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Bases da farmacologia Curso de Nutrição Disciplina de Farmacologia Aplicada à Nutrição Prof. Me. Fernando Lamarca 1 Prof. Juliana Rodrigues História da farmacologia Origem da palavra: Do grego Φαρμακολογίας, farmakon (droga) e logos (estudo); China e Egito antigo; Século XVII: A observação e a experimentação começam a substituir Como ciência nasceu em meados do século XIX: François Magendie estabelece as bases experimentais para o estudo da moderna fisiologia e farmacologia. 2 Conceitos básicos em farmacologia Definição de farmacologia: Estudo dos efeitos das substâncias químicas sobre a função dos sistemas biológicos. DrogaMedicamentoFármaco Substância usada com finalidades terapêuticas Remédio 3 Qual o nome do medicamento? 4 Conceitos básicos em farmacologia Qual o nome do produto farmacêutico? Conceitos básicos em farmacologia Conceitos pela OMS: Medicamento: “Toda substância contida em um produto farmacêutico, empregado para modificar ou explorar sistemas fisiológicos ou estados patológicos em benefício da pessoa a que se administra e que tem por finalidade prevenir, diagnosticar e tratar enfermidades”. Produto farmacêtico: “Forma farmacêutica que contém um ou mais medicamentos juntamente com outras substâncias adicionadas ao curso do processo de fabricação”. Termos importantes: Dose: Quantidade de medicamento, no local de ação, necessária para produzir o efeito desejado; Posologia: Estabelece as doses, sua frequência de administração e a duração do tratamento 5 Ação e efeito do fármaco Ação do fármaco: definida como a impressão causada pela substância num órgão, tecido ou em todo o organismo; Ação qualitativa: Local; Geral. Ação quantitativa: Útil; Nociva: Tóxica ou letal. Tempo de duração: diretamente relacionado com a composição, concentração, dosagem, capacidade absorção e de excreção. 6 Ação e efeito do fármaco Margem de segurança: faixa entre o nível terapêutico e o nível tóxico. 7 Ação e efeito do fármaco 8 Ação e efeito do fármaco 9 “Todas as substâncias são venenos, não existe nada que não seja veneno. Somente a dose correta diferencia o veneno do remédio.” Paracelso (Médico e físico do século XVI) Ação e efeito do fármaco 10 Principais formas farmacêuticas 11Cápsula Comprimido Drágeas Principais formas farmacêuticas Comprimidos: submetidos a compressão em um molde geralmente cilíndrico; Uso: Via oral (ingeridos ou sublingual) e implantes (subcutâneo); Drágeas: comprimidos revestidos por uma camada de substância açucarada com a utilidade de evitar a desagregação, proteção e mascarar propriedades organolépticas. Uso: Via oral (não podem ser partidos 12 Principais formas farmacêuticas Pílulas: Pequenos comprimidos na forma esférica, podendo ou não ser revestida de substância açucarada. Cápsulas: medicamento em pó, grânulos ou líquido, envolvido em gelatina solúvel, que é dissolvido no intestino Supositórios: forma alongado, sendo a sua base de glicerina, gelatina ou manteiga de cacau. Xarope: composto de medicamento, açúcar e água. Emulsão: medicamento formado por dois compostos que não se misturam. 13 Regiões de aplicação Trato gastrointestinal; Aparelho respiratório; Aparelho circulatório; Pele; Serosas; Aparelho gênito-urinário; Órgãos sensitivos 14 Principais vias de administração Via oral; Via sublingual; Via subcutânea; Via intramuscular; Vai intravenosa; Via retal 15 Principais vias de administração Via Vantagens Desvantagens Oral Segurança, comodidade, maior uniformidade de absorção (íleo) e mais econômica. Maior latência, substâncias irritantes ou de sabor desagradável, maior colaboração do paciente. Sublingual Rápida absorção; para atingir a circulação, não necessita passar pelo fígado (biotransformação). Baixa aceitação de substâncias irritantes e de sabor desagradável. Subcutânea Boa absorção, volume a ser injetado relativamente grande. Maior chance de sensibilização, embolia (substâncias oleosas), reações tóxicas, acidentes locais (abscessos, nódulos e dor). Intramuscular (deltoide, glúteo, glúteo médio e coxa) Facilidade de administração, boa e rápida absorção, menor sensibilidade a dor. Pode formar abscessos, necessidade de colaboração de outra pessoa, problemas com assepsia e substâncias com pH diferente do tecido podem provocar irritação e necrose. Intravenosa Ação mais rápida (latencia curta), comporta grande volume (mesmo de substâncias irritantes ou de pH distante da neutralidade) Efeito de curta duração (rápida eleminação e destruição), assepsia mais rigorosa, quando aplicada rapidamente pode provocar superdosagem relativa, maior possibilidade de alergia e trombos (substâncias oleosas). Retal Possibilidade de uso quando há perda de consciência, náuseas, vômitos e crianças Absorção irregular devido a flora bacteriana, substâncias irritantes. 