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Capitulo 13 - Romantismo no Brasil Primeira Geracao Literatura e Nacionalidade

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Como çanstruir a identìdade Iíteráia de um país?
Essa foi a pergunta feiÍd pelos p meiros rcmàntìcos brasileiros.
lnspircdos pela Praclamação da lndependênda, javens
ídealìstãs começaftm a búsaar síÍibÒlos vetdadeìaamente brasileìros
que pudessem ser cantãdos em verso e píasa. Neste capítulo,
salJeremoi qúals sâo e,çseJ síÌrbolos e aoma íonm esaolhìdos
e representacos nas prirneiras ltanifestdções
ciã I ltê ra tu ra íomê n tìcà brasi I eì ra.
Romantismo no Brasil
Primeira geração:
l i teratura e nacionalidade
Condê de C ârac, F/orêrtá /rtqeh do Bras4 1816. Gúâchê solrÈ papê, 6i x 81,6.m
EsÌa pniua €ra.onsderada, no sÉcu o XX, a prme ra reprodúçãô art ícamente
peìJe ta e cenliícahefte convin.ent€ da !Íqem Íloresta Íopi.a ".
È
i
! ;
7-
3È
cA ruLÕ 13
O que vocè deveá saber ao
1. Como se caracterizou ã pto-
dução literáia da prìneira
getação romântica.
. Qual a rclêçao entrc a in-
dependência política è o
Ron a nti s no b ras ì |ei ro.
. Cono os viajantes estran
geíros ìníluenciaran a es-
colha dos sínbolos liteá-
rìos da nossa identídade
2- Como se cancteÍizou a poe-
sìa indianista de Gonçalves
Dias,
. De que nodoo índiosím-
bolíza o encontro enúe
ot ideàis ronânti.os e o
d èsêj a de i nd è pendênci ã
Í , Descreva ã cena representada na imâgem de abertura.
2. Que adjetivos você usaria para caracterizar a natureza presente
nâ cena? Justif ique.
3. O quadro se chama Floresta virgem do Brasi . O adjetivo v rqem sig-
n;fica, nesse contexto, que a {loresta não foi trânsformada pelos
seres humanos, Na cena, porém, vemos três pessoas andando na
mata, Qual parece ser a relâção entre os índios e a nãtureza?
r O adjetivo virgem traduz bem o que o aftista pretendeu ÍepresentaÍ
com o seu cluadro? PoÍ ouê?
4. Muitos âutores românticos fizeram, em seus Ìextos, retratos do
Brasil . Leia um dos mêis conhecidos deles, feìto por Gon(alves Dias.
Cancão do exílio
ti.nL\t llu .lds Land, uo dir CìtraÌeÌ blíihü,
In dunhetn dìe CoA Oraq.n Enhd'
rrnÌ\t du 4 tojhl? Dahtu. dahin!
I
NÍnìÌÌa terra tem paÌmeims,
Onde ca1ì1a o Sabiái
tu âves, que aqui Borjeiam,
Não go4eìam como Ìá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossar várzeas têm mâis flores.
Nossos bosques tênì maisvida,
Nossas vidar mais âmores.
Enì cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu Ìá;
lÍnÌÌìa te1Ìa tem palnìeiras.
Ondc canta o Sâbiá.
Minha terra tem primores.
Que tais não encontÌo eu cái
trm.ismar soznÌho, à noite -
Mais pÌazer encontro eu Ìá;
Minha tena tem palmeiras,
OÌÌde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem qrte euvolte para Iái
Sem qrÌe desfnrie os primores
Que não en.ontro por cá;
Sem qu'inda aliste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Cahnba Jutho.Ie 1813.
DLAS, (k,rçâlrcs. Perk r ,lDr, .r,,rrrur
Rio deJan€iÍo: Noa Águjìar Ì993. p. l0õ 106.
l! PrinDres: qualidades, beìeas. crcelêr.ià\ No p.emr, o rermo é nsd. paÍr freÍ
referêr.ìa À.ojs\ heÌa\ en.ortradas somc.te n. amsil
Ronantìsno na üasil. Pineìra qencão. 233 a
-
I . ITERATURA
O início de uma tradição
Quando Gonçãlves Dias deu
lorma poética à sãudade dos
ex ados, lnauguroìr uma tradr-
çáo na l teÍatuÍa brasie ra. A
s mplicid.dê do poênra cham.
è at€nção do lêtoí A forç. do
tevto fasce cla pÍesen(a cons-
ta nÌe das comparaçóes q ue, €m
tôda4 às estrofes, reÍorçam a
Ínesma idéÌa: não há pak tão
ãco h€dor coúo o Brasil. nspi-
f ados por seus veÍsos, inúúeros
es0torps bÍas leiros, corno Ca
simrÌo de AbÍeu é MúÍib lúen-
des, Íevisitararn o temê, d alo
gando com a "Crnção do exl
lio" or ginal.
r Qual é o contexto a partir do qual o eu ífico fa a sobre a sua pátrla?
r ldentfique as rnarcas textÌ.rais que conf rmam esse contexto. A que
e a5 5e Íelerem?
5. Qual é a imagem de Brasil presente no texto?
r Como e a é construída pe o eu lír co?
6. Releia e ânalise o uso dos termos destacados.
"Miúha terÌa tem paÌmeims,
Onde canta o Sabiá-
Nosso céu tem mais estrelas.
Nossas várzeâs tênÌ mãis fÌoÌes,
Nossos bosques têm mais üda,
Nossas f idas mais âmores. "
. Expl que a ã ternânc a, no poema, entre o uso de pronomes possessi
vos na pÍ imeira pessoã do singu ar e do pluraÌ.
. Qua é a i rnportânca do uso dos pÍonomes na pr imeira pessoã do
plura na segunda estrofe?
. Exp qle poÍ que, nas outras estTofes, o possessivo vo ta a seÍ flexio
nâc1o n0 5 ngutat
7. Que semelhança é possível identiÍicar entre o retrato da natureza
brasi leira fei to no poemã de Gonçalve5 Dias e no quadro do Conde
de Clarac?
Uma corte em fuga
No nicio do sécu o XlX, o Brasi vive um peÍodo mu to
especial de sua hlstór a: a crse ern PoÌlugê, provocada pe
lâs rnãnollÍas expans on stas de Napoleão Bonãparte, de
sencadeia acontec mentos que modif carão a v da na co ô,
n a. O pr ncipal deles é a vinda da fêmíl a rea paÍa o Bras L
Ern 1807, D.loão Vl, Íe de Portugal, sofria forie pressão
o.r 'a í" Lar o po o\ooÌ g.êôça or ios ngee..ooode
cendo ao bloquê o cont nenta decÍetado por Napoleáo Bo-
napêrte Caso sso não ocoÍÍesse, ês tÍopas francesas nvaclF
ranì Portuga. Astuaçãoficou insustentável par d o rÌro|drcd,
po s a IngiateÍra era uma a iada antiga e poderosa.
Esgotadas todas as negocações dipoÍrìáticas, D. loão V
embafcou com a corte pãrâ o BËsil Amu tidão que Íoi ao Telo
no d a 29 de novembro âssist u àpaftida dos nobres: maE cle
700 caÍruagense caÍfoças âbaíotadas, e cerca de 60 rÌil ivros
e manuscrtos de b bliotecas reas atÍavancavam a chegada ao
poaro. Os lsboetas haviam sdo abandonados pela monarquia.
Do alto daToÌrede Belém, ogeneralJunot, comandanteclo
exérclto ÍÍancês que havê entrado em Lsboa sem encontrar
qualquer resistênca, corÌìandava o ataqueaos navÌos em fuga.
| .9ês Ía.os oo t- .os e d, oêd / t^ddc oa -r opà rí iàr o
o" 'o dê ' . doouêd.enn"rdd p n, tpd prêoíupd\;o
dos nossos inte ectua s no início do sécu o XIX: a Íormação
da nação bÍas leira e a def nição dos sírnbolos de nossa na
c ona idade. Êssê preocupação perTnaneceÍá presente du-
Íante toda a produção Íomântca naconal.
G
G
o,
t5
ô
a
"
i
j
A egor a sobre o gÒvefôo de Jlnoì em Portlgêl
tsta obra é lma entÉ 17 deseihos anÒnimos
ê âbôÈdos ertÍe 1808 1809 côm o oblêtivo
de o rcar â rvasãoÍrarcesè em Portugal
I234 CAPITULO 13
-I ITERATURA
1808
1414
j
'
:
t:
Vi.Ía.|aa.latle.1.Rì.del.neÌt.ïìt.rlàclaCÕnv€ntÕdaSànïarerczã,.1335 Pnturà sobre
pãpe, à!Ìôr der.onho. do No nico rlô sécu o XlX, o R o de lane ro: ntu apenas 46 tuâr, l9
aEos,6 bÊ.o5e4 trareÍâr. Cômoa.omôdàÍ D lóãoVle súà.orte?
.2
' : i
r Os nobres invadem o Rio de Janeiro
Quando D. João Vlche
gou ao Ro de Jane ro, em
1808, as Íuas dê c dade t l
nham sido cobertas por
ale a oa pÍata e eÌvas aro-
máticas. Ao dese rn bã rca r,
05 rneTnDÍos 0a corle Ìo
tarn 5au0a005 com uma
chuva de ílores Nada d s
so, porém, fo suf ic iente
para d sfaÍçaÍ a rea dade
o Rio de lane fo eÍa uma
cidade descu dada, com
nsta açóes precárias, ruas
sulas e nìalcheirosas
1816
1A17
O mpacto da Íansferênc a da corte para o Bras líoi grande e rnediâto Os
portos do país íoram abertos "a todas as nações am gas ' . Os charcos do R o
íoram dÍenados, as ruas forarn ampl adas, construíÍarn-se ca çadas e surgirarn
novos bairros, como G ória, F amengo e Bolafogo O re estirÌìu ou a irnp antã
ção das esco as rég âs, equ va entes ao Ensìno Méd o de hoje, e cr ou á Esco a
íVlédico-C rúrg ca, na Bahiâ, a pnrne Ía insti tLr ção de ens no super oÍ do pêís
TarÌìbem cÍiou à nìprensa Régia, o que teve gÍande irnpâcto na cutuTa
Pe a prirÌ ìe ra vez na sua histófia, o BÍas contãvâ com unìa mpÌensa oí c a , o
que faci i taria a crcu ação deloÍnas e per ódicos e Íepresentaria um sgníca
tvo estimulo à produção iterára.
Erìr 1815, fo i crado o Reno t ln idode Portuga, Brasl e Agarve O Brãs
deixava ofcia rnente â cond ção de colôn a.
