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Disciplina: Laboratório de Fenômenos de Transporte Força sobre comporta de fundo Carolina Maldonado Martins Vidal RA: 125219-6 Lucas de Campos Martins RA: 120774-5 Maria Júlia Xavier Belém RA: 126473-8 Milena Cristina Gutzlaff RA: 122468-2 Renata Damasceno Moreira RA: 126042-1 Wellington Oliveira RA: 126106-4 Santa Bárbara d’Oeste - SP Maio de 2014 Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 2 Resumo As comportas são um tipo de estrutura de controle utilizadas para regular a vazão. As forças resultantes da pressão exercida sobre as superfícies planas são levadas em consideração no dimensionamento de comportas. O piezômetro é o mais simples dos manômetros e consiste de um tubo transparente que é inserido no ponto onde se deseja fazer a medida de pressão. A altura do líquido no tubo corresponde à pressão. O manômetro diferencial é utilizado para medir a diferença de pressão entre dois pontos. A leitura foi feita por um manômetro diferencial digital acoplado ao sistema. No experimento prático realizaram-se as leituras de pressões, nos piezômetros e no manômetro diferencial em dois momentos, sendo o primeiro deles com o sistema ligado e o segundo com o sistema desligado. Pelos piezômetros, a variação obtida foi utilizada para calcular a pressão em cada ponto da comporta. A vazão resultante foi determinada a partir da diferença de pressão lida no manômetro diferencial digital. Pelo teorema da quantidade de movimento, fez-se o cálculo da resultante de forças. A resultante de forças foi também calculada pela integração do perfil de pressões exercidas sobre a comporta. O valor de resultante obtido pela quantidade de movimento foi de 80,12 N e a resultante obtida pela integração foi de 71,2 N. Palavras-chave: comporta de fundo, piezômetros, quantidade de movimento. Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 3 1.0 Introdução No experimento prático, foram utilizados piezômetros e manômetro diferencial digital para medições de pressão. O piezômetro é o mais simples dos manômetros. O mesmo consiste de um tubo transparente que é utilizado para medir a carga de fluído. O tubo transparente é inserido no ponto onde se quer fazer a medida de pressão. A altura da água no tubo corresponde à pressão, e o líquido indicador é o próprio fluído do local onde a medida está sendo feita. Quando o fluído é a água, o piezômetro pode ser utilizado apenas para medição de pressões baixas devido à sua altura e o peso específico da água. O manômetro é utilizado para medir a diferença de pressão entre dois pontos. Os dois lados do manômetro são conectados com os pontos onde se deseja medir a diferença de pressão. A leitura da pressão é feita pelo manômetro diferencial digital acoplado ao sistema. Realizaram-se as leituras de pressões nos piezômetros e no manômetro diferencial em dois momentos. No primeiro momento com o sistema ligado e no segundo, com o sistema desligado. Obteve-se o diferencial de pressão através da leitura do manômetro da placa de orifício e a leitura da pressão fez-se pelos piezômetros, em que cada tomada de pressão da comporta foi ligada aos piezômetros por uma mangueira. Pelo teorema da quantidade de movimento e com as leituras obtidas dos piezômetros, calculou-se a resultante das forças. A força foi calculada também pela integração do perfil de pressões exercidas sobre a comporta. Os dois valores de resultante obtidos foram comparados e a análises sobre tais valores foi feita. 1.1 Justificativa Todo e qualquer fluído exercem pressão sobre as superfícies. A pressão é definida como sendo a razão entre a força exercida pelo fluido por unidade de área. Segundo Pascal, a pressão é a mesma em qualquer ponto no interior de um líquido em repouso. Stevin diz que a diferença de pressão entre dois pontos Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 4 de uma mesma massa líquida é igual à diferença de profundidade entre elas, multiplicada pelo peso específico do fluído. Existem diversos equipamentos que podem ser utilizados para medir pressão, são eles: piezômetro, tubo em Um, manômetro diferencial e manômetros analógicos e digitais. As forças devidas à pressão sobre superfícies planas submersas são levadas em consideração no dimensionamento de comportas, tanques e registros. As comportas são um tipo de estrutura de controle utilizadas para regular a vazão. 1.1. Objetivo Obter por meio da integração das pressões exercidas em uma comporta, a força devido ao escoamento de água, e compará-la com a força obtida teoricamente. 