Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Cálculo II CÁLCULO DE LIMITES 1 Sumário Introdução .................................................................................................................................... 2 Objetivos ....................................................................................................................................... 2 1. Caracterização do Limite por meio da Definição Formal ....................................................... 2 2. Caracterização do Limite via Propriedades ............................................................................ 5 Exercícios .................................................................................................................................... 10 Gabarito ...................................................................................................................................... 10 Resumo ....................................................................................................................................... 11 2 Introdução Na apostila sobre a segunda parte sobre os limites de sequências numéricas, trabalhamos com as propriedades operatórias acerca dos limites de sequências numéricas, onde citamos a regra da soma, diferença, produto e quociente. As propriedades operatórias envolvendo o limite de uma sequência numérica constituem importantes procedimentos que visam a simplificação de diversos cálculos, ou seja, são importantes no sentido de simplificar em alguns casos o cálculo do limite da sequência associada. Nessa apostila, apresentaremos novos exemplos envolvendo a caracterização do limite de uma sequência por intermédio da prórpia definição formal, bem como com base nas regras operatórias. Vamos nessa? Objetivos • Caracterizar o limite de uma sequência numérica através da conceituação formal do limite de uma sequência. • Caracterizar o limite de uma sequência numérica com base nas propriedades operatórias sobre limites. 1. Caracterização do Limite por meio da Definição Formal É conhecido que uma sequência é dita convergente quando ela possui limite. Matematicamente falando, dizemos que a sequência (xn) possui limite através da descrição: 0 0lim 0 ,n nL x m n n n x L = − Obviamente, poderíamos pensar inicialmente que talvez esse não seja o melhor caminho para caracterizarmos o limite de uma sequência, porém constitui um aparato importante para averiguarmos na essência o entendimento de caracterização do limite de uma sequência. Desta forma, vejamos alguns exemplos que ilustram a determinação do limite de uma sequência por intermédio da conceituação formal do mesmo. 3 EXEMPLO Exemplo 1: (Adaptado de Leithold 2006) Por intermédio da conceituação formal de limite, vamos comprovar que a sequência (xn) cujo e-nésimo termo é 2 1 n n + converge para o limite L = ½. Ou seja, vamos mostrar que lim 2 2 1n n n→ = + Solução: O primeiro passo a ser realizado é olharmos cuidadosamente para a definição formal e verificar o que deve ser feito. Neste sentido, necessitamos comprovar que para qualquer 𝜀 > 0, ∃ 𝑛0 𝜖 ℕ, tal que para n > 𝑛0 tenhamos 1 2 1 2 n n − + . É importante comentarmos que nos problemas que envolvem a justificativa por intermédio da definição formal, usamos de algum tipo de mecanismo algébrico. Além disso, podemos pensar na descrição pensando de “trás para frente”, no sentido de encontrarmos o índice 𝑛0 por intermédio de 𝜀. Assim, para n > 𝑛0 escrevemos: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 2 2 11 2 2 1 2 1 2 2 2 1 2 2 1 1 1 1 1 2 2 1 2 2 1 2 2 1 2 4 n nn n n n n n n n n n − + − − − + + + − + + + Então, se tomarmos 0 1 2 4 n − = e se tivermos n > 0n , teremos que: 0 1 2 1 4 2 1 2 n n n n − = − + Que nos mostra que 1 lim 2 1 2n n n→ = + . Ilustrando, se tivermos 1 8 = , então 0 3 2 n = e, desta maneira, poderíamos escrever: 3 1 1 2 2 1 2 8 n n n − + E, assim por diante. 4 EXEMPLO EXEMPLO Uma sequência constante (todos os seus termos iguais) é convergente e o valor do seu limite é exatamente o valor dessa constante. Desta forma, se tivermos (xn) = (3, 3, 3, 3, ...) então a mesma é convergente e o seu limite é equivalente igual a 3. Vejamos então como podemos justificar tal proposição com base na definição formal de limite de uma sequência numérica como segue. Exemplo 2 (Adaptado de Thomas 2003): Considerando a sequência ( )nx = (k, k, k, k, ...), com k um número real, então temos que lim 𝑛→∞ 𝑘 = k. Solução: Neste caso, para qualquer 𝜀 maior do que zero, temos que encontrar um natural 𝑛0 tal que para todo 𝑛 > 𝑛0 tenhamos |k – k| . Observemos claramente de como |k – k| = 0, podemos tomar qualquer valor natural positive para 𝑛0 que a desigualdade |k – k| se tornará válida. Portanto, concluímos que se ( )nx = (k, k, k, k, ...) então lim n k k → = . Exemplo 3 (Adaptado de Anton 2000): Consideremos a sequência numérica dada por ( ) 1 1 1 1 1, , , ,..., ,... 