"Ponha-se na rua"
Logo qu€ d com tva r€a des€rnbaÍcou, íoipecao enÍrentar uÌì problema comp e-
xo € nìed dto prcvdenc ar nìorad a paÍa os qlase 1 2 m I poÌtugue5es qle v êfam
conì o rei Aíamí a ea eseus 350 acãosfoÍêm instaêdos no Paço doVce Rei.
A 5c) uç.o eiconúada pãrá a aconìodãção de nobrcs e corlêsãosfoima s Íãd ca.
o Íêiordenou qLrê c€Ícã de 2.000 casasfoss€m req! stadas parâ âcomodá lor. Na
po a das morâdiâs confiscadâs, eÍê m nscr tas as €tras P R., d€ Prínc pe Regente. Os
moradores, desâlolados, revo taran se contra aqueedblsoda Corod ecomeçaÍam
â sê rêfêr r às ìn c a s como "ponhá se ia rud" ou "propÍiedad€ Íoubada'l
PoÌtnar, abeqãd, dê DoDJoia r'lao Bãel,1942
Oeo sobr€ tea,50 r 73.m
ï . -
. Ì !
: ta
a' .-
! i-
RanantÌsno na Brasil Prinena qencao. 235 a
-
TITEiATURA
A Missão Artística Francesa
Dando cont nu dade ao proleto de "crvi lzar" a ãntìgã
coÕn a, D. JoãoV 1Íouxe para o Bras lum gÍupo de aftútas
Íranceses chefiâdos por Joach n Lebreton Acornpanhado
pe os p ntores N colas-Anto ne Taunay, Char es Pradier e
Jedn-B.ot i . t " DeO e.. l "brôro. r í o . o q ,e v i adserdÂ.d-
dern a rÍrperalde Be as AÍtes, onde bÍasie ros come(aÍarÌì
a aprender desenho, p ntura e diferenles oíícos artistcos.
A trânsforÍfação ma s radicai, porérÌì, fo desencâdeadã
pelo arquiteto GÍandjean de Montgny, que mudou a íace
arquitetônica da c dade. Eie fo o responsáve pea constru-
ção da Praça do Comércoedo Mercado da Cande ária, além
de projetar dvelsas resdêncas particu ares.
È
De6tèr, Una enhanbrasllei.a en seú
/èr 1830 A guhâs d.s obÍas de Debret
compõem lma verdádenâ crôôica da vda
.ô Ro dela.e ro dlranteo renâdo
dê D lôão V Na cena doméíca
retratâdâ na ltograv!Ê a.ma, a mãe
bordã e â ílha é Os escravos apare.em
nteqrados aó ãmbjente Íam iaf
O jardim dos reis
Em 13 de junho cle 1808; D.
loão VlcÍÌou umjâÍdìnì para ac[-
matãÍ ãs especaÍiâs trazdas das
indias OÌìenta s. EÍa o Jardim d€
Aclimâção, que oqo foirebatiza-
do como J.rdim Botãnico UÍna
das primeiÍas pantas a i Ìntrodu
zdasfoi unìa muda dê pãlnìêirá,
Pantada peo prÍnc peregente. O
"jaÍd n€,o iustre fêz coÍn que
elê pèssarse. ser conhêc da coÍno
paLmeÍa-Íea ou imperial, quê sê
tornou a marca registradã do lâr-
d m Botãn co. Em 1972, a árvorê
p antàdê po D João V Íoifu m 
-
nèda porurn Íèio. Se!tÍonco, pre
servãdci, êncontra se exposto no
Museu Botânico:
| 236 CAPITULO 13
J
O Romantismo no Brasil:
o discurso da nacionalidade
Nã pÍ nìeiÍê metadê do sécu o XX, várias missões estrange ras vieÍêrn ao BÍa-
s EÍárn compostas por cientistas e ãrtistas que, coletando espéc mes, fazendo
desenhos e escrevendo texlos, registrarâan as característcas do novo reino.
Desses vìãlante9, dois merccem atenção especial:Auguste de Sa nt ll laire,
respeitado proíessor do MuseLr de H stória Natura de Pars, que ve o em 1816
acornpãnhando ê M ssão Artíst ca Frãncêsa, e Car FredÍich von Àlart us, nã
tuÍâ ista que chegou erÌì 1817, como ntegÍante da Missão AÍtíst ca AusÍíaca
Foram eles que apontaram os índios e a natureza exuberantê corÌìo ele
mentos raais representativos da dentrdade brasi e ra, sÍmbo os deais para a
nação que comêçava a ganhar foÍma.
Ern seus textos, os integrantes das rn ssóes c entíficas tambérÌ divu gavam
as déias iberais e nacionâ istas que estavarn ern moda na EuÍopa. Como esses
textos c ícu avam entre nossos inïe ectuais, e esloram aos po!cos revelando a
face "brasi e ra" aos ptópÍios bras leiros e aiudando a constrLti f urna rdent da,
de nac ona , foftemente inf uenciada pe a deo og a rornántica.
r O resgate do mito do "território sagrado"
O modo como Saint Hi lâire v a a natureza brasi eira f ca ev dente nos tex
Após pôr-me a câmiÌ ìo, subi .ÌrÌmnte algum tcnpo, rlravessando flores
iasvirgens da mais belalegetação e chegüeiìo pó dc uÌna monranha iDaces
sí\'eÌ qrÌe, mais alla qüe lodâs as outras, apresenta a forma aproxìmada de
un pão de açíÌcar e cqjr vegetaçào magra e rasteira contrasla com as maras
\igoÌosas dos moÌìtes vizinhos. [...]
ComeceÌ a descer e logo o nais nÌajestoso cspetá.ulo se ofefeceu aos
neüs olhos. Ao redor de miÌÌÌ altas nìonlarhas, coberrâs de espessas nores
tas, dispurÌhanÈse eÌÌì senÌicícuÌo. [...] O cóu mais bÌiìhaDre e os efeiros de
lu7 nr ais Ìariados aumenlavâm â belezadessa\ista nnensa. Nio pude, (onfes
so, contemplála sem prolünda cmoção.
SAINT-1IrL{RL, ÀusuÍc dr Ìì ndu! àô: Le.rân, de ATekdo P enna. Viagon p.t diJtrila d6
dilnantE t h Lún! da B6A. Belo r lo.izor Ìe: Ìiatiiiâ/rdurp, sÀ, PruÌr, Ì 17.1 (F.agmenro)
-.
t I ÌERATURA
!
a
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:
'
I
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.
:
R! I e nda s, Pa,saqem r@pi.r/ b.ã5leira, 1 83 I ÓeÒsobrêtêlã,90 ! 74cm Ena éa únl.a obra
5obre tel. co.hecidê de Rúgendâs, artlsta que part. pou por um.urto peÌiodo da Exped ção
Lã.grdôrÍf âô Bras (1821-1829), umã m$ãocieniiJc. iderada peo ru$o Grlgory lv:.Òvtch
Lênqsdoífe da qua Íazam parte afda boÌêncôs, ânrônÕmÒs, c.tógrâfos, pi.ÌÕÉtê médcos
A vegêtêção é "bela", o espetácu o da natureza é "malestoso", o céu é
"rÌìals brlhante" 0 texto revela que a expressão de emoção e desluÍìrbra-
mento diante da natureza Íazia oarte do discurso cientifico do início do século
XlX. Expressões corno "Í loÍestas virqens", "montanha nãcessíve ", "espessas
llorestas" somarn a essa emoção caracteÍÍstcas próprias de um teÍrtóÍ o qua-
se sagrado, urna espéc e de paraíso intocado pela civi l ização
r Von Martius e a "gênese"
do povo brasileiro
Em 1 840, o recérnjundado nst tuto H stór co e Geográf ico BÍas leiro pro
moveu um concuÍso para prerniarotrabalho queapontassea me horrnane ra
de çe compor uma h stór a geral do Bras I
O vencedor fo Von Martius. Em seu Íabalho, eLe destacoü a mportánc a
das 1rês raçês (branca, indígena e negra) nê fornìação do povo brâsi e ro.Pónco da Ac.demla de Èe ê5 Adês,laíd m BÒtân cô, RrÒ dêJ:nê ro,2002
BonànÍtsna na Btèsl Ptmenqetêcêa 237 a
-
t I ÌERAÌURA
A deo ogia românt ca em vogâ na Europa ens -
no! a Von ÀlâÍt us que somente aqLri lo que é nâti-
vo pode ser entend do como nacional. Desse
modo, os 
-ôlernentos verdade ramentê nativos ooNovo À,4undo seriam os povos ndígenas que aqu
se encontrãvarn antes da chegada dos co
lonrzadoÍes poÍtugueses. PoÍ esse
ponto de vsta, não hav a dúvda de
que o ind o representava a essênc a
! l : " !
rË:
! : ì : '
it-i
-áag:
! :
Èç
da nacionalidade. Corn a vinda dos
Portugue5e5 e, postêÍioÍmente,
dos negros, as três raças que
aq!l i5e encontÍaTam defam oT
gem ao povo brasi leiro.
Da esquêrdâ pêra adeta Hldebrandt,
Ilpc de nêgÕt 1 8,14. Aq!ôìela sobre
papê|,25,1 : 36,1 cm Fôte ce, Èabitaçãa
das êpiacõ s.bre ann6, 1a2A Agúâtea
sobíe pêpê,40,8 x 51 cm. Debre! O
homem de sêntã Cáêrl.â, sécu o XlX,
Itôgravlra Neqro afrcano, Í.dôlôc e
bísco êuropeu, as tres raças qLe deram
oriqem âÕ povo bfas eÍo
o impacto na produção cultural
De todos os acontecirÌìentos desencadeados pe a chegada da famíìa Íeal,
o queteve ÍÌìaioÍ rmpacto culturêlfoja Proclamação da Independênca poli t icâ
bÍasi le Ía, ocorrida em 1822.
Esse Íato ofereceu aos intelectua s brasile ro5 o orerexlo oe que Ílreosavam
para evar ad ante o que vinha sendo sugerido pelos partc
pa ntes das várias expedições cientíïicas e arríst cas estrange -
ras. Era uÍgente criar Íeferênclas concretas que conso idas-
sem a idéia de uma naçâo brasile ra, separadâ de portugal.
