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0 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE PEDAGOGIA LEDIANE DO JORGE DOS SANTOS A IMPORTÂCIA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO COTIDIANO ESCOLAR Feira de Santana 2019 1 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE PEDAGOGIA LEDIANE DO JORGE DOS SANTOS A IMPORTÂCIA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO COTIDIANO ESCOLAR Projeto apresenta como exigência da disciplina PPE – Projeto. Orientador (a): Marcia Cristina de Faria. Feira de Santana 2019 2 A IMPORTÂCIA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO COTIDIANO ESCOLAR 1 INTRODUÇÃO A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem (BRASIL, 2015). A educação inclusiva visa apoiar as qualidades e necessidades de cada um e de todos os alunos da escola. Enfatizando a necessidade de se pensar na heterogeneidade do alunado como uma questão normal do grupo/classe e pôr em macha um delineamento educativo que permita aos docentes utilizar os diferentes níveis instrumentais e atitudinais como recursos intrapessoais e interpessoais que beneficiem todos os alunos (SANCHEZ, 2005). A inclusão escolar está diretamente relacionada às ações políticas, pedagógicas, culturais e sociais. Esse movimento torna possível a interação de crianças com necessidades especiais junto com as crianças sem necessidades especiais convivendo no mesmo ambiente escolar, aprendendo e respeitando as diferenças (LIMA, 2006). 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA A questão central deste trabalho foi promover uma reflexão sobre a Educação Especial, na perspectiva da Educação Inclusiva, reforçando o sentido da educação como um direito humano fundamental. 1.2 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA O processo de inclusão é uma luta social e a falta de conhecimento da legislação, deficiências, transtornos, síndromes e do processo do acompanhamento especializado dificulta ações em prol do desenvolvimento do aluno, desta forma, é 3 necessário através de pesquisas, fazer reflexões sobre o cenário da educação inclusiva atual. 1.3. APRESENTAÇÃO DOS OBJETIVOS DESSA PESQUISA O objetivo do presente artigo é compreender a importância da educação inclusiva como suporte metodológico facilitador do processo de ensino/aprendizagem, desenvolvendo estratégias para atender às necessidades educacionais do estudante, tornando o cotidiano escolar mais acessível. 1.4. APRESENTAÇÃO DA JUSTIFICATIVA DA PESQUISA Esse projeto é de suma importância para área da educação, pois possibilita reflexões voltadas a necessidade dos alunos especiais dentro do ambiente escolar. Apesar do histórico de lutas por uma educação equitativa e de qualidade e dos avanços das políticas públicas, as pessoas com deficiência ainda carregam o estigma da segregação e do preconceito. O presente trabalho visa refletir sobre a real situação em que se encontra a educação inclusiva e quais os benefícios que ela, quando bem sucedida, pode trazer para todos os envolvidos no processo educativo. 1.5. APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA UTILIZADA O presente trabalho trata-se de um estudo bibliográfico, de caráter exploratório e abordagem qualitativa, com objetivo de revisar na literatura cientifica temas relacionados com a Importância da Educação Inclusiva no Cotidiano Escolar. 2 REFERENCIAL TEÓRICO A educação é um direito que está garantido na Constituição Federal Brasileira, desde 1988, no artigo 205, que diz: “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade [...]”, sendo assim, todos sem exceção devem ter acesso à educação. 4 Para Amado (2008), a educação é uma realidade complexa de práticas e processos, objetivos e subjetivos, mediante os quais o educando se transforma – a criança e o jovem em adulto, o adulto num ser completo e “melhor” – em ordem a um desenvolvimento que se pretenda integral. E este conjunto de elementos está inserido no contexto da educação escolar no qual a “escola” se configura como o espaço mais adequado para a produção do conhecimento sistematizado. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I- ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a este não tiveram acesso na idade própria; II– progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; III- atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; VII- atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático - escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde (MAZZOTA, 2005). Duarte (2006) tem-se o ensino como a base da democracia e a ponte extremamente fundamental para a superação das desigualdades sociais. No entanto é necessário que os espaços destinados ao ensino permitam o acesso a todos. Mesmo com toda a importância que a educação possui na vida do homem e sendo amparadas por lei, várias pessoas não possuem as mesmas oportunidades de acesso a mesma. No meio escolar nos deparamos com “uma grande parcela da população brasileira que não possui acesso à educação, particularmente, os portadores de necessidades especiais”. De acordo com Paulo Freire (2000), a educação verdadeira é aquela que visa à humanização, ou seja, que busca na construção de uma vida social mais digna, livre e justa, partindo sempre da realidade do educando. Por isso, sugere aos educadores a construção de uma postura dialógica e dialética, não mecânica, de forma humilde, mas esperançosa, contribuindo para a transformação das realidades sociais históricas e opressoras que desumanizam a todos. Conforme Santos (2009), a educação é um processo pelo qual uma sociedade molda os indivíduos que a constituem, assegurando sua repetição ou continuidade histórica, pois o processo de escolarização dura por toda a vida; mostrando-nos que a sociedade pode moldar seus indivíduos de acordo com o seu interesse particular, visando repassar a seus membros, suas significações, valores, saberes e interpretações do mundo. Utilizando o meio que mais o favorece: a escola. 5 2.1 EDUCAÇÃO ESCOLAR A escola, no dizer de Gouveia-Pereira (2008) é uma das instituições extrafamiliares, a que a sociedade tem confiado à tarefa de socializar as crianças e os jovens, no sentido da sua inserção no mundo social. Além da escola, ser um local de aprendizagem de diferentes saberes e de formas de socialização, é também um espaço de construção de normas e valores sociais. Canivez (1991) mostra que a escola passa a ser o espaço social, depois da família: A escola, de fato, institui a cidadania. É ela o lugar onde as crianças deixam de pertencer exclusivamente à família para integrarem-se numa comunidade mais ampla em que os indivíduos estão reunidos não por vínculos de parentesco ou de afinidade, mas pela obrigação de viver em comum. A escola institui, em outras palavras, a coabitação de seres diferentes sob a autoridade de uma mesma regra. Para Moreira (2017) a contribuição da escolanão está apenas, e exclusivamente, relacionada ao saber científico, onde se visa à construção e desconstrução do conhecimento. Está relacionada também com a cultura, e esta por sua vez, possui um fator importante, pois é através dela que conhecemos a história, a cultura e a ideologia de um país, lugar, grupo ou sociedade. Com isso, aprendemos a respeitar o que é “diferente”, evitando atos de preconceitos. Nada mais é do que um meio educativo que prepara a criança para futuramente viver no mundo social adulto. Conforme Oliveira (2009), a escola é uma organização em que tanto seus objetivos e resultados quanto seus processos e meios são relacionados com a formação humana, ganhando relevância, portanto, o fortalecimento das relações sociais, culturais e afetivas que nela têm lugar. Para Santos (2009), a aprendizagem escolar é considerada um processo natural na vida do aluno. Neste processo o aluno pode desenvolver seus pensamentos, suas percepções, suas emoções, sua memória e motricidade, de maneira dinâmica e complexa relacionando os conhecimentos adquiridos fora da escola. Dessa maneira, a aprendizagem tende a ser prazerosa. Uma escola capaz de pensar criticamente o presente e de imaginar criativamente o futuro, contribuindo para a sua realização através do engajamento político em causas públicas e da ação educativa comprometida com o bem comum e 6 o destino coletivo da humanidade, só pode ser uma escola deliberativa e autónoma, de sujeitos produtores de regras (LIMA, 2006). Santos (2009) aponta que atualmente, a política educacional prioriza a educação para todos e a inclusão de alunos que, há pouco tempo, eram excluídos do sistema escolar, por portarem deficiências físicas, cognitivas ou dificuldade de aprendizagem. Na década de 1970 e 1980, muitas crianças eram reprovadas sucessivamente da escola, chegando até a evasão. Quanto