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01 DA TUTELA PROVISÓRIA NO DIREITO PROCESSUAL CIVIL BRASILEIRO (1)

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Prévia do material em texto

DA TUTELA 
PROVISÓRIA 
 
SUMÁRIO 
1 - O QUE É UMA TUTELA PROVISÓRIA? ................................................... 7 
2 - ABORDAGENS ESSENCIAIS DA TUTELA PROVISÓRIA .......................... 10 
2.1 - QUANTO AO PRESSUPOSTO PARA SUA CONCESSÃO: ....................... 11 
2. 2. QUANTO AO OBJETO: ....................................................................... 26 
CAUTELAR X SATISFATIVA ........................................................................ 26 
2. 3. QUANTO AO MOMENTO DO REQUERIMENTO ................................. 29 
ANTECEDENTE X INCIDENTE ..................................................................... 30 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A TUTELA PROVISÓRIA: .................... 51 
 
 
 
Conforme é possível extrair do LIVRO V DO NOVO 
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL (NCPC), a “tutela 
provisória”, terminologia inteiramente nova do 
ponto de vista processual civil brasileiro, encontra 
seu regramento legal do artigo 294 ao artigo 311 
DO CPC/2015. 
 
Quando se fala em “terminologia inteiramente 
nova”, não se pretende com isso dizer que a tutela 
provisória de um dado direito não era prevista na 
legislação processual civil brasileira antes da 
vigência do CPC/2015. Não se trata disso!!!!! 
 
Meios de se tutelar provisoriamente um dado 
direito há muito já encontrava respaldo na 
legislação processual civil brasileira, todavia, 
durante a vigência do CPC/1973, tais meios eram 
abordados com nomenclaturas/denominações 
diferentes. 
 
DURANTE A VIGÊNCIA DO CPC/1973, quando, por 
exemplo, o lapso temporal de um processo pudesse 
trazer qualquer tipo de perigo de dano ou risco ao 
resultado útil do processo, a parte interessada tinha 
à sua disposição DOIS MECANISMOS que 
garantiam, mesmo que provisoriamente, a tutela do 
direito, quais sejam: 
 
1º) ART. 273 CPC/1973: fazia previsão da então 
denominada “tutela antecipada”, também 
chamada pela doutrina de “tutela satisfativa”, 
através da qual o juiz poderia, a requerimento da 
parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos 
da tutela pretendida no pedido inicial (que deveria 
ser objeto de análise no processo para só ao final 
do mesmo chegar-se à uma decisão). 
SITUAÇÃO EXEMPLO de aplicação da tutela 
antecipada prevista no art. 273 do CPC/1973: 
Joana precisa fazer uma cirurgia cardiovascular de 
urgência, caso contrário passará a conviver com 
grave risco de morte. Diante disso, procura a 
administradora do seu plano de saúde, a empresa 
LIFE, que recusa pedido de autorização para 
realização da cirurgia (PERIGO DE DANO) ao 
argumento de que o plano de Joana não teria a 
cobertura exigida. 
 
Desesperada, Joana, que tem cópia do contrato 
firmado com a operadora de saúde no âmbito do 
qual consta expressamente a cobertura para a 
citada cirurgia (PROBABILIDADE DO DIREITO), teria, 
na vigência do CPC/1973, a possibilidade de, 
lançando mão do art. 273, solicitar ao juiz que 
tutelasse, mesmo que provisoriamente, o seu 
pretenso direito de ver realizada a cirurgia em 
questão. 
 
Ou seja, Joana, mesmo na vigência do CPC/1973, já 
tinha condições de solicitar ao juiz que afastasse a 
situação de perigo (NEGATIVA DO PLANO EM 
FAZER A CIRURGIA DE URGÊNCIA), já entregando 
de imediato a satisfação da tutela buscada 
(AUTORIZANDO JUDICIALMENTE A REALIZAÇÃO 
DA CIRURGIA DE URGÊNCIA), antes mesmo do final 
do processo, quando, de fato toda a situação 
processual teria sido verdadeiramente apurada (vai 
saber, por exemplo, se Joana não estaria 
falsificando o contrato... como “toda moeda tem 
sempre dois lados”, é preciso chegar ao final do 
processo para ser ter condições de um julgamento 
mais certeiro e, por consequência, se ter condições 
de prestar uma tutela definitiva). 
 
2º) PROCESSO CAUTELAR: todas as vezes que, para 
afastar a situação de perigo de dano ou risco ao 
resultado útil do processo fosso adequado uma 
medida de proteção de coisas, pessoas ou bens, o 
interessado, desde a vigência do CPC/1973, já tinha 
à sua disposição o chamado processo cautelar. 
SITUAÇÃO EXEMPLO de aplicação do processo 
cautelar previsto no CPC/1973: 
Bloqueio judicial de bens ou de montantes em 
dinheiro do devedor que, sabendo a intensão do 
credor em cobrar judicialmente a dívida, começa a 
realizar atos de esvaziamento do seu patrimônio. 
 
Desde a vigência do CPC/1973, quando o credor 
venha a juízo demostrando a probabilidade do seu 
direito em cobrar o devedor – fumus boni iuris 
(através, por exemplo, da apresentação de um 
contrato devidamente assinado pelo devedor, mas 
que por não estar assinado pelas testemunhas, não 
constitui título executivo extrajudicial), bem como 
demostrando o perigo de dano – periculum in 
mora (através de documentos que comprovem a 
intensão do devedor em esvaziar o seu patrimônio 
para que, em caso de condenação ao final do 
processo, já não haja mais bens para satisfazer a 
dívida) poderá pleitear em juízo uma tutela 
provisória do seu direito, consistente no bloqueio 
de bens/valores do devedor. Tudo isso com a 
intensão de que, se ao final do processo houver 
sentença condenatória, ainda reste bens para 
satisfazer o credito. 
 
Percebam que, no caso em tela, a situação de 
perigo fora afastada por meio de uma medida de 
proteção e não através da satisfação imediata como 
no caso da tutela antecipada do art. 273 do 
CPC/1973. 
 
Para além desses dois mecanismos (tutela 
antecipara e processo cautelar) apropriados a 
afastar eventual perigo de dano ocasionado pelo 
lapso temporal do processo, o CPC/1973 também já 
fazia previsão de algumas possibilidades de tutela 
provisória diante de situações que evidenciavam o 
direito da parte. 
SITUAÇÃO EXEMPLO que autorizava a tutela 
provisória de direito em razão de uma situação de 
evidência no CPC/1973: 
 Alberto ajuíza ação de indenização por danos 
morais e materiais em face de Carol. Carol, quando 
do momento oportuno para apresentar sua 
contestação, impugna apenas o pedido de 
indenização por danos materiais, deixando de se 
manifestar em relação aos danos morais. A atitude 
omissiva de Carol, nada mais faz que evidenciar o 
direito de Alberto. Neste caso, poderia o juiz, a 
pedido de Alberto, promover provisoriamente a 
satisfação do evidenciado direito, para que a parte 
não precisasse aguardar o final do processo. 
 
POIS BEM... o “tempo passou... a vida rolou... e o 
Direito Processual Civil passou por algumas 
significativas alterações, especialmente no que se 
refere a temática aqui tratada. 
 
Neste sentido, o que antes ficava espalhado ao 
longo do CPC/1973 foi deslocado e agrupado no 
atual LIVRO V DO CPC/2015. Ou seja, a antiga tutela 
antecipada, o antigo processo cautelar e as já 
previstas hipóteses de concessão de tutela 
provisória diante de situações de evidência, foram 
agrupadas no que hoje denominamos de TUTELA 
PROVISÓRIA!!! 
Partindo do organograma acima apresentado, uma 
melhor APREENSÃO DA TEMÁTICA aqui proposta 
passa inevitavelmente pela resposta à indagação “O 
que é uma tutela provisória”, bem como pela 
apresentação de um específico roteiro de análise 
que leva em conta as diferentes abordagens que a 
tutela provisória pode ostentar no NCPC brasileiro: 
 
1 - O QUE É UMA TUTELA 
PROVISÓRIA? 
 
 Na busca pela compreensão do que venha a ser 
uma “tutela provisória” passa-se, necessariamente, 
pela ANÁLISE DO SEU ANTÔNIMO, ou seja pela 
análise da chamada “tutela definitiva”. 
 
 Neste particular, pode-se afirmar que a TUTELA 
DEFINITIVA é qualquer tipo de tutela que se 
pretende alcançar ao final de um processo, 
pressupondo, por tal razão, uma exaustão na 
cognição. 
 
