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18 182 FDC - DIREITO DAS COISAS - 2019 1 -convertido

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Prof. Dr. Clayton Reis. 
Curitiba-Pr. 
 
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 UNICURITIBA – Centro Universitário de Curitiba. 
Centro de Ciências Jurídicas – Curso de Direito. 
Campus Milton Vianna 
Disciplina: Direito Reais - Prof. Dr. Clayton Reis. 
Curitiba – Pr. 
2019. 
 
 
 
 
 
LEITURA E 
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS. 
 
 
 
 
 
“Os limites da minha linguagem denotam os limites do meu 
mundo”. LUDWIG WITTGENSTEI – Tractatus lógico-philosophicus, 
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1. AVALIAÇÃO PROFISSIONAL. 
 
 
 
Programa Internacional de Avaliação de Alunos – PISA. O PISA é um 
programa internacional de avaliação comparada, cuja principal 
finalidade é produzir indicadores sobre a efetividade dos sistemas 
educacionais, avaliando o desempenho de alunos na faixa dos 15 
anos, idade em que se pressupõe o término da escolaridade básica 
obrigatória na maioria dos países. Esse programa é desenvolvido e 
coordenado internacionalmente pela Organização para Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico (OCDE), havendo em cada país 
participante uma coordenação nacional. No Brasil, o PISA é 
coordenado pelo Inep – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas 
Educacionais “Anísio Teixeira”. 
 
O PISA pretende avaliar o letramento em Leitura, Matemática e 
Ciências. O termo “letramento” foi escolhido para refletir a 
amplitude dos conhecimentos, habilidades e competências que estão 
sendo avaliados. Assim, o PISA procura verificar a operacionalização 
de esquemas cognitivos em termos de: 
 
 
• Conteúdos ou estruturas do conhecimento que os alunos 
precisam adquirir em cada domínio; 
• Processos a serem executados; 
• Contextos em que esses conhecimentos e habilidades são 
aplicados. 
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2. INDICADORES CONTEXTUAIS. 
 
Além de obter informações sobre os domínios avaliados, o PISA visa 
a coletar informações básicas para a elaboração de indicadores 
contextuais, os quais relacionarão os conhecimentos, as habilidades e 
competências às variáveis demográficas, econômicas e educacionais. 
Essas informações são coletadas por meio da aplicação de 
questionários específicos para os alunos e para as escolas. 
 
Segundo PAULO AUGUSTO DE PODESTÁ BOTELHO – Professor 
Universitário e Consultor de Empresas – “No mundo todo há entre 
800 a 900 milhões de analfabetos funcionais. São pessoas com menos 
de 4 anos de escolarização; mas podem-se encontrar, também, 
pessoas com formação superior e exercendo funções-chave em 
empresas e instituições, tanto privadas, quanto públicas. elas não têm 
habilidades de leitura compreensiva, escrita e cálculo para fazer 
frente às necessidades de profissionalização e tampouco da vida 
sócio-cultural”. 
 
A queda da produtividade provocada pela deficiência em 
habilidades básicas resulta em perdas e danos da ordem de US$ 6 
bilhões por ano no mundo inteiro. Por quê? Porque são pessoas que 
não entendem sinais de aviso de perigo, instruções de higiene e 
segurança do trabalho, orientações sobre processo produtivo, 
procedimentos da qualidade total e negligência dos valores da 
organização empresarial. Eis ai o CALCANHAR DE AQUILES de 
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tantas organizações: DECLARAÇÃO DE VALORES. Uma 
declaração de valores é um conjunto de crenças e princípios que 
orientam as atividades e operações de uma organização empresarial, 
independente de seu porte ou ramos de atividade. 
 
Faça o LETRAMENTO da pressente frase atribuída ao escritor Mário 
Quintana: 
 
 
“Os livros não mudam o mundo. Quem muda o mundo são as 
pessoas. Os livros só mudam as pessoas”. 
 
 
Para avaliarmos essa afirmação, o livro de LIEV TOLSTOI, “O Reino 
de Deus está em Vós”, republicado pela sua neta Tânia Tolstóis, 
depois de permanecer por 100 no índex de obra proibida pelo 
governo Russo, isto porque, com a publicação do romance 
RESSURREIÇÃO em 1899, Tolstoi foi excomungado pela Igreja 
Ortodoxa Russa. E, Mahatma Gandhi ao ler o livro do autor declarou: 
“A leitura de O Reino de Deus está em vós me curou do ceticismo e 
fez de mim um firme seguido da não violência”. 
 
 
 
 
 
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 “E no meio de um inverno eu finalmente aprendi que havia dentro 
de mim um verão invencível”. 
ALBERTO CAMUS – Escritor Francês. 
“Liberdade busca jeito. Sou água que corre entre pedras. Quem 
anda no trilho é trem de ferro”. 
MANOEL DE BARROS – Poeta brasileiro 
 
 
 
3. AVALIAÇÃO EMOCIONAL. 
 
 
 
 
“Os que estão à mercê dos impulsos – os que não têm autocontrole – 
sofrem de uma deficiência moral. A capacidade de controlar os 
impulsos é a base de força de vontade e do caráter. Justamente por 
isso, a raiz do altruísmos está na EMPATIA, a capacidade de ler 
emoções nos outros, sem um senso da necessidade ou desespero do 
outro, não há envolvimento. E se há duas posições morais que nossos 
tempos exigem são precisamente estas, AUTOCONTROLE E 
PIEDADE”. 
 
 
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“As pessoas com prática emocional bem desenvolvida têm mais 
probabilidade de sentirem-se satisfeitas e serem eficientes em suas 
vidas, dominando os hábitos mentais que fomentam sua 
produtividade, as que não conseguem exercer algum controle sobre a vida 
emocional travam batalhas internas que sabotam suas capacidade de se 
concentrar no trabalho e pensar com clareza”. 
LEITURA CITADA E SUGERIDA: GOLEMAN, Daniel, 
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL – A Teoria Revolucionária que 
Redefine o que é ser INTELIGENTE, Rio de Janeiro, Editora Objetiva, 
2009. 
 
 
 
 
 
4. TEXTOS PARA ANÁLISE E REFLEXÃO. 
 
 
 
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• “Ler não é simplesmente decodificar os caracteres negros 
impressos linearmente em papel branco. Ler é muito mais: é 
interpretar, capturar os sentidos ocultos nos signos aparentes e 
vivê-los. Ler é compreender, com GADAMER, que um texto 
comporta inúmeras camadas de significação, algumas mais 
evidentes e outras mais recôndidas. Cabe à nossa inteligência 
transitar por essas camadas, de modo a haurir-lhes o sentido. 
Não se escreve apenas nas linhas, mas, nas entrelinhas. Nesse 
sentido, para ler, é preciso liberar alguma sensibilidade.” (In 
Maria Francisco Carneiro, Pesquisa Jurídica – Metodologia da 
aprendizagem, Curitiba/Pr, Juruá Editora, 1999, p.32). 
 
• “O conhecimento deve ser neutro, e não se apoiar em valores, 
sem influências ou viesses do sujeito. Desse modo, buscava-se 
separar o sujeito do objeto do conhecimento. Quanto maior fosse 
a separação e a distância, tanto mais válido seria o 
conhecimento”. (In Maria Francisca Carneiro, Pesquisa Jurídica 
– Metodologia da Aprendizagem, Curitiba/Pr, Ed. Juruá, 1999, 
p.24). 
 
 
 
“ONDE QUEIMAMLIVROS, ACABAM QUEIMANDO 
HOMENS”. HERINCH HEINE. Almansor, 1821.(Extraído do 
Texto do Livro História Universal da Destruição dos Livros – Das 
Tábuas Sumérias à guerra do Iraque - Fernando Báez, Rio de 
Janeiro, Editora Ediouro, 2006). 
 
 
 
 
 
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Sartre sintetizou na famosa frase da peça teatral HUIS CLOS 
(1945): “O INFERNO SÃO OS OUTROS”. Não funciona, diz 
Moacyr Scliar. “Ser é sempre ser-com-outro, e assim dependemos 
profundamente desse outro”. 
 
 
 
 
 
 
A LEITURA – UM PROCESSO DE CONHECIMENTO. 
 
 
Toda vida merece um livro. Ninguém ousa discordar dessa frase 
atribuída ao famoso escritor peruano MARIO VARGAS LLOSA, 
mas, diante do papel fundamental que a leitura exerce no 
desenvolvimento humano, não seria exagero afirmar que toda vida 
merece vários, muitos, incontáveis livros. 
 
Isso porque incorporá-los ao nosso dia a dia, na forma que for, só traz 
benefícios. Para começo de conversa, ler jornal, revista, livro, 
revistinha enriquece o vocabulário, melhora a escrita, estimula a 
criatividade e leva a imaginação para bem longe, o que acaba 
desanuviando a mente e, por conseqüência, aliviando o estresse. 
 
Como se não bastasse, a atividade amplia o nosso leque de 
conhecimento e auxiliar o cérebro a se manter saudável, pois 
funciona como uma espécie de “academia” para o órgão. 
 
