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Código Logístico
58866
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6527-1
9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 2 7 1
A Educação Física se mostra como um importante 
componente curricular que contribui efetivamente 
para que o aluno possa atuar no mundo de maneira 
crítica, responsável e ética.
Dividido em cinco capítulos, este livro apresenta 
aspectos pedagógicos e metodológicos da Educação 
Física escolar, bem como seus conteúdos e objetivos 
na educação infantil e nos anos iniciais do ensino 
fundamental, além do planejamento e avaliação do 
processo de ensino-aprendizagem.
A obra traz um breve histórico sobre a Educação 
Física escolar, as concepções e as principais teorias 
pedagógicas que influenciaram e ainda influenciam 
as práticas docentes atuais. Apresenta também 
as bases legais da Educação e como é abordada a 
área da Educação Física nos seguintes documentos: 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 
Parâmetros Curriculares Nacionais, Referencial 
Curricular Nacional para a Educação Infantil e Base 
Nacional Comum Curricular.
Metodologia da 
Educação Física escolar: 
educação infantil e 
anos iniciais do ensino 
fundamental
IESDE BRASIL S/A
2019
Claudinara Botton Dal Paz
Vera Lucia Rodrigues de Moraes
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2019 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem 
autorização por escrito das autoras e do detentor dos direitos autorais.
Capa: IESDE BRASIL S/A.
Imagem da capa: Mile Atanasov/ Rawpixel.com/ Robert Kneschke/ Maria 
Sbytova/ wavebreakmedia/ KAZLOVA IRYNA/Shutterstock
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
P368m
Paz, Claudinara Botton Dal
Metodologia da educação física escolar : educação infantil e anos 
iniciais do ensino fundamental / Claudinara Botton Dal Paz, Vera Lucia 
Rodrigues de Moraes. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE Brasil, 2019.
126 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6527-1
1. Educação física para crianças. 2. Esportes escolares. 3. Profes-
sores de educação física - Formação. I. Paz, Claudinara Botton Dal. II. 
Moraes, Vera Lucia Rodrigues de. III. Título.
19-58498 CDD: 372.86
CDU: 373.2/.3.016:613.71
Claudinara Botton Dal Paz
Mestre em Educação Física pela Universidade Federal do 
Paraná (UFPR). Especialista em Deficiência Intelectual pela 
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões 
(URI). Graduada em Educação Física pela Universidade Regional 
do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí). Possui 
experiência como professora na rede pública, coordenadora 
de curso de graduação em Educação Física e como docente no 
ensino superior em cursos de Educação Física e Pedagogia. 
Vera Lucia Rodrigues de Moraes
Mestre em Educação pela Universidade do Vale do Rio 
dos Sinos (Unisinos). Especialista em Pedagogia Social pela 
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões 
(URI). Especialista em Ginástica Escolar e graduada em Educação 
Física pela instituição Faculdades Reunidas de Administração 
Ciências Contábeis e Econômicas de Palmas/PR (Facepal). Tem 
experiência como docente no ensino superior em cursos de 
Educação Física (licenciatura e bacharelado). 
Sumário
Apresentação 7
1. A Educação Física escolar 9
1.1 Breve histórico da Educação Física 9
1.2 Teorias pedagógicas da Educação Física 15
1.3 Manifestações da cultura corporal do movimento 23
2. Bases legais da Educação Física escolar 31
2.1 Leis de Diretrizes e Bases da Educação 32
2.2 Parâmetros Curriculares Nacionais 35
2.3 Referencial Curricular Nacional para a Educação 
Infantil 38
2.4 Base Nacional Comum Curricular 46
3. Aspectos didático-metodológicos do ensino da 
Educação Física 57
3.1 Características dos alunos 57
3.2 Conteúdos e objetivos a serem desenvolvidos 61
3.3 Procedimentos metodológicos 69
3.4 Tipos de planejamento e estruturação de aulas de 
Educação Física 74
4. Atividades práticas para as aulas de Educação 
Física 81
4.1 Atividades sem uso de materiais 81
4.2 Atividades com uso de materiais 95
5. Avaliação do processo de ensino-aprendizagem da 
Educação Física 105
5.1 A avaliação na disciplina de Educação Física 105
5.2 Dimensões, critérios e instrumentos de avaliação na 
Educação Física 110
Gabarito 121
Apresentação
A escola é um espaço de saber e convivência no qual o 
aluno adquire os conhecimentos e habilidades necessários 
para a vida. 
