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Relatório SANEP

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS 
CENTRO DE CIÊNCIAS QUÍMICAS, FARMACÊUTICAS E DE ALIMENTOS 
CURSO BACHARELADO EM QUÍMICA DE ALIMENTOS 
DISCIPLINA DE TRATAMENTO DE ÁGUA E RESÍDUOS INDUSTRIAIS 
PROFESSORAS: Prof.ª Nádia Carbonera 
 
 
 
 
 
RELATÓRIO DE VISITA TÉCNICA 
 
 
 
Pedro F. Viana 
Rafaela Fao 
Thaís de Amorim Alves 
Vitória Lopes Rocha 
 
 
 
Pelotas, 2019 
1. INTRODUÇÃO 
 A água é provavelmente o único recurso natural que tem a ver com todos os 
aspectos da civilização humana, desde o desenvolvimento agrícola e industrial aos 
valores culturais e religiosos arraigados na sociedade. É um recurso natural essencial, 
ou seja, como componente bioquímico de seres vivos, como meio de vida de várias 
espécies vegetais e animais, como elemento representativo de valores sociais e 
culturais e até como fator de produção de vários bens de consumo final e 
intermediário. 
Cada atividade humana tem seus próprios requisitos de qualidade para 
consumo de água. Além disso, recebe, dilui, e transporta esgoto doméstico, efluentes 
industriais e resíduos de atividades rurais e urbanas. Consegue assimilar esses 
despejos regenerando-se por meio de processos químicos, físicos e biológicos. 
Verifica-se, dessa forma, que há necessidade do manejo adequado dos 
recursos hídricos, compatibilizando os seus diversos usos, de modo a garantir a água 
na qualidade e quantidade desejáveis aos diversos fins. Este é um dos grandes 
desafios da humanidade, saber aproveitar seus recursos hídricos, de forma a garantir 
seus múltiplos usos, hoje e sempre. 
É extremamente importante que a água fornecida para o abastecimento das 
populações e comunidades esteja em condições adequadas para consumo. Para que 
isso seja possível, é necessário que a água passe por um processo de tratamento em 
unidades denominadas Estações de Tratamento de Água. A ETA consiste em um 
complexo sistema de unidades que tornarão a água potável, com características 
propicias ao consumo e aceitação da população e dentro dos padrões estabelecidos 
pela legislação. 
Basicamente uma ETA realiza os seguintes processos: captação, coagulação, 
floculação, decantação, filtração, desinfecção, fluoretação, ajuste de ph e distribuição. 
As unidades de tratamento devem realizar um rigoroso controle de qualidade, 
observado os padrões físicos, químicos e microbiológicos presentes na Portaria n° 
2.914 de 12 de dezembro de 2011 que dispõe sobre os procedimentos de controle e 
de vigilância da qualidade das águas para consumo humano e seu padrão de 
potabilidade. 
 
 
 
 
2. OBJETIVOS 
 O objetivo principal da visita ao Sanep foi verificar e aplicar todo conhecimento 
adquirido em sala de aula na disciplina de Tratamento de água e resíduos tendo como 
foco os seguintes objetivos específicos: 
-Conhecer a estrutura da Estação, as unidades que integram e os processos 
de produção da água que abastece a população de Pelotas; 
-Verificar os produtos químicos utilizados; 
-Observar como é realizado as análises físico-químicas e bacteriológicas, bem 
como o controle de qualidade; 
-Analisar aspectos ligados á limpeza e segurança da ETA; 
 
3. ETAPAS DE TRATAMENTO 
Os serviços públicos de abastecimento devem fornecer água sempre saudável 
e de boa qualidade. Portanto, o seu tratamento apenas deverá ser adotado e 
realizado depois de demonstrada sua necessidade e, sempre que for aplicado, deverá 
compreender apenas os processos imprescindíveis à obtenção da qualidade da água 
que se deseja. 
 
FIGURA 1 – Fluxograma de Tratamento de Água. 
FONTE: CEDAE. 
 
 
 