2 3 4 nx n = . Neste caso, a sequência é convergente ou divergente? Solução: Neste caso, a resposta é que ( )nx é uma sequência convergente, que na verdade converge para L = 0. Vejamos a justificativa para tal fato. De acordo com a definição, dado 0 devemos exibir um índice 𝑛0, tal que para todo n > 𝑛0 devemos ter 1 0 n − . Assim sendo, se tomarmos 𝑛0 > 1 𝜀 , então para qualquer n > 𝑛0, teremos n > 1 𝜀 o que nos leva a | 1 𝑛 − 0| < 𝜀. Portanto, concluímos que 𝑥𝑛 → 0. 5 EXEMPLO x 2. Caracterização do Limite via Propriedades Já foi mostrado anteriormente as operações que envolvem a caracterização do limite de sequências numéricas, ou seja, as chamadas propriedades operatórias ou operações. Desta forma, vamos apresentar a resolução de mais alguns exemplos envolvendo tais propriedades e alguns procedimentos padronizados baseados em outros resultados como segue. Exemplo 4 (Adaptado de Guidorizzi 2003): Já é conhecido que uma sequência que é convergente, na verdade, converge para um único valor. Mas como poderia tal fato ser justificado? Vamos averiguar? Para tal, vamos provar que o limite de uma sequência convergente ( )nx é único. Solução: Sem perda de generalidade, vamos supor que 1lim n n x L → = . Assim sendo, por absurdo vamos supor também que 2lim n n x L → = , com 1 2L L . É interessante notarmos que podemos tomar 0 , de tal forma que os intervalos abertos com centro em 1L e 2L , digamos ( )1 1I L L = − + e ( )2 2J L L = − + tenham interseção vazia, ou seja, sejam disjuntos. Com base na conceituação formal de limite de uma sequência numérica,temos a existência de um índice 0n , tal que 0n n vem que os termos nx I . Observemos que para qualquer 0n n n > n0, temos xn não pertence a J (absurdo), já que é uma contradição, pois 2lim n n x L → = . Portanto, uma sequência não pode convergir para dois valores distintos do limite. 6 EXEMPLO EXEMPLO Exemplo 5 (Adaptado de Boulos 2006): A sequência (xn) com e-nésimo termo dado por 1 n − é convergente ou divergente? Solução: Neste caso, com base na propriedade envolvendo a multiplicação por escalar e já sabendo que 1 lim 0 n n→ = , podemos escrever que: ( ) ( ) ( ) ( ) 1 1 1 lim lim 1 1 lim 1 0 n n nn n n→ → → − = − = − = − Portanto, concluímos que a sequência dada é convergente e converge para o valor 0. Exemplo 6 (Adaptado de Anton 2000): A sequência ( )nx com e-nésimo termo dado por 1n n − é convergente ou divergente? Solução: Neste caso, com base na propriedade envolvendo a diferença e já sabendo que lim 𝑛→∞ ( 1 𝑛 ) = 0, podemos escrever que: ( ) 1 1 1 1 lim lim lim lim 1 lim 1 1 0 n n n n n n n n n n n n→ → → → → − = − = = − = − = Portanto, concluímos que a sequência dada é convergente e converge para o valor 1. 7 EXEMPLO EXEMPLO Exemplo 7 (Adaptado de Guidorizzi 2003): A sequência (xn) com e-nésimo termo dado por 3 7 n é convergente ou divergente? Solução: Neste caso, com base na propriedade envolvendo a multiplicação por escalar e já sabendo que 3 1 lim 0 n n→ = , podemos escrever que: 3 3 3 7 1 1 lim lim7 7 lim 7 0 0 n n nn n n→ → → = = = = . Portanto, concluímos que a sequência dada é convergente e converge para o valor 0. Portanto, concluímos que a sequência dada é convergente e converge para o valor 1. Exemplo 8 (Adaptado de Thomas 2003): A sequência (xn) com e-nésimo termo dado por 6 6 4 7 6 n n − + é convergente ou divergente? Solução: Para esse tipo de situação podemos caracterizar o seu limite com base em um procedimento muito usado no contexto do limite de funções, que é dividirmos todas as parcelas do numerador e denominador pela potência dominante (ou seja, pela maior potência da variável n). Em termos práticos, teremos que: 4 46 6 6 6 6 6 66 66 6 7 7 4 7 0 7 lim lim lim 7 666 1 0 1 n n n n n n n n n nn nn n → → → − − − − = = = = − + + ++ Portanto, concluímos que a sequência dada é convergente e converge para o valor – 7. 8 EXEMPLO EXEMPLO Exemplo 9 (Adaptado de Thomas 2003): A sequência ( )nx com e-nésimo termo dado por 2 2 4 2 1 n n + é convergente ou divergente? Solução: Mais uma vez vamos dividir todas as parcelas do numerador e denominador pela potência dominante (ou seja, pela maior potência da variável n), no caso por n². Assim sendo, temos que: 2 2 2 22 2 2 4 4 4 lim lim 2 2 12 1 2n n n n n nn n n → → = = = + + portanto, concluímos que a sequência dada é convergente e converge para o valor 2. Portanto, concluímos que a sequência dada é convergente e converge para o valor 1. Exemplo 10 (Adaptado de Thomas 2003): A sequência (xn) com e-nésimo termo dado por 2 2 3 1 n n − − é convergente ou divergente? Solução: Dividindo cada uma das parcelas do numerador e denominador pela potência dominante n², vem que: 2 2 2 2 22 2 2 3 3 1 lim lim 1 11 1n n n n n n nn n n → → − − − = = = − − − Portanto, concluímos que a sequência dada é convergente e converge para o valor – 1. 