Com base nesse pressuposto e possuindo objetivos 
e competências específicas para cada etapa do ensino, a 
Educação Física se mostra como um importante componente 
curricular que contribui efetivamente para que o aluno possa 
atuar no mundo de maneira crítica, responsável e ética. 
Essas características aprendidas por meio do movi- 
mento promovem o desenvolvimento do aluno sob a ótica 
da integralidade, ou seja, consideram as dimensões motora, 
cognitiva, social e afetiva do ser humano. Entretanto, para 
que ocorra a aprendizagem significativa, deve-se considerar o 
contexto social e cultural no qual o aluno está inserido. 
Dividido em cinco capítulos, este livro apresenta aspectos 
pedagógicos e metodológicos da Educação Física escolar, bem 
como seus conteúdos e objetivos na educação infantil e nos 
anos iniciais do ensino fundamental, além do planejamento e 
avaliação do processo de ensino-aprendizagem.
A obra inicia com um breve histórico sobre a Educação 
Física escolar, as concepções e as principais teorias pedagógicas 
que influenciaram e ainda influenciam as práticas docentes 
atuais, apresentando as manifestações da cultura corporal do 
movimento.
8 Metodologia da Educação Física escolar: educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental
Apresenta também as bases legais da Educação e como é 
abordada a área da Educação Física nos seguintes documentos: 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Parâmetros 
Curriculares Nacionais, Referencial Curricular Nacional para 
a Educação Infantil e Base Nacional Comum Curricular.
Na sequência, destacam-se as características dos alunos, os 
conteúdos e objetivos da Educação Física para cada etapa de 
ensino, os procedimentos metodológicos para o trabalho com 
a disciplina e como ela se organiza no ambiente escolar. Por 
fim, são apresentadas atividades com e sem o uso de materiais, 
e de que forma é possível avaliar o aprendizado dos alunos 
nessa disciplina.
Bons estudos!
1
A Educação Física escolar
Começamos este capítulo com um breve histórico sobre a 
Educação Física escolar, indicando como era a sua prática nas escolas 
e como se modificou ao longo dos anos. Para isso, apontamos as 
principais teorias pedagógicas que influenciaram e ainda influenciam 
as práticas realizadas pelos professores de Educação Física. Por fim, 
destacamos as manifestações da cultura corporal do movimento que 
são hoje objeto de estudo da Educação Física Escolar. Quer saber 
qual é a sua origem e por que existem tantas formas e conteúdos 
diferentes ensinados na escola? Venha conosco!
1.1 Breve histórico da Educação Física
Entender o que é a Educação Física envolve conhecer suas origens 
e sua capacidade enquanto prática pedagógica. Essa reflexão faz 
sentido para compreender como a sua prática na escola evoluiu ao 
longo do tempo, buscando transformá-la e adequá-la aos propósitos 
da educação brasileira.
Segundo Darido e Rangel (2011, p. 1):
Os objetivos e as propostas educacionais foram se 
modificando ao longo dos últimos anos, e todas as 
tendências, de algum modo, ainda hoje influenciam 
a formação profissional e suas práticas pedagógicas. 
Na Educação Física escolar, assim como em outros 
componentes curriculares, não existe uma única forma de 
se pensar e implementar a disciplina da escola.
