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UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO – UNIAN – SP. UNIDADE SANTO ANDRÉ LUCY MARY PETTRI ARRUDA AS PERSONAS NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM Aprender e Vencer desafios Santo André 2019 Lucy Mary Pettri Arruda AS PERSONAS NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM Aprender e Vencer desafios Relatório final, referente ao Estágio Supervisionado em Psicologia Educacional (Básico III), do curso de Psicologia, apresentado a Universidade Anhanguera de São Paulo – UNIAN/SP, Unidade Santo André. Orientadora: Profª. Suely Aparecida Januário Silva Santo André 2019 SUMÁRIO 1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 4 2 – IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO ................................................................... 5 2.1 Nome da Instituição: ......................................................................................................... 5 2.2 Endereço: ........................................................................................................................... 5 2.3 Histórico da Instituição: .................................................................................................... 5 2.4 Estrutura Observada: ....................................................................................................... 5 3 – PERÍODO DE ESTÁGIO ........................................................................................... 6 4 – ANÁLISE DA INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL x FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................................................................ 6 5 – DIAGNÓSTICO E PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ............................................... 10 6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 11 7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 12 8 – ANEXOS ........................................................................................................................... 12 4 1 - INTRODUÇÃO Com base na supervisão, foi possível realizar o estágio de Psicologia na área educacional da Instituição E. E. Fioravante Zampol, proporcionando significativo aprendizado. Durante o período semanal, foi possível conhecer um pouco da história da Instituição, funcionários e alunos, bem como, observar como é realizado o processo ensino - aprendizagem e o relacionamento entre todos que compõem o corpo desta Instituição. Percebeu-se forte necessidade do Psicólogo no âmbito escolar para auxiliar nas diversas demandas específicas, que urgem de apoio profissional e o quão é evidente o resultado do trabalho no cotidiano dos seres humanos. A Instituição permitiu realização de atividades, o que pôde proporcionar crescimento e aprendizado mútuo. Descobriu-se neste trabalho que praticando com conhecimento, é possível vencer desafios. 5 2 – IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO 2.1 Nome da Instituição: E. E. Fioravante Zampol 2.2 Endereço: Av. Brasília, 195 - Vila Bela Vista, Santo André-SP. 2.3 Histórico da Instituição: A Instituição foi fundada há mais de 40 anos, visa o empenho dos colaboradores para proporcionar ensino de excelência aos alunos e um local de harmonia entre todos. Recebe munícipes estudantes de idade entre 10 e 15 anos, poucos com mais idade, frequentantes do EJA. Tem funcionamento de segunda a sexta-feira, das 07:00h as 22:00h. A Instituição possui 45 salas, sendo 01 para atendimento ao aluno com deficiência intelectual, atende o ensino fundamental (6º ao 9º ano), ensino médio (1º ao 3º ano) e EJA e é dirigida por um diretor, dois vice-diretores e duas coordenadoras pedagógicas. No período da manhã, são 10 salas com aproximadamente 40 alunos cada uma; No período da tarde, são 12 salas com aproximadamente 30 alunos cada uma; No período da noite, possuem o Ensino para Jovens e Adultos (EJA), 1º ano: 04 salas, 2º ano: 04 salas e 3º ano: 03 salas, com aproximadamente 20 alunos cada sala. 2.4 Estrutura Observada: No período compreendido pelo horário do estágio, percebeu-se que há aulas para seis 6ªs séries, duas 7ªs séries e três 8ªs séries, ministradas por aproximadamente 10 professores. O intervalo das 6ªs séries é separado das demais séries e ambos são supervisionados pela Coordenadora Pedagógica. No pátio há cantina e local para a refeição oferecida pela escola. A Diretoria é composta pelas salas dos diretores e vice(s), coordenador(es) pedagógico(s), secretaria, sala dos professores, refeitório e banheiros. 6 Notou-se pouco uso de tecnologia na Instituição, onde a maioria dos processos são manuais. A Instituição em geral é organizada e limpa, necessitando de alguma manutenção. 3 – PERÍODO DE ESTÁGIO O estágio foi realizado em 10 visitas compreendendo o período de 14/03/2019 à 23/05/2019. 4 – ANÁLISE DA INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL x FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Notou-se forte necessidade da presença de um Psicólogo na Instituição, tendo em vista a ocorrência das diversas demandas que são atendidas pelos profissionais da escola e que necessitam de acompanhamento especifico, podendo assim melhorar o relacionamento interpessoal dentro deste contexto. O objetivo do psicólogo escolar de se aproximar do papel de um educador, ajudando a aumentar e melhorar a qualidade e eficiência do processo educacional por meio da aplicação dos conhecimentos psicológicos. O psicólogo está na escola com a finalidade de planejar programas educacionais voltas as crianças e encorajar os professores a se responsabilizarem pelos problemas apresentados por alunos de sua classe. (REGER, 1988, citado por CORREA, 2017). O corpo docente é composto por professores de várias idades e com personalidades diferentes, o que pode influenciar no comportamento dos alunos. Estes em sua maioria, não possuem uma postura respeitosa em relação a autoridade em sala de aula, necessitando as vezes da presença de autoridade superior para organização e então início de aula. Percebe-se nítida falta de interesse na aprendizagem pela maioria dos alunos, o que ocasiona o ciclo: falta de interesse – bagunça – professor que chama atenção e não consegue passar seus conteúdos – intervenção de maior autoridade – silêncio – aula. É notório que até que o silêncio seja estabelecido, perdeu-se certo tempo, acarretando na desmotivação do professor, que pode já não ter o mesmo ânimo inicial. Pode-se levantar algumas hipóteses em relação ao ciclo citado: Com o advento da tecnologia e mudanças nas leis, os alunos crescem com o pensamento de que tudo podem. Os pais ou responsáveis, na maioria dos 7 casos ausentes, por conta de trabalho, não conseguem colocar limites nesse indivíduo, como uma forma de compensar a ausência, o que pode fazer com que esse indivíduo se torne um ser irresponsável, sem limites, que não respeita seu próximo. [...] no cotidiano, todos tornaram-se um estorvo para todos [...]. As revoluções democrático-burguesas haviam iniciado o processo de estranhamento do outro [...], os antigoslaços de lealdade, amizade e fidelidade, embora expulsos da esfera pública, encontraram abrigo na esfera privada. O "próximo" poderia voltar a ser próximo, desde que deixasse a luz de público e se tornasse um íntimo; um familiar; um cúmplice nas relações pessoais [...]. (COSTA, 1996, citado por BOARINI,2012). Percebe-se que a base familiar para o indivíduo é de total importância para seu desenvolvimento, o que pode ter se mostrado corrompida na vida da maioria das crianças e adolescentes da Instituição. Nos dias atuais, durante o período de observação, notou-se que a responsabilidade pela educação foi perdida, os pais ou responsáveis, encaminham os alunos para a escola, com intuito de que sejam educados e esses indivíduos chegam na escola sem o mínimo de valores morais, os quais entende-se que devam vir da estrutura familiar. Os professores por sua vez, manobram para poderem contribuir com “sua parte” na educação e não obtém sucesso, pois necessitam fazer o processo completo para que uma pequena parte de conhecimento seja transferida aos alunos. Para Boarini (2012), há inversão de papéis na relação pai/mãe e professor/escola, cada membro dessa relação é preparado para exercer sua função e ambos podem trabalhar em conjunto, mas não assumir a responsabilidade do outro. Ouviu-se de alunos “estou aqui porque meu pai obriga”, “não gosto de estudar” e de professores “eles não tem o mínimo de educação”, “não consigo dar aula”, o que pode demonstrar o relato acima. “Esse processo é aprendido gradualmente, à medida que o indivíduo se desenvolve e é socializado na sua cultura. Explicando melhor: o indivíduo que cresce em um ambiente familiar em que os conflitos são resolvidos de modo violento, tem maior probabilidade de formar esquemas de resolução deste tipo de situação, também violentos, que, possivelmente, serão os que prevalecerão em situações similares, inclusive pelo desconhecimento de formas alternativas de ação. (LEME, 2004, p. 167, citado por CORREA, 2017).” 