Donde então se diz que a TUTELA DEFINITIVA é 
aquela obtida com base em cognição exauriente, 
com profundo debate acerca do objeto da decisão, 
garantindo-seo devido processo legal, o 
contraditório e a ampla defesa. Tendo, desta feita, 
PREDISPOSIÇÃO PARA A PRODUZIR EFEITOS 
IMUTÁVEIS, CRISTALIZADOS PELA COISA JULGADA. 
 
 E a TUTELA PROVISÓRIA??? 
Como pode ser caracterizada 
partindo desse conceito??? 
 
Importa perceber neste sentido, 
que todo provimento que se pode obter através da 
concessão de uma tutela definitiva, também se 
pode obter através da concessão de uma TUTELA 
PROVISÓRIA, a GRANDE DIFERENÇA ESTÁ 
JUSTAMENTE NO GRAU DE APROFUNDAMENTO 
DA COGNIÇÃO REALIZADA PELO MAGISTRADO. 
 
Enquanto a tutela definitiva lida com a cognição 
exauriente, a concessão da tutela provisória passa 
por UMA COGNIÇÃO MERAMENTE SUMÁRIA DA 
TUTELA PRETENDIDA PELO REQUERENTE. 
 
Ex.: ação de alimentos com pedido de tutela 
provisória 
 
Assim pode-se dizer que a TUTELA PROVISÓRIA 
configura-se por ser uma tutela jurisdicional 
fundada em um exame menos profundo da causa, 
mas ainda assim capaz de levar à prolação de 
decisões baseadas em juízo de probabilidade. 
 
 Um dos maiores processualistas civis brasileiros 
da atualidade, o PROFESSOR DR. FREDIE DIDIER JR. 
(2017) afirma ser necessário firmar uma premissa 
sobre esse tema: “tudo aquilo que se pode conceder 
provisoriamente é aquilo que se pode conceder 
definitivamente!!” 
 
 A TUTELA PROVISÓRIA NÃO É, POIS, UMA 
TUTELA DISTINTA DA TUTELA DEFINITIVA, no 
sentido de que não há entre elas uma diferença 
ontológica, essencial. 
 
 Repita-se, a DIFERENÇA SE RESTRINGE AO 
GRAU DE COGNIÇÃO de que se vale o juiz para 
conceder uma e outra: 
 
TUTELA DEFINITIVA  COGNIÇÃO EXAURIENTE  
COISA JULGADA. 
TUTELA PROVISÓRIA  COGNIÇÃO SUMÁRIA  
NÃO HÁ COISA JULGADA. 
 
Desta feita, conforme restou claro, o CPC/2015 
BRASILEIRO CRIA ENTÃO UM LIVRO especialmente 
destinado à regular a “tutela provisória”, ou seja, 
PARA TRATAR DE QUALQUER TIPO DE TUTELA 
CONCEDIDA EM COGNIÇÃO SUMÁRIA. 
 
 
OBS. TERMINOLÓGICA: inclusive seria uma opção 
para o legislador chamar o tema de “tutela 
sumária”, todavia tal terminologia não foi adotada 
para não remeter o operador do direto ao antigo 
procedimento sumário. Eis que até então o adjetivo 
sumário era utilizado para se referir a procedimento 
e não a tipo de tutela. Por isso se optou pelo 
adjetivo “provisória” para suceder o substantivo 
“tutela”, formando assim a expressão “tutela 
provisória” para tentar deixar claro que: 
A TUTELA AQUI TRATADA NÃO TEM SUA DISTINÇÃO 
MARCADA POR AQUILO QUE SE CONCEDE ATRAVÉS 
DELA, MAS SIM PELA ESTABILIDADE DA DECISÃO 
QUE A CONCEDE. 
 
 
Pois bem, estabelecida a PREMISSA DA TUTELA 
PROVISÓRIA A PARTIR DA TUTELA DEFINITIVA, um 
SEGUNDO PASSO indispensável à compreensão da 
temática proposta, conforme mencionado, 
perpassa inevitavelmente por um roteiro de análise 
que evidencia as DIFERENTES ABORDAGENS 
conferidas à tal “tutela concedida por meio de uma 
cognição meramente sumária realizada pelo juiz” da 
causa, a chamada “TUTELA PROVISÓRIA”. 
 
2 - ABORDAGENS ESSENCIAIS DA 
TUTELA PROVISÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO TRÊS AS ABORDAGENS ESSENCIAIS da tutela 
provisória que coexistem no NCPC: 
1ª): QUANTO AO 
PRESSUPOSTO PARA 
A CONCESSÃO 
URGÊNCIA / EVIDÊNCIA; 
2ª): QUANTO AO 
OBJETO 
CAUTELAR / SATISFATIVA; 
3ª): QUANTO AO 
MOMENTO 
ANTECEDENTE / INCIDENTE 
 
Antes de qualquer elucidação mais específica sobre 
o tema, importa ressaltar que TAIS ABORDAGENS 
COEXISTEM, ou seja, em momento algum se 
eliminam. 
 
 
2.1 - QUANTO AO PRESSUPOSTO PARA SUA 
CONCESSÃO: 
 
- Neste particular, se distingue a tutela provisória 
não a partir do que é concedido, mas do FATO QUE 
AUTORIZA SUA CONCESSÃO. 
 
- Aqui NÃO SE PERGUNTA O QUE SE CONCEDE, mas 
SIM AS RAZÕES QUE JUSTIFICAM A CONCESSÃO, os 
fatos que autorizam o juiz a conceder a tutela 
provisória. 
 
- Importante perceber que essa abordagem NÃO se 
preocupa com uma distinção ontológica, 
relacionada ao objeto, mas SIM uma distinção 
pautada na CAUSA DA CONCESSÃO. 
 
- Sob essa ótica a tutela provisória pode fundar-se, 
nos termos do artigo 294 do NCPC na URGÊNCIA 
OU NA EVIDÊNCIA: 
 
Art. 294. A tutela provisória pode 
fundamentar-se em URGÊNCIA OU 
EVIDÊNCIA. 
 
- É importante realizar essa abordagem para se 
perceber que, no direito brasileiro, quando se fala 
em “tutela de urgência” e “tutela de evidência” 
não estamos nos referindo a “coisas” passiveis de 
serem concedidas, mas aos PRESSUPOSTOS PARA A 
CONCESSÃO de uma dada tutela provisória, ou seja, 
às situações da vida que, por serem reveladoras de 
uma urgência ou de uma evidência, autorizam a 
concessão de uma dada tutela provisória. 
 
- Sempre que nos depararmos no novo CPC com a 
expressão “TUTELA DE URGÊNCIA” (arts. 300 a 
310), significa que, como próprio nome sugere, 
estaremos diante de uma dada situação em que o 
pressuposto para a concessão de uma tutela 
provisória se fundará em uma situação de urgência. 
 
- Sempre que nos depararmos no novo CPC com a 
expressão “TUTELA DA EVIDÊNCIA” (art. 311), 
significa que estaremos diante de uma dada 
situação em que o pressuposto para a concessão da 
tutela provisória se fundará na existência de uma 
evidência de direito. 
 
- Pois bem, traçados tais parâmetros, importa neste 
momento entendermos o que venha a ser essa tal 
situação de URGÊNCIA e de EVIDÊNCIA que 
autorizam a concessão de uma dada tutela 
provisória... 
 
 
TUTELA DE URGÊNCIA: 
 
Antes de qualquer coisa, O CÓDIGO DE PROCESSO 
CIVIL DEVE SER TRATADO COMO UMA TÉCNICA, 
por conter um CONJUNTO DE PROCEDIMENTOS 
DIRECIONADOS A UM RESULTADO ÚTIL: a aplicação 
do Direito na resolução de conflitos. 
 
Como forma de se alcançar o resultado útil da 
técnica processual, teorizou-se, a partir da 
sistematização dos estudos de processo com Bülow, 
sobre a necessidade da existência de um 
procedimento apto a promover o acertamento do 
direito, denominado pelos estudiosos de PROCESSO 
DE CONHECIMENTO; e de outro apto a promover a 
satisfação do direito, denominado de processo de 
execução. 
 
Nessa perspectiva, é possível entender que o 
PROCEDIMENTO JUDICIAL ENVOLVE UMA SÉRIE DE 
ATOS REUNIDOS EM FASES, como forma de 
permitir que os sujeitos processuais participem da 
construção do provimento de acertamento e 
satisfação. 
 