E as vantagens não param por aí. “A leitura ajuda a estrutura idéias, 
a tomar decisões, a questionar valores. Ela faz com que a gente 
desenvolva um olhar crítico e independente sobre a realidade que 
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nos cerca”, explicar ELIANA YUNES, professora do departamento 
de Letras da PUC-Rio e supervisora da cátedra UNESCO de Leitura 
PUC-Rio, na capital fluminense. 
 
Uma pesquisa realizada pela Universidade de Roma III, na Itália, e 
divulgada no ano passado, garante até que as pessoas que leem 
regularmente são mais calmas, otimistas e felizes do que aquelas que 
não têm intimidade com o universo das palavras. Uma boa razão 
para experimentar não? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Centro de Ciências Jurídicas – Curso de Direito – Campus Milton Vianna 
Disciplina: DIREITOS REAIS. 
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2019. 
 
 
 
 
CALENDÁRIO DE PROVAS –1º SEMESTRE DE 2019. 
De acordo com o calendário acadêmico 2019 da FDC. 
 
 
DISCIPLINA 
 
 
TURNO 
 
1ª PROVA. 
 
2ª PROVA. 
 
SEGUNDA 
CHAMADA 
 
EXAME 
FINAL 
 
 
6º PERIODO 
A – SALA 
 
 
 
MANHÃ 
 
 
17.04.19 
 
 
12.06.19 
 
 
26.06.19 
 
 
01.07.19 
 
 
OBSERVAÇÕES. 
1. As provas bimestrais serão objetivas + interpretação de jurisprudência e texto dissertativo referente à 
avaliação de conteúdo crítico cujos valores serão, respectivamente, 5,00 (cinco), 2,00 (dois) e 3,00 (três) 
pontos. As provas correspondentes à segunda chamada e exame final serão subjetivas, contendo cinco 
questões dissertativas, sendo que a cada uma será atribuído valor igual a 2,00 (dois) pontos. 
2. Segundo determinação do CONSELHO DE ENSINO E PESQUISA DA UTP: art. 1º: “o aluno 
regularmente matriculado poderá requerer a avaliação em segunda chamada em qualquer disciplina a 
que tenha faltado. O requerimento deverá ser formalizado até uma semana antes da realização da 
avaliação”. 
3. Art. 4º: “as avaliações em segunda chamada deverão contemplar exclusivamente o conteúdo 
ministrado no período correspondente por aquelas não realizadas”. 
4. As demais orientações serão fornecidas pelo professor da disciplina em sala de aula. 
claytonreis2003@yahoo.com.br 
 
 
 
 
 
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EDUCAÇÃO SUPERIOR: FREQUÊNCIA DE ALUNOS E 
PROFESSORES. 
 
 
Recebo, com razoável frequência, consulta de gestores acadêmicos de 
instituições de educação superior (IES) sobre diversas questões relacionadas 
ao abono de faltas e aos exercícios domiciliares ou regime especial. Há leis 
que tratam do assunto. Este é o tema do artigo desta semana. 
 
Na LDB, o § 3o do art. 47 da Lei nº 9.394, de 1996, diz que “é obrigatória a 
frequência de alunos e professores, salvo nos programas de educação a 
distância”. 
No ensino presencial, antes da LDB de 1996, era exigida, para os alunos, a 
freqüência mínima de 75% das aulas e atividades programadas. Ao aprovar 
os estatutos e regimentos das IES, o Ministério da Educação tem exigido 
esse percentual mínimo, para atender ao disposto no Parecer CES/CNE nº 
282/2002, homologado pelo ministro da Educação. 
Na educação superior não há abono de faltas, exceto nos seguintes casos, 
expressamente previstos em lei: 
 
