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	UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA NATUREZA
CURSO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA
	
NUTRIÇÃO ANIMAL
PROFESSOR: Dr. HENRIQUE JORGE DE FREITAS
RIO BRANCO – ACRE
MARÇO - 2019
�
INDICE
41. INTRODUÇÃO	�
42. EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA DA NUTRIÇÃO	�
63. ALIMENTO	�
63.1. Conceito	�
73.2. Importância do alimento	�
73.3. Constituição dos Alimentos	�
83.4. Classificação dos Nutrientes	�
83.4.1. Compostos Orgânicos	�
103.4.2. Compostos Inorgânicos	�
104. Processos Digestivos nos animais	�
134.1. Processos Físicos da Digestão	�
144.2. Aspectos Gerais da Digestão	�
225. ÁGUA	�
225.1. Distribuição da água corpórea	�
245.2. Principais Funções da Água	�
245.3. Fontes de Água	�
255.4. Fatores que Afetam a Ingestão de Água	�
275.5. Necessidade de Água	�
275.6. Restrição de Água	�
276. GLICÍDIOS OU CARBOIDRATOS	�
276.1. Características	�
286.2. Funções	�
286.3. Classificação	�
296.4. Metabolismo dos Carboidratos	�
296.5. Digestão dos Carboidratos nos Não Ruminantes	�
306.6. Digestão dos Carboidratos nos Ruminantes	�
326.7. Rotas Metabólicas mais Importantes e seus Controles	�
356.8. Utilização de Carboidratos por Suínos	�
356.9. Utilização da Fibra Bruta por Suínos e Aves	�
387. LIPÍDEOS	�
387.1. Características	�
387.2. Funções	�
397.3. Classificação	�
407.4. Metabolismo dos Lipídeos	�
417.5. Ácidos Graxos	�
437.6. Rancidez das Gorduras	�
438. PROTEÍNAS	�
438.1. Características	�
458.2. Classificação das Proteínas	�
458.3. Funções das Proteínas	�
468.4. Qualidade das Proteínas	�
478.5. Metabolismo das Proteínas	�
508.6. Necessidade de Proteínas e Aminoácidos	�
518.7. Uréia na Alimentação Animal	�
559. Metabolismo Energético	�
569.1. Partição Biológica da Energia	�
579.2. Calorimetria	�
589.3. Cálculo da Energia dos Alimentos	�
609.4. Importância da Energia nas Rações	�
6110. Vitaminas	�
6110.1. Característica	�
6210.2. Classificação das Vitaminas	�
6210.3. Vitaminas Lipossolúveis	�
7711. MINERAIS	�
7711.1. Principais Funções dos Minerais	�
7811.2. Classificação dos Minerais	�
9212. Aditivos Utilizados na Alimentação Animal	�
9212.1. Uso dos Aditivos	�
9312.2. Classificação dos Aditivos	�
10013. Aspectos Químicos e Físicos da Ração	�
10013.1. Classificação dos Alimentos	�
10013.1.1. Alimentos de Primeira Categoria - VOLUMOSOS	�
10013.1.2. Alimentos de Segunda Categoria – CONCENTRADOS	�
10114. Digestibilidade dos Alimentos	�
10114.1. Métodos de Avaliação dos Alimentos	�
10214.2. Determinação da Digestibilidade dos Alimentos	�
10315. Balanços Nutricionais	�
10315.1. Balanço de Nitrogênio	�
10415.2. Balanço de Carbono	�
10415.3. Balanço de Nitrogênio e Carbono	�
10515.4. Balanço de Minerais	�
10515.5. Balanço de Energia	�
10516. Principais Alimentos para Animais	�
10516.1. Produtos de Origem Vegetal	�
11116.2. Produtos de Origem Animal	�
11516.3. Outros Produtos	�
11617. Fatores Antinutricionais presentes nos Alimentos	�
11918. Formulação de Ração Animal	�
12419. Termos usados em Nutrição Animal	�
12520. BIBLIOGRAFIA	�
�
�
NUTRIÇÃO ANIMAL
1. INTRODUÇÃO
A ciência da Nutrição engloba conhecimentos de Bioquímica e Fisiologia, relacionando o organismo animal com a fonte alimentar de suas células. Desta forma, o objetivo final da nutrição é transformar os alimentos de menor valor nutricional em alimentos para o consumo humano, com um melhor valor biológico. Tal objetivo foi alcançado através de conhecimentos envolvendo os alimentos e o organismo animal.
A exploração dos animais domésticos visa à obtenção de lucro, no entanto para que tenhamos uma produção econômica devemos observar os seguintes aspectos: Genética, Manejo, Alimentação dos animais e o Ambiente em que ele se encontra.
Estes aspectos estão intrinsecamente ligados. Não podemos fazer dissociação entre eles, pois certamente não teremos eficiência produtiva dos animais que estamos criando.
A Genética diz respeito ao potencial de cada indivíduo e é transmitido hereditariamente dos pais para os filhos. A evolução genética dos animais tem sido muito trabalhada desde o último século e podemos obter animais com alto potencial para produção de carne, leite, ovos, etc.
O Manejo compreende todas as atividades desenvolvidas com os animais domésticos visando o seu melhor desempenho produtivo e reprodutivo. Podemos escolher o manejo que pretendemos adotar em uma criação, assim como os indivíduos a serem criados, com vistas a atender a uma demanda, diagnosticada no mercado consumidor.
O ambiente deve ser compatível com a espécie e a raça a ser criada. Deve-se oferecer condições climáticas ideais para que o animal expresse aquilo que se espera dele.
A alimentação tem por base o conhecimento das necessidades nutricionais dos seres vivos. A alimentação fornecida para o animal doméstico deve conter todos os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento e produção bem como estes nutrientes devem estar nas quantidades necessárias aos animais. A disponibilidade dos nutrientes deve ser observada para que possamos ter a máxima produção. Na alimentação não é importante a quantidade, mas a qualidade do alimento fornecido.
Atualmente trabalha-se com os seguintes nutrientes: 12 aminoácidos essenciais, 17 vitaminas, 15 minerais, ácidos graxos, glicídios, água e fatores não identificados.
2. EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA DA NUTRIÇÃO
Remonta do tempo dos romanos, o conceito de que os alimentos diferiam em sua capacidade de gerar produção e reprodução, além da existência de alguma tecnologia de conservação e manejo dos alimentos. Estes conhecimentos foram desenvolvidos no Século XVIII, com o início dos avanços da Agricultura, paralelamente ao avanço de outras ciências como: Física, Química e Bioquímica.
Os primeiros passos da Nutrição foram dados em 1947, com o descobrimento da cura do Escorbuto pelo físico Inglês Lind, apesar de que muitas observações de caráter nutricional tenham sido discutidas antes do Século XVII, época considerada como “a idade de ouro da ciência”.
Em 1790, Antoine Laurent Lavoisier, introduziu o termômetro e a balança nos seus estudos, e através de experimentos utilizando a calorimetria animal, verificou que parte do calor animal se originava da combustão de substâncias no organismo, concluindo que a respiração e a combustão eram processos semelhantes. Concluiu assim que a vida era uma função química.
René Reamur (1683-1757) fez uma das primeiras observações com relação à digestão. Forneceu alimentos para as aves e retirou-os do intestino após curtos períodos de tempo e verificou mudanças na composição do alimento durante esse processo.
Lázaro Spalanzani (1729-1799) engoliu saquinhos confeccionados com pano contendo carne e pão, os quais extraídos após um tempo, com auxílio de um cordão amarrado, verificaram mudanças na composição do alimento.
Ainda no Século XVIII, com o auxílio de fístulas, foram estudados aspectos de fisiologia e química do processo digestivo. William Beaumont (1883) reportou observações no paciente Alexis St. Martin, que teve o estômago perfurado por uma bala em uma caçada. Foi instalada uma fístula no seu estômago e introduzidos vários tipos de alimentos, sendo observada diferença na digestão. Esta experiência descreveu o suco gástrico e o ácido clorídrico (HCl) e os movimentos do estômago, verificando o efeito da emoção sobre a secreção e motilidade gástricas.
Neste período concluiu-se que o organismo animal necessitava de vários nutrientes e que o valor do alimento não estava em um único componente químico e sim em três componentes: proteínas, lipídeos e carboidratos.
Em 1833 o químico Dinamarquês, Johan Kjeldahl, descobriu um método rápido de determinar o valor nitrogenado dos alimentos, contribuindo enormemente com a evolução nos estudos de nutrição protéica.
Os resultados da pesquisa eram muito variados e em 1909, Karl Thomas descobriu que as proteínastinham valores nutricionais diferentes e que a porcentagem de nitrogênio absorvido, que ficava retido no organismo era variável de uma fonte protéica para outra. No final do século eram conhecidos 12 aminoácidos (AA´s) nas proteínas e, com as experiências de Thomas, concluiu-se que havia variação na composição de AA´s e que isso afetava o valor biológico das proteínas.
William C. Rose demonstrou em 1938 que os ratos necessitavam de certos AA’s na dieta para o máximo desempenho e dividiu-os em essenciais e não essenciais.
Em 1814 o químico francês Michel Eugene Chevreul descobriu que as gorduras eram compostas de ácidos graxos e glicerol. Assim, estudos posteriores mostraram a essencialidade dos ácidos graxos na dieta animal.
Cassimir Funk (1912) verificou que a substância contida no farelo de arroz curava o beriberi e introduziu o termo vitamina pela primeira vez.
Wilissi Aldrovandri (1600) realizou as primeiras investigações com minerais. Verificou que pintos consumindo casca de ovos cresciam mais rápido e mais saudáveis, em comparação com os que não recebiam este componente.
Em1930 houve a descoberta de vários minerais como o cálcio (Ca), fósforo (P) enxofre (S) e ferro (Fe) e também a descoberta de novos elementos, acompanhou a evolução dos equipamentos. A importância dos minerais se tornou mais pronunciada nos anos mais recentes.
A partir do Século XIX onde o melhoramento genético acelerou a velocidade de crescimento e a produção dos animais, com mudanças nos hábitos alimentares, aumentou a necessidade de minerais.