8 É certo que há casos de professores e alunos, que não se aplicam a todo esse contexto, mas chama a atenção a maioria dos alunos que se mostram desinteressados e professores sem o controle para cumprir seu papel. A disciplina é uma técnica de exercício de poder que foi, não inteiramente inventada, mas elaborada em seus princípios fundamentais durante o século XVIII. Historicamente as disciplinas existiam a muito tempo, na idade Média e mesmo na Antiguidade. (...). Os mecanismos disciplinares são, portanto, antigos, mas existiam em estado isolado, fragmentado, até os séculos XVII e XVIII, quando o poder disciplinar foi aperfeiçoado como uma nova técnica de gestão dos homens (...) [um modo de] controlar suas multiplicidades, utilizá- las no máximo e majorar o efeito útil de seu trabalho e sua atividade, graças a um sistema de poder suscetível de controlá-los. (FOUCAULT, 2002, p.105 citado por BENALETTI e DAMETTO, 2015). Brait et al. (2010), expõe que a relação professor-aluno é abrangente, por isso a importância em pontuar as funções do corpo docente, de forma a proporcionar uma estrutura para os alunos estudarem e aprenderem. "Para aprender, necessitam-se dois personagens (ensinante e aprendente) e um vínculo que se estabelece entre ambos". Segundo a autora, para chegar a uma aprendizagem efetiva deve haver um ensinante e um aprendente e, entre eles, um relacionamento. Quando há um fracasso na aprendizagem, é preciso pensar sobre estas situações, pois o problema pode estar no professor, na escola, nos pais e não exclusivamente no aprendente.(FERNANDEZ, 1991, p.47citado por CABRAL et al. 2004).” Pode-se mencionar que nessa Instituição, alguns professores sofrem de cansaço e stress excessivo, queixam de dores fortes no corpo e cabeça. Para Tostes, et al (2018), o trabalho do professor é desvalorizado por parte dos alunos, pelos salários não compatíveis, grande carga de trabalho diária, entre outros, o que pode ocasionar angústia aos profissionais. Por vezes, somam a esse contexto outros tipos de contratos, não contam com garantias trabalhistas e boa relação com pais e alunos, e, são cobrados por um bom trabalho mesmo com toda essa sobrecarga de responsabilidades. Número considerável de professores tem apresentado alterações na saúde física e mental. As alterações estão relacionadas a doenças músculo-esqueléticas (CARDOSO et al., 2009), a problemas com a voz (DELCOR et al., 2004, LUCHESI et al., 2009), ao sono, à memória e ao estresse (GOULART Jr.; LIPP, 2008; POCINHO; CAPELO, 2009; VEDOVATO; MONTEIRO, 2008). Entretanto, os transtornos psíquicos parecem ser a principal causa dos afastamentos do trabalho (GASPARINI; BARRETO; ASSUNÇÃO, 2005). Tal dado é preocupante e coloca em evidência a necessidade de investigação sobre o estresse, pois este pode ser deflagrador dessas disfunções (HANKIN; ABELA, 2005). 9 A presença da estagiária na Instituição pôde causar mudança no comportamento de alguns indivíduos, professores que talvez quisessem demonstrar maior autoridade em sala de aula e alunos com atitudes para chamar atenção. É notória a necessidade de mais colaboradores no quadro de funcionários da Instituição, tendo em vista que os Diretores e vices atendem a secretaria, tendo em vista que não há um funcionário fixo para o atendimento de pais, alunos, telefone e demais atividades pertinentes a função, vez ou outra notou-se a presença de uma voluntária e uma professora em reintegração. A Coordenadora Pedagógica faz o seu papel bem como, monitora o intervalo dos alunos, elabora planilhas de acompanhamento interno para a Diretoria, separa provas. Uma das ajudantes de limpeza, auxilia na secretaria em alguns momentos, ou seja, notou-se que todos trabalham muito, executando tarefas além das suas atribuições, o que pode ocasionar doenças emocionais e do trabalho, bem como não haver excelência na execução das atividades. Pode-se perceber que mesmo com o trabalho excessivo, há boa relação entre todos, com queixas eventuais sobre o trabalho. “É evidente que aprendemos como espécie a manejar os fatos naturais, a manejar a natureza, a construir e manejar instrumentos, técnicas e objetos, mas não aprendemos ainda o suficiente para orientar a vida e as relações dos seres humanos, quer sejam estas de caráter individual, grupal, institucional ou comunitário (nacional e internacional). Creio que a psicologia deixou totalmente de ser um conhecimento ' 'de luxo" e passou a ser uma necessidade impreterível, porque conhecemos as leis que regem o movimento de um objeto, mas não conhecemos ainda bem as leis psicológicas que regem a vida humana. E creio que delas dependem, em certa medida, as situações de enorme tensão que estamos vivendo na atualidade, as situações de insegurança, riscos permanentes, situações caóticas que podem chegar ao auto-extermínio de grande parte da humanidade, de seus sucessos e ainda de todos os seres humanos. Isto não significa de nenhuma maneira que creia que tudo dependa da psicologia, mas, sim, creio que a psicologia pode e deve gradualmente nos oferecer uma cota de bens considerável para salvaguardar e melhorar a vida dos seres humanos. (BLEGER, 1984). Havendo a possibilidade da colocação do profissional de psicologia da Instituição, seria possível trabalhar melhor o comportamento dos alunos mais difíceis, encaminhar com mais agilidade os alunos especiais, prestar um atendimento profissional aos pais, elaborar atividades para alunos e professores com foco nessa relação, enfim essa intermediação do profissional da escola com 10 pais, alunos e colaboradores, poderia auxiliar fortemente o crescimento da Instituição. “ A Psicologiano contexto escolar não deve trabalhar de forma isolada e sim articulada com a Pedagogia, tendo assim um caráter interdisciplinar. Pode contribuir de uma forma sistêmica e não fragmentada. Nesse sentido deverá desenvolver intervenções que tenham como base a visão institucional, reconhecendo que o fracasso escolar não está centrado nem no professor e nem no aluno, mas sim num sistema. ” (CORREA, 2017). Tratando-se da área emocional, foi possível perceber que os alunos são carentes afetivamente, podendo derivar-se da má formação na estrutura familiar e do meio social. A separação das dimensões cognitiva e afetiva enquanto objeto de estudos é uma das principais deficiências da psicologia tradicional, uma vez que esta apresenta o processo de pensamento como um fluxo autônomo de pensamentos que pensam a si próprios, dissociados da plenitude da vida, das necessidades e dos interesses pessoais, das inclinações e dos interesses pessoais, das inclinações e dos impulsos daquele que pensa (VIGOTSKY, 1993, p. 6, citado por GASPAR et al. 2011). 5 – DIAGNÓSTICO E PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Tendo sido convidada pela Instituição, a fazer parte das atividades na Semana da Prevenção, a estagiária apresentou a proposta de realizar palestra e dinâmica sobre o tema Bullying, a qual foi aprovada e colocada em prática. A dinâmica escolhida para abordar o tema foi O feitiço virou contra o feiticeiro, no intuito de levar ao conhecimento dos alunos que não desejem ao outro o que não querem para si, em seguida a estagiária apresentou slides com conteúdo de fácil entendimento, com explicações e figuras sobre Bullying. Foi possível contar com a participação de professores e com a interação da maioria dos alunos. As apresentações foram divididas em turmas de aproximadamente 50 alunos cada. Foram necessárias outras apresentações para salas que não participaram na Semana da Prevenção. Pôde-se observar nas apresentações sobre o tema Bullyng, o mau comportamento entre os alunos, alunos com os professores e com a estagiária, percebendo a necessidade de algum trabalho sobre Valores Morais, com intuito de demonstrar para os alunos o que são pensamentos e atitudes certas ou erradas dentro de uma sociedade. Assim com a permissão da Instituição e 11 aprovação da Supervisora do estágio, realizou-se a atividade denominada Valores Morais. Desta vez a estagiária utilizou a lousa, onde descreveu a definição de Valores Morais, bem como desenhou uma tabela para interagir com os mesmos. Na tabela descreveu alguns valores morais e o nível de importância de cada valor, se mais, menos ou nenhuma importância, entregou um brinquedo para o primeiro aluno e explicou que deveria fazer a escolha do valor e da importância e passar o brinquedo para o próximo, e, assim sucessivamente. Foi possível conversar com os alunos sobre o item com maior ou menor pontuação, esclarecer o quão são importantes todos os valores e que para vivermos em sociedade é necessário que tenhamos todos e reforçar para que desenvolvam e busquem os valores que eventualmente não possuam. Ao final de cada apresentação, a estagiária entregou uma folha com a descrição de vários valores morais com suas definições. Foi possível realizar a atividade com todas as turmas, aproximadamente 190 alunos e contar com a participação de alguns professores e da Coordenadora Pedagógica. Percebeu-se maior participação e interação dos alunos neste trabalho. Em ambos os trabalhos a estagiária obteve feedback positivo da Coordenadora Pedagógica, Direção e alguns professores com quem pôde ter contato nos demais encontros. 