TODOS ESSES ATOS E FASES OCORREM DENTRO DE 
LAPSOS TEMPORAIS DEFINIDOS NA LEI. Somando-
se todos esses lapsos temporais, chega-se ao lapso 
temporal de todo o procedimento judicial. 
 
É NESSE PONTO QUE SE ENCONTRA A GRANDE 
QUESTÃO RELACIONADA AO ESTUDO DA 
URGÊNCIA DE TUTELA: 
 
Em determinadas situações, O LAPSO TEMPORAL 
DE DURAÇÃO DO PROCEDIMENTO JUDICIAL SE 
MOSTRA PROLONGADO, a ponto de inviabilizar o 
alcance de seu resultado útil, frustrando a 
satisfação do direito pleiteado ou impossibilitando 
a prática de algum ato futuro do procedimento. 
 
É exatamente este o pano de fundo das tutelas 
provisórias da URGÊNCIA: evitar que o lapso 
temporal prolongado demais inviabilize a obteção 
do resultado útil do processo!!! 
 
DITO ISSO... 
 
1ª) Em uma primeira análise, a “URGÊNCIA” capaz 
de levar à concessão da tutela provisória se 
relaciona, nos termos do art. 300 do NCPC/2015, ao 
“PERIGO”: 
 
 Art. 300. A tutela de urgência será concedida 
quando houver elementos que evidenciem a 
probabilidade do direito e o PERIGO DE DANO 
ou o risco ao resultado útil do processo. 
 
Conforme fica fácil perceber pela leitura do 
dispositivo em tela, trata-se do “perigo de dano”, 
todavia, não é apenas esse o “perigo” capaz de 
levar à concessão de uma tutela provisória. 
 
A exata compreensão do tema ainda leva em conta 
o disposto no §único do artigo 497 do NCPC 
(inserido na seção que trata do julgamento das 
Ações Relativas às Prestações de Fazer,de Não 
Fazer e de Entregar Coisa): 
 
Art. 497. Na ação que tenha por objeto a 
prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se 
procedente o pedido, concederá a tutela 
específica ou determinará providências que 
assegurem a obtenção de tutela pelo resultado 
prático equivalente. 
Parágrafo único. PARA A CONCESSÃO DA 
TUTELA ESPECÍFICA DESTINADA A INIBIR a 
prática, a reiteração ou a continuação de um 
ILÍCITO, ou a sua remoção, (...) 
 
 
A partir do link entre o citado artigo 300 e o §único 
do artigo 497, fica fácil perceber que o “perigo” 
capaz de justifica a concessão de uma tutela 
provisória não é só o de um “dano” aconteça, mas 
também pode ser um perigo de que um “ilícito” 
aconteça. 
 
Neste sentido, o CPC/2015 deixa claro na segunda 
metade do citado §único do art. 497 do NCPC que 
ILÍCITO NÃO SE CONFUNDE COM DANO, podendo 
haver um perigo de ocorrência de um ilícito não 
necessariamente danoso: 
 
Para a concessão da tutela específica destinada 
a inibir a prática, a reiteração ou a continuação 
de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a 
demonstração da ocorrência de dano ou da 
existência de culpa ou dolo. 
 
Assim, O PERIGO CAPAZ DE JUSTIFICA A 
CONCESSÃO DA TUTELA PROVISÓRIA DE 
URGÊNCIA SE CARACTERIZA POR SER UM FATO DA 
VIDA QUE REVELA O RISCO DE UM “DANO” OU DE 
UM “ILÍCITO” OCORRIDO. (ex. pai que pretende 
levar filho para o exterior sem anuência da mãe.) 
 
 
Ainda sobre a tutela de urgência, o caput do artigo 
300 é claro ao dizer que a tutela de urgência não é 
uma tutela só de urgência. Não existe uma tutela 
de urgência pura, porque não basta o perigo, é 
preciso que exista PROBABILIDADE DO DIREITO: 
 
Art. 300. A tutela de urgência será concedida 
quando houver elementos que evidenciem a 
probabilidade do direito E o perigo de dano ou 
o risco ao resultado útil do processo. 
 
Assim sendo, a tutela de urgência IMPRESCINDE 
(NÃO DISPENSA) do perigo de dano ou perigo de 
ilícito e de, no mínimo, a probabilidade do direito. 
 
2ª) Ainda em relação às tutelas de urgência, cumpre 
acrescentar que o regramento legal dado pelos §s 
do artigo 300 autorizam o juiz da causa a: 
- EXIGIR CAUÇÃO REAL OU 
FIDEJUSSÓRIA1 idônea para ressarcir os 
danos que a outra parte possa vir a 
sofrer, podendo a CAUÇÃO SER 
DISPENSADA se a parte economicamente 
hipossuficiente não puder oferecê-la 
(§1ª). 
- CONCEDER A TUTELA provisória 
arrimada na urgência liminarmente 
(antes de se ouvir a parte contrária) ou 
após justificação prévia (§2º). 
 
1 garantias reais são - aquelas em que o cumprimento de determinada obrigação é garantido por meio 
de um bem móvel (ex: penhor), imóvel (ex: hipoteca) ou anticrese (entrega um bem imóvel ao credor, 
para que os frutos deste bem compensem a dívida). Já as garantias fidejussórias são aquelas prestadas 
por pessoas, e não por bens. No caso de descumprimento de determinada obrigação, a satisfação do 
débito será garantida por uma terceira pessoa, que não o devedor. As modalidades de garantia pessoal 
são o aval e a fiança. 
 
- NEGAR A CONCESSÃO de tutela 
provisória arrimada na urgência, quando 
houver perigo de irreversibilidade dos 
efeitos da decisão (§3º). O que, diante do 
caso concreto, comporta relativização!! 
(ENUNCIADO 419 do FPPC – fórum 
permanente dos processualistas civis) 
 
 
3ª) Outra OBSERVAÇÃO a ser feita em relação à 
TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA é a de que ela 
PODE SER PRESSUPOSTO tanto para justificar a 
concessão de uma TUTELA PROVISÓRIA CAUTELAR, 
quanto de uma TUTELA DE PROVISÓRIA 
SATISFATIVA/ANTECIPADA, as quais, conforme 
ainda veremos, podem ser requeridas em caráter 
antecedente ou incidente (art. 294, & único, 
NCPC/2015). 
 
 
4ª) Por fim, uma última OBSERVAÇÃO que merece 
destaque é aquela contida no art. 302 do 
NCPC/2015: 
Art. 302. Independentemente da reparação por 
dano processual, A PARTE RESPONDE PELO 
PREJUÍZO QUE A EFETIVAÇÃO DA TUTELA DE 
URGÊNCIA CAUSAR À PARTE ADVERSA, se: 
I - a sentença lhe for desfavorável; 
II - obtida liminarmente a tutela em caráter 
antecedente, não fornecer os meios necessários 
para a citação do requerido no prazo de 5 
(cinco) dias; 
III - ocorrer a cessação da eficácia da medida 
em qualquer hipótese legal; 
IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou 
prescrição da pretensão do autor. 
Parágrafo único. A indenização será liquidada 
nos autos em que a medida tiver sido 
concedida, sempre que possível. 
 
 
Tecidas as considerações em relação à tutela 
provisória concedida em razão de uma situação de 
urgência, PASSA-SE À EXPLANAÇÃO DA TUTELA 
PROVISÓRIA CONCEDIA EM RAZÃO DE UMA 
SITUAÇÃO DE EVIDÊNCIA: 
 
 
TUTELA DA EVIDÊNCIA: 
 
 
A TUTELA DA EVIDÊNCIA, como o próprio nome 
sugere, é uma tutela que SE FUNDA APENAS NA 
DEMONSTRAÇÃO DA EVIDÊNCIA DE UM DADO 
DIREITO, não há necessidade de se demonstrar 
urgência, tanto o é que o art. 311 é categórico ao 
dispor que: 
 
Art. 311. A tutela da evidência será 
concedida, INDEPENDENTEMENTE DA 
DEMONSTRAÇÃO DE PERIGO DE DANO OU 
DE RISCO AO RESULTADO ÚTIL DO 
PROCESSO, (...) 
 
Conforme resta cristalino pela leitura do dispositivo 
em questão, o fundamento básico para a concessão 
da tutela é a evidência, a DEMONSTRAÇÃO DE QUE 
O DIREITO ALI PLEITEADO É BEM PROVÁVEL, 
dispensando assim a comprovação de urgência. 
 