Nesse sentido, a Educação Física, assim como outras áreas, 
assumiu os objetivos que a sociedade gestou em cada momento 
histórico. Na primeira metade do séculoXX, por exemplo, a 
10 Metodologia da Educação Física escolar: educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental
sociedade privilegiava apenas a aptidão física e a higiene, por causa 
do desenvolvimento econômico do país. Nessa época, o cenário 
tinha como característica a formação de pessoas como força de 
trabalho para a produção.
Em termos cronológicos,
a Educação Física escolar sistematizada teve início no final 
do século XIX. Nesta época, o país iniciava sua transição de 
sociedade escravista para uma formação social capitalista. 
Acompanhando as tendências que dominavam na Europa 
em diferentes campos do saber, existia a preocupação de 
construir um homem novo, que pudesse dar suporte 
à nova ordem política econômica e social emergente. 
(GALLARDO, 2009, p. 11)
Diante do exposto, especificam-se diferentes concepções – 
ou tendências – com relação à Educação Física escolar, as quais 
acompanharam os diferentes contextos históricos e econômico- 
-sociais pelos quais passou o país. Assim, historicamente, a Educação 
Física apresentou as seguintes tendências pedagógicas.
1.1.1 Higienista e militarista
Na concepção higienista, a preocupação estava centrada nos 
hábitos de higiene, valorizando o desenvolvimento físico e moral a 
partir da atividade física. Para Darido e Rangel (2011), o higienismo 
é uma das concepções dominantes na Educação Física.
Gallardo (2009) afirma que, no Brasil, existia uma classe de 
médicos que buscava a reformulação de hábitos de higiene na 
família para libertar a população do vício do período colonial, como 
a preguiça, a imoralidade e a indolência, o que prejudicava a saúde, 
a moral e a vida coletiva. Assim, para alcançar os objetivos dessa 
sociedade, os higienistas recorreram às práticas de Educação Física, 
que, “com base em critérios estabelecidos pelas ciências biológicas, 
encarregaram-se de implementar programas disciplinares e de 
exercitação corporal nas escolas, a fim de desenvolver e fortalecer 
A Educação Física escolar 11
física e moralmente os indivíduos, tornando-os aptos para a 
construção da nova sociedade” (GALLARDO, 2009, p. 11).
Nessa concepção, as aulas de Educação Física eram separadas 
entre meninos e meninas, pois, para os meninos, era importante a 
formação de corpos saudáveis, produtivos, fortes, para se tornarem 
futuros militares, e, para as meninas, o essencial era a formação de 
mães saudáveis, para se tornarem futuras donas de casa com muitos 
filhos (GALLARDO, 2009).
Dessa forma, as práticas motoras da época fundamentavam-se 
em movimentos ginásticos oriundos dos métodos alemão, sueco e 
francês. A Educação Física tinha como premissa básica, portanto, 
a necessidade de atividades somente práticas, a fim de formar 
corpos fortes e saudáveis, tal como exigido pelo momento histórico, 
econômico e social (DARIDO; RANGEL, 2011).
Assim como a higienista, a concepção ou tendência militarista 
também reduzia a Educação Física apenas a atividades práticas, 
sem necessidade de uma reflexão e fundamentação teórica para dar 
suporte a ela (DARIDO; RANGEL, 2011). A concepção militarista 
surgiu sob forte influência de um acontecimento histórico: a 
Primeira Guerra Mundial. Mesmo a guerra tendo início em 1914, 
o movimento com as alianças entre os países buscava a formação 
de contingentes militares a fim de defender os territórios. Assim, 
os militares começaram a ditar um novo modelo de homem a ser 
formado: o homem forte e capaz de defender a sua pátria.
Essa influência militar pôde ser observada em 1907, com a 
criação da Escola de Educação Física da Força Policial do Estado de 
São Paulo, a primeira escola de formação de instrutores de Educação 
Física no Brasil, e, em 1922, com a criação do Centro Militar de 
Educação Física do Rio de Janeiro. Além de dar continuidade à 
concepção higienista, a concepção militarista introduziu nas escolas 
a necessidade de formar futuros militares (GALLARDO, 2009). 