6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS É fato que toda mudança altera nossas emoções, nos dá a sensação de desorganização e falta do controle, então percebe-se que para organizar é necessário “desarrumar” tudo! Com a sensação de caos, iniciou-se este estágio e com a atuação em campo em cada encontro, foi possível aos poucos colocar tudo no lugar, com controle. Notou-se que o ensino público não evoluiu, ao contrário de anos atrás, hoje tem-se a sensação que os alunos “passam um período” na escola e que não devem respeito aos seus superiores, que se desgastam na tentativa de passar algum conhecimento. 12 Hoje, “esses anos atrás”, contribuíram para o conhecimento da estagiária que continua aprendendo e pela oportunidade obtida aprende cada vez mais. O aprendizado pessoal que compartilho nessas linhas é vencer desafios, não temer as mudanças, elas são bem-vindas e para o próximo, mais amor, nosso futuro já não conta com uma estrutura sólida. 7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BANALETTI, Samara Marina Menin, DAMETTO, Jarbas. Indisciplina no contexto escolar: Causas, consequências e perspectivas de intervenção – 2015. Disponível em: <https://www.ideau.com.br/getulio/restrito/upload/revistasartigos/284_1.pdf. Acesso em: 19/05/2019. BLEGER, José – Psico-Higiene e Psicologia Institucional. Porto Alegre, RS, Brasil – Artmed Editora Ltda, 1984. BOARINI, Maria Lucia. Indisciplina escolar: uma construção coletiva - 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pee/v17n1/a13v17n1>. Acesso em: 19/05/2019. BRAIT, Lílian Ferreira Rodrigues et al. A relação professor/aluno no processo de ensino aprendizagem - 2010. Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br/rir/article/viewFile/40868/20863>. Acesso em 19/05/2019. CABRAL, Fábia Moreira Squarça et al. Dificuldades no relacionamento professor/aluno: um desafio a superar – 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 863X2004000300008. Acesso em: 19/05/2019. CORREA, Jaqueline Pereira Dias – Psicologia escolar e educacional. Londrina – Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2017. GASPAR, Fernanda Drummond Ruas; COSTA, Thaís Almeida Costa. Afetividade e atuação do psicólogo escolar – 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pee/v15n1/13.pdf. Acesso em: 19/05/2019. TOSTES, Maiza Vaz et al. Sofrimento mental de professores do ensino público - 2018. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/sdeb/v42n116/0103-1104-sdeb- 42-116-0087.pdf>. Acesso em: 19/05/2019. 8 – ANEXOS 13 RELATÓRIO DE ESTÁGIO BÁSICO III (ESCOLAR) Objetivo da atividade: Observar. Materiais utilizados: Papel, computador, internet. Descrição do que foi observado: Sob orientação da Supervisora do Curso, a estagiária obteve sucesso em sua busca na rede pública de ensino, onde passou por entrevista de avaliação com a Coordenadora Pedagógica da Instituição mencionada acima, resultando positivamente para o início deste trabalho. Neste primeiro encontro, por já ser de conhecimento da estagiária a forma para adentrar a Instituição, dirigiu-se a secretária e perguntou por R., a Coordenadora Pedagógica da Instituição. A atendente perguntou-lhe sobre o assunto e a estagiária apresentou-se, assim lhe foi aberto o portão para direcionar-se à Diretoria, a estagiária lhe agradeceu e seguiu. Ao chegar na recepção da Diretoria, a estagiária deparou-se com alguns alunos e mães aguardando atendimento, lhe dando a impressão de um dia Nome da Instituição: E. E. Fioravante Zampol Data da realização do estágio: 14/03/2019. Nome da supervisora: Profª. Suely Aparecida Januário Silva Nome do estagiário: Lucy Mary Pettri Arruda Encontro: 01 Tema: Observação. 14 tumultuado. Na sequência surgiu uma professorado lado de dentro das salas que fazem parte da Diretoria e atendeu os alunos, conversou um pouco com os mesmos, pediu que dois retornassem as suas salas e que um permanecesse aguardando R. (Coordenadora Pedagógica), então seguiu para as dependências da Instituição. R. (C.P), logo chega a recepção também, cumprimenta as mães e a estagiária dizendo: “Não a esqueci! Hoje está uma loucura! Vamos entrar!” R. (C.P.), chamou uma das mães e a estagiária simultaneamente, assim as apresentou e pediu que a estagiária já a acompanhasse nesse atendimento, a estagiária prontamente aceitou e seguiram para a sala de R. (C.P.). Estando todas devidamente acomodadas, R. (C.P.), pergunta o que levou a mãe até a Instituição, esta explica que está preocupada com a filha R. (11 anos, 6º ano F), tendo em vista seus comportamentos e um relato de suicídio que lhe fez. Segue explicando que a filha não se abre, deixou de ser carinhosa, não cumpre as tarefas de casa, fala sobre seu marido que sempre ajuda a filha em tudo o que precisa fazer, atrapalhando o desenvolvimento da mesma, acrescenta que ele é doente e por causa dos remédios, passa a maior parte do tempo dormindo, informa que ficou com a filha até os 04 anos de idade e depois precisou trabalhar, deixando-a sob os cuidados da sogra e do pai, ressaltou que R. (11 anos, 6º ano F), possui um diário, escreve todo o seu dia a dia e sentimentos nele, “outro dia, sem querer, ela deixou em cima da cama e eu li, ela dizia que não sabia porque existia!” Neste momento R.(C.P.), pergunta para a mãe se tem foto da filha para que possa reconhecer, a mãe prontamente faz uma busca em seu aparelho celular e mostra uma fotografia, R. (C.P.) reconhece a aluna e fala sobre a mesma, diz a mãe que não faz amizades, a aluna conversa somente com outra aluna no intervalo, responde mal às pessoas e no geral é muito quieta, a mãe reconhece a filha pela fala da C.P. e concorda com a descrição. A mãe acrescenta que R. (11 anos, 6º ano F), realizou no dia deste encontro, sua primeira sessão de psicoterapia, a C.P. concordou com a atitude da mãe, gesticulando positivamente com a cabeça e a tranquilizou informando que observará com mais frequência a aluna e havendo qualquer alteração preocupante no comportamento da mesma fará contato. Sobre essa fala da C.P, a mãe pede que ligue diretamente para ela, que não fale com o pai e deixa o seu número. 15 A estagiária acompanhou atentamente este atendimento que teve a duração de 60 a 80 minutos. R. (C.P.), levanta-se, pede que a mãe fique tranquila e a conforta dizendo que fará o que for possível para auxiliá-la, a mãe agradece, despede-se da C.P., da estagiária e segue para a saída. Em seguida, R (C.P.), pede a estagiária que a acompanhe para monitorarem o intervalo dos 6ºs anos, que já estava em andamento enquanto acontecia o atendimento com a mãe. A estagiária prontamente aceita o convite e ambas seguem para o pátio, momento em que a estagiária aproveita para perguntar porque somente intervalo para 6º ano, R. (C.P.), responde que os alunos do 7º e 8º ano “batem nos menores”, então precisou separá-los. Enquanto observavam os alunos, a C.P. mostra R. (11 anos, 6º ano F) para a estagiária e esta por sua vez, pode constatar as falas da C.P. e da mãe sobre a aluna, confirmando sua quietude, ausência de relacionamento com outros alunos, exceto uma outra aluna. No mais, as crianças brincam, correm muito, o pátio é bem amplo, há merenda e cantina. Certo momento do intervalo, R. (C.P.) foi solicitada, pediu que a estagiária ficasse a observar o restante do tempo que faltava e então descesse a sua sala. Na ausência da C.P. neste período do intervalo, foi possível conversar com T. (11 anos, aluno do 6º ano D), que se encontrava sentado no mesmo banco que a estagiária, o qual educadamente lhe ofereceu o que estava comendo, a estagiária lhe agradeceu e aproveitou para entender um pouco o aluno. Foi possível para a estagiária, saber que T. (11 anos, aluno do 6º ano D), estuda na Instituição há pouco tempo, pois não residia na região, seus pais são separados e ele morava até pouco tempo, com uma amiga da mãe, a qual T. intitula de avó, nessa casa ele diz que moravam a avó, o avô e três irmãos, “que na verdade não são nada meus”, T. é filho único e tem consideração de irmão pelos filhos da “avó”. Hoje T. mora com a mãe nas proximidades da Instituição e segundo ele, a mãe autorizou seus percursos de ida e volta à escola, sozinho. Quando toca o sinal para finalização do intervalo, T. despede-se gentilmente da estagiária, a qual responde com reciprocidade. A estagiária então segue para a sala da C.P., conforme combinado, chegando a porta, percebe que está conversando com um aluno, R. (C.P.) ao vê-la, pede que entre, apresenta o aluno A. (11 anos, 6º ano E) e informa que a 16 Diretoria está analisando o caso do mesmo, pois pode ser expulso, tendo em vista suspeitarem que este aluno possa ter explodido uma bomba na entrada da instituição, no horário da entrada dos alunos, no período da tarde, na data deste encontro. Por ocasião de mudança na grade de horários dos professores, sem prévio aviso aos mesmos, o dia para R. (C.P.) ficou bastante tumultuado, sendo procurada e interrompida por várias vezes, assim ocorreu no atendimento de A. (6º ano E), sendo solicitada pela vice-diretora G., para que a acompanhasse, R. (C.P.) pede que faça companhia ao aluno A., enquanto resolve a questão e retorna. A. (11 anos, aluno do 6º ano E), comenta com a estagiária que não sabe o que está fazendo lá, que não gosta de brigas e foi o menino que jogou o potinho na mão dele, a estagiária ouve o aluno e conversa com o mesmo, perguntando- lhe se