Várias ciências contribuíram para a evolução da nutrição: Física (Raio X, espectrofotometria, radioisótopos, cromatografia, etc.), Bioquímica (enzimologia e metabolismo dos nutrientes), Fisiologia (estudo do funcionamento dos órgãos e secreções), Microbiologia (exigências nutricionais e síntese de vitaminas), Genética (melhoramento dos animais para maior produção), etc.
O Quadro 1 apresenta um resumo da evolução histórica da Nutrição Animal.
QUADRO 1 – Evolução histórica da nutrição animal: sequência histórica dos avanços científicos relacionados à nutrição de ruminantes
	Descoberta ou Desenvolvimento
	Autor
	Data
	Digestão péptica
	REAMUR
	1752
	Oxidação e metabolismo aeróbico
	LAVOISIER
	1777
	Análise de fibra no alimento
	EINHOF
	1806
	Ácidos acético e butírico no rúmen
	TIEDEMANN, GMELIN
	1831
	Celulose
	PAYEN
	1834
	Necessidade dietética de proteínas
	BOUSSINGAULT
	1842
	Composição corporal e dietas
	LAWES E GILBERT
	1847
	Digestibilidade de fibras
	HAUBNER
	1855
	Lignina
	SCHULTZ
	1855
	Metano no rúmen
	RETSET
	1863
	Digestão de celulose no rúmen
	WILD
	1874
	Conceito de fermentação anaeróbica
	PASTEUR
	1876
	Produção de AGV no rúmen
	TAPPEINER
	1884
	Hemicelulose
	SCHULTZ
	1891
	Conceito de vitaminas
	FUNK
	1912
	Ciclo do ácido cítrico
	KREBS
	1937
	Glicólise anaeróbica
	EMBDEN, MEYER HOF
	1939
	Uso de NNP por ruminantes
	BOHSTEDT et. al.
	1946
	Cromatografía de AGV
	HUNGATE
	1946
	Técnica de cultura anaeróbica
	
	1947
Fonte: Adaptado de VAN SOEST (1982)
3. ALIMENTO 
3.1. Conceito
Existem na literatura vários conceitos de alimento. Atualmente o mais utilizado é o de Jaquot: “Alimento é uma substância que consumida por um indivíduo é capaz de contribuir para assegurar o ciclo regular de sua vida e a sobrevivência da espécie a qual pertence”.
O conceito de alimento é muito amplo e engloba os produtos vegetais, produtos animais, subprodutos animais e vegetais e substâncias nutritivas puras (quimicamente sintetizadas ou fruto de fermentação microbiana).
3.2. Importância do alimento
Não existe um alimento natural completo. Na natureza os alimentos que mais se aproximam de serem completos são o leite e os ovos. Com essa visão, a alimentação dos animais deve ser composta de diversas fontes alimentares visando fornecer os nutrientes que os seres vivos necessitam.
Um produto pode ser considerado alimento para um indivíduo ou para determinada espécie e não ser para outro. Na escolha de um alimento devemos observar as seguintes características:
não conter substâncias tóxicas;
adaptado a particularidades dos animais;
capacidade de uso de cada espécie e
considerações de ordem econômica.
Devemos observar também que o alimento a ser utilizado na alimentação animal não pode concorrer com a alimentação humana. Alguns alimentos como o trigo, cevada, mandioca e arroz são descartados da alimentação animal por serem fundamentais na alimentação humana.
Alimentar é fornecer alimento para um animal enquanto nutrir está relacionado com o fornecimento de alimento que satisfaça as necessidades do indivíduo.
Segundo Morison: “Nutriente é um constituinte ou um grupo de constituintes dos alimentos, de igual composição química geral, que ajuda a manter a vida animal”. 
Na alimentação dos animais existem várias substâncias que podem ser usadas para melhorar a palatabilidade dos alimentos a serem fornecidos aos animais.
3.3. Constituição dos Alimentos
Os alimentos são formados por nutrientes. Existem seis categorias de nutrientes: água, carboidratos (glicídios), proteínas, lipídeos, minerais e vitaminas. 
Quando o alimento é submetido a uma temperatura de 105 ºC, em estufa, o constituinte inicial diminui em peso e volume. A perda sofrida foi devido a vaporização da água. Portanto, podemos dizer que o alimento é constituído de água e matéria seca (MS).
Quando submetemos a MS a 650 ºC, uma parte dela se queima e esta parte é denominada matéria orgânica (MO).
O que sobra é a cinza, também chamada de matéria mineral (MM). Os teores de água e matéria seca variam no alimento de 5 a 95%. A degradação do alimento pode ser observada na Figura 1.
						ALIMENTO
				
				ÁGUA				MATÉRIA SECA
					 
 MATÉRIA ORGÂNICA	 MATÉRIA MINERAL
FIGURA 1 – Decomposição do alimento em seus constituintes
O valor nutritivo dos alimentos depende da quantidade de matéria seca.
Na matéria orgânica encontramos quatro grupos de substancias diferentes por suas propriedades químicas, físico-químicas e biológicas (Figura 2):
Glicídios
Lipídeos
Proteínas
Vitaminas
Na matéria mineral encontramos todos os elementos minerais conhecidos em quantidade e formas variadas, divididos em dois grupos:
Macro elementos – Na, P, Ca, Cl, K, Mg, S, etc.
Micro elementos – Fe, I, Cu, F, Mn, Co, Se, Mo, etc.
 MATÉRIA ORGÂNICA			 MATÉRIA MINERAL
GLICÍDIOS LIPÍDEOS PROTEÍNAS VITAMINAS MACRO MICRO
Figura 2 – Decomposição da Matéria Orgânica (MO) e Matéria Mineral (MM) dos alimentos. 
3.4. Classificação dos Nutrientes
São chamados de nutrientes todos os compostos presentes nos alimentos ou de forma livre que são usados para a nutrição das células do organismo e podem ser classificados de acordo com o seguinte critério:
3.4.1. Compostos Orgânicos 
Apresentam necessariamente Carbono e Hidrogênio e, às vezes, oxigênio, nitrogênio, enxofre, fósforo ou outros elementos.
Carboidratos
Solúveis (Extrativo Não Nitrogenado – ENN)
A – Monossacarídeos
Trioses (C3H6O3) - Gliceraldeído e Diidroxicetona
Tetroses (C4H8O4) – Eritrose – Eritrulose
Pentoses (C5H10O5) – Xilose – Xilulose
Hexoses (C6H12O6) – Glicose – Frutose
Heptoses (C7H14O7) – Sedoheptulose
B – Dissacarídeos
Sacarose (glicose + frutose)
Lactose (glicose + galactose)
Maltose (glicose + glicose)
Celobiose (glicose + glicose)
C – Trissacarídeos
Rafinose (frutose + glicose + galactose)
D – Polissacarídeos
Amido
Glicogênio
Hemi-celulose
Insolúveis
A – Fibra em Detergente Neutro (FDN) – Celulose + Hemicelulose + Lignina
B – Fibra em Detergente Ácido (FDA) – Celulose + Lignina
3.4.1.2. Lipídeos (Extrato Etéreo – EE)
3.4.1.2.1. SimplesÁcidos Graxos
Gorduras Neutras (mono, di e triglicerol)
Ceras (ésteres de ácidos graxos com alcoóis de cadeia longa)
3.4.1.2.2. Compostos
A – Fosfolipídeos
Ácidos Fosfatídicos, lecitinas, cefalinas, etc.
Plasmalogens
Esfingomielinas
B – Glicolipídeos
Mucina
C – Lipoproteínas
Lipoproteínas Transportadoras (VLDL, IDL, LDL, HDL e Quilomícrons).
 Compostos Nitrogenados
Proteínas (Aminoácidos)
Aminoácidos Monoanimo e Monocarboxílicos Alifáticos
Aminoácidos Básicos
Aminoácidos Aromáticos
Iminoácidos
Aminoácidos formados por translação
Aminas, Amidas, Uréia, Ácido Úrico, etc.
Vitaminas
Vitaminas Lipossolúveis – Vitaminas A, D, E e K.
Vitaminas Hidrossolúveis
Vitaminas do Complexo B (B1, B2, B6, B12, Biotina, Colina, Inositol, Niacina, Ácido Pantotênico e Ácido Paraminobenzóico).
Vitamina C (Ácido Ascórbico)
3.4.2. Compostos Inorgânicos
3.4.2.1. Minerais
Macrominerais – Cálcio, Cloro, Magnésio, Fósforo, Potássio, Sódio e Enxofre
Microminerais – Cobre, Cobalto, Iodo, Ferro, Zinco, Manganês, Selênio, Molibdênio e Flúor.
4. Processos Digestivos nos animais
Animais e vegetais apresentam algumas diferenças estruturais em sua constituição orgânica. Nos animais, a membrana celular é constituída de proteína enquanto nos vegetais a parede celular é formada por celulose e outros carboidratos.
Nos vegetais a reserva alimentar é representada pelo amido, que pode ser encontrado em várias partes da planta, de acordo com o vegetal que estamos estudando. Nos animais o carboidrato de reserva é o glicogênio que tem como seu maior local de reserva no fígado, no entanto este pode ser acumulado em várias outras células como é o caso das células musculares. Outra forma de armazenamento de energia nos animais é a gordura.
Os vegetais usam a energia solar para elaboração de seus compostos orgânicos enquanto os animais vivem dos compostos orgânicos produzidos pelas plantas.
Os alimentos são fornecidos para os animais na forma de macromoléculas e para o seu aproveitamento devem ser quebradas em partículas menores. A quebra e o aproveitamento do alimento pelos animais se chamada de digestão.
A digestão pode ser definida como o conjunto de transformações que sofre o alimento no tubo digestório até a eliminação dos resíduos não absorvidos.
Na digestão os alimentos são transformados e os nutrientes ficam à disposição do organismo para aproveitamento. Quanto à anatomia e ao regime alimentar, os animais se classificam nos seguintes grupos:
Herbívoros de estômago composto
Herbívoros de estômago simples
Carnívoros
Onívoros
Aves
O aparelho digestório dos animais varia conforme a espécie como podemos verificar nas figuras 3, 4, 5 e 6.
FIGURA 3 – Diagrama do aparelho digestório dos suínos
FIGURA 4 – Diagrama do aparelho digestório de aves
FIGURA 5 – Diagrama do aparelho digestório de equinos
FIGURA 6 – Diagrama do aparelho digestório de ruminantes
4.1. Processos Físicos da Digestão
A – Preensão dos Alimentos
Os animais usam diferentes formas de apreender os alimentos e esta variação depende das características dos animais, de sua estrutura e dos órgãos encarregados desta função.
