Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
W BA 02 05 _v 2. 1 CÁLCULOS TRABALHISTAS Autoria: Fernanda Vassoler Gonçalves Rosa Guedes da Silva Revisão: Nirse Ruscheinsky Breternitz Como citar este documento. SILVA, Fernanda Vassoler Gonçalves Rosa Guedes da Cálculos Trabalhistas. Valinhos: 2017. © 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser repro- duzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de ar- mazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ CÁLCULOS TRABALHISTAS SUMÁRIO Apresentação da disciplina....................................................................... 4 TEMA 1 ........................................................................................................ 5 Cálculos de Folha de Pagamento TEMA 2 ........................................................................................................ 24 Rescisão trabalhista TEMA 3 ........................................................................................................ 42 13º salário. Férias. Aviso prévio. Verbas rescisórias TEMA 4 ........................................................................................................ 62 Jornada de trabalho TEMA 5 ........................................................................................................ 81 Segurança e medicina do trabalho TEMA 6 ........................................................................................................ 95 Fundo de garantia por tempo de serviço TEMA 7 ........................................................................................................ 108 Seguro-desemprego TEMA 8 ........................................................................................................ 120 Peculiaridades do trabalho doméstico 3 Apresentação da disciplina Apesar de fazer parte da rotina de trabalho de muitos operadores do Direito que militam na área trabalhista, a presente disciplina tem sido pouco explorada nos bancos acadêmicos. Assim, o objetivo da presente matéria é a elucidação de conceitos básicos que fazem parte dessa rotina, trazendo análise das bases de cálculo a serem utilizadas, bem como de algumas sistemáticas necessárias na área de cálculos trabalhistas. Tem por objetivo, outrossim, ampliar o conhecimento do discente nos ensinamentos teóricos e práticos dos cálculos trabalhistas, buscando a capacitação na execução de suas atividades, orientando os profissionais do Direito do Trabalho na confecção de peças processuais, conferência e homologação dos cálculos trabalhistas. Dessa forma, nos oito módulos estudados serão abordados assuntos como a folha de pagamento do obreiro, verbas rescisórias, jornada de trabalho, segurança e medicina do trabalho, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – (FGTS), seguro-desemprego e peculiaridades do trabalho doméstico, sempre elucidados com a pertinência e relevância necessárias para sua melhor compreensão. É evidente que o tema não será esgotado em virtude da sua complexidade e envolvimento de áreas que extrapolam as rotinas e conhecimentos ordinários dos operadores do direito, contudo será explorada de forma clara e pertinente, apta a auxiliá-los no desenvolvimento da profissão. 4 Cálculos de Folha de Pagamento Autor: Fernanda Vassoler Gonçalves Rosa Guedes da Silva Objetivos • Compreensão da folha de pagamento; • Explanação dos descontos obrigatórios; • Breve análise de institutos relacionados. Introdução A folha de pagamento constitui uma obrigação do empregador, uma vez que, através dela, o trabalhador toma conhecimento da discriminação de todas as verbas e descontos envolvidos no pagamento de seu salário, notadamente, a principal obrigação oriunda do contrato de trabalho. 1. Folha de Pagamento: Proventos e Descontos A elaboração da folha de pagamento, que poderá ser feita de forma manuscrita, por meios mecânicos ou eletrônicos, configura, dentre outras, uma das obrigações do empregador. Essa obrigatoriedade decorre de imposição legal trazida pelo artigo 32, I da Lei 8.212/91, a saber: Art. 32. A empresa é também obrigada a: I–preparar folhas-de-pagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos pelo órgão competente da Seguridade Social. O documento mencionado deverá trazer, de um lado, todos os proventos, que compreendem os ganhos, vencimentos e, do outro, todos os descontos englobados na remuneração do empregado. Assim, para melhor compreensão, a tabela a seguir traz os principais proventos e descontos constantes na folha de pagamento, os quais serão analisados e conceituados oportunamente. 6 Quadro 1 | Principais proventos e descontos constantes na folha de pagamento PROVENTOS DESCONTOS Salário Contribuição previdenciária Horas extras Imposto de renda Férias Contribuição sindical Adicional de insalubridade Vale transporte Adicional de periculosidade Adiantamentos salariais Adicional noturno Faltas e atrasos Décimo terceiro salário Plano de saúde Outros proventos previstos em lei Outros descontos previstos em lei Fonte: elaborada pela autora (2017). É cediço que o salário, aqui compreendido em seu sentido mais amplo, possui caráter alimentar, com objetivo de prover o trabalhador e sua família, pelo que goza de especial proteção em dispositivos constitucionais e infraconstitucionais. A proteção do salário encontra resguardo em alguns princípios, como o princípio da intangibilidade salarial, que consubstância, dentre outros, no artigo 7º da Constituição Federal, a saber: “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: X–proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa”. Ademais, o artigo 462 da Norma Consolidada prevê ser vedado ao empregador efetuar descontos nos salários do empregado, salvo quando resultar de adiantamentos, dispositivos de lei ou contrato coletivo. Dessa forma, o empregador não pode, salvo se autorizado por lei, norma coletiva, ou em casos expressamente previstos pelo próprio empregado, efetuar quaisquer descontos no salário do empregado. 7 1.1 Descontos obrigatórios na folha de pagamento Não obstante a expressa vedação do empregador em efetuar descontos não autorizados, este é obrigado a realizar determinados descontos na folha de pagamento. São eles: contribuição previdenciária – INSS; contribuição fiscal – imposto de renda. 1.1.1 Contribuição previdenciária – INSS Todos aqueles que exercem atividade laborativa com vínculo registrado na Carteira de Trabalho devem contribuir para a Previdência Social. Nesse caso, além de pagar a contribuição patronal, o empregador possui, também, a obrigação de descontar a contribuição relativa ao empregado e fazer o devido recolhimento. Conforme já exposto, o empregador tem a obrigação de elaborar mensalmente a folha de pagamento, o que também acarreta a obrigação acessória de transmitir as informações para a Previdência Social e FGTS–Caixa Econômica, através do Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (SEFIP). A contribuição do empregado terá alíquota de 8%, 9% ou 11%, a depender da faixa de enquadramento do seu salário de contribuição, o que será determinado pela Previdência Social. LINK Sobre o recolhimento complementar do trabalhador intermitente que percebe remuneração inferior a um salário mínimo, acesse o link: <https://g1.globo.com/ economia/noticia/trabalhador-podera-pagar-diferenca-da- contribuicao-previdenciaria-quando-receber-menos-de-1- salario-minimo-diz-fisco.ghtml>. Acesso em: 17 abr. 2019. 8 Esse valor, para o empregado e trabalhador avulso, corresponde à: remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o salário, qualquer que seja sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelo serviço efetivamente prestado, quer pelo tempo a disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. (BRASIL, 1991, [s.p.]) Assim, tem-se como base de cálculo o salário de contribuição, que observará os limites mínimo e máximo, nos valores estabelecidos por meio da Portaria do Ministério da Economia n. 09, de 16 de janeiro de 2019, e terão aplicação sobre as remunerações a partir de 1º de janeiro de 2019, conforme apresentado na Tabela 1. Tabela 1 | Contribuição previdenciária para empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso (2019) Salário de Contribuição (R$) Alíquota Até R$ 1.751,81 8% De R$ 1.751,82 a R$ 2.919,72 9% De R$ 2.919,73 até R$ 5.839,45 11% Fonte: <https://www.inss.gov.br/servicos-do-inss/calculo-da-guia-da-previdencia-social-gps/ tabela-de-contribuicao-mensal/>. Acesso em: 17 abr. 2019. Importante salientar que o limite máximo deverá ser observado. Dessa forma, ainda que o trabalhador perceba remuneração de, por exemplo, R$ 10.000,00, ou possua mais de um vínculo, e seus ganhos somados ultrapassem o limite de R$ 5.839,45, o desconto incidirá sobre o valor limite, no caso R$ 5.839,45 e não sobre o total percebido. 