12 Metodologia da Educação Física escolar: educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental
Somente em 1939, no Brasil, foi criada a primeira escola civil de 
formação de professores de Educação Física (CASTELLANI FILHO 
et al., 2009).
Nesse período, a Educação Física escolar possuía como princípio 
“o adestramento físico como maneira de preparar o aluno para o 
cumprimento do seu dever de defender a nação dos perigos internos 
e externos” (GALLARDO, 2009, p. 12), sendo que, na época, diversas 
abordagens ginásticas para a prática surgiram no país, como o 
método francês, a calistenia e o método natural austríaco.
Dentre esses métodos, o que inicialmente teve maior influência 
nas práticas de Educação Física no Brasil foi o método alemão, que
caracteriza-se por considerar o corpo humano uma 
máquina composta de eixos de movimentos (articulações) 
e alavancas a serem movimentadas (segmentos corporais). 
Dessa forma, são propostos movimentos padronizados 
que tenham a mesma amplitude, intensidade e velocidade 
para todos, sejam esportistas, trabalhadores ou estudantes. 
A disciplina, a obediência às ordens superiores e a exatidão 
dos movimentos são a chave do êxito. Quanto maior o 
número de indivíduos atuando sincronizadamente, maior é 
o poder atribuído a esse tipo de organização. (GALLARDO, 
2009, p. 12)
Posteriormente, o êxito desse método em função de sua relação 
com o trabalho coletivo necessário na produção industrial começou 
a ser imitado e interpretado por outros países e grupos sociais, de 
diferentes formas, como a utilização de grandes aparelhos (ginástica 
artística) e pequenos aparelhos (ginástica rítmica). Originaram-se, 
assim, outros movimentos ginásticos, como o método francês, que 
interpretava as idiossincrasias do método alemão, o austríaco, que 
promovia a liberdade individual e a livre expressão, e a calistenia, 
que deu origem à ginástica localizada (GALLARDO, 2009).
Observa-se, também, nessa época, que as aulas eram uma 
extensão da prática realizada pelos soldados. Os exercícios eram 
pautados em métodos ginásticos estrangeiros, contudo, não havia 
idiossincrasias: 
característica de 
comportamento 
peculiar de um 
indivíduo ou de 
determinado 
grupo.
A Educação Física escolar 13
consenso entre os profissionais sobre os tipos de atividades que 
deveriam ser ministradas nas aulas de Educação Física (FINCK, 
2011).
Segundo Darido e Rangel (2011, p. 3),
no modelo militarista, os objetivos da Educação Física na 
escola eram vinculados à formação de uma geração capaz 
de suportar o combate, a luta, para atuar na guerra; por isso, 
era importante selecionar indivíduos perfeitos fisicamente e 
excluir os incapacitados.
Além da preocupação com as questões higiênicas, morais, 
disciplinares e militares associadas à Educação Física, ainda existia 
uma grande importância no condicionamento dos alunos em relação 
ao progresso econômico do país, e essa tendência predominou nas 
redes de ensino (GALLARDO, 2009).
Além dessas concepções, temos uma tendência muito forte e que 
até hoje tem influência na Educação Física escolar: a esportivista. 
Conte-nos: você chegou a praticar esportes como futebol, basquete 
ou corrida nas aulas de Educação Física? Apostamos que sim e 
vamos explicar como surgiu essa valorização do esporte nas aulas 
de Educação Física.
1.1.2 Esportivista
Seguindo a ordem da produtividade que privilegia a eficiência 
e a eficácia, os esportes atendem ao modelo vivido pela ordem 
econômica do mundo. Essa tendência da Educação Física desportiva, 
divulgada no Brasil por Auguste Listello, coincidiu com o final da 
Segunda Guerra Mundial, quando novas correntes disputavam 
supremacia no interior da instituição escolar (CASTELLANI FILHO 
et al., 2009).