Os cavalos e pequenos ruminantes, como os ovinos e caprinos, apreendem os alimentos com os lábios o que proporciona um corte da forragem bem mais próxima ao solo, o que pode levar ao desaparecimento de certas espécies vegetais quando não se realiza um manejo eficiente da pastagem. 
Os ruminantes que não apresentam incisivos superiores, como é o caso dos bovinos, captam o alimento com a língua. Já os animais carnívoros usam os dentes incisivos e molares para captar os alimentos. As aves apresentam o bico, estrutura córnea, com a qual realiza a apreensão.
As espécies animais que recebem alimentos líquidos utilizam a língua e os lábios. Os suínos possuem formação óssea própria para consumir alimentos pastosos, líquidos ou semilíquidos. Nos carnívoros a língua funciona como órgão importante na ingestão de líquidos.
As aves apreendem os alimentos com o bico e através de movimentos bruscos da cabeça o alimento é deglutido e, por gravidade, chegam até o estômago químico (pró-ventrículo). As aves não apresentam movimentos peristálticos no esôfago daí o trânsito do alimento neste segmento do aparelho digestório ser através da gravidade.
B – Mastigação
A mastigação é um processo mecânico que tem como finalidade: quebrar o alimento, aumentar a superfície de contato do alimento com a saliva e facilitar a deglutição.
Os carnívoros possuem dentes que cortam e trituram os alimentos. Os herbívoros apresentam movimentos circulares que moem e trituram os alimentos enquanto os ruminantes realizam duas mastigações. A primeira mastigação dos ruminantes é muito rápida e o animal deglute a forragem quase inteira. Após o rúmen estar cheio o animal realizará a segunda mastigação, ajudada pela regurgitação do alimento. O alimento volta para a boca para ser remastigado e reinsalivado. A este processo nos ruminantes chamamos de ruminação.
Atualmente os suínos são alimentados com rações fareladas e não necessitam de grande mastigação. As aves também recebem alimentos finamente triturados. Como sabemos, elas não apresentam dentes, mas possuem a moela que realiza a função dos dentes, a trituração dos alimentos.
C – Deglutição
Os alimentos depois de insalivados e mastigados serão deglutidos. A deglutição é uma atividade que inicialmente é voluntária, no entanto termina de maneira reflexa. A deglutição só irá acontecer se houver alimento, sólido ou líquido, na boca.
4.2. Aspectos Gerais da Digestão
Quando o alimento sai da boca e cai no esôfago, observamos em quase todos os animais, com exceção das aves, movimentos peristálticos que irão conduzir o alimento até o estômago.
A – Saliva
A saliva é a primeira secreção líquida que age sobre o alimento. Ela é formada por produto das glândulas parótidas, submaxilares, sublinguais e bucais e fornece água e mucina para o bolo alimentar. A produção de saliva pode aumentar por estímulo psíquico (cheiro), estímulo mecânico (mastigação) e estímulo químico (ácidos, sais, etc).
A saliva dos animais geralmente é incolor, viscosa e aquosa, com pH que varia de 6,5 a 7,3. Na saliva encontramos a ptialina que apresenta a enzima amilase. A amilase atua na degradação do amido.
Nos ruminantes a saliva é observada em grande quantidade e ajuda na deglutição e no retorno do alimento à boca para que seja remastigado. As aves apresentam pouca saliva, pois não possuem a glândula parótida que é a maior produtora de saliva.
B – Suco Gástrico
Este suco é secretado por diversas glândulas da mucosa do estômago. Os seus mais importantes componentes são: ácido clorídrico, mucina, pepsina, lipase gástrica, renina e catepsina.
O ácido clorídrico (HCl) é secretado pelas células parietais da parede do estômago e tem concentração que varia conforme o tipo de alimento, concentração do alimento e quantidade de saliva. O HCl exerce ação anti-séptica sobre os microrganismos ingeridos.
A mucina é secretada pelas glândulas mucóides da parede gástrica. É uma substância viscosa que adere ao alimento e à mucosa gástrica com a finalidade de proteger o epitélio da ação do HCl. A mucina absorve a pepsina e neutraliza o HCl.
A pepsina é secretada pelas glândulas pépticas sob a forma de pepsinogênio. O pepsinogênio é ativado pelo HCl a pepsina e tem a função de degradar as proteínas formando proteases e pepotonas.
A lipase gástrica atua na hidrólise das gorduras que apresentam baixo ponto de fusão.
A renina é ativada pelo HCl do estômago e age sobre a caseína que é a proteína do leite.
A catepsina é um suco encontrado no estômago e que age sobre as proteínas. Seu pH ótimo para atuar é entre 3 a 5. Não apresenta ação muito pronunciada.
C – Suco Pancreático
Substância produzida pelo Pâncreas e secretada por estímulo nervoso.O suco Pancreático é um fluido claro com pH variando de 7,8 a 8,2. Este fluido é liberado no intestino delgado, mais precisamente no duodeno, e possui quase todas as enzimas responsáveis pela degradação do alimento no intestino. Sua quantidade varia com a espécie animal.
Outra função do suco pancreático é anular a acidez do bolo alimentar que vem do estômago já que as enzimas que vão atuar na degradação do alimento no intestino delgado não atuam em pH ácido.
As principais enzimas existentes no suco pancreático são: tripsina, quimiotripsina, carboxipeptidase, amilase pancreática e lipase pancreática.
A Tripsina é uma enzima proteolítica que é secretada na forma de tripsinogênio. Através da enteroquinase o tripsinogênio é convertido a Tripsina. A tripsina atua em pH que varia de 8 a 9 e hidrolisa quase todas as proteínas.
A quimiotripsina também é uma enzima proteolítica e apresenta atuação semelhante à da Tripsina. O pâncreas produz o quimiotripsinogênio que sob ação da enzima enteroquinase o transforma quimiotripsina. Sua maior ação é na coagulação do leite.
A procarboxipeptidade é produzida pelo pâncreas que sob a ação da enzima enteroquinase a converte em carboxipeptidase. Este suco age sobre os aminoácidos em pH 7,4.
A amilase pancreática atua sobre o amido em pH que varia de 6,5 a 7,2. A degradação do amido resultará amilose e amilopectina. Estes dois produtos são formados por cadeias de glicose e fornecerão energia para os animais.
A lipase pancreática atua sobre os lipídeos em pH que varia entre 7 e 8. A ação da lipase é ajudada pela ação dos sais biliares que realizam a emulsificação das gorduras.
D – Suco Entérico
Este é um líquido viscoso que apresenta grande quantidade de muco. Seu pH varia entre 5,5 a 6,0 no início do intestino delgado; 6,0 a 6,5 no íleo; e ligeiramente alcalino no cólon. O suco entérico é constituído pelo suco duodenal e suco intestinal.
O suco duodenal tem aspecto viscoso e é rico em mucina enquanto o suco intestinal é aquoso de cor clara e inativo para as proteínas.
E – Digestão no Intestino Grosso
O intestino grosso do monogástrico, principalmente o ceco, apresenta microrganismos que têm a capacidade de digestão da fibra que compõe o alimento. Estes microrganismos são semelhantes aos encontrados no rúmen.
A microbiota encontrada é variável em quantidade e proporção. Os microrganismos presentes têm a capacidade de degradar os alimentos que não foram digeridos no intestino delgado. Estes microrganismos usam os glicídios como fonte de energia. A degradação da celulose é pouco significativa para monogástricos.
As proteínas sofrem fermentação e putrefação, ocorre síntese de Vitaminas do Complexo B e de Vitamina K. A digestão no intestino grosso é realizada com eficiência nos monogástricos herbívoros, no entanto a absorção não é tão eficiente quanto no intestino delgado.
F – Processo Digestivo nos Equinos
Os equinos apreendem os alimentos com os lábios. O lábio superior é muito móvel e possui diversas estruturas sensitivas que identificam os alimentos para que o animal selecione o vegetal que irá apreender.
A secreção salivar é abundante, mas as enzimas existentes são pouco eficientes na degradação dos alimentos, sendo a principal função da saliva, o umedecimento do alimento visando a deglutição. Nos equinos o alimento não retorna à boca, somente em caso de vômito.
O estômago dos equinos tem capacidade de aproximadamente 18 litros e 2/3 deste é ocupado no pastejo dos animais. O estômago é esvaziado cerca de 6 a 8 vezes por dia e a digestão gástrica não é muito eficaz. O pH do estômago é ácido devido a ação do HCl e varia entre 2,6 (região pilórica), a 4,5 (região fúndica). Neste compartimento ocorre o início da digestão dos lipídeos e proteínas.
No intestino delgado o pH é de 6,7 a 6,9 no jejuno e 7,5 no íleo. Neste segmento ocorre a secreção biliar e pancreática, mas a celulose não é atacada devido à falta da enzima celulase. Os glicídios e lipídeos sofrem digestão e absorção eficazes. Neste segmento também ocorre absorção de proteína, na forma de aminoácido, assim como de vitaminas.
No intestino grosso são encontrados microrganismos semelhantes aos existentes no rúmen e o bolo alimentar permanece por cerca de 24 horas. Neste compartimento do aparelho digestivo chegam somente 30% dos glicídios e amido consumidos pelo animal. O excesso de celulose prejudica a absorção intestinal assim como a falta de fibra altera o trânsito intestinal. A microbiota existente no intestino grosso usa o nitrogênio das proteínas para produzir suas próprias proteínas. Os alimentos Nitrogenados Não Proteicos (NNP), como é o caso da uréia, são impróprios para a alimentação de equinos. Observamos neste compartimento síntese abundante de Vitaminas do Complexo B e Vitamina K, no entanto estas vitaminas são pouco aproveitadas, pois verifica-se uma absorção muito pequena nesta região, quase nula.
G – Processo Digestivo em Aves
As aves apreendem o alimento com o bico que é uma estrutura córnea feita principalmente de uma proteína chamada queratina. O bico apresenta receptores táteis que enviam mensagens ao cérebro sobre o alimento que será ingerido. A apreensão dos alimentos é influenciada pela visão e pelas sensações táteis do bico. As aves não conseguem enxergar cores como o azul e cinza, sendo atraídas pelas cores mais fortes como é o caso do vermelho. As aves apresentam uma língua córnea.