16 Via Oral Via Retal – 50% sofre 1ª passagem Principais vias de administração Farmacocinética: Estuda os processos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção (o que o organismo faz com o fármaco); Farmacodinâmica: Estuda o mecanismo de ação e os efeitos bioquímicos e fisiológicos (o que o fármaco faz no organismo); Toxicologia: Estuda os efeitos adversos Conceitos básicos em farmacologia Reis, 2009; Goodman & Gilman, 2006.18 Farmacocinética e farmacodinâmica 19 F Farmacocinética F Farmacocinética F Farmacocinética Conceitos importantes em farcocinética Biodisponibilidade: mede a fração do fármaco que ao ser administrado a um organismo vivo atinge de forma inalterada a circulação sanguínea. Um conceito mais abrangente considera ainda a biodisponibilidade como a quantidade do medicamento que atinge não só a circulação sanguínea, mas também o seu local de ação; Meia-Vida: É o tempo que leva para a concentração plasmática ou a concentração da substância no corpo ser reduzida a 50%; Depuração: relacionado com a capacidade de excerção de um fármaco. 23 Conceitos importantes em farcocinética 24 Farmacocinética LOCAL DE AÇÃO INESPERADA EXCREÇÃOABSORÇÃO METABÓLITOS 25 Farmacocinética - Absorção Processo de transporte do fármaco do local da administração ou do intestino até a circulação sistêmica; Velocidade de absorção vs duração e intensidade de ação; Absorção dependente da solubilidade do fármaco; Atividade terapêutica do medicamento: Deve chegar em velocidade e contração adequadas ao seu lugar de ação; Absorção suficientemente rápida para superar os processos de excreção. 26 Farmacocinética - Distribuição Processo de movimentação do fármaco de um local para outro; É dependente da solubilidade do medicamento em água; Sítio de absorção Sítios de ação Sítios de eliminação; Órgãos nobres recebem a maior parte do fármaco nos primeiros minutos seguintes à absorção; Músculos, pele e gordura, a liberação é mais lenta; Combinação fármaco-albumina, pode levar a distribuição limitada: comprometimento do acesso aos locais de ação, metabolização e excreção intoxicação medicamentosa. 27 Farmacocinética - Distribuição Farmacocinética - Biotransformação Corresponde a toda alteração química que os fármacos sofrem no organismo, geralmente por processos enzimáticos; Biotransformação ou metabolização: provoca a eliminação e a inativação do composto; As reações de biotransformação transformam as moléculas do fármaco mais polares e hidrossolúveis; O fígado é responsável pela maior parteda biotransformação. Plasma, rim, pulmão e tudo digestivo podem contribuir. Podem influenciar a metabolização hepática: Fatores externos: Via de administração da droga e os agentes ambientais; Fatores internos: Sexo, idade, peso, características genéticas, temperatura corporal, condições fisiopatológicas e estado nutricional. 29 Interação no metabolismo: Qualquer condição que iniba ou estimule a P-450, é capaz de alterar o metabolismo de uma droga. Farmacocinética - Biotransformação Farmacocinética - Excreção É o processo de saída do fármaco do organismo; Quanto à eliminação, podem ser: Organodepositários: tendência a se acumular no organismo (ex: digitoxina); Organodecursores: se eliminam rapidamente. Via preferencial e via acessória ; Substâncias com baixa lipossolubilidade baixa são mais facilmente excretadas; Principais vias de excreção: renal, pulmonar e a intestinal. 31 Farmacocinética - Excreção RIM O rim é o principal órgão de eliminação: ▪ Filtração glomerular; ▪ Reabsorção tubular passiva; ▪ Secreção tubular ativa; Velocidade de excreção é variável: ▪ Concentração sanguínea do fármaco; ▪ Mecanismo de excreção renal (idade e doença renal) 32 → Parte não ligada Ptn Farmacocinética - Excreção Pulmonar: Eliminam substâncias gasosas e voláteis (ex: gás carbônico, eucaliptol, cânfora, etanol e benzeno); Intestino grosso e secreção biliar: Via de eliminação e secreção (ex: metais pesados, substâncias não absorvidas pela administração via oral e metabólitos excretados pela bile não absorvidos - fenolftaleína); Glândulas salivares e estômago: vias vigária (ex: iodetos e brometos); Secreção pancreática: semelhante a secreção salivar. Secreção láctea: ex: anticoagulantes, anticoncepcionais, aspirina, estrogênio, corticosteróides, sulfas, fenobarbital, clorotiazida). Pele: atua como via principal e vigária* (ex: cloretos) 33 Interação fármaco vs fármaco Fármaco Fármaco Aumento no efeito de um ou de outro Aparecimento de novos efeitos Inibição dos efeitos de um pelo outro Não surgir modificação no efeito final 34 Interação fármaco vs fármaco Fatores ligados aos pacientes: Estados mórbidos (DM, Hipertireoidismo,etc.); Hipoalbuminemia; Função hepática; Função renal; Aspectos dietéticos; Idade. 