9 EXEMPLO EXEMPLO Exemplo 11 (Adaptado de Thomas 2003): A sequência (xn) com e-nésimo termo dado por 3 2 2 n n n − é convergente ou divergente? Solução: Neste caso, podemos escrever que: 2 3 2 2 2 2 2 2 lim lim lim 1 n n n n n n n n n n n nn n n → → → − − − = = = = Portanto, concluímos que a sequência dada é divergente. Portanto, concluímos que a sequência dada é convergente e converge para o valor 1. Exemplo 12 (Adaptado de Thomas 2003): A sequência ( )nx com e-nésimo termo dado por 2 1 4 1 n n + + é convergente ou divergente? Solução: Dividindo cada uma das parcelas do numerador e denominador pela potência dominante n, vem que: 2 1 1 2 2 1 2 1 lim lim lim 4 1 14 1 4 2 4 n n n n n n n n nn n n n → → → + + + = = = = + + + Portanto, concluímos que a sequência dada é convergente e converge para o valor 1 2 . Portanto, concluímos que a sequência dada é 10 EXEMPLO Exercícios 1 – (Autor, 2019) Calcular o valor do limite da sequência ( ) 3 9 1 n n x n = + e caracterizar a mesma em convergente ou divergente. 2 – (Autor, 2019) Calcular o valor do limite da sequência ( ) 4 3 3n n n x n + = e caracterizar a mesma em convergente ou divergente. 3 – (Autor, 2019) Calcular o valor do limite da sequência ( ) 2 2 5 2 3 n n x n + = + e caracterizar a mesma em convergente ou divergente. Gabarito 1- Neste caso, vamos nos basear com base na regra operatória do quociente, assim sendo dividindo cada parcela do numerador e denominador por n e aplicando tal regra, podemos escrever que: Exemplo 13 (Adaptado de Thomas 2003): A sequência (xn) com e-nésimo termo dado por 6 6 1n + é convergente ou divergente? Solução: Dividindo cada uma das parcelas do numerador e denominador pela potência dominante n, vem que: 6 1 1 lim lim lim 6 1 16 1 6 6 n n n n n nn n n n → → → = = = + + + Portanto, concluímos que a sequência dada é convergente e converge para o valor 1 6 Portanto, concluímos que a sequência dada é convergente e converge para o valor 1. 11 3 3 3 3 1 lim lim lim 9 1 19 1 9 3 9 n n n n n n nn n n n → → → = = = = + + + Portanto,concluímos que a sequência dada é convergente e converge para o valor. 1 3 2 – Neste caso, a partir da regra do produto e do quociente, podemos escrever que: 3 2 4 3 3 2 3 3 33 2 2 lim lim lim 1 n n n n n n n n n n nn n nn n n → → → + + + = = = = Donde concluímos que a série em questão é divergente. 3 – Neste caso, com base na regra do produto, multiplicação por escalar e do quociente e num primeiro momento, dividindo cada parcela do numerador e denominador pela potência dominante, que no caso é a potência n², vem que: 2 2 2 2 2 2 2 2 2 22 22 2 2 2 5 2 5 2 5 2 5 2 2 lim lim lim lim 2 33 33 1 1 n n n n n n n n n n n n n nn nn n n n → → → → + + + + = = = = = + ++ + Logo, a sequência dada é convergente e converge para L = 2. Resumo Nesta apostila, discutimos a determinação de alguns limites de sequências numéricas, a partir da conceituação formal ou definição formal, que constitui inicialmente a ferramenta a ser utilizada para esse propósito. Todavia, fica evidenciado de forma clara que a caracterização do limite de uma sequência por intermédio da definição formal não é uma tarefa simples. Por conta disso, se torna fundamental o conhecimento das regras operatórias envolvendo o cálculo de limites de sequências numéricas. Tal aparato visa essencialmente a simplificação da complexidade da caracterização de tal limites. Além disso, vimos uma série de outros exemplos envolvendo a descrição do limite de uma sequência por intermédio das propriedades operatórias envolvendo o limite de uma sequência numérica. É importante ressaltarmos que a partir da 12 visualização de alguns exemplos específicos envolvendo tais regras operatórias, podemos generalizar para outros exemplos similares. 13 Referências bibliográficas GUIDORIZZI, H. L. Um Curso de Cálculo. 5ª Ed. Volume 2. Rio de Janeiro: LTC, 2003. LEITHOLD, L. O Cálculo com Geometria Analítica. 3ª Ed. Volume 2. São Paulo: Harbra, 2006. THOMAS, G. B. Cálculo. Volume 2. São Paulo: Addison Wesley, 2003. ANTON, H. Cálculo: Um novo horizonte. 6ª Ed. Volume 2. São Paulo: Bookman, 2000. BOULOS, P. Cálculo Diferencial e Integral. Volume 2. SP: Makron Books, 2006.
Compartilhar