A gustação nas aves é pouco desenvolvida. Podemos fornecer alimentos doces ou salgados que estas não distinguem tais sabores. O olfato é rudimentar. Algumas aves apresentam o olfato bastante desenvolvido enquanto outras não. A saliva é produzida em pequena quantidade devido a ausência das glândulas parótidas e apresenta fraco papel digestivo, tendo como função principal o favorecimento do trânsito do alimento.
A deglutição é mecânica. O alimento cai no esôfago por gravidade já que neste setor não são observados movimentos peristálticos, como em outros animais. O esôfago apresenta uma dilatação chamada papo. O papo tem a função de armazenar alimento. Sabe-se que alimentos umedecidos apresentam uma maior taxa de passagem neste segmento.
Nas aves existem dois tipos de estômagos: glandular (pró-ventrículo) e muscular (moela). O Pró-ventrículo apresenta mucosa rica em glândulas secretoras de suco gástrico enquanto a moela tem a função de triturar os alimentos.
O intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo) é o local onde haverá o maior trabalho para degradação e absorção de nutrientes. No intestino grosso (cecos, cólon e reto) praticamente não haverá absorção de carboidratos, lipídeos, proteínas e vitaminas. A absorção de água e de minerais é regular. As aves apresentam dois cecos e que apresentam microrganismos capazes de produzir a enzima celulase que degrada a celulose, no entanto o seu aproveitamento é deficiente. 
No final do aparelho digestivo as aves apresentam a cloaca. A cloaca apresenta três orifícios que servem ao aparelho digestório (coprodeum), urinário (urodeum) e reprodutor (proctodeum). Existe uma crendice de que aves não urinam e isso não é verdade. Ocorre que a urina é excretada juntamente com as fezes, no entanto saem de canais diferentes.
H – Processo Digestivo dos Ruminantes
A apreensão dos alimentos pelos ruminantes depende da espécie que se deseja estudar. 
A mastigação dos ruminantes é dividida em 2 etapas: mastigação propriamente dita e ruminação. O estômago dos ruminantes é multicavitário e composto de 4 cavidades: rúmen, retículo, omaso e abomaso. Os três primeiros são chamados de pré-estômagos e o abomaso é conhecido como estômago verdadeiro.
Os pré-estômagos têm forma, tamanho e capacidade dependendo da idade e porte do animal. Ao nascer os três primeiros compartimentos apresentam pouco desenvolvimento e o ruminante se comporta como um monogástrico. Os pré-estômagos começam sua atividade nas duas primeiras semanas de vida. Com 10 a 12 semanas estes estão perfeitamente desenvolvidos. O rúmentem é um local de armazenamento de alimento, local onde ocorre fermentação microbiana e síntese de vitaminas do complexo B. O retículo é o compartimento responsável pela captação de corpos estranhos. O omaso também chamado de livro tritura e desidrata os alimentos.
Nos animais jovens, que só se alimentam de leite, este produto chega ao abomaso, também chamado de coagulador, e é processado. O abomaso tem a função de secretar ácidos, enzimas e sucos. Com o desenvolvimento do animal e o contato com a forragem, o rúmen começa a se desenvolver e exercer suas funções.
Os ruminantes caracterizam-se pela presença de microrganismos no rúmen e no intestino grosso (ceco), os quais são responsáveis, em grande parte, pela digestão de nutrientes, pelo mecanismo de simbiose com o animal. Os microrganismos presentes no rúmen e ceco permitem o aproveitamento eficiente de vários nutrientes, principalmente para a produção de energia, essencial para a manutenção e produção animal.
Devido ao grande número de microrganismos presentes, a microbiologia do rúmen é extremamente complexa, dado às suas diferentes naturezas e mudanças da população que é a resultante das mudanças da dieta animal (hospedeiro). 
Os principais habitantes do rúmen são as bactérias e protozoários, no entanto as recentes pesquisas indicam que ambiente ruminal também é habitado por fungos e leveduras; as últimas, principalmente em animais jovens. Desta forma este compartimento dos ruminantes apresenta características peculiares que o tornam um ecossistema anaeróbico propício para o desenvolvimento microbiano. Tais características são:
O sistema é essencialmente isotérmico (38-42 ºC) o qual é regulado pelo metabolismo homeotérmico do hospedeiro; 
O pH (6,0-7,0) permanece relativamente constante, devido à remoção contínua dos ácidos graxos (produto da fermentação ruminal), pela absorção através da parede do rúmen e sua neutralização pelas substâncias tamponantes presentes na saliva;
Estas condições características do rúmen são também aplicadas a outras fermentações gastrointestinais, como as muitas que ocorrem no intestino grosso dos ruminantes e trato gastrointestinal dos herbívoros monogástricos. No Quadro 2 observamos a comparação entre as características da fermentação que ocorre no silo e no rúmen.
QUADRO 2 – Características da fermentação que ocorre no silo e no rúmen
	Item
	Silagem de boa qualidade
	Fermentação ruminal
	PH
	3,8
	6-7
	Espécie de microrganismos
	Poucas
	Muitas
	Síntese celular
	5%
	20-40%
	Celulose potencialmente digerível
	0
	90%
	Produto Final
	Ácido Lático
	Ácido Acético, Butírico, Propiônico, pouco Ac. Lático.
Os principais microrganismos encontrados no rúmen os quais são responsáveis em grande parte pela fermentação, são as bactérias, que podem atingir entre 1 a 10 bilhões de células/grama de conteúdo ruminal. A maior parte é anaeróbica, podendo-se encontrar também, anaeróbicas facultativas. Dos 22 gêneros e 63 espécies descritas, acredita-se que somente 16 gêneros e 28 espécies são importantes.
Do ponto de vista morfológico (cocos e bastonetes), tamanho (variam entre 0,3 a 50 (m) e estrutura (incluindo a presença de uma célula envolvente, estrutura citoplasmática, presença de apêndice e área aderente). A classificação adotada pela maioria dos pesquisadores é baseada no substrato sobre o qual elas atuam e pelos produtos finais da fermentação.
Bactérias celulolíticas
Bacterioides succinogenes.
Ruminococcus flaverfaciens.
Butyrivibrio fibrisolvens.
Eubacterium cellulosolvens (em certas condições).
Clostridium lochheadii (de menor importância).
Bactérias hemicelulolíticas
Butybrivio fibrisolvens.
Bacterioides ruminicola.
Ruminococcus spp.
Lachnospira multiparus.
Succinivibrio dextrinosolvens.
Treponema spp.
Streptococcus bovis.
Bactérias aminolíticas
Bacterioides amylophilus.
Streptococcus bovis.
Succininimonas amylolytica.
Bacteriodes ruminicola.
Succinivibrio dextrinosolvens. 
Bactérias utilizadoras de açúcares simples
Ruminococcus flavefasciens.
Treponema bryantii.
Lactobacillus vitulinus.
Lactobacillus ruminicus.
Bactérias que utilizam ácidos
Megasphaera elsdenii.
Selenomonas ruminantium.
Veillonella alcalescens.
Anaerovibrio lipolytica.
Propioni bacterium.
Veillonella gazogenes.
Peptoestreptococcus elsdenii.
Bactérias proteolíticas
Bacterioides amylophilus.
Bacterioides ruminicola.
Butyrivibrio fibrisolvens (algumas linhagens).
Streptococcus bovis (algumas linhagens).
Bactérias produtoras de amônia
Bacterioides ruminicola.
Megasphaera elsdenii.
Selenomonas ruminatium.
Butyrivibrio spp.
Bactérias produtoras de metano
Methanosarcina barkerii.
Methanobrevibacter ruminantium.
Methanobacterium formicicum.
Methanobacterium mobile.
Bactérias lipolíticas
Anaerovibrio lipolytica.
Butyvibrio spp.
Butyvibrio fibrisolvens.
Treponema bryantii.
Eubacterium spp.
Fusocillus spp.
Micrococcus spp.
Ruminococcus albus.
Protozoários do rúmen - Estes foram os primeiros microrganismos identificados no rúmen, cuja população é da ordem de 100 mil a 1 bilhão de células/ml de conteúdo ruminal. Representam a maior parte da microbiota, e têm tamanho maior que as bactérias e são responsáveis por 60% dos produtos da fermentação encontrada no rúmen. Todos são anaeróbicos. A presença de protozoários no rúmen parece ser um fator fundamental para o processo fermentativo.
Fungos anaeróbicos - O primeiro pesquisador a demonstrar que alguns dos microrganismos encontrados no ecossistema ruminal, que acredita-se ser protozoário flagelado, foi ORPIN (1.975). A partir desses estudos, algumas pesquisas com ovinos e bovinos, confirmam a presença destes microrganismos. É pouco conhecido o papel dos fungos no processo fermentativo, mas parece que eles estão associados com a degradação da fibra no rúmen, principalmente (celulose), encontrando-se em grandes quantidades quando a dieta é rica em forragens.
Os ruminantes apresentam no intestino grosso, especialmente no ceco, um ecossistema que se assemelha em muito ao ecossistema ruminal, onde ocorre um processo fermentativo muito intenso. Neste segmento do intestino grosso, como no cólon e reto, há predominância de espécies anaeróbicas, as quais na maioria das vezes são encontradas também no rúmen. 
A fermentação microbiana que ocorre no intestino grosso é predominante em animais novos, sendo indicativo de que a produção de ácidos graxos voláteis no intestino é importante no metabolismo energético destes animais.
Em animais adultos tem sido demonstrada a presença de grande número de bactérias no intestino delgado, que aparentemente não teriam nenhuma importância no processo digestivo, a não ser competindo com o animal por substrato, como o amido. A população bacteriana vai aumentando à medida que se aproxima do intestino grosso. 
A população bacteriana no trato gastrointestinal dos ruminantes começa a se desenvolver logo após o nascimento, pelo contato do recém-nascido com a mãe, através da secreção salivar, secreção vaginal, ruminação, fezes, microbiota ambiental, outros animais, úbere, leite e outras formas de alimento.