a) Alunos reservistas. O Decreto-lei nº 715, de 1969, em vigor, assegura o 
abono de faltas para todo convocado e matriculado em Órgão de Formação 
de Reserva ou reservista que seja obrigado a faltar às suas atividades civis 
por força de exercício ou manobra, exercício de apresentação das reservas 
ou cerimônias cívicas, e o Decreto Nº 85.587, de 1980, estende essa 
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justificativa para o Oficial ou Aspirante-a-Oficial da Reserva, convocado 
para o serviço ativo, desde que apresente o devido comprovante. A lei não 
ampara o militar de carreira. Suas faltas, mesmo que independentes de sua 
vontade, não terão direito a abono, por força de lei; 
b) Aluno com representação na Conaes. O estudante que tiver 
representação como membro da Comissão Nacional de Avaliação da 
Educação Superior (Conaes), nos termos doart. 7º, § 5º, da Lei nº 10.861, de 
2004, que institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior 
(Sinaes), tem direito a abono de suas faltas. As IES “deverão abonar as faltas 
do estudante que, ..., tenha participado de reuniões da Conaes em horário 
coincidente com as atividades acadêmicas”. 
A legislação vigente permite, por outro lado, tratamento excepcional para os 
estudantes que não possam frequentar as aulas, por tempo determinado, com 
base no Decreto-lei nº 1044, de 1969, em vigor, e na Lei nº 6.202, de 1975. 
Não se trata de abono de faltas, mas do cumprimento do “trabalho 
acadêmico efetivo” em regime domiciliar. O estudante não frequentará as 
atividades acadêmicas na IES, mas terá que executar os trabalhos 
acadêmicos, sob supervisão docente, onde estiver internado. 
O Decreto-lei Nº 1.044, de 1969, dispõe sobre o tratamento excepcional para 
os alunos portadores das afecções que indica, podendo atribuir-lhes, como 
compensação da ausência às aulas, exercícios domiciliares com 
acompanhamento da instituição de ensino, sempre que compatíveis com o 
estado de saúde do estudante e as possibilidades do estabelecimento. Eis o 
texto do referido decreto-lei: 
Art. 1º São considerados merecedores de tratamento excepcional os alunos 
de qualquer nível de ensino, portadores de afecções congênitas ou 
adquiridas, infecções, traumatismo ou outras condições mórbidas, 
determinando distúrbios agudos ou agonizados, caracterizados por: 
a) incapacidade física relativa, incompatível com a freqüência aos trabalhos 
escolares; desde que se verifique a conservação das condições intelectuais e 
emocionais necessárias para o prosseguimento da atividade escolar em 
novos moldes; 
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b) ocorrência isolada ou esporádica; 
c) duração que não ultrapasse o máximo ainda admissível, em cada caso, 
para a continuidade do processo pedagógico de aprendizado, atendendo a 
que tais características se verificam, entre outros, em casos de síndromes 
hemorrágicos (tais como a hemofilia), asma, cartide, pericardites, afecções 
osteoarticulares submetidas a correções ortopédicas, nefropatias agudas ou 
subagudas, afecções reumáticas, etc. 
Art. 2º Atribuir a esses estudantes, como compensação da ausência às aulas, 
exercício domiciliares com acompanhamento da escola, sempre que 
compatíveis com o seu estado de saúde e as possibilidades do 
estabelecimento. 
Art. 3º Dependerá o regime de exceção neste Decreto-lei estabelecido, de 
laudo médico elaborado por autoridade oficial do sistema educacional. 
Art. 4º Será da competência do Diretor do estabelecimento a autorização, à 
autoridade superior imediata, do regime de exceção. 
Fica a pergunta, que não quer calar: que doença é essa – “etc.” – que encerra 
a redação da alínea “c”? 
É reconhecido na redação parlamentar que nenhuma norma legal deve conter 
exemplos ou a forma genérica do “etc.”, como citado decreto-lei, dos “anos 
de chumbo”. 
Os exercícios domiciliares, como forma de compensação da ausência às 
aulas regulares, deve ter o acompanhamento de professor designado pelo 
gestor competente da IES, nos termos de seu estatuto, regimento geral, 
regimento ou regulamento, “sempre que compatíveis com o (seu) estado de 
saúde e as possibilidades” da instituição. Cada IES deve, portanto, ter 
regulamento próprio para os exercícios domiciliares, que não são concedidos 
automaticamente. Não basta o aluno apresentar atestado médico que 
comprove de que é portador de “afecções congênitas ou adquiridas, 
infecções, traumatismo ou outras condições mórbidas, determinando 
distúrbios agudos ou agonizados”. Nos termos do regulamento da IES, os 
exercícios domiciliares poderão ser concedidos, desde que compatíveis com 
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o estado de saúde do estudante e as possibilidades da instituição. O gestor 
pode indeferir o pedido, justificadamente, de acordo com os ordenamentos 
internos da IES. 
A Lei nº 6.202, de 1975, atribui à estudante em estado de gestação o regime 
de exercícios domiciliares, instituído no Decreto-lei nº 1.044, de 1969. Eis o 
texto da lei: 
Art. 1º A partir do oitavo mês de gestação e durante três meses a estudante 
em estado de gravidez ficará assistida pelo regime de exercícios domiciliares 
instituído pelo Decreto-lei número 1.044, 21 de outubro de 1969. 
Parágrafo único. O início e o fim do período em que é permitido o 
afastamento serão determinados por atestado médico a ser apresentado à 
direção da escola. 
Art. 2º Em casos excepcionais devidamente comprovados mediante atestado 
médico, poderá ser aumentado o período de repouso, antes e depois do parto. 
Parágrafo único. Em qualquer caso, é assegurado às estudantes em estado de 
gravidez o direito à prestação dos exames finais. 
Art. 3º Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as 
disposições em contrário. 
A partir do 8º mês de gestação e durante três meses a estudante ficará 
assistida pelo regime de exercícios domiciliares. Esse período, “em casos 
excepcionais”, poderá ser ampliado, antes e depois do parto, com base em 
atestado médico, assim como o início e o fim do período de afastamento. 
A Lei nº 6.202, de 1975, que atribui à estudante em estado de gestação o 
regime de exercícios domiciliares instituído pelo Decreto-lei nº 1.044, de 
1969, diz, no parágrafo único, art. 2º, que, “em qualquer caso, é assegurado 
às estudantes em estado de gravidez o direito à prestação dos exames finais 
(grifei). 
A aluna em estado de gravidez amparada pela Lei nº 6.202, de 1975, e os 
beneficiados pelo Decreto-lei nº 1.044, de 1969 estão sujeitos às provas, 
exames, testes aplicados durante o período em que estiverem de licença e 
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submetidos ao regime de exercícios domiciliares. Essas aferições da 
aprendizagem devem ser inseridas no programa ou plano dos “exercícios 
domiciliares”, se os mesmos forem deferidos. A participação nos “exames 
finais”, quando houver, caso a estudante “não tenha realizado os exames 
parciais ou tenha obtido nota zero nos mesmos”, é permitido somente à 
estudante em estado de gestação. 
Os exercícios domiciliares, em ambos os casos, devem atender, ainda, ao 
processo de aprendizagem. As atividades práticas, realizadas em laboratórios 
ou em campo, ou estágios profissionais, realizados em situações reais, não 
podem ser contemplados nos exercícios domiciliares, pois essas atividades 
não têm como ser efetivadas em domicílio ou no estabelecimento em que 
esteja internado o aluno ou a aluna. Nessas situações, o trancamento de 
matrícula é a medida adequada, que deve ser recomendada ao estudante. 
Nesses dois casos não há abono de faltas. A presença às aulas é substituída 
por exercícios domiciliares, que devem ser executados durante o prazo 
estabelecido em atestado médico. A concessão dos exercícios domiciliares 
não é automática. O aluno deve requerer e a IES poderá ou não conceder, 
desde que a duração de tais exercícios não ultrapasse o máximo ainda 
admissível, em cada caso, para a continuidade do processo pedagógico de 
aprendizado. 
O gestor acadêmico não é competente para avaliar a validade de atestado 
médico. Quando essa dúvida ocorrer, o gestor deve ser assistido por um 
perito médico ou uma comissão médica, queemitirá parecer técnico sobre o 
caso. 
 Estudantes Adventistas 
Não há nenhuma lei ou norma federal que beneficie os alunos Adventistas 
do 7º Dia com abono de faltas pela ausência às aulas das 18h de sexta-feira 
às 18h de sábado. Caso faltem às aulas por motivos religiosos terão suas 
faltas registradas e poderão ser reprovados por não cumprirem o mínimo de 
75% de freqüência. 
Não há amparo legal para o abono de faltas por motivos religiosos. O 
Conselho Federal de Educação, pelo Parecer CFE nº 430/1984, referendado 
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pelos Pareceres 15/1999, da Câmara de Educação Básica, e 336/2000, da 
Câmara de Educação Superior do CNE, firmou jurisprudência no sentido de 
que os alunos, por motivos religiosos, que não puderem comparecer às aulas, 
em certos dias da semana, serão considerados faltosos. Nos pareceres 
citados, decide-se que, por motivos de convicção religiosa – especificamente 
os que são “adventistas do sétimo dia” –, os alunos não podem receber 
tratamento diferenciado dos demais, ateus ou que professem outras religiões. 
As IES confessionais Adventistas ou as que não queiram prejudicar os 
alunos que se enquadrem nesses casos, podem ter calendário acadêmico 
diferenciado ou especial, desde que atendam ao mínimo de duzentos dias 
letivos de “trabalho acadêmico efetivo”. 
Alguns Estados têm legislado a respeito. Um exemplo é a Lei nº 12.142, de 
2005, do Estado de São Paulo, que estabelece que “as provas de concurso 
público ou processo seletivo para provimento de cargos públicos e os 
exames vestibulares das universidades públicas e privadas serão realizados 
no período de domingo a sexta-feira, no horário compreendido entre as 8h e 
as 18h” e dá outras providências. Eis a lei: 
Art. 1º As provas de concurso público ou processo seletivo para provimento 
de cargos públicos e os exames vestibulares das universidades públicas e 
privadas serão realizados no período de domingo a sexta-feira, no horário 
compreendido entre as 8h e as 18h. 
§ 1º Quando inviável a promoção de certames em conformidade com o 
caput, a entidade organizadora poderá realizá-los no sábado, devendo 
permitir ao candidato que alegar motivo de crença religiosa a possibilidade 
de fazê-los após as 18h. 
§ 2º A permissão de que trata o parágrafo anterior deverá ser precedida de 
requerimento, assinado pelo próprio interessado, dirigido à entidade 
organizadora, até 72 (setenta e duas) horas antes do horário de início do 
certame. 
§ 3º Na hipótese do § 1º, o candidato ficará incomunicável desde o horário 
regular previsto para os exames até o início do horário alternativo para ele 
estabelecido previamente. 
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Art. 2º É assegurado ao aluno, devidamente matriculado nos 
estabelecimentos de ensino público ou privado, de ensino fundamental, 
médio ou superior, a aplicação de provas em dias não coincidentes com o 
período de guarda religiosa previsto no caput do artigo 1º. 
§ 1º Poderá o aluno, pelos mesmos motivos previstos neste artigo, requerer à 
escola que, em substituição à sua presença na sala de aula, e para fins de 
obtenção de freqüência, seja-lhe assegurada, alternativamente, a 
apresentação de trabalho escrito ou qualquer outra atividade de pesquisa 
acadêmica, determinados pelo estabelecimento de ensino, observados os 
parâmetros curriculares e plano de aula do dia de sua ausência. 
§ 2º Os requerimentos de que trata este artigo serão obrigatoriamente 
deferidos pelo estabelecimento de ensino. 
Art. 3º As despesas decorrentes da execução desta lei correrão à conta das 
dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário. 
As IES localizadas no Estado de São Paulo ou em outra unidade da 
Federação que tenha lei similar, embora integrantes do sistema federal de 
ensino, sujeitas às leis federais, não devem se excusar ao cumprimento dessa 
norma legal. 
 
Estudante convocado pela Justiça Eleitoral 
A lei não traz previsão expressa de abono ou justificativa de falta na hipótese 
de estudante que atue no processo eleitoral, durante as eleições, por 
convocação da Justiça Eleitoral. Dispõe o art. 98 da Lei n. 9.504, de 1997: 
Art. 98. Os eleitores nomeados para compor as Mesas Receptoras ou Juntas 
Eleitorais e os requisitados para auxiliar seus trabalhos serão dispensados 
do serviço, mediante declaração expedida pela Justiça Eleitoral, sem 
prejuízo do salário, vencimento ou qualquer outra vantagem, pelo dobro dos 
dias de convocação. 
Há previsão legal expressa de dispensa do comparecimento ao “serviço”, 
pelo dobro dos dias de convocação, e sem prejuízo de salário, remuneração 
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ou qualquer outra vantagem para os empregados/eleitores nomeados para 
atuar como mesário ou em outra função no processo eleitoral. 
 A lei não prevê a situação de aluno convocado para atuar como mesário. Por 
estar o estudante prestando serviço público relevante, cabe a cada IES, 
todavia, disciplinar a matéria. 
 
Estudante em competições esportivas 
A Lei nº 9.615, de 1998, que institui normas gerais sobre desporto e dá 
outras providências – a Lei Pelé – não beneficia alunos matriculados em 
instituições de ensino. O benefício é concedido somente a “atleta servidor 
público civil ou militar, da Administração Pública direta, indireta, autárquica 
ou fundacional, ... convocado para integrar representação nacional em 
treinamento ou competição desportiva no País ou no exterior”, conforme 
dispõe o art. 84, transcrito em seguida: 
Art. 84. Será considerado como efetivo exercício, para todos os efeitos 
legais, o período em que o atleta servidor público civil ou militar, da 
Administração Pública direta, indireta, autárquica ou fundacional, estiver 
convocado para integrar representação nacional em treinamento ou 
competição desportiva no País ou no exterior. (Redação dada pela Lei nº 
9.981, de 2000) 
§ 1º O período de convocação será definido pela entidade nacional da 
administração da respectiva modalidade desportiva, cabendo a esta ou aos 
Comitês Olímpico ou Paraolímpico Brasileiros fazer a devida comunicação e 
solicitar ao INDESP a competente liberação do afastamento do atleta ou 
dirigente. (Redação dada pela Lei nº 9.981, de 2000) 
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se, também, aos profissionais 
especializados e dirigentes, quando indispensáveis à composição da 
delegação. 
Não há, portanto, a previsão de abono de faltas ou exercícios domiciliares 
para o estudante-atleta. 
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Prof. Dr. Clayton Reis. 
Curitiba-Pr. 
 