9 Cumpre esclarecer que os valores que compõem as tabelas relativas aos valores do INSS e IRPF são alterados anualmente, sendo as tabelas utilizadas neste material vigentes no ano de 2019. No que tange ao 13º salário, a alíquota deve ser aplicada de forma autônoma, não devendo este ser somado a outras verbas para o respectivo enquadramento na tabela. PARA SABER MAIS Para melhor compreensão de quais verbas têm a incidência da contribuição previdenciária, verifique em: “Cálculos Trabalhistas: para rotinas, liquidação de sentença e atualização de débitos Judiciais”, de Gisele Mariano da Rocha. Ademais, insta esclarecer que, nos moldes do artigo 214, §14 do Decreto 3.048/99, “a incidência da contribuição sobre a remuneração das férias ocorrerá no mês a que elas se referirem, mesmo quando pagas antecipadamente, na forma da legislação trabalhista”. O recolhimento será feito através da Guia da Previdência Social (GPS) e deverá ocorrer até o dia 20 do mês seguinte ao que se refere à contribuição, e a do 13º salário até o dia 20 de dezembro. Exemplo 1: Empregado admitido sobre o salário fixo mensal de R$ 1000,00. Não realiza horas extras e não percebe qualquer adicional. O desconto referente ao INSS será de 8% sobre esse valor, ou seja, R$ 80,00. 10 Exemplo 2: Empregado com salário de R$ 4.500,00 que percebe adicional de insalubridade no valor de R$ 1.500,00. O salário do empregado será de R$ 6000,00. Contudo, deverá ser considerado o limite máximo estabelecido na tabela acima. Portanto, o desconto será de 11% sobre o limite máximo de R$ 5.839,45, ou seja, R$ 642,34. 1.1.2 Contribuição Fiscal – Imposto de Renda O imposto de renda devido pelo trabalhador será retido na fonte pagadora, descontado pelo empregador diretamente na folha do pagamento do empregado e incidirá sobre os rendimentos tributáveis do obreiro, obedecidos os valores estabelecidos nas tabelas progressivas divulgadas pela Receita Federal do Brasil. Note-se que algumas verbas sofrem tributação exclusiva na fonte e, portanto, devem seguir algumas regras específicas, a saber: a) o 13º salário deverá ser tributado em separado, na sua integralidade, na época de quitação da última parcela; b) da mesma forma deve-se proceder com os rendimentos relativos às férias acrescidas do terço constitucional, ainda quando o pagamento se der em dobro; c) a importância percebida a título de participação nos lucros, deve estar nos moldes da Lei 10.101/2000. Para efeito de cálculos, será empregada a tabela utilizada a partir do mês de abril de 2015, ainda em vigor, cujos valores são apresentados na Tabela 2. Tabela 2 | Tabela progressiva para cálculo do imposto de renda Base de cálculo (R$) Alíquota (%) Parcela a deduzir do IRPF (R$) Até 1.903,98 - - De 1.903,99 até 2.826,65 7,5 142,80 11 De 2.826,66 até 3.751,05 15 354,80 De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 636,13 Acima de 4.664,68 27,5 869,36 Fonte: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-rapido/tributos/irpf-imposto-de-renda- pessoa-fisica#tabelas-de-incid-ncia-mensal>. Acesso em: 17 abr. 2019. A Tabela 2 determina, além da alíquota e base de cálculo, o valor da parcela a ser deduzida. PARA SABER MAIS Sobre as parcelas que podem ser deduzidas, verifique em: ROCHA, Gisele Mariano da. Cálculos Trabalhistas: para rotinas, liquidação de sentença e atualização de débitos Judiciais. 6ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2014. Constituirá obrigação do empregador informar à Secretaria da Receita Federal do Brasil a Declaração do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (DIRF). Assim, temos o seguinte exemplo: Empregado contratado com salário mensal de R$ 3.000,00 que recebe adicional de insalubridade no valor de R$ 900,00, portanto, seu salário de contribuição para o INSS será de R$ 3.900,00. O valor a ser deduzido será de 11%, ou seja, R$ 429,00. Assim, tem-se como base de cálculo para o IRRF a base de cálculo de R$ 3.471,00. Considerando a Tabela 2, o valor se enquadra na faixa da alíquota de 15%, ou seja, R$ 520,65. Deduzido o valor de R$ 354,80 o valor do imposto descontado será de R$ 165,85. 12 1.2 Contribuição sindical dos empregados Antes do advento da Lei 13.467/2017, a contribuição sindical dos empregados era devida por todos aqueles que participassem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo da profissão ou categoria, ou caso inexista, da federação correspondente. Dessa forma, tratava-se de desconto obrigatório na folha de pagamento dos empregados. Com a vigência da Lei 13.467/2017, o artigo 579 da CLT passou a disciplinar que: O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e expressa dos que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591 desta Consolidação. Nesse sentido, conforme disposição do artigo 545 da CLT: “Os empregadores ficam obrigados a descontar da folha de pagamento dos seus empregados, desde que por eles devidamente autorizados, as contribuições devidas ao sindicato, quando por este notificados” (BRASIL, 2017, [s.p.]). Assim, a contribuição sindical que antes era obrigatória passou a ser facultativa, dependendo, portanto, de autorização expressa do empregado. Nesse sentido, o artigo 578 da CLT expressa que: As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob a denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e expressamente autorizadas. (BRASIL, 2017, [s.p.]) 13 Uma vez autorizada, a contribuição sindical deverá ser recolhida pelo empregador, anualmente, de uma vez só, mediante desconto na folha de pagamento do empregado, no mês de março, em valor correspondente a um dia da remuneração deste, conforme artigos 580 e 582 da CLT. Destarte, o recolhimento da contribuição referente a empregados e trabalhadores avulsos ocorrerá no mês de abril de cada ano, e o relativo aos agentes ou trabalhadores autônomos e profissionais liberais no mês de fevereiro, sempre ressalvada a exigência de autorização prévia e expressa, nos moldes do artigo 579 da CLT. A contribuição será recolhida à Caixa Econômica Federal e ao Banco do Brasil S.A. ou aos estabelecimentos bancários nacionais integrantes do sistema de arrecadação dos tributos federais, que por sua vez repassarão à Caixa Econômica Federal as importâncias arrecadadas (artigo 586 da CLT). A contribuição sindical tem natureza jurídica de tributo e o recolhimento será efetuado através da Guia de Recolhimento de Contribuição Sindical Urbana (GRCSU), normalmente fornecida pelos Sindicatos, mas que também se encontra disponível para emissão no site da Caixa Econômica Federal. O recolhimento será feito em apenas uma guia por empresa, nela computada a soma das contribuições sindicais dos respectivos empregados. Note-se que o artigo 580 da CLT, ao se referir ao valor da contribuição, não se utiliza do termo salário, mas da remuneração do empregado. O artigo 457, caput e § 1º, por sua vez, estabelecem que: Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. § 1º–Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e de função e as comissões pagas pelo empregador. 14 Considera-se como um dia de trabalho, para determinação da importância devida (artigo 582 da CLT): • uma jornada normal de trabalho, se o pagamento do empregado for feito por unidade de tempo; • 1/30 (um trinta avos) da quantia percebida no mês anterior, se a remuneração for paga por tarefa, empreitada ou comissão. Assim, podem ser citados os seguintes exemplos: a. Empregado que exerce jornada de 06 horas diárias, com salário no valor de R$ 10,00 por hora. Para esse empregado, a contribuição sindical será equivalente a uma jornada de trabalho, portanto, 06hs x R$10,00. Ou seja, a contribuição sindical será no valor de R$ 60,00. b. Empregado admitido com salário base de R$ 1.000,00, que percebe adicional de insalubridade no valor de R$ 300,00 terá como base de cálculo para a contribuição sindical a remuneração de R$ 1.300,00. O valor da contribuição sindical será auferido dividindo-se o valor de R$ 1.300,00 por 30 dias de trabalho o que resultará no valor de R$ 43,33. 