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F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 1 UNICURITIBA – Centro Universitário de Curitiba. Centro de Ciências Jurídicas – Curso de Direito. Campus Milton Vianna Disciplina: Direito Reais - Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba – Pr. 2019. LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS. “Os limites da minha linguagem denotam os limites do meu mundo”. LUDWIG WITTGENSTEI – Tractatus lógico-philosophicus, 5.6 F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 2 1. AVALIAÇÃO PROFISSIONAL. Programa Internacional de Avaliação de Alunos – PISA. O PISA é um programa internacional de avaliação comparada, cuja principal finalidade é produzir indicadores sobre a efetividade dos sistemas educacionais, avaliando o desempenho de alunos na faixa dos 15 anos, idade em que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países. Esse programa é desenvolvido e coordenado internacionalmente pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), havendo em cada país participante uma coordenação nacional. No Brasil, o PISA é coordenado pelo Inep – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais “Anísio Teixeira”. O PISA pretende avaliar o letramento em Leitura, Matemática e Ciências. O termo “letramento” foi escolhido para refletir a amplitude dos conhecimentos, habilidades e competências que estão sendo avaliados. Assim, o PISA procura verificar a operacionalização de esquemas cognitivos em termos de: • Conteúdos ou estruturas do conhecimento que os alunos precisam adquirir em cada domínio; • Processos a serem executados; • Contextos em que esses conhecimentos e habilidades são aplicados. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 3 2. INDICADORES CONTEXTUAIS. Além de obter informações sobre os domínios avaliados, o PISA visa a coletar informações básicas para a elaboração de indicadores contextuais, os quais relacionarão os conhecimentos, as habilidades e competências às variáveis demográficas, econômicas e educacionais. Essas informações são coletadas por meio da aplicação de questionários específicos para os alunos e para as escolas. Segundo PAULO AUGUSTO DE PODESTÁ BOTELHO – Professor Universitário e Consultor de Empresas – “No mundo todo há entre 800 a 900 milhões de analfabetos funcionais. São pessoas com menos de 4 anos de escolarização; mas podem-se encontrar, também, pessoas com formação superior e exercendo funções-chave em empresas e instituições, tanto privadas, quanto públicas. elas não têm habilidades de leitura compreensiva, escrita e cálculo para fazer frente às necessidades de profissionalização e tampouco da vida sócio-cultural”. A queda da produtividade provocada pela deficiência em habilidades básicas resulta em perdas e danos da ordem de US$ 6 bilhões por ano no mundo inteiro. Por quê? Porque são pessoas que não entendem sinais de aviso de perigo, instruções de higiene e segurança do trabalho, orientações sobre processo produtivo, procedimentos da qualidade total e negligência dos valores da organização empresarial. Eis ai o CALCANHAR DE AQUILES de F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 4 tantas organizações: DECLARAÇÃO DE VALORES. Uma declaração de valores é um conjunto de crenças e princípios que orientam as atividades e operações de uma organização empresarial, independente de seu porte ou ramos de atividade. Faça o LETRAMENTO da pressente frase atribuída ao escritor Mário Quintana: “Os livros não mudam o mundo. Quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”. Para avaliarmos essa afirmação, o livro de LIEV TOLSTOI, “O Reino de Deus está em Vós”, republicado pela sua neta Tânia Tolstóis, depois de permanecer por 100 no índex de obra proibida pelo governo Russo, isto porque, com a publicação do romance RESSURREIÇÃO em 1899, Tolstoi foi excomungado pela Igreja Ortodoxa Russa. E, Mahatma Gandhi ao ler o livro do autor declarou: “A leitura de O Reino de Deus está em vós me curou do ceticismo e fez de mim um firme seguido da não violência”. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 5 “E no meio de um inverno eu finalmente aprendi que havia dentro de mim um verão invencível”. ALBERTO CAMUS – Escritor Francês. “Liberdade busca jeito. Sou água que corre entre pedras. Quem anda no trilho é trem de ferro”. MANOEL DE BARROS – Poeta brasileiro 3. AVALIAÇÃO EMOCIONAL. “Os que estão à mercê dos impulsos – os que não têm autocontrole – sofrem de uma deficiência moral. A capacidade de controlar os impulsos é a base de força de vontade e do caráter. Justamente por isso, a raiz do altruísmos está na EMPATIA, a capacidade de ler emoções nos outros, sem um senso da necessidade ou desespero do outro, não há envolvimento. E se há duas posições morais que nossos tempos exigem são precisamente estas, AUTOCONTROLE E PIEDADE”. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 6 “As pessoas com prática emocional bem desenvolvida têm mais probabilidade de sentirem-se satisfeitas e serem eficientes em suas vidas, dominando os hábitos mentais que fomentam sua produtividade, as que não conseguem exercer algum controle sobre a vida emocional travam batalhas internas que sabotam suas capacidade de se concentrar no trabalho e pensar com clareza”. LEITURA CITADA E SUGERIDA: GOLEMAN, Daniel, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL – A Teoria Revolucionária que Redefine o que é ser INTELIGENTE, Rio de Janeiro, Editora Objetiva, 2009. 4. TEXTOS PARA ANÁLISE E REFLEXÃO. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 7 • “Ler não é simplesmente decodificar os caracteres negros impressos linearmente em papel branco. Ler é muito mais: é interpretar, capturar os sentidos ocultos nos signos aparentes e vivê-los. Ler é compreender, com GADAMER, que um texto comporta inúmeras camadas de significação, algumas mais evidentes e outras mais recôndidas. Cabe à nossa inteligência transitar por essas camadas, de modo a haurir-lhes o sentido. Não se escreve apenas nas linhas, mas, nas entrelinhas. Nesse sentido, para ler, é preciso liberar alguma sensibilidade.” (In Maria Francisco Carneiro, Pesquisa Jurídica – Metodologia da aprendizagem, Curitiba/Pr, Juruá Editora, 1999, p.32). • “O conhecimento deve ser neutro, e não se apoiar em valores, sem influências ou viesses do sujeito. Desse modo, buscava-se separar o sujeito do objeto do conhecimento. Quanto maior fosse a separação e a distância, tanto mais válido seria o conhecimento”. (In Maria Francisca Carneiro, Pesquisa Jurídica – Metodologia da Aprendizagem, Curitiba/Pr, Ed. Juruá, 1999, p.24). “ONDE QUEIMAMLIVROS, ACABAM QUEIMANDO HOMENS”. HERINCH HEINE. Almansor, 1821.(Extraído do Texto do Livro História Universal da Destruição dos Livros – Das Tábuas Sumérias à guerra do Iraque - Fernando Báez, Rio de Janeiro, Editora Ediouro, 2006). F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 8 Sartre sintetizou na famosa frase da peça teatral HUIS CLOS (1945): “O INFERNO SÃO OS OUTROS”. Não funciona, diz Moacyr Scliar. “Ser é sempre ser-com-outro, e assim dependemos profundamente desse outro”. A LEITURA – UM PROCESSO DE CONHECIMENTO. Toda vida merece um livro. Ninguém ousa discordar dessa frase atribuída ao famoso escritor peruano MARIO VARGAS LLOSA, mas, diante do papel fundamental que a leitura exerce no desenvolvimento humano, não seria exagero afirmar que toda vida merece vários, muitos, incontáveis livros. Isso porque incorporá-los ao nosso dia a dia, na forma que for, só traz benefícios. Para começo de conversa, ler jornal, revista, livro, revistinha enriquece o vocabulário, melhora a escrita, estimula a criatividade e leva a imaginação para bem longe, o que acaba desanuviando a mente e, por conseqüência, aliviando o estresse. Como se não bastasse, a atividade amplia o nosso leque de conhecimento e auxiliar o cérebro a se manter saudável, pois funciona como uma espécie de “academia” para o órgão. E as vantagens não param por aí. “A leitura ajuda a estrutura idéias, a tomar decisões, a questionar valores. Ela faz com que a gente desenvolva um olhar crítico e independente sobre a realidade que F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 9 nos cerca”, explicar ELIANA YUNES, professora do departamento de Letras da PUC-Rio e supervisora da cátedra UNESCO de Leitura PUC-Rio, na capital fluminense. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Roma III, na Itália, e divulgada no ano passado, garante até que as pessoas que leem regularmente são mais calmas, otimistas e felizes do que aquelas que não têm intimidade com o universo das palavras. Uma boa razão para experimentar não? F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 10 F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 11 F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 12 F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 13 F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 14 F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 15 F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 16 UNICURITIBA – Centro Universitário de Curitiba. Centro de Ciências Jurídicas – Curso de Direito – Campus Milton Vianna Disciplina: DIREITOS REAIS. Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba – Pr. 2019. CALENDÁRIO DE PROVAS –1º SEMESTRE DE 2019. De acordo com o calendário acadêmico 2019 da FDC. DISCIPLINA TURNO 1ª PROVA. 2ª PROVA. SEGUNDA CHAMADA EXAME FINAL 6º PERIODO A – SALA MANHÃ 17.04.19 12.06.19 26.06.19 01.07.19 OBSERVAÇÕES. 1. As provas bimestrais serão objetivas + interpretação de jurisprudência e texto dissertativo referente à avaliação de conteúdo crítico cujos valores serão, respectivamente, 5,00 (cinco), 2,00 (dois) e 3,00 (três) pontos. As provas correspondentes à segunda chamada e exame final serão subjetivas, contendo cinco questões dissertativas, sendo que a cada uma será atribuído valor igual a 2,00 (dois) pontos. 2. Segundo determinação do CONSELHO DE ENSINO E PESQUISA DA UTP: art. 1º: “o aluno regularmente matriculado poderá requerer a avaliação em segunda chamada em qualquer disciplina a que tenha faltado. O requerimento deverá ser formalizado até uma semana antes da realização da avaliação”. 3. Art. 4º: “as avaliações em segunda chamada deverão contemplar exclusivamente o conteúdo ministrado no período correspondente por aquelas não realizadas”. 4. As demais orientações serão fornecidas pelo professor da disciplina em sala de aula. claytonreis2003@yahoo.com.br F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 17 EDUCAÇÃO SUPERIOR: FREQUÊNCIA DE ALUNOS E PROFESSORES. Recebo, com razoável frequência, consulta de gestores acadêmicos de instituições de educação superior (IES) sobre diversas questões relacionadas ao abono de faltas e aos exercícios domiciliares ou regime especial. Há leis que tratam do assunto. Este é o tema do artigo desta semana. Na LDB, o § 3o do art. 47 da Lei nº 9.394, de 1996, diz que “é obrigatória a frequência de alunos e professores, salvo nos programas de educação a distância”. No ensino presencial, antes da LDB de 1996, era exigida, para os alunos, a freqüência mínima de 75% das aulas e atividades programadas. Ao aprovar os estatutos e regimentos das IES, o Ministério da Educação tem exigido esse percentual mínimo, para atender ao disposto no Parecer CES/CNE nº 282/2002, homologado pelo ministro da Educação. Na educação superior não há abono de faltas, exceto nos seguintes casos, expressamente previstos em lei: a) Alunos reservistas. O Decreto-lei nº 715, de 1969, em vigor, assegura o abono de faltas para todo convocado e matriculado em Órgão de Formação de Reserva ou reservista que seja obrigado a faltar às suas atividades civis por força de exercício ou manobra, exercício de apresentação das reservas ou cerimônias cívicas, e o Decreto Nº 85.587, de 1980, estende essa F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 18 justificativa para o Oficial ou Aspirante-a-Oficial da Reserva, convocado para o serviço ativo, desde que apresente o devido comprovante. A lei não ampara o militar de carreira. Suas faltas, mesmo que independentes de sua vontade, não terão direito a abono, por força de lei; b) Aluno com representação na Conaes. O estudante que tiver representação como membro da Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (Conaes), nos termos doart. 7º, § 5º, da Lei nº 10.861, de 2004, que institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), tem direito a abono de suas faltas. As IES “deverão abonar as faltas do estudante que, ..., tenha participado de reuniões da Conaes em horário coincidente com as atividades acadêmicas”. A legislação vigente permite, por outro lado, tratamento excepcional para os estudantes que não possam frequentar as aulas, por tempo determinado, com base no Decreto-lei nº 1044, de 1969, em vigor, e na Lei nº 6.202, de 1975. Não se trata de abono de faltas, mas do cumprimento do “trabalho acadêmico efetivo” em regime domiciliar. O estudante não frequentará as atividades acadêmicas na IES, mas terá que executar os trabalhos acadêmicos, sob supervisão docente, onde estiver internado. O Decreto-lei Nº 1.044, de 1969, dispõe sobre o tratamento excepcional para os alunos portadores das afecções que indica, podendo atribuir-lhes, como compensação da ausência às aulas, exercícios domiciliares com acompanhamento da instituição de ensino, sempre que compatíveis com o estado de saúde do estudante e as possibilidades do estabelecimento. Eis o texto do referido decreto-lei: Art. 1º São considerados merecedores de tratamento excepcional os alunos de qualquer nível de ensino, portadores de afecções congênitas ou adquiridas, infecções, traumatismo ou outras condições mórbidas, determinando distúrbios agudos ou agonizados, caracterizados por: a) incapacidade física relativa, incompatível com a freqüência aos trabalhos escolares; desde que se verifique a conservação das condições intelectuais e emocionais necessárias para o prosseguimento da atividade escolar em novos moldes; F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 19 b) ocorrência isolada ou esporádica; c) duração que não ultrapasse o máximo ainda admissível, em cada caso, para a continuidade do processo pedagógico de aprendizado, atendendo a que tais características se verificam, entre outros, em casos de síndromes hemorrágicos (tais como a hemofilia), asma, cartide, pericardites, afecções osteoarticulares submetidas a correções ortopédicas, nefropatias agudas ou subagudas, afecções reumáticas, etc. Art. 2º Atribuir a esses estudantes, como compensação da ausência às aulas, exercício domiciliares com acompanhamento da escola, sempre que compatíveis com o seu estado de saúde e as possibilidades do estabelecimento. Art. 3º Dependerá o regime de exceção neste Decreto-lei estabelecido, de laudo médico elaborado por autoridade oficial do sistema educacional. Art. 4º Será da competência do Diretor do estabelecimento a autorização, à autoridade superior imediata, do regime de exceção. Fica a pergunta, que não quer calar: que doença é essa – “etc.” – que encerra a redação da alínea “c”? É reconhecido na redação parlamentar que nenhuma norma legal deve conter exemplos ou a forma genérica do “etc.”, como citado decreto-lei, dos “anos de chumbo”. Os exercícios domiciliares, como forma de compensação da ausência às aulas regulares, deve ter o acompanhamento de professor designado pelo gestor competente da IES, nos termos de seu estatuto, regimento geral, regimento ou regulamento, “sempre que compatíveis com o (seu) estado de saúde e as possibilidades” da instituição. Cada IES deve, portanto, ter regulamento próprio para os exercícios domiciliares, que não são concedidos automaticamente. Não basta o aluno apresentar atestado médico que comprove de que é portador de “afecções congênitas ou adquiridas, infecções, traumatismo ou outras condições mórbidas, determinando distúrbios agudos ou agonizados”. Nos termos do regulamento da IES, os exercícios domiciliares poderão ser concedidos, desde que compatíveis com F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 20 o estado de saúde do estudante e as possibilidades da instituição. O gestor pode indeferir o pedido, justificadamente, de acordo com os ordenamentos internos da IES. A Lei nº 6.202, de 1975, atribui à estudante em estado de gestação o regime de exercícios domiciliares, instituído no Decreto-lei nº 1.044, de 1969. Eis o texto da lei: Art. 1º A partir do oitavo mês de gestação e durante três meses a estudante em estado de gravidez ficará assistida pelo regime de exercícios domiciliares instituído pelo Decreto-lei número 1.044, 21 de outubro de 1969. Parágrafo único. O início e o fim do período