Uma das concepções que mais observamos quando se fala em 
Educação Física escolar é a esportivista, pois os esportes são um dos 
conteúdos a serem desenvolvidos nas aulas dessa disciplina e estão 
claramente presentes nos documentos legais, como os Parâmetros 
14 Metodologia da Educação Física escolar: educação infantile anos iniciais do ensino fundamental
Curriculares Nacionais (PCNs) e a Base Nacional Comum Curri- 
cular (BNCC). Na BNCC, o esporte é uma das unidades temáticas 
dos conteúdos a serem desenvolvidos nas aulas de Educação Física.
Essa influência do esporte no sistema escolar é de tal 
magnitude que temos, então, não o esporte da escola 
mas sim o esporte na escola. Isso indica a subordinação 
da educação física aos códigos/sentido da instituição 
esportiva. Caracterizando-se o esporte na escola como um 
prolongamento da instituição esportiva: esporte olímpico, 
sistema desportivo nacional e internacional. Esses códigos 
podem ser resumidos em: princípios de rendimento atlético/
desportivo, competição, comparação de rendimento e 
recordes, regulamentação rígida, sucesso no esporte como 
sinônimo de vitória, racionalização de meios e técnicas etc. 
(CASTELLANI FILHO et al., 2009, p. 53-54)
As vitórias da Seleção Brasileira de Futebol nas Copas do Mundo 
de 1958 e 1962 contribuíram muito para a associação da Educação 
Física aos esportes, principalmente ao futebol. A satisfação da 
população em assistir às disputas da Seleção e acompanhá-las teve 
seu auge com a terceira vitória do Brasil, em 1970, influenciando 
fortemente o predomínio dos esportes nas aulas.
Essa concepção esportivista, que também pode ser chamada 
de mecanicista, tradicional ou tecnicista, sofreu e sofre muitas 
críticas, pois a sua relação com a eficiência e a eficácia faz com que 
muitos alunos sejam excluídos das aulas. Apesar disso, os esportes 
continuam a ser muito praticados nas aulas atualmente.
Com a chegada da década de 1980 e o período de redemocra- 
tização política do país, profissionais de Educação Física começaram 
a se encontrar e a debater sobre novas formas (concepções e 
tendências) de ensino. Tais discussões contribuíram para um 
rompimento com a excessiva valorização esportiva, que tinha o 
desempenho dos alunos nas aulas como único objetivo (DARIDO; 
RANGEL, 2011).
A Educação Física escolar 15
Essa crítica aos conteúdos esportivos foi influenciada por pes- 
quisas na área da educação, as quais ocasionaram o que chamamos 
de crise da Educação Física, em que vários novos movimentos 
começaram a surgir no final de 1970. Esses movimentos, que 
chamaremos aqui de teorias pedagógicas da Educação Física, 
procuraram romper com o modelo esportivista e tradicional 
da época. Vamos conhecer algumas dessas teorias? A seguir, 
apontaremos as principais.
1.2 Teorias pedagógicas da Educação Física
Como vimos na seção anterior, foi a partir dos anos 1980 que 
a Educação Física começou a ser debatida no que diz respeito aos 
seus objetivos, conteúdos e métodos, passando a ser repensada no 
âmbito das propostas pedagógicas da educação. Assim, observamos 
o surgimento de algumas teorias pedagógicas da Educação Física, 
como veremos a seguir.
1.2.1 Psicomotricidade
Segundo Darido e Rangel (2011), foi na década de 1970 que a 
educação psicocinética tornou-se relevante em alguns programas 
de Educação Física escolar. É conhecida também por educação 
psicomotora ou psicomotricidade, divulgada em alguns programas 
de escolas com alunos portadores de deficiência física e mental.
Tendo como autor de maior influência o francês Jean Le Boulch, 
a psicocinética ou psicomotricidade surgiu como uma contestação 
à visão dualista do corpo e mente a que a Educação Física estava 
ligada. Le Boulch afirma que a psicocinética não é um método 
para a Educação Física, mas uma teoria geral do movimento que 
deve ser utilizada como um meio para o aprendizado dos alunos 
(CASTELLANI FILHO et al., 2009).