25 
 
 
Frequencia docente 
 
 
 
 
A frequência dos professores às atividades acadêmicas é disciplinada nos 
ordenamentos internos de cada IES – estatuto, regimento geral, regimento, 
regulamento ou plano de carreira. Devo registrar, todavia, que a ausência do 
professor às aulas e demais trabalhos acadêmicos com supervisão docente, 
quando não substituído por outro docente, deve ensejar a reposição dessas 
atividades. Em qualquer hipótese, o aluno tem direito a essa reposição. 
 
 
 
 
Prof. Dr. CLAYTON REIS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNICURITIBA – Centro Universitário de Curitiba. 
Faculdadede Direito – Campus Milton Vianna. 
Programação de aulas de Direitos Reais/Coisas. 
Prof. Dr. Clayton Reis. 
Curitiba – Pr. 
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Prof. Dr. Clayton Reis. 
Curitiba-Pr. 
 
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I.DISCIPLINA: Direito Civil: Direitos Reais 
 
ANO: 2019 PERÍODO: 7º REGIME: Semestral C/H: 80 horas 
PROFESSOR: CLAYTON REIS. 
EMENTA. 
Fundamentos jurídicos do Direito das Coisas. A relação jurídica homem/coisa. Fundamentos da 
Posse. Fundamentos da Propriedade. Direitos de Vizinhança. Direitos reais de gozo ou fruição. 
Condomínio. Direitos reais de garantia. Direito real de aquisição. Direitos Reais sobre Coisas 
Alheias. Direitos Autorais. 
 
II COMPETÊNCIAS E HABILIDADES 
 
Além das competências e habilidades gerais, previstas no art. 4º, da RESOLUÇÃO CNE/CES N° 
9, DE 29 DE SETEMBRO DE 2004 Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Direito, o 
conhecimento adquirido na disciplina permitirá ao aluno desenvolver as habilidades especificas 
para: descrever, definir, classificar, analisar, comparar, avaliar, explicar, interpretar, argumentar, 
sintetizar os diversos institutos relacionados aos Direitos das Coisas. Associar o conteúdo teórico 
com sua aplicabilidade prática. Relacionar as normas instituídas com as exigências sociais. 
Moldar a capacidade crítica relacionada à Disciplina. Elaborar, por escrito, o que foi ensinado de 
forma reflexiva; debater, tomando posição, defendendo-a ou refutando-a com argumentos 
consistentes os problemas relacionados com os conflitos decorrentes do direito de propriedade; 
solucionar problemas com base na legislação, doutrina e jurisprudência de forma autônoma e 
reflexiva. 
 
III TEMAS DE ESTUDO 
 
1.Teoria Geral dos Direitos Reais 
1.1.Conceito de coisas/bens; 1.2.Terminologias; 1.3.Natureza jurídica sobre a propriedade; 
1.4.Distinções: direitos reais e direitos pessoais (obrigacionais); 1.5.Características e objeto; 
1.6.Classificações; 
1.7. Figuras Hibridas. 
2. Posse 
2.1.Conceito; 2.2.Teorias; 2.3.Natureza jurídica; 2.4.Composse; 2.5.Classificação; 2.6.Tutela 
possessória; 2.7.Aquisição e perda da posse; 2.8.Efeitos da posse; 2.9.Ações possessórias. 
 
3. Propriedade 
3.1.Conceito; 3.2.Elementos constitutivos; 3.3.Objeto; 3.4.Função social da propriedade; 
3.5.Extensão do direito de propriedade; 3.6.Limitações ao direito de propriedade; 3.7.Aquisição da 
propriedade imóvel; 3.8.Aquisição da propriedade móvel; 3.9.Usucapião; 3.10. Perda da 
propriedade; 3.11.Direitos de vizinhança; 3.12.Propriedade resolúvel; 3.13. Propriedade fiduciária; 
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3.14. Condomínio em geral (tradicional); 3.15. Condomínio edilício; 
 
4. Direitos reais de gozo ou fruição 
4.1.Superfície; 4.2.Servidões; 4.3.Usufruto; 4.4.Uso; 4.5.Habitação. 
 
5. Direitos reais de aquisição - Promessa de compra e venda 
 
6. Direitos reais de garantia 
6.1.Penhor; 6.2.Hipoteca; 6.3.Anticrese 
 
7. Direitos Autorais 
7.1 Introdução; 7.2 Objeto; 7.3 Direitos Patrimoniais; 7.4 Direitos Morais; 7.5 Limitações; 7.6 
Exceções; 7.7 Interpretação. 
 
IV METODOLOGIA 
 
Utilização de diferentes técnicas de ensino e aprendizagem que se completam para estimular o 
pensamento crítico-reflexivo a partir de métodos individualizados (estudo dirigido, pesquisas, 
análise de decisões jurídicas, elaboração de textos e documentos jurídicos variados, dissertação, 
resolução de questões, estudo de caso, etc.) e métodos socializados (aulas teóricas e práticas 
dialogadas através da exposição visual de textos doutrinários e jurisprudenciais; dinâmicas em 
grupos, método de caso, aprendizagem por problemas/saber fazer aprender a debater, 
participação em audiências e mediação do NPJ) em coerência com o Plano de Ensino IN 16/2009 
e Plano de Aula IN 17/2009. 
 
V TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO 
 
Avaliação bimestral da aprendizagem, conforme calendário acadêmico. A verificação do 
desempenho acadêmico é realizada de acordo com a natureza da disciplina ou atividade e 
operacionalizada por meio de provas, trabalhos, pesquisas, estudo dirigido, exercícios realizados 
em sala de aula ou fora dela, argüições, resolução de questões teóricas e práticas, seminários, 
estudo de caso, diversas técnicas e instrumentos. Não há critérios de avaliação únicos a serem 
adotados pelo curso, eles serão definidos pelos professores em cada disciplina, respeitada a sua 
autonomia. O sistema de avaliação do processo ensino-aprendizagem no curso de Direito mantém 
coerência com o disposto na DCN do curso de direito, art. 9º, parágrafo único, no Regimento 
Geral e na IN 08/2008-CONSEPE e em coerência com o Plano de Ensino IN 16/2009 e Plano de 
Aula IN 17/2009. 
 
VI PROPOSTA DE INTERDISCIPLINARIEDADE E ATIVIDADES PRÁTICAS 
 
A compreensão da transferência da posse e propriedade tendo em conta o processo sucessório 
em face do parentesco; a expropriação da propriedade por interesse público em direito 
administrativo; na ciência política a propriedade dos meios de produção como fonte do poder 
econômico; a garantia dos direitos de propriedade por meios legais eficazes previstos no processo 
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civil. As reflexões serão estimuladas através de exercícios e diálogos em sala. A preservação 
ambiental como limitador do exercício do direito de propriedade de imóveis. 
 
VII BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro - direito das coisas. V.4 30 ed. São 
Paulo: Saraiva, 2015 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: direito das coisas. 9. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2014. V. 5. 
LÔBO, Paulo Luiz. Direito Civil: coisas. São Paulo: Saraiva, 2015. 
DINIZ, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro – Direito das Coisas, 27ª edição, São Paulo, 
Editora Saraiva, 2012. 
NERY, Rosa Maria de Andrade, NEY JUNIOR, Nelson, Instituições de Direito Civil – Patrimoniais 
e Reais, Vol. IV, São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 2016. 
 
VIII BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
 
FARIAS, Cristiano Chaves de. Direitos reais. RJ: Lúmen Juris, 2009 
KÜMPEL, Frederico Vitor. Direito Civil IV - direito das coisas. v. 4. São Paulo: Saraiva, 2010. 
MATHIAS, Maria Ligia Coelho. Direito Civil: direitos reais. v.7. São Paulo: Atlas, 2011 
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil. RJ: Forense, 2009 
RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas. 4. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2009. 
SALLES, Venício. Direito registral imobiliário. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. 
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: contratos em espécie. São Paulo: Atlas, 2010. 
COELHO, Fábio Ulhoa, Curso de Direito Civil, vol. 4, São Paulo, Editora Saraiva, 2006. 
VENOSA, Silvio de Salvo, Código Civil Interpretado, 2ª edição, São Paulo, Editora Atlas, 2011. 
MONTEIRO, Washington de Barros, atualizado por Carlos Alberto Dabus Maluf, Curso de Direito 
Civil – Direito das Coisas, vol. 3, São Paulo, Editora Saraiva, 2003. 
 
 
 
 
 
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UNICURITIBA – Centro Universitário de Curitiba. 
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS – Faculdade de Direito. 
Disciplina: Direito Reais - Prof. Dr. Clayton Reis 
Campus Milton Vianna. 
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2019. 
 
 
 
 
 
 
PROGRAMA DE AULAS DE DIREITO REAIS/COISAS. 
 
 
 
 
 
1. FUNDAMENTOS DOS DIREITO DAS COISAS – DIREITOS 
REAIS E DIREITOS PESSOAIS. 
 
 
 
 
1.1. DEFINIÇÃO. O direito das coisas corresponde ao poder do homem, no 
aspecto jurídico, sobre a natureza física, nas suas variadas manifestações; e 
em se regular a aquisição o exercício e a perda daquele poder, à luz dos 
princípios consagrados, nas leis positivas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Segundo Roberto Senise Lisboa1, “Tanto a pessoa física como a pessoa 
jurídica – pode ser titular de direitos extrapatrimoniais (como os direitos 
estéticos e os direitos de personalidade) e de direitos patrimoniais”. 
 