2. Abono PIS-PASEP Segundo o artigo 239 da Constituição Federal: A arrecadação decorrente das contribuições para o Programa de Integração Social, criado pela Lei Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970, e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público, criado pela Lei Complementar nº 8, de 3 de dezembro de 1970, passa, a partir da promulgação desta Constituição, a financiar, nos termos que a lei dispuser, o programa do seguro-desemprego e o abono de que trata o § 3º deste artigo. (BRASIL, 1988, [s.p.]) 15 Assim, determina o § 3º do mesmo artigo que, para os empregados que percebam de empregadores que contribuem para o PIS ou para o Programa de Formação do PASEP até dois salários mínimos de remuneração mensal, é assegurado o pagamento de um salário mínimo anual, computado nesse valor o rendimento das contas individuais, no caso daqueles que já participavam dos referidos programas, até a data da promulgação da Constituição Federal de 1988. Nesse sentido, o artigo 9º, I da Lei 7.998/90, com redação dada pela Lei 13.134/15, prevê que é assegurado o recebimento de abono salarial anual, no valor máximo de um salário mínimo vigente na data do respectivo pagamento, aos empregados que: I–tenham percebido, de empregadores que contribuem para o Programa de Integração Social (PIS) ou para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep), até 2 (dois) salários mínimos médios de remuneração mensal no período trabalhado e que tenham exercido atividade remunerada pelo menos durante 30 (trinta) dias no ano-base; II–estejam cadastrados há pelo menos 5 (cinco) anos no Fundo de Participação PIS- Pasep ou no Cadastro Nacional do Trabalhador. O valor do abono será calculado na proporção de 1/12 (um doze avos) do salário mínimo vigente na data do respectivo pagamento, multiplicado pelo número de meses trabalhados no ano correspondente, considerando como mês integral a fração igual ou superior a 15 dias (artigo, 9º, § 2º e § 3º). Assim, considerando o salário mínimo de R$ 998,00 (vigente em 2019), uma pessoa que tenha laborado de 30 a 44 dias, perceberá o abono no valor de R$ 83,17. Caso tenha laborado entre 45 e 74 dias, o valor de R$ 166,33. 16 PARA SABER MAIS A Medida Provisória 813/2017 alterou a redação do artigo 4º da Lei Complementar nº 26 de 1975 e estabeleceu que as contas creditadas nas contas individuais dos participantes do PIS-PASEP ficariam disponíveis aos titulares, para saque do saldo, nas hipóteses previstas nos incisos I a IV do § 1º do mesmo artigo. A leitura se faz necessária. 3. Programa de Alimentação do Trabalhador O Programa de Alimentação do Trabalhador foi instituído pela Lei 6.321/76 e tem como prioridade o auxílio ao trabalhador de baixa renda, assim considerado aquele que percebe remuneração de até 05 (cinco) salários mínimos. O empregador que aderir ao programa terá benefícios de natureza tributária. Em que pese a onerosidade suportada pela empresa na concessão do benefício, este não possui natureza salarial para nenhum fim. Nesse sentido, tem-se a Orientação Jurisprudencial nº 133 SDI-1 do TST “A ajuda alimentação fornecida por empresa participante do programa de alimentação do trabalhador, instituído pela Lei nº 6.321/76, não tem caráter salarial. Portanto, não integra o salário para nenhum efeito legal”. No mesmo sentido, preconiza o artigo 3º da Lei 6.321/76, ao salientar que “não se inclui como salário de contribuição a parcela paga in natura, pela empresa, nos programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho”. 17 4. Vale Transporte O vale transporte foi instituído pela Lei 7.418/85, posteriormente regulamentada pelo Decreto 95.247/87, com objetivo de facilitar o deslocamento do trabalhador ao emprego. Assim, o empregador antecipa ao empregado o benefício do vale transporte para utilização efetiva com despesas de deslocamento entre a residência e o trabalho, através de sistema de transporte coletivo público, urbano ou intermunicipal e/ou interestadual com características semelhantes aos urbanos, geridos diretamente ou mediante concessão ou permissão de linhas regulares e com tarifas fixadas pela autoridade competente, excluídos os serviços seletivos e os especiais (artigo 1º Lei 7.418/85). O valor do vale transporte será rateado entre empregado e empregador, sendo que o primeiro arcará com o valor máximo de 6% do seu salário base e o segundo o que exceder esse valor. Assim, se o trabalhador ganha o valor de R$ 1.000,00 como salário base e seu vale transporte custará o equivalente a R$ 300,00 por mês, ele arcará com somente R$ 60,00 e o empregador com os outros R$ 240,00. Cumpre esclarecer que os valores relativos ao vale transporte não integram os ganhos do trabalhador, não servindo de base de cálculo para INSS, FGTS e IRRF. 5. Registro na Carteira de Trabalho (CTPS) A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) é documento obrigatório do trabalhador que exerce suas atividades mediante vínculo de emprego. 18 A Carteira de Trabalho será apresentada, mediante contra recibo, pelo obreiro ao empregador quando da sua admissão, o qual terá o prazo de quarenta e oito horas para fazer as anotações referentes à data de admissão, à remuneração e às condições especiais, se houver, podendo utilizar-se de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho (artigo 29, caput, CLT). Devem constar as anotações concernentes à remuneração, com especificação de salário e sua composição (artigo 29, § 1º da CLT). Trata-se de obrigação do empregador, cuja inobservância acarretará a lavratura de auto de infração pela Fiscalização do Trabalho, (artigo 29, § 3º da CLT) além de multa. QUESTÃO PARA REFLEXÃO Os descontos na folha de pagamento constituem uma obrigação do empregador. Essa obrigação teria como objetivo trazer benefícios ao empregado? Seria razoável que as partes do contrato pudessem transigir sobre essas obrigações? 6. Considerações Finais • A elaboração folha de pagamento constitui obrigação do empregador, a quem incumbe efetuar alguns descontos obrigatórios; • O empregador que aderir ao Programa de Alimentação do Trabalhador terá benefícios de natureza tributária; • A lei estabelece a forma de rateio do vale transporte; • O registro em CTPS do empregado não constitui mera faculdade, não havendo em que se falar em transação sobre o tema. 19 Glossário • PASEP: Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público • PIS: Programa de Integração Social • SDI-1: Subseção I Especializada em Dissídios Individuais–SBDI VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. A folha de pagamento, obrigatoriamente elaborada pelo empregador, conterá todos os proventos do trabalhador. Assim, configuram proventos do trabalhador, EXCETO: a. Adicional de Insalubridade. b. Décimo terceiro salário. c. Contribuição Sindical. d. Salário. e. Horas Extras. 2. “A contribuição do empregado terá alíquota __________, a depender da faixa de enquadramento do seu salário de contribuição.” Assinale a alternativa que completa corretamente a assertiva acima: a. Correspondente a um dia de trabalho do empregado. b. De 8%, 9% ou 11%. c. De 7,5%, 15%, 22,5% ou 27,5%. d. De 9%, 10% e 11%. e. De 10%, 11% ou 12%. 20 3. Conforme dicção do artigo 583 da CLT, o recolhimento da contribuição sindical referente a empregados e trabalhadores avulsos ocorrerá em qual mês? a. Fevereiro. b. Maio. c. Abril. d. Junho. e. Agosto. 4. Não incidirão Imposto de Renda Retido na Fonte e INSS sobre a seguinte verba: a. Vale transporte. b. Adicional de insalubridade. c. Adicional de periculosidade. d. Adicional noturno. e. Décimo terceiro salário. 5. Conforme dicção do artigo 29 da Consolidação das Leis Trabalhistas, a Carteira de Trabalho será apresentada, mediante contra recibo, pelo obreiro ao empregador, quando da sua admissão, o qual: a. Terá o prazo de vinte e quatro horas para fazer as respectivas anotações. b. Terá o prazo de quarenta e oito horas para fazer as respectivas anotações. c. Em comum acordo com o empregado, definirá o melhor prazo para efetuar as anotações. d. Somente fará as anotações depois de decorrido o período de experiência. e. Terá o prazo de setenta e duas horas para fazer as respectivas anotações. 21 Referências Bibliográficas BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 7. ed. São Paulo: Editora LTR, 2011. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 20 dez. 2017. _____. Decreto-lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/ Del5452.htm>. Acesso em: 20 dez. 2017. _____. Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976. Dispõe sobre a dedução, do lucro tributável para fins de imposto sobre a renda das pessoas jurídicas, do dobro das despesas realizadas em programas de alimentação do trabalhador. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6321.htm>. Acesso em: 20 dez. 2017. _____. Lei nº 7.418, de 16 de dezembro de 1985. Institui o Vale-Transporte e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L7418.htm>. Acesso em: 20 dez. 2017. _____. Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990. Regula o Programa do Seguro- Desemprego, o Abono Salarial, institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L7998.htm>. Acesso em: 20 dez. 2017. _____. Decreto nº 3.048, de 06 de maio de 1999. Aprova o Regulamento da Previdência Social, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/decreto/d3048.htm>. Acesso em: 20 dez. 2017. _____. Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). Portaria MF nº 08, de 13 de janeiro de 2017. Dispõe sobre o reajuste dos benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social–INSS e dos demais valores constantes do Regulamento da Previdência Social–RPS. Disponível em: <http://normas.receita.fazenda.gov.br/ sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=79662>. Acesso em: 20 dez. 2017. _____. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui Plano de Custeio, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8212cons.htm>. Acesso em: 20 dez. 2017. _____. Lei nº 10.101, de 19 de dezembro de 2000. Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa e dá outras providências. Disponível em: <http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/lei10101.htm>. Acesso em: 20 dez. 2017. _____. Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e as Leis nos 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 22 24 de julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/ L13467.htm>. Acesso em: 20 dez. 2017. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 24. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2011. ROCHA, Gisele Mariano da. Cálculos Trabalhistas: para rotinas, liquidação de sentença e atualização de débitos judiciais. São Paulo: Livraria do Advogado, 2014. SILVA, Homero Batista Mateus da. Comentários à Reforma Trabalhista. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. Orientações Jurisprudenciais. Disponível em <http://www.tst.jus.br/ojs>. Acesso em 09 jan. 2018. Gabarito Questão 1 - A opção correta é a C. Resolução: A contribuição sindical configura desconto referente a um dia de trabalho, efetuado anualmente na folha de pagamento do empregado, desde que devidamente autorizado por ele. Questão 2 - A opção correta é a B. Resolução: Conforme dicção do artigo 20 da Lei 8.212/91. Questão 3 - A opção correta é a C. Resolução: Nos moldes do artigo 583 da CLT. A contribuição sindical descontada no mês de março e recolhida no mês de abril mediante Guia de Recolhimento de Contribuição Sindical Urbana – GRCSU. Questão 4 - A opção correta é a A. Resolução: Conforme disposição da Lei 7.418/85. Questão 5 - A opção correta é a B. Resolução: Conforme artigo 29 da CLT. 23 Rescisão trabalhista Autor: Fernanda Vassoler Gonçalves Rosa Guedes da Silva Objetivos • Exposição das formas de extinção do contrato de trabalho; • Distinção entre rescisão com justa causa, sem justa causa, despedida indireta; • Conceito e rescisão dos contratos por prazo determinado. Introdução Em regra, os contratos de trabalho vigoram por prazo indeterminado. Destarte, podem ser rescindidos de três formas: com justa causa do empregado, com justa causa do empregador e sem justa causa. Algumas regras inerentes a essas dispensas se aplicam também na rescisão dos contratos com prazo determinado, que, por sua vez, possuem diretrizes próprias de extinção. 1. Conceito A rescisão trabalhista pode ser conceituada como o término do liame empregatício, que por sua vez extingue o vínculo existente entre empregado e empregador, bem como as obrigações decorrentes do contrato de trabalho. 2. Tipos de Rescisões Trabalhistas Em que pese a norma consolidada se utilizar do termo “rescisão” para qualquer forma de terminação do contrato de trabalho, a doutrina diverge sobre essa nomenclatura. Para fins didáticos, aos ensinamentos de Renato Saraiva (2012, p.263), serão utilizadas “as seguintes nomenclaturas para indicar as formas de terminação do contrato de emprego: resilição, resolução, rescisão, formas atípicas de extinção normal do contrato de trabalho”. PARA SABER MAIS A classificação mencionada encontra-se disponível em “Direito do Trabalho”, de Renato Saraiva. 25 Entende-se por resilição o rompimento do vínculo de emprego, por uma ou ambas as partes, de forma imotivada ou sem justo motivo. Nessa hipótese, estão compreendidas três situações: pedido de demissão do obreiro; dispensa sem justa causa do empregado; distrato. Entendemos que, com o advento da Lei 13.467/2017, a hipótese de rescisão por acordo entre empregado e empregador também passa a se enquadrar como hipótese de resilição. Já a resolução ocorre em virtude de ato faltoso, praticado por um ou por ambos os sujeitos do contrato. Essa situação, que também pode ocorrer tanto nos contratos por prazo determinado quanto por prazo indeterminado, materializa-se em três hipóteses: demissão por justa causa; rescisão ou despedida indireta; culpa recíproca. A rescisão, por sua vez, configura hipótese de término do contrato em decorrência de nulidade. É o que ordinariamente ocorre quando a administração pública, direta ou indireta, efetua contratações em desacordo com o mandamento constitucional que exige a realização de concurso público. Como formas atípicas de extinção do contrato de trabalho podem- se destacar: extinção da empresa ou estabelecimento; morte do empregador pessoa física; morte do empregado; falência da empresa; força maior; fato do príncipe; aposentadoria espontânea; desempenho de obrigações legais incompatíveis. Por fim, a extinção normal do contrato de trabalho se dá quando há cumprimento integral do objeto pactuado no contrato por prazo determinado. Cumpre frisar, mais uma vez, que não há unanimidade na doutrina sobre a classificação da extinção dos contratos de trabalho. Ademais, a Lei 13.467/2017 acrescentou o artigo 484-A à CLT, trazendo mais uma forma de extinção do liame empregatício, denominada rescisão por acordo entre empregado e empregador. 26 Todas as formas acima mencionadas têm em comum o fato de colocarem fim no pacto laboral, e diferem-se, principalmente, no que tange ao pagamento das verbas rescisórias, conforme será demonstrado no momento oportuno. Passamos a analisar algumas das formas mais usuais de extinção dos contratos de trabalho. 2.1 Dispensa sem justa causa A dispensa sem justa causa ocorre quando o empregador promove a ruptura do contrato de trabalho, independentemente da vontade do empregado, de forma imotivada e unilateral. Em princípio, o empregador possui direito potestativo de promover a dispensa imotivada do empregado, encontrando limites em algumas situações determinadas, como os empregados que gozam das estabilidades previstas em lei. Isso porque o Brasil denunciou em 20/11/1996 a Convenção número 158 da Organização Internacional do Trabalho, sobre o Término da Relação de Trabalho por Iniciativa do Empregador, que regulamentaria a dispensa imotivada, prevendo a necessidade de uma causa justificada, relacionada com a capacidade, comportamento ou baseada nas necessidades de funcionamento da empresa, estabelecimento ou serviço. LINK A Convenção 158 encontra-se disponível no site da OIT Brasil. Disponível em: <http://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_236164/ lang—pt/index.htm>. Acesso em: 22 dez. 2017. 27 Importante salientar que a dispensa imotivada não se confunde com dispensa pautada em critérios discriminatórios, que por sua vez fere o princípio constitucional da isonomia, previsto no artigo 5º da Constituição Federal de 1988. Mesmo se tratando de um direito do empregador, é certo que o legislador tenta desestimular tal forma de ruptura, prevendo o pagamento de verbas de natureza indenizatória, não devidas, por exemplo, na dispensa por justa causa. Assim, quando da dispensa sem justa causa, conforme veremos no momento oportuno, o trabalhador fará jus, dentre outras verbas, de indenização compensatória no valor de 40% dos depósitos fundiários, guias de seguro-desemprego, aviso prévio trabalhado e indenizado. 2.2 Dispensa com justa causa Entende-se por justa causa o ato faltoso cometido pelo empregado, cuja gravidade culmina na quebra da confiança e boa-fé presentes no contrato de trabalho e, como consequência, acarreta seu fim. A dispensa por justa causa é considerada a maior penalidade que pode ser aplicada ao obreiro. Isso porque essa forma de dispensa retira do empregado, em regra, qualquer direito a verbas de natureza indenizatória, percebendo apenas saldo de salário e férias vencidas acrescidas do terço constitucional. Assim, dada sua gravidade, a dispensa por justa causa prescinde da comprovação de alguns requisitos: gravidade da falta; proporcionalidade da pena; non bis in idem; imediaticidade; inalteração da punição; vinculação entre a infração e a pena; conduta dolosa ou culposa do obreiro. 28 PARA SABER MAIS Como sugestão, faça a leitura do “Curso de Direito do Trabalho”, de Alice Monteiro de Barros, Editora LTR. O artigo 482 da Consolidação das Leis Trabalhistas estabelece as hipóteses fáticas aptas a configurarem a justa causa do empregador, a saber: a. ato de improbidade; b. incontinência de conduta ou mau procedimento; c. negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço; d. condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena; e. desídia no desempenho das respectivas funções; f. embriaguez habitual ou em serviço; g. violação de segredo da empresa; h. ato de indisciplina ou de insubordinação; i. abandono de emprego; j. ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; k. ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; l. prática constante de jogos de azar. m. perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do empregado. (BRASIL, 1943, [s.p.]) 29 LINK Acesse o site “Consultor Jurídico” a respeito da demissão sem justa causa. Disponível em: <http://www.conjur.com. br/2015-jul-06/alcoolatra-demitido-justa-causa-reintegrado- indenizado>. Acesso em: 20 dez. 2017. O parágrafo único, por sua vez, determina que constitui igualmente justa causa para dispensa de empregado, a prática, devidamente comprovada em inquérito administrativo, de atos atentatórios à segurança nacional. Além do artigo 482 da CLT, algumas outras situações aptas a ensejar a dispensa por justa causa são trazidas pela própria norma e também por outros diplomas legais. Citamos como exemplo o artigo 240 da CLT e o artigo 7º, § 3º do Decreto 95.247/87. Nesse sentido, discute-se se o artigo 482 da CLT seria taxativo ou exemplificativo. Embora a lei determine outras hipóteses que ensejem a dispensa com justa causa, todas elas podem ser englobadas nos tipos descritos no artigo 482 da norma consolidada, prevalecendo, portanto, que a lista nele contida é taxativa. 2.3 Despedida Indireta A despedida indireta, também denominada por rescisão indireta, ocorre quando a falta grave apta a ensejar a ruptura do liame contratual é cometida pelo empregador. Ocorre que, para que o trabalhador comprove a justa causa do empregador, faz-se necessário o ajuizamento de reclamação trabalhista pleiteando a respectiva indenização. Nesse caso, conforme veremos em tópico próprio, reconhecida a justa causa do empregador, o trabalhador 30 fará jus às mesmas verbas rescisórias a que teria direito se fosse dispensado sem justa causa. Assim, o artigo 483 da CLT preconiza que: o empregado poderá considerar rescindido o contrato de trabalho e pleitear a devida indenização quando: a. forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato; b. for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo; c. correr perigo manifesto de mal considerável; d. não cumprir o empregador as obrigações do contrato; e. praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama; f. o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; g. o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários. (BRASIL, 1943, [s.p.]) 2.4 Rescisão por acordo entre empregado e empregador Segundo o artigo 484-A da Norma consolidada, acrescentado pela Lei 13.467/2017, o contrato de trabalho poderá ser extinto por acordo entre empregado e empregador. Essa hipótese oficializou uma prática muito comum encontrada no mercado de trabalho, até então ignorada pelo legislador, em que a intenção de colocar fim ao liame laboral partia do empregado, mas este negociava com o empregador para que fosse “mandado embora”. Nesse caso, conforme será analisado no momento oportuno, o artigo 484-A da CLT prevê que algumas verbas, tais como aviso prévio 31 indenizado e indenização sobre o FGTS serão devidas pela metade e as demais, na integralidade. PARA SABER MAIS O contrato de trabalho intermitente, inovação trazida pela Lei 13.467/2017, também possibilita a rescisão por justa causa, nos moldes do artigo 482 e 483 da CLT, conforme disposição do caput do artigo 452-E da CLT, cuja leitura recomenda-se. 2.5 Contrato por Prazo Determinado Em virtude do princípio da continuidade da relação de emprego, tem-se como regra que todos os contratos sejam pactuados por prazo indeterminado, constituindo exceção os contratos por prazo determinado ou a termo. O contrato por prazo determinado ou a termo somente poderá ser fixado nos casos permitidos em lei, podendo ser destacadas as seguintes modalidades: I. Contrato por prazo determinado na Consolidação das Leis Trabalhistas – artigo 443 da CLT; II. Contrato por prazo determinado – Lei 9.601/1998; III. Contrato de trabalho temporário – Lei 6.019/1974; IV. Contrato de obra certa. 2.5.1 Contrato por prazo determinado na CLT Segundo o artigo 443 da Consolidação das Leis Trabalhistas, os contratos de trabalho poderão ser acordados verbalmente ou por escrito, por 32 prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente. O § 1º do mesmo artigo considera como prazo determinado o contrato cuja vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços especificados, ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada. O § 2º, por sua vez, considera válido o contrato por prazo determinado somente em se tratando: a. de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo. Nesse caso, leva-se em consideração a natureza ou a periodicidade do trabalho a ser desenvolvido. Assim, podem ser citados como exemplos o aumento de produção pontual ou a realização de montagem de determinado equipamento. b. atividades empresariais de caráter transitório. O caráter transitório, temporário e provisório diz respeito à atividade da empresa, e não ao trabalho desenvolvido pelo empregado. Tem-se como exemplo empresas que funcionam em épocas determinadas, como para comercializar artigos de Natal. Essa modalidade contratual, bem como a anterior, tem prazo máximo de 02 anos (artigo 445 da CLT), podendo ser prorrogado uma única vez, sem contudo ultrapassar esse prazo (artigo 451 da CLT). c. contrato de experiência. O contrato de experiência constitui espécie de contrato por prazo determinado em que ambas as partes têm a oportunidade de verificar se têm interesse em estabelecer um vínculo por prazo indeterminado. Mencionado contrato tem prazo máximo de 90 dias, podendo ser prorrogado uma única vez sem, contudo, ultrapassar esse período, nos moldes do artigo 445, parágrafo único e 451 da CLT. 33 Assim, é possível que se faça um contrato de 30 dias e depois o prorrogue por mais 60 dias. A prorrogação deve ocorrer de forma expressa, sendo que, se feita de forma tácita, o contrato passará a viger por prazo indeterminado. 2.5.1.1 Da Rescisão antecipada do contrato por prazo determinado Em regra, os contratos por prazo determinado ou a termo extinguem-se na data prevista. As regras relativas ao término com justa causa também se aplicam a esses contratos, prevalecendo as mesmas regras com relação às verbas rescisórias. Contudo, caso o empregador, sem justa causa, dispense o empregado, será obrigado a pagar-lhe, a título de indenização, e por metade, a remuneração a que teria direito até o término do contrato, nos moldes do artigo 479 da CLT. Igual direito detém o empregador. Assim, o empregado também não poderá desligar-se do contrato, sob pena de ser obrigado a indenizar o empregador dos prejuízos que desse fato resultarem em valor não excedente à que teria direito o empregado nas mesmas condições (artigo 480 da CLT). 2.5.2 Contrato por prazo determinado da Lei 9.601/1998 A Lei 9.601/1998 trouxe a possibilidade da contratação por prazo determinado, independentemente das condições estabelecidas no § 2º do artigo 443 da CLT. Ou seja, poderiam ser contratados trabalhadores por prazo determinado para quaisquer atividades. 34 Tais contratações também não estariam adstritas à regra contida no artigo 451 da CLT. Ocorre que o próprio diploma legal restringiu essa espécie de contratação à previsão em acordos ou convenções coletivas. Em virtude das inúmeras flexibilizações aos direitos trabalhistas trazidas pela norma em tela, esta ainda encontra grande resistência dos sindicatos obreiros, o que tem acarretado pouca aplicação prática. Caso haja rescisão antecipada desse contrato, não se aplica a disposição dos artigos 479 e 480 da CLT, mas sim o que for determinado em Acordo ou Convenção coletiva, acrescido da multa de 40% sobre o FGTS. 2.5.3 Contrato por prazo determinado da Lei 6.019/1974 Segundo o artigo 2º da Lei 6.019/74, com redação dada pela Lei 13.429/2017, trabalho temporário (...) é aquele prestado por pessoa física contratada por uma empresa de trabalho temporário que a coloca à disposição de uma empresa tomadora de serviços, para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços. Mencionada espécie contratual somente poderá ser utilizada no meio urbano, sendo vedada no meio rural, também sendo vedada em caso de greve, salvo, nesta última hipótese, nos casos previstos em lei. Sua aplicação e utilização podem ser verificadas, por exemplo, nos finais de ano, pelos hotéis, restaurantes, quando da necessidade de suprir o excesso de serviço em determinados períodos. Diferentemente dos contratos ordinários, nessa espécie contratual podem ser identificados três sujeitos: a empresa de trabalho temporário, que 35 funciona como intermediadora de mão de obra e deve ser registrada no Ministério do Trabalho, o trabalhador temporário e o tomador de serviços. Segundo o caput do artigo 10º da Lei 6.019/74, qualquer que seja o ramo da empresa tomadora de serviços, não há vínculo de emprego entre ela e os trabalhadores contratados pelas empresas de trabalho temporário. Com relação ao prazo, os §§ 1º e 2º do artigo 10 da Lei 6.019/74 prevê que contrato de trabalho temporário, com relação ao mesmo empregador, não poderá exceder o prazo de 180 dias, consecutivos ou não. Tal prazo poderá ser prorrogado por até noventa dias, consecutivos ou não, além do prazo estabelecido no § 1o do artigo 10, quando comprovada a manutenção das condições que o ensejaram. 