Inicialmente é encontrada uma grande microbiota aeróbicas, que vai desaparecendo a medida que o animal vai ingerindo forragens, predominando daí em diante, bactérias anaeróbicas. Pesquisas têm demonstrado que bezerros alimentados com dietas contendo leite, feno e concentrado, começam a desenvolver a microbiota ruminal, a partir da 9a semana, e esta é muito semelhante à população dos animais adultos, com relação às espécies predominantes.
O estabelecimento de protozoários no rúmen é bastante difícil e depende do contato com outros animais que tenham protozoários no ecossistema ruminal. Esta se dá pela saliva e ruminação. Em bezerros lactantes, o pH ruminal é baixo, devido a presença de ácido lático no rúmen, produto da fermentação do leite, o que dificultao estabelecimento de protozoários, pois estes são sensíveis ao pH baixo. Os protozoários são encontrados no rúmen a partir da terceira semana de vida, aumentando consideravelmente na medida em que aumenta o pH ruminal, podendo atingir o nível de animais adultos com nove semanas.
Os produtos da fermentação, resultante da ação das bactérias, são variados e dependem sobretudo da natureza do substrato e da espécie das bactérias. A maior quantidade de ácidos produzidos é representado pelo ácido acético, propiônico e butírico e em menor quantidade por outros ácidos voláteis. No quadro abaixo encontramos os produtos finais da fermentação ruminal (Quadro3).
QUADRO 3 – Relação de produtos resultantes da fermentação ruminal.
	Produto de Fermentação
	Número de Espécies que Produzem
	Fórmico
	16
	Acetato
	21
	Propionato
	06
	Butirato
	07
	Lactato
	13
	Succinato
	12
	Etanol
	08
	CO2
	09
	Hidrogênio
	10
	Metano
	01
	H2O
	09
Os ácidos graxos do rúmen, normalmente classificados como ácidos graxos voláteis, incluem o ácido fórmico, acético, butírico, isobutírico, 2-metilbutírico, propiônico, valérico, isovalérico e traços de ácidos graxos com seis e oito carbonos.
5. ÁGUA
A água constitui um nutriente indispensável para a vida dos animais. Todas as células orgânicas necessitam de água para exercer suas funções.
A água é tão importante para o organismo animal que este pode perder toda a gordura corporal, metade de suas proteínas orgânicas e aproximadamente 40% do seu peso vivo e permanecer vivo. No entanto com a perda de 10% da água corporal, ocorrerão transtornos que poderão levar o animal à morte.
Economicamente, a água é o nutriente mais barato mas é fisiologicamente essencial para os seres vivos. A facilidade e rapidez com que ocorre a dissociação desta molécula (HOH) é que caracteriza a sua participação nas reações do metabolismo.
5.1. Distribuição da água corpórea
A distribuição da água pelo corpo é heterogênea, de forma a manter o equilíbrio dinâmico entre os compartimentos corpóreos. O conteúdo intracelular representa mais de 45% do peso vivo, enquanto o conteúdo extracelular é de aproximadamente 20%.
O funcionamento normal do organismo se dá através da perda constante da água, que tem que ser reposta, principalmente pela água de bebida. O balanço hídrico corpóreo deve ser constante, ou seja, a quantidade de água ingerida deve ser semelhante à quantidade perdida (Figura 7).
FIGURA 7. Distribuição dos líquidos do corpo em porcentagem do peso corporal.
No Quadro 4 estão apresentados os dados de balanço de água em frangos de corte de acordo com Leeson et al (1976). A ave mantém praticamente constante a entrada e a saída de água no corpo. Na fase de crescimento ocorre balanço positivo devido a deposição dos tecidos. As aves jovens possuem maior teor (%) de água corporal que as adultas. A utilização da água metabólica aumenta com a idade.
QUADRO 4 – Metabolismo diário de água em frangos de corte
	Idade
(sem)
	Temper.
ºC
	Umid.
%
	Entrada de Água (g)
	Saída de Água (g)
	
	
	
	Bebida
	Ração
	Metab.
	Cresci.
	Excretas
	Respir.
	1
	31
	70
	11,4
	1,5
	3,1
	4,6
	4,1
	7,3
	2
	25
	70
	11,8
	2,4
	5,0
	6,7
	6,3
	6,2
	3
	25
	70
	21,4
	3,6
	7,4
	10,2
	9,6
	12,6
	4
	23
	70
	48,8
	4,8
	9,3
	15,0
	12,8
	35,1
	5
	22
	70
	72,3
	6,1
	12,7
	17,1
	16,1
	58,0
	6
	20
	75
	90,2
	7,4
	17,7
	15,9
	19,4
	80,0
	7
	20
	79
	109,3
	8,3
	22,4
	12,8
	21,8
	105,3
	8
	20
	67
	114,7
	9,0
	21,3
	20,0
	23,9
	100,8
Fonte: Adaptado de Leeson et al (1976)
As excretas dos frangos de corte apresentam cerca de 60 a 70% de umidade enquanto em poedeiras essa taxa é de 80%. O maior valor para poedeiras pode estar relacionado com a maior necessidade de perda de calor orgânico.
As aves não possuem glândulas sudoríparas e dissipam o calor corporal através da respiração, condução e convecção. Elas gastam em torno de 575 calorias para vaporizar 1 grama de água pela respiração. Em temperaturas que variam entre 26 e 35 ºC frangos de corte gastam grande quantidade de calorias.
Howard (1975) verificou que durante a formação do ovo, as aves consomem o dobro de água do que aquelas que não estão em postura e que este aumento se dá por volta de 12 horas antes da ovoposição. Verificou também que nas horas que antecedem a postura o consumo de água é reduzido, cessando o consumo duas horas antes da postura. Logo após a ovoposição, a ave atinge o pico de consumo de água.
O conteúdo de água corporal (%) diminui com a idade. Esta interação negativa também acontece quando relacionamos o conteúdo de água com a gordura corporal. Isto pode ser explicado pelo aumento da energia metabolizável da ração (Quadro 5). 
QUADRO 5 – Conteúdo de água corporal e no plasma de aves Leghorn Branca de acordo com a idade
	Idade (semanas)
	% Plasma
	% Água Corporal
	1
	95,5
	85,2
	3
	96,1
	67,1
	6
	95,8
	59,2
	8
	95,5
	65,9
	16
	95,1
	48,7
	32
	94,6
	55,0
FONTE: Adaptado de Patrtick e Schaible (1980)
Os animais normalmente consomem cerca de 10-20% a mais de água que o necessário, no entanto a restrição de cerca de 20% de água pode resultar em prejuízo no desempenho zootécnico (Patrtick e Schaible, 1980).
5.2. Principais Funções da Água
Digestão – processo hidrolítico (hidrólise)
Absorção dos nutrientes no trato digestivo
Translocação de todos os compostos químicos no organismo
Excreção de todos os resíduos do metabolismo orgânico
Secreção de hormônios, enzimas e outras substâncias bioquímicas
Termorregulação corporal – a água possui alto calor específico
Manutenção da pressão osmótica intracelular
Equilíbrio ácido-básico
Facilita as reações enzimáticas que ocorrem no metabolismo intermediário
Além destas funções a água apresenta uma série de funções especiais no organismo:
Fluido cerebroespinhal – proteção do sistema nervoso contra choques
Fluido sinovial – lubrificação das juntas
Fluido auricular – transporte de sons
Fluido intra-ocular – processo de visão
Fluido aminiótico – proteção do feto
5.3. Fontes de Água
Para os animais existem basicamente três fontes de água: de bebida, coloidal e metabólica.
Água de Bebida
É a principal fonte de água para os animais e ela deve ser: limpa, fresca e livre de contaminações. Existem certas características que tornam a água imprópria para o consumo, pois pode afetar o desempenho dos animais. As principais são:
Minerais traços: a presença de elementos como o flúor, selênio, ferro e molibdênio em excesso são extremamente tóxicos;
Nitrogênio: a presença de N na água indica decomposição de matéria orgânica, contaminação fecal ou nitratos. Os animais têm pequena tolerância à presença de nitratos na água;
Coloração: uma boa água de bebida deve ser insípida, inodora e incolor;
pH: valores ideais variam de 7 a 7,6. Níveis maiores indicam alcalinidade devendo-se pesquisar presença de Cálcio e Magnésio;
Dureza: presença de sais de Cálcio e de Magnésio torna a água imprópria para o consumo;
Bactérias: sua presença na água indica a presença de matéria orgânica e/ou contaminação fecal, havendo a necessidade de tratamento.
Água Metabólica
É a formada durante o processo de oxidação de H2 contido nas proteínas, carboidratos e gorduras. As gorduras produzem maior quantidade de água metabólica que os carboidratos e proteínas (Quadro 6). 
Os carboidratos, por sua vez, produzem mais água metabólica por Kcal de Energia Metabolizável (EM) produzida. Isto é importante, pois no caso de privação de água, seria indicada a ingestão de carboidratos.
QUADRO 6 – Produção de água metabólica de carboidratos, proteínas e gorduras.
	NUTRIENTE
	H2O Metabólica/100g
	Valor Calórico
	H2O Metabólica/100 Kcal de EM
	Carboidrato
	60
	400
	15,0
	Proteína
	42
	400
	10,5
	Gordura
	100
	900
	11,1
Água ColoidalA água coloidal é aquela que se encontra presa nos alimentos. Os alimentos suculentos possuem alto teor de água e esta contribui para que sejam atendidas as necessidades diárias dos animais. Os ingredientes da ração (milho, farelo de soja, etc) apresentam cerca de 10 a 12% de água, no entanto esta se encontra presa nos alimentos, não contribuindo para satisfazer as necessidades dos animais.
5.4. Fatores que Afetam a Ingestão de Água
Existem vários fatores que afetam a ingestão de água pelos animais. Os mais importantes são: temperatura e umidade relativa do ambiente, função fisiológica do animal, espécie e idade do animal.
Temperatura e Umidade Relativa do Ambiente
O aumento da temperatura do ambiente leva a um aumento do consumo de água pelos animais.
Normalmente, o aumento do calor de determinado ambiente leva a um aumento na transpiração ou na respiração que eleva as necessidades de consumo de água. Em condições de baixas temperaturas ocorre o catabolismo das proteínas orgânicas, aumentando também a necessidade de água.