 
 
No Direito Real há uma vinculação entre a coisa e a pessoa, que torna 
possível ao agente “... o proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor 
da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem que injustamente a possua 
ou detenha”. (artigo 1.228 do CCB). 
 
 
 
Para DEMOLOMBE – “O DIREITO REAL É AQUELE QUE CRIA 
UMA RELAÇÃO DIRETA E INDIRETA, DE TAL MANEIRA QUE 
NELA SÓ SE ENCONTRAM DOIS ELEMENTOS A SABER: a pessoa 
que é o sujeito ativo do direito e a coisa que dele é objeto”. O direito real 
vale contra todos – é princípio de natureza ERGA OMNES. 
 
 
 
Os direitos reais, que antes eram enumerados em nove pelo artigo 674 do 
CCB-1916, atualmente, são considerados como sendo doze previstos no 
artigo 1.225 do CCB-2002. O novo ordenamento civil introduziu dois novos 
direitos reais – a superfície, direito do promitente comprador e a 
concessão de direito real de uso. Segundo preceito prescrito em nosso 
ordenamento jurídico os direitos reais são numerus clausus, ou seja, são 
restritos aqueles apontados pelo ordenamento jurídico. 
 
 
 
 
1 LISBOA, Roberto Senise, Direitos Reais e Direitos Intelectuais, 4ª Edição, São Paulo, Editora Saraiva, 
2009, p.1. 
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Todavia, há posições antagônicas. Para o Direito romano os DIREITOS 
REAIS decorrem daqueles enumerados na lei. E, para o Direito francês, os 
direitos reais nascem a partir do momento em que as partes convencionam 
aqueles enumerados por convenção consensualizada. 
 
 
 
Segundo ORLANDO GOMES2, “a característica do direito real será sempre 
o fato de se exercer diretamente, sem interposição de quem quer que seja, 
enquanto o direito pessoal supõe necessariamente a intervenção de outro 
sujeito de direito.” 
 
 
. 
 
As características determinantes dos direitos reais são o direito de 
SEQUELA e o direito de PREFERÊNCIA. Já se disse, com razão, que 
constituem as suas superioridades sobre os direitos de crédito. 
 
 
 
 
A lei de direitos autorais N. 5.988/73 retirou do CCB DE 1916 a matéria de 
direitos autorais e deu disciplina própria, evitando qualquer conotação com o 
direito de propriedade e mesmo com o direito das coisas. O Código Civil de 
2002 manteve essa disposição, remetendo a questão à nova Lei sobre 
DIREITOS AUTORAIS – a Lei número 9.610/98. 
 
 
 
 
2. GOMES, Orlando, Direitos Reais, 14a., Ed., Rio de Janeiro/RJ, Editora Forense, 1999, p.5. 
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Segundo o professor JOSE DE OLIVEIRA ASCENÇÃO, ela se insere na 
ordem das coisas livres, sendo o direito do autor ”um circulo de atuação”, 
com limitação das atividades dos membros da comunidade. O direito do 
autor deve ser caracterizado como UM DIREITO DE MONOPOLIO OU, 
SEGUNDO ORLANDO GOMES3, como um DIREITO EXCLUSIVO. 
 
Para a doutrina alemã é necessário uma relação causal ou fundamental – o 
contrato de compra e venda não transfere a propriedade se não for válido. 
Numa palavra o modo de aquisição é condicionado à validade do título que 
lhe serve de base. 
. 
 
Segundo ORLANDO GOMES4, “o direito real tem duas manifestações, uma 
necessária e a outra possível; ou exercermos sobre nossas próprias coisas – 
jus in re própria, ou sobre coisas dos outros – jus in re aliena. JUS IN RE 
PROPRIA é a propriedade com todos os seus direitos elementares. JUS IN 
RE ALIENA, o direito real, que tem por objeto a propriedade limitada.” 
 
 
 
 
Para CLÓVIS BEVILAQUA, “não há direito real senão quando a lei o 
declara”. Os direitos pessoais são inumeráveis. O antigo artigo 24 da Lei 
N. 6.649/79 (Lei de Locação) conferia ao locatário o direito de preferência 
no caso de venda do imóvel pelo locador – no entanto, o referido dispositivo 
legal não fazia referência se se tratava de um direito real ou pessoal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 . Idem, p. 11. 
4. Idem, p. 14. 
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Atualmente, o artigo 27 da Lei N. 8.245/91 (Lei de Locação) assegura ao 
locatário o direito de preferência no caso de venda do imóvel, que o artigo 
33 da mesma lei assegura o direito real – transferência do registro do imóvel, 
se o locatário depositar o valor nos seis meses seguintes ao registro realizado 
perante o oficial do registro de imóveis. TRATA-SE DE UM DIREITO 
REAL, que foi convertido pela nova lei. De qualquer forma, o texto legal 
(art. 33 da Lei de Locação) assegura o direito de preferência (PERDAS E 
DANOS) ou direito real (REGISTRO DO IMÓVEL) . 
 
 
 
Anteriormente essa questão suscitou debates. O STF (Agravo de 
Instrumento N. 30.568/64 – DJU 02.04.64) definiu como sendo direito 
pessoal o direito de preferência do locatário no sistema de locação anterior. 
A lei N. 3.912/61, foi revogada pela Lei N. 4.494/64, mas o artigo 12 da Lei 
N. 6.649/79 manteve o artigo 09 da Lei anterior. O artigo 27 da Lei N. 
6.766/79 dispõe expressamente que: “... e estando registrados, confira direito 
real oponível a terceiros”. No mesmo sentido, o art. 22 do DL 58/37 
prescreve que, “... atribuem aos compromissários o direito real, oponível a 
terceiros.” 
 
 
 
O homem procura apropriar-se do que é raro ou útil, quando se criam os 
vínculos jurídicos que é o domínio. Nesse caso, ocorrem conflitos. É que 
nessas situações surge o direito das coisas que regula as relações jurídicas do 
HOMEM/COISA. 
 
 
 
 
 
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“Os direitos podem ser absolutos ou relativos. Direito absoluto são aqueles 
que podem ser exercido e defendidos sem qualquer restrição, pelo seu 
respectivo titular. Direitos relativos são aqueles que somente podem ser 
exercidos e defendidos contra todos indistintamente, nos limites 
estabelecidos pela norma jurídica, por razão de ordem pública e interesse 
social”, conforme ensina Roberto Senise Lisboa5 
 
 
 
 
 
Os direitos reais são direitos absolutose, mesmo estando relativizados, 
prevalecem sobre os direitos pessoais que são direitos relativos de menor 
relevância jurídica. Apesar de o direito de propriedade ser considerado 
direito real fundamental o seu exercício e o dos demais direitos reais são 
ilimitados aos interesses socialmente relevantes, assinala Senise em seu 
livro. 
 
 
 
 
 
 
1. DIREITO REAIS - FUNDAMENTOS. 
 
 
1.1. CONCEITOS. Livro III, Parte Especial do CCB de 2002. Nessa área 
do Código surge a posse e o domínio. O referido direito regula, segundo 
LAFAYETE RODRIGUES PEREIRA, a aquisição, o exercício, a 
conservação e a reivindicação e a perda das coisas. 
 
 
 
5 LISBOA, Roberto Senise, ob. cit., p. 7. 
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O DIREITO REAL (segundo Lafayete) é o que afeta a coisa direta e 
imediatamente, sob todos ou sob certos respeitos e a segue em poder de 
quem a detenha. É o direito que se prende à coisa e apresenta como um 
vínculo entre a pessoa e a coisa e dá a este o direito de seqüela, a ação real. 
Ao passo que o “Direito das Coisas regula o poder dos homens sobre os 
bens e os modos de sua utilização econômica”, segundo Orlando Gomes 
(GOMES, 2008, p. 7) 
 
 
 
O direito real sobre imóvel, só se constitui com o registro (art.1.227 do 
CCB-2002) da qual ninguém pode alegar ignorância. A seqüela consiste na 
prerrogativa do titular do direito real de seguir a coisa nas mãos de quem a 
detenha injustamente, de apreendê-la (art. 1.228), para sobre a mesma 
exercer o direito real. Exemplo: QUEM ALIENIA IMÓVEL 
PENHORADO. CONSISTE NA AÇÃO REAL QUE VALE CONTRA 
TODOS. USUFRUTO – VÁRIOS USUFRUTUÁRIOS – UM DONO 
REAL. CONDOMÍNIO – VÁRIOS CONSORTES – UM DONO REAL. 
 
1.2. DOMÍNIO. Tradição – artigo 1.267 do CCB. No Direito Civil Francês 
o domínio se verifica sem a tradição. Assim, no CCB prevalece o princípio – 
ANTES DA TRADIÇÃO O DOMÍNIO NÃO SE TRANSFERE (art. 
1.267 do CCB-2202). 
 
Há enormes controvérsias a respeito dos direitos reais. Segundo o Direito 
Civil francês poderão ser infinitos, dependendo do que as partes 
convencionarem na fixação do acordo, de conformidade com a ordem 
pública e os bons costumes. 
 