2.5.4 Contrato de obra certa O contrato por obra certa foi instituído pela Lei 2.959/1956, contudo, trata-se de contrato por prazo determinado, justificado pela natureza ou transitoriedade do contrato, nos mesmos moldes daqueles disciplinados no § 2º, artigo 443 da CLT. O contrato por obra certa acaba com o final da obra ou do serviço contratado. Na hipótese de ocorrer rompimento antecipado do contrato, sem justo motivo pelo empregador, o obreiro terá direito à multa prevista no artigo 479 da CLT, bem como à multa de 40% sobre o FGTS. Ademais, nos moldes do artigo 2º da Lei 2.959/1956: (...) rescindido o contrato de trabalho em face do término da obra ou serviço, tendo o empregado mais de 12 (doze) meses de serviço, ficar-lhe-á assegurada a indenização por tempo de trabalho na forma do artigo 478 da Consolidação das Leis do Trabalho, com 30% (trinta por cento) de redução. 36 Prevalece o entendimento de que, finda a obra, o obreiro fará jus ao levantamento do saldo existente no FGTS, não havendo em que se falar na indenização prevista no artigo 2º. QUESTÃO PARA REFLEXÃO Sabe-se que a justa causa é a punição mais severa que pode ser aplicada ao empregado, uma vez que acarreta uma drástica redução na composição de suas verbas rescisórias. Nesse sentido, seria razoável considerar meramente exemplificativo o rol do artigo 482 da CLT? A aplicação de penalidade por hipótese não prevista no artigo seria considerada justa? 3. Considerações Finais • Nos contratos por prazo indeterminado, a forma de extinção implicará necessariamente na aferição das verbas rescisórias; • Os contratos por prazo determinado somente poderão ser celebrados nas hipóteses previstas em lei, e em regra extinguem- se pelo fim do seu termo; • Algumas das regras aplicadas na extinção dos contratos por prazo indeterminado também se aplicam aos contratos por prazo determinado quando do seu término antecipado, contudo, suas verbas rescisórias serão calculadas de forma própria. Glossário • OIT – Organização Internacional do Trabalho. 37 VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Não configura hipótese de rescisão do contrato de trabalho com justa causa: a. Ato de improbidade. b. Desídia no desempenho das respectivas funções. c. Falta injustificada por 02 dias consecutivos. d. Ato de indisciplina ou de insubordinação. e. Ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço, contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa. 2. Segundo o artigo 483 da CLT, “o empregado poderá considerar rescindido o contrato de trabalho e pleitear a devida indenização” quando: a. Não correr perigo manifesto de mal considerável. b. Receber de seus superiores hierárquicos ordens com relação ao bom andamento do trabalho. c. Cumprir corretamente o empregador com as obrigações do contrato. d. Praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e da boa fama. e. O empregador exigir o uso de uniformes. 3. O contrato de experiência terá prazo máximo de: a. 180 dias. b. 30 dias. c. 45 dias. d. 60 dias. e. 90 dias. 38 4. Nos contratos por prazo determinado, caso o empregador, sem justa causa, dispense o empregado, será obrigado a pagar-lhe, a título de indenização: a. Um salário mínimo. b. Metade da remuneração a que teria direito até o fim do contrato. c. Dois salários contratuais. d. Um salário contratual. e. O empregado não terá direito a nenhuma indenização, pois a rescisão decorre do seu direito potestativo. 5. Sobre o trabalho temporário previsto na Lei 6.019/1974, assinale a alternativa CORRETA: a. Empresa de trabalho temporário é a pessoa jurídica, devidamente registrada no Ministério do Trabalho, responsável pela colocação de trabalhadores à disposição de outras empresas temporariamente. b. A empresa tomadora contrata, remunera e dirige o trabalho realizado por seus trabalhadores, ou subcontrata outras empresas para realização desses serviços. c. É permitida a contratação de trabalho temporário para a substituição de trabalhadores em greve, em qualquer hipótese. d. A empresa tomadora de serviços é a pessoa jurídica, devidamente registrada no Ministério do Trabalho, responsável pela colocação de trabalhadores à disposição de outras empresas temporariamente. e. Empresa prestadora de serviços é a pessoa jurídica ou entidade a ela equiparada que celebra contrato de prestação de trabalho temporário com a empresa definida no art. 4o da Lei 6.019/74. 39 Referências Bibliográficas BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 7. ed. São Paulo: Editora LTR, 2011. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 20 dez. 2017. _____. Decreto-lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/ Del5452.htm>. Acesso em: 20 dez. 2017. _____. Lei nº 2.959, de 17 de novembro de 1956. Altera o Del nº 5.452, de 01/05/32 (CLT), e dispõe sobre os contratos por obra o serviço certo. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L2959.htm>. Acesso em: 21 dez. 2017. _____. Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974. Dispõe sobre o Trabalho Temporário nas Empresas Urbanas, e dá outras Providências. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6019.htm>. Acesso em: 21 dez. 2017. _____. Lei nº 9.601, de 21 de janeiro de 1998. Dispõe sobre o contrato de trabalho por prazo determinado e dá outras providências. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9601.htm>. Acesso em: 21 dez. 2017. _____. Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e as Leis nos 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/ L13467.htm>. Acesso em: 20 dez. 2017. _____. Decreto nº 95.247, de 17 de novembro de 1987. Regulamenta a Lei n° 7.418, de 16 de dezembro de 1985, que institui o Vale-Transporte, com a alteração da Lei n° 7.619, de 30 de setembro de 1987. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/decreto/d95247.htm>. Acesso em: 21 dez. 2017. ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO – OIT. Convenção nº 158. Término da Relação de Trabalho por Iniciativa do Empregador. Disponível em: <https://www.ilo.org/ brasilia/convencoes/WCMS_236164/lang--pt/index.htm>. Acesso em: 27 mai. 2019. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 24. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2011. SARAIVA, Renato. Direito do Trabalho. 15. ed. São Paulo: Método, 2013. SILVA, Homero Batista Mateus da. Comentários à Reforma Trabalhista. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. 40 Gabarito Questão 1 - A opção correta é a C. Resolução: Todas as alternativas estão descritas no artigo 482 da CLT, exceto a prevista no item C. Questão 2 - A opção correta é a D. Resolução: A hipótese trazida no item D encontra-se prevista no artigo 483 “e” da CLT. Questão 3 - A opção correta é a E. Resolução: Conforme disposição do artigo 451 da CLT. Questão 4 - A opção correta é a B. Resolução: Conforme expressa disposição do artigo 480 da CLT. Questão 5 - A opção correta é a A. Resolução: A alternativa corresponde à disposição literal do artigo 4º da Lei 6.019/74. A alternativa B está incorreta pois quem contrata e assalaria é a empresa prestadora de serviços, nos moldes do artigo 4-A, § 1º da Lei 6.019/74. A alternativa C está incorreta porque expressa afronta ao artigo 2º, § 1º da Lei 6.019/74. A alternativa D está incorreta pois a descrição corresponde à empresa prestadora de serviços e não tomadora. A alternativa E está incorreta pois o conceito trazido refere-se à empresa tomadora, conforme disposição do artigo 5º da Lei 6.019/74. 41 13º salário. Férias. Aviso prévio. Verbas rescisórias Autor: Fernanda Vassoler Gonçalves Rosa Guedes da Silva Objetivos • Exposição e formas de cálculos do 13º salário e férias, bem como contagem do aviso prévio; • Incidência ou não incidência das verbas expostas nas verbas rescisórias; • Distinção entre as verbas rescisórias devidas nas diversas hipóteses de terminação do contrato de trabalho. Introdução O pagamento do 13º salário e férias é um direito do empregado, considerado um grande avanço na esfera trabalhista. Da mesma forma, o aviso prévio tem como objetivo trazer maior segurança às partes contratantes, para que não vejam o vínculo estabelecido entre elas extinguir-se de forma abrupta. Ademais, a compreensão dessas verbas é imprescindível para a verificação de sua incidência no pagamento das verbas rescisórias devidas nas diferentes formas de extinção do contrato de trabalho. 1. 13º Salário O 13º salário, também conhecido como gratificação natalina, integra o rol de direitos sociais previsto no artigo 7º da CF/88, apesar de sua previsão datar de 1962, com a Lei 4.090/62. Assim, a gratificação corresponderá a 1/12 (um doze avos) da remuneração devida em dezembro, por mês de serviço do ano correspondente, considerando como mês integral a fração igual ou superior a 15 dias. Destarte, segundo a Lei 4.749/1965, a gratificação será paga até o dia 20 de dezembro de cada ano, em duas parcelas: a) a primeira, considerada adiantamento da gratificação, entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano, no valor da metade do salário percebido pelo obreiro no mês anterior; b) a segunda parcela, paga pelo empregador até o dia 20 de dezembro, utilizando-se como base a remuneração do mês de dezembro, compensada a importância a título de adiantamento. 