Os suínos possuem dificuldade em eliminar o calor corporal através da pele daí a necessidade de ambientes adequados e água fresca. As aves apresentam a mesma dificuldade e estas podem eliminar o calor corporal através da respiração. Aves de postura podem apresentar ovos com casca mole ou sem casca devido a eliminação do CO2. O Carbono eliminado é componente essencial para a formação do Carbonato de Cálcio (CaCO3), componente da casca dos ovos.
Função Fisiológica
A necessidade de água depende da função fisiológica do animal. Fêmeas em lactação necessitam de mais água do que as gestantes e estas, menos que os animais em crescimento (Quadro 7).
QUADRO 7 – Consumo de água por suínos por categoria animal
	Categoria
	Litro/Animal/Dia
	Leitão
	2,5
	Crescimento
	7,0
	Gestação
	6,5
	Lactação
	20,0
Fonte: Adaptado do NRC (1988)
Espécie Animal
As aves necessitam de menor quantidade de água que os mamíferos em porcentagem do peso vivo. Este fato se deve à forma de eliminação do Nitrogênio corporal. As aves eliminam o Nitrogênio na forma de Ácido Úrico enquanto os mamíferos o eliminam na forma de Uréia. Na degradação das proteínas o Nitrogênio é liberado na forma de Amônia. Devido a sua toxidez esta é convertida em Uréia (mamíferos) ou Ácido Úrico (aves), e eliminada pela urina.
Idade do Animal
Em todas as espécies animais, o consumo de água aumenta com a idade, porém decresce em relação ao seu peso vivo. Este aumento do consumo de água está relacionado com o aumento do consumo de ração (Quadro 8). A restrição de água resulta na diminuição do consumo de alimento.
QUADRO 8 – Consumo de água diário (ml/dia) de acordo com a idade em aves
	Idade (sem)
	Frangos de Corte
	Poedeiras Comerciais
	Perus
	1
	20
	19
	38
	2
	50
	38
	76
	4
	140
	64
	151
	6
	260
	95
	227
	7
	320
	106
	284
	8
	380
	114
	360
	10
	-
	144
	473
	15
	-
	158
	606
	20
	-
	170
	757
	35
	-
	189
	908
Fonte: Adaptado de NRC (1994)
5.5. Necessidade de Água
De uma maneira geral, os animais consomem maior quantidade de água que suas necessidades. Caso aconteça uma restrição de 10-20% de água esta não afeta a produção. No entanto uma restrição contínua e acima de 20% ocorre prejuízo na produção animal.
A necessidade hídrica varia conforme a espécie e a idade do animal, o tipo e a quantidade de ração, além do estado fisiológico do animal.
5.6. Restrição de Água
Os animais devem ter acesso livre a bebedouros com isso, apresentam consumo de ração de acordo com suas necessidades nutricionais.
Em frangos de corte utiliza-se a restrição de água com vistas à realização de restrição alimentar, para que seja reduzida a taxa de crescimento dos animais evitando a Síndrome Ascítica e a da Morte Súbita (Quadro 9).
 QUADRO 9 – Efeito da restrição de água sobre o consumo de ração em frangos de corte
	Idade 
(semana)
	Restrição de Água (%)
	
	0
	10
	20
	30
	40
	50
	2
	100
	84
	84
	75
	73
	70
	4
	100
	98
	94
	90
	85
	80
	6
	100
	88
	82
	78
	73
	71
	Média
	100
	90
	87
	81
	77
	74
Fonte: Adaptado de Kellerup et al. (1971)
A restrição de água em poedeiras comerciais resulta em diminuição da postura. Restrição por períodos curtos não afetam a produção. Em matrizes pesadas a restrição alimentar é realizada para o controle de peso das aves.
6. GLICÍDIOS OU CARBOIDRATOS
6.1. Características
Os glicídios ou carboidratos são substâncias ternárias formadas por carbono, hidrogênio e oxigênio. São chamados de carboidratos, pois o hidrogênio e o oxigênio se encontram na mesma proporção observada na água. Geralmente apresentam 5 ou 6 átomos de carbono.
São os nutrientes mais abundantes na natureza e representam a fonte primária de energia para os organismos vivos. Os carboidratos são representados pelos açúcares, amido, celulose e gomas. Considerando o aspecto nutricional o principal carboidrato é a glicose.
Na natureza a molécula de glicose se encontra na forma polimerizada (sacarose, lactose, maltose, celulose, etc) e, dependendo do tipo de ligação entre as moléculas de glicose, vai caracterizar a solubilidade do sacarídeo.
O amido (carboidrato de reserva dos vegetais) e o glicogênio (carboidrato de reserva dos animais) apresentam ligações ( 1,4 e ( 1,6, a celulose (principal carboidrato estrutural dos vegetais), apresenta ligações ( 1,4. Suínos e aves não possuem enzimas capazes de quebrar esta ligação. Os ruminantes, através dos microrganismos existentes no rumem, produzem tais enzimas. 
Os carboidratos são sintetizados pelos vegetais clorofilados a partir do dióxido de carbono (CO2) e da água (H2O).
6 CO2 + 6 H2O C6H12O6 + 6 O2
O termo glicídio ou glucídio vem do grego GLUKUS que quer dizer doce. 
O amido é facilmente digerido pelos animais e tem alto valor energético. A celulose e outros glicídios complexos são digeridos com mais dificuldade e mais gasto de energia. Os ruminantes digerem bem esses nutrientes devido aos microrganismos do rúmen.
6.2. Funções 
Os glicídios apresentam diversas funções sendo as duas mais importantes as seguintes:
Fonte de calor para o corpo.
Fonte de energia para os processos vitais.
6.3. Classificação
Os carboidratos podem ser classificados em monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos.
Os monossacarídeos são carboidratos simples que possuem importância nutricional para as células, porém, sem importância dietética, pois não aparecem desta forma na natureza.
Os monossacarídeos são importantes intermediários no metabolismo de carboidratos para as células dos animais e geradores de energia para a manutenção da homeostase energética orgânica.
Os principais monossacarídeos são: trioses (gliceraldeido e diidroxiacetona), pentoses (ribose, xilose e arabinose) e as hexoses (glicose, manose, galactose e frutose).
Os dissacarídeos possuem importância dietética, pois são encontrados na natureza e são usados como fonte de energia pelos animais. São comumente chamados de açúcares e também chamados de oligossacarídeos, sendo os mais comuns: sacarose, maltose, lactose e celobiose.
A sacarose, encontrada nas frutas, é formada por glicose e frutose, sendo o Carboidrato mais abundante na natureza. A lactose existe somente no leite e é formada por glicose e galactose. Esses sacarídeos são importantes para os animais somente após sua hidrólise.
Quando encontrados na corrente sanguínea são rapidamente eliminados, pois não são quebrados para que possam ser aproveitados.
Os polissacarídeos, polímeros complexos de monossacarídeos, são a principal fonte energética para os animais.
O principal polissacarídeo dietético é o amido que está presente em grande quantidade nos grãos de cereais. O amido é o carboidrato de reserva dos vegetais. Formado por um polímero de glicose, possuindo dois componentesprincipais: amilose (15-20%) e amilopectina (80-85%). Estas duas cadeias são formadas por 24 a 30 moléculas. A amilose apresenta cadeia glicosídica reta e a amilopectina, ramificada.
O carboidrato de reserva dos animais é o glicogênio, encontrado em maior quantidade no fígado e músculos. O glicogênio mantém a glicemia dos animais, especialmente no metabolismo do jejum. A estrutura do glicogênio é parecida com a da amilopectina, no entanto apresenta de 6 mil a 30 mil unidades de glicose.
Outro polímero de glicose importante é a celulose. Ela é a base da estrutura da parede celular dos vegetais. O seu aproveitamento por suínos e aves é limitado e ocorre no intestino delgado pela ação microbiana. Nos monogástricos tem função importante no processo físico da digestão, sendo importante para a formação do bolo alimentar. Nos ruminantes ela é facilmente desintegrada pelos microrganismos existentes no rumem.
A hemi-celulose está presente nos vegetais juntamente com a celulose formando a parede celular. Difere da celulose por ser solúvel em solventes alcalinos e ácidos. Devido a esta característica Van Soest (1967) desenvolveu um método de fracionamento dos constituintes da parede celular de acordo com a solubilidade dos compostos e denominou de FDA (celulose e lignina) e FDN (celulose, hemi-celulose e lignina).
6.4. Metabolismo dos Carboidratos
O metabolismo é a soma das mudanças sofridas pelo alimento e sua transformação em produtos excretáveis. A assimilação e a excreção são processos vitais para os animais.
Devido a diferenças anatômicas entre as diversas espécies animais o metabolismo dos carboidratos é diferente para algumas espécies. Conforme a divisão dos estômagos, podemos classificar os animais em dois grupos: ruminantes e não ruminantes. Entre os ruminantes podemos citar os bovinos, ovinos e caprinos. Fazendo parte do grupo dos não ruminantes temos aves, suínos, equinos e coelhos.
Mesmo fazendo parte do grupo dos não ruminantes equinos e coelhos, segundo o regime alimentar, são classificados como herbívoros e se diferenciam dos suínos e aves. O aparelho digestório das aves também se diferencia do aparelho digestório dos suínos por algumas particularidades.
6.5. Digestão dos Carboidratos nos Não Ruminantes
Os principais alimentos usados para a produção de ração para aves e suínos são o milho e a soja. Estes alimentos são ricos em amido que é o principal carboidrato de reserva dos vegetais.
Os carboidratos ao serem ingeridos por aves e suínos, na forma de amido ou qualquer outro açúcar solúvel, são umedecidos pela saliva para que a digestão seja facilitada. Nos suínos já começa a haver uma pequena hidrólise do amido pela ação da enzima (-amilase com a produção de sacarídeos de menor cadeia como a dextrose e maltose.
Nas aves esta hidrólise inicial do amido não acontece já que as aves não possuem a glândula parótida que é a principal produtora de ptialina e, é na ptialina que se encontra a (-amilase que é produzida pelas células serosas, ausentes nas aves.
No estômago dos monogástricos devido ao pH ácido, ocorre a paralisação da digestão dos carboidratos e esta continua no Intestino Delgado, com a produção final de monossacarídeos e sua absorção. Os monossacarídeos absorvidos são convertidos a glicose. A frutose pode circular na corrente sanguínea e no fígado, é transformada em glicose.