Portanto, para sua CONCESSÃO basta referir-se a 
uma das hipóteses que revelam a evidência 
dispostas no artigo 311 do NCPC/2015. 
 
 
Dito isto, algumas OBSERVAÇÕES em relação a essa 
tutela devem ser feitas: 
 
1ª) A tutela de evidência é SEMPRE SATISFATIVA. 
Não existe tutela provisória cautelar da evidência. 
Se estou diante de uma situação de evidência do 
direito que autoriza de pronto a satisfação, não faz 
sentido lançar mão de uma medida protetiva que, 
conforme se verá adiante, é a essência da tutela 
cautela. 
 
2ª) A tutela da evidência não é uma novidade do 
NCPC/2015, ela sempre existiu, apesar de não 
adotar tal rubrica. O rótulo legislativo pode até ser 
uma novidade, mas o instituto não. 
EX.: o instituto já existia, a exemplo da tutela antecipada concedida 
liminarmente na ação de despejo, nas ações possessórias ou monitorias. 
EX.2: o próprio art. 273, inciso II do CPC/73, que trata da possibilidade de 
antecipação dos efeitos da tutela (satisfativa) fundado em abuso do 
direito de defesa, já fazia previsão da tutela de evidência. 
 
 
3º) Além do rótulo dado à matéria, o NCPC/2015 
trouxe ainda DUAS NOVAS POSSIBILIDADES 
capazes de ensejar a tutela provisória de evidência 
(que relembra-se só pode ser satisfativa, jamais 
cautelar), as quais encontram-se dispostas nos 
incisos II e IV do artigo 311 do NCPC. 
 
Vejamos todo o conteúdo do citado artigo: 
 
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, 
independentemente da demonstração de 
perigo de dano ou de risco ao resultado útil do 
processo, quando: 
I - ficar caracterizado o abuso do direito de 
defesa ou o manifesto propósito protelatório da 
parte; (nada mais que revela senão o conteúdo 
do antigo artigo 273, inciso II) 
 
O JUIZ A CONCEDERÁ quando no curso do 
processo, a conduta do réu é tal que permite 
inferir que está protelando o julgamento, ou 
buscando auferir vantagens indevidas, em 
decorrência do tempo. 
 
Nesse caso, a tutela tem menos caráter preventivo, 
como nas tutelas de urgência, e mais 
repressivo/sancionatório: visa sancionar a atitude 
abusiva, de má-fé, de abuso por parte do réu. 
 
Se o juiz constata que o réu se aproveita de 
determinada situação para fazer recair o ônus da 
demora do processo exclusivamente sobre o autor, 
concede a tutela como forma de redistribuir esse 
ônus. Afinal, concedida a medida, passará a serdo 
interesse do réu que o processo tenha rápida 
solução. 
 
O requisito para a concessão de uma tutela 
provisória satisfativa da evidência com base no 
inciso I do art. 311, FICARÁ CARACTERIZADO 
quando o réu suscita defesas ou argumentos 
inconsistentes apenas para ganhar tempo, ou 
incidentes protelatórios, para retardar o 
julgamento. 
 
Mas ATENÇÃO!!! Nestes casos, se a demanda 
envolver MATÉRIA EXCLUSIVAMENTE DE DIREITO, 
não será caso de antecipação dos efeitos da tutela 
com arrimo na evidência, mas de JULGAMENTO 
ANTECIPADO DA LIDE. SOMENTE quando o 
julgamento não for ainda possível, por haver 
necessidade de provas, a TUTELA DA EVIDÊNCIA 
poderá ser concedida. 
 
(Continuação Art. 311.) A tutela da evidência 
será concedida, independentemente da 
demonstração de perigo de dano ou de risco ao 
resultado útil do processo, quando: 
II - as alegações de fato puderem ser 
comprovadas apenas documentalmente e 
houver tese firmada em julgamento de casos 
repetitivos ou em súmula vinculante; 
(novidade!!) 
 
Dos quatro incisos do art. 311 do novo CPC/2015, 
este é sem dúvida o que mais merece uma análise 
cuidadosa. 
 
Tal inciso prevê a possibilidade de uma tutela 
provisória da evidência quando o pedido de uma 
determinada demanda estiver lastrado em um 
PRECEDENTE OBRIGATÓRIO. 
 
Assim, se o pedido do autor estiver lastreado em 
súmula vinculante ou com tese firmada em 
julgamento de casos repetitivos, o juiz poderá 
conceder uma tutela provisória sem a menor 
necessidade de se comprovar a urgência, tudo isso 
até mesmo sem ouvir a parte contrária, ou seja, 
liminarmente (§único do artigo 311). 
 
Sem dúvida trata-se de uma MUDANÇA 
PARADIGMÁTICA no nosso sistema processual, 
uma vez que não há nada parecido com isso no 
CPC/73 e revela uma força muito grande atribuída 
pelo novo CPC/2015 aos precedentes judiciais. 
 
Neste ponto merece destaque CONTUNDENTE 
CRÍTICA DE PARTE DA DOUTRINA BRASILEIRA (Vide 
Prof. Dr. Fernando Horta Tavares) em relação à 
FORMA COMO VEM SENDO CONSTRUÍDOS OS 
JULGADOS REPETITIVOS E AS SÚMULAS: segundo 
sustentam, grande parte desses julgados é 
construída sem qualquer legitimidade 
democrática, constituindo-se em decisões 
autoritárias tomadas pelos tribunais sem o devido 
amadurecimento da matéria e sem a participação 
daqueles que sofrerão os efeitos, em grande 
violação à garantia constitucional do contraditório. 
 
(continuação Art. 311.) A tutela da evidência 
será concedida, independentemente da 
demonstração de perigo de dano ou de risco ao 
resultado útil do processo, quando: 
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado 
em prova documental adequada do contrato de 
depósito, caso em que será decretada a ordem 
de entrega do objeto custodiado, sob 
cominação de multa; 
 
Pedido reipersecutório é aquele através do qual se 
reivindica um bem e/ou direito que não se 
encontram estabelecidos no patrimônio daquele 
que o formulou, ou seja, é um pedido através do 
qual se reivindica a posse ou propriedade sobre 
uma coisa, geralmente em ações de execução de 
dívidas ou de posse e propriedade (como execução 
de penhora, hipoteca ou alienação fiduciária). 
 
Tal inciso nada mais revela senão o conteúdo do 
antigo artigo 902 que tratava da ação de depósito. 
O NOVO CPC/2015 tira a ação de depósito do rol 
dos procedimentos especiais e a insere dentro 
título III (Da Tutela da Evidência), do seu livro V (Das 
Tutelas Provisória). 
 
Havendo então prova suficiente do contrato de 
depósito, fara o demandante jus à concessão de 
tutela (provisória) da evidência, devendo ser 
proferida decisão que determine a entrega da coisa 
depositada em certo prazo, sob pena de multa pelo 
não cumprimento do preceito. 
 
Assim como acontece com a tutela da evidência 
requerida com base no inciso II deste artigo, o § 
único do artigo em análise autoriza ao juiz a 
concessão liminar da tutela de evidência que tenha 
por base o inciso III. 
 
(continuação Art. 311.) A tutela da evidência 
será concedida, independentemente da 
demonstração de perigo de dano ou de risco ao 
resultado útil do processo, quando: 
IV - a petição inicial for instruída com prova 
documental suficiente dos fatos constitutivos 
do direito do autor, a que o réu não oponha 
prova capaz de gerar dúvida razoável. 
(novidade!!) 
 
Trata-se de mais um caso de tutela da evidência 
fundada em direito líquido e certo (isto é, em 
direito cujo fato constitutivo é demonstrável 
através de prova documental pré-constituída). 
 
Mas, diferente do que prevê o inciso II, aqui não há 
precedente ou súmula vinculante aplicável ao caso. 
Por tal razão, a concessão de uma tutela da 
evidência baseada neste inciso IV, EXIGE, além da 
prova documental suficiente dos fatos constitutivos 
do direito do autor, que o réu não tenha 
apresentado em contestação elementos de prova 
capazes de gerar dúvida razoável acerca da 
veracidade das alegações feitas pelo autor. 
 
Aqui, da soma dos elementos probatórios trazidos 
pelo autor e a falta de elementos convincentes 
trazidos pelo réu extrai-se a PROBABILIDADE 
MÁXIMA (evidência) da existência do direito 
substancial alegado pelo demandante. 
 