Os símboos esco hidos paTa maTcaÍ a dentdade llrasi-
leiraforarn apontados pelos estrangeiros que percorrerarn o
país descÍevendo os costumes dos povos nativos, cata o-
gando espécimes da fa!na e da flora, pintando os qua-
dros de uma natureza que desluTnbÍaria
as caprta s européas.
lovens nte ectuais, muitos deles edu-
cados ou vrvendo na EuÍopa, entusi-
asnìados com a independência po íti-
ca, abraçaram a missão de escTeveros
textos que apresentariam, para brasl
eircs e estÍangeiros, a íace do novo país
ndependente. Os poemas e os Toman
ces que produziÍam tiverarn papelde-
terminante na dlvulgação do índ o e da
natuÍeza exubeÍante como os eemen-
tos defin dores da identidade brasile ra
Os jovens êscÍitorêe q!e ança
r anì a Íevista lvlrrêroy ê daÍ am
nTcio ao Romantsmo brâsiê Ío
erârÍ ávdos Ieitores Vivendo em
Pars, t nhamcontalocom os pÍn-
c Pa s êutores franceses do rno-
menÌo, como Chateaubriand €
Victor Hugo. Dos portugueses,
liam Almê da carrett.
O deselo dê traçâr a evo ução
da teratuÌa bÌasile ra fez, porém,
corn que recupeÍassem agu ns dos
poêtas árcades Os rìais idos e
d scutdos eram Basí o da GarÌìa
êsânta Rlta Durão, pela têmática
ndian sta que desenvovêrarlì ern
sêls poemas épicos. Alem deês,
também apÍecavarn os versos d-â
Clá!d o ManLre da Coía, Tomás
Anión o conzãqa, Alvarenga Peì
xoto e Silva AlvaÍenga.
a-
29
ï;
" t
Wi iâm Swa fson, Mala-leqre, 1 841
Gravlra,24,3 x 16,4 crn. Naturalna
amãdor€ unrador cêntíÍcô, Swa nson Íez
parte do qrupo de estrângêróe qúê
reg straÍâm magens da nêtuÍeza bÌês era.
r O manifesto romântico brasileiro
Vivendo na FÍança, a guns escritores, conhecÌdos como o Grupo de Paris, re-
Solveíam cTiaT uma rev Sra em que serÌaÍÌì tÍatados terÌìas de nteresse naciona.
Entre êsses escritoÍes, estavam Gonça ves de Mâga hães e AÍaúlo Porto Aegre
r Proclamação da Independência:
!
-
a
a 238 CAP||ULA 13
I
i
l
t
:
-.
I . ITERATURA
^ 
A/ÌhêroÌ . Âêr, \ ,d 8/d l4ên\ê de (renl ld\ I eüdJ F ArF\,u,9 u e- ì 8 <o ê
declarava, ern epígrafe: "Tudo pelo Bras l, e para o Bras L'l Estava dado o pri-
meiro "9rto" de independência teráÍia do Brasi.
-^ 
.ô, o11eÍo n.r ê o. d íê\ ' td t ro l ia .n I pot d .ê.e .o. d-s i èdo po'
Gonçalves de N/laqa hães, nti tuado "DscuÍsosobrea hìstóiâ da iteratura no
Bras 1", ern que 5e procuÍâvã deTnonstrar como, até 1808, a produçáo lterária
naciona tinha se I rnitado a mpoÍtar temas, forrnas e va ores poÍtugueses
segundo Gonçá ves de Magalhães, a vìnda do rc cria um contexto que revela
a necessdãde de os bras eiros Íeconhecerern o pÍópro paG corno urna nâção. O
rnodo de constru r essa conscênca eTa va oÍzaT a cultLlíê local. Era o rnomento, Éportanto, de traba haÍ paÍa def n ir I terar a mente os traços da naciona dade.
Câpa dâ rev íâ /Vthê.óy
A poesia indianista
da primeira geração
Fo Gonçaves de N,4aga hães quem Íesumiu o espírto que an maria a pro-
dução lteráíia dos poetas da pÍiTne ra geração romântca "Cada povo tem
sua teratura pÍópria, como cada homem seu caráter particu af, cada árvore
seu frlto especítco". Escrever, para eles, s gnif cava p antar a áNoÍe da itera
t , ÍJ b '"J êt d, gd d r ndo q-" ê d ' - , t i CàssC.
A intençáo desses poetês era divu gaÍ unìa identidâde nac onal que, al-ÁrÌì de
pÍoTnoveTo sentimento de amorà pátria, também nos ibertasse das inf uências
i'lerárias poÍtuguesas.
CorÌìo v mos, os v alantes estrangeiros apontaram o carninho para a rea -
zação desse objetvo: Íesgatar, no passado da AméÍica não co on zada, o índio
e a natureza como sírnbolos do caÍáteÍ nacional.
Os têxtos ìtêÍários escrltos pãr. d vu gar a ÍÌìagem do lndio e d: nâtlrêzã
ãmêr cana como e enì€ntos dêfln dores da identrdèd€ bras ê ra são conhec-
dos como nativÌstas oLr indianktâs Por êxtensão, os pôetãs ê romancstas
q!e des€nvoÌvem essa temática tâmbém são chamados ãssim. Os mais mpor-
tantes autoÍes românticos ndianistas são o poeta conçâlvês D ãs e o roman
c sta 
-rose de A€ncar.
Os románticos, nspirados pela def n ção de "born selvãgern" feta poÍJean-
Jacques Roussêau, prcje1aÍáo no índ o o espírto do hornem vre e incoÍuptí-
ve . Trãta se de urna imagern ìterár a completamente dea zada, bem d feren
_e d" e" iodoê 'r i . .orirà do( ìo o\ quê dqu .r\rdn.
O nteresse dos autores nd ân slas era encontrar um veículo idea para
os va ofes e princip os quê deselavam êpresentar êo púb co e tor. Na Eu-
ropa, esses va oTes foram ÍepTesentados pelo cava e ro med eva ; no BTasi ,
pêlo índ o.
Gonça ves de Magalhães é cons derado o ÍundadoÍ do Romant smo no
Bras l, corn ã publicação de Suspiros paéticas e saudades, em 1816. Orna
mentados corÍr referências neoc ássicas, os poemas desse ìvÍo afirrÌìam uma
crença no pTogresso da hurnanidade, no tr iunfo do be o, do santo e do jLrsto
pe o exercíc o da razão
z
O "bom selvagem"
de Rousseãu
RetraÌo de leanJã.qLes Rou$êau.
Um dos mals adrnlradosÍ óso-
Íos do século XVI l, leanJacques
Rolrsseau elaborou uÌna tese ba
seada na ãí rnìação.da bondade
do ser humano. Para e e, todas as
pessoassão gua se boas quando
nascem. A vda enì socedêde é
que vai d í€Íenciá las e, ern mul-
tos casos, coÍornpè-as. O "boÍn
sevâgem" éoser humano l ivre e
Rananüsno na Brasil Pnnena qeracão 239 |
Projêto lÌteíário do Romantismo:
poesia da primeira geração
aÍ rmação da ìdentidâde brâsrbnâ
resgate dô índ o e da nallreza exlberante
como simbôlos da ná.ónã idâdê
-
I ITERAÍURA
O projeto literário da poesia
da primeira geração
O proleto jiefár o que oÍienta os primeÌfos românt cos bras le íos fo dec a
rado por Gonça ves de N,4aga hães nas páginas da revista 
^/lúeroy: 
cria r textos
que divu gassem os símbolos da nacionalidade brasie ra, resgatados de um
passado histórico que antecede a chegada dos portugueses à AméÍica.
r Os agentes do discurso
O contexto de produção da prirneiÍa geÍação Íomântca brâsìleira foi
mu to inf luenc ado pela propaganda nacÌonalkta que tomou conta do país.
PrirneiÍo, com os textos dos part c pantes das missóes estrange Íãs; segundo,
com a concretzação da ndependência po ítca
Alénì dl55o, boa parte dos escrtores romântÌcos vivia na Europa, para onde
tìnham ido comp etar seus estudos. De L sboa, CoinìbÍa e Paris, lançam uÍr
olhar dealizado para a pátr a, fazendo com que a representação lÌterária dos
e ernentos naciona s ganhe o tom exãgerado da saudade dos exi lados.
Aq!i no Brasi tanìbérn são observâdas rnportantes rnod f caçóes no con-
texto de aìr(ulâção das obrês. A fundãção da lmprensa Régia faci i tou bas-
tante o processo de mpíessão de peródicos, lornais e rev stas, que cr ararn
urn espaço até entâo nexstente para a pub cação dos textos terár os.
Aém de Nitheroí duas outÍas revistas sufqiram para divulgaf os textos dos
pr ÍÌìe Íos rcrnâ ntjcos Minerya Brasìliense (1843 1 845) e Guarabarã (1 849 1 856).
Aos poucos se lormava um público leitor de pedìl ma s definido e que
consum a iteratura brasi eÌra. Era esse o passo defin tivo para qLte se conso r
dasse o nascimento da iteÍatuÍa brasi eira, com a nterãção regu ar entre ãu
toTes, ettoTes e obÍas.
A poesia da primeira geração e o público
Gonça ves Dias conta como fo a recepção pea cÍítca e pelo púbico de
seu pT me To vo uTne de ooesìas. P meìras cantos.
Al$m tempo se passou Fm que ÌÌenhumjornal ralass€ ÌÌesse volüme 1...1
Dcpois acordaram todos ao mcsmo tempoj e o aÌrroÌ dos primeiros canros se
üu cx/Ìtado muito acima do seu merccimento. O mais conceiruado dos escri
tores porhrgueses Aexandre HercuÌano falou d€sse voluÌne com expres.
sôes Ìrem Ìisonjeiras e esse artjgo causou mÌrita impÌessão em PoúBal e BÌàsil.
Masjá nesse iempo o poro tinha adotâdo o poera, rcpetiÌìdo e ca rando
em to.Ìos os ângulos dô BrasiÌ.
DIAS, ConçaÌves. Apud: CÁNDI[}O, ADtonio. Imkíno ld á7úarúa l,utiLn1d.
r 2.6. ed. BeÌoH.ri-nr€r lllìtiaia, lt8l. p.82 83. (lmgnerto).
Ëmborã o elogio de Alexandre Herculano compÍove a qualidade da obÍa,
mportante mesmo é a observação f na do poeta: seus ve6os já haviãm s do
decorados pelo povo, qLre os rêpeta e cêntava êrn diversas paÍtes do país.
Essa é uma boa medida do mpacto que as obÍãs românticas tiveÍam entÍe
nós. Mesmo que os críìcos dernorassem a se manfestaÍ, quando os textos
começavam a circular entTe os etoTes, seu sucesso era imediato, porque Íes
pondiam a urn anse o geral de afirmação da idenlidade bras leira.
È
Deia lre de !írâção dâ revistâ JeDána
//rstádã, Rio de lane ro, 1863.
A imagêm rê9 strao intere$e das
m! heres pela5 Íêvislês que plblcavam
. 24 CAP|IULa 13
-
LI ÌERATURA
r Linguagemi imagens e ritmos
Os versos nd an stas não exploÍaÍÌì ã lbêrdade forrnal ca racreríst cã dp Ro
mantsnìo. Elês são.nìarcados peo controle dê métrica e pela esco ha das Íimas.