 
Captação: a água bruta é captada por meio de bombas que aproveitam as 
águas da barragem construída com o fechamento do Arroio Santa Bárbara. Essa 
água passa primeiramente por um gradeamento, feito por telas metálicas, que retém 
objetos grandes, fazendo a remoção de sólidos grosseiros. 
 Coagulação e floculação: é adicionado o PAC para que haja a eliminação de 
cargas eletroestáticas superficiais, causando aglutinação das partículas e formando 
flocos. Para que se processe uma boa coagulação, necessita-se de uma mistura 
intensa, conseguida através de uma agitação adequada que tem função de produzir 
turbulência. Esta ação assegura uma distribuição uniforme do coagulante na água. A 
floculação consiste na obtenção de um agrupamento e compactação das partículas 
em suspensão e no estado coloidal, em grandes conjuntos denominados flocos, o que 
se consegue através de uma agitação lenta para evitar o rompimento dos flocos 
adensados já formados. 
Com a mistura (coagulação), a floculação influi na preparação da decantação 
e indiretamente em uma boa filtração. Os flocos formados quanto mais densos, 
pesados, melhor decantação. Esta etapa tem como objetivo a clarificação da água, 
com a retirada das partículas em suspensão e dissolvidas na água, através da 
absorção pelos flocos. 
Decantação: nessa etapa ocorre a remoção dos flocos/lodo por meio da 
gravidade, ou seja, sem adição de produtos químicos, permitindo a sedimentação no 
fundo dos tanques chamados decantadores, que em geral possuem forma retangular, 
permitindo a saída de água límpida pela parte superior para os filtros. 
Filtração: o restante dos flocos que não foram devidamente removidos, aqui 
serão. O leito filtrante consiste em diversas camadas de areia. Tem como finalidade 
a retirada dos flocos que passam dos decantadores para os filtros, remoção da 
turbidez e também a retenção dos microrganismos, os quais ficam retidos na malha 
de areia. Os filtros são limpos diariamente para a retirada da camada gelatinosa. Esta 
lavagem é realizada com água tratada em fluxo inverso, através de um processo 
chamado de reversão. Os tipos de materiais usados nos filtros são: areia, seixos, 
cascalho. 
 
Desinfecção: é adicionado cloro como desinfetante pois alguns 
microrganismos patogênicos ainda podem estar presentes. O agente desinfetante 
atua destruindo a estrutura celular, inativando enzimas e inibindo o crescimento 
celular. 
O cloro residual livre é aquele presente na água na forma de ácido hipocloroso 
(HOCl) ou do íon hipoclorito (OCl-). A eficiência do HOCl é cerca de 40 a 80 vezes 
maior que o OCl-. 
O HOCl sofre ionização, formando H+ e OCl-, sendo que o grau de ionização 
depende de fatores como ph e temperatura. Para valores inferiores a 6,0, o HOCl 
predomina. Porem, a media com que a temperatura e o ph se elevam, o grau de 
ionização aumenta, e consequentemente a concentração de e OCl- também, sendo 
esse menos eficaz. 
A Portaria2.914/2011 estabelece que a companhia de saneamento deve 
entregar ao consumidor a água tratada com um teor mínimo de cloro residual livre de 
0,2 mg/L. Porém, para que o cloro continue mantendo seu poder de desinfeção, o 
morador deve lavar a caixa d’água da sua residência pelo menos duas vezes ao ano 
e mantê-la sempre tampada. O ph recomendado para água tratada fica entre 6,0 e 
9,0. 
Fluoretação: o ácido Fluossilícico (H2SiF6) é adicionado na água e libera a 
forma iônica do flúor (fluoreto), sendo utilizado para prevenir caries. 
Neutralização do pH: a neutralização do pH se processa com a dosagem de 
água de cal, que tem como objetivo neutralizar o pH ácido gerado pela adição do 
sulfato de alumínio, na etapa inicial do tratamento. O ideal é um pH entre 6,9 e 7,5. 
Estas dosagens são realizadas nos reservatórios de cada estação de tratamento de 
água. A partir daí, temos uma água pronta para o consumo. 
4. CONTROLE DE QUALIDADE 
O controle de qualidade da água produzida na ETA é realizado por laboratórios 
microbiológicos e físico-químicos presente no complexo. A cada duas horas são feitascoletas para averiguar a qualidade da água captada que sai da Estação de 
Tratamento para os reservatórios. São feitas ainda, diariamente, analises físico-
químicas e bacteriológicas para o monitoramento das unidades de tratamento e da 
água distribuída para população. 
 
Esses laboratórios funcionam 24 horas por dia todos os dias da semana. As 
amostras para análise são coletadas na própria ETA e em diferentes pontos de 
Pelotas. Ao final de todos os meses é enviado um relatório ao Ministério da Saúde 
com todas as analises realizadas e seus resultados. 
5. CONCLUSÃO 
 A visita ao Sanep foi muito produtiva, uma vez que possibilitou aos alunos do 
curso de Química de Alimentos conhecer uma Estação de Tratamento de Água, até 
então vista somente por imagens no ambiente de sala de aula. 
Por se tratar de um possível futuro ambiente de trabalho, conhecer a ETA nos 
revelou o quanto é importante o processo de tratamento da água, bem como o 
acompanhamento do controle de qualidade. 
Através da visita, conseguimos relacionar diversos conhecimentos da 
disciplina, observando minuciosamente cada detalhe presente na Estação de 
Tratamento. 
 
6. REFERÊNCIAS 
 
SANEP. Tratamento de água. Disponível em 
https://www.docsity.com/pt/relatorio-visita-eta/4803975/. Acesso em 07/10/2019. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de vigilância em saúde. Boas 
práticas no abastecimento de água: procedimentos para minimização de riscos 
á saúde/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. - Brasília, Ministério 
da Saúde, 2006. 252p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos).

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