2.0 Revisão Bibliográfica 2.1 Equação da Continuidade A equação da continuidade expressa o princípio da conservação de massa para o fluido em movimento (BISTAFA, 2010). A massa atribuída ao fluido não pode ser criada nem destruída, deve-se levar em consideração que se a vazão em massa que vai para dentro de um volume de controle exceder aquela que sai, a massa irá se acumular dentro do volume de controle (FOX E McDONALD, 2001). Eq. 1 Analisando a equação 1, temos que: o primeiro termo representa a taxa de variação de massa dentro do volume de controle, já o segundo termo representa a taxa de fluxo de massa ou vazão em massa através da superfície de controle. É exigido na conservação de massa que a soma da taxa de variação de massa dentro do volume de controle com a taxa líquida de fluxo de massa através da superfície de controle seja nula. Podemos assim, de tal Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 5 forma, enfatizar que a velocidade é medida em relação à superfície de controle (FOX McDONALD, 2001). 2.2 Equação da Quantidade de Movimento A equação da quantidade de movimento é usada para determinar forças que agem no volume de controle e é composta pelas forças de contato e de superfície. As forças de campo ou a distância são provocadas por um campo no volume de controle, de modo geral, o campo considerado será a gravidade e a força será o peso do sistema, contido em cada instante do volume de controle (BUNETTI, 2008). Todas as forças atuantes em um volume de controle sem aceleração, sendo essas forças de superfície ou de massa, é igual à variação da quantidade de movimento no interior, somada com o fluxo dessa quantidade de movimento através da superfície de controle (FOX, McDONALD, 2001). Eq. 2 A equação da quantidade de movimento é muitas vezes utilizada para determinar as forças induzidas pelo escoamento. Essas forças incluem as de superfície resultante do meio em que está se agindo no volume de controle e as forças de massa que resultam dos campos gravitacionais e magnéticos (POTTER, WIGGERT, 2004). A segunda lei de Newton, muitas vezes chamada equação da quantidade de movimento afirma que a força resultante agindo em um sistema é igual à taxa de variação da quantidade de movimento do sistema, quando medida em um referencial inercial (POTTER, WIGGERT, 2004). ∑ ∫ ̇ Eq. 3 A equação da quantidade de movimento é usada, principalmente para determinar as forças induzidas pelo escoamento (POTTER, WIGGERT, 2004). FaculdadeEngenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 6 Um exemplo de um escoamento de superfície livre em um canal retangular é mostrado na figura 1. Para determinar a força da comporta sobre o escoamento, a seguinte expressão pode ser obtida da equação de quantidade de movimento (POTTER, WIGGERT, 2004). ∑ ̇ Eq. 4 * e são forças de pressão aplicadas na representação: Figura 1. Representação da força de escoamento sobre uma comporta em um escoamento de superfície livre. 3.0 Metodologia 3.1 Materiais Utilizados A figura 2 apresenta os equipamentos utilizados para a realização da prática. Figura 2 – Equipamentos utilizados no experimento Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 7 Bomba de água; Tubulação com registros; Piezômetro; Manômetro diferencial digital; Placa de orifício; Mangueiras; Reservatório; Altímetro. 3.2 Métodos No laboratório, estava montada na canaleta uma comporta de fundo, com abertura de 20 mm. As tomadas de pressões nos pontos da comporta foram ligadas até os piezômetros através de mangueiras. Conectou-se a tubulação de maior diâmetro (Ø 3”) a uma bomba do reservatório e conectado a esta tubulação continha uma divisão que enviou-se parte do fluxo de água de volta para o reservatório numa tubulação de Ø 1½” e parte seguiu-se para a canaleta. Obtiveram-se as vazões da tubulação de maior diâmetro e da tubulação de retorno por meio da diferença de pressão das placas de orifício das tubulações, na qual se mediu através de um manômetro diferencial digital. Através da diferença dessas vazões, calculou-se uma terceira vazão. Essa terceira vazão entrou-se em contato com a comporta onde mediu-se 10 pontos de pressão. As áreas correspondentes de cada pressão eram diferentes e a comporta foi parcialmente aberta no fundo e chamou-se essa abertura de Z2. O montante antes da placa foi chamado de Z1. Fechou-se o registro da tubulação de retorno para o reservatório e aumentou-se a altura da comporta na saída, neste momento ligou-se o sistema novamente e observou-se o ressalto hidráulico ocorrido após a comporta. Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 8 3.3 Hipóteses Analisando o sistema de controle e comparando com a equação da continuidade e a equação da quantidade de movimento, obtiveram-se as seguintes hipóteses: Escoamento permanente; Fluido incompressível; Desconsiderar o atrito no fundo do canal; Pressão uniforme ao longo das seções; FBx = 0 (Força de campo igual a zero). 