é um bom aluno, A. lhe responde que já foi muito bagunceiro, mas que agora está se policiando para ser um bom aluno, acrescenta novamente que não gosta de brigas e nem em casa gosta de ver a mãe e o padrasto brigando, diz ter medo de brigas e que foge. A estagiária pergunta-lhe como foi o ocorrido sobre a bomba, A. diz que não teve sorte, estava perto e o menino acendeu e jogou na mão dele, argumenta que a mãe do menino pode falar que não foi ele, que não pode ser expulso da escola, pois nunca havia sido expulso antes, ambos ficam em silêncio por alguns instantes quando A. murmura que foi expulso somente no pré, a estagiária o questiona, pois acabara de dizer que nunca havia sido expulso antes, A. responde que acabou de lembrar, neste momento R. (C.P.) retorna a sala e pede que A. retorne a sua sala de aula, não ficou claro para a estagiária a expulsão ou não do aluno, mas subentendeu que a conversa com a vice-diretora seria sobre tal decisão. R. (C.P.), em seguida pede que a estagiária a acompanhe ao intervalo da 7ª e 8ª séries para observar. Ao chegar, a coordenadora pedagógica é logo abordada por alguns alunos que conversam e brincam com a mesma, que corresponde. R. (C.P.) e a estagiária sentam-se e observam os alunos, na medida do possível, R. interage com a estagiária, pois em volta delas, juntaram vários alunos. No término do intervalo, R. (C.P.) acompanha atentamente a saída dos alunos do pátio, apressa alguns para que retornem as suas salas de aula, quando o pátio encontra-se vazio, fecha o portão de acesso, pede que a estagiária a acompanhe e seguem para o andar das 6ªs séries, onde vários 17 alunos encontravam-se do lado de fora das respectivas salas, logo organizou tudo e percebeu que em virtude da mudança de horário, uma sala ficaria com aula vaga, então buscou alguns livros na estante do corredor do andar e prontamente se dispôs a lecionar a matéria de História, na qual é formada, pedeque a estagiária acomode-se e então inicia a aula. Solicitou que os alunos fizessem uma comparação com as imagens de determinada página do livro e respondessem as questões, alguns alunos realizam a atividade em silêncio sem questionamentos, outros ficam descontentes por não terem aula vaga, se dispersam conversando e acabam por tumultuar a aula. Ao final da aula, R. (C.P.), despede-se da turma, a estagiária a acompanha e aproveita para informar que o horário daquele encontro havia se cumprido, R. (C.P.), pergunta-lhe se pode preenche o livro de presença de estágio, a estagiária lhe responde positivamente e seguem juntas para a sala de R., onde lhe entrega o livro e explica o preenchimento, pede que fique na sala dos professores para ficar mais à vontade, quando finalizado o preenchimento, a estagiária dirige-se novamente a sala de R., a qual encontra-se preenchendo algum documento, então bate na porta, R. pede que entre, a estagiária lhe mostra o preenchimento, R. concorda, assim a estagiária agradeceu por toda a atenção e despediu-se. Considerações sobre o encontro: Percebeu-se a boa receptividade por todos os colaboradores da Instituição em relação a chegada da estagiária, bem como a necessidade de auxílio para lidar com as demandas da Instituição. Notou-se a preocupação de uma mãe na busca de entendimento sobre o comportamento e desenvolvimento de sua filha. Observou-se que a maioria dos alunos na Instituição, pertencem a classe média baixa e supõe-se que grande parte deles possuem problemas familiares, como separação e brigas dos pais, mudança de cidade e instituição escolar. Constatou-se que alunos de 11 anos, na 6ª série, ainda não leem corretamente, bem como suas caligrafias são muito primárias, alguns escrevem com dificuldade. Esses mesmos alunos, dirigem-se aos professores como “tio” e “tia” e pedem abraço, o que pode levar ao entendimento de carência afetiva ou ausência de maturidade. 18 Reparou-se a atitude dos professores em relação aos alunos, alguns tentam fazer com que os alunos tenham sua atenção, falando na mesma linguagem deles, outros acabam por falar um pouco mais alto, de qualquer forma, parece que os alunos no geral “não respeitam” a hierarquia, o que pode- se explicar pela obrigação de lá estarem ou não gostarem de estudar. Supõe-se dúvida em relação ao comportamento do aluno atendido na sala da Coordenadora Pedagógica, parecendo ser verdadeiro em suas colocações, embora a Coordenadora, com anos de experiência não crê nos argumentos do aluno. Neste encontro, observou-se amplitude da Instituição e todos os ambientes visitados pela estagiária apresentavam-se limpos e organizados. Durante o encontro foi notório a insatisfação dos professores em relação a alteração na grade de horários, que não ocorre com prévio aviso ou consentimento dos mesmos. Articulação Teórica: Segundo Bleger (1984), “Os primeiros contatos que o psicólogo estabelece com a instituição devem levar o propósito definido de estabelecer o enquadramento da tarefa, o conhecimento das ansiedades frente à mudança (intensidade e qualidade, mecanismos de defesa), o grau de aceitação ou rejeição do psicólogo, as dissociações entre grupos que aceitam e outros que rejeitam, as fantasias que se projetam sobre o psicólogo, o grau de realidade e ade- quação das espectativas, etc. Todos os primeiros contatos já conduzem a uma impressão preliminar de caráter diagnóstico, para o qual se deve conhecer também a história da instituição e — pelo menos — os grandes lineamentos de suas características.” De acordo com Lane (1983), A instituição familiar é, em qualquer sociedade moderna, regida por leis, normas e costumes que definem direitos e deveres dos seus membros, assim como a escola. Conforme Myers (2015), “adolescência o período de transição entre a infância e a vida adulta, que vai da puberdade à independência”. O autor transcorre em sua obra e nos esclarece sobre as relações dos adolescentes com os pais e pares, “À medida que os adolescentes nas culturas ocidentais buscam formar suas próprias identidades, eles começam a se afastar dos pais (SHANAHAN et al., 2007). A criança em idade pré-escolar, que nunca está suficientemente perto da mãe, que adora tocá-la e agarrar-se a ela, torna-se o adolescente de 14 anos que não gostaria de ser visto nem mesmo de mãos dadas com a mãe. Quando se chega à adolescência, as discussões ocorrem com mais frequência, normalmente sobre coisas mundanas - tarefas domésticas, hora de dormir, dever de casa (TESSER et al., 1989). Os conflitos entre pais e filhos durante a transição para a adolescência tendem a ser 19 maiores com os primogênitos do que com os outros filhos (SHANAHAN et al., 2007).” Segundo trecho do artigo de Hack e Ramires (2004), Adolescência e Divórcio parental: continuidades e rupturas dos relacionamentos, “A saída de um dos pais da residência não é a única mudança na vida dos filhos que acompanha o divórcio parental. Podem acontecer: declínio econômico, mudança de casa e de escola e afastamento de amigos. A literatura científica tem explorado e descrito numerosos fatores que contribuem para as vicissitudes que o ajustamento de crianças e adolescentes pós-divórcio enfrentará: o tempo de separação, as características da personalidade das crianças e adolescentes, sua idade na ocasião da separação, o gênero, o nível de conflito entre os pais e a qualidade da parentalidade. No período inicial da separação é mais comum aparecerem nos filhos dificuldades, preocupações e sintomas. Diante da separação, os filhos têm que enfrentar o medo de também serem separados: perder o contato com uma das figuras parentais, bem como sentirem-se mais deprimidos e irritados, podendo apresentar queda no rendimento escolar, problemas de ajustamento e de relacionamento interpessoal. Podendo ocorrer também efeitos mais drásticos, como comportamentos antissociais, agressivos, oposicionistas, falta de autocontrole, baixa responsabilidade social e diminuição do desempenho cognitivo. De acordo com Aberastury e Knobel (1989), “a adolescência não deve ser vista apenas como uma passagem para a vida adulta. A criança entra na adolescência com muitos conflitos e incertezas e precisa sair dela com sua maturidade estabilizada, com caráter e personalidades adultos. A consequência final da adolescência seria um conhecimento de si mesmo como entidade biológica no mundo, o todo biopsicossocial de cada ser nesse momento de vida. O grupo de amigos, a família e a sociedade em geral têm um papel muito importante nesse processo de formação da identidade, porque é a partir das concepções que os outros têm dele que o adolescente vai formando seu autoconceito. Concomitantemente a essa percepção, o adolescente vai formando o sentimento de identidade, numa verdadeira experiência de autoconhecimento. Nessa busca pela identidade, o adolescente muitas vezes prefere o caminho mais fácil, fazendo identificações maciças com o grupo. Em outras situações, ele opta por uma “identidade negativa”, já que para ele, “é preferível ser alguém perverso, indesejável, a não ser nada.” 20 Ferreira (2010), propõe em trechos de seu artigo: Crenças de auto eficácia docente, satisfação com o trabalho e adoecimento, as dificuldades da carreira docente, “A situação laboral do professor e até que ponto ela favorece ou não o exercício