Corno veremos em poenìas apresentados adiante, urÌìa das foÍrnas de apro-
xirnaÍ os eitores dos costumes ndígenas é fazeÍ com que o ritmo dos veÍsos se
assemelhe ao toque Íitua dos tâmbores, usados nas cerjmôn as desses povos.
Outro Íecurso de inguageÍÌì uÌ | zãdo com Íreqúência pelos poetas é unìã
delica da caracte rização da natu reza bras lelrâ, espaço no q u a se dêse nvo vem
05 acontec mentos nârrados nos poemâs indian 5ta5. N,4u tas vezes, as ima
gens da natureza são usadas parã expíessar os sentirnentos dos índ os (veja, t
por exemp o, o poerna Leitodefolhas verdes), üarnovendo uma inteÍessante
dentf icação entre os dois símbo os da nac onaldade brasie ra.
s
:1
Ë
.-ú
I-Juca Pirama
O trccho tnnscríto aprcsenta um jovem guerreiro tupi à espera dã morte.
Em Íì dos rãsos d'aÌvaccÌÌtì ârgiÌa
Ferve o cauimj
Enchcm sc as copas, o pru er começa,
Reina o fesiim.
O prisioneiro, cuja mortc anscianr,
Sentado está,
O prisioneiro, que outro soÌ ÌÌo ocaso
.laDais vcrál
t . . .1
Contudo os oÌhos d'ignóbil pranto
Sccos cstão:
Müdos os Ìálrios nio descerüm qucüas
Do coração.
U Ah{eír.: qüase b.r.á. sbÌà,{Ìú.rü.
C.im: bebnÌa que sc prepara cor
mandio.a .ozida e feÌnenhda.
I$óbü: que não é nobre. qne .auÉ
Folge alegru+, Ìer praeÌ:
Ufúô: coni ìêntê .tl lÍ(-)pú ho..J, do
DIdS, Cor çaìrs Ìn: B^RBos^, fred.ú.o (seì . e oÍ9.) . (:ìüa s;.artrs d. ,esìn: ^nÍo]l.Hi^rla loeíì2.1t$i, ) brasilcim. Sãô Pâulô: lìnq1?003. t. Ì.,5. (FràgôeNo)
Mas um mariírio, que cncobrir ÌÌâo pode.
Eì]] rugas 1z
,{ mentirosa pÌacidez do Ìosto
Na fronte audaz I
QÌÌe tens, guerreiro? Quc temoÌ te assalta
No passo hoüendo?
Honra das taba.r que nasccr tc \.iram,
Folga moÌÌendo.
Folga morrendo; porque aÌém cÌos Andes
Revi\'e o Íorte,
que soube Ì ano contÌastar os medos
Dâ fÌia morte.
Nessetrecho, o índio será sacrì f icado em um r i tualde ãntropofagia.
Que imagem o poema fâz dele? Jusl i f ique com êlemêntos do texÌo.
! Por que essa imaqem é importante paía o Romantsmo brasieiro?
No trecho. há uma voz que Íala com o jovem guerreiro. O que ela
diz? com que ìntenção?
Para os povos que praticâm o Íitual de ãntropoÍagia, ãquele que se
al imenta da carne do inimigo incorpoÍa sua coragem. A àt i tude do
índio diante da morte o torna digno de ser sacr i f icado? Expl ique.
Observe a linhã do tempo deste capítulo. Que âcontecimentos refle-
tem as mudânçâs no contexto cultural do país e Íortalecem o desejo
dos escíitores de criâr uma literatura oue trate da identidade nacional?
1.
2.
t.
4.
RananÍisna no Brasil. tuìnena qeraçÀa. 241 |
-
TIIERATURÂ
Gonçalves Dias: os índios,
apátr iaeoamor
O grande nome da prmeira geração românt ca brasie ía ïoiAntônio Gon-
çalves D as (1821 1864). De orlgenì mestiça, filho de uÍÌì comeÍc ante poÍtu-
quês e uma cafuza (descendente de negros e índios), o poeta orgu hava se de
ser descêndente dâs três raças que foÍÍnaram o povo bÍas leiro.
Foi para Poftugal mu tolovem, como eTa costume na época, êstudar D rei
to na célebre Univers dade de Coimbra. Lá entrou em contato com os textos
Íománticos de Almeida Garrett e de Alexandre Herculano. cìue inÍ uenciariam
sua forma de escTeveÍ.
Em sua poesia, Gonçalves Dias abordou os grãndes temas romântcos:
natureza, pátr a e re lgião. O casámento entÍe a expressão dos sent rnenÌos
ind viduais, a ideal zação, a rel giáo e a natureza mostÍa a íoTça da v ncula-
ção do poeta ao arÍebatamento fomânticdj6tie suas obras, merecem des-
taque P,metos canÍos (1846), seu pÍimeiro livÍo de poes;a, Segundos cêlr
tos,4 ê^rt lhà\ da lt . ì Antàa (dTbàs de 818, e Ú4mos canror \ì851
Escreveu também algumas peças de teatro. A ma s conhec dã de as é leonor
de Mêndança (1847).
r Os bravos índios brasileiros
Gonçalves Dias a cançou seu ponto ÍÌìajs a to como poeta nos veÍsos nd a-
' is taçq,eê1' íê\êu. PoêTo\ 'o_ìo 05 r ìbr" ' . _Ldnlodopdgd . 'Dep'e
cação" e " -Juca Pirama" construíram a magem heróica e nobÍe dos índos
brasiieiros O domínio do r trÌìo fezcom que osversos caGsem no gosto popular
e fosseÍÍì memoÍzados e Íepetidos pelos quâtÍo cantos da cortê, contr buindo
para divulgaÍ a vêrsão Íomântca dos símbolos naciona s.
O prime ro índ o a apaÍecer nas pág nas de Primelros carÍos é uTn gueírei
Ío Fa ando em prime ra pessoa, ele enumera seus feitos e pergunta: "Quem
há. como eu sou? ".
rJ (anfo ao guerz'erro
]T
Aqu na floÍesta Valente na gueÍa
Dos ventos bat da, Quem há, como eu sou?
'ã.ènÈa\de b.avos Ouerìvb è o tdLdpe
Não gerarn escravos, Corn mals va entiaT
Que estirnem a vida Quem go pes daÍia
Sern guerra e idaÍ. Fatais, como eu dou?
O-v nê, C re rairos. Gue ei 'os, ou.i-ìe,
Ouvl meu cantar. QuerÌì há, corno eu sou?
DtAs, coir ]res. Pu:ia . lran .nnqt ta:
RiodeJ.!eúo: \o€ Agnilar, 1998. p.106.
t
a 242 caPiruLa 13
;
j
;
!
fg DêpÉcãçm: úpìi.!, rt,so, pêdìdô.
Velând. Ìeflìo usdo en senrido
6gnrado, para nìgeú qne Tüpã Ìeria véu
de pen6 úbre os olhos e, poÍ nso, não
M" o que estaÌr ronte.endo c.n seu
Èúvo ÍÀ nãos d.s .dÌô.txdô.es
ÂnlìoAt fmtzsma spirilo {lo maÌ, di2bo.
Vofu6: vôru es, dêvorâdôres
Dl-\s, l]:ôrçãlvês. Po.nu rlna en1,&tò:
Rlo deJaneiro: Nora Agúlaf, Ì998. p. 113-11i1.
(Insnento).
-'
I I IERATURA
Na pergunta fêiÌa pelo guerÍeifo, podemos identíicaí uma outrã, implÍci
ta: quem há como os bÍaslleiros, descendentes de seres tão nobÍes?
Assirn tern iníc o, em poemas corno esse, a construção de uma imagern de
_dL onol odoe oeÍi ' dè pelos srn bo o\ pat. os.
O cenár o é a selva, composta poÍ uma natuÍeza intocada peLos co on za-
doÍes. O eu lírico re ata feitos de guêía e caçadas, atividades freqúentês dos
povos nativos da ArÌìér ca. As característicâs dos indÍgenas são sempre posit-
vd e ênêkeredo.o. : b êvuÍd, ÊonTè, edldadr
PaÍa o poeta, a h stória a ser Íesgatada não pode ignoraÍ a chegada dos
poÍtugueses e o massacre das tribos ndígenas. Por isso, ern "Deprecação", o &
eu r '(o d ge uì dpelo ao dêLsTupá.
Deprecação
TUPã, ó Deus grandel cobrìs.e o teu rosto
CoÌÌ denso \elàmen de penas gentisi
Ejazem teus fiÌhos clamando lingãnça
Dos bens que Ìhes deste daperda inÍèÌiz!
t...1
Anhangá impiedoso nos trouxe de Ìonge
os homens que o Ìaio manejam cmentos,
Que üvem sem pátria, qüe \âgam sem tiÌÌo
Trás clo ouro coÌrendo, vomces, sedenros.
Ë a terra em que pisam, e os campos e os rios
Que assaltaÌrì, são nossos; tu és nosso Deus:
Por que Ìhes concedes tão alia pujança,
Se os mios de morte, que übram, sáo teus?
com a popu arjdade alcançada pe os poemas de Gonçalves Dias, o projeto
Iterário da poesia dê pr meira geÍaçáo ganha foÍça. Os bÍas leiros vão tornan-
do contato com os heróicos guerreiros ifdígenas que lutaTêm contra os con-
qu stadores portugueses. Como ancestraÌs, os índlos se ÍÍìo dam perfeitaTnen-
te ao DaDel l i tefár o que lhes cabe: de ineaÍ os contoÍnos da nacionãlidade a
partir de traços positivos, como a honra e a cofagem.
O Íetrato dos povos nativos desenhado por Gonçalves Dias Íaz conì que
alguns de seus poemas ganheÍn caracteísticas épicas: introduzeÍÌì a figura
de um herói (o índio) e naÍam seus feitos adm réve s. É o que ocorre, por
exemp o, erÌì " l- luca PiÍarna" e "Canto do piaga". Esses textos, porém, náo
reproduzem a estÍutuÍa dos ooemas éD cos cláss cos. Podem ser assim con-
siderados pe o tratamento dãdo ao herói e pelo fato de apresentarem uma
naÍrativa em que o leitor pode acompãnhaT os êcontecimentos que envol-
vem a personagem pnncrpã.