Autores brasileiros que contestam não ser o direito real hermético: PONTES 
DE MIRANDA, CLÓVIS BEVILAQUA, LACERDA DE ALMEIDA, 
WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO. 
 
 
 
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Segundo CLÓVIS BEVILAQUA, “o número dos direitos reais é sempre 
limitado nas legislações não há direito real, senão quando a lei o declare. Os 
direitos pessoais são inumeráveis.” De acordo com WASHINGTON DE 
BARROS MONTEIRO, “o artigo 9 da Lei N. 3.912 de 03.07.61 que alterou 
a lei do inquilinato, dá o direito de preferência ao locatário na aquisição do 
imóvel.” 
 
 
O direito do locatário é meramente pessoal ou real? - APELAÇÃO CÍVEL 
N. 122.540 de Santos – TJSP, “não viola o disposto no artigo 9 da Lei N. 
3.912/61 o Acórdão que entende assistir ao locatário unicamente um direito 
pessoal de preferência à aquisição do prédio locado, afirmando além disso, 
que o autor decaiu do direito de reclamar, porque a preferência não foi 
pedida em tempo hábil.” 
 
Ocorre que, certos direito reais (artigo 1.227) para serem reais necessitam 
inscrever-se no REGISTRO DE IMÓVEIS. Nesse sentido, a Lei N. 6.766/79 
– no que tange ao parcelamento do solo e a Lei N. 4.591/65 referente ao 
condomínio. Além dos DIREITOS REAIS prescritos no artigo 1.225 do 
CCB, outros são enumerados em face de expressa disposição contida em lei, 
a saber: 
 
• Compromisso de compra e venda – DL 58/37 e lei N. 6.766/79 (art. 
1.225, inciso VII do CCB-2002) 
 
• Concessão de usos de terrenos públicos – DL. 271/67 (art. 1.225, inciso II 
do CCB-2002) 
 
• A propriedade fiduciária de imóvel – Lei N. 9.514/97 
 
• A propriedade fiduciária de coisas móvel – DL 911/69 
 
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• A caução, a cessão parcial ou cessão fiduciária, tanto de direitos 
decorrentes de contratos de alienação de unidades habitacionais 
vinculados ao SFH – DL 70/66 
 
• O uso da derivação de águas – Código de águas (art. 50). 
 
 
 
 
2. FUNDAMENTOS DA TEORIA DA POSSE 
 
 
2.1. – CONCEITO DE POSSE. Quando alguém adquire ou desfruta um 
prédio que lhe foi adquirido de quem não é dono, é violentamente 
esbulhado. A lei não permite que se faça justiça por conta própria – 
exercício arbitrário das próprias razões. Há que se utilizar da via judicial 
para a defesa dos direitos inerentes à posse. 
 
 
JUS POSSIDENDI – relação HOMEM/COISA, do ato jurídico. A posse 
cria situação de fato e nunca de direitos. Segundo Silvio Rodrigues6, “poder-
se-ia chamar jus possidendi a relação material entre o homem e a coisa, e 
consequentemente de um ato jurídico.” 
 
 
 
Segundo Flávio Tartuce (TARTUCE, 2015, p.857), “este autor está filiado à 
corrente pela qual a posse é um direito de natureza especial, o que pode ser 
retirado da teoria tridimensional de Miguel Reale. Isto porque a posse é o 
domínio fático que a pessoa exerce sobre a coisa. Ora, se o Direito é fato, 
valor e norma, logicamente a posse é um componente jurídico, ou seja, um 
direito”. 
 
 
6. RODRIGUES, Silvio, Direito Civil, vol. 5, 22ª Ed., São Paulo/SP, Editora Saraiva, 1995, p. 16. 
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E, ainda, Silvio Rodrigues ensina que, “enquanto a propriedade é a 
relação entre a pessoa e a coisa, que assenta na vontade objetiva da lei, 
implicando um poder jurídico e criando uma relação de direito, a posse 
consiste em uma relação de pessoa e coisa, fundada na vontade do 
possuidor, criando mera relação de fato.” Toda proteção da posse, que se 
funda numa relação de harmonia social, é transitória e sucumbe frente à 
prova do domínio. 
 
 
JUS POSSESSIONIS – situação de posse. A posse é mantida até que o 
possuidor seja convencido de quem tenha melhor direito. Os efeitos – 
pretensão possessória – como o usucapião são consequências de quem não 
se utiliza do meio necessário para manter-se por conta própria na posse da 
coisa possuída. Artigo 1.210 – defesa da posse, através da reintegração, 
turbação, interditos proibitórios. 
 
2.2. – Teorias possessórias: 
 
 
 
• SAVIGNY (Teoria Subjetiva da posse) – é o poder de dispor 
fisicamente da coisa e defendê-la contra a intervenção de terceiro. 
Possui dois elementos determinantes: CORPUS – o elemento físico ou 
material e ANIMUS – o elemento formal. Segundo Silvio Rodrigues7, 
“os dois elementos são indispensáveis para que se caracterize a posse, 
pois se faltar o corpus, inexiste relação de fato entre a pessoa e a coisa; 
e, se faltar o animus domini não existe posse, mas mera detenção.” 
 
• IHERING (Teoria objetiva da posse) – posse é a condição do 
exercício da propriedade. Exemplo: no direito há exemplos diferentes. 
 
7. Rodrigues, Silvio, obr. cit., p. 18. 
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40Nesse sentido, há o caso de madereiro que lança troncos na correnteza. 
Transeunte que vê material de construção ao pé da obra. 
 
 
 
 
 
Possuidor é aquele que age em face da coisa, como se fosse o proprietário. A 
lei protege o possuidor através da ação possessória. Para CLÓVIS 
BEVILAQUA o CCB adotou a teoria Objetiva de IHERING. A posse não 
significa apenas a detenção da coisa; ela se revela na maneira como o 
proprietário age em face da coisa, tendo em vista sua função econômica, 
pois o animus domini nada mais é do que o propósito de servir-se da coisa 
como proprietário. Para SAVIGNY a posse é um direito e um fato, pois gera 
o usucapião e os interditos possessórios. Para Ihering se trata de um direito. 
 
 
 
 
 
 
“Ao exigir o animus domini como requisito indispensável à configuração da 
posse, a doutrina subjetiva considera simples detentores o locatário, o 
comodatário, o depositário, o mandatário e tantos outros que, por títulos 
análogos, têm o poder físico sobre determinadas coisas”, (GOMES, 2008, p. 
33). 
 
 
 
 
 
 
 
Na posse, a manutenção da relação de fato é condição da sobrevivência do 
direito à posse. Na opinião de BEVILAQUA e SILVIO RODRIGUES a 
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posse é um estado de fato que a lei protege em atenção à propriedade, não é 
um direito real por que não figura na enumeração do artigo 1.225 do CCB e, 
esta regra é taxativa e não explicativa. 
 
O estado de fato corresponde ao direito de propriedade sobre a coisa que se 
denomina de posse. O Estado de fato a que não corresponde direito 
algum denomina-se detenção ou seja, a pessoa possui o bem mas não à 
título de dono. 
 
 
 
 
No litígio da posse, o Tribunal deu ganho de causa a quem usou o terreno e 
não a quem pagou os impostos, porque o primeiro é mais consentâneo com a 
posse – RT 476/110. Assim, quem abandona objeto em terreno baldio abdica 
da sua posse. Ao passo que a possui quem aduba a sua terra – animus 
domini – com a vontade de dono. 
 
 
 
 
 
 
 
A posse é considerada um direito real – é preciso o consentimento da mulher 
na transferência – segundo o ensinamento de Caio Mário, Washington e 
Orlando Gomes – RT 530/207. Segundo preleciona Cáio Mário da Silva 
Pereira: “nascendo a posse de uma relação de fato, converte-se de pronto em 
relação jurídica”. 
 
 
 
 
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É importante destacar que A POSSE NÃO PROTEGE DIREITOS 
PESSOAIS, SÓ A COISA CORPÓREA. ESSES DIREITOS SÃO 
ESTRANHOS AO CONCEITO DE POSSE. 
 
 
 
2.3. – ELEMENTOS DA POSSE. Os artigos 1.196 e 1.198 não 
conceituam, apenas concedem uma idéia sobre esse direito de fato. 
Exemplo: caseiro que zela pela residência do varão. Motorista que dirige 
veículo. Bibliotecário que cuida dos livros. Na teoria de Savigny, estas 
pessoas possuem apenas o CORPUS, faltando o elemento jurídico 
determinante no direito possessório - ANIMUS REM SIBI HABENDI. 
 
2.4. – CLASSIFICAÇÃO DA POSSE. 
• Posse direta e indireta: Não há mais de uma posse sobre a mesma 
coisa. Mas ela poderá ser desdobrada. Trata-se da posse indireta 
prevista no artigo 1.197 do CCB. Exemplo: posse direta – usufrutuário, 
depositário, credor pignoratício, locatário, comodatário. O titular 
detém a posse de direito. Nestes casos, ambos podem recorrer aos 
interditos para proteger sua situação ante terceiros. 
 
