -> tendo notícias deste -> abstém de retomar a coisa ou de tenta recuperá-la, mas não tem sucesso. Sabe da notícia e fica quieto. Ou sabe da notícia e tenta recuperar, mas é violentamente repelido. Classificação da posse} Posse direta x Posse indireta -> a posse plena pode ser desdobrada em posse direta (daquele que está imediatamente com a coisa - locatário) e posse indireta (do dono, de onde a direta brotou). Art. 1197, CC -> posse direta. É uma posse temporária, em virtude de direito pessoal ou real. Não anula a posse indireta, de quem foi havida, podendo o possuidor direto defender sua posse contra o indireto. Posse justa x Posse injusta -> é justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária. É injusta se conter alguma dessas características. Art. 1200 do CC. Violenta -> esbulho. Clandestina -> se parece com furto (de forma sorrateira, sem violência ou grave ameaça). Precária -> se parece com apropriação indébita. Posse de boa-fé x Posse de má fé -> boa-fé quando o titular ignora o vício ou obstáculo que impede a aquisição da coisa. Se sabe, é de má-fé. Art. 1201 e 1202 do CC. Efeitos jurídicos da posse} Ex.: usucapião, frutos, benfeitorias. Responsabilidade civil do possuidor-> regra é subjetiva para o possuidor de boa-fé, ou seja, responde apenas por dolo ou culpa. Se estava de má-fé a responsabilidade objetiva é integral. Art. 1217, CC -> boa-fé não responde pela perda nem deterioração da coisa a que der causa. A coisa perece em face do seu dono. Responsabilidade civil subjetiva (depende de dolo ou culpa para responder). Art. 1218, CC -> possuidor de má-fé responde pela perda e deterioração ainda que acidentais, salvo se provar que teriam acontecido mesmo estando na posse do reivindicante. Frutos e benfeitorias seguem a mesma linha. Regime jurídico dos frutos -> o de boa-fé tem direito aos frutos enquanto durar a posse (art. 1214, CC). O de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos bem como pelos que, por sua culpa, deixou de perceber desde o momento em que se constituiu de má-fé (art. 1216, CC). Regime jurídico das benfeitorias -> o possuidor de boa-fé tem direito a indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis; e de levantar as voluptuárias (art. 1219, CC). Tem direito de retenção pelo valor quanto as úteis e necessárias se não for indenizado por estas. O de má-fé tem direito apenas às benfeitorias necessárias (art. 1220, CC). Desforço incontinenti x legítima defesa} Art. 1210, § 1º do CC. Ambos são medidas jurídicas que podem ser utilizadas pelo possuidor que está sofrendo lesão possessória imediata, sem a necessidade de ajuizar ação. Serve para impedir a entrada (legítima defesa) ou retirar o invasor (desforço incontinenti) que já entrou. Deve ser imediata e proporcional para cessar o dano. O detentor também pode defender o bem. Pode utilizar de terceiros (empregados) ou fazer por si próprio. Legítima defesa -> manter-se na posse. Desforço incontinente -> restitui-se na posse (mesmo momento), por sua própria força. Procedimento da tutela da posse} Tutela jurisdicional da posse -> procedimento comum de jurisdição contenciosa. Há as afins que não são possessórias -> imissão na posse; dano infecto; nunciação de obra não; embargos de terceiros; reivindicatória. Ações possessórias} Fungibilidade da ação possessória -> problema de enquadramento jurídico quanto a medida processual cabível; bem como de tempo (ao despachar já houve a invasão, por exemplo). O juiz pode dar ao autor do pedido o que este não pediu. Art. 554 do CPC -> propositura de uma ação ao invés de outra não obsta que juiz reconheça o pedido e dê proteção legal. Pode tramitar pelo procedimento comum ou especial. Lesão possessória com menos de ano e dia do ajuizamento da ação -> procedimento especial. Mais de ano e dia -> procedimento comum. Ações possessóriascoletivas -> pedidos = Se encontrar pessoas no local -> citação pessoal. Os demais -> citação por edital. Intimar MP. Se tiver hipossuficientes -> DPE. Só pede isso se for coletiva. Pode cumular pedidos -> reintegração/manutenção/interdito -> indenização por perdas e danos, indenização pelos frutos, e multa astreintes (diária, caso de descumprimento). Pendência da ação possessória -> não pode discutir domínio (entre autor e réu), exceto se aduzir em face de terceiro. Autor deve provar -> posse; turbação/esbulho (lesão); data da lesão e a continuação da posse (turbada) ou a perda (reintegração). Força nova x força velha -> nova = especial; velha = comum. Critério de ano e dia. Menos de ano e dia -> especial. Mais -> comum. Ação possessória força nova -> pede liminar com base no art. 562, CC. Procedimento força velha -> antecipação de tutela do art. 300, CPC. Se o agente agressor for poder público -> liminar somente após a sua oitiva. Ações afins} Reivindicatória -> ação petitória, ou seja, tem como fundamento jurídico a propriedade (art. 1228 do CC). Procedimento comum; ajuizada no foro da situação do imóvel. Proprietário quer a posse de volta Imissão de posse -> ação petitória, ou seja, tem como fundamento jurídico a propriedade (art. 1228 do CC). Procedimento comum; ajuizada no foro da situação do imóvel. Proprietário quer entrar pela primeira vez na posse da propriedade que ele ganhou/adquiriu. Ex.: herdeiro ou adquirente. Embargos de terceiro -> pressupõe lesão a posse ou propriedade. Aqui a lesão foi provocada por um ato judicial. Neste caso, a vítima vai ajuizar essa ação e a sua distribuição se dá por dependência aos autos da ação principal onde o ato judicial lesivo aconteceu. Nunciação de obra nova -> ou embargo de obra. Procedimento comum e tem como característica uma obra ilegal que está em curso. A vítima tem interesse de paralisar a sua execução e não aconteça. Ação demolitória -> busca desfazer uma obra concluída que gera algum risco. Ação de dano infecto -> busca obter do réu uma caução prévia tendo em vista um risco que um certo bem pode estar a sofrer. Ex.: desmoronamento. Tem natureza preventiva.
Compartilhar