Ranànü\mo na üàstl Pnnen. aetò<ào 243 4
-
t I ÌERATURA
)
t
2
1
t
O que é digno de ser morto:
"l-Juca Pirama"
O poema "l Juca P rama"I ustÍa âs caracteúst cas
dos poemas ndianistas do autor. Nee é naÍada a
h stórla do últ rÌ ìo descendente da tr ibo tupi, feito
pris oneiro pelos índios t imbirâs. O poerna começa
apresentando o cenário da aldeia onde o pÍ sione ro
ser; 
-o o ê, depo,. dero 
"do en un r-uà à^-íopofágico.
r
No meio das tabas .Ìe menos verdorcs,
Ccrcìdos dc troncos 
- 
cobertos de flores,
AÌteìam-se os tetos d aÌtìrâ nação;
São muitos seus fiÌhos, nos inimos foÌtes,
TeÌníveis na gueüâ, que cn densâs coortes
AssoÌnbranì das mair r imensa eÌte1ìsão.
São rudos, severos, sedentos de glória,
Já pÌélios incitam, já caÌìiâm vitória,
Já meigos atendeÌn à \'oz do cantoÌ:
Sáo todos Timbiras, guereiros valentes!
Seu nome ìávoa na boca das geDtes,
Condão de prodígios, de glória e terroÌ!
No centro dâ taba se csteÌìde uÌÌì teÌÌeiro,
Ondc ora se adüna o concíÌio guerreiro
Da tribo senhora, das tribos seÌ-r'is:
Os veÌhos sentados pratican d'oütrora,
I os mocos iÌìquìetos, que â fèsta enamorâ,
DeÍamam-se em torno durn íÌìdio infeliz.
fü ruaos: ruaes.
Prólic: lubs, conbâtes
Pnticm d'otrhara: làlan sbr
5
DÌ{S, ConçàÌv€s. PÍf;lia,lrora ún r,6. Rio d€Jaìeiro:
\_ôvâ-\guìlâr 1994. p. 379. (IiÌgmott.
As pr meiras estrotes, todas compostas por se s veÍsos de 1 1 siabas
métr cas (hendecassílabos), cf iarn paÍa o leitor um efeito de regu aridade
que é reÍoÍçado pe as r imas do poerna (AABCCB). Quando o poenìa é ldo
em voz a ta, o r i tmo ganha destaque e pode ser percebido como as bãtidas
dos tamboÍes ndígenas.
Certo de que será morto por seus captoÍes, e temendo pe a v da de se!
velho pai, ceqo e soz nho nas matas, o jovem tup pede clemência. O gesto,
que demonstÍa nobreza e desprendimento por parte de um f lho, é interpÍeta
do como snal de covardÌa. O cheíe dos t imblÍãs decde, então, beítá lo,
porque náo quer "Com carne v | ên{raqueceÍ os foÍtes".
Quando o tupi reencontra seu pã], é renegado pof ele. EnveÍgonhado pe a
, ovardi" do ho. o ue Ào o dn"ldi(oè
Obsetoe o efeito í ado pelo
Ítmô do poêmã as pausas
no nteror dos veBos, qu€
ind cam sua divsão ritm.a,
qlebrem em duas un dades
Pôr meio desse rec!|so, o
pÒetâ prôduz !mâ bâtida
| 244 cA TULa 13
-.
LITERATURA
-tE ruru",,1n . g" ,.
Íarnay, Grupa.le ín.|ìas ba@rc atentas aa elêía que fêz uh dêles
de una caça.]a de onça, 1A21 Agra@la,22 x 26,6.n
DIAS, Co.çaLts. P6à rroJa oar&i6. Rio deJ2neno:
Nou Aguiìar Ì993. p.339. (I.igmertó).
O efeito desse dÍama que nteíompe o rtual antÍopofágico dá densidade
psico ó9 ca ao poema e Íaz co.n que a maldlção do pa mpÍessione ma s os
e tores. Em lugaí de ÍeconheceÍ o esfofço do f i lho, que abdicou da própr a
honra pêrã protegêlo, e e interpÍeta o gesto de aÍnor coÍno covaÍdia eafitrnal
"Não descende o cobarde do íorte;/ Po s choraste, meu fi ho não ésl'1
Paro prpdr r . o 
-p \o la d-bo.noi 'èesee_tregd pèrèser ro_o. f
nesse ponto que fìca claro o sentdo do títu o do poema: "l-luca Pìrama"
sign ficâ, em íngua tupi, "o que é d gno de seÍ rÌìofto". A bravura deTnonstra-
da pelo índ o o d gnif ca diantê de seus in Íìrigos. O chefe dos tirnb ras, quan-
do percebe q!e o jovem será massacÍado poÍ seus guerre Íos, oÍdena que o
so le-r. pe à.orage_ì deTo'(trddd, o l"p , l e e(e vi\".
É mportante perceber que os índios do poema
repÍesentaTn um índ o qua quet integrado à sua
tribo, a seus costumes. As qualidades de cada !rn
podêr ,er g"t ô d l .o.rs pd o looor A,s ì . íOI(è,
honra, vã entia e v ftude passam a ser nteTpíeta-
das coTno cafactefíst icas do povo indígena, do quê
descendem os brasl eiros.
wil
'''Iu choraste eÌn presença da modeì
Nâ presença de esúanhos chorasrel
Não descende o cobarde do forte;
Pois clÌc,raste. nìeu Iillìo náo ésl
Possas tu, descendenre mal.Ìito
De rma ribo de nobres gue eiros,
ImpÌomndo cruéis Íìrrstciros, È
Seres pÌesa de vis Aimorós.
"Possas tu, isolado na tcna,
ScÌn animo e senì pátÍia vag.Ìndo,
Rejeitado da morte na guelra,
Rejeitado dos honens na paz,
Ser das genies o espectro execrado;
Não encontres amor nas mulheres,
Teus amigiis. se amigos tiveres,
Tenham aÌma ;rcoÌìstante e falâ21"
!
.;
:
Ronàntìsno na üâsì1. üìneìrê qenção. 245 |
-
t I ÌERAÌURA
r Os poemas líricos
Gonçavês Das se consagrou náo só pof seus poemas indianstas, mas
tambérn por seus poemas lí fcos. O seu lÍ isrÌro aborda os prncipas tenìas
Íomántcos: os encantos da rnu her arÌìada, a nalLtreza ê os sentr|enÌos mats
arrebatados, como os soÍr mentos da vida, â solidáo, a morte
O clássico amor romântico
os versos em quê associa os temas do arfor e da moÉe revelam o olhar
nspirâdo pela êituía dos gíandes mestres rorÌìânticos europeus
Um dos seus mais conhec dos poemas írÌcos, "Se se morre de amor'1 lus
tra de rnodo exenìplar a visão de anToÍ recoffente em sua obra.
Se se morre de amor!
È
jVeN M.l Bery. un d ÍIaizonk ztuivhen
den tiebmden ab di. SdÌzn rdvtz,t
si.h aus .len sÍarbigd Kdhd Lnn íElÍèn
sX im Púadiev.lt üclE,
SchitlÈi ,Dt Âa,r.f
Se se morre cÌe arnorl Não, não se ÌÌìorre,
Quando é fÀrcinação que nos surprcende
De nÌidoso sarau entre os festcjos;
Quando lÌues, caloÌ, orquesú-a e flores
Arsomos de przer ÌÌos raiam r'alma,
Que embcÌczada c solta em tâÌ ambieDÌe
No que ou!€, e no qüe vô pmzer aÌcançal
t . . .1
AÌnoróüdaj é ter .onstante nìente
AÌnìa, sentidos, corzìçio 
- 
abertos
Ao grânde, ao beÌo; é ser capaz d'extrcmos,
D'aÌt2s Íirtudes, té capaz de crimes:
Compr'endef o iÌÌfiniro, a ìmensidade,
E a natureza e Deus; gostar dos canÌpos,
D'ar€s, flores, mumúrios soliiários;
Buscar tÌistezâ, a soledade, o erìììo,
E r€Ì o coÌação em Íso e festa;
t . . .1
Conhccer o prMer e a.lesr€ntura
No mcsmo tempo, e ser no mesmo poDto
O ditoso, o misénimo dos enles:
Isso é anor e desse amor se mo el
Íomânr.o é deÍ nido pe o
o sent m€ôtô é àpresêntadÒ
indviduoè a9 rde modo
Ìempo qle ne permÌe a
compÌeensão de todas as
sênlmêmo. ô âpã xó.âaô
vive €m.onfito, d vid do
enÍe as maDres aEgras e
âs tr slezas mai5 proÍlndas
a
J
t
4
Diloso: feliz, afotunado.
MÈé.rino, supeirÌnr
àbsoÌulô ú.téti.ô de núe,
I:tt^s, c'otçak.s. Po$ia ! pÌa:o Lanl,!.I^.
tuo d..lâneiro: Nova 
^guilar 
1998. p. 292 ?93.
(rÍasmenro).
a 246 .APITULa 13
t
Enì caira enviêdâ ao ãnìigo Aie
xandÌe TeóÍ o de caÍvalho tea,
Gonçalves D as pede que este pro
videncie a conìpÍa e o ênvio de
uma reação de livros. Entre ostl
tu os encomendados, destacam-
sê obrãs de raestres romãnticos:
A nfluência dos autor€s estrên
geiros nê obÍa de Gonçalves Dias
tambérn fica mêÍcada nas epígra
fes queabÍem muitos de seLrs poe
mas. 5ão versos de Byron, Sheley,
VicorHugo, Lamart ne, SainfBeu
ve, Alexandre HeÍculano, CamÕes,
Schiler, Goethe, Dante, ovÍd o, Éç
quilo, ViÍgÍlo. Ess.s eplg rafes rcve-
lam que, coÍno seus co egãs rornân-
ticos, Gonçãlves Dias eÍa unì leitor
voÍâz dos poetâs c ássicos e con-
tenìporáneos e que neles buscava
inspinçao para seLrs veÍsos.
[E rapiz: upee; por aaoga, reteno
.obeÍo de norcs ou folhõ.
ÀÌzóia: sajoÊ de |irar NadÒ pela
Por que tardas,Jatir que tânto â custo
À voz do meu anor moves teus passos?
Da noit€ a viração. movendo as foÌhâs,
Já nos cinos do bosque ruÌnoreja.
Eu sob a copa dà mâÌìgxeira ìÌtiÌa
Nosso Ìeito gentiÌ cobd zeÌosâ
Com mimoso tâpiz de folhas bÌandas,
Onde o frouo Ìuar brinca eÌÌtÌe flores.
Do tamârindo a flor abriu se, há pouco,
Já solÌao bogdi nais doce doma!
Como pÌece de amo! como estas preces,
No silêncio da noite o bosque exâla.
t...1
A flor que desabrocha ao romper d'alva
Um só giro do soÌ, não maìs, vegeiâ:
Eu sou aqueÌa Ílo. que espero âinda
Docc üio do sol qoe me dê vi{ìâ.