43 PARA SABER MAIS Sobre o pagamento da gratificação para os trabalhadores com remuneração variável, verifique em Renato Saraiva, “Direito do Trabalho”, série Concursos Públicos, bem como o Decreto 57.155/1965. A base de cálculo utilizada para o pagamento da gratificação será a remuneração do empregado, que compreende todas as verbas percebidas pelo empregado com habitualidade ou por força de contrato. LINK Sobre a base de cálculo da gratificação natalina, veja as Súmulas 45 e 60 do TST, disponíveis em: <http://www.tst. jus.br/sumulas>. Acesso em: 17 abr. 2019. Cumpre esclarecer que os valores relativos ao FGTS deverão ser recolhidos nas duas parcelas, enquanto o INSS e IRPF somente no pagamento da segunda parcela. Para os exemplos abaixo, serão utilizadas as alíquotas disponíveis no Módulo 01, portanto, nos dois exemplos não haverá o pagamento de IRPF. Assim, para o pagamento, utilizaremos o seguinte cálculo: Exemplo 1: Mensalista admitido antes, ou até 17/01. Considerando a fração igual ou superior a 15 dias, este trabalhador, em regra, terá direito a 12/12 da gratificação. Assim, considerando o trabalhador admitido no dia 05/01, com salário contratual de R$ 1.800,00, temos: 44 • Primeira parcela – paga entre fevereiro e novembro: R$ 1.800,00/ 2 = R$900,00. • Segunda parcela – paga até 20 de dezembro: R$ 900,00. Contudo, haverá o desconto de 9% referente ao INSS. Assim, 9% x R$ 1.800,00 = R$162,00. Portanto, o valor da segunda, com as respectivas deduções, será de R$ 900,00 – R$ 162,00 = R$ 738,00. Exemplo 2: Trabalhador admitido em 01/02. Este terá direito a 11/12 da gratificação, uma vez que não terá direito à fração referente ao mês de janeiro. Considerando o salário mensal de R$ 1.800,00, temos: • Primeira parcela: R$ 1.800,00 x 11/12 = R$ 1.650,00/ 2 = R$ 825,00 • Segunda parcela: R$ 825,00 – (R$ 1.650,00 x 8%) = R$ 825,00 – R$ 132,00 = R$ 693,00. 2. Férias Da mesma forma que direito ao 13º salário, o direito às férias encontra- se constitucionalmente previsto. Assim, o artigo 7º, XVII, garante o gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. A aquisição das férias ocorrerá nos moldes do artigo 134 da CLT, contando- se 1/12 por mês de trabalho, desde a admissão, sendo que, ao final de 12 meses de labor, o obreiro terá completado o chamado período aquisitivo. O período de 12 meses subsequente à aquisição é chamado de período concessivo, dentro do qual o trabalhador deverá gozar suas férias. Dessa forma, o trabalhador terá direito, em regra, a 30 dias de férias, diminuídos de acordo com suas faltas, nos termos do artigo 130, I da CLT. 45 LINK A Lei 13.467/2017 trouxe a possibilidade de fruição das férias em até três períodos, desde que haja concordância do empregado e respeitados os requisitos trazidos pelo artigo 134, § 1º da CLT, disponível em <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 21 dez. 2017. Cumpre esclarecer que abordaremos o pagamento das férias para os trabalhadores mensalistas que já completaram o período aquisitivo de um ano. PARA SABER MAIS Sobre os demais regimes de concessão de férias, consulte o “Curso de Direito do Trabalho”, de Amauri Mascaro do Nascimento, e o “Curso de Direito do Trabalho”, de Alice Monteiro de Barros. A base de cálculo a ser utilizada será a remuneração do empregado na época da concessão das férias. E ainda, é facultado ao empregado a conversão de 1/3 do período de suas férias em abono pecuniário, no valor da remuneração que lhe seria devida nos dias correspondentes. O pagamento das férias deverá ser feito até dois dias antes do início do período de gozo, momento que o empregado dará quitação do pagamento em recibo, no qual constarão as datas de início e fim do período. 46 Conforme já exposto, sobre as férias incidirão o recolhimento de INSS, FGTS e IRPF. Do mesmo modo que nos cálculos relativos à gratificação natalina, utilizaremos as tabelas disponibilizadas no material do Módulo 01. Exemplo 1: Trabalhador admitido em 01/06/2016 com salário base de R$ 2.000,00. Durante seu período aquisitivo, percebe habitualmente a média mensal de R$ 200,00, referente às horas extras realizadas. Gozará férias de 01/10/2017 a 30/10/2017. Assim, teremos: Tabela 1 | Férias Evento – Férias Ref. Proventos Descontos Valor Férias (remuneração) R$ 2.200,00 1/3 Férias R$ 733,33 INSS 11% R$ 322,67 IRPF 7,5% R$ 53,00 Totais R$ 2.933,33 R$ 375,67 TOTAL LÍQUIDO R$ 2.557,66 Exemplo 2: Considerando as mesmas datas e valores do exemplo anterior, nesse caso o trabalhador requereu o pagamento do abono pecuniário de 1/3 de suas férias. Importante esclarecer que no abono pecuniário não incidirão os descontos referentes ao INSS, IRPF ou recolhimento de FGTS, e seu valor não incidirá como base de cálculo para essas verbas. Dessa forma, temos: 47 Tabela 2 | Férias e abono pecuniário Evento – Férias Ref. Proventos Descontos Valor Férias (remuneração) R$ 1.466,67 1/3 Férias R$ 488,89 Abono pecuniário 10 dias R$ 733,33 1/3 abono pecuniário R$ 244,44 INSS 9% R$ 176,00 IRPF 0,0% Totais R$ 2.933,33 R$ 176,00 TOTAL LÍQUIDO R$ 2.757,33 3. Aviso Prévio O aviso prévio consiste na comunicação antecipada da parte que deseja colocar fim ao vínculo de empregado. O artigo 7º, XXI da CF/88 fixou o prazo mínimo de 30 dias, o que posteriormente foi regulamentado pela Lei 12.506/2011. Assim, o aviso prévio será concedido na proporção de 30 dias para os empregados que têm até um ano de empresa e, para os que ultrapassarem este prazo, serão acrescidos 3 (três) dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 (sessenta) dias, totalizando, assim, um total de 90 (noventa) dias. PARA SABER MAIS Vide súmula 441 do TST. Disponível em: <http://www.tst.jus. br/sumulas>. Acesso em: 17 abr. 2019. 48 O aviso prévio poderá ser trabalhado (no qual incidirão normalmente as contribuições e recolhimentos relativos ao INSS, FGTS e IRPF) ou indenizado (sobre o qual não incidirá o IRPF) e integrará o tempo de serviço para todos os fins. Durante o curso do aviso prévio, o horário normal de trabalho do empregado será reduzido em 2 (duas) horas diárias, sem prejuízo do salário integral, nos moldes do artigo 488 da CLT. O prévio aviso incumbe a ambas as partes do contrato de trabalho e será indenizado quando uma delas optar pelo seu rompimento abrupto. Sendo por iniciativa do empregador, deverá indenizar o obreiro com o valor da remuneração correspondente ao período do aviso prévio. Sendo a iniciativa do empregado, este valor deverá ser descontado na ocasião da quitação das verbas rescisórias. Insta ressaltar que, ainda quando indenizado, o aviso prévio projeta-se no tempo. Desta forma, quando pago em pecúnia, os avos relativos ao aviso deverão ser computados para fins de cálculo de férias e décimo terceiro salário. Por fim, cumpre esclarecer que o empregado fará jus ao prévio aviso nas seguintes hipóteses: despedida sem justa causa, rescisão indireta, falência ou concordata, extinção da empresa sem força maior e, ainda, nos contratos por prazo determinado que contenham cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão. 4. Verbas Rescisórias Verbas rescisórias são aquelas devidas em razão do término do contrato de trabalho. Segundo o artigo 477, da CLT, havendo extinção do contrato de trabalho, o empregador deverá proceder à anotação na CTPS, comunicar a 49 dispensa aos órgãos competentes e realizar o pagamento das verbas rescisórias, observados o prazo e forma estabelecidos no mesmo artigo. Quanto à forma, estabelece o § 4º do artigo 477 que o pagamento a que fizer jus o empregado deverá ser efetuado: “I–em dinheiro, depósito bancário ou cheque visado, conforme acordem as partes; ou; II–em dinheiro ou depósito bancário quando o empregado for analfabeto.” No que tange ao prazo, o pagamento dos valores constantes no instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverá ser efetuado até dez dias contados a partir do término do contrato. No mesmo prazo, deverá proceder o empregador a entrega ao empregado de documentos que comprovem a comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes, conforme determina o artigo 477, § 6º da CLT. Por fim, é importante frisar que a anotação da extinção do contrato na CTPS é documento hábil para requerer o benefício do seguro- desemprego e a movimentação da conta vinculada do FGTS nas hipóteses legais, desde que a comunicação prevista no caput do artigo 477 tenha sido realizada (BRASIL, 1943). Passamos, então, a analisar as verbas rescisórias incidentes nas principais hipóteses de rescisão do contrato de trabalho. 4.1 Verbas devidas na dispensa por justa causa Para melhor distinção das verbas nos contratos com mais de um ano e menos de um ano, elaboramos a seguinte tabela comparativa. Os exemplos utilizados nas rescisões dos contratos sem determinação de prazo serão dados com base nos contratos superiores a um ano, de empregados sem dependentes, utilizando para os respectivos descontos os valores das tabelas referentes no Módulo 01. 