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RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

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AO JUÍZO DA _ª VARA DO TRABALHO DE TAGUATINGA/DF
 
 
 
 
 
 
MARCELA ANGELICA DE JESUS TAVARES, nacionalidade brasileira, profissão copeira lactante, portadora da carteira de identidade nº 3.007.235 SESP/DF, inscrita no CPF sob o nº 051.924.231-98, CTPS nº 95962/30, PIS n° 1637852511-1, residente e domiciliada na ...., vem, por intermédio do NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – NPJ – UNIDADE JURÍDICA DE TAGUATINGA (procuração anexa), com fulcro no artigo 840, § 1°, da Consolidação das Leis Trabalhistas, cumulado com artigo 319 do Código de Processo Civil, propor
 RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
pelo rito ordinário, contra a empresa JDR SERVICE LTDA-ME RAIO SERVIÇOS, CNPJ 22.463.530/0001-09, situada na QSD 53 LOTE 01 LOJA 01A, Taguatinga Sul, Brasília-DF CEP 72.020-530, e DISTRITO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público interno, inscrito no CNPJ nº 00.394.601.0001/26, devendo ser notificada por meio da PGDF, com sede na SAM Bloco I, Edifício Sede, Brasília/DF – CEP: 70620-090, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos.
 
I - DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
 
A Reclamante atesta, para os devidos fins, não possuir condições de arcar com as custas judiciais sem afetar o seu próprio sustento e de sua família. Observa-se que atualmente a reclamante encontra-se desempregada e não possui outros rendimentos. Além disso, durante a vigência do contrato de trabalho a reclamante não recebia salário superior a 40% do teto dos benefícios do RGPS,
Assim, conforme art. 790, § 3º, da CLT, requer a concessão dos benefícios da Justiça gratuita.
 
 II – DO CONTRATO DE TRABALHO
 
A Reclamante foi admitida pela primeira reclamada em 02/04/2018 para exercer a função de copeira lactante no Hospital Regional de Taguatinga – entidade mantida pela segunda reclamada -, recebendo a remuneração de $ 1.198,87 (mil, cento e noventa e oito reais e oitenta e sete centavos) mais o valor de R$ 99,80 (noventa e nove reais e oitenta centavos) a título de adicional de insalubridade, conforme contracheques anexos.
Em 04/03/2019, a Reclamante foi informada pela primeira reclamada que o contrato de trabalho seria extinto, devendo cumprir o aviso prévio de 30 dias até 03/04/2019.
No dia 18/04/2019, a primeira reclamada efetuou dois depósitos na conta corrente da reclamante, no valor total de R$ 2.603,34 (dois mil seiscentos e três reais e trinta e quatro centavos) sem informar a quais parcelas se referem tal pagamento, o que, para todos os efeitos, somente deverá contar para fins de dedução ao final da liquidação.
Cumpre observar ainda que a primeira Reclamada não deu baixa na CTPS, além de não quitar as verbas rescisórias da Reclamante.
Por estes motivos vem propõe a presente reclamação.
 
III – DO SALDO DE SALÁRIO DO MÊS DE MARÇO
Conforme já mencionado, a Reclamante trabalhou até o dia 03/04/2019, não recebendo nenhum valor a título de saldo de salário referente aos meses de março e abril.
Deste modo, tendo trabalhado o mês de março a Reclamante, conforme prevê o art. 4º da CLT, tem direito ao valor corresponde aos dias em que efetivamente trabalhou, o que constitui direito adquirido. Assim, a reclamante faz jus ao total de R$ xxx à título de saldo de salário como contraprestação ao trabalho desempenhado no mês de março.
 