Sejam vâÌes ou mortes, lago ou teÌ]a,
Onde quer que tu \'âs, oü dia ou noite,
Vai segunÌdo após tj meu pensaÍÌento;
Ouro amor nunca tive: és meu, soü tuâl
Meus olhos outros olhos nunca virâm,
Não seÌÌtiram meus Ìábios ouEos lábios,
Nem outÌãs mãos.Jatitque náo as tuâs
A aÌì7óia na cinta mc àpertà]ìm-
t...1
Não ne escutâs,Jatir! nem târdo acodes
Avoz do meu amor qüe em úo te châÌna!
Tirpãl Ìá rompe o sol! do Ìeiio inútiÌ
A brisa da manhã sacu.ta d folhas!
DLqs, Gonç lres- Pa6ia. I,ma .onqbtus.
Riô d.Jaftüo: NoE 
^guiìar, 
I 998. p. 3??-378.(FrasmeDto) 
.
oeL Íflco, íemnino, começa o poe-
ma queíionando os motvosda derro-
ra doamado. ObseNe como, .esse no
mento, o seu enêdo dê êspÍr to reve a a
êns êdâde de ê guém que espera o en-
O l€to de amoÍ ê iêtó sób â cÕpa da
mângúe É e cóbertÕ dê fo hâs brandas
a natureza, nê$e momento, cra o es-
paço pererc para o enconúo oos amar
ts. É lntere$afte notar que tôd6 ôç êlê
mêntos êvocèdos pê o êú írco côntqu'
ram a magem romãnuca do encontro
amoroso:asíohó brardas, ô luêr que
bÍinc êite 4 fores, ô perfume doce
do bogari. como simbolo dosentimei-
toquetomacontadoe! Íico, a nallre
za toda se abre para aco hêf a expÍesão
do amo. entre essas dlas pêsÕâs
OtÕm do poêma muda à m€dida que a
espera do eu iri.o se a onqa. Os e emên
t6da natureza, agoÍa, pêssãm à simboi
2êr ô âmor qúesa mú her q!€ Ía a de-
dcaalat i rEaéa Íof que dependê
dos ÊÌos do sol (o amado) paÍa vivel
Quandoa mu her recoihece a impôç
sibldâdê deãmar oütro homem, a ca-
ra.tefl zado do amor românt co se corn-
p eta: "és m€u,soutlaL MãG lmavê2
âs imag€.s lsadâs pârá trad!2ir os sen-
t mentd fm n nos sãô e aboradas a pats
tir de e ementos da natLeza:vales, mon-
tes, Laqo, terc represertam os obstêcu
os e a distânca que o pensâmêntodes
5a n! hertíônspôrá pêrâ pêímaneceÍao
A ú t ma êsto1e rere a a mudançacom-
pleta noeíêdo deespiriÌo doeu Íco A
esperança e a expecÌatNa pea cÌìegadê
do aÌnado, que íìaÍcam ó fl mêirõ es
ÍoÍes, dão lgar è Ìrstêzâ e à decepçéo
pêiâ cónstâtação de q!è ele não respon-
O eto defolhasvêrles, oãdô peâ re
cêbè o, é mê s uma lez slmbo o das emG
çóesdoeu Ír.o, quepedeà bre da hê
nhã para vaÌ€Í as fo hês do etô .úti.
A natureza tÍansfigurada
A lírica de conçalves Dias revela um outro traço da Íiliação rornântica do
poeta: o gosto por teÍnas como o dã soldão ê o do sofrirnento amoroso. A
nãtuÍeza suÍge, nesses poemas, como o espaço quê abr ga e acolhê o sujeito
que sofre, muitas vezes dando expÍessão concreta ao seu estado de espírito.
UrÌì poerÌìa exemplat nesse sêntido, é "Leito de fo has vêrdes".
Leito de folhds aerdes f
g
;
I
a
!
B)Ìon (rulz.tior de Prehot 
-
ou de ouro qu€ hower)
Poend de ossio (cm inglas)
Os mesmos 
- 
tÌadução itãlida
Pdã preen.hêr ã.onta es
PôesiÀ dô Hugo 
- 
IÃndtine
De Vigny Auguste Bdbier
- 
SÀiar Beü!€ 
- 
Bé.mger 
- 
ou
o Teairo dos 3 Drmátrcos íran-
ceses 
- 
edições de Chapentier
- 
ou d'rltt a qüe hoúve.
DIAS, Gôrçâì!ès. Po&a rrdâ
arrrkr. tuo d.Jmeno:
NoE AgriÌaf, 1998- p. 104i1.
(IEenenb).
I . Í ÍENAIüNA
Ranantisna no Brêsìl hineià qeaçaô 247 a
-
TIÌERATUNA
t...1 [Iaria Luíza a.ha que eu scria pdàAntonio uma es
pécie de areiamorediçà que o podeìia conden.r à uma obs
cuÌalida pÌolincima, e corraria nÌas asas de poeta.Ántonio
ne.essrtava mesnìo e.à de uma cond.$a que lhe ofefe.e$e
lanrâres ondc pudesse búlhãr .om nÌas lides espirituosas
diante dos nìíìisÍos e dos S€neÌais, Ílos cmbaixadores e das
.ôrtesãs, diante do iÌnperador e de ourros pocias. p.soas
que o puse$en nos cofnos da luà, afinal, paÌa que diabos
una pessoaestuda ia!to? disse Nlaria Luízà. Ele era l(nnado
conÌo poctr, apfe.iava no nÌomenro, ÍÌas depois lhe vinhà
una idéia de o quanto tudo aqüilo e.à vãzio e que elc nio
pasara de uma curiosidade, a aÌna peÌdidã e envolia em
nebÌina, balouçada cm caÍelos de truvens.
A Íofça da poesìa ír ica de Gonçalves Dias pode ser reconhec da nesses
versos. PoÍ tÍás do que pode ser identif cado como o lugaÊcomum román-
tìco (a escolha da noite para o encontro entTe os arnantes, o desenvo vi-
mento da temática dã solidão e da des usão amoÍosa), ele consegue atin-
gir um adnr ráve qrau de elaboração poética. A natureza se tÍansfgura
para expÍessar as eTnocões do eu iír ico. O eto de fohas é, ao TÌìesmo
tempo, símbolo da espêrança (nas prime ras estrofes) e da des lsão (na
últ ma) que rÌìovem essa mu her. A ps co og a Í€Írì n na ganha, ass m, uma
nova Íonte de expÍessão.
A obra de Gonçalves Dias é Ínuito Tnportante no quadÍo da i i tefatura
nacional. 5ua poesia rnd anista consolida o índio como símbolo da dentida
de nacional. Seus versos lír icos dão ÍoÍma poét ca à rnenta ldade romântica
que começava a se ÍÌìan lestaf no BÍasi l A "Canção do exÍ io" inaugura umê
tradição de desenvo virnento do o har nacionalista que peÍmanecê v va ãté
hole. Por todos esses motivos seus veÍsos contribuíram para toÍnaÍ rnais
t i Ímes os pr nìe ros passos dâ nossa ndependênc a l i terér a
Dias & Dias
j
vlR!,\DA, Ana. ri6 , rt,i
SãoPâulo: (Ìrmpãnhiadasl,e!.as, 2002
(F,ãsnrertr.
Os protagonistas desse ronìancê que, se
gundo losé lv l ind in, "náo se conseque parar
de ler" , são ! Í Íë lovem sonhadorã e apaixo
nada (Fêicãnã), o poeta Antônio Gonç. lvês
D as ê um ímbolo l terár o (o sab á da "Can-
ção do êxÍ io : q le represênta é pátr ia dis-
tantê). Ana N,4 Íãnda dá novã vida teráraao
poêta romãntco ao cornb nãr história e Íic-
ção para fã âr sobrê o arìor, a descobena da
cu t ! rã ÌndÍgenã, a belezã da poesia e os cos-
t !mes provncânos no interof do Bras Ld!-
a 24a caPlfuLa 13
E
a
LITERATURA
I O te)cto a seguir refe.e-se as questòes de I a 5,
Marabá
Este poema é mais um exemplo da capacidade
poética de Gançalves Dias para dar voz
à àlma feminina.
Eu vivo sozinha, nnÌguérÌì me pÌocurâ!
Acaso leitura
Não sou de Tupá?
Se algum dcÌìttre os ho!ìcN de üìnn nio se escoÌÌde:
- 
"Tu és'l me responcie,
'"nt és Mârabá!"
NÍcrÌs oÌÌÌos sio garços, são .or .Ìas safiras,
TênÌ Ìuz das estreÌas, têm meigo b ÌÌÌar;
Imitam â-s nüvens de üm céu anilado.
Al cores imitam das Égas do marl
Se algu ì .los guerrcirí,s nào fòge a rÌeus passos:
- 
'Teus olhos são garçosl
Responde aÌÌojado,'hìâs és ltarabá:
"Quero ântes Ìms oìhos bem pretos, hÌzenies,
"fÌÌìs oÌhos írÌÌgcntcs,
.Bem pretos, relìrlos, ão cor d aüjál
E aÌ\'o meü rosto da ahura dos lírios.
Da coÌ das areias batidas do mari
A-s ìves mris bÌâncas, as conchas mais puas
Não têüì nìais alvuÌ?, ìão tônÌ ÌÌÌâis brilÌìâr
Se ainda nÌe escuta meÌrs agros.lelírios:
- 
"Es aÌva dc Ìírios'l
Sorrir.Ìo respoÌìde, \ÌÌas ós Marâbá:
"Quero antes um rosto de jnmrro corâdo,
"Um rosto creslâdo
"Do sol do deserto, não flor de cajá."
:
ü Múabá: Ìnistúà de nÌdio e brho.
I\rlái Tnpã. Conçrlc Dns alr.r. à
.edâÉo da ìognì nnal paÌa gaÌdri. que
o terno nne.om lÍr.rhí".
C!4os: dc cor azule$odcada
Ânojado: enrÍisrrido
Fúkêítês: ìÍilhànres.
Ân,iíÌlô.'lr Dr'n.irl
1. Quais são as carâcteríst lcas f ís icâs de Marabá?
r A que idea de be eza essas caracrerístcas correspondem?
Parâ apresentar as características de Marabá, são usadas compara-
ções e metáÍoÍas. A que elementos elã é comparada?
r A Lrt lzãção desses recursos ref ete a postlrrã nãcona ista dosautores da
o r^ o|o oera\do roÍro1Ì i rd. _ 'plqL".por qu;
Rodô Íô aiioedô, Malab"i, r 882
Ôleo 5obr€ ÌeLa,l20 x l7l .m
t...1
Meus ÌoiÌos c;ìbelos enÌ ondas se aÌìelam,
O oiro mais puro n:'rc tem seu fuÌgori
Ar bÌisâs nos bosques de
De os ver tão formosos como üm beija-ÍloÌ!