Esclarecida a primeira forma de abordagem da 
tutela provisória disciplinada pelo NCPC brasileiro 
(quanto ao pressuposto para a concessão), 
passemos ao exame da segunda forma de 
abordagem constante do roteiro proposto, qual 
seja: 
 
2. 2. QUANTO AO OBJETO: 
 
A segunda forma de se encarar a tutela provisória é 
PARTINDO DO QUE ELA EFETIVAMENTE É, pelo que 
se concede, pelo seu objeto. Sob essa perspectiva, 
LEVA-SE EM CONTA O QUE REALMENTE É 
PROVISORIAMENTE CONCEDIDO. 
 
- Nesta toada, a tutela provisória pode ser: 
 
CAUTELAR X SATISFATIVA 
 
Assim sendo, é possível, pelo NCPC/2015, conceder 
tanto uma tutela provisória cautelar, quanto uma 
tutela provisória satisfativa/antecipada. 
 
Na busca pela DISTINÇÃO de uma espécie de tutela 
e outra, o já citado Prof. Dr. FREDIE DIDIER Jr., é 
insuperavelmente didático ao utilizar-se de uma 
METÁFORA entre as tutelas cautelar e 
satisfativa/antecipada com equipamentos 
domésticos: 
 
- Pensem em uma geladeira e pensem em uma 
frigideira. Agora imaginem duas pessoas 
disputando um pedaço de carne. 
 
1ª) vai a juízo e diz assim: “Sr. Juiz, pegue esse 
pedaço de carne e coloque ele em uma geladeira 
porque ao final da disputa judicial, aquele que 
ganhar vai poder pegar o pedaço de carne e se 
alimentar. A geladeira vai CONSERVAR a carne na 
pendência da disputa judicial”. 
 
2º) litigante diz assim: “Sr. Juiz, eu preciso comer 
para não morrer de fome. Enquanto essa briga 
estiver rolando eu não tenho condições de 
sobreviver sem comer. Por isso peço-lhe 
autorização para COMER UM BIFE desse pedaço de 
carne durante a pendência da disputa judicial”. –
sendo a medida deferida o bife sai da geladeira e 
vai para a frigideira. 
 
 
Geladeira e frigideira, são dois EQUIPAMENTOS 
QUE TÊM FINALIDADES DISTINTAS. A GELADEIRA 
CONSERVA, ao passo em que a FRIGIDEIRA 
ACELERA A SATISFAÇÃO. 
 
Quando alguém se encaminha ao judiciário 
solicitando que se coloque algo na FRIGIDEIRA, 
esse alguém DESEJA A SATISFAÇÃO; por outro lado 
se solicitar que se coloque na GELADEIRA enquanto 
a briga estiver pendente, solicita então uma 
CAUTELA. 
 
Daí pode-se concluir que tutela cautelar e tutela 
satisfativa são duas coisas distintas... 
 
 A TUTELA CAUTELAR se caracteriza por ser uma 
tutela que ASSEGURA uma situação de fato para 
que no futuro se possibilite o exercício de um 
dado direito. 
 
Então pode-se afirmar que ela resguarda agora 
para uma satisfação futura, daí dizer que ela é 
sempre TEMPORÁRIA, porque ela sempre se 
refere a um outro direito que se busca satisfazer 
depois. 
 
VOLTANDO À METÁFORA:não há sentido 
colocar uma carne para sempre na geladeira. A 
geladeira se presta a conservar a carne para um 
dia ser preparada e degustada. 
 
Se por um lado a TUTELA CAUTELAR visa garantir 
o resultado útil da técnica processual mediante 
o asseguramento de pessoas, coisas e provas 
imprescindíveis à prática de ato ou fase do 
procedimento... 
 
 POR OUTRO LADO A TUTELA 
ANTECIPADA/SATISFATIVA caracteriza-se por ser 
um instituto do direito processual que visa 
solucionar o problema do alongado lapso 
temporal entre a instauração do procedimento e 
o provimento final, através da imediata 
satisfação da pretensão do interessado, ainda 
que em caráter provisório. 
 
VOLTANDO À METÁFORA: a frigideira se presta a 
fritar a carne. Não se frita uma carne para 
guardar, mas sim para comer. 
 
Compreendida a distinção entre a tutela satisfativa 
e tutela cautelar, passemos ao exame da terceira e 
última forma de abordagem constante do roteiro 
inicialmente proposto, qual seja: 
 
2. 3. QUANTO AO MOMENTO DO 
REQUERIMENTO: 
 
A abordagem aqui em comento leva em conta 
“momento do requerimento” e não “momento da 
concessão” da tutela provisória. 
 
Neste particular o NCPC/2015 faz uma distinção 
entre a tutela provisória requerida em caráter: 
 
ANTECEDENTE X INCIDENTE 
 
- A tutela provisória INCIDENTE é aquela requerida 
conjuntamente com o pedido de tutela final 
(formulado na própria petição inicial que inaugura o 
procedimento comum) OU no decorrer do 
processo, após já se ter formulado o pedido de 
tutela final. 
 
Portanto, PRESSUPÕE A INSTAURAÇÃO DO 
PROCESSO COM A APRESENTAÇÃO DO PEDIDO 
FINAL. 
 
Tanto o é que nos termos do art. 295 do 
NCPC/2015: 
Art. 295. A tutela provisória requerida em 
caráter incidental independe do pagamento de 
custas. 
 
Isso por uma razão óbvia: já houve pagamento de 
custas processuais desde a instauração do processo 
no âmbito do qual foi apresentado o pedido de 
tutela final. 
 
- Já a tutela provisória ANTECEDENTE, uma das 
novidades trazidas pelo NCPC, é aquela REQUERIDA 
ANTES MESMO DE SE FORMULAR O PEDIDO DE 
TUTELA FINAL. O autor se encaminha ao judiciário 
apenas para solicitar uma tutela provisória de 
urgência, seja ela cautelar ou 
antecipada/satisfativa. 
 
ATENÇÃO: Muitos operadores do direito, buscando 
uma associação com o teor do CPC/73, podem 
automaticamente tentar associar a “tutela 
provisória antecedente” à ANTIGA “TUTELA 
CAUTELAR PREPARATÓRIA” a qual autorizava a 
parte, antes mesmo do ajuizamento da demanda 
principal requerer a concessão de uma medida 
cautelar. MAS ESSA ASSOCIAÇÃO NÃO DEVE SER 
FEITA!!! 
 
A PRIMEIRA RAZÃO que nos leva a não realizar a 
mencionada associação é o fato de que não apenas 
a tutela provisória cautelar pode ser requerida em 
caráter antecedente, mas também o pode a tutela 
satisfativa/antecipada. Isso é o que dispõe o §único 
do artigo 294 do NCPC/2015: 
 
Art. 294. (...) 
Parágrafo único. A tutela provisória de 
urgência, cautelar ou antecipada, pode ser 
concedida em caráter antecedente ou 
incidental. 
 
A SEGUNDA RAZÃO reside no fato de que na antiga 
cautelar preparatória, depois de efetivada a 
medida, a parte interessada tinha o prazo de trinta 
dias para o ajuizamento de uma nova ação, então 
denominada de ação principal. 
 
No novo CPC/2015 não acontece mais assim. Não 
mais se concede trinta dias para o ajuizamento de 
um novo processo. O que se tem que fazer é apenas 
um aditamento da petição inicial, de forma a 
apresentar o pedido final. Vejamos os dispositivos 
legais: 
 
 
DA TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA EM 
CARÁTER ANTECEDENTE: 
Art. 303. (...) 
§ 1o Concedida a tutela antecipada a que se 
refere o caput deste artigo: 
I - o autor deverá aditar a petição inicial, (...), 
em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior 
que o juiz fixar; 
(...) 
§ 3o O aditamento a que se refere o inciso I do § 
1o deste artigo dar-se-á nos MESMOS AUTOS, 
sem incidência de novas custas processuais. 
 
DA TUTELA CAUTELAR REQUERIDA EM 
CARÁTER ANTECEDENTE: 
Art. 308. Efetivada a tutela cautelar, o pedido 
principal terá de ser formulado pelo autor no 
prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será 
apresentado nos MESMOS AUTOS em que 
deduzido o pedido de tutela cautelar, não 
dependendo do adiantamento de novas custas 
processuais. 
 
TRATA-SE DO MESMO PROCESSO, não há que se 
falar na instauração de uma nova demanda. Algo 
bem mais simples!!! 
 