das atividades docentes têm sido foco de questionamentos e reflexões. Pinto-Silva e Heloani (2009), comentando as pesquisas de Sguissardi & Silva Júnior (2009) em instituições do Ensino Superior e de Fortuna (2000), no ensino público estadual do Estado do Rio de Janeiro, concluemque na atual configuração do trabalho do professor existem perdas para a saúde e prevalecem os prejuízos à vida sócio familiar desse profissional. Tais prejuízos estariam intimamente relacionados a aspectos sócio-institucionais - como a gestão educacional exercida de forma heterônoma e a intensificação da precarização do trabalho. Destacam também os aspectos psicossociais, tais como o não reconhecimento do trabalho (professores da Educação Básica), a competitividade, o desgaste (professor-pesquisador) e os conflitos presentes nas instituições de ensino.” “As exigências físicas, as jornadas duplas e triplas de trabalho e a exposição frequentes a avaliações de alunos, gestores, parceiros e pais são fatores que põem à prova não só os conhecimentos didáticos acadêmicos desse docente, mas também a sua capacidade humana de autogerenciamento. Essa condição resulta em várias consequências adversas, entre elas, o adoecimento desse professor. Quanto ao excesso de trabalho, além do número de aulas efetivamente dadas semanalmente, o professor faz trabalhos administrativos, participa de reuniões pedagógicas e seminários de reciclagem, preenche relatórios, participa do controle patrimonial da escola e orienta individualmente os alunos (CARLOTTO e CAMARA, 2007).” Ferreira (2014), aborda que a cada dia dados de pesquisas divulgados mostram que as condições do trabalho docente são precárias e provocam o desenvolvimento de doenças ocupacionais, especialmente o Burnout, contribuindo para o abandono da profissão nos anos iniciais de carreira e para a não escolha da função como atividade profissional. Referências: Aberastury, A.; Knobel. M. - Adolescência normal: um enfoque psicanalítico. Trad. S. M. G. Ballve. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989. 21 Bleger, José – Psico-Higiene e Psicologia Institucional. Porto Alegre, RS, Brasil – Artmed Editora Ltda, 1984. Lane, Silvia T. Maurer – O que é Psicologia Social. 5ª edição – São Paulo, Brasiliense, 1983. Myers, David G. – Psicologia. 9ª edição – Rio de Janeiro, LTC, 2015. Ferreira, Luiza Cristina Mauad - Crenças de auto eficácia docente, satisfação com o trabalho e adoecimento. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2177- 20612014000200003. Acesso em: 19/03/2019. Hack, Soraya Maria Pandolfi Koch; Ramires, Vera Regina Röhnelt - Adolescência e divórcio parental: continuidades e rupturas dos relacionamentos. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pc/v22n1/a06v22n1.pdf. Acesso em: 19/03/2019. ____________________________ ______________________________ Estagiário: Lucy Mary Pettri Arruda Profª. Suely Aparecida Januário Silva RA: 312532215807 Supervisora 22 RELATÓRIO DE ESTÁGIO BÁSICO III (ESCOLAR) Objetivo da atividade: Observar. Materiais utilizados: Papel, computador, internet. Descrição do que foi observado: Neste encontro a estagiária encontrou a recepção da Diretoria mais tranquila, perguntou a atendente da secretaria pela Coordenadora R., esta por sua vez pediu que aguardasse, pois verificaria em que local da Instituição R. (CP), se encontraria. A estagiária aguardou por algum tempo até a chegada de R., que ao chegar perguntou-lhe porque não havia entrado em sua sala, a estagiária agradeceu e informou que preferiu aguardá-la. Seguiram para a sala de R., a qual perguntou para a estagiária o que gostaria de fazer naquele encontro, a estagiária respondeu-lhe que faria o que fosse autorizado e perguntou a R. (CP), se poderia lhe prestar algumas informações sobre a caracterização da Instituição, R. (CP) prontamente lhe respondeu positivamente e descreveu as informações abaixo: Nome da Instituição: E. E. Fioravante Zampol Data da realização do estágio: 21/03/2019. Nome da supervisora: Profª. Suely Aparecida Januário Silva Nome do estagiário: Lucy Mary Pettri Arruda Encontro: 02 Tema: Observação. 23 A Instituição possui 45 salas, sendo 01 para atendimento ao aluno com deficiência intelectual, atende o ensino fundamental (6º ao 9º ano), ensino médio (1º ao 3º ano) e EJA e é dirigida por um diretor, dois vice-diretores e duas coordenadoras pedagógicas. No período da manhã, são 10 salas com aproximadamente 40 alunos cada uma; No período da tarde, são 12 salas com aproximadamente 30 alunos cada uma; No período da noite, possuem o Ensino para Jovens e Adultos (EJA), 1º ano: 04 salas, 2º ano: 04 salas e 3º ano: 03 salas, com aproximadamente 20 alunos cada sala. Ao término das informações, o intervalo dos 6º anos já acontecia, assim R.(CP), convidou a estagiária para acompanhá-la na observação dos alunos, ficaram sentadas em um dos bancos do pátio, até que foram surpreendidas por gritos fora da normalidade habitual dos adolescentes, se dirigiram imediatamente ao outro lado do pátio e perceberam que um dos alunos havia batido a cabeça na quina da mesa de ping pong, em decorrência de uma brincadeira com um amigo. Imediatamente R. (CP), socorreu o aluno, levando-o para uma das salas da diretoria, ao mesmo tempo solicitou que o amigo a acompanhasse. Lá chegando R. (C.P.), verificou o rosto do aluno G. (10 anos), percebeu que a batida fora acima do olho esquerdo, providenciou gelo e pediu que segurasse firme sobre o machucado. A coordenadora acalmou o aluno e iniciou uma conversa com o amigo G. (11 anos), pedindo que explicasse o que aconteceu. G. (11 anos), explicou que estavam brincando "de mão” perto da mesa, quando G. (10 anos) desequilibrou-se e caiu, batendo a cabeça na ponta da mesa, R. (C.P.), virou-se para G. (10 anos) e perguntou-lhe se fora isso mesmo, o aluno confirmou o ocorrido, assim a coordenadora buscou o número do telefone da mãe de G. (10 anos) no arquivo da secretaria e entrou em contato com a mãe, informando-a sobre o ocorrido, tranquilizando-a sobre o estado do aluno e solicitando que viesse buscá-lo, pois estava assustado. Enquanto aguardávamos a mãe de G. (10 anos), R. (C.P.), conversava com os meninos, dando conselhos para que tomassem mais cuidado com as brincadeiras entre os amigos. 24 A mãe chegou rapidamente, tendo em vista trabalhar perto da Instituição, R.(C.P.), explicou-lhe novamente o ocorrido, a qual entendeu com tranquilidade e diz entender, pois tratam-se de crianças. R. (C.P.), pede que a mãe assine a saída do aluno em documento da Instituição e os dois saem. A coordenadora aconselha G. (11 anos) por mais alguns minutos e o dispensa para seguir de volta a sua sala de aula, após a saída de G. (11 anos), autoriza a estagiária a observar a aula do 6º ano E, a qual aceita prontamente, pergunta-lhe em que direção deve seguir e dirige-se até a sala. Sendo o horário inicial da aula, pede licença a professora, apresenta-se e pergunta-lhe se pode assistir sua aula, a professora prontamente recebe a estagiária, apresenta-se como A. (Professora de Matemática), a estagiária então agradece e senta-se em uma das cadeiras para acompanhar a aula. Naquele dia, A. (professora de matemática) retomava a aula anterior sobre MMC e MDC e na sala estavam presentes catorze alunos e um estagiário de matemática. Tendo em vista recordação da estagiária sobre o encontro anterior, onde participou do atendimento do aluno A. (11 anos, 6º ano E) com R. (C.P.) e estefazer parte da sala em observação, ao final da aula abordou gentilmente a professora para confirmar referida recordação. A. (professora de matemática), muito solicita, respondeu positivamente que A. (11 anos, 6º ano E), fazia parte daquela sala e que naquele dia estava ausente a pedido da diretoria, tendo em vista ser um aluno “muito difícil de lhe dar”, acrescentou que o aluno possui problemas de saúde mental, pois toma remédios, é muito inquieto, a família é desestruturada, “o pai está preso, a mãe mexe com carros roubados e tem mais dois filhos pequenos, o padrasto é agressivo”, terminou a conversa dizendo que o aluno precisa de cuidado diferenciado, mas não crê em providência por parte da família. A estagiária agradece a oportunidade e ambas se despedem. Ao chegar na sala de R. (C.P.), a estagiária encontra a porta fechada, segue em direção a saída da diretoria e encontra com S. (assistente da C.P.) e lhe pergunta sobre R., a qual não tem conhecimento sobre a mesma, então a estagiária lhe pergunta o que sugere fazer, sabendo que havia observado a aula do 6º ano E, pediu que fosse assistir a aula de artes do 8º ano C, com a professora G. A estagiária pediu orientação sobre a localização da sala e dirigiu- se até lá. Tendo em vista que para essa aula os alunos precisam trocar de sala, a estagiária aguardou na porta a chegada da professora, enquanto os alunos 25 adentravam a mesma, após alguns minutos a professora chegou, então a estagiária apresentou-se e lhe perguntou se poderia assistir sua aula, aceitou prontamente e pediu que entrasse. A estagiária sentou-se em uma das cadeiras e aguardou o início da aula, que demorou pelo tumulto que os alunos fizeram, não se organizaram adequadamente para que a professora pudesse iniciar, falavam muito alto, alguns não sentavam-se, outros