Mas eles respondem: "TeÌÌs Ìongos cabelos,
"São loilos, sâo bcÌos,
"Mas sáo anelados, trÌ és MaÌnbá:
.Qucro antes cabelos, beÌÌì lisc,s, corÍiclos,
"Cabelos compridos,
.Nio 
cor d'oiÌo 1ì o, em cor d'âÌìdá."
tr as do.es palarÌÌs que eu tìnha cá deÌÌtÌo
O raÌno d'acácia Da frorÌte de üm homem
l ìais cingirci:
Janìiis un grÌerreiro da nÌirÌha aÌazóia
Me desprcndeÌá:
EÌr vit'o soznìÌra, choÌando mesquinha,
Que sou MaraÌJál
Dr{s, (;onçaì!es.ln: BARBOSA, Irede.ico (Srl.e org.)
' 
o- , t " t , 'u j r ' r / l ' .es/
São ParlÒ:hndy, ?003. p. t4t 1,12. (Fúg!rn{o).
2,
RonaníÀna no BEsl. tuimara qeraçaa. 249 a
-
L!TEiATURA
I : " Desprezãda por seu povo, Mãrabá reproduz asfalas dos homens dã
t tribo que Íogem do contâto com ela- Explique, com base nessas fa-j las, por que â índia é despÍezãda.
I 
r Que eLementos, presentes nessas falas, comprovam esse despÍezo?
| {r, Esse poemâ, embora relacionado âo indianismo, apresentã um tom
I mâis l í r ico e confessional. Que sent imento domina o eu l í Í ico? Just i
Ì Í ique com elementos do poema.
I t dentfque, na inguagem ut i izada e no conteúdo, os elementos do
I poema que mostraÍn que ee peÍtence à pÍmera geração da poesa
I 
romanr ca.
Ì 5. O poema mostra um conf l i to entre duasÍormas de beleza feminina.
I Ouak são elas e de que maneira cada uma é apresentada?
í . PF FbF r. _o ooêmà. a ,a o dç;o oe . | .er .o oao.áo de oele/" F
ì Ln dodo or.F lo. , l ' ra e qreÂd bôr (ado. - p oLeI
| 
- 
O texto a seguir refere-se às quesÍões de 6 a 8-
t . - - -_
I re'dó 2 Olhos aerdesI
I Neste poema, Gonçalves Dias trata dos sertlmentos
I deiercadeados no eu lírìco ao contemplal
I 
os olhos verdes de uma mulher.
I
[E Mi: lorna dcaiú 
'ie na
Sáo uns olhos ver.les, \crdcs,
UÌìs oÌhos de !€de-mâr,
qüando o tempo rãi boÌÌmçai
Uns olhos cor de espemnça.
Uns oÌhos por {Ìue ÌÌÌoni;
Qtrc ai de nil
Nemjá sci quàÌ lìquei seÌrdo
Depois que os ü |
Como dua-s esÌÌÌerJÌdas,
IÍí1ìais Ììa Íònna e na corì
Têm Ìu nÌais ÌJràìdâ e nìais lòrte,
Diz uma !icÌâ, outÌa * moriej
Uma 
- 
Ìoucüa, outÌã 
- 
anìor
Mas ai de mil
Nemjá sci quáÌ Âquei sendo
Depois que os \nl
s;io 1cÌdcs da cor do prado,
lkprimem quaìqÌrer pâi\ão,
Tio fìciÌrnente se núL ÌÌaÌÌÌ,
Tão meigameÌÌte denmam
Fogo c Ìuz do coração;
Mas ai .le mil
N..eÌÌÌjá sei $lal fiqÌEi sendo
Dcpois que os vìl
t . . .1
Dteilós, ó ÌÌìeus amigos,
Sc \os pcryuntm por ìi,
qÌe eu vjvo só da lenbÌaça
Ì)e rlns olhos cor de esp€rançr.
De Ìms oÌhos lerdes que ü |
Que ai de mil
Nemjá sei qual fìqÌlei sendo
Depois que os vil
Dizei úsr Triste do baÌdol
Del{ou-se de ànor tuarl
ViÌr uns olhos verdes, \€rles,
fÌns oÌhos da cor.lo marl
Lram lerdes sem esp'raÌça,
Da\ììnì àÌÌor senì amaf !
Dizei. vós, nÌeus amigos,
Que aì de nil
Não peneÌÌço mais àvida
Depois que os ü |
DLAS, CoDçaLves. Ì!: IACIOLL \âennmj
OÌÃallRl, Antônio Carlos (oÌAs.). P*triz
tõ?/..ard: Rdmnrisno. Ì Ì. €d. Sao fâtrÌo:
ÁÌi.â, 200,1. p. 3ij-i8. (lhgm.nro).
$@qF
ês
g€
Ëb
a 2so cAPIruLa 13
È
E
'
j
LIÌERÂTURA
7.
O eu l í r ico se apâixona por umâ mulher depoìs de ver 5eus olhos
verdes, Que efeitos esse Íato lem sobre ele? Exolioue.
A referência à beleza da âmada é feita cotrt odse na
olhos. Que recurso o poeta utiliza pârâ câracterizá-los?
r Que e ementos do poema ind cam que o sofrimento do eu íÍicojá eía-
va anuncado nos ohos da amada? Expl ique poÍ quê
. Quem al rÍna no poema: "Eram verdes sem esp?ãnçâ" e poÍ quê?
9. Emtodâs âs estrofes do poemâ há um mesmo refrão, com pequenas
alterâções, Trânscrevâ-os.
I A que tipo de poesia a pr€sença do Íefrão nos remete?
r O uso do refrão perm te ide ntiÍicar uma certã influência I teré r a na Íica
de Gonça ves D as que a d st ngue dâs outÍas obras desse autor Que
nfuênca seria essa? PoÍ que ea reve â uma di ferença em Íelaçáo à
produção ndian sta do autof?
i
1
9
3
rl
Er-r
Luiz Roncâri(1946- )
E mestÍê êm Histórrâ Socia e
dolrtor em têraturâ braslle ra. Pro-
Íessor nâ Faculdâde dê Fìlosofa,
Letras e C êncas Humanâs da
Universdaded€ São Paulo, pub 
-
cau Literatura brasìleira: dos pri-
meias úonistas aos últìmos ra-
mánt/tos, livÍo que compÕe um
extenso pd neldo período deÍor-
ma!ãodâ teratura nadona e traz
uma anto og a de teì1os represen-
tativos dos períodos apres€ntados.
Indidni.snn nâo signific? apenas tomar como temà e nssunro da Ìite-
ratuÌÌr o indigeÌìa e seus costumes. [...] Isso, de ceÌÌa forma,já rinha
sido feìto por Basílio dâ cama e Santa Ritâ DuÌão, no Urteual e no
Cár"mrru. Nessâs obras, sobretudo no Uragzai os indígenas aparecem,
em aÌguns momentos, o nìesmo pldo que o português, sem qrrc ne,
nhum desses aulores manifestasse a ìrtendio de realizaÌ utÌa poesia
no\ê ou americana. 1ìì1 reaÌização implicavâ tâmbém e pÌincipalmente
a consüxção de uÌn Ììovo pon to de visL1 e de uma no\a üsão do indíge
lÌa, aprcciado agom me1ìos como una reaÌidade raciaÌ que como ou,
r t ì rFâl i , lJdc ér i .d c.uìrurãì . d isúrr i L ld cuôpéir .
RONC"{RI, Luiz. /,iiaztuz tftr,ltd dos p.imeiros .rônistâs
aos úlÌinôs roÌnànri.os. são Parlo: Edusp,1995. p 3ô5.
(Ifasnento) .
Expl ique
Redija um parágÍafo argumentativo em que você demonstre como
os poêmas indiânistas deconçalves Dias promovem a construção de
"um novo ponto de vista e de uma nova visão do indígenâ", dife-
rente dâquela que aparece nos textos dos viajantes quinhentistas e
.l^< nôâr:<;r.:.1â<
Antes de desenvolver seu parágrafo, considere as seguintes sugestões.
r Reveja qua é a visão de indígena que apaÍece no Urâquai.
r Compare a lmagem de Índio conÍruÍda por Basí io dê Gâma com ã que
é apresentada por Gonçalves D as no poema "l-Juca Piíama" PÍocuíe
dêterminaÍdeque modo o olhardê cada autor paÍa os índ osdetermina
essas diferenças
r Reflita sobre a necessdade de uma mudança na representãção do índio
para o cunìpfmento do projeto lteráÍo da pdmeira geÍaçáo fomântica:
a coníÍução da identidade nacionaL.
RamênÍtsna no BÊsil. tuìneira qeraçáa. 251 a
primeíra geração romântica: as canções do exílio
Goethe: a inspiração
toÌ ternente nfLuencìados pe o nac onalsmo que ca-
racter za a estética románÌ ca, os poetas passam a can
"r 
d qu" lddd" d" .d e 
" "" l "o"r ìor "p"t i " .
corÌìo nos vêrso5 de Goethe, apfesentâdos no Capitulo
l / a de..r i ,doquêoê .o oe ooÍà. d" 'pà
tdÕdl ddo. pdÍdo. dôoô 1. . .odo."" t . ,o.da n prc.
ção para o poema de Gonça ves Dias, que lnâugura, na
Iteratura bras e ra, a iÍadição das cançóes do exll o
Os ecos imediatos da primeira
"Canção do exílio"
No rnomentoern que nascea iteratura romántica bra
s e ra, o poema de Gonça ves D as será a refeÍênca Lite-
rária do naciona snìo ê do sentirnento de sêudâde que
predomina entÍe os ex lados. O impacto de seu poema
será tão grande que poetâs corno Casim ro de AbÍeu, da
segunda geração, se nspiraráo ne e
Cflnçiio d0 ex'{í;o
.f
I
a
a
Oh! ,nln lqs sút n.s anouls
'thujauB.
a:haÌenbiird
Eu ÌÌas.i além dos marcs:
NIer$.amores Íìclìm lál
OncLe canta oi reliros
Car G uíêv Carls, O nonumerÍÕ a Gaethe, 1432.
Ó€osobrereb,7l ,5 x 5: ,5cm OpftoraemãoCarls(1789-1869)
era !m admnàdôrde Goethe NeÍeq!ad@, ele cÍiou !m túmúrô
mag nário q!€ evdâ !hã iúãgem sô itér ã ê etér€ã dó gÍândê eír lor
Cançaa do extlio
ìVIinhã rerra terÌì Ìnaciciras da C:ìÌifómia
oncÌe cantam Í+turamos de Veneza.
I . . .1
[,u morro srrfõcado
eìì ieÜa esúângcim.
Nossas flores são mais boDitas
nossas irutas mars gostosâs
mas custâm ceÌìÌ mìÌ réìs â dúzia.