 
ATÉ O PRESENTE MOMENTO, a perspectiva dada às 
tutelas provisórias cautelar e antecipada/satisfativa 
foi no sentido de que ambas possuem os mesmos 
pressupostos, qual seja: urgência + probabilidade 
do direito. 
 
 
Mas é chegada a hora em 
que a essência de CADA 
UMA DAS TUTELAS ACABA 
POR EXIGIR UM 
REGRAMENTO ESPECÍFICO que assegure suas 
respectivas peculiares, até porque, voltando à 
associação anteriormente feita: “frigideira” não é a 
mesma coisa que “geladeira”, e como tal, por óbvio 
que seus regramentos têm que guardar 
características peculiares a cada um deles. 
 
 
Por mais que se tenha tentado equiparar uma 
tutela a outra, não há como serem idênticas em 
tudo. Há um momento em que o PRÓPRIO CÓDIGO 
DISTINGUE O REGRAMENTO conferido à tutela 
cautelar do regramento conferido à tutela 
satisfativa/antecipada, uma vez que, ao tratar das 
“TUTELAS DE URGÊNCIA”, DIFERENCIA o 
procedimento da TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA 
EM CARÁTER ANTECEDENTE (artigos 303 e 304) do 
procedimento da TUTELA CAUTELAR REQUERIDA 
EM CARÁTER ANTECEDENTE (artigos 305 a 310 do 
novo CPC/2015). 
 
Importa mais uma vez frisar que os pressupostos 
para a concessão de cada uma das tutelas 
fundadas na urgência, permanecem os mesmos 
(art. 300, NCPC/2015), mas há que se perceber as 
DIFERENÇAS em relação às CONSEQUÊNCIAS DE 
UMA TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE E DE UMA 
TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE. 
 
A GRANDE DIFERENÇA, conforme veremos, está na 
chamada “ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA”, só 
admitida no procedimento de tutela antecipada 
antecedente. 
 
Vejamos cada um dos procedimentos abaixo: 
 
 
 
 
TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE: 
 
 PROCEDIMENTO (art. 305 ao art. 310): 
 
- Conforme determinação legal contida no art. 305 
do NCPC/2015: 
 
Art. 305. A petição inicial da ação que visa à 
prestação de tutela cautelar em caráter 
antecedente indicará a lide e seu fundamento, 
a exposição sumária do direito que se objetiva 
assegurar e o perigo de dano ou o risco ao 
resultado útil do processo. 
 
Assim sendo, a petição inicial que veicula a 
demanda, além de ser escrita e preencher os 
requisitos básicos de toda e qualquer petição 
inicial (art. 319, I, II, V e VI do NCPC), deve conter: 
 
a) indicação da lide, seu fundamento e exposição 
sumária da probabilidade do direito que se busca 
acautelar; 
 
b) demonstração do perigo da demora (art. 305 e 
seguintes, CPC); e 
 
c) requerimento de concessão de tutela provisória 
cautelar, em caráter antecedente, liminarmente ou 
mediante justificação prévia (art. 300, §2º, CPC); 
 
 
 
- Ao fazer o JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE da inicial, o 
juiz poderá determinar sua EMENDA (na forma do 
art. 321, NCPC), INDEFERI-LA (nos casos do art. 330, 
NCPC), OU simplesmente DEFERI-LA se estiver 
totalmente regular e em termos. 
 
- RECEBIDA A PETIÇÃO INICIAL de tutela cautelar 
antecedente, nos termos da legislação vigente, o 
juiz deverá: 
a) julgar o requerimento liminar de tutela cautelar, 
se assim formulado, ou mediante justificação 
prévia, se necessária; 
 
b) ordenar o cumprimento da medida (se 
deferida); 
 
c) bem como citar o réu nos termos do art. 306: 
 
Art. 306. O réu será citado para, no prazo de 5 
(cinco) dias, contestar o pedido e indicar as 
provas que pretende produzir. 
 
 
- NÃO CONTESTADOo pedido de tutela cautelar 
antecedente, fica configurada a REVELIA, e os fatos 
alegados até então pelo autor serão tomados como 
ocorridos, de forma que o juiz proferirá decisão 
definitiva sobre o pedido cautelar no prazo de 05 
dias (art. 307, CPC). 
OBS.: A presunção de veracidade desta revelia 
segue o regime jurídico geral, previsto no art. 344, 
CPC. 
 
 
Não sendo contestado o pedido, os fatos 
alegados pelo autor presumir-se-ão aceitos 
pelo réu como ocorridos, caso em que o juiz 
decidirá dentro de 5 (cinco) dias. 
 
 
- Uma vez CONCEDIDA A TUTELA CAUTELAR 
ANTECEDENTE, o autor terá o prazo de 30 dias para 
PROMOVER A EFETIVAÇÃO, sob pena de cessação 
da sua eficácia, na forma do art. 309, II, NCPC/2015. 
 
OBS.: se o requerente buscou e fez o que era 
necessário para tanto, mas a medida não se 
efetivou porque, por exemplo, o oficial de justiça 
não citou/intimou o requerido, ou ainda porque 
este, mesmo citado/intimado, não cumpriu a 
ordem, NÃO HÁ QUE FALAR EM CESSAÇÃO DA SUA 
EFICÁCIA. 
 
OBS.2: Se POR OUTRO LADO decorreu esse prazo 
sem a efetivação da medida, e desde que isso seja 
imputável ao próprio requerente, presume-se que 
desapareceu o risco e que a parte não mais deseja a 
medida cautelar. 
 
- PROMOVIDA, CONTUDO, SUA EFETIVAÇÃO, com 
emprego de qualquer medida adequada para 
tanto2, começará a correr (da data que foi praticado 
o primeiro ato de efetivação) o prazo de 30 dias 
para que o autor FORMULE O PEDIDO DE TUTELA 
FINAL (também chamado no direito brasileiro de 
“tutela definitiva satisfativa” ou "pedido principal") 
E ADITE A CAUSA DE PEDIR CORRELATA, sob pena 
de cessação da eficácia da medida cautelar (art. 
308, caput e §2º c/c art. 309, inciso I): 
 
 
- Uma vez apresentado o pedido principal, haverá 
INTIMAÇÃO DAS PARTES, por meio de seus 
 
2 (ex.: arresto, sequestro, arrolamento de bens e registro de protesto 
contra alienação de bens) 
respectivos advogados ou pessoalmente, para 
comparecimento em audiência para tentativa de 
conciliação/mediação: 
 
Art. 308, § 3º Apresentado o pedido principal, 
as partes serão intimadas para a audiência de 
conciliação ou de mediação, na forma do art. 
334, por seus advogados ou pessoalmente, sem 
necessidade de nova citação do réu. 
§ 4º NÃO HAVENDO AUTOCOMPOSIÇÃO, o 
prazo para contestação será contado na forma 
do art. 335. (ou seja, no prazo de 15 dias 
contados da audiência, podendo ser em dobro 
no caso de litisconsortes com procuradores 
diferentes – art. 229, NCPC) 
 
 
- Na sequência, o juiz prosseguirá pelo 
procedimento comum, até a prolação da 
SENTENÇA em que julgará o pedido de tutela 
cautelar em definitivo (se não tiver sido objeto de 
julgamento antecipado, na forma do art. 307, CPC), 
para confirmá-la, modificá-la ou revogá-la, bem 
como julgará ainda o pedido de tutela satisfativa 
definitiva ("pedido principal"). 
 
 
- Se a SENTENÇA FOR DE IMPROCEDÊNCIA do 
pedido principal (ou do cautelar) OU DE EXTINÇÃO 
DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, 
CESSARÁ a eficácia da tutela cautelar concedida 
antecedentemente (art. 309, III, CPC). 
 
 
- A despeito do silêncio da lei, se a SENTENÇA FOR 
DE PROCEDÊNCIA DO PEDIDO PRINCIPAL, depois 
de definitivamente efetivado e satisfeito o direito 
objeto do pedido, CESSARÁ a eficácia da tutela 
cautelar, que PERDE A UTILIDADE DE ACAUTELAR 
UM DIREITO JÁ REALIZADO. 
OBS.: Cessada a eficácia da cautelar em qualquer 
uma das hipóteses acima abordadas, a parte não 
pode renovar o pedido respectivo, salvo com novo 
fundamento (art. 309, parágrafo único). 
 