Acórdão do TJ/SP – foi concedido a manutenção da posse ao meeiro 
contra o dono da fazenda que o perturbava na exploração das terras, 
antes de vencido o contrato de parceria agrícola. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Arresto – TJ/SP – In RT 188/767 – sublocatário esbulhado pelo 
sublocador em sua posse direta, pode contra ele propor ação de 
reintegração de posse. O titular da posse indireta tem ação possessória 
contra o titular da posse direta – SERPA LOPES. Julgado em que, o 
Tribunal deferiu interditos possessórios ao locador sobre parte do 
imóvel que não fora devida na locação e que, o locatário recalcitrava 
em não entregar – in RT 159/785. 
 
 
 
“É doutrina hoje geralmente seguida que o possuidor direto, pode 
intentar ação possessória até mesmo contra o possuidor indireto.” 
 
• Composse: “A posse não admite mais de um possuidor a desfrutá-la 
por inteiro.” Nada impede, no entanto, que a posse seja exercida por 
mais de um possuidor, desde que o exercício do outro – artigo 1.199. 
Exemplo: cônjuge – comunhão de bens. Deve-se usar o interdito 
possuidor. Revista Forense 34/68: “ao compossuidor compete a ação 
de manutenção ou de esbulho para estabelecer o estado anterior.” 
 
• Posse justa e posse injusta: artigo 1.200 – vícios conhecidos no 
direito romano como: VIS – com violência; CLANAUT – Clandestina; 
PRECARIO – precária. A tomada violenta da posse não gera efeito no 
âmbito do direito. Posse clandestina é a que se constitui às escondidas. 
A posse é a exteriorização do domínio, na clandestinidade não há 
qualquer exteriorização do direito. Para exista a posse mister se faz a 
publicidade – conforme previsão contida no artigo 1.208 do CCB. Não 
induzem a posse os atos de mera permissão ou tolerância. Nesse caso, 
há quebra da confiança. A posse precária não convalesce jamais, 
continuando sempre viciosa. 
 
Há colisão entre os artigos 1.203 e o artigo 1.208 do CCB. Basta que a 
posse se estenda pacificamente ou publicamente, durante intervalo de 
ano e dia, para que fique purgada de seus defeitos. 
 
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O artigo 1.203 presume que a posse mantenha o mesmo caráter com 
que foi adquirida. Neste caso, há presunção JURIS TANTUM, que 
admite prova em contrário. 
 
• Posse de boa-fé e má-fé: o artigo 1.201 dispõe que: será de má-fé 
quando o possuidor exercer a posse a despeito de estar ciente de que a 
mesma é clandestina, precária, violenta ou se encontra qualquer outro 
obstáculo jurídico à sua legitimidade. 
 
O legislador presume de boa-fé a posse quando o possuidor tem justo 
título. JUSTO TÍTULO - “é o título hábil para conferir e transmitir 
direitos à posse, se procedesse do verdadeiro possuidor ou 
proprietário – conforme dispõem os artigos 1.216 a 1.220 do CCB.” 
 
Na RT 188/654 – “quem tem os limites de sua propriedade 
perfeitamente definidos nos respectivos títulos e estende a ocupação 
além dos limites, age de má-fé e por isso não lhe é lícito alegar 
ignorância da extensão.” 
 
Em algumas legislações a boa-fé dá cor à posse, que conservará esse 
caráter enquanto durar – conforme preceituam os Códigos Civis 
Francês e Italiano. 
 
Artigo 1.202 do CCB – a prova incumbe a quem alega. Tema: a 
citação para a ação é ou não elemento adequado para transformar a 
posse de boa-fé em má-fé? Através da citação, o possuidor tem 
ciência de que se pretende infirmar sua posse, que não se estriba no 
bom direito. Após a sentença, seus efeitos retroagem à citação – 
jurisprudência nesse sentido. 
 
 
 
 
 
 
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45Na RT 133/559 – “havendo dúvida quanto à época em que a posse se 
tornou viciosa, o melhor critério é firmá-la a partir da propositura da 
ação. Nesse sentido: RT 88/99 – RT 114/124 e RT 74/297. A partir 
desse momento perde o direito às benfeitorias úteis e voluptuárias”. 
 
 
• Posse ad interdicta e posse ad usucapionem: para a que posse ad 
interdicta se configure basta que seja justa. Qualquer posse dá direito 
aos interditos proibitórios. Por sua vez, a posse ad usucapionem é 
aquela capaz de deferir ao seu titular o usucapião da coisa, se suprido 
os requisitos necessários. 
 
Usucapião é um dos modos de aquisição do domínio pela posse mansa 
e pacífica da coisa de outrem, por um período definido em lei – artigo 
1.242 – 10 anos presentes. O parágrafo único do CCB-2002 prevê a 
usucapião pro labore inserta no artigo 183 e artigo 191, ambos da 
CF/88. Posse nova e velha, na concepção do artigo 508 do CCB-1916 
de um ano e dia (velha) e menos (nova), foi eliminado no Código Civil 
de 2002. O intervalo de ano e dia é necessário para consolidar a 
situação de fato. Segundo Silvio Rodrigues8, “esse intervalo de ano e 
dia é o necessário para consolidar a situação de fato, purgando a posse 
dos defeitos de violência e clandestinidade, como foi visto. E, desde 
que a posse tenha ano e dia, o possuidor será mantido sumariamente, 
até que seja convencido pelos meios ordinários – conforme dispõe o 
artigo 1.210 do CCB.” 
 
• Efeitos da posse – frutos. Possuidor de boa-fé – em face do que dispõe 
o artigo 1.214 do CCB . Quando ocorrer a posse de má-fé, o possuidor 
responde por estes fatos – artigo 1.218. Nesse caso, ocorre a devolução 
dos frutos colhidos, responsabilidade pela perda ou deterioração da 
coisa. Artigo 1.217 – “... a que não der causa...” Somente quando 
houver dolo do possuidor. O possuidor poderá valer-se do direito de 
 
8. RODRIGUES, Silvio, obr. cit., p. 35. 
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retenção, em face de ser possuidor de boa-fé – o que é permitido pela 
disposição contida no artigo 1.219 do CCB. Poderá ocorrer 
enriquecimento em face da previsão contida nos artigos 1.221 e 1.222 
do CCB. Servidão – defendida pela ação confessória e publiciana – 
posse. 
 
 
 
 
 
3. DA AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE: 
 
 
3.1. INTRODUÇÃO. A proteção possessória é o principal, senão o 
exclusivo efeito da posse. Nesse caso, sem essa proteção a posse perderia o 
seu principal efeito jurídico. 
 
 
Na aquisição sempre haverá de estar presente o binômio pessoa-coisa. Para 
Caio Mário da Silva Pereira9, “sempre presente estará o critério econômico, 
inspiração do binômio COISA-CONDUTA do agente, ou seja, OBJETO-
VONTADE. 
 
A posse poderá assim ser adquirida de forma originária (interferência 
pessoal do agente) ou derivada (quando resultar de aquisição anterior). 
 
 
Será, ainda, realizada pela própria pessoa ou seu representante, como 
acentuado no art. 1.205,I. No caso de representação de incapazes, o 
legislador presume a vontade manifesta daquele – representante toma por 
empréstimo o ânimo de quem representa. 
 
 
 
9. PEREIRA, Caio Mário da Silva, obr. cit., p. 34 
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3.2. AQUISIÇAO ORIGINÁRIA. Nesse caso, adquire-se pela apreensão 
que é a exteriorização do ato realizado pelo agente. Há casos em que não 
ocorre, quando se observa o caso do tesouro que requer o fenômeno da 
invenção ou, a cria dos animais. Nesse caso, são excluídas aquelas coisas 
que se encontram fora do comércio – res extra commercium. 
 
Segundo Orlando Gomes10 “Adquire-se a posse, por modo originário, 
quando não há consentimento do possuidor precedente”. E, adiante o autor 
proclama: “o artigo 493 do CC/16 é alterado pelo art. 1.204 do CCB/2002, 
que adota uma regra geral sobre a aquisição da posse, referindo-se ao 
possível exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à 
propriedade”. 
 
 
 
Art. 1204 CCB/2002: “Adquire-se a posse desde o momento em que se torna 
possível o exercício em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à 
propriedade”. 
 
 
 
 
3.3. AQUISIÇAO DERIVADA. Quando a pessoa recebe a posse de outra 
pessoa, trata-se de posse derivada. O mais frequente é a tradição. Quase 
sempre é necessário a manu in manum translatio possessionis. Quando se 
transmite uma grande fazenda, o proprietário não precisa percorrê-la para 
recebê-la, basta apenas que ela seja colocada à disposição do adquirente – 
traditio longa manu. E, quando o depositário abre mão do depósito, ou 
ocorre a demissão voluntária da posse ocorre a traditio brevi manu. 
 
 
 
 
 
10 GOMES, Orlando, Direitos Reais, 19ª edição, atualizada por Luiz Edson Fachin Rio de Janeiro, Editora 
Forense,2008, p. 66. 
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Para Orlando Gomes11, “Adquire-se a posse por modo derivado quando há 
consentimento de precedentes possuidor. Ocorre quando a posse é 
transferida, o que se verifica com a transmissão da coisa. A tradição é o 
modo derivado de aquisição da posse”. Existem três modalidades de 
tradição: 1. Efetiva ou material; 2. Simbólica ou ficta; 3. Consensual”. 
 