ficavam em grupos, a professora solicitava silêncio em voz alta, mas não foi atendida, então solicitou a uma das alunas que fosse chamar o diretor, este chegando, conversou com a sala e organizou parcialmente a sala, pediu a colaboração dos alunos e saiu, então a professora conseguiu dar início a aula. Solicitou que a estagiária se senta ao seu lado, a qual atendeu sua solicitação. Seguiu solicitando que os alunos terminassem a atividade da aula anterior e quem terminou, que entregassem. Na sala haviam 20 alunos, poucos interessados e empenhados na aula. Em alguns instantes durante a aula, a professora conversou com a estagiária, disse-lhe que já leciona há 45 anos, naquela Instituição está há um mês, informou que geralmente os alunos não são assim, estavam “daquele jeito” por causa da presença da estagiária. No decorrer da aula, a professora fez a chamada, informando que se o nome dos alunos presentes não tivessem entregue a atividade, ficariam com a nota prejudicada, a aula seguiu com esclarecimento das dúvidas e entrega das atividades. Ao final da aula a estagiária agradeceu a G. (professora de artes) e despediu-se, a professora por sua vez, foi recíproca. A estagiária seguiu para a sala de R. (C.P.), a qual foi encontrada na sala do diretor, R. (C.P.), explicou a estagiária que estava com uma tarefa urgente a tratar naquele momento e por faltar poucos minutos para o término do encontro, pediu que preenchesse o livro de estágio e dispensou a estagiária. Ao executar a solicitação da coordenadora, a estagiária lhe devolve o livro, agradece a atenção e despede-se. Considerações sobre o encontro: Percebeu-se no intervalo que os adolescentes formam seus próprios grupos, a maioria são generosos, dividindo o lanche com o colega. Notou-se a preocupação e cuidado da Coordenadora em relação ao aluno que se machucou, bem como em entender o ocorrido. 26 Observou-se na aula de matemática, o interesse da maioria dos alunos, bem como a pró-atividade do estagiário de matemática em auxiliar a professora para sanar as dúvidas que surgiram sobre o assunto do dia. Supõe-se o quão faz diferença a estrutura familiar e o ambiente, para o desenvolvimento da criança. Nota-se o esforço do professor, que está em sala para executar seu trabalho, mas não conta com a reciprocidade dos alunos, que não levam seus materiais e desrespeitam professores e diretor. Percebeu-se que a presença da estagiária causa mudança no comportamento de alguns professores e alunos. Articulação Teórica: O estudo sobre a organização escolar e a gestão da educação não pode se restringir à instituição da educação no seu aspecto político-pedagógico desconsiderando os meios a serem utilizados para que seus fins sejam alcançados. Segundo Castilho (2002), este estudo pode se referir muitas vezes a modelos distintos, embora complementares, de gestão dentro de uma instituição de educação (da gestão administrativa à gestão do processo educacional). “Encontram-se, habitualmente, em uma instituição de ensino pessoas envolvidas na administração do estabelecimento escolar, cujas ações se voltam para atividades relativas à direção, à coordenação de serviços de secretaria e às atividades complementares que viabilizam a realização do processo pedagógico, bem como aquelas pessoas envolvidas nas atividades de ensino-aprendizagem propriamente ditas, especialmente o docente na sua relação com o aluno (PARO, 2001). Para Morgan (2005) a complexidade da análise organizacional demanda o uso de modelos, metáforas e ferramentas como recursos de análises. Estas abordagens configuram modelos variados de gestão, mas diante da variedade de características organizacionais, torna-se necessário aplicá-los de forma adaptativa e cuidadosa. Segundo Bleger (1984), Psicologia Institucional, abarca, então o conjunto de organismos de existência física concreta, que tem um certo grau de permanência em algum campo ou setor específico da atividade ou vida humana, para estudar neles todos os fenômenos humanos que se dão em relação a estrutura, a dinâmica, funções e objetivos da Instituição. 27 De acordo com Muller (2008), as fases da vida se diferenciam porque estão em relação e não porque estão separadas. Só é possível identificar a infância porque esta é atravessada pelas outras gerações. Em segundo lugar, a presença de uma diversidade de opções tecnológicas não se opõe necessariamente à escola, uma vez que oportuniza às crianças experiências diferentes. As crianças mostram as relações estabelecidas com pares em diferentes contextos, sendo que na escola isso se torna mais evidente pela própria classificação das crianças por faixa etária. A noção de amizade surge com a ideia de atividades compartilhadas em espaços e/ou tempos específicos da escola, como o pátio e o recreio. Para Barreto (2015), na sociedade, cada membro ou grupo nela inserido, necessita assumir uma função que lhe atribua a importância de sua participação e permanência nessa esfera. Assim, a família implica nessa construção, de acordo com a função que representa. Nesse aspecto, as funções biológica e psicossocial da família, de certa forma, estão fortemente ligadas, visto que o objetivo de proteger e conservar colabora na edificação de subjetividade em cada pessoa que se vincula, originando todo o processo de cultura (ZAMBERLAM, 2001). Desse modo, a função social da família consiste na proteção dos seus membros, fornecendo afeto e segurança e contribuindo para o desenvolvimento da subjetividade, conforme o período histórico onde se encontra, com o propósito de aprender a interagir no meio social estruturando o indivíduo na sua formação e socialização (MALUF, 2010). Com isso, a família tem como função básica, educar, socializar e suprir as necessidades dos seus membros dentro de uma estruturafamiliar interativa qualificada, com a qual envolve a comunhão de afetos e responsabilidades com a tarefa de transmitir a outros (BATISTA & TEODORO, 2012). De acordo com essa perspectiva, faz-se necessário um comprometimento contínuo dos seus membros, no sentido de assumir os devidos papéis, levando-se em conta as diferenças pessoais e a 28 importância de se buscar compreender as diversas manifestações subjetivas de cada indivíduo nesse âmbito. Para essa autora, o adolescente é um ser biossocial com desenvolvimento interno envolvido em contextos relacionais, cujos sistemas de valores e influências de grupos provocam a necessidade de assumir diversas representações que se tornam conflitantes. Pois, a necessidade de segurança e apoio num período considerado conflitivo do ponto de vista mental, emocional, físico e social faz com que o adolescente possa apresentar um comportamento rebelde (BEDENE, 2010). Entretanto, conforme o contexto relacional, podem ser observados comportamentos diferentes, já que o ambiente no qual se sociabiliza, apresenta-se como um importante fator que influencia nas atitudes comportamentais. Adolescentes, por exemplo, de determinadas classes sociais (C, D e E) consideradas de baixo poder aquisitivo vivenciam uma realidade, na qual a família é vista como um apoio, uma vez que o importante para eles é a diminuição de sofrimentos com a obtenção de alternativas de trabalho por meio de uma busca pessoal esforçada (OZELLA & AGUIAR, 2008). Dessa forma, a motivação do comportamento na adolescência recai sobre as emoções, sendo estas primordiais para a sua vida, já que as reconhece no seu desenvolvimento como um valor muito mais significativo do que traços físicos ou aptidões mentais (CAMPOS, 2010). O adolescente assume significações instituídas da sociedade contemporânea, na qual busca o direito pela construção da individualidade, da possibilidade de escolher e de liberdade, influenciando na construção da sua subjetividade (OZELLA & AGUIAR, 2008). Por isso, pode ser visto como um ser em meio às relações socioculturais, edificando um mundo subjetivo que necessita do apoio constante e equilibrado daqueles que, vinculados nesse processo existencial, têm a função de orientá- los. Conforme Fleuri (1997), a prática pedagógica autoritária acaba gerando situações de conflito, prejudicando o relacionamento de professor e aluno. O primeiro faz da sala de aula um local onde tudo é estabelecido por ele e pelas normas da instituição, acatadas passiva e comodamente, vendo o aluno como um receptor de conhecimentos; neste caso não há espaço para discussão, nem momento para esclarecimento de dúvidas. Para Freitas (1998), “a professora se comporta como se fosse a proprietária da sala de aula, bem como de tudo que está ali dentro: mesa, quadro, giz e, inclusive, os alunos. É por isso que ela se sente no pleno direito de manipulá-los conforme sua vontade”. Num modelo tradicional de ensino, o professor na sala de aula ensina e dá ordens e os alunos aprendem e obedecem. Zagury (1999) deixou bem claro isso, ao mencionar que a teoria educacional subjacente é que “quando o professor ensina, os alunos aprendem, ou seja, aprender era considerado consequência inevitável do ensinar”. Nesse sentido pode- se dizer que o professor quebra a possibilidade de um relacionamento harmonioso entre ele e o aluno, e se este não se adapta ao controle, ele é considerado rebelde, indisciplinado, quando na verdade pode ser apenas uma forma de não aceitação de imposições estabelecidas pelo 29 professor e pela escola. Há um distanciamento entre professor e aluno no que diz respeito à subjetividade, sendo que, muitas vezes, as relações são mecânicas, ritualistas e sem vida. Fernandez (1991), menciona que “para aprender, necessitam-se dois personagens (quem ensina e quem aprende) e um vínculo que se estabelece entre ambos”. Segundo a autora, para chegar a uma aprendizagem efetiva deve haver um ensinante e um aprendente e, entre eles, um relacionamento. Quando há um fracasso na aprendizagem, é preciso pensar sobre estas situações, pois o problema pode estar no professor, na escola, nos pais e não exclusivamente no aprendente. Deveria haver um equilíbrio das duas partes: o aluno respeitando o professor como autoridade em sala de aula e, o professor respeitando o aluno como ser humano em processo de aprendizagem, formação de valores e construção de novos conhecimentos. Referências: BARRETO, Maria José. A família e o papel desafiador dos pais de adolescentes na contemporaneidade. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679- 494X2015000200004>. Acesso em: 26/03/2019. BLEGER, J. Psico-Higiene e Psicologia Institucional. Porto Alegre, RS, Brasil – Artmed Editora Ltda, 1984. MORGAN, G. Imagens da Organização. 1ª edição - São Paulo, Atlas, 1996. MULLER, Fernanda. Socialização na escola: transições, aprendizagem e amizade na visão das crianças. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/er/n32/n32a10>. Acesso em: 26/03/2019. ____________________________ ______________________________ Estagiário: Lucy Mary Pettri Arruda Profª. Suely Aparecida Januário Silva RA: 312532215807 Supervisora 30 RELATÓRIO DE ESTÁGIO BÁSICO III (ESCOLAR) Objetivo da atividade: Observar. Materiais utilizados: Papel, computador, internet. Descrição do que foi observado: Neste encontro a estagiária foi recebida pela Diretora da Instituição, pois ao chegar na recepção, estava a caminho de sua sala e a acolheu dizendo que a estagiária é muito benvinda! Ao chegar na sala de G. (Diretora), encontra com R. (CP), ambas se cumprimentam e R. (CP), logo informou que estava atarefada naquele dia, preparando provas de matemática para aplicação, G. (Diretora) em seguida, informou a estagiária que ficaria com ela aquela tarde. R (CP), seguiu efetuando as impressões das provas, quando terminou informou que sairia para as aplicações. G. (Diretora), começou a explicar o que estava fazendo, tinha uma grande lista em mãos, com nome de alunos que foram transferidos e precisava verificar no sistema da instituição, para onde foram alocados e também a quantidade de faltas, para informar a Prefeitura e esta por sua vez liberar ou não Nome da Instituição: E. E. Fioravante Zampol Data da realização do estágio: 28/03/2019. Nome da supervisora: Profª. Suely Aparecida Januário Silva Nome do estagiário: Lucy Mary Pettri Arruda Encontro: 03 Tema: Observação. 31 o benefício da Bolsa Família. A Diretora pede que a estagiária sente-se ao lado dela, onde inicia as consultas no computador, ali na sala dela mesmo. G. (Diretora), explicava passo a passo o que estava fazendo, colocava o nome do aluno a ser consultado, buscava a página sobre esse aluno e então no final de cada lista, havia as informações que necessitava anotar. Na data deste encontro, o sistema encontrava-se bastante lento, ficaram ali até que G. (Diretora) efetuasse o término da atividade. Durante as consultas, G. (Diretora) conversava sobre amenidades com a estagiária, inclusive foi possível obter as informações que está para se aposentar, possui mais de trinta anos de profissão, confessa estar cansada, quer aproveitar os netos. Num certo momento, surgiu na porta da sala de G. (Diretora), um professor com três alunos, todos de uma mesma 6ªsérie, relatou que estavam “brincando” e os dois maiores caíram sobre o menor, que alegava estar com dor no braço, G. (Diretora), pediu para o professora que os deixassem com ela, o professor se retirou, então G. (Diretora) inicia uma conversa com os três alunos, a fim de entender o ocorrido, os alunos começaram a falar todos juntos, pretendendo se justificarem, G. (Diretora), solicitou que se acalmassem e que falasse um de cada vez, dirigindo imediatamente o olhar para um deles, que a entendeu e começou a explicar, no final da explicação de todos, o motivo foi o mesmo, um foi tirar o boné do outro (os maiores) e o menor quis entrar na “brincadeira”, enquanto os dois maiores “se pegavam” por causa do boné e o menor tentava ajudar o dono do boné, acabaram tropeçando nas mesas e caíram, na queda, um dos alunos maiores caiu em cima do braço do aluno menor, que queixava-se de dor. G. (Diretora), chamou a atenção energicamente dos três, inclusive ressaltando a falta de respeito com o professor pela “algazarra” em sala de aula, olhou o braço do aluno menor e pediu que imaginassem se tivesse acontecido algo pior, como quebrado o braço por exemplo, ficaram pensativos por um momento. G. (Diretora), pediu que retornassem a sala, dando instrução para o aluno menor caso não melhorasse a dor que voltasse a procura-la e para os três, caso recebesse qualquer reclamação seriam advertidos, os três saíram de cabeça baixa, retornando a sala. 32 G. (Diretora), comenta com a estagiária que os alunos de hoje em dia são muito difíceis no comportamento e segue com a busca de sua lista, alguns alunos G. até lembrava-se sem consultar. Em outro momento, chega a porta da sala de G. uma moça, informando que uma mãe gostaria de lhe falar, G. pede a moça que a mãe entre. G. (diretora), pede a estagiária que aguarde seu retorno e aguarda a mãe na porta de sua sala, para atendê-la em outra sala. Quando se retira, a estagiária aguarda, conforme solicitação de G., enquanto aguarda, entra na sala uma senhora, com uniforme, pergunta por G. (Diretora), a estagiária responde que está efetuando atendimento a uma mãe, então a senhora diz que está repassando porque logo seria seu horário de ir embora, então a estagiária lhe pergunta seu nome, e ela responde muito simpática, P. Enquanto Sra. P. retira o lixo e “repassa” pela sala de G. (Diretora), é possível para a estagiária interagir com a mesma, podendo obter as informações que presta serviços naquela instituição há quatro anos, mora em São Bernardo do Campo e seu horário de trabalho compreende o horário das 06:00h as 15:18h. Muito simpática, Sra. P. ainda brinca: “São Bernardo é muito longe”, “muito fora de mão” e sorri para a estagiária, despedindo-se e retirando-se da sala. A estagiária permanece na sala por mais algum tempo, aproveita para tomar água e retorna. Durante o tempo que aguardou G. (Diretora), algumas pessoas foram procurá-la e o telefone tocou. Quando G. (Diretora) retornou, comentou com a estagiária que a mãe que acabara de atender, tenta fazer de tudo para que o filho fique bem assistido em termos de estudos e trabalho, tendo em vista que por trabalhar esforça-se para fazer o melhor possível, mas o filho não valoriza e retoma a busca. Quando G. (Diretora) está perto do final, chega a sua sala R. (CP) para lhe falar, G. para novamente e ouve R. que lhe informa sobre a conduta de um professor sobre o resultado da prova de matemática de um aluno, o professor informou ao aluno que mudaria de sala e ano por ter se saído bem na prova, R. (CP), demonstrava- se indignada com tal atitude perante G. (Diretora), esta por sua vez perguntou se o aluno realmente obteve um bom resultado, tendo em vista a resposta positiva de R. (CP), G. pediu para seguir a diante, pois não teria o que fazer naquele momento em relação ao professor. R. (CP) entendeu a diretora e seguiu para sua sala. É chegado o horário da troca de diretores, então G. (Diretora), 33 apresenta C. (Vice diretor) para a estagiária e pede ao mesmo que efetue o término da lista com a mesma. A estagiária cumprimenta C. (Vice Diretor), G. (Diretora) despede-se, então C. (Vice Diretor), inicia a busca na lista de onde G. parou. Como já faltavam poucas consultas, após algum tempo, C. (Vice-Diretor), terminou a busca, guardou os documentos no armário de G. (Diretora), conforme havia solicitado e encaminhou a estagiária para a secretaria. Lá chegando, a estagiária apresentou-se para V. e para M., as quais respectivamente são secretaria, aguardando nomeação para assumir o cargo e professora em readaptação. A estagiária pediu para acompanhar V. em sua atividade, prontamente aceitou e convidou-a para sentar-se ao seu lado. V. (secretaria), estava preenchendo formulários para solicitação de documentos pendentes de alunos. Emitiu uma lista onde constava os nomes e nº de cada aluno, com os documentos faltantes listados, repassava as informações da ficha para o protocolo, assim o aluno tomaria ciência com sua assinatura. V. (secretaria), informa a estagiária que quando é período de término de semestre, os alunos querem os boletins, mas se não completam a documentação, a Instituição não pode efetuar a entrega. Quando V. (secretaria), termina sua atividade, faz a juntada de todos os protocolos preenchidos e informa a estagiaria que entregará na Diretoria para demais providências, então se retira. A estagiária utiliza a oportunidade para interagir com M. (professora r.), que corresponde