 
- Por fim, ainda no que se refere à tutela cautelar 
antecedente, cumpre consignar que o seu 
indeferimento não obsta a que a parte formule o 
pedido principal, nem mesmo influencia no seu 
julgamento, “SALVO se o motivo do indeferimento for o 
reconhecimento de decadência ou de prescrição” (art. 310, 
NCPC). 
 
 
 
TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE: 
 
Já no que tange ao procedimento da “tutela 
antecipada requerida em caráter antecedente”, o 
regramento é diferente: 
 
- Prevista nos artigos 303 e 304 do NCPC, a tutela 
satisfativa/antecipada antecedente representa uma 
grande inovação para o processo civil brasileiro uma 
vez que a mesma pode se tornar definitiva, ou, 
utilizando da expressão trazida pelo NCPC: pode 
“tornar-se estável”. 
 
 
- Conforme se pode extrair do caput do 
mencionado dispositivo legal, A ESTABILIZAÇÃO DA 
TUTELA OCORRE QUANDO ELA É CONCEDIDA EM 
CARÁTER ANTECEDENTE E NÃO É IMPUGNADA 
pelo réu, litisconsorte ou assistente simples: 
 
Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos 
termos do art. 303, torna-se estável se da 
decisão que a conceder não for interposto o 
respectivo recurso. 
 
- Ainda sobre o tema, ensina os parágrafos do 
citado dispositivo legal que ocorrendo a 
estabilização, o PROCESSO SERÁ EXTINTO e a 
decisão antecipatória CONTINUARÁ PRODUZINDO 
EFEITOS, enquanto não for ajuizada ação 
autônoma para revisá-la, reformá-la ou invalidá-la 
(isso é possível uma vez que, até então, não se tem, 
obviamente, resolução de mérito quanto ao pedido 
definitivo – a estabilização, aliás, ocorre num 
momento em que o pedido definitivo sequer foi 
formulado). Vejamos o regramento legal: 
 
Art. 304 (...) 
§ 1o No caso previsto no caput, o processo será 
extinto. 
§ 2o Qualquer das partes poderá demandar a 
outra com o intuito de rever, reformar ou 
invalidar a tutela antecipada estabilizada nos 
termos do caput. 
§ 3o A tutela antecipada conservará seus 
efeitos enquanto não revista, reformada ou 
invalidada por decisão de mérito proferida na 
ação de que trata o § 2o. 
§ 4o Qualquer das partes poderá requerer o 
desarquivamento dos autos em que foi 
concedida a medida, para instruir a petição 
inicial da ação a que se refere o § 2o, prevento 
o juízo em que a tutela antecipada foi 
concedida. 
§ 5o O direito de rever, reformar ou invalidar a 
tutela antecipada, previsto no § 2o deste artigo, 
extingue-se após 2 (dois) anos, contados da 
ciência da decisão que extinguiu o processo, nos 
termos do § 1o. 
§ 6o A decisão que concede a tutela não fará 
coisa julgada, mas a estabilidade dos 
respectivos efeitos só será afastada por 
decisão que a revir, reformar ou invalidar, 
proferida em ação ajuizada por uma das partes, 
nos termos do § 2o deste artigo. 
 
- Por essa razão se diz que a estabilização da tutela 
provisória antecipada antecedente, representa 
(Vide Prof. Dr. Fredie Didier Jr.), uma TÉCNICA DE 
MONITORIZAÇÃO do processo civil brasileiro, 
prevista no artigo 304 do NCPC/2015, ou seja, uma 
GENERALIZAÇÃO DA TÉCNICA MONITÓRIA, 
introduzindo-a no procedimento comum para 
situações de urgência3 e para a tutela satisfativa4, 
na medida em que assim como ocorre na ação 
monitória5, viabiliza a obtenção de resultados 
práticos a partir da inércia do réu. 
 
 
DITO ISSO... 
 
- A grande DÚVIDA QUE SE COLOCA é a seguinte: 
 
 
Há alguma vantagem para o réu 
permanecer silente no caso da 
estabilização de uma tutela 
antecipada antecedente????? 
 
 
 
3 A tutela provisória baseada na evidência somente poderá ser 
requerida em caráter incidente. Jamais antecedente (interpretação 
excludente extraída do art. 294, §único, NCPC/2015). 
4 Conforme visto, a tutela provisória cautelar antecedente possui 
regramento próprio, não sendo a decisão que a concede passível de 
estabilização (vide artigos 308 e 309, NCPC/2015). 
5 Todas as vezes em que estamos diante de um documento escrito 
despido de força executiva e que atesta o direito a uma prestação 
de pagar quantia certa ou entregar coisa, é perfeitamente possível 
comparecer ao judiciário por meio deação monitória, através da qual 
o juiz, mediante uma cognição ainda sumária, poderá expedir 
mandado determinando que o réu cumpra a obrigação em quinze 
dias ou se defenda através de embargos monitórios. 
SIM, existem vantagens para o réu, 
consubstanciadas na DIMINUIÇÃO DO CUSTO DO 
PROCESSO!!! 
 
- Aplicando-se analogicamente o §1º do artigo 701, 
bem como o seu caput, chega-se à conclusão de 
que, por não haver resistência, o réu não pagará as 
custas processuais (§1º, 701) e pagará apenas 5% 
de honorários advocatícios sucumbenciais (caput, 
701): 
 
Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o 
juiz deferirá a expedição de mandado de 
pagamento, de entrega de coisa ou para 
execução de obrigação de fazer ou de não 
fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) 
dias para o cumprimento e o pagamento de 
honorários advocatícios de cinco por cento do 
valor atribuído à causa. 
§ 1o O RÉU SERÁ ISENTO DO PAGAMENTO DE 
CUSTAS PROCESSUAIS SE CUMPRIR O 
MANDADO NO PRAZO. 
 
- A estabilização da tutela antecedente satisfativa 
de fato é algo completamente novo e um tanto 
quanto complexo, mas que pode ser uma medida 
bem interessante se usada na gestão dos 
processos (uma vez que reflete diretamente no 
arbitramento de custas e honorários advocatícios). 
 
- OUTRO EXEMPLO que pode bem ilustrar a 
vantagem do réu em permanecer silente: 
Um estudante que ainda não concluiu o ensino 
médio presta vestibular para uma instituição de 
ensino superior e é aprovado. Como é evidente, no 
Brasil, sua matrícula não poderá ser aceita, uma vez 
que o estudante ainda não tem concluído o ensino 
médio (requisito indispensável para o ingresso no 
ensino superior segundo o Ministério da Educação). 
 
Diante da recusa da instituição de ensino superior, 
o estudante se encaminha ao judiciário solicitando 
uma tutela provisória satisfativa/antecipada 
antecedente. 
 
Tal tutela é conferida!!! 
 
Pode ser que não haja interesse de contestar a 
medida por parte da instituição de ensino superior 
que apenas indeferiu a matrícula porque seguiu 
uma orientação do Ministério da Educação. 
 
Pois bem... 
- Neste ponto da discussão já temos condições de 
extrair os OBJETIVOS DA ESTABILIZAÇÃO da tutela: 
1º) afastar o perigo de demora através da 
concessão de uma tutela provisória baseada na 
urgência; 
2º) oferecer resultados efetivos e imediatos diante 
da inércia do réu. 
 
- Ok!! Mas para que isso ocorra, indispensável se faz 
a configuração de alguns PRESSUPOSTOS: 
a) É preciso que o autor tenha REQUERIDO 
uma tutela provisória satisfativa/antecipada 
antecedente, uma vez que conforme visto, só 
ela tem, nos termos do art. 304, aptidão para 
se estabilizar: 
A opção pela tutela antecedente deve ser 
expressamente declarada pelo autor (art. 303, §5º, 
NCPC/2015). Ao assim agir, o autor manifesta, por 
consequência, sua intenção de vê-la estabilizada, 
uma vez preenchido o suporte fático do art. 304. 
 
b) É preciso que o autor NÃO tenha 
manifestado, na petição inicial, A SUA 
INTENÇÃO DE DAR PROSSEGUIMENTO AO 
PROCESSO após a obtenção da pretendida 
tutela antecipada: 
Trata-se de um requisito NEGATIVO, NO SENTIDO 
DE NÃO FAZER, uma vez que presente tal 
requerimento não ocorrerá a estabilização. 
A estabilização do processo normalmente é algo 
positivo para o autor, mas pode acontecer de não 
haver interesse na estabilização do processo. 
Um EXEMPLO, pode ser as situações em que o 
autor deseja uma tutela declaratória e constitutiva 
que só lhe será útil uma vez concedida em caráter 
definitivo e com força de coisa julgada: 
Ex.: Não basta a separação provisória de corpus, é 
necessário um divórcio definitivo com dissolução 
do vínculo matrimonial, para só então se realizar o 
direito, permitindo que o interessado contraia 
novas núpcias; 
Ex.: Não basta a sustação ou o cancelamento do 
protesto de um título, é preciso a sua invalidação 
por decisão definitiva. 
Assim, se o autor tiver interesse em dar 
continuidade ao processo, independentemente da 
postura adotada pelo réu, é indispensável que se 
declare expressamente tal vontade desde a petição 
inicial (na qual foi requerida a tutela). 
c) É indispensável que HAJA DECISÃO 
CONCESSIVA da tutela provisória 
satisfativa/antecipada em caráter antecedente: 
Nos termos do caput do art. 304 do NCPC/2015, 
somente uma decisão positiva pode se estabilizar, 
seja ela proferida pelo juízo de primeiro grau ou 
fruto de uma decisão concessiva proferida em sede 
de recurso de agravo de instrumento interposto 
contra decisão singular denegatória (art. 1015, I, 
NCPC/2015). 
 