O carboidrato consumido é transformado em glicose, absorvido no Intestino Delgado e conduzido para o fígado onde pode seguir diversas rotas. A entrada de glicose nas células é auxiliada pelo hormônio Insulina. A Insulina é produzida no Pâncreas e é um dos responsáveis pela manutenção da Glicemia (nível de glicose no sangue). A entrada de glicose nas células do fígado e cérebro independe da presença da Insulina.
Nas células a glicose é utilizada para a produção de energia. Ela é degradada em um processo chamado de Glicólise e em seguida o seu produto (Piruvato) será utilizado para a formação de Acetil CoA que entrará no ciclo do Ácido Cítrico (Ciclo de Krebs) para formação de maior quantidade de energia. 
Quando o teor energético do organismo está muito alto, as células param de usar a glicose para a produção de energia e esta passa a produzir Glicogênio, carboidrato de reserva dos animais. Esta rota de produção de Glicogênio se chama Glicogênese.
A capacidade das células de armazenar Glicogênio é pequena e quando as células não conseguem mais armazená-lo, a glicose em excesso será utilizada para a formação de gordura. A gordura produzida no fígado será conduzida para as células adiposas onde haverá o armazenamento.
Quando o nível de glicose no sangue começa a baixar, entra em ação um outro Hormônio, o Glucagon, também produzido no Pâncreas. Este hormônio tem efeito contrário ao da Insulina. O Glucagon irá atuar na conversão do Glicogênio armazenado em Glicose. Esta transformação é importante para a manutenção da glicemia, em períodos de jejum e esta transformação é denominada de Glicogenólise (quebra do Glicogênio).
Quando o período de jejum é prolongado e o estoque de Glicogênio é utilizado, o organismo busca as reservas de gorduras para a manutenção da homeostase da Glicose e geração de energia. Quando o estoque de gordura se acaba, com vistas à manutenção da vida, o organismo lança mão das proteínas para a obtenção de glicose e consequentemente de energia. Esta transformação de lipídeos e proteínas em glicose se chama Gliconeogênese.
	GLICOSE + O2 ENERGIA + CO2 + H2O 
Os animais não ruminantes (monogástricos) não possuem capacidade de degradar a celulose e outros polissacarídeos no seu estômago, bem como no intestino delgado. O estômago destes animais, devido a sua acidez, não abriga microrganismos como os encontrados no rúmen. A ação bacteriana nos monogástricos ocorre no Intestino Grosso (ceco) e é muito importante para os equinos e coelhos já que estes são herbívoros.
6.6. Digestão dos Carboidratos nos Ruminantes
O estômago dos ruminantes é dividido em 04 (quatro) compartimentos: rúmen, retículo, omaso e abomaso. O rúmen é o maior compartimento e é neste que ocorre a fermentação dos alimentos pela ação de microrganismos que convivem em perfeita simbiose com o animal.
As bactérias são os microrganismos mais importantes na digestão dos carboidratos pelos ruminantes. Estes microrganismos também são responsáveis pela síntese de aminoácidos e algumas vitaminas.
A importância do rúmen na degradação dos alimentos começou a ser estuda por Colin em 1886 ao realizar uma fístula em um ruminante. Hoje sabemos que da ação microbiana resulta a produção de ácidos e gases e que a quantidade destes depende, fundamentalmente, do tipo de alimentação fornecida ao animal.
No rúmen são gerados os Ácidos: Acético, Butírico e Propiônico e os Gases Metano e Dióxido de Carbono. Estes são absorvidos pelas paredes do rúmen e são responsáveis pela geração de energia para estas espécies animais.
A alimentação dos ruminantes é predominantemente formada por pastagens. Os vegetais são ricos em celulose. A celulose e o amido são transformados em monossacarídeos. A glicose, ao chegar ao fígado e demais células será geradora de energia, seguindo rotas semelhantes às descritas para os monogástricos.
Os microrganismos existentes no rúmen produzem uma enzima, a Celulase. A Celulase é capaz de degradar a celulose e, como esta é composta de unidades de glicose, liberar esse glicídeo para a produção de energia através da Glicólise.
A Lignina que também é um polissacarídeo existente nos vegetais é mais dificilmente degradado pelos ruminantes, diferentemente da Celulose. A lignificação da planta ocorre por um processo de envelhecimento da forrageira que será utilizada para a alimentação dos animais.
O gás formado no rúmen dos animais pode, devido a problemas do indivíduo, se acumular no rúmen e provocar um quadro chamado de Timpanismo. O gás acumulado deve ser eliminado de forma natural, com o uso de medicamentos,ou com a intervenção de um Médico Veterinário, que irá retirar esse gás com o uso de um trocáter. 
O amido é rapidamente degradado no rúmen pela ação de enzimas bacterianas, dando origem à maltose, sendo depois decomposta pela maltase-fosforilase e maltase, com a formação de glicose-fosfato. Os ácidos graxos solúveis são rapidamente fermentados no rúmen dando origem aos ácidos graxos voláteis, metano e CO2. A formação de metano representa perda de energia, mas é benéfica porque elimina H2, aumenta a concentração de CO2 e facilita a formação de ácido propiônico. A atividade amilolítica é devida à ação de enzimas das plantas, em pequena escala, e principalmente de enzimas produzidas pelos microrganismos.
Dietas ricas em amido podem ocasionar problemas de diarréia. Excesso de cevada pode ocasionar súbito aumento na atividade bacteriana, levando à acumulação de ácidos, suspensão de certas bactérias anaeróbicas e um marcante aumento de Estreptococcus seguido de Lactobacilos.
A celulose é o composto químico-orgânico mais abundante nas plantas e na superfície da terra. É um polissacarídeo que compreende uma cadeia linear de unidades de glicose.
O aparelho digestório dos mamíferos não tem capacidade de produzir enzimas que atuem na digestão dos principais constituintes da planta, ou seja da celulose e da lignina. A celulose não é atacada por enzimas digestivas secretadas pelos animais, pois até o momento não há evidências de que os mamíferos produzam celulase; assim, ela é atacada por microorganismos do rúmen e digerida. Assim foi evidenciado que as bactérias do rúmen produzem enzimas capazes de desdobrar a celulose. As celulases encontram-se unidas à parede da bactéria, sendo que as bactérias estão quase em íntimo contato com o substrato. Após anos de pesquisa, conclui-se que as bactérias celulolíticas produzem enzimas extracelulares as quais decompõem a celulose e a hemicelulose. Estas bactérias podem atuar fermentando os produtos desta integração.
Existe controvérsia quanto à ação dos protozoários na digestão da celulose. Trabalhos de pesquisa mostram que no rúmen de ovelhas, isento de protozoários, a velocidade da digestão da celulose não se altera, entretanto, a capacidade de digestão da celulose por determinados protozoários do rúmen parece ocorrer em bom nível. No rúmen a celulose é decomposta em celobiose pela ação da (-1,4 glicosidade, a qual passa depois para glicose pela ação de uma fosforilase.
A quantidade de celulose que é degradada no rúmen depende do grau de lignificação da planta, já que a lignina é resistente ao ataque das bactérias e parece dificultar a “ruptura” da celulose a que está associada. Assim, pode ser digerida até 80% da celulose de uma forragem tenra (cuja matéria seca não contém mais do que 5% de lignina). No entanto, uma forragem madura (com 10% de lignina), a proporção de celulose digerida é de 60% ou menos. A digestão da celulose diminui também, quando aumenta a proporção de amido ou açúcares na dieta. A presença de pelo menos 1% de nitrogênio na dieta favorece a digestão da celulose por serem compostos nitrogenados indispensáveis aos microorganismos, o mesmo ocorrendo com alguns minerais como: Ca, P e Na.
Outros fatores interferem no processo da digestão ruminal, como o volume do rúmen (cujo conteúdo corresponde de 10-20% do peso vivo do animal), permitindo o acúmulo e permanência do aumento por tempo suficiente para que ocorra a degradação da celulose; os movimentos do rúmen e do retículo bem como a ruminação, contribuem para a divisão dos alimentos, expondo-os ao ataque dos microorganismos.
6.7. Rotas Metabólicas mais Importantes e seus Controles
Os carboidratos da ração são absorvidos no Intestino Delgado, principalmente jejuno, daí podem seguir diversas rotas do metabolismo. As principais rotas seguidas são: Glicólise, Glicogenólise, Glicogênese, Gliconeogênese, Ciclo das Pentoses e Ciclo de Krebs (Figura 8).
Figura 8 – Rotas metabólicas da Glicose.
A Glicólise é a quebra da Glicose gerando Piruvato e Lactato. Esta via é chamada de via Glicolítica. A Glicólise começa com a fosforilação da Glicose através das enzimas glicoquinase e exoquinase. Nesta via há a produção de 4 ATP’s e gasto de 2 ATP’s.
A Glicogenólise é a degradação do Glicogênio com a liberação de unidades de Glicose, em resposta a ação do Glucagon, com a finalidade de repor o nível de Glicose no sangue. Esta rota ocorre somente quando o animal está em jejum ou em condições de estresse.
A Glicogênese ocorre quando a Glicemia está alta e tem como função repor os estoques de Glicogênio do Fígado e Músculos. A glicose é fosforilada a Glicose 6-Fosfato e a enzima Glicogênio Sintetase é muito importante nesta rota metabólica.
Gliconeogênese é a formação de glicose a partir de compostos que não são carboidratos. No estado de jejum, após queimados os estoques de Glicogênio, a Gordura pode ser usada para gerar Glicose. Os aminoácidos podem gerar Glicose, através de suas entradas no Ciclo de Krebs. Esta condição poderá ocorrer no caso de jejum severo ou dieta rica em proteína.
O Ciclo das Pentoses Fosfatadas é uma rota alternativa da via Glicolítica. Ela é mais rápida e tem por finalidade gerar produtos para a síntese de ácidos graxos durante a Lipogênese (formação de gordura).
O Clico de Krebs é a rota final da oxidação dos carboidratos e tem por finalidade a produção de ATP. O Acetato é oxidado gerando CO2 e H2O enquanto são gerados 36 ATP’s.
Os diversos destinos metabólicos que os carboidratos podem seguir estão esquematizados na Figura 9.
Figura 9 – Destinos metabólicos dos Carboidratos da dieta.