Ai qucn Ìne dera chupaÌ unÌa caÌnrnboh de \€r.lade
c ouliÌ uÌn sabiá com cerúdão de ìd,àdei
\ÍF-NDltS, Àlruilo. ÌrÌ: ÀIOÌUCO^.'I, ltalo (O$.)
O: rn nt taps lo.nas l,atilxìiDJ.l, Jrela Rio deJanei..l
oÌ,jeiilr. 200ì |. 33. (FÍrgnent,
,\BR!.Ir, Casiri.o.le Aiu,rezÍ.
Pôrb.\le8Íe: Ì l&\'I,2001. p 2õ. (FJrgnniÍoi.
O exílio dentro
da própria pátria
Muitos oLltÍos escrtores bras le ro5 recriêranìos versos
da prime rê "Canção do exi lo ' Durante o Modern smo,
a ref exão sobrc a verdadeira ìdênt dade naconal moti
vdÍá núrÌìeÍas rele turas dos versos do poeta rornântico.
Dentre elas, destaca-se a de N,4ur lo N4endes, que Íata
do sent rfento de exíio dentÍo do própro país, doÍ que
âcomete os bras le ros sufocãdos pe a inf uência estran
9e Íâ. ôs versos de Murio Mendes expressarn o desejo
| 252 CAPI|ULO 13
Uma versão resumida
Sob a inÍ uênca das experlências l teráÍias da vanguardê modernista, losé
Paulo Paes cra urna versáo ÍesurnÌda e rônica da canção ern quetantosse
nsp Íarêm. A concsão de seu Ìexto náo mpede que â saLtdãde dâ lerrê que
gêrân1e â dent dãde do eu lÍ co não seja perceb dâ Para o exíio, rertã o bãh|
lá?
al Ì l
sabiá. . .
Pnpá .
Ìnanã.. .
Íúii..-
s inhá.. .
brlÌl
PAES losé Ì'aulo. ÌiìlRRlGL(i(il IR., ìrr\i (scì ). or rullú'6
!@mt ú.li\t P h Ptk\. 4 ed. sio Ì'.nlr: clobrl, 200: p. 1 30
a
Geoqe L Bown, Cer;rc /raüàro, 1846
Oeôsôbrêtela, lo l ,a x 117,6cm Eíe
quadrÒ, dô p ntor nÒrte ameraano
Ceorge L BÍôw. {1814 1889), mÒsÍà
qle a deêlzaçãó de !mâ natureza
se vaqem exlberante náo a.onte.ê! A ditadura expulsa os brasileiros da pâtria
Durante os anos da di tadura mi tãf , as pa me ras e os sabiás retornam para
simbolzar o que não se tem ÍÌa s: a pátÍ ia. Agofa, nos versos de Ch co BuaÍ
queeTomJobinì, a idé a doexí o 9ênha conotação pol i t ìca:é pais da dl tadurâ
expu sando seus f lhos engalados.
.çírlt{í
Sei qu. ainda \ou lrltar
Pare o meu lLrgar
Foi lá e é xirdr Ì:'Ì
On.Ìe eu hei dc oulir canrar
Seì que ânrdr \,orÌ \,olrar
Vru deilaÌ à soìÌbm
De unia ì raìmeifa
QLrejá nào há
.joBrn1, rbnÌi lrUIRQI JË. (lhi.o. Disponnrl
em: <hÍp: '/ Ìs{r.Í hnlnÌnÍque..om hi 
-,.
,\.ew, eD 2: lir.:005 (F.:Ìgnennt
F
chco Blarqle dc Ho.nd.
Ronantisnona B?srl PnneÌÊ qe?ção 253 a
Poro novegor J$
. http://www.Ítaucultural.orS.br
O rite do Instituto ltaú cu tural oÍerece biografias ê anto ogias dos dois mais dlvulgados po€tas dê pri
mekâ gerâ!ão íomântica brasi elía, Gonça ves Dias e Gonçãlves de Magalhães. A ém de materÌal autôrale
dê crono ogia dê íatos, há a aprêsentaçào de algumãs páginas da crítica sobre os escritores. Também é
possÍve consultar material iconográfico relaclonâdo à Mksão Artística Francesa, responsável pela produ'
cão nacìonaldo século XlX.
' 
http:/ 
^ ^/wacadêmia.org.brA Academiã Brasilelra de Letrãs âpresenta em seu site um sistema de busca lnterna que oÍerece uma
ãmp ãpo$Ìbi l idadedêpesquisâsôbreê produção de Gonlalves D â5.5ão conferências€ art iqos, a lém de
biogrãf iâ, b ib l iograf ia e breve antologia do poeta.
. http://M.museudoindio.org.br
5l te do Museu do indio, sob rêsponsabi ldade da Funã]. Amblent€ de íáci l navegação q ue prop. ià ãceío
â lníoímaçõês vâriadas: ínúsicâ, ârtigos, brêves ênsaior, imãgens, entre outros Ínkr que conduzèm à rea
lidadê contemporânêa e histórka dos povos indÍgenas no Brasil.
È
Poro ler e pesquisor l-r
. A Missão Artística Francesá e ieus dirclpuloi: 181 6- 1 840. de Q uÍ io c ãmpof oriio
Rio delâne ro P nêkotheke, 198:
Pintor desenhkta, i lust .ador e cr í t ico de arte, Quir no CêmpoÍ ior i io (1902 1993) êspeciãl izou sê no
estudo dâ pintuía do sécu o X X no Brãsil. seu texto é natrãtivo e bastante d id âri.a. A Missão Artístìca
Francesa e seus discípulos é um dos cinco volumes, ordenados cronologlcamente, de sua obra Hliióriã
da pinturc brâsileira na século X/X O livro aprêsertã um pãnorama bem cuidado da ativ dade pi.tórl
ca nacional quando nossã píodução l i terár la ideal izava o pêís e o sent imento amoroso.
. Vocês, bnncot não tên à/mai hÈtórias de fronteÌês, .le lorge Pozzoboi.
Pará Eduipa/f,/lpeg Ed torâção, 2002
contador de histór ias e êntropólogo, Jorge Pozzobon pa$ou 20 anos de sua vidã em contato com os
Maku, povo seminômade dã região âmazônica que tem como pe(ul iêr idêde ê t ransmissão de 5ua
cul tura exclusÌvamente po. v ia oíâ1, uma vêz que não desenvolveu o registro gréf ico. 5ão contos,
conve6ãselendas p.eservados poressa publcação, quetrê2aténósum olhar brêsi le ro paraomundo
sempre muito distante do imaqinár io quê se êstabêlece! em no$as cidades.
. Panará "A Volta das [ndias Giqârtês'i de Ricardo Arnl, Lúcio F év o P nto e Ra m lndo P nto
São Pâu o: inntlto Soc oamb eiial, I998
O ivro rêúne vários fe atos dos indios panarés, nãção que soÍeu d ivisão teÍitorlai quando foi .onstruída
â BR 163 Cuiabá 5antêrem, em 1970. A ém das histórias, há um excelentê ensaio Íotográfico que registra
a .ultufa panará. o livro propl.ia um interesante conÍronto do índ o ldealizado na poes â da píimelía
geração românt i .a comsua si tuãção atua, ajudandoa íêf let l rsob.e âs dimensôes pol iucasda colonização
. Grandes poemas do RanantiJmo braslleto, Aexe Buano (OÍq ).
São Pa! o Nova Fronte ra. 1995
Coletânea que reúneos melhores poemas dêalgunsnor. ìêsdo RomanÌ ismo brãsi le i ro- Doéplcoão l í r ico,
o livro âpresenta textos dê Gonçalves de Maga hães, Mârquês de Sapu.aí, Maciel Monteiro, conçalves
Diat, Francsco Otaviano, Laurindo Rabelo, Aureliâno Lesa, Àlvãres de Azevedo, lunqueira Freire. Félix
Xãvier da cunhã, Juvenal Galeno, caslmiro de Abreu, Fagundes Varela ê Castro Aves.
a 254 aAP|IULA 13
:"=t3.
Poro ouvir dì
/hui rodos oJ Jons Mar ui Mirãnda. São Paulo: Pau-Brasil, 199s.
MarluiMirãndã realizá umtrãbêlho de pesquisâ baíante sério sobre a cultura indísena brasileÌra e a pãrtk
desuas pesquisascompõe ãs canções. Oportunidade excêlentê para entrar em contatocom os sons dos povos
indígenas do Brasile comporâtrÌlha sonorê do indianismo presente nâ poeriãdã primeira geração romãntica.
.f
Poro ossistir F
carlota toaquina, Princesa do 8.áJíl de Cara Camurat
Brasl ,1995.
De modo cômico e ãlgo i rônico. o í i me trata da chegada
da famíl ia real ao Brasi l , fugindo das cuêíras Napoleôni .as,
em 1807. Trata{e de um interêssante panoíama pol i t ico do
Brasi pré- independentê.
. Búncãndo nos cãmpos do Senáo4 de He.tor Bàben.o, EUA, 1991.
Fllme que reúne uma sérle de cãracterísticasque iustram ou
servem de contraponto ao indianismo e ao nacionalismo pre
sentes na primeira geíação Íomâ ntlca brâsi êira. Além de expor
a culturã indÍgêna, promove um deí lê dê imagens do ambien-
re êÍãzonico onde se déo. onÍ l i rô\ dê r 'erêne\ e ' orónko5.
Posseiros, m issioná rios estrãngeiros, políticos, coronéis, avên-
tureiros, garimpeiros e lndígenas dlvidem o espaço bãstênte
desrãdêdo, seja pelã de,isualdade social, sejâ pe as dôenças
impostês peLos brãncos ao desprepãrêdo sistemã imunológico
de no$os primei.os habitantes. Choque culturãl de perfil ro
mântico apropriãdo ao debate ãberto noséculo XIX pe o poe
íÌra "l-lucâ Piíamã", dê Gonça vês Diâs.
ÁmélÉ, de Afa Carc na, BÍas , 2000.
A atriz írancesa Sarah Bernhardt, verdadêiro mito do iní.io
do século)(Xquê pãssou pelo Rio de lâneiro em 1905, teria se
en.àn-àdo .om è poesià de coi(élve\ Dt\ e imdgirà.e que
teria feito deLê uma apresentação (ênica quando voltou a Pa-
ris. Momento imporrãnte do cinemã nacional, ofilrÍe agradou
ã crítica e quase não foi exibido nas salas comêrciais de nosso
país. Oporiunidade de visitar a poesia do píincipal nome dã
pr inpi a gprd! io romdnlnd nd, iond em Í i lmê de ur i Ìpor
tante nome do cinema brasiLeiro conteíÍpoíánêo.
I
RananÍisna no Bíâsil. tinena qeraçaa. 255 a

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