Mesmo utilizando o movimento apenas como um meio para 
o aprendizado dos alunos, essa teoria vincula-se fortemente à 
16 Metodologia da Educação Física escolar: educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental
Educação Física para justificar sua importância no ambiente escolar, 
sendo uma das responsáveis pelo desenvolvimento cognitivo das 
crianças a partir do movimento realizado por elas.
Gallardo (2009) explica o trabalho do profissional de Educação 
Física e aponta para a importância do movimento na educação 
da criança, ou seja, a educação pelo movimento, e não para o 
movimento.
O trabalho do profissional passa a organizar-se em torno 
do desenvolvimento das estruturas psicomotoras de base: 
coordenação motora, equilíbrio, lateralidade, organização 
espaço temporal e esquema corporal, buscando integrar 
homem e espaço, corpo e alma. O desenvolvimento 
psicomotor torna-se pré-requisito para a aquisição dos 
conteúdos cognitivos, e a educação do movimento dá lugar 
à educação pelo movimento. (GALLARDO, 2009, p. 16)
Conforme Darido e Rangel (2011, p. 8), “a psicomotricidade 
defende uma ação educativa que deva ocorrer com base nos 
movimentos espontâneos da criança e das atitudes corporais, 
favorecendo a gênese da imagem do corpo, núcleo central da 
personalidade”. Segundo os autores:
O discurso e a prática da Educação Física sob essa influência 
da psicomotricidade conduz à necessidade do professor 
se sentir com responsabilidades escolares e pedagógicas. 
Busca desatrelar sua atuação na escola dos pressupostos 
da instituição esportiva, valorizando o processo de 
aprendizagem e não mais a execução de um gesto técnico 
isolado. (DARIDO; RANGEL, 2011, p. 8)
Nessa teoria, a prática do movimento e o estímulo por meio dos 
exercícios de esquema corporal e aptidões motoras possibilitam a 
mudança dos hábitos, ideias e sentimentos da criança (CASTELLANI 
FILHO et al., 2009). Portanto, é muito difundida mundialmente e 
utilizada pelos educadores para o trabalho na educação infantil e 
A Educação Física escolar 17
nos anos iniciais do ensino fundamental. O professor de Educação 
Física, inserido nesse contexto, utiliza a psicomotricidade como 
auxílio no aprendizado cognitivo dos alunos.
1.2.2 Desenvolvimentista
A teoria desenvolvimentista tem como principal autor Go Tani 
e, ao contrário da psicomotricidade, baseia-se no desenvolvimento 
motor como principal meio para a aprendizagem, sendo defendida 
a ideia de que o movimento é o principal meio e fim da Educação 
Física. Assim, não é função da Educação Física o desenvolvimento de 
capacidades que auxiliem na alfabetização e no pensamento lógico- 
-matemático, embora isso possa ocorrer como uma consequência da 
prática motora (DARIDO; RANGEL, 2011).
Dirigida inicialmente para crianças de 4 a 14 anos, a teoria utiliza 
as fases do desenvolvimento motor como elemento central para a 
construção das aulas de Educação Física, considerando o estágio 
motor em que a criança se encontra.
Gallahue e Ozmun (2005), em sua obra Compreendendo o 
desenvolvimento motor: crianças, bebês, adolescentes e adultos, trazem 
detalhadamente as fases do desenvolvimento motor, mostrando os 
movimentos que as crianças são capazes de realizar.
