Buscar

Resumo da palestra DEMOCRACIA E TOLERÂNCIA, de Manfredo Oliveira

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Na filosofia política contemporânea, a tolerância está associada a ideia de reconhecimento e é o principal elemento da cultura política do ocidente desde sua primeira formulação, ainda na Grécia Antiga, com as obras de Aristóteles. Mas foi somente na modernidade que a tolerância constituiu-se como problema da vida política. 
Para o filósofo canadense Charles Taylor, tal mudança significativa ocorre por duas razões: o colapso da hierarquias sociais baseadas na ideia de honra no Antigo Regime e a mudança na compreensão da identidade individual. Ou seja, ao invés de uma identidade determinada socialmente, estabelecida pela estrutura social, existe na modernidade uma identidade individualizada. A identidade é assumida pelas pessoas e, a partir disso, elas lutam para serem consideradas como tais. Dessa maneira, o contexto social não é mais associado tampouco garante as condições de “reconhecimento”.
Nas sociedades atuais, um tanto mais complexas e multiculturais, existem diferentes universos simbólicos e interpretações globais, proporcionando diferentes e opostos corpos culturais. A intolerância, portanto, busca suprimir tais diferenças e concepções e é a partir disso que surgem os desafios relacionados à questão do reconhecimento. 
O filósofo brasileiro Manfredo Araújo de Oliveira afirma que o problema da tolerância remete-se as diferentes formas de pluralismo e, em uma visão histórica, divide-o em três níveis: religioso, moral e de identidades sociais e culturais. Essas dimensões do pluralismo, no entanto, foram superadas e a atual questão da tolerância refere-se as diferenças culturais ou étnicas. E nesse contexto, ainda segundo o autor, diante desse particularismo das culturas e etnias faz-se necessário que cheguemos ao consenso em ao menos um ponto: o princípio da tolerância é imprescindível. Em outras palavras, somos obrigados a ser tolerantes.
Além de uma análise de um puro arranjo pragmático, é possível explorar a questão do ponto de vista filosófico. Todo ser humano tem uma constituição própria e isso representa o valor específico de cada um. Ademais, o homem é aberto ao todo da realidade e é capaz de captar a estrutura ontológica de todas as realidades, por isso é também dotado da capacidade de respeitar o valor e a dignidade específica de cada um. E a tolerância somente legitima-se com o reconhecimento da dignidade específica do outro. A dignidade é, por conseguinte, irrenunciável para uma convivência pluralista, representando a virtude axial das sociedades democráticas e plurais. 
Em vista disso, o nosso contexto histórico exige uma redefinição da tolerância, de modo que não pode-se reduzi-la a tolerância religiosa e social. Necessita, pois, de uma redefinição para o reconhecimento da dignidade, da igualdade, da identidade singular e do direito à diferença – o que não significa que todas as diferenças sejam igualmente portadoras da mesma dignidade, haja vista a existência das diferenças que devem ser rejeitadas. Segundo o filósofo Manfredo, toda diferença compatível com a dignidade fundamental do ser humano é tolerável e, portanto, aceitável.

Outros materiais