 IV – DO SALDO DE SALÁRIO DO MÊS DE ABRIL
Verifica-se que a reclamante ainda trabalhou os três primeiros dias do mês de abril. Assim, a reclamante faz jus ao total de R$ xxx à título de saldo de salário referente ao mencionado mês.
V - DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
Como já mencionado, a reclamante não recebeu a remuneração devida correspondente aos meses de março e abril, portanto, além do salário não foi pago o adicional de insalubridade previsto no contrato de trabalho.
Neste sentido, requer a reclamante o pagamento do adicional de insalubridade referente ao mês de março e o referente aos três primeiros dias de abril trabalhados, o que perfaz a quantia de R$ xxx.
Requer igualmente que o adicional insalubridade seja contato para fins de 13º salário, das férias, dos depósitos de FGTS e da multa de 40%;
VI - DAS FÉRIAS VENCIDAS
 
No que tange às férias, registra-se que o período aquisitivo das férias da Reclamante se iniciou em 02/04/2018 e se encerrou em 01/04/2019.
Conforme já salientado, o contrato de trabalho veio a termo no dia 03/04/2019. Portanto, a Reclamante não gozou das férias devidas.
Deste modo, tendo trabalhado por todo o período aquisitivo a reclamante faz jus às férias integrais acrescidas do terço constitucional.
Além disso, verifica-se que o prazo limite do período concessivo (01/04/2020) não foi ultrapassado, portanto as férias devem ser pagas de maneira simples.
Assim, o total devido a reclamante a título de férias é de R$ xxx.
 A reclamante faz jus ao recebimento das férias integrais 2018/2019, simples, acrescidas de 1/3 constitucional, já considerados os reflexos do adicional de insalubridade, no valor total de R$...
Contagem das férias
Período aquisitivo (12 meses) Período concessivo (12 meses) 
02.04.2018 a 01.04.2019 02.04.2019 a 01.04.2020 
 
Quantidade de avos:
02.04.2018 a 01.05.2018= 1/12
02.05.2018 a 01.06.2018= 1/12
02.06.2018 a 01.07.2018= 1/12
02.07.2018 a 01.08.2018= 1/12
02.08.2018 a 01.09.2018= 1/12
02.09.2018 a 01.10.2018= 1/12
02.10.2018 a 01.11.2018= 1/12
02.11.2018 a 01.12.2018= 1/12
02.12.2018 a 01.01.2019= 1/12
02.01.2019 a 01.02.2019= 1/12 
02.02.2019 a 01.03.2019= 1/12
02.03.2019 a 01.04.2019= 1/12
02.04.2019 a 03.04.2019= 0
total = 12/12 avos 
Férias integrais 2018/2019, simples, + ⅓ constitucional 
As férias são simples porque não ultrapassou o prazo que o empregador teria para conceder o período 2018/2019, isto é, 01/04/2020.
VII – DO 13º SALÁRIO PROPORCIONAL
 
O direito do empregado ao 13º proporcional está previsto na Lei 4090/62, bem como no artigo 7º, inciso VIII, da CRFB/88. A previsão é de que o empregado tem direito ao 13º salário proporcionalmente ao período trabalhado, sendo os meses em que se trabalhou mais de 15 dias considerados como meses completos.
Deste modo, tendo trabalhado desde 01/01/2019, a Reclamante completou 3 meses de prestação de serviços, o que garante o direito a 3/12 da remuneração correspondente ao salário de um mês de trabalho a título de gratificação.
Assim sendo, a Reclamante tem faz jus ao 13º proporcional (considerando-se o adicional de insalubridade) no importe de R$ xxxx.
 
VIII – DO FGTS NÃO RECOLHIDOS
 
Convém informar a este juízo que a primeira reclamada não abriu a conta vinculada de FGTS da reclamante. Consequentemente, até o presente momento, não há registro do pagamento das parcelas devidas ao fundo garantidor.
Assim sendo, requer a reclamante a condenação da parte reclamada ao pagamento das parcelas devidas correspondentes a 8% sobre a remuneração da reclamante durante todo o período do contrato (02/04/2018 da 03/04/2019), nos termos do artigo 7°, inciso III, da CRFB/88, e artigo 22, §3°, da Lei 8.036/90, que somadas perfazem o montante de R$ xxx (considerando-se os reflexos do adicional de insalubridade).
 