em que é permitido o afastamento serão determinados por atestado médico a ser apresentado à direção da escola. Art. 2º Em casos excepcionais devidamente comprovados mediante atestado médico, poderá ser aumentado o período de repouso, antes e depois do parto. Parágrafo único. Em qualquer caso, é assegurado às estudantes em estado de gravidez o direito à prestação dos exames finais. Art. 3º Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. A partir do 8º mês de gestação e durante três meses a estudante ficará assistida pelo regime de exercícios domiciliares. Esse período, “em casos excepcionais”, poderá ser ampliado, antes e depois do parto, com base em atestado médico, assim como o início e o fim do período de afastamento. A Lei nº 6.202, de 1975, que atribui à estudante em estado de gestação o regime de exercícios domiciliares instituído pelo Decreto-lei nº 1.044, de 1969, diz, no parágrafo único, art. 2º, que, “em qualquer caso, é assegurado às estudantes em estado de gravidez o direito à prestação dos exames finais (grifei). A aluna em estado de gravidez amparada pela Lei nº 6.202, de 1975, e os beneficiados pelo Decreto-lei nº 1.044, de 1969 estão sujeitos às provas, exames, testes aplicados durante o período em que estiverem de licença e F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 21 submetidos ao regime de exercícios domiciliares. Essas aferições da aprendizagem devem ser inseridas no programa ou plano dos “exercícios domiciliares”, se os mesmos forem deferidos. A participação nos “exames finais”, quando houver, caso a estudante “não tenha realizado os exames parciais ou tenha obtido nota zero nos mesmos”, é permitido somente à estudante em estado de gestação. Os exercícios domiciliares, em ambos os casos, devem atender, ainda, ao processo de aprendizagem. As atividades práticas, realizadas em laboratórios ou em campo, ou estágios profissionais, realizados em situações reais, não podem ser contemplados nos exercícios domiciliares, pois essas atividades não têm como ser efetivadas em domicílio ou no estabelecimento em que esteja internado o aluno ou a aluna. Nessas situações, o trancamento de matrícula é a medida adequada, que deve ser recomendada ao estudante. Nesses dois casos não há abono de faltas. A presença às aulas é substituída por exercícios domiciliares, que devem ser executados durante o prazo estabelecido em atestado médico. A concessão dos exercícios domiciliares não é automática. O aluno deve requerer e a IES poderá ou não conceder, desde que a duração de tais exercícios não ultrapasse o máximo ainda admissível, em cada caso, para a continuidade do processo pedagógico de aprendizado. O gestor acadêmico não é competente para avaliar a validade de atestado médico. Quando essa dúvida ocorrer, o gestor deve ser assistido por um perito médico ou uma comissão médica, queemitirá parecer técnico sobre o caso. Estudantes Adventistas Não há nenhuma lei ou norma federal que beneficie os alunos Adventistas do 7º Dia com abono de faltas pela ausência às aulas das 18h de sexta-feira às 18h de sábado. Caso faltem às aulas por motivos religiosos terão suas faltas registradas e poderão ser reprovados por não cumprirem o mínimo de 75% de freqüência. Não há amparo legal para o abono de faltas por motivos religiosos. O Conselho Federal de Educação, pelo Parecer CFE nº 430/1984, referendado F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 22 pelos Pareceres 15/1999, da Câmara de Educação Básica, e 336/2000, da Câmara de Educação Superior do CNE, firmou jurisprudência no sentido de que os alunos, por motivos religiosos, que não puderem comparecer às aulas, em certos dias da semana, serão considerados faltosos. Nos pareceres citados, decide-se que, por motivos de convicção religiosa – especificamente os que são “adventistas do sétimo dia” –, os alunos não podem receber tratamento diferenciado dos demais, ateus ou que professem outras religiões. As IES confessionais Adventistas ou as que não queiram prejudicar os alunos que se enquadrem nesses casos, podem ter calendário acadêmico diferenciado ou especial, desde que atendam ao mínimo de duzentos dias letivos de “trabalho acadêmico efetivo”. Alguns Estados têm legislado a respeito. Um exemplo é a Lei nº 12.142, de 2005, do Estado de São Paulo, que estabelece que “as provas de concurso público ou processo seletivo para provimento de cargos públicos e os exames vestibulares das universidades públicas e privadas serão realizados no período de domingo a sexta-feira, no horário compreendido entre as 8h e as 18h” e dá outras providências. Eis a lei: Art. 1º As provas de concurso público ou processo seletivo para provimento de cargos públicos e os exames vestibulares das universidades públicas e privadas serão realizados no período de domingo a sexta-feira, no horário compreendido entre as 8h e as 18h. § 1º Quando inviável a promoção de certames em conformidade com o caput, a entidade organizadora poderá realizá-los no sábado, devendo permitir ao candidato que alegar motivo de crença religiosa a possibilidade de fazê-los após as 18h. § 2º A permissão de que trata o parágrafo anterior deverá ser precedida de requerimento, assinado pelo próprio interessado, dirigido à entidade organizadora, até 72 (setenta e duas) horas antes do horário de início do certame. § 3º Na hipótese do § 1º, o candidato ficará incomunicável desde o horário regular previsto para os exames até o início do horário alternativo para ele estabelecido previamente. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 23 Art. 2º É assegurado ao aluno, devidamente matriculado nos estabelecimentos de ensino público ou privado, de ensino fundamental, médio ou superior, a aplicação de provas em dias não coincidentes com o período de guarda religiosa previsto no caput do artigo 1º. § 1º Poderá o aluno, pelos mesmos motivos previstos neste artigo, requerer à escola que, em substituição à sua presença na sala de aula, e para fins de obtenção de freqüência, seja-lhe assegurada, alternativamente, a apresentação de trabalho escrito ou qualquer outra atividade de pesquisa acadêmica, determinados pelo estabelecimento de ensino, observados os parâmetros curriculares e plano de aula do dia de sua ausência. § 2º Os requerimentos de que trata este artigo serão obrigatoriamente deferidos pelo estabelecimento de ensino. Art. 3º As despesas decorrentes da execução desta lei correrão à conta das dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário. As IES localizadas no Estado de São Paulo ou em outra unidade da Federação que tenha lei similar, embora integrantes do sistema federal de ensino, sujeitas às leis federais, não devem se excusar ao cumprimento dessa norma legal. Estudante convocado pela Justiça Eleitoral A lei não traz previsão expressa de abono ou justificativa de falta na hipótese de estudante que atue no processo eleitoral, durante as eleições, por convocação da Justiça Eleitoral. Dispõe o art. 98 da Lei n. 9.504, de 1997: Art. 98. Os eleitores nomeados para compor as Mesas Receptoras ou Juntas Eleitorais e os requisitados para auxiliar seus trabalhos serão dispensados do serviço, mediante declaração expedida pela Justiça Eleitoral, sem prejuízo do salário, vencimento ou qualquer outra vantagem, pelo dobro dos dias de convocação. Há previsão legal expressa de dispensa do comparecimento ao “serviço”, pelo dobro dos dias de convocação, e sem prejuízo de salário, remuneração F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 24 ou qualquer outra vantagem para os empregados/eleitores nomeados para atuar como mesário ou em outra função no processo eleitoral. A lei não prevê a situação de aluno convocado para atuar como mesário. Por estar o estudante prestando serviço público relevante, cabe a cada IES, todavia, disciplinar a matéria. Estudante em competições esportivas A Lei nº 9.615, de 1998, que institui normas gerais sobre desporto e dá outras providências – a Lei Pelé – não beneficia alunos matriculados em instituições de ensino. O benefício é concedido somente a “atleta servidor público civil ou militar, da Administração Pública direta, indireta, autárquica ou fundacional, ... convocado para integrar representação nacional em treinamento ou competição desportiva no País ou no exterior”, conforme dispõe o art. 84, transcrito em seguida: Art. 84. Será considerado como efetivo exercício, para todos os efeitos legais, o período em que o atleta servidor público civil ou militar, da Administração Pública direta, indireta, autárquica ou fundacional, estiver convocado para integrar representação nacional em treinamento ou competição desportiva no País ou no exterior. (Redação dada pela Lei nº 9.981, de 2000) § 1º O período de convocação será definido pela entidade nacional da administração da respectiva modalidade desportiva, cabendo a esta ou aos Comitês Olímpico ou Paraolímpico Brasileiros fazer a devida comunicação e solicitar ao INDESP a competente liberação do afastamento do atleta ou dirigente. (Redação dada pela Lei nº 9.981, de 2000) § 2º O disposto neste artigo aplica-se, também, aos profissionais especializados e dirigentes, quando indispensáveis à composição da delegação. Não há, portanto, a previsão de abono de faltas ou exercícios domiciliares para o estudante-atleta. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 25 Frequencia docente A frequência dos professores às atividades acadêmicas é disciplinada nos ordenamentos internos de cada IES – estatuto, regimento geral, regimento, regulamento ou plano de carreira. Devo registrar, todavia, que a ausência do professor às aulas e demais trabalhos acadêmicos com supervisão docente, quando não substituído por outro docente, deve ensejar a reposição dessas atividades. Em qualquer hipótese, o aluno tem direito a essa reposição. Prof. Dr. CLAYTON REIS. UNICURITIBA – Centro Universitário de Curitiba. Faculdadede Direito – Campus Milton Vianna. Programação de aulas de Direitos Reais/Coisas. Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba – Pr. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 26 I.DISCIPLINA: Direito Civil: Direitos Reais ANO: 2019 PERÍODO: 7º REGIME: Semestral C/H: 80 horas PROFESSOR: CLAYTON REIS. EMENTA. Fundamentos jurídicos do Direito das Coisas. A relação jurídica homem/coisa. Fundamentos da Posse. Fundamentos da Propriedade. Direitos de Vizinhança. Direitos reais de gozo ou fruição. Condomínio. Direitos reais de garantia. Direito real de aquisição. Direitos Reais sobre Coisas Alheias. Direitos Autorais. II COMPETÊNCIAS E HABILIDADES Além das competências e habilidades gerais, previstas no art. 4º, da RESOLUÇÃO CNE/CES N° 9, DE 29 DE SETEMBRO DE 2004 Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Direito, o conhecimento adquirido na disciplina permitirá ao aluno desenvolver as habilidades especificas para: descrever, definir, classificar, analisar, comparar, avaliar, explicar, interpretar, argumentar, sintetizar os diversos institutos relacionados aos Direitos das Coisas. Associar o conteúdo teórico com sua aplicabilidade prática. Relacionar as normas instituídas com as exigências sociais. Moldar a capacidade crítica relacionada à Disciplina. Elaborar, por escrito, o que foi ensinado de forma reflexiva; debater, tomando posição, defendendo-a ou refutando-a com argumentos consistentes os problemas relacionados com os conflitos decorrentes do direito de propriedade; solucionar problemas com base na legislação, doutrina e jurisprudência de forma autônoma e reflexiva. III TEMAS DE ESTUDO 1.Teoria Geral dos Direitos Reais 1.1.Conceito de coisas/bens; 1.2.Terminologias; 1.3.Natureza jurídica sobre a propriedade; 1.4.Distinções: direitos reais e direitos pessoais (obrigacionais); 1.5.Características e objeto; 1.6.Classificações; 1.7. Figuras Hibridas. 2. Posse 2.1.Conceito; 2.2.Teorias; 2.3.Natureza jurídica; 2.4.Composse; 2.5.Classificação; 2.6.Tutela possessória; 2.7.Aquisição e perda da posse; 2.8.Efeitos da posse; 2.9.Ações possessórias. 3. Propriedade 3.1.Conceito; 3.2.Elementos constitutivos; 3.3.Objeto; 3.4.Função social da propriedade; 3.5.Extensão do direito de propriedade; 3.6.Limitações ao direito de propriedade; 3.7.Aquisição da propriedade imóvel; 3.8.Aquisição da propriedade móvel; 3.9.Usucapião; 3.10. Perda da propriedade; 3.11.Direitos de vizinhança; 3.12.Propriedade resolúvel; 3.13. Propriedade fiduciária; F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 27 3.14. Condomínio em geral (tradicional); 3.15. Condomínio edilício; 4. Direitos reais de gozo ou fruição 4.1.Superfície; 4.2.Servidões; 4.3.Usufruto; 4.4.Uso; 4.5.Habitação. 5. Direitos reais de aquisição - Promessa de compra e venda 6. Direitos reais de garantia 6.1.Penhor; 6.2.Hipoteca; 6.3.Anticrese 7. Direitos Autorais 7.1 Introdução; 7.2 Objeto; 7.3 Direitos Patrimoniais; 7.4 Direitos Morais; 7.5 Limitações; 7.6 Exceções; 7.7 Interpretação. IV METODOLOGIA Utilização de diferentes técnicas de ensino e aprendizagem que se completam para estimular o pensamento crítico-reflexivo a partir de métodos individualizados (estudo dirigido, pesquisas, análise de decisões jurídicas, elaboração de textos e documentos jurídicos variados, dissertação, resolução de questões, estudo de caso, etc.) e métodos socializados (aulas teóricas e práticas dialogadas através da exposição visual de textos doutrinários e jurisprudenciais; dinâmicas em grupos, método de caso, aprendizagem por problemas/saber fazer aprender a debater, participação em audiências e mediação do NPJ) em coerência com o Plano de Ensino IN 16/2009 e Plano de Aula IN 17/2009. V TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO Avaliação bimestral da aprendizagem, conforme calendário acadêmico. A verificação do desempenho acadêmico é realizada de acordo com a natureza da disciplina ou atividade e operacionalizada por meio de provas, trabalhos, pesquisas, estudo dirigido, exercícios realizados em sala de aula ou fora dela, argüições, resolução de questões teóricas e práticas, seminários, estudo de caso, diversas técnicas e instrumentos. Não há critérios de avaliação únicos a serem adotados pelo curso, eles serão definidos pelos professores em cada disciplina, respeitada a sua autonomia. O sistema de avaliação do processo ensino-aprendizagem no curso de Direito mantém coerência com o disposto na DCN do curso de direito, art. 9º, parágrafo único, no Regimento Geral e na IN 08/2008-CONSEPE e em coerência com o Plano de Ensino IN 16/2009 e Plano de Aula IN 17/2009. VI PROPOSTA DE INTERDISCIPLINARIEDADE E ATIVIDADES PRÁTICAS A compreensão da transferência da posse e propriedade tendo em conta o processo sucessório em face do parentesco; a expropriação da propriedade por interesse público em direito administrativo; na ciência política a propriedade dos meios de produção como fonte do poder econômico; a garantia dos direitos de propriedade por meios legais eficazes previstos no processo F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 28 civil. As reflexões serão estimuladas através de exercícios e diálogos em sala. A preservação ambiental como limitador do exercício do direito de propriedade de imóveis. VII BIBLIOGRAFIA BÁSICA DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro - direito das coisas. V.4 30 ed. São Paulo: Saraiva, 2015 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: direito das coisas. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. V. 5. LÔBO, Paulo Luiz. Direito Civil: coisas. São Paulo: Saraiva, 2015. DINIZ, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro – Direito das Coisas, 27ª edição, São Paulo, Editora Saraiva, 2012. NERY, Rosa Maria de Andrade, NEY JUNIOR, Nelson, Instituições de Direito Civil – Patrimoniais e Reais, Vol. IV, São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 2016. VIII BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR FARIAS, Cristiano Chaves de. Direitos reais. RJ: Lúmen Juris, 2009 KÜMPEL, Frederico Vitor. Direito Civil IV - direito das coisas. v. 4. São Paulo: Saraiva, 2010. MATHIAS, Maria Ligia Coelho. Direito Civil: direitos reais. v.7. São Paulo: Atlas, 2011 NADER, Paulo. Curso de Direito Civil. RJ: Forense, 2009 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas. 4. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2009. SALLES, Venício. Direito registral imobiliário. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: contratos em espécie. São Paulo: Atlas, 2010. COELHO, Fábio Ulhoa, Curso de Direito Civil, vol. 4, São Paulo, Editora Saraiva, 2006. VENOSA, Silvio de Salvo, Código Civil Interpretado, 2ª edição, São Paulo, Editora Atlas, 2011. MONTEIRO, Washington de Barros, atualizado por Carlos Alberto Dabus Maluf, Curso de Direito Civil – Direito das Coisas, vol. 3, São Paulo, Editora Saraiva, 2003. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 29 UNICURITIBA – Centro Universitário de Curitiba. CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS – Faculdade de Direito. Disciplina: Direito Reais - Prof. Dr. Clayton Reis Campus Milton Vianna. FProf. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 30 2019. PROGRAMA DE AULAS DE DIREITO REAIS/COISAS. 1. FUNDAMENTOS DOS DIREITO DAS COISAS – DIREITOS REAIS E DIREITOS PESSOAIS. 1.1. DEFINIÇÃO. O direito das coisas corresponde ao poder do homem, no aspecto jurídico, sobre a natureza física, nas suas variadas manifestações; e em se regular a aquisição o exercício e a perda daquele poder, à luz dos princípios consagrados, nas leis positivas. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 31 Segundo Roberto Senise Lisboa1, “Tanto a pessoa física como a pessoa jurídica – pode ser titular de direitos extrapatrimoniais (como os direitos estéticos e os direitos de personalidade) e de direitos patrimoniais”. No Direito Real há uma vinculação entre a coisa e a pessoa, que torna possível ao agente “... o proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem que injustamente a possua ou detenha”. (artigo 1.228 do CCB). Para DEMOLOMBE – “O DIREITO REAL É AQUELE QUE CRIA UMA RELAÇÃO DIRETA E INDIRETA, DE TAL MANEIRA QUE NELA SÓ SE ENCONTRAM DOIS ELEMENTOS A SABER: a pessoa que é o sujeito ativo do direito e a coisa que dele é objeto”. O direito real vale contra todos – é princípio de natureza ERGA OMNES. Os direitos reais, que antes eram enumerados em nove pelo artigo 674 do CCB-1916, atualmente, são considerados como sendo doze previstos no artigo 1.225 do CCB-2002. O novo ordenamento civil introduziu dois novos direitos reais – a superfície, direito do promitente comprador e a concessão de direito real de uso. Segundo preceito prescrito em nosso ordenamento jurídico os direitos reais são numerus clausus, ou seja, são restritos aqueles apontados pelo ordenamento jurídico. 1 LISBOA, Roberto Senise, Direitos Reais e Direitos Intelectuais, 4ª Edição, São Paulo, Editora Saraiva, 2009, p.1. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 32 Todavia, há posições antagônicas. Para o Direito romano os DIREITOS REAIS decorrem daqueles enumerados na lei. E, para o Direito francês, os direitos reais nascem a partir do momento em que as partes convencionam aqueles enumerados por convenção consensualizada. Segundo ORLANDO GOMES2, “a característica do direito real será sempre o fato de se exercer diretamente, sem interposição de quem quer que seja, enquanto o direito pessoal supõe necessariamente a intervenção de outro sujeito de direito.” . As características determinantes dos direitos reais são o direito de SEQUELA e o direito de PREFERÊNCIA. Já se disse, com razão, que constituem as suas superioridades sobre os direitos de crédito. A lei de direitos autorais N. 5.988/73 retirou do CCB DE 1916 a matéria de direitos autorais e deu disciplina própria, evitando qualquer conotação com o direito de propriedade e mesmo com o direito das coisas. O Código Civil de 2002 manteve essa disposição, remetendo a questão à nova Lei sobre DIREITOS AUTORAIS – a Lei número 9.610/98. 2. GOMES, Orlando, Direitos Reais, 14a., Ed., Rio de Janeiro/RJ, Editora Forense, 1999, p.5. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 33 Segundo o professor JOSE DE OLIVEIRA ASCENÇÃO, ela se insere na ordem das coisas livres, sendo o direito do autor ”um circulo de atuação”, com limitação das atividades dos membros da comunidade. O direito do autor deve ser caracterizado como UM DIREITO DE MONOPOLIO OU, SEGUNDO ORLANDO GOMES3, como um DIREITO EXCLUSIVO. Para a doutrina alemã é necessário uma relação causal ou fundamental – o contrato de compra e venda não transfere a propriedade se não for válido. Numa palavra o modo de aquisição é condicionado à validade do título que lhe serve de base. . Segundo ORLANDO GOMES4, “o direito real tem duas manifestações, uma necessária e a outra possível; ou exercermos sobre nossas próprias coisas – jus in re própria, ou sobre coisas dos outros – jus in re aliena. JUS IN RE PROPRIA é a propriedade com todos os seus direitos elementares. JUS IN RE ALIENA, o direito real, que tem por objeto a propriedade limitada.” Para CLÓVIS BEVILAQUA, “não há direito real senão quando a lei o declara”. Os direitos pessoais são inumeráveis. O antigo artigo 24 da Lei N. 6.649/79 (Lei de Locação) conferia ao locatário o direito de preferência no caso de venda do imóvel pelo locador – no entanto, o referido dispositivo legal não fazia referência se se tratava de um direito real ou pessoal. 3 . Idem, p. 11. 4. Idem, p. 14. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 34 Atualmente, o artigo 27 da Lei N. 8.245/91 (Lei de Locação) assegura ao locatário o direito de preferência no caso de venda do imóvel, que o artigo 33 da mesma lei assegura o direito real – transferência do registro do imóvel, se o locatário depositar o valor nos seis meses seguintes ao registro realizado perante o oficial do registro de imóveis. TRATA-SE DE UM DIREITO REAL, que foi convertido pela nova lei. De qualquer forma, o texto legal (art. 33 da Lei de Locação) assegura o direito de preferência (PERDAS E DANOS) ou direito real (REGISTRO DO IMÓVEL) . Anteriormente essa questão suscitou debates. O STF (Agravo de Instrumento N. 30.568/64 – DJU 02.04.64) definiu como sendo direito pessoal o direito de preferência do locatário no sistema de locação anterior. A lei N. 3.912/61, foi revogada pela Lei N. 4.494/64, mas o artigo 12 da Lei N. 6.649/79 manteve o artigo 09 da Lei anterior. O artigo 27 da Lei N. 6.766/79 dispõe expressamente que: “... e estando registrados, confira direito real oponível a terceiros”. No mesmo sentido, o art. 22 do DL 58/37 prescreve que, “... atribuem aos compromissários o direito real, oponível a terceiros.” O homem procura apropriar-se do que é raro ou útil, quando se criam os vínculos jurídicos que é o domínio. Nesse caso, ocorrem conflitos. É que nessas situações surge o direito das coisas que regula as relações jurídicas do HOMEM/COISA. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 35 “Os direitos podem ser absolutos ou relativos. Direito absoluto são aqueles que podem ser exercido e defendidos sem qualquer restrição, pelo seu respectivo titular. Direitos relativos são aqueles que somente podem ser exercidos e defendidos contra todos indistintamente, nos limites estabelecidos pela norma jurídica, por razão de ordem pública e interesse social”, conforme ensina Roberto Senise Lisboa5 Os direitos reais são direitos absolutose, mesmo estando relativizados, prevalecem sobre os direitos pessoais que são direitos relativos de menor relevância jurídica. Apesar de o direito de propriedade ser considerado direito real fundamental o seu exercício e o dos demais direitos reais são ilimitados aos interesses socialmente relevantes, assinala Senise em seu livro. 1. DIREITO REAIS - FUNDAMENTOS. 1.1. CONCEITOS. Livro III, Parte Especial do CCB de 2002. Nessa área do Código surge a posse e o domínio. O referido direito regula, segundo LAFAYETE RODRIGUES PEREIRA, a aquisição, o exercício, a conservação e a reivindicação e a perda das coisas. 5 LISBOA, Roberto Senise, ob. cit., p. 7. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 36 O DIREITO REAL (segundo Lafayete) é o que afeta a coisa direta e imediatamente, sob todos ou sob certos respeitos e a segue em poder de quem a detenha. É o direito que se prende à coisa e apresenta como um vínculo entre a pessoa e a coisa e dá a este o direito de seqüela, a ação real. Ao passo que o “Direito das Coisas regula o poder dos homens sobre os bens e os modos de sua utilização econômica”, segundo Orlando Gomes (GOMES, 2008, p. 7) O direito real sobre imóvel, só se constitui com o registro (art.1.227 do CCB-2002) da qual ninguém pode alegar ignorância. A seqüela consiste na prerrogativa do titular do direito real de seguir a coisa nas mãos de quem a detenha injustamente, de apreendê-la (art. 1.228), para sobre a mesma exercer o direito real. Exemplo: QUEM ALIENIA IMÓVEL PENHORADO. CONSISTE NA AÇÃO REAL QUE VALE CONTRA TODOS. USUFRUTO – VÁRIOS USUFRUTUÁRIOS – UM DONO REAL. CONDOMÍNIO – VÁRIOS CONSORTES – UM DONO REAL. 1.2. DOMÍNIO. Tradição – artigo 1.267 do CCB. No Direito Civil Francês o domínio se verifica sem a tradição. Assim, no CCB prevalece o princípio – ANTES DA TRADIÇÃO O DOMÍNIO NÃO SE TRANSFERE (art. 1.267 do CCB-2202). Há enormes controvérsias a respeito dos direitos reais. Segundo o Direito Civil francês poderão ser infinitos, dependendo do que as partes convencionarem na fixação do acordo, de conformidade com a ordem pública e os bons costumes. Autores brasileiros que contestam não ser o direito real hermético: PONTES DE MIRANDA, CLÓVIS BEVILAQUA, LACERDA DE ALMEIDA, WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 37 Segundo CLÓVIS BEVILAQUA, “o número dos direitos reais é sempre limitado nas legislações não há direito real, senão quando a lei o declare. Os direitos pessoais são inumeráveis.” De acordo com WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO, “o artigo 9 da Lei N. 3.912 de 03.07.61 que alterou a lei do inquilinato, dá o direito de preferência ao locatário na aquisição do imóvel.” O direito do locatário é meramente pessoal ou real? - APELAÇÃO CÍVEL N. 122.540 de Santos – TJSP, “não viola o disposto no artigo 9 da Lei N. 3.912/61 o Acórdão que entende assistir ao locatário unicamente um direito pessoal de preferência à aquisição do prédio locado, afirmando além disso, que o autor decaiu do direito de reclamar, porque a preferência não foi pedida em tempo hábil.” Ocorre que, certos direito reais (artigo 1.227) para serem reais necessitam inscrever-se no REGISTRO DE IMÓVEIS. Nesse sentido, a Lei N. 6.766/79 – no que tange ao parcelamento do solo e a Lei N. 4.591/65 referente ao condomínio. Além dos DIREITOS REAIS prescritos no artigo 1.225 do CCB, outros são enumerados em face de expressa disposição contida em lei, a saber: • Compromisso de compra e venda – DL 58/37 e lei N. 6.766/79 (art. 1.225, inciso VII do CCB-2002) • Concessão de usos de terrenos públicos – DL. 271/67 (art. 1.225, inciso II do CCB-2002) • A propriedade fiduciária de imóvel – Lei N. 9.514/97 • A propriedade fiduciária de coisas móvel – DL 911/69 F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 38 • A caução, a cessão parcial ou cessão fiduciária, tanto de direitos decorrentes de contratos de alienação de unidades habitacionais vinculados ao SFH – DL 70/66 • O uso da derivação de águas – Código de águas (art. 50). 2. FUNDAMENTOS DA TEORIA DA POSSE 2.1. – CONCEITO DE POSSE. Quando alguém adquire ou desfruta um prédio que lhe foi adquirido de quem não é dono, é violentamente esbulhado. A lei não permite que se faça justiça por conta própria – exercício arbitrário das próprias razões. Há que se utilizar da via judicial para a defesa dos direitos inerentes à posse. JUS POSSIDENDI – relação HOMEM/COISA, do ato jurídico. A posse cria situação de fato e nunca de direitos. Segundo Silvio Rodrigues6, “poder- se-ia chamar jus possidendi a relação material entre o homem e a coisa, e consequentemente de um ato jurídico.” Segundo Flávio Tartuce (TARTUCE, 2015, p.857), “este autor está filiado à corrente pela qual a posse é um direito de natureza especial, o que pode ser retirado da teoria tridimensional de Miguel Reale. Isto porque a posse é o domínio fático que a pessoa exerce sobre a coisa. Ora, se o Direito é fato, valor e norma, logicamente a posse é um componente jurídico, ou seja, um direito”. 6. RODRIGUES, Silvio, Direito Civil, vol. 5, 22ª Ed., São Paulo/SP, Editora Saraiva, 1995, p. 16. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 39 E, ainda, Silvio Rodrigues ensina que, “enquanto a propriedade é a relação entre a pessoa e a coisa, que assenta na vontade objetiva da lei, implicando um poder jurídico e criando uma relação de direito, a posse consiste em uma relação de pessoa e coisa, fundada na vontade do possuidor, criando mera relação de fato.” Toda proteção da posse, que se funda numa relação de harmonia social, é transitória e sucumbe frente à prova do domínio. JUS POSSESSIONIS – situação de posse. A posse é mantida até que o possuidor seja convencido de quem tenha melhor direito. Os efeitos – pretensão possessória – como o usucapião são consequências de quem não se utiliza do meio necessário para manter-se por conta própria na posse da coisa possuída. Artigo 1.210 – defesa da posse, através da reintegração, turbação, interditos proibitórios. 2.2. – Teorias possessórias: • SAVIGNY (Teoria Subjetiva da posse) – é o poder de dispor fisicamente da coisa e defendê-la contra a intervenção de terceiro. Possui dois elementos determinantes: CORPUS – o elemento físico ou material e ANIMUS – o elemento formal. Segundo Silvio Rodrigues7, “os dois elementos são indispensáveis para que se caracterize a posse, pois se faltar o corpus, inexiste relação de fato entre a pessoa e a coisa; e, se faltar o animus domini não existe posse, mas mera detenção.” • IHERING (Teoria objetiva da posse) – posse é a condição do exercício da propriedade. Exemplo: no direito há exemplos diferentes. 7. Rodrigues, Silvio, obr. cit., p. 18. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 40Nesse sentido, há o caso de madereiro que lança troncos na correnteza. Transeunte que vê material de construção ao pé da obra. Possuidor é aquele que age em face da coisa, como se fosse o proprietário. A lei protege o possuidor através da ação possessória. Para CLÓVIS BEVILAQUA o CCB adotou a teoria Objetiva de IHERING. A posse não significa apenas a detenção da coisa; ela se revela na maneira como o proprietário age em face da coisa, tendo em vista sua função econômica, pois o animus domini nada mais é do que o propósito de servir-se da coisa como proprietário. Para SAVIGNY a posse é um direito e um fato, pois gera o usucapião e os interditos possessórios. Para Ihering se trata de um direito. “Ao exigir o animus domini como requisito indispensável à configuração da posse, a doutrina subjetiva considera simples detentores o locatário, o comodatário, o depositário, o mandatário e tantos outros que, por títulos análogos, têm o poder físico sobre determinadas coisas”, (GOMES, 2008, p. 33). Na posse, a manutenção da relação de fato é condição da sobrevivência do direito à posse. Na opinião de BEVILAQUA e SILVIO RODRIGUES a F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 41 posse é um estado de fato que a lei protege em atenção à propriedade, não é um direito real por que não figura na enumeração do artigo 1.225 do CCB e, esta regra é taxativa e não explicativa. O estado de fato corresponde ao direito de propriedade sobre a coisa que se denomina de posse. O Estado de fato a que não corresponde direito algum denomina-se detenção ou seja, a pessoa possui o bem mas não à título de dono. No litígio da posse, o Tribunal deu ganho de causa a quem usou o terreno e não a quem pagou os impostos, porque o primeiro é mais consentâneo com a posse – RT 476/110. Assim, quem abandona objeto em terreno baldio abdica da sua posse. Ao passo que a possui quem aduba a sua terra – animus domini – com a vontade de dono. A posse é considerada um direito real – é preciso o consentimento da mulher na transferência – segundo o ensinamento de Caio Mário, Washington e Orlando Gomes – RT 530/207. Segundo preleciona Cáio Mário da Silva Pereira: “nascendo a posse de uma relação de fato, converte-se de pronto em relação jurídica”. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 42 É importante destacar que A POSSE NÃO PROTEGE DIREITOS PESSOAIS, SÓ A COISA CORPÓREA. ESSES DIREITOS SÃO ESTRANHOS AO CONCEITO DE POSSE. 2.3. – ELEMENTOS DA POSSE. Os artigos 1.196 e 1.198 não conceituam, apenas concedem uma idéia sobre esse direito de fato. Exemplo: caseiro que zela pela residência do varão. Motorista que dirige veículo. Bibliotecário que cuida dos livros. Na teoria de Savigny, estas pessoas possuem apenas o CORPUS, faltando o elemento jurídico determinante no direito possessório - ANIMUS REM SIBI HABENDI. 2.4. – CLASSIFICAÇÃO DA POSSE. • Posse direta e indireta: Não há mais de uma posse sobre a mesma coisa. Mas ela poderá ser desdobrada. Trata-se da posse indireta prevista no artigo 1.197 do CCB. Exemplo: posse direta – usufrutuário, depositário, credor pignoratício, locatário, comodatário. O titular detém a posse de direito. Nestes casos, ambos podem recorrer aos interditos para proteger sua situação ante terceiros. Acórdão do TJ/SP – foi concedido a manutenção da posse ao meeiro contra o dono da fazenda que o perturbava na exploração das terras, antes de vencido o contrato de parceria agrícola. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 43 Arresto – TJ/SP – In RT 188/767 – sublocatário esbulhado pelo sublocador em sua posse direta, pode contra ele propor ação de reintegração de posse. O titular da posse indireta tem ação possessória contra o titular da posse direta – SERPA LOPES. Julgado em que, o Tribunal deferiu interditos possessórios ao locador sobre parte do imóvel que não fora devida na locação e que, o locatário recalcitrava em não entregar – in RT 159/785. “É doutrina hoje geralmente seguida que o possuidor direto, pode intentar ação possessória até mesmo contra o possuidor indireto.” • Composse: “A posse não admite mais de um possuidor a desfrutá-la por inteiro.” Nada impede, no entanto, que a posse seja exercida por mais de um possuidor, desde que o exercício do outro – artigo 1.199. Exemplo: cônjuge – comunhão de bens. Deve-se usar o interdito possuidor. Revista Forense 34/68: “ao compossuidor compete a ação de manutenção ou de esbulho para estabelecer o estado anterior.” • Posse justa e posse injusta: artigo 1.200 – vícios conhecidos no direito romano como: VIS – com violência; CLANAUT – Clandestina; PRECARIO – precária. A tomada violenta da posse não gera efeito no âmbito do direito. Posse clandestina é a que se constitui às escondidas. A posse é a exteriorização do domínio, na clandestinidade não há qualquer exteriorização do direito. Para exista a posse mister se faz a publicidade – conforme previsão contida no artigo 1.208 do CCB. Não induzem a posse os atos de mera permissão ou tolerância. Nesse caso, há quebra da confiança. A posse precária não convalesce jamais, continuando sempre viciosa. Há colisão entre os artigos 1.203 e o artigo 1.208 do CCB. Basta que a posse se estenda pacificamente ou publicamente, durante intervalo de ano e dia, para que fique purgada de seus defeitos. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 44 O artigo 1.203 presume que a posse mantenha o mesmo caráter com que foi adquirida. Neste caso, há presunção JURIS TANTUM, que admite prova em contrário. • Posse de boa-fé e má-fé: o artigo 1.201 dispõe que: será de má-fé quando o possuidor exercer a posse a despeito de estar ciente de que a mesma é clandestina, precária, violenta ou se encontra qualquer outro obstáculo jurídico à sua legitimidade. O legislador presume de boa-fé a posse quando o possuidor tem justo título. JUSTO TÍTULO - “é o título hábil para conferir e transmitir direitos à posse, se procedesse do verdadeiro possuidor ou proprietário – conforme dispõem os artigos 1.216 a 1.220 do CCB.” Na RT 188/654 – “quem tem os limites de sua propriedade perfeitamente definidos nos respectivos títulos e estende a ocupação além dos limites, age de má-fé e por isso não lhe é lícito alegar ignorância da extensão.” Em algumas legislações a boa-fé dá cor à posse, que conservará esse caráter enquanto durar – conforme preceituam os Códigos Civis Francês e Italiano. Artigo 1.202 do CCB – a prova incumbe a quem alega. Tema: a citação para a ação é ou não elemento adequado para transformar a posse de boa-fé em má-fé? Através da citação, o possuidor tem ciência de que se pretende infirmar sua posse, que não se estriba no bom direito. Após a sentença, seus efeitos retroagem à citação – jurisprudência nesse sentido. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 45Na RT 133/559 – “havendo dúvida quanto à época em que a posse se tornou viciosa, o melhor critério é firmá-la a partir da propositura da ação. Nesse sentido: RT 88/99 – RT 114/124 e RT 74/297. A partir desse momento perde o direito às benfeitorias úteis e voluptuárias”. • Posse ad interdicta e posse ad usucapionem: para a que posse ad interdicta se configure basta que seja justa. Qualquer posse dá direito aos interditos proibitórios. Por sua vez, a posse ad usucapionem é aquela capaz de deferir ao seu titular o usucapião da coisa, se suprido os requisitos necessários. Usucapião é um dos modos de aquisição do domínio pela posse mansa e pacífica da coisa de outrem, por um período definido em lei – artigo 1.242 – 10 anos presentes. O parágrafo único do CCB-2002 prevê a usucapião pro labore inserta no artigo 183 e artigo 191, ambos da CF/88. Posse nova e velha, na concepção do artigo 508 do CCB-1916 de um ano e dia (velha) e menos (nova), foi eliminado no Código Civil de 2002. O intervalo de ano e dia é necessário para consolidar a situação de fato. Segundo Silvio Rodrigues8, “esse intervalo de ano e dia é o necessário para consolidar a situação de fato, purgando a posse dos defeitos de violência e clandestinidade, como foi visto. E, desde que a posse tenha ano e dia, o possuidor será mantido sumariamente, até que seja convencido pelos meios ordinários – conforme dispõe o artigo 1.210 do CCB.” • Efeitos da posse – frutos. Possuidor de boa-fé – em face do que dispõe o artigo 1.214 do CCB . Quando ocorrer a posse de má-fé, o possuidor responde por estes fatos – artigo 1.218. Nesse caso, ocorre a devolução dos frutos colhidos, responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa. Artigo 1.217 – “... a que não der causa...” Somente quando houver dolo do possuidor. O possuidor poderá valer-se do direito de 8. RODRIGUES, Silvio, obr. cit., p. 35. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 46 retenção, em face de ser possuidor de boa-fé – o que é permitido pela disposição contida no artigo 1.219 do CCB. Poderá ocorrer enriquecimento em face da previsão contida nos artigos 1.221 e 1.222 do CCB. Servidão – defendida pela ação confessória e publiciana – posse. 3. DA AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE: 3.1. INTRODUÇÃO. A proteção possessória é o principal, senão o exclusivo efeito da posse. Nesse caso, sem essa proteção a posse perderia o seu principal efeito jurídico. Na aquisição sempre haverá de estar presente o binômio pessoa-coisa. Para Caio Mário da Silva Pereira9, “sempre presente estará o critério econômico, inspiração do binômio COISA-CONDUTA do agente, ou seja, OBJETO- VONTADE. A posse poderá assim ser adquirida de forma originária (interferência pessoal do agente) ou derivada (quando resultar de aquisição anterior). Será, ainda, realizada pela própria pessoa ou seu representante, como acentuado no art. 1.205,I. No caso de representação de incapazes, o legislador presume a vontade manifesta daquele – representante toma por empréstimo o ânimo de quem representa. 9. PEREIRA, Caio Mário da Silva, obr. cit., p. 34 F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 47 3.2. AQUISIÇAO ORIGINÁRIA. Nesse caso, adquire-se pela apreensão que é a exteriorização do ato realizado pelo agente. Há casos em que não ocorre, quando se observa o caso do tesouro que requer o fenômeno da invenção ou, a cria dos animais. Nesse caso, são excluídas aquelas coisas que se encontram fora do comércio – res extra commercium. Segundo Orlando Gomes10 “Adquire-se a posse, por modo originário, quando não há consentimento do possuidor precedente”. E, adiante o autor proclama: “o artigo 493 do CC/16 é alterado pelo art. 1.204 do CCB/2002, que adota uma regra geral sobre a aquisição da posse, referindo-se ao possível exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade”. Art. 1204 CCB/2002: “Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade”. 3.3. AQUISIÇAO DERIVADA. Quando a pessoa recebe a posse de outra pessoa, trata-se de posse derivada. O mais frequente é a tradição. Quase sempre é necessário a manu in manum translatio possessionis. Quando se transmite uma grande fazenda, o proprietário não precisa percorrê-la para recebê-la, basta apenas que ela seja colocada à disposição do adquirente – traditio longa manu. E, quando o depositário abre mão do depósito, ou ocorre a demissão voluntária da posse ocorre a traditio brevi manu. 10 GOMES, Orlando, Direitos Reais, 19ª edição, atualizada por Luiz Edson Fachin Rio de Janeiro, Editora Forense,2008, p. 66. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 48 Para Orlando Gomes11, “Adquire-se a posse por modo derivado quando há consentimento de precedentes possuidor. Ocorre quando a posse é transferida, o que se verifica com a transmissão da coisa. A tradição é o modo derivado de aquisição da posse”. Existem três modalidades de tradição: 1. Efetiva ou material; 2. Simbólica ou ficta; 3. Consensual”. A posse adquire-se ainda, quando passa aos herdeiros, no momento do falecimento do de cujus – art. 1.572. O Direito romana não conhecia o instituto que passou a ser conhecido pelo direito francês que teve origem nos costumes – droit de saisine – em virtude do qual o servo morto deixava de devolver a posse da coisa ao seu senhor, imitindo nela o seu sucessor – le mort saisit le vif. A acessio possessionis é a possibilidade do possuidor em unir à sua a posse do anterior – art. 1.207. Trata-se de uma faculdade e não uma consequência necessária da aquisição. 3.4. PERDA DA POSSE DAS COISAS. • Sendo a posse uma conduta do agente em relação à coisa, perde-a quem perde a conduta – o animus rem sibi habendi. É preciso indagar se a posse se operou solo corpore solo animo – situações diversas. Há situações em que não induzem posse, como os atos provenientes da confiança oriunda das relações familiares ou de amizade. 11 GOMES, Orlando, op. cit., p. 67. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 49 “O uso da coisa em decorrência de relação empregatícia não gera posse. Por isso mesmo aquele que a tem por força de tal vínculo, em caráter de subordinação, não pode valer-se dos interditos possessórios com o fito de conservá-la, contra o empregador12”. • A perda da coisa poderá resultar no desinteresse da parte em reavê-la ou, ainda, quando a posse se consolida nas mãos do possuidor – quando a jóia cai no fundo do mar. • Poderá ocorrer a destruição da coisa – morte do animal, incêndio da casa.... Quando a coisa desaparece – terreno invadido pelas águas do mar, aluvião, avulsão. • A posse de outrem que é a perda solo corpore, o esbulho por terceiro, que passa, contra a vontadedo dono a possuir a coisa. Nesse caso, é indispensável o interdito recuperandae possessionis. “a proteção possessória não reclama a presença física e a prática de atos materiais no imóvel, bastando a possibilidade de se dispor da coisa. Cessa essa proteção, no entanto, quando terceiro vem a ter melhor posse, sem os vícios da posse injusta. A invocação do usucapião como defesa não se apresenta viável nos interditos, uma vez que neles não teria sentido nem utilidade prática13.” • Abandono. O abandono representa a perda da coisa corpore et animo – res derelicta, uma vez que o possuidor despoja-se da coisa, voluntariamente, abrindo mão da sua conduta de proprietário face à coisa. Observe, por exemplo, os dois casos opostos – um locatário que desocupa o imóvel locado e o proprietário de uma casa na praia que a desocupa após a temporada de verão. A primeira conduta representa um abandono e a segunda não. 12. In TAMG – Ap. 28.680 – Rel, Juiz Haroldo Sodré – Ac. 18.10.1985 – Ver. Julgados do TAMG 24- 25/259. 13. In TAMG – Ap. 23.311 – Rel. Juiz Sálvio de Figueiredo – Ac. 21.10.1983 – Ver. AMAGIS 3/276. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 50 Na ótica de Orlando Gomes14, “Distingue-se o abandono da perda em que, nesta, a coisa sai do poder do possuidor contra a sua vontade. A coisa abandonada Perde-se para o possuidor por ato intencional, deliberado, propositado”, • Tradição. A traditio é uma perda da posse corpore et animo, ou somente animo, Nesse caso, opera-se a perda pela alienação, ou transferência. O registro do título imobiliário opera a transmissibilidade. Para Orlando Gomes15, “a ficta traditio é uma forma espiritualizada da tradição. Na tradição ficta, a entrega material da coisa é substituída por atitudes, gestos, ou mesmo atos indicativos do propósito de transmitir a posse, como se verifica com a entrega das chaves na aquisição de uma casa.” Nesse particular as decisões de nossos Tribunais apontam que: “Para haver transmissão negocial da posse não basta que o transmitente seja proprietário. A posse é um dado fático, só pode transmití-la quem tenha a disponibilidade física da coisa. Portanto, “a transmissão negocial só produz efeitos quando o transmitente exerça efetivamente a posse16”. 14 GOMES, Orlando, op. cit., p. 15. GOMES, Orlando, obr. cit., p. 53. 16. In TJSP – Ap. 282.093 – Ac. 21.08.1979 – Rel. Des. Nélson Altemani – RT 534/91. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 51 • CONSTITUTO POSSESSORIO.. Importa perda da posse solo animo, uma vez que o possuidor através de claúsula constituti altera a relação jurídica anteriormente existente, mudando o animus. Segundo Caio Mário da Silva Pereira17, “a sua conduta, em relação à coisa, materialmente não se altera, conservando-a corpore, mas a affectio tenendi extingue-se em relação a ele próprio...” Para Orlando Gomes18, “O constituto possessório consiste, em essência, numa variação do animus, pois quem possuía com animus domini, passa a possuir com animus nomine aliene, continuando, portanto, com o poder material sobre a coisa. A perda da posse se dá sem privação do corpus, porque passa ao adquirente, embora, em alguns casos, o alienante retenha a posse direta, como na hipótese do proprietário que vende a casa onde mora e continua a habitá-la na qualidade de locatário”. Coisas fora do comércio. Perde-se as coisas que foram colocadas fora do comércio – res extra commercium. Nesse caso, essas coisas perdem o seu valor econômico. Art. 1.223: “Perde-se a posse quando cessa , embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196”. 17. PEREIRA, Caio Mário da Silva, obr. cit., p. 42. 18 GOMES, Orlando, op. cit., p. 74. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 52 4. FUNDAMENTOS DA PROTEÇÃO POSSESSÓRIA. 4.1. INTRODUÇAO. Protegendo a posse, está o legislador, no mais das vezes protegendo o proprietário porque é este quem, no geral, desfruta da posse. Quando a Lei protege o meliante, segundo proclama Ihering, tem o propósito de não subtrair de quem merece a proteção da lei. “Mais vale que um velhaco excepcionalmente partilhe de um benefício da lei, do que ver esse benefício negado a quem o merece.” 4.2. – POSTULAÇAO EM JUÍZO. No juízo petitório o rito é ordinário e os litigantes alegam domínio. No juízo possessório, basta mostrar a posse pacífica de ano e dia, para que o possuidor alcance a pretensão contra quem quer que seja. Exemplo: Proprietário sofreu esbulho e deixou transcorrer o tempo que milita a favor do possuidor. Se pleitear ação de reintegração de posse será vencido pelo esbulhador. Mas pela via ordinária será vitorioso. De forma excepcional a questão do domínio poderá ser invocada, conforme prescreve o artigo 1.210, par. 2o do CCB. Nesse sentido, as decisões de nossas Cortes de Justiça prescrevem: F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 53 RT 86/362 – “o preceito da parte final do artigo 505, determinando ao Juiz não deferir a posse a quem não pertencer a propriedade, obriga o magistrado a ter em vista o título de domínio.” RT 86/96 – arresto do STF: “a defesa fundada no domínio só é admissível nas ações possessórias em dois casos: (a) quando duas pessoas disputam a posse à título de proprietários; (b) – quando duvidosa a posse de ambos os litigantes.” Nesse último caso trata-se da EXCEPTIO DOMINI, admitida no Acórdão do Ministro Orozimbo Nonato do STF, somente sendo admissível quando houver dúvida entre a posse de ambos os litigantes. Dessa forma, poderá ser estabelecido que: • Somente quando a posse é disputada pelos litigantes à título de propriedade. • Somente quando há dúvida quanto ao verdadeiro possuidor – artigo 1.249, Par 2º do CCB. O projeto do CCB não elucidou a questão. O esbulhador também é proprietário, pois que reconhece que – TECI? SED JURE TECI – Fiz? Mas, fiz com direito! No que tange aos direitos do possuidor aos interditos proibitórios há várias teorias, consoante se observa: • Teoria fundada na interdição da violência. F Prof. Dr. Clayton Reis. Curitiba-Pr. 54 • Teoria funda na presunção de um direito. • Teoria que relaciona o fundamento da proteção possessória à propriedade. O artigo 557 do CPC/2015 – tratamento petitório. São ações reais e exigem a outorga uxória e a citação da mulher. Não se questiona o domínio. No entanto, existem decisões jurisprudenciais divergentes, a saber: (a) admitem o domínio – conforme a Súmula 487 do STF. (b) se a posse é duvidosa entre os litigantes. É possível a ação reinvindicatória se as partes
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