O que importa é que TUDO ISSO ACONTEÇA ANTES 
DE O AUTOR ADITAR A INICIAL para completar a 
sua causa de pedir e formular o seu pedido 
definitivo. 
 
OBS.: A decisão que concede a tutela 
antecipada apenas parcialmente tem 
aptidão para a estabilização?? Parece-
me que sim, mas apenas no que toca à 
fração que atendeu ao pedido 
provisório do autor, prosseguindo o 
processo quanto ao restante. 
 
d) Por fim, é necessária a INÉRCIA DO RÉU 
diante da decisão que concede a tutela 
antecipada antecedente: 
Em que pese a redação do caput do art. 304 
mencionar apenas da não interposição de recurso 
(qual seja: agravo por instrumento nos termos do 
art. 1015, I, NCPC/2015), a inércia capaz de 
autorizar a estabilização vai muito além disso. 
 
É preciso que o réu não se tenha valido da 
interposição de recurso e nem mesmo de qualquer 
outro meio de impugnação ou de defesa (ex.: 
pedido de reconsideração) dentro do prazo de que 
dispõe para recorrer. 
 
Aliás, mesmo diante da inércia do réu, se houver a 
apresentação de qualquer tipo de defesa por parte 
de um assistente simples ou litisconsorcial cujos 
fundamentos de defesa aproveitem ao réu, NÃO 
haverá estabilização da tutela. 
 
OBS.: uma observação que deve ser feita é a de que 
a estabilização da tutela provisória antecipada 
antecedente NÃO será possível se o réu inerte 
houver sido citado/intimado por edital ou por hora 
certa. Nestes casos será necessária a nomeação de 
um curador que terá o dever de realizar, ainda que 
genericamente a defesa do réu, impugnando a 
tutela de urgência então concedida. 
 
OBS.: INÉRCIA PARCIAL DO RÉU  quando a 
decisão for proferida em mais de capítulo e o réu 
apresentar recurso ou de alguma forma impugnar 
apenas um ou alguns dos capítulos, aqueles que 
não forma impugnados serão alcançados pela 
estabilização da tutela. 
 
 
QUESTIONAMENTO INTERESSANTE a 
ser feito sobre o tema: 
Se o autor não adita a petição inicial na 
qual foi formulado o pedido de 
concessão da tutela antecipada antecedente, 
conforme previsão do artigo 303, §2º do 
NCPC/2015, o processo será extinto sem resolução 
de mérito... 
 
Por outro lado... 
 
Se o réu não impugna a concessão da tutela, 
conforme previsão do artigo 304 e do seu §1º do 
NCPC/2015, há a estabilização da demanda e 
extinção do processo... 
 
Pois bem, pode acontecer do réu não impugnar a 
decisão que concedeu a tutela antecipada 
antecedente e de o autor não aditar a inicial?? O 
que acontece?? 
 
Extingue-se o processo, sem estabilização (por força 
do artigo 303, §2º) ou com estabilização (por força 
do art. 304)?? 
 
Partindo de uma análise sistêmica do processo civil 
brasileiro, entende-se, que DEVE PREVALECER A 
ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA, uma vez que o 
legislador deu abertura para as partes no sentido 
de rever, invalidar ou reformar a tutela conferida, 
tudo isso por meio de uma AÇÃO AUTÔNOMA 
prevista no §2º do artigo 304, dentro do prazo de 
dois anos – contados da ciência da decisão que 
extinguiu o processo após estabilizada a tutela (§5º, 
art. 304, NCPC/2015).OBS.: a COMPETÊNCIA FUNCIONAL para 
mencionada ação autônoma será do juízo que 
conduziu o processo originário (art. 304, §4º, 
NCPC/2015). 
 
Por fim, ressalta-se que ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA 
NÃO SE CONFUNDE COM COISA JULGADA!! 
 
Trata-se apenas de uma opção legislativa que, 
diante da inércia do réu, extingue o processo, 
preservando os efeitos da decisão provisória. 
 
Além disso, ainda que decorridos os dois anos de 
prazo para propositura de uma ação autônoma 
visando reformar, rever ou modificar os efeitos da 
tutela concedida, não há que se falar em coisa 
julgada – isso porque o que se estabiliza são os 
“efeitos” da tutela concedida e não o conteúdo da 
decisão, exatamente sobre o qual recai a coisa 
julgada. 
 
Como visto, existem uma série de diferenças entre 
a tutela de urgência cautelar requerida em caráter 
antecedente (arts. 305 a 310) e a tutela de urgência 
antecipada requerida em caráter antecedente (arts. 
303 e 304). 
 
Todavia, o legislador, ciente das dificuldades que 
podem surgir na diferenciação da tutela antecipada 
e da tutela cautelar, foi cauteloso e acabou por 
prever a FUNGIBILIDADE DAS TUTELAS DE 
URGÊNCIA no §único do artigo 305 do NCPC, 
vejamos: 
Art. 305. (...) Parágrafo único. Caso entenda 
que o pedido a que se refere o caput tem 
natureza antecipada, o juiz observará o 
disposto no art. 303. 
Conforme é de se notar, o legislador autorizou 
expressamente uma fungibilidade progressiva, ou 
seja, partiu da menos agressiva (tutela cautelar 
antecedente) para a mais agressiva (tutela 
antecipada antecedente). 
 
Assim sendo, outra não poderia ser a conclusão 
senão a de que o legislador também admite a 
fungibilidade regressiva, uma vez que quem pode 
mais, pode menos. 
 
Tudo isso, DESDE QUE SEGUIDO O RITO PREVISTO 
EM LEI PARA A TUTELA ANTECEDENTE QUE 
EFETIVAMENTE FOR DEFERIDA. 
 
 
 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A 
TUTELA PROVISÓRIA: 
 
Apresentadas as DIFERENTES ABORDAGENS 
CONFERIDAS À TUTELA PROVISÓRIA, seguindo 
nosso ROTEIRO DE ANÁLISE, cumpre-nos por fim 
conhecer o teor dos artigos 296 a 299, os quais 
acabaram por não ser contemplados pela 
estruturação didática acima proposta: 
 
Art. 296. A tutela provisória CONSERVA SUA 
EFICÁCIA NA PENDÊNCIA DO PROCESSO, mas 
pode, a qualquer tempo, ser REVOGADA OU 
MODIFICADA. 
 
Parágrafo único. Salvo decisão judicial em 
contrário, a tutela provisória conservará a 
eficácia durante o período de suspensão do 
processo. 
 
Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas 
que considerar adequadas para efetivação da 
tutela provisória. 
 
Parágrafo único. A efetivação da tutela 
provisória observará as normas referentes ao 
cumprimento provisório da sentença, no que 
couber (art. 520 a 522, NCPC/2015). 
Art. 298. Na decisão que conceder, negar, 
modificar ou revogar a tutela provisória, o juiz 
motivará seu convencimento de modo claro e 
preciso. 
 
Art. 299. A tutela provisória será requerida ao 
juízo da causa e, quando antecedente, ao juízo 
competente para conhecer do pedido 
principal. 
Parágrafo único. Ressalvada disposição 
especial, na ação de competência originária de 
tribunal e nos recursos a tutela provisória será 
requerida ao órgão jurisdicional competente 
para apreciar o mérito. (portanto, 
perfeitamente possível a formulação de 
requerimento de tutela provisória em qualquer 
fase RECURSAL).

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