50 Tabela 3 | Verbas devidas na dispensa por justa causa Menos de 01 ano de contrato Mais de 01 ano de contrato Saldo de salário Saldo de salário FGTS do mês da rescisão FGTS do mês da rescisão Férias vencidas 1/3 sobre férias vencidas Fonte: elaborada pela autora Exemplo: João, contratado em 30/09/2016, foi dispensado por justa causa em 05/10/2017. Percebia como salário o valor de R$ 1.200,00. Ele terá direito às seguintes verbas rescisórias: Discriminação Referência Proventos Descontos Saldo de Salário 05 dias R$ 200,00 INSS 8% R$16,00 IRPF - - Férias vencidas R$ 1.200,00 1/3 sobre férias R$ 400,00 R$ 1.800,00 R$ 16,00 TOTAL R$ 1.784,00 4.2 Verbas devidas na dispensa sem justa causa Tabela 4 | Verbas devidas na dispensa sem justa causa Menos de um ano de contrato Mais de um ano de contrato Aviso prévio Aviso prévio Saldo de salário Saldo de salário Salário Família Salário família 51 13º salário proporcional 13º salário proporcional Férias proporcionais Férias proporcionais 1/3 sobre férias Férias vencidas FGTS mês de rescisão 1/3 sobre férias Multa 40% sobre depósito do FGTS FGTS do mês de rescisão Multa de 40% sobre o FGTS Fonte: elaborada pela autora Exemplo: José, contratado em 01/10/2016, foi dispensado sem justa causa em 05/11/2017. Percebia como salário o valor de R$ 1.200,00. O aviso prévio foi trabalhado. Ele terá direito às seguintes verbas rescisórias: Discriminação Referência Proventos Descontos Saldo de Salário 05 dias R$ 200,00 INSS 8% R$ 16,00 13º salário proporcional 10/12 R$ 1.000,00 INSS 8% R$ 80,00 Férias vencidas - R$ 1.200,00 1/3 sobre férias vendidas - R$ 400,00 Férias proporcionais (1/12) - R$ 100,00 1/3 sobre férias proporcionais R$ 33,33 R$ 2.933,33 R$ 96,00 TOTAL R$ 2.837,33 Além disso, o empregador deverá depositar na conta vinculada do empregado a multa de 40% sobre o montante de todos os depósitos realizados durante a vigência do contrato de trabalho. Na hipótese em tela, considerando a quantia depositada de R$1.344,00, o empregador deverá depositar a multa no valor de R$ 537,60. 52 Por se tratar de dispensa sem justa causa, o empregado ainda terá direito ao saque do valor depositado a título de FGTS, inclusive da multa já mencionada, além da percepção do seguro-desemprego, caso preencha os requisitos necessários para a habilitação. 4.3 Verbas rescisórias devidas no pedido de demissão por parte do empregado Neste caso, o empregado deverá dar o aviso prévio ao empregador e, caso não o faça, terá o valor descontado em suas verbas rescisórias. Tabela 5 | Verbas devidas no pedido de demissão por parte do empregado. Menos de 01 ano de contrato Mais de 01 ano de contrato Saldo de salário Saldo de salário Salário família Salário Família 13º salário proporcional 13º salário proporcional Férias proporcionais Férias vencidas 1/3 sobre férias proporcionais Férias proporcionais FGTS do mês da rescisão 1/3 sobre férias FGTS do mês da rescisão Fonte: elaborada pela autora 4.4 Verbas rescisórias na rescisão indireta Conforme já exposto, trata-se da justa causa do empregador. Dessa forma, o empregado terá direito às mesmas verbas rescisórias devidas caso a dispensa ocorresse sem justa causa, a saber: Tabela 6 | Verbas devidas na rescisão indireta Menos de um ano de contrato Mais de um ano de contrato Aviso prévio Aviso prévio 53 Saldo de salário Saldo de salário Salário Família Salário família 13º salário proporcional 13º salário proporcional Férias proporcionais Férias proporcionais 1/3 sobre férias Férias vencidas FGTS mês de rescisão 1/3 sobre férias Multa 40% sobre depósito do FGTS FGTS do mês de rescisão Multa de 40% sobre o FGTS Fonte: elaborada pela autora 4.5 Verbas devidas na extinção do contrato por acordo entre empregado e empregador Na hipótese de extinção do contrato por acordo entre empregado e empregador, inovação trazida pela Lei 13.467/2017, artigo 484-A da CLT, prevê que serão devidas as seguintes verbas trabalhistas: Tabela 7 | Verbas devidas na extinção do contrato por acordo entre empregado e empregador Menos de um ano de contrato Mais de um ano de contrato Metade do Aviso prévio, se indenizado Metade do Aviso prévio, se indenizado Saldo de salário Saldo de salário Salário Família Salário família 13º salário proporcional 13º salário proporcional Férias proporcionais Férias proporcionais 1/3 sobre férias Férias vencidas FGTS mês de rescisão 1/3 sobre férias Pela metade a Multa 40% sobre depósito do FGTS FGTS do mês de rescisão Pela metade a Multa 40% sobre depósito do FGTS Fonte: elaborada pela autora 54 Ademais, na extinção por acordo entre empregado e empregador, será permitido ao empregado a movimentação da conta vinculada no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, limitada a 80% dos valores depositados. Importante ainda ressaltar que a extinção do contrato nesses moldes não autoriza o ingresso no Programa do Seguro-Desemprego. PARA SABER MAIS As mesmas verbas devidas na rescisão por comum acordo entre empregado e empregador encontram-se previstas no artigo 452-E da CLT, que trata da rescisão do contrato de trabalho intermitente, novidade trazida pela Lei 13.467/2017. Importante e imprescindível a leitura dos artigos 452-A; 452-B; 452-C; 452-D; 452-E; 452-F; 452-G; 452-H. 4.6 Verbas devidas na extinção do contrato por prazo determinado Tabela 8 | Verbas devidas na extinção do contrato por prazo determinado Menos de um ano de contrato Mais de um ano de contrato Saldo de salário Saldo de salário Salário Família Salário família 13º salário proporcional 13º salário proporcional Férias proporcionais Férias proporcionais 1/3 sobre férias Férias vencidas FGTS mês de rescisão 1/3 sobre férias FGTS do mês de rescisão Fonte: elaborada pela autora 55 4.7 Verbas devidas na extinção antecipada do contrato por prazo determinado Tabela 9 | Verbas devidas na extinção antecipada do contrato por prazo determinado Por iniciativa do empregador – artigo 479 da CLT Por iniciativa do empregado – artigo 480 da CLT Aviso prévio (quando sem justa causa) 13º salário proporcional Indenização de 50% do salário que seria devido até o fim do contrato Saldo de salário Salário família FGTS do mês de rescisão 13º salário proporcional Férias proporcionais 1/3 sobre férias proporcionais FGTS do mês de rescisão Multa de 40% sobre o FGTS Fonte: elaborada pela Autora Cumpre esclarecer que, conforme preconiza o artigo 480 da CLT, poderá o empregado ficar sujeito a indenizar o empregador por prejuízos eventualmente comprovados, no limite do valor a que teria direito a receber durante o contrato. QUESTÃO PARA REFLEXÃO A necessidade de concessão de aviso prévio por ambas as partes decorre do caráter sinalagmático do contrato de trabalho? 5. Considerações Finais • As férias e décimo-terceiro são devidos não somente durante o contrato, mas em quase todas as formas de extinção do vínculo empregatício; 56 • O aviso prévio não será devido quando houver rompimento do contrato decorrente da quebra da boa-fé; • Há distinção entre as verbas devidas em virtude das várias hipóteses de extinção do contrato de trabalho. Glossário • CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social. • FGTS – Fundo de Garantia por tempo de Serviço. • Sinalagmático – Bilateral. VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Acerca do 13º salário, instituído pela Lei 4.090/1962 e posteriormente editada pela lei 4.749/65, quando deverá ser pago o 13º salário? a. Em parcela única, até o dia 25 de dezembro. b. Em parcela única até o dia 30 de dezembro. c. Em três parcelas, nos meses de abril, agosto e dezembro. d. Em duas parcelas, sendo a primeira entre os meses de fevereiro e novembro e a segunda até o dia 20 de dezembro. e. Em quatro parcelas trimestrais e periódicas durante o ano. 2. A multa de 40% sobre o FGTS será devida na seguinte hipótese: 57 a. Pedido de demissão. b. Dispensa por justa causa. c. Término por advento do termo no contrato a prazo. d. Fim do contrato de experiência. e. Dispensa sem justa causa. 3. Maria, contratada em 01/05/2017 para exercer a função de auxiliar administrativa pela empresa “X”, perpetrou ofensas físicas graves e irrefutáveis contra sua superior hierárquica, pelo que, em 10/08/2017, foi dispensada por justa causa. Maria terá direito às seguintes verbas rescisórias: a. Saldo de salário; aviso prévio; multa de 40% sobre o FGTS. b. Aviso prévio indenizado; multa de 40% sobre FGTS; férias proporcionais; salário família; 1/3 sobre férias proporcionais. c. Saldo de salário e FGTS do mês de rescisão; d. Saldo de salário; 13º salário proporcional; férias proporcionais; 1/3 sobre férias proporcionais. e. Saldo de salário; 13º salário proporcional; férias proporcionais; férias vencidas acrescidas de 1/3. 4. Ao empregado que completar seu período aquisitivo de férias, de 30 dias, é facultado converter
Compartilhar