35 Interação fármaco vs fármaco Fatores ligados aos pacientes Idiossincrasia – Toda relação anômala de um medicamente, que pode ser dividida em: Hipodinamia medicamentosa - Quando uma dose que produz determinado efeito em um indivíduo é suficiente e em outro não. Hiperdinamia medicamentosa - Uma dose que, quando dada à maioria dos indivíduos, produz efeito terapêutico e, em um determinado indivíduo, produz efeito maior, gerando a hipersensibilidade ou alergia medicamentosa. Paradinamia medicamentosa – o medicamento apresenta efeito inverso ao esperado. Interação fármaco vs fármaco Fatores ligados aos pacientes Tolerância – congênita ou adquirida. A congênita se subdivide em: Espécie – nasce com indivíduo Ex: Coelho suporta doses elevadas de atropina e outros não. Cruzada, ex: Animal resistente à ação narcótica do barbitúrico, resiste à ação do éter. Adquirida – Se divide em hábito em que , com uso continuado de uma droga, o organimo passará a metabolizar melhor o medicamento, com tolerância maior. O indivíduo fica compelido a usar a substância. Interação fármaco vs fármaco Fatores ligados ao meio ambiente: Clima, exposição a luz solar, inseticidas, poluição do ar, tabagismo, etilismo. Fatores ligados à administração do fármaco: Apresentação (divisão e solubilidade); Via de introdução (depende da ação); Dose; Ordem de administração. 38 Interação fármaco vs fármaco Fatores ligados ao medicamento: Um medicamento pode afetar a absorção, a distribuição , o metabolismo e a excreção de outro fármaco (farmacocinética). 39 Aditivo ou sinérgico Antagônico Interação fármaco vs fármaco Fatores ligados ao medicamento: As interações medicamentosas podem ainda ser classificadas em: Interações físicas e químicas; Dois fármacos podem interagir diretamente quando suas concentrações forem elevadas. Estas reações físico-químicas podem acontecer por adsorção dos fármacos às superfícies plásticas ou de vidro dos equipamentos utilizados. Interações por ligações proteicas; 40 Interação fármaco vs fármaco Fatores ligados ao medicamento: Interações por ligações proteicas; Vários fármacos, principalmente os de caráter ácido, ligam- se reversivelmente às proteínas do plasma e pode haver competição entre eles pelo sítio de ligação e pelas concentrações obtidas. A fração não ligada à proteína pode deixar o compartimento vascular e exercer a ação farmacológica. 41 Interação fármaco vs fármaco Fatores ligados ao medicamento: Interações no nível de receptores; Interações de agonistas e antagonistas em locais de receptores específicos, também determinadas pela falta de especificidade de alguns agentes. 42 Interação fármaco vs fármaco Fatores ligados ao medicamento: Interações por absorção gastrointestinal; Fármacos que modificam a motilidade do TGI podem aumentar ou diminuir a velocidade e o grau de absorção de outros fármacos administrados concomitantemente. Ex: O antiácido pode reduzir a absorção de fármacos de caráter ácido e o antibiótico que , ao alterar a flora intestinal, inibe a velocidade de síntese de vitamina K pelos microorganismo intestinais. 43 Interação fármaco vs fármaco Fatores ligados ao medicamento: Interações pelo aumento do metabolismo; Muitos fármacos ou substâncias químicas presentes no meio ambiente podem levar à síntese de enzimas metabolizadoras de outros fármacos, principalmente as do retículo endoplasmático hepático. Interações por redução do metabolismo; Inibição do metabolismo de um fármaco por outro ou seus metabólicos. 44 Interação fármaco vs fármaco Fatores ligados ao medicamento: Interações por alteração da excreção renal; Quando um fármaco altera o pH urinário, ele influenciará na excreção de outros. Pode existir também competição entre os dois fármacos pelo transporte tubular renal. Interações por alteração do pH ou das concentrações de eletrólitos; Os diuréticos, por exemplo, alteram as concentrações de eletrólitos e o pH dos líquidos corporais, podendo ocasionar alterações na absorção, distribuição ou depuração renal de outros fármacos. 45 Interação fármaco vs fármaco Em síntese, podemos dizer que a associação dos medicamentos pode ocorrer com: Indiferença : Cada substância atuará no seu setor, sem interferir com as ações e efeitos da outra substância. Ex: Antitérmico com antibiótico. Antagonismo: Um fármaco tende a anular o outro. Ex: Tetraciclina com cálcio e manganês Sinergismo: Duas substâncias atuando no mesmo sentido. As ações e os efeitos tendem a se somar. 46
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