6.8. Utilização de Carboidratos por Suínos
Os leitões recém-nascidos são incapazes de utilizar certos carboidratos dietéticos devido a insuficiente atividade de algumas enzimas. A Lactose é bem aproveitada por estes animais já que produzem com eficiência a enzima Lactase. Na degradação da Lactose serão produzidas a Glicose e a Galactose.
Com o desenvolvimento dos animais outras carboidrases vão se desenvolvendo e com 21 dias as enzimas Maltase, Sacarase e Amilase já são produzidas de forma eficiente, ocorrendo o aproveitamento da Maltose, Sacarose e Amido existentes na ração. Ao mesmo tempo a ação da Lactase vai sendo reduzida (Figura 10).
Figura 10 - Atividade de enzimas sobre os carboidratos em leitões.
6.9. Utilização da Fibra Bruta por Suínos e Aves
Os monogástricos também chamados de não ruminantes possuem pequena capacidade de digerir alimentos fibrosos, no entanto esta digestão, em certos momentos, pode atender as necessidades de mantença do animal.
A ração de suínos e aves é composta basicamente por fubá de milho e farelo de soja. Estes componentes apresentam em torno de 3% de fibra bruta (FB) na ração destas espécies. O nível de FB na dieta destes animais depende de alguns fatores:
tipo e nível de FB na ração;
níveis dos outros nutrientes na ração; e
idade e/ou peso dos animais.
A degradação da FB nos não ruminantes é realizada no Intestino Grosso, mais precisamente no ceco. Este compartimento possui microorganismos semelhantes aos encontrados no rumem o que garante a quebra da fibra, resultando na produção de AGV´s, o que pode atender às necessidades de mantença de alguns animais.
6.10. Utilização da Fibra pelos Ruminantes
O teor de fibra tem sido utilizado como índice negativo de qualidade, uma vez que representa a fração menos digestível dos alimentos. A fração fibrosa dilui a energia do alimento e reduz o consumo voluntário, pelo efeito do enchimento do rúmen e pela saturação da capacidade de ruminação do animal. A fibra é requerida para o funcionamento e metabolismo normal do rúmen e por isso, a qualidade da fibra torna-se um fator muito importante na dieta dos ruminantes, particularmente das vacas em lactação.
A celulose e hemicelulose são a maior fração da dieta dos ruminantes, constituindo-se na maior fonte de substrato disponível para a fermentaçãono rúmen. 
Na composição química a fibra é um carboidrato essencial, mas devido a sua insolubilidade é utilizado apenas parcialmente como um nutriente alimentar pelos animais domésticos. O primeiro passo na digestão da fibra (porção não lignificada) é o “amolecimento” dos tecidos fibrosos que ocorre quando é absorvida grande quantidade de água. Sua digestão acontece pela ação das bactérias, protozoários e fungos anaeróbicos presentes no rúmen. Aí os fungos colonizam de preferência partículas lignificadas e são capazes de digerir celulose e hemicelulose, sendo que o papel destas na digestão da fibra ainda não está bem determinado.
Os protozoários são importantes na degradação da fibra. Estudos “IN VITRO” mostram que a sua retirada causa uma depressão na digestão da parede celular da ordem de 5-15% e que a inoculação de protozoários em animais sem estes microorganismos aumenta a hidrólise da hemicelulose de 30 a 230%.
A adição de carboidratos de fácil digestão à ração dos ruminantes reduz a digestão da fibra, dado ao fato de que as bactérias atacam primeiro os carboidratos mais simples. Os complexos polissacarídeos de plantas maduras são menos digestíveis do que os das plantas novas; isto é devido à estrutura química e física e particularmente à presença de certas substâncias, principalmente lignina, pois esta não só é indigesta, como também reduz a digestibilidade da celulose e de outros carboidratos complexos. 
Ocorrem diferenças na digestibilidade de outros nutrientes, pois a “fibra intacta” dificulta a ação das enzimas digestivas de outros nutrientes. Não são apenas os fatores relativos a organismos os responsáveis pela decomposição da celulose e implicados na destruição de envoltórios protetores, pois a parede celular rompe-se através dos processos mecânicos da digestão, ou é amaciada e desintegrada por meio da ação química no aparelho digestivo.
A Bioavaliação dos componentes da forragem está exposta no Quadro 10.
QUADRO 10 - Bioavaliação dos componentes da forragem
	Componentes
	Digestibilidade Verdadeira
	Fator Limitante
	CHO solúveis
	100
	Ingestão
	Amido
	90
	Passagem com perda fecal
	Ácidos Orgânicos
	100
	Ingestão e/ou toxicidade
	Proteína
	90
	Fermentação
	Pectina
	98
	Fermentação
	Celulose
	Variável
	Lignificação, silicificão e cutinização
	Hemicelulose
	Variável
	Lignificação, silicificão e cutinização
	Cutina
	Indigestível
	
	Lignina
	Indigestível
	Uso limitado da parede celular
	Sílica
	Indigestível
	
A digestibilidade da fibra no rúmen depende da competição entre a “taxa de passagem” e a digestão. A fibra potencialmente digestível “desaparece” do rúmen através da hidrólise pelos microorganismos ou pela passagem pelo omaso. Assim, os ruminantes são capazes de digerir 50% da fibra dos alimentos ingeridos. 
O aumento no consumo de alimento afeta a digestibilidade em função do aumento na taxa de passagem, que por sua vez provoca decréscimo na digestibilidade da fração do alimento que apresenta digestão mais lenta.
Altos níveis de fibra na alimentação (volumosos) limitam a produção de leite devido ao “enchimento” do rúmen antes que todos os nutrientes necessários aos animais sejam ingeridos. Assim, uma quantidade mínima de fibra é essencial para manter um balanço adequado da fermentação ruminal, prevenir depressão no teor de gordura do leite e queda do pH ruminal. 
A fibra na forma longa estimula o fluxo de saliva, a mistura da digesta no rúmen e a capacidade tampão do conteúdo ruminal, sendo a fibra em detergente neutro, por suas características intrínsecas, responsável direta por uma porção significativa desse “tampão”. 
A quantidade exata requerida de fibra pode variar com a espécie, adaptação às dietas, forma física da fibra, condição corporal e nível de produção. Vacas leiteiras necessitam no mínimo 1% de seu peso vivo como matéria seca de forragens, sendo aproximadamente um terço do seu consumo em matéria seca. 
Para obter-se o máximo de ingestão pós-parto e atingir o mais alto pico de produção, a dieta deve conter alta energia e fibra suficiente para garantir o funcionamento normal do rúmen. Geralmente, isto corresponde a um mínimo de 17% de fibra bruta ou 19% de FDA (Fibra em Detergente Ácido) na Matéria Seca (MS) da dieta.
O conteúdo de fibra da dieta de gado de leite é inversamente relacionado ao conteúdo de Energia Líquida (EL). Animais alimentados para produzir grande quantidade de leite ou para atingir rápido crescimento, devem receber mais energia e menos fibra que os animais menos produtivos. 
Forragens processadas a pequenos tamanhos são mais rapidamente consumidas e fermentadas no rúmen e isto reduz o tempo de ruminação, reduzindo a secreção salivar, o pH do líquido ruminal e a relação acetato-propionato no líquido ruminal, resultando na diminuição do teor de gordura do leite. 
Alguns autores citam porcentagens maiores de FDA e FDN para alcançar alta produção de leite com 4% de gordura, sendo que o mínimo de 21% de FDA e de 28% de FDN é recomendado para vacas durante as três primeiras semanas de lactação. Em épocas de grande produção de leite podem-se reduzir estes níveis para 19 e 25% respectivamente, e então níveis adequados de energia podem ser incluídos para atender às necessidades das vacas. 
Os níveis de FDA e FDN podem ser aumentados no fim da lactação para prevenir a diminuição de gordura no leite e porque menos energia é necessária para a produção de leite.
7. LIPÍDEOS
7.1. Características
Os lipídeos são substâncias formadas, basicamente, por carbono, hidrogênio e oxigênio. Eles são um grupo heterogêneo de moléculas orgânicas insolúveis em água (hidrofóbicas) que podem ser extraídas dos tecidos por solventes apolares (éter, clorofórmio, benzeno, acetona, etc).
Devido a sua insolubilidade em soluções aquosas, os lipídeos corporais geralmente são encontrados compartimentalizados. Os lipídeos são uma importante fonte de energia para o corpo, mas possuem diversas funções orgânicas importantes.
A deficiência ou desequilíbrio no metabolismo de lipídeos pode levar a diversos problemas clínicos como é o caso da arteriosclerose e da obesidade.
7.2. Funções
Os lipídeos têm como função principal a produção de energia. As gorduras produzem 2,25 vezes mais calorias que os carboidratos. Isto é provado quando se sabe que 1 (um) grama de gordura gera 9 Kcal enquanto a mesma quantidade de carboidrato produz somente 4 Kcal.
Podemos também destacar outras funções dos lipídeos:
A gordura que cobre o corpo tem função de proteção e isolamento;
São precursores de vitaminas Lipossolúveis. Participam da secreção da Bílis e síntese de prostaglandinas e hormônios de importância vital na reprodução;
Em condições de privação de água, as gorduras queimadas liberam no organismo maior quantidade de água metabólica do que seu peso oxidado;
Nas rações, os lipídeos melhoram a palatabilidade, diminuem a poeira, reduzem a perda de nutrientes, auxiliam na manutenção dos equipamentos, facilitam a peletização, além de ser um método prático de se elevar o conteúdo energético de uma ração.
7.3. Classificação
Os lipídeos compreendem as gorduras, óleos, ceras e compostos relacionados. As gorduras e os óleos são importantes do ponto de vista nutricional e são encontrados de forma abundante na natureza. Os óleos são Produtos de Origem Vegetal (POV) enquanto as gorduras são Produtos Origem Animal (POA).
Os lipídeos são divididos basicamente em três grupos: simples, compostos e derivados.
7.3.1. Lipídeos Simples
Os Lipídeos Simples são formados por ésteres de ácidos graxos com álcool. Este grupo é representado pelas gorduras, óleos e ceras. As gorduras e óleos são formados por ácidos graxos e glicerol e as ceras por ácidos graxos e álcool de cadeia longa.
São incolores no estado natural, mas podem conter pigmentos. A gordura do leite e do ovo possui pigmentos chamados caroteno e xantofila. A manteiga é produzida a partir da gordura extraída do

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