3.4 Equacionamento [ ] [ ] ∫ [ ] ̇ √ [ ] ̇ ̇ ̇ [ ] ̇ [ ] [ ] | | Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 9 Legenda das equações: : Área [m²] : Base comporta [m] : Altura da coluna de água [m] H: Diferença de altura dos piezômetros [Pa] : Força resultante [N] P : Pressão [Pa] : Coeficiente de vazão : Área tubo 3” [m 2] : Densidade do fluido [kg/m3] : Diferença de pressão [Pa] ̇ : vazão mássica de entrada [kg/s] ̇ : vazão mássica de retorno para o tanque [kg/s] ̇ : vazão mássica de saída da comporta [kg/s] : velocidade do escoamento [m/s] 4.0 Resultados e Discussões A tabela 1 apresenta os valores das constantes e os dados obtidos no experimento. Tabela 1 - Valores das constantes e dados obtidos no experimento. Aceleração gravitacional (g) [m/s²] 9,81 Pressão atmosférica (P) [mmHg] 731 Temperatura ambiente (T) [°C] 25 Densidade da água ( ) [kg/m³] 996 K (tubo Ø 1½”) 1,067 Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 10 [adm] K (tubo Ø 3”) [adm] 0,676 Diâmetro do tubo (Ø) [mm] 78 Diâmetro do tubo (Ø) [mm] 38,1 Pressão Diferencial (tubo Ø 1½”) [kgf/cm2] 1,27 Pressão Diferencial (tubo Ø 3”) [kgf/cm2] 0,24 Z1 (altura da coluna de água antes da comporta) [m] 0,337 Z2 (altura da coluna de água depois da comporta) [m] 0,019 4.1 Cálculo da força teórica Calculou-se as áreas dos tubos de Ø 3” e Ø 1½” pela equação 5, e para o cálculo da equação 8, fez-se a conversão da pressão diferencial de kgf/cm2 para Pa e assim obteve-se a vazão mássica de entrada da água e a vazão mássica de retorno. A vazão mássica de saída da comporta, foi calculada através da diferença das vazões mássicas de entrada e retorno, equação 9. Utilizou-se a área, equação 6, e calculou-se a velocidade do fluído de retorno e saída, através da equação 10, na qual partindo do teorema de quantidade de movimento, a vazão mássica de entrada e saída são iguais. A tabela 2 apresenta os valores calculados de vazão mássica [kg/s] de entrada do sistema, retorno para o tanque e saída da comporta. Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 11 Tabela 2 – Resultados obtidos a partir dos cálculos Entrada Retorno Saída Vazão Mássica [Kg/s] 22,08 19,16 2,92 Velocidade [m/s] -- 0,0579 1,03 Com as velocidades calculadas, pode-se calcular a força resultante, utilizando a equação 4, que foi encontrada na literatura (POTTER, WIGGERT, 2004), considerando as hipóteses citadas. No qual a força resultante foi de 80,12 N. 4.1 Cálculo da força experimental Para calcular o diferencial de pressão, equação 11, fez-se a diferença de altura dos piezômetros. Obteve-se as alturas (H) pela diferença de cada centro do furo em relação a altura total da comporta. Os dados estão dispostos na tabela 3. Tabela 3 – Dados de pressão e altura dos piezômetros. Piezômetro Pressão [mm] Referência [mm] ∆P [Pa] H [m] 1 402 123 2726,04 0,3100 2 421 142 2726,04 0,2900 3 425 163 2559,94 0,2700 4 426 182 2384,06 0,2500 5 428 204 2188,65 0,2300 6 428 223 2005,01 0,2065 7 429 260 1651,26 0,1713 8 429 310 1162,72 0,1250 9 430 361 674,18 0,0750 10 429 415 156,33 0,0250 Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 12 Com os dados de diferencial de pressão e altura, fez-se o gráfico, figura 3, em que apresenta a pressão ao decorrer dos 10 orifícios da comporta. A equação referente a pressão foi obtida pela linha de tendência: [ ] , na qual utilizou-se na equação 7 para calcular o força resultante.Figura 3 – Gráfico obtido a partir da pressão no decorrer dos 10 orifícios. A força resultante obtida pela equação 7 foi de 71,2 N. O calculado pela equação 12, é apresentado na tabela 4. Tabela 4 – Erro percentual da força resultante teórica e experimental. Força resultante Teórica [N] Força resultante Experimental [N] Erro [%] 80,12 71,2 11,1 y = 9406,8x - 13,498 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 0,0000 0,1000 0,2000 0,3000 0,4000 P re s s ã o [ P a ] Altura [m] Série1 Linear (Série1) Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 13 5.0 Conclusão Na prática realizada foi avaliado o comportamento do fluxo de água após a comporta e as forças resultantes exercidas pela massa de água em movimento sobre a comporta. Após efetuar os cálculos do experimento, foi observada uma margem de erro um pouco acima do esperado, mas que para as condições de realização do experimento pôde ser tratada como aceitável. Segundo POTTER e WIGGERT (2004), quando a velocidade de um escoamento em um canal retangular aberto de largura w relativamente grande, é possível que o escoamento “salte” de uma profundidade inicial Z1, para uma profundidade Z2, em uma distância relativamente curta, este fenômeno é chamado de ressalto hidráulico. Conclui-se então, que houve um ressalto hidráulico no escoamento após a comporta, na qual verificou-se os efeitos da turbulência e dos vórtices que foram formados na região de transição do escoamento (regime laminar/turbulento) em que pode trazer consigo complicações operacionais à estrutura de um sistema hidráulico e vibrações estruturais. 6.0 Referência Bibliográfica BISTAFA, SYLVIO R.; Mecânica dos Fluidos: Noções e Aplicações, Sp. Editora Blucher, 2010. BRUNETTI, FRANCO; Mecânica dos Fluidos, 2. ed. rev. – Sp, Pearson Prentice Hall, 2008. FOX, R.W., McDONALD, A.T.; Introdução à Mecânica dos Fluidos. Sp. LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2001. MERLE C. POTTER, DAVID C. WIGGERT; Mecânica dos Fluidos, 3. ed. traduzida Norte-Americana, 2004.
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