 
 
 
A posse adquire-se ainda, quando passa aos herdeiros, no momento do 
falecimento do de cujus – art. 1.572. O Direito romana não conhecia o 
instituto que passou a ser conhecido pelo direito francês que teve origem nos 
costumes – droit de saisine – em virtude do qual o servo morto deixava de 
devolver a posse da coisa ao seu senhor, imitindo nela o seu sucessor – le 
mort saisit le vif. 
 
A acessio possessionis é a possibilidade do possuidor em unir à sua a posse 
do anterior – art. 1.207. Trata-se de uma faculdade e não uma consequência 
necessária da aquisição. 
 
 
 
 
3.4. PERDA DA POSSE DAS COISAS. 
• Sendo a posse uma conduta do agente em relação à coisa, perde-a 
quem perde a conduta – o animus rem sibi habendi. É preciso indagar 
se a posse se operou solo corpore solo animo – situações diversas. Há 
situações em que não induzem posse, como os atos provenientes da 
confiança oriunda das relações familiares ou de amizade. 
 
 
 
11 GOMES, Orlando, op. cit., p. 67. 
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“O uso da coisa em decorrência de relação empregatícia não gera posse. Por 
isso mesmo aquele que a tem por força de tal vínculo, em caráter de 
subordinação, não pode valer-se dos interditos possessórios com o fito de 
conservá-la, contra o empregador12”. 
 
 
 
• A perda da coisa poderá resultar no desinteresse da parte em reavê-la 
ou, ainda, quando a posse se consolida nas mãos do possuidor – 
quando a jóia cai no fundo do mar. 
 
• Poderá ocorrer a destruição da coisa – morte do animal, incêndio da 
casa.... Quando a coisa desaparece – terreno invadido pelas águas do 
mar, aluvião, avulsão. 
 
• A posse de outrem que é a perda solo corpore, o esbulho por terceiro, 
que passa, contra a vontadedo dono a possuir a coisa. Nesse caso, é 
indispensável o interdito recuperandae possessionis. “a proteção 
possessória não reclama a presença física e a prática de atos materiais 
no imóvel, bastando a possibilidade de se dispor da coisa. Cessa essa 
proteção, no entanto, quando terceiro vem a ter melhor posse, sem os 
vícios da posse injusta. A invocação do usucapião como defesa não se 
apresenta viável nos interditos, uma vez que neles não teria sentido 
nem utilidade prática13.” 
 
• Abandono. O abandono representa a perda da coisa corpore et animo – 
res derelicta, uma vez que o possuidor despoja-se da coisa, 
voluntariamente, abrindo mão da sua conduta de proprietário face à 
coisa. Observe, por exemplo, os dois casos opostos – um locatário que 
desocupa o imóvel locado e o proprietário de uma casa na praia que a 
desocupa após a temporada de verão. A primeira conduta representa 
um abandono e a segunda não. 
 
12. In TAMG – Ap. 28.680 – Rel, Juiz Haroldo Sodré – Ac. 18.10.1985 – Ver. Julgados do TAMG 24-
25/259. 
13. In TAMG – Ap. 23.311 – Rel. Juiz Sálvio de Figueiredo – Ac. 21.10.1983 – Ver. AMAGIS 3/276. 
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Na ótica de Orlando Gomes14, “Distingue-se o abandono da perda em que, 
nesta, a coisa sai do poder do possuidor contra a sua vontade. A coisa 
abandonada Perde-se para o possuidor por ato intencional, deliberado, 
propositado”, 
 
 
• Tradição. A traditio é uma perda da posse corpore et animo, ou 
somente animo, Nesse caso, opera-se a perda pela alienação, ou 
transferência. O registro do título imobiliário opera a 
transmissibilidade. Para Orlando Gomes15, “a ficta traditio é uma 
forma espiritualizada da tradição. Na tradição ficta, a entrega material 
da coisa é substituída por atitudes, gestos, ou mesmo atos indicativos 
do propósito de transmitir a posse, como se verifica com a entrega das 
chaves na aquisição de uma casa.” Nesse particular as decisões de 
nossos Tribunais apontam que: 
 
 
 
“Para haver transmissão negocial da posse não basta que o transmitente seja 
proprietário. A posse é um dado fático, só pode transmití-la quem tenha a 
disponibilidade física da coisa. Portanto, “a transmissão negocial só produz 
efeitos quando o transmitente exerça efetivamente a posse16”. 
 
 
 
 
14 GOMES, Orlando, op. cit., p. 
15. GOMES, Orlando, obr. cit., p. 53. 
16. In TJSP – Ap. 282.093 – Ac. 21.08.1979 – Rel. Des. Nélson Altemani – RT 534/91. 
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• CONSTITUTO POSSESSORIO.. Importa perda da posse solo animo, 
uma vez que o possuidor através de claúsula constituti altera a relação 
jurídica anteriormente existente, mudando o animus. Segundo Caio 
Mário da Silva Pereira17, “a sua conduta, em relação à coisa, 
materialmente não se altera, conservando-a corpore, mas a affectio 
tenendi extingue-se em relação a ele próprio...” 
 
 
 
 
Para Orlando Gomes18, “O constituto possessório consiste, em essência, 
numa variação do animus, pois quem possuía com animus domini, passa a 
possuir com animus nomine aliene, continuando, portanto, com o poder 
material sobre a coisa. A perda da posse se dá sem privação do corpus, 
porque passa ao adquirente, embora, em alguns casos, o alienante retenha a 
posse direta, como na hipótese do proprietário que vende a casa onde mora e 
continua a habitá-la na qualidade de locatário”. 
 
 
 
Coisas fora do comércio. Perde-se as coisas que foram colocadas fora do 
comércio – res extra commercium. Nesse caso, essas coisas perdem o seu 
valor econômico. 
 
 
 
Art. 1.223: “Perde-se a posse quando cessa , embora contra a vontade do 
possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196”. 
 
 
 
 
 
 
17. PEREIRA, Caio Mário da Silva, obr. cit., p. 42. 
18 GOMES, Orlando, op. cit., p. 74. 
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4. FUNDAMENTOS DA PROTEÇÃO POSSESSÓRIA. 
 
 
4.1. INTRODUÇAO. Protegendo a posse, está o legislador, no mais das 
vezes protegendo o proprietário porque é este quem, no geral, desfruta da 
posse. 
 
 
 
Quando a Lei protege o meliante, segundo proclama Ihering, tem o propósito 
de não subtrair de quem merece a proteção da lei. “Mais vale que um 
velhaco excepcionalmente partilhe de um benefício da lei, do que ver 
esse benefício negado a quem o merece.” 
 
 
 
4.2. – POSTULAÇAO EM JUÍZO. No juízo petitório o rito é ordinário e 
os litigantes alegam domínio. No juízo possessório, basta mostrar a posse 
pacífica de ano e dia, para que o possuidor alcance a pretensão contra quem 
quer que seja. Exemplo: Proprietário sofreu esbulho e deixou transcorrer o 
tempo que milita a favor do possuidor. Se pleitear ação de reintegração de 
posse será vencido pelo esbulhador. Mas pela via ordinária será vitorioso. 
De forma excepcional a questão do domínio poderá ser invocada, conforme 
prescreve o artigo 1.210, par. 2o do CCB. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nesse sentido, as decisões de nossas Cortes de Justiça prescrevem: 
 
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RT 86/362 – “o preceito da parte final do artigo 505, determinando ao Juiz 
não deferir a posse a quem não pertencer a propriedade, obriga o magistrado 
a ter em vista o título de domínio.” 
 
RT 86/96 – arresto do STF: “a defesa fundada no domínio só é admissível 
nas ações possessórias em dois casos: (a) quando duas pessoas disputam a 
posse à título de proprietários; (b) – quando duvidosa a posse de ambos os 
litigantes.” 
 
 
 
Nesse último caso trata-se da EXCEPTIO DOMINI, admitida no Acórdão 
do Ministro Orozimbo Nonato do STF, somente sendo admissível quando 
houver dúvida entre a posse de ambos os litigantes. Dessa forma, poderá ser 
estabelecido que: 
 
• Somente quando a posse é disputada pelos litigantes à título de 
propriedade. 
 
• Somente quando há dúvida quanto ao verdadeiro possuidor – artigo 
1.249, Par 2º do CCB. 
 
O projeto do CCB não elucidou a questão. O esbulhador também é 
proprietário, pois que reconhece que – TECI? SED JURE TECI – Fiz? 
Mas, fiz com direito! 
 
No que tange aos direitos do possuidor aos interditos proibitórios há várias 
teorias, consoante se observa: 
 
• Teoria fundada na interdição da violência. 
 
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• Teoria funda na presunção de um direito. 
 
• Teoria que relaciona o fundamento da proteção possessória à 
propriedade. 
 
O artigo 557 do CPC/2015 – tratamento petitório. São ações reais e exigem a 
outorga uxória e a citação da mulher. Não se questiona o domínio. No 
entanto, existem decisões jurisprudenciais divergentes, a saber: (a) admitem 
o domínio – conforme a Súmula 487 do STF. (b) se a posse é duvidosa entre 
os litigantes. É possível a ação reinvindicatória se as partes

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