IX – DA MULTA DE 40% SOBRE O FGTS
 
A Reclamante laborou para a Reclamada de forma habitual, e somente teve o contrato de trabalho encerrado por decisão unilateral desta última, consubstanciando despedida sem justa causa.
Em virtude do princípio da continuidade da relação do emprego, aplicado constantemente na Justiça do Trabalho, a eventual extinção de um contrato deve ser fundamentada, e em caso contrário, àquele que deu motivo à cessação do contrato cabe o ônus das verbas rescisórias.
Nesta linha é que a Lei nº 8.036/90, em seu art. 18, § 1º, assevera:
 
Na hipótese de despedida pelo empregador sem justa causa, depositará este, na conta vinculada do trabalhador noFGTS, importância igual a quarenta por cento do montante de todos os depósitos realizados na conta vinculada durante a vigência do contrato de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros.
 
Assim sendo, requer o pagamento da multa de 40% sobre todo o saldo de FGTS devido, na conta vinculada do empregado, o que equivale ao valor de R$ xxx.
 
 X – DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA
 
Com base nas provas em anexo e nas demais a serem produzidas em juízo, verifica-se que a reclamante possuía vínculo empregatício com uma empresa de trabalho temporário, sendo esta contratada para a prestação de serviços pela segunda reclamada. Sendo assim, com fundamento no artigo 2° da Lei n° 6.019/74(art. 5º-A Lei nº 6.019/74), configurou-se o que comumente é chamado de terceirização.
No caso, mesmo que contratada diretamente pela primeira reclamada, a reclamante prestava serviços para a segunda reclamada.
Segundo a previsão do §7° do artigo 10, o ente contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorreu o trabalho temporário.
Neste ínterim, convém colacionar a súmula 331 do TST, que determina:
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 
I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). 
II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988). 
III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta.
IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial. 
V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada. 
VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral.
 
Na ciência da jurisprudência supra, constata-se que, mesmo sendo entidade da Administração Pública direta, a segunda reclamada possui responsabilidade subsidiária dos encargos trabalhistas. Para tanto, é necessário que haja conduta culposa do ente contratante no que tange ao cumprimento das obrigações contratuais.
Ora, é exatamente o caso da presente demanda, visto que a segunda reclamada teria deixado de realizar o pagamento do contrato de prestação de serviços estabelecido com a primeira reclamada, fato que, por sua vez, ocasionou a demissão da reclamante.
Neste sentido, requer a reclamante o reconhecimento da responsabilidade subsidiária da segunda reclamada, bem como a sua condenação em caso de inadimplemento da primeira reclamada ou na ausência de bens suficientes ao pagamento da condenação pleiteada na presente reclamação.
 
XI – DOS PEDIDOS
Ante o exposto, a Reclamante requer:
O recebimento da presente reclamação trabalhista;
A concessão dos benefícios da Justiça Gratuita;
A notificação das Reclamadas para comparecer a audiência e, querendo, apresentar contestação, sob pena de incorrer nos efeitos da revelia;
A total procedência da Reclamação para condenar a parte Reclamada ao pagamento das verbas rescisórias nos seguintes termos:
Saldo de salário referente ao mês de março (integral) – R$ xxxx;
Saldo de salário referente aos três dias do mês de abril – R$ xxxx;
Adicional de insalubridade referente a integralidade do mês de março de 2019 e a proporção dos três dias trabalhados no mês de abril de 2019
Férias integrais (simples) referentes ao período aquisitivo de 2018/2019 e acrescidas do terço constitucional (considerando-se os reflexos do valor correspondente ao adicional de insalubridade) – R$ xxx;
13º salário (proporcional) do ano de 2019 correspondente a 3/12 da remuneração de um mês de trabalho (considerando-se o adicional de insalubridade) – R$ xxx.
A condenação ao recolhimento do FGTS devido e referente aos meses de abril de 2018 a abril de 2019 e ao 13° salário dos anos de 2018 e 2019, sendo este na proporção pleiteada na presente reclamação (considerando-se os reflexos do adicional de insalubridade) - R$ xxx - sob pena de indenização substitutiva; 
A condenação da parte reclamada ao pagamento da multa de 40% sobre o montante de todo o depósito requerido no item anterior, em razão da demissão sem justa causa - R$ xxx -, sob pena de indenização substitutiva;
A condenação das Reclamadas ao pagamento da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT no valor de R$ xxx;
Não sendo pagas as parcelas incontroversas na primeira audiência, ao pagamento da multa do art. 467 da CLT - valor da verba incontroversa acrescida de 50%;
O fornecimento das guias do seguro-desemprego, sob pena de aplicação de indenização constante da Súmula 389 do TST no valor de R$ xxx ou outro valor a ser fixado por este juízo;
O reconhecimento da responsabilidade subsidiária da segunda reclamada nos termos do artigo 10, §7°, Lei n° 6.019/74;
Requer ainda que seja a primeira reclamada compelida a efetuar a baixa na CTPS da reclamante, sendo registrado o término do vínculo empregatício em 03/04/2019 - sob pena de ser feito por este juízo;
A condenação das Reclamadas ao pagamento de custas e honorários advocatícios, conforme artigo 791-A da CLT;
A incidência de juros e correção monetária sobre todos os valores requeridos (segundo índice INPC).
A dedução do valor de R$ 2.603,34 (dois mil seiscentos e três reais e trinta e quatro centavos) do total devido a reclamante ;
 A Reclamante pugna pela produção de todos os meios de prova em direito admitidos.
Dá-se à causa o valor de R$ R$ 39.920,01 (trinta e nove mil novecentos e vinte reais e um centavo), a fim de que possa o presente feito tramitar no rito ordinário.
Termos em que espera deferimento.
 