à escola, esta deve oferecer subsídios materiais, mas jamais se esquecendo de oferecer um espaço privilegiado para o bom desenvolvimento da aprendizagem, pois através dela o aluno pode ter um convívio direto com novas perspectivas de conhecimentos e diferentes contatos. A escola não pode ser apenas transmissora de conteúdos e conhecimentos, muito mais que isso, tem a tarefa e o papel de evitar que o aluno seja apenas um receptor, mas proporcionar a ele, que seja o criador do seu conhecimento, da mesma forma, levar o aluno a pensar e buscar informações para o seu desenvolvimento educacional, cultural e pessoal (SOARES, 2003). Para Freitas (2011) cabe à escola formar cidadãos críticos, reflexivos, conscientes de seus direitos e deveres, tornando-se aptos a contribuir para a construção e/ou desconstrução de uma sociedade visando à igualdade e justiça. Entretanto, sua função não está apenas em proporcionar a simples transmissão do conhecimento, tem o compromisso social para, além disso. Preocupa-se também em prover a capacidade do aluno de buscar informações segundo as exigências de seu campo profissional ou conforme as necessidades de seu desenvolvimento individual e social. Adaptações curriculares, de modo geral, envolvem modificações organizativas, nos objetivos e conteúdos, nas metodologias e na organização didática, na organização do tempo e na filosofia e estratégia de avaliação, permitindo o atendimento às necessidades educativas de todos os alunos, em relação à construção de conhecimento (OLIVEIRA; MACHADO, 2009). Ainda de acordo com Freitas (2011), a escola precisa: fazer o aluno pensar, refletir, analisar, sintetizar, criticar, criar, classificar, tirar conclusões, estabelecer relações, argumentar, avaliar, justificar, etc. Para isto é preciso que os professores trabalhem com metodologias participativas, desafiadoras, problematizando os conteúdos e estimulando o aluno a pensar, a formular hipóteses, a descobrir, a falar, 7 a questionar, a colocar suas opiniões, suas divergências e dúvidas, a trocar informações com o grupo de colegas, defendendo e argumentando seu ponto de vista. Segundo Bartolomeu (2006), a escola tem uma tarefa muito importante que é desenvolver na criança a sua autoestima, ensinar o aluno a se relacionar, a resolver seus conflitos particulares e o autocontrole de suas decisões e emoções. As escolas devem buscar formas de prevenção nas propostas de trabalho, preparar os professores para entenderem os alunos, respeitar o ritmo de cada um, tendo a plena consciência que cada criança tem um desenvolvimento diferente uma da outra. A escola deve ser um ambiente onde as crianças possam sentir-se, motivadas e, principalmente, respeitadas. 2.2 EDUCAÇÃO INCLUSIVA O movimento mundial pela educação inclusiva é uma política, cultura, social e pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminação (MAZZOTA, 2010). Nos últimos 50 anos a inclusão social contribuiu para a elaboração de políticas e leis na criação de programas e serviços focados no atendimento de pessoas com necessidades educacionais especiais (JÚNIOR, 2012), criando novas condições de adaptações aos indivíduos em sistemas sociais comuns, dando-lhes a mesma oportunidade dentro da sociedade que são excluídos. [...] a luta pela inclusão das pessoas com deficiência é fortalecida no mundo todo, deixando para trás a história de séculos de descaso e discriminação em relação às suas necessidades diferenciadas (PIRES; SANCHES; TORRES, 2011). De acordo com a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, Art. 4º, “Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação” (BRASIL, 2015). Desta forma, a igualdade de oportunidades entre cidadãos brasileiros, dentre os quais se encontram os que têm algum tipo de deficiência, é um direito legítimo e adquirido, que deve estar presente em todos os espaços e instâncias sociais. O mesmo documento, em seu Art. 2º, define deficiência como questão(ões) que cause(m) “impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou 8 sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas” (BRASIL, 2015). A educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis, e que avança em relação à ideia de equidade formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora da escola (BRASIL, 2008). Sassaki (1997) aponta o conceito de inclusão social como, processo pelo qual a sociedade e o portador de deficiência procuram adaptar-se mutuamente, tendo em vista a equiparação de oportunidade e, consequentemente, uma sociedade para todos. A inclusão significa que a sociedade deve adaptar-se às necessidades da pessoa com deficiência para que esta possa desenvolver-se em todos os aspectos de sua vida. Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação. Desta forma, a igualdade de oportunidades entre cidadãos brasileiros, dentre os quais se encontram os que têm algum tipo de deficiência, é um direito legítimo e adquirido, que deve estar presente em todos os espaços e instâncias sociais (BRASIL, 2015). Stainback (1999) esclarece que o ensino inclusivo proporciona às pessoas com deficiência a oportunidade de adquirir habilidades para o trabalho e para a vida em comunidade.Os alunos aprendem como atuar e interagir com seus pares, no mundo ‘real’. Igualmente importante, seus pares e professores também aprendem como agir e interagir com eles. Inclusão é a nossa capacidade de entender e receber o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas deferentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência, física, para os que têm comportamento mental, para os superdotados, e para toda criança que é discriminada por qualquer outro motivo (MANTOAN, 2005). Dessa maneira “a inclusão diz respeito a cada pessoa ser capaz de ter oportunidade de escolha e de autodeterminação. Em educação, isso significa ouvir e valorizar o que a criança tem a dizer, independente de sua idade ou de rótulos” (MITTLER, 2003). 9 Segundo Zimmermann (2008), a luta pela escola inclusiva, embora seja contestada e tenha até mesmo assustado a comunidade escolar, pois exige mudança de hábitos e atitudes, pela sua lógica e ética nos remete a refletir e reconhecer, que se trata de um posicionamento social, que garante a vida com igualdade, pautada pelo respeito às diferenças. 2.3 IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO COTIDIANO ESCOLAR O trabalho didático-pedagógico em sala de aula, com o comum e o específico entre a diversidade que caracteriza o ser humano, constitui o objetivo da inclusão escolar que postula uma reestruturação do sistema educacional, ou seja, uma mu- dança estrutural no ensino regular, cujo objetivo é fazer com que a escola se torne inclusiva, um espaço democrático e competente para trabalhar com todos os educandos, sem distinção de raça, classe, gênero ou características pessoais, baseando-se no princípio de que a diversidade deve não só ser aceita como desejada (BRASIL, 2001). A escola configura-se como o espaço institucional e se constitui o palco das diversas interações, sobretudo entre os intervenientes, professores e alunos e na relação entre eles, na qual aparecerão a autoridade e o poder, num primeiro momento, representados na figura do professor. Nesse contexto, a escola permite o confronto diário com normas e regras de comportamento institucional, que vão para além das relações pessoais e informais (GOUVEIA-PEREIRA, 2008). A inclusão escolar está diretamente relacionada às ações políticas, pedagógicas, culturais e sociais. Esse movimento torna possível a interação de crianças com necessidades especiais junto com as crianças sem necessidades especiais convivendo no mesmo ambiente escolar, aprendendo e respeitando as diferenças (LIMA, 2006). Alunos com deficiência(s) são particularmente beneficiados do processo de escolarização. Vygotski (2012) ressalta a importância do grupo para que estas pessoas desenvolvam estratégias de compensação da deficiência, ou seja, de ampliação das possibilidades de participação social a partir da apropriação dos recursos da cultura. Neste sentido, ainda segundo o autor, uma educação incompleta, ou privação cultural, pode causar uma deficiência secundária, caracterizada pelo 10 desenvolvimento incompleto das funções psicológicas superiores: pensamento verbal, memória, lógica, formação de conceitos, atenção voluntária, entre outras (VYGOTSKI, 2012). Um currículo centrado fundamentalmente nos conteúdos conceituais e nos aspectos mais acadêmicos, que propõe sistemas de avaliação baseados na superação de um nível normativo igual a todos, lança ao fracasso alunos com mais dificuldades para avançar nestes âmbitos. Os currículos mais equilibrados, nos quais o desenvolvimento social e pessoal também tem importância e em que a avaliação seja