Nessa teoria,
Os conteúdos devem ser desenvolvidos segundo uma ordem 
de habilidades básicas e específicas. As básicas podem ser 
classificadas em habilidades locomotoras (p. ex.: andar, 
correr, saltar), manipulativas (p. ex.: arremessar, chutar 
e rebater) e de estabilização (p. ex.: girar, rolar, e realizar 
posições invertidas), e as específicas são mais influenciadas 
pela cultura e estão relacionadas à prática do esporte, do 
jogo, da dança e das atividades industriais. (DARIDO; 
RANGEL, 2011, p. 9)
18 Metodologia da Educação Física escolar: educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental
Contudo, há uma crítica com relação à teoria desenvolvimentista, 
no sentido de que as pessoas podem não apresentar um mesmo 
padrão de desenvolvimento motor, ou seja, podem não estar 
no período correspondente à idade em que se encontram. Para 
Gallardo (2009), isso compromete a participação dos alunos nas 
atividades esportivas e culturais, pois não apresentam o mesmo 
desenvolvimento motor que seus pares, isto é, não possuem 
maturação na execução das habilidades motoras. Segundo Darido 
e Rangel (2011, p. 10), “há uma tentativa de fazer correspondero 
nível de desenvolvimento motor à idade em que o comportamento 
deve aparecer. Por exemplo, aos 7 anos, a criança deve apresentar 
padrões maduros nas habilidades, ou seja, movimentos executados 
com qualidade próxima à execução de um adulto”.
Outra limitação da teoria seria que, dependendo do contexto 
cultural e ambiental em que estão inseridos os alunos, uma 
habilidade motora pode ser mais complexa que a outra, por 
exemplo: chutar uma bola para uma criança brasileira pode ser 
menos complexo do que para uma criança de outro país; ou nadar 
em uma cidade litorânea e nadar em uma cidade longe do litoral 
(DARIDO; RANGEL, 2011).
Apesar disso, nessa teoria, a Educação Física tem um papel 
importante no processo de aperfeiçoamento do movimento motor, 
oferecendo experiências de novos movimentos. Nessa abordagem, 
devemos proporcionar condições para que o comportamento motor 
seja desenvolvido, oferecendo, assim, experiências de movimento 
adequadas à faixa etária dos alunos, observando os erros e oferecendo 
estratégias de atividades para que sejam superados.
Considerando o nível de desenvolvimento motor, é função do 
professor de Educação Física possibilitar à criança um repertório 
grande de movimentos, para que ela desenvolva, de forma ampla, as 
habilidades motoras e capacidades físicas.
A Educação Física escolar 19
1.2.3 Teoria do ensino aberto
A teoria do ensino aberto ou de aulas abertas foi proposta por 
Reiner Hildebrandt e Ralf Laging, em 1986, e caracteriza-se pela 
participação dos alunos em decisões sobre os objetivos, conteúdos, 
metodologia e avaliação da disciplina. Nesse caso, o aluno é o 
centro do processo de ensino, sendo considerada a possibilidade 
de ele ajudar e decidir no planejamento da disciplina. Segundo 
Hildebrandt (apud FINCK, 2011, p. 39), nessa teoria, o “objeto 
de estudo é o mundo do movimento e suas implicações sociais, 
que têm como principal objetivo trabalhar o movimento em sua 
amplitude e complexidade, com a intenção de proporcionar aos 
participantes autonomia para as capacidades de ação”.
Ao contrário do que se pensa inicialmente, o professor de 
Educação Física não estaria deixando os alunos livres para fazerem 
o que querem nas aulas; eles apenas auxiliam e ajudam na decisão 
do planejamento e execução da disciplina. O que acontece é uma 
interação entre professor e aluno que agrega pontos positivos ao 
aprendizado dos alunos, construído por meio da escolha de temas, 
de estímulos e de tarefas a serem realizadas.
Para Fonseca e Machado (2015), na escola, o perfil da Educação 
Física era de mera atividade de prática corporal destituída de 
compromisso e, devido a isso, a disciplina passou a ser pouco 
valorizada em relação aos outros componentes curriculares, embora 
os alunos gostassem de praticar as atividades.
1.2.4 Teoria construtivista
Essa teoria, que se contrapõe à tendência mecanicista da 
Educação Física, tem suas bases nos estudos teóricos de Jean Piaget, 
o qual afirma que a construção do conhecimento no sujeito ocorre 
por meio da interação dele com o mundo (DARIDO; RANGEL, 
2011). 