gentilmente a aproximação da estagiária. É possível saber nessa interação com M. (professora r.), que afastou-se do cargo de professora por não saber lidar com adolescentes, acabou adoecendo, ficou com depressão e precisou tratar-se, o Estado afastou-a por dois anos e agora retornou em trabalhos internos. Preocupada a estagiária pergunta a M. (professora r.) se sente-se à vontade em falar sobre o assunto, M. (professora r.), muito gentil, responde que fique à vontade. Assim é possível que a estagiária saiba que M. (professora r.), iniciou o tratamento para depressão, deixou de tomar os remédios por achar que estava curada e teve recaída, retomou o tratamento com psiquiatra, hoje toma seus medicamentos corretamente, faz psicoterapia e yoga, acrescenta que gosta muito do yoga, a estagiária perguntou como se sente atualmente e se tem vontade de voltar a lecionar, M. (professora r.) diz sentir-se muito bem e que sim, sente vontade em retornar as salas de aula, mas somente para os “pequenos”, diz que os grandes não tem respeito pelos professores. M. (professora r.), tem 34 um neto de três anos, transborda alegria nos olhos quando fala dele. A interação foi muito boa, a estagiária quando se deu por conta do horário, percebeu que o encontro se findava, agradeceu M. (professora r.) por toda atenção, despediu-se e dirigiu-se a diretoria para assinatura do livro de presença de estágio, lá chegando, encontrou A. (vice-diretor) da Instituição, o qual a abordou perguntando-lhe se havia sido convidada a participar da semana de prevenção da Instituição, a estagiária respondeu-lhe que não era do seu conhecimento, então A. (vice-diretor), explicou-lhe que tratava-se de uma semana com palestras e atividades, a fim de alertar os alunos para os cuidados contra o Bullying e a convidou para uma atividade. A estagiária aceitou prontamente e informou o vice diretor A. que após alinhar o tipo de atividade com sua Supervisora de estagio, falaria com ele e pediu consentimento para ligar-lhe na escola para falar sobre o assunto, A. (vice-diretor), aceitou, a estagiária agradeceu e pediu-lhe o livro para assinatura, este lhe atendeu, apósa assinatura a estagiária despediu-se e finalizou este encontro. Considerações sobre o encontro: Percebeu-se que todas as pessoas que trabalham na Instituição sempre tem muitas tarefas a executar e embora gostem do que fazem, com o passar dos anos se sentem cansados. Observou-se que toda Instituição, no sentido empresa, tem seus pontos fortes e pontos a melhorar. Notou-se a alegria de uma funcionária por estar de volta ao seu ambiente e de volta à vida. Observou-se que em decorrência das inúmeras ocorrências na relação aluno/professor/instituição, fica evidente a importância do profissional de psicologia na área escolar. Articulação Teórica: Conforme Saviani (2003), o trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. Teoricamente, a escola tem o papel de formar indivíduos para serem seres humanos autônomos, críticos e capazes de atuar na sociedade para torná- 35 la melhor, para, desta maneira, também melhorar sua qualidade de vida. No entanto, as mudanças no contexto social e econômico alteraram significativamente o papel do professor e as exigências pessoais e do meio em relação à eficácia de sua atividade. O professor, em seu trabalho, enfrenta inúmeros desafios e assume grandes responsabilidades, constituindo uma das categorias profissionais mais sujeitas a apresentar sofrimento mental. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta a categoria docente como sendo a segunda a apresentar doenças ocupacionais. Segundo León (2011), as mudanças que têm ocorrido em relação à função do professor, como a fragmentação do seu trabalho e a complexidade das demandas que lhe são impostas, coincidem com um processo histórico de rápida transformação do contexto social. Enquanto a valorização dos professores diminui, cresce a cobrança para que a escola cumpra funções antes realizadas por outras instituições sociais, como a família. O professor vem assumindo uma série de funções, além daquelas tradicionalmente conferidas a sua grade de trabalho, sendo, ao mesmo tempo, desqualificado e sobrecarregado. Estimular o potencial de aprendizagem dos alunos, ensiná-los a conviver em sociedade, cobrir as lacunas da instituição escolar, garantir a articulação entre escola e comunidade, e buscar, por conta própria, sua requalificação profissional, são algumas das tarefas que ilustram sua atual condição. A desvalorização do trabalho do professor se traduz pelo desrespeito por parte dos alunos, baixos salários, carga de trabalho exaustiva, alto número de alunos por classe e pressão por metas de produtividade, fatores responsáveis pelo intenso sofrimento docente. A isto se somam o aumento dos contratos temporários e a perda de garantias trabalhistas; falta de preparo durante a formação; dificuldades na relação com alunos e pais, diante das fragilidades da escola; exigência de adoção de uma pedagogia que não corresponde ao modelo de escola instituído; cumprimento de várias jornadas em diferentes escolas, sobrecarga de tarefas como preenchimento de relatórios, cálculo de notas e anotações de frequência. Número considerável de professores tem apresentado alterações na saúde física e mental. As alterações estão relacionadas a doenças 36 músculo-esqueléticas (CARDOSO et al., 2009), a problemas com a voz (DELCOR et al., 2004, LUCHESI et al., 2009), ao sono, à memória e ao estresse (GOULART Jr.; LIPP, 2008; POCINHO; CAPELO, 2009; VEDOVATO; MONTEIRO, 2008). Entretanto, os transtornos psíquicos parecem ser a principal causa dos afastamentos do trabalho (GASPARINI; BARRETO; ASSUNÇÃO, 2005). Tal dado é preocupante e coloca em evidência a necessidade de investigação sobre o estresse, pois este pode ser deflagrador dessas disfunções (HANKIN; ABELA, 2005). Referências: SILVEIRA, Kelly Ambrosio. Estresse E Enfrentamento Em Professores: Uma Análise da Literatura. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/edur/v30n4/02.pdf>. Acesso em: 02/04/2019. TOSTES, Maiza Vaz. Sofrimento mental de professores do ensino público. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/sdeb/v42n116/0103-1104-sdeb-42- 116-0087.pdf>. Acesso em: 02/04/2019. DIEHL, Liciane. Adoecimento mental em professores brasileiros: revisão sistemática da literatura. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236- 64072016000200005>. Acesso em: 02/04/2019. ____________________________ ______________________________ Estagiário: Lucy Mary Pettri Arruda Profª. Suely Aparecida Januário Silva RA: 312532215807 Supervisora 37 RELATÓRIO DE ESTÁGIO BÁSICO III (ESCOLAR) Objetivo da atividade: Observar. Materiais utilizados: Papel, computador, internet. Descrição do que foi observado: Previamente acordado com a Instituição e sob verificação e autorização da Supervisora do Curso, neste encontro a estagiária realizou as atividades de dinâmica e palestra com os alunos e alguns professores da Instituição. Ao chegar, a estagiária foi reconhecida por uma das funcionárias da secretária, que logo lhe abriu o portão, ao adentrar para a diretoria, a estagiária perguntou para essa mesma funcionária sobre R. (CP), está lhe respondeu que entrasse, pois, R. (CP) estava em sua sala. A estagiária agradeceu-lhe e seguiu. Ao chegar na porta da sala de R. (CP), a estagiária foi recebida pela mesma, a qual lhe pediu que aguardasse um instante, assim a estagiária o fez. R. (CP), é muito solicitada, na sua ausência e durante a conversa com a estagiária, várias pessoas a procuram. Nome da Instituição: E. E. Fioravante Zampol Data da realização do estágio: 04/04/2019. Nome da supervisora: Profª. Suely Aparecida Januário Silva Nome do estagiário: Lucy Mary Pettri Arruda Encontro: 04 Tema: Observação. 38 Quando retornou, R. (CP), perguntou para a estagiária como seria sua atividade, a estagiária perguntou-lhe se verificou o material encaminhado, a pedido do vice-diretor A., a mesma respondeu-lhe negativamente, assim, a estagiária explicou-lhe que aplicaria uma dinâmica e após iniciaria a palestra sobre o assunto escolhido pela Instituição, Bullying, por estarem efetuando atividades para a semana da prevenção. Tendo em vista R. (CP) não ter visualizado o material encaminhado, a estagiária mostrou-lhe pela impressão que havia levado no encontro, após a verificação, R. (CP), pediu a estagiária que lhe acompanhasse até a sala de vídeo da Instituição para prepararem o material para apresentação. Chegando na referida sala, R. (CP), ligou o retroprojetor e o notebook, este último não se mantinha ligado, então R. (CP), pediu que a estagiária aguardasse, pois iria buscar outra máquina, enquanto aguardava, a estagiária desligou o primeiro notebook e deixou carregando, conforme lhe pediu R. (CP), quando retornou, R. (CP), ligou a outra máquina e está reproduziu as imagens do material da estagiária. Ao deixar tudo pronto, R. (CP), informou a estagiária que dividiria os alunos em turmas, para que aproveitassem mais as atividades, pediu que a estagiária ficasse à vontade, pois traria duas salas de 7ª série para iniciar a proposta, (7ª A e 7ª C). Enquanto R. (CP), foi buscar os alunos, a estagiária arrumou
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