Águas Claras – DF, 26 de agosto de 2019.
Advogado...
OAB nº…...
Pedidos completos:
a.	concessão dos benefícios da gratuidade de justiça;
b. a notificação das reclamadas para comparecer à audiência e apresentar defesa;
c.	a baixa na CTPS da reclamante em 03/04/2019, sob pena de a Secretaria da Vara fazê-lo;
d. a procedência dos pedidos da reclamação trabalhista para condenar a reclamada ao pagamento de: (LIQUIDAÇÃO DOS PEDIDOS)
d.1) salário do mês de março de 2019, no valor de R$ …
d.2) saldo de salário de 3 dias de abril de 2019, no valor de R$ …
d.3) adicional de insalubridade referente ao mês integral de março de 2019 e referente aos 3 dias do mês de abril de 2019, no valor total de R$ …
d.4) 13º salário proporcional de 2019, 3/12 avos, no valor de R$ …;
d.5) férias integrais 2018/2019, simples, acrescidas de 1/3 constitucional, no valor total de R$ …
d.6) regularização da conta fundiária com os depósitos de FGTS de todo o contrato de trabalho (incidentes sobre as remunerações de abril de 2018 a abril de 2019 e sobre o 13º salário), no valor de R$ ..., sob pena de indenização substitutiva por este Juízo;
d.7) depósito da multa de 40% sobre o FGTS, no valor de R$ … , sob pena de indenização substitutiva por este Juízo;
d.8) a liberaçãodas guias para habilitação no seguro-desemprego, sob pena de indenização substitutiva por este Juízo, no valor de R$ …
d.9) multa do art. 477, § 8º, da CLT, no valor de R$ …
d.10) multa do art. 467 da CLT, no valor de R$ ...
d.11) dedução do valor de R$ 2.603,34 (dois mil seiscentos e três reais e trinta e quatro centavos) no montante devido;
e.	condenação da reclamada ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios;
f.	sejam considerados os reflexos do adicional de insalubridade no cálculo do 13º salário, das férias, dos depósitos de FGTS e da multa de 40%;
g. a condenação subsidiária da segunda reclamada ao pagamento de todas as parcelas contratuais e rescisórias pleiteadas.
pelo depoimento pessoal da reclamada, oitiva de testemunhas, documentos, sem prejuízo de outras provas eventualmente cabíveis.
Dá-se à causa o valor de R$ 40.918,00 (quarenta mil novecentos e dezoito reais) apenas para que a ação possa tramitar pelo rito ordinário, sendo o valor devido pela reclamada de R$ ..., já considerada a dedução do valor pago pela reclamada.
 
Termos em que pede deferimento.

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