feita em função do progresso de cada aluno, facilitam a integração dos alunos (MARCHESI, 2004). Segundo Mantoan (2006), incluir é necessário, primordialmente, para melhorar as condições da escola, de modo que nela se possam formar gerações mais preparadas para viver a vida em sua plenitude, com liberdade, sem preconceitos, sem barreiras. Pensar num espaço de educação inclusivo significa pensar em um espaço de educação que caiba e envolva a todos e todas de forma, educacionalmente, proveitosa. Contudo, promover um ambiente que transcenda as questões da normatização, investindo em ensinos que se apoiem nas singularidades discentes, tem se mostrado um desafio na atual conjuntura educacional brasileira (MOREIRA, 2017). Ainda, de e acordo com Mantoan (2006): A inclusão é produto de uma educação plural, democrática e transgressora. Ela provoca uma crise escolar, ou melhor, uma crise de identidade institucional que, por sua vez, abala a identidade dos professores e faz com que a identidade do aluno se revista de novo significado. O aluno da escola inclusiva é outro sujeito, sem identidade fixada em modelos ideais, permanentes, essenciais. 2.4 PAPEL DO PROFESSOR NA INCLUSÃO ESCOLAR A inclusão é um motivo para que a escola se modernize e os professores aperfeiçoem suas práticas e, assim sendo, a inclusão escolar de pessoas deficientes torna-se uma consequência natural de todo um esforço de atualização e de reestruturação das condições atuais do ensino básico (MANTOAN, 2006). As necessidades básicas de aprendizagem das pessoas portadoras de deficiências requerem atenção especial. É preciso tomar medidas que garantam a 11 igualdade de acesso à educação aos portadores de todo e qualquer tipo de deficiência, como parte integrante do sistema educativo (UNESCO, 1998). A formação continuada dos professores deve capacitá-los para conhecer melhor o que hoje se sabe a respeito das possibilidades de trabalho pedagógico com crianças com necessidades educacionais especiais, bem como auxiliar as crianças na construção de conhecimento cada vez mais ampliado e significativo acerca do mundo e de si mesmo (OLIVEIRA, 2005). É essencial que os professores reconheçam sua própria importância no processo de inclusão, pois a eles cabe planejar e programar intervenções pedagógicas que deem sustentação para o desenvolvimento das crianças (LIMA, 2006). Cada pessoa tem uma história e uma realidade diferente, dessa maneira, é necessário conhecer o aluno com que se está trabalhando, e mais ainda, como este aluno adquire os conhecimentos, ou simplesmente como ele aprende e aplica este conhecimento no seu cotidiano. O trabalho do professor é ajudar a promover mudanças, intervindo diante das dificuldades que se apresentam durante o processo de aprendizagem, trabalhando com os desequilíbrios e facilitando o aluno a aprender a aprender (SOARES, 2003). Bueno (2001) aponta que um ensino de qualidade para crianças com necessidades educacionais especiais, na perspectiva de uma educação inclusiva, envolve no mínimo dois tipos de formação profissional docente, sendo elas: professores “generalistas” do ensino regular, com um mínimo de conhecimento e prática do aluno diversificado; e professores “especialistas” nas diferentes necessidades educacionais especiais, tanto para o apoio desses indivíduos quanto para o apoio do trabalho a ser realizado. Diante de tais obstáculos que os profissionais têm de enfrentar na educação inclusiva, Bueno (2001) ainda argumenta ser necessário promover uma avaliação das reais condições dos sistemas de ensino, a fim de que a inclusão ocorra de forma gradativa, contínua, sistemática e planejada. Entretanto, isso traz a todos os âmbitos do ensino a sensação de enfrentamento de um grande desafio: encontrar metodologias de ensino e recursos diferenciados que assegurem êxito na tarefa de atingir os objetivos curriculares básicos propostos às crianças comnecessidades educativas especiais (LIMA, 2006). 12 Para que isso seja possível, o professor precisa organizar-se com antecedência, planejar com detalhes as atividades e registrar o que deu certo e depois rever de que modo às coisas poderiam ter sido melhores. É preciso olhar para o resultado alcançado e perceber o quanto “todos” os alunos estão se beneficiando das ações educativas (MINETTO, 2008). REFERÊNCIAS AMADO, J. 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