20 Metodologia da Educação Física escolar: educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental
Na área da Educação Física, João Batista Freire é considerado um 
representante dessa teoria ao propor uma pedagogia do movimento. 
Fundada na ideia de complexidade, a teoria do movimento deveria 
definir como conteúdos básicos as atividades que, ao contrário de 
estabelecer padrões de movimento e fechar as possibilidades de ação, 
criassem um leque de possibilidades (FREIRE; SCAGLIA, 2009).
Dessa forma, diante de um problema ou situação nova, o 
organismo abre uma série de possibilidades antes de tentar resolver 
o obstáculo (FREIRE; SCAGLIA, 2009). Essas possibilidades criam 
hipóteses de escolhas para a resolução do problema, sendo a escolha 
pela melhor hipótese dependente da história de vida da pessoa e das 
experiências que ela teve anteriormente. Assim:
Tudo leva a crer, portanto, que, quanto mais diversificadas 
forem as situações novas, maior o leque de possibilidades 
que se formará, o que equivale dizer que mais ampla poderá 
ser a atuação da inteligência, independente de se tratar de 
motricidade, de racionalidade, de afetividade ou de outra 
dimensão qualquer. (FREIRE; SCAGLIA, 2009, p. 154)
 A teoria construtivista, na área da Educação Física, considera 
o conhecimento prévio do aluno, resgatando a cultura de jogos e 
brincadeiras que eles carregam. Portanto, envolve a cultura no 
processo de ensino-aprendizagem, em que o “aluno constrói o 
seu conhecimento a partir da interação com o meio, resolvendo 
problemas” (DARIDO; RANGEL, 2011, p. 11).
Assim, ao colocar o jogo como principal conteúdo, considerando 
as experiências do aluno, sua bagagem cultural de jogos e 
brincadeiras, a teoria construtivista permite que o aluno aprenda 
enquanto brinca. Da mesma forma, o movimento pode ser um 
instrumento para aprendizagem de outros conteúdos, como leitura 
e escrita, por exemplo. 
1.2.5 Teoria crítico-superadora
Apresentando grande número de representantes e estudiosos, a 
teoria crítico-superadora utiliza o discurso da justiça social como 
A Educação Física escolar 21
ponto de apoio. Na Educação Física, há uma grande obra a respeito 
dessa teoria, construída pelo coletivo de autores Bracht, Castellani 
Filho, Escobar, Soares, Pinto Varjal e Taffarel, em 1992, intitulada 
Metodologia do Ensino da Educação Física.
Para Finck (2011), a teoria contribui para que ocorram mudanças 
sociais, diminuindo, assim, as desigualdades sociais, afirmando que 
a escola se faz como um todo na organização e na efetivação do 
trabalho comprometido de todos os educadores.
Com relação ao conteúdo a ser desenvolvido nas aulas de 
Educação Física,
os adeptos desta abordagem propõem que se considere a 
relevância social dos conteúdos, sua contemporaneidade 
e sua adequação às características sociais e cognitivas dos 
alunos. Para a organização do currículo, ressaltam que é 
preciso fazer com que o aluno confronte os conhecimentos 
do senso comum com o conhecimento científico, para 
ampliar o seu acervo de conhecimento. (DARIDO; 
RANGEL, 2011, p. 13)
Essa teoria tem como objeto de estudo a cultura corporal, que se 
concretiza em diferentes temas, como jogos, esportes, lutas, danças, 
ginásticas, entre outros. As habilidades motoras são consideradas, 
porém não como objeto central de conhecimento da Educação 
Física (FINCK, 2011). A organização dos conteúdos deve ter 
coerência com a leitura da realidade. Deve-se, portanto, analisar o 
que determinou a escolha e a necessidade do ensino do conteúdo 
(CASTELLANI FILHO et al., 2009).
Sendo assim, nessa abordagem, temos uma Educação Física 
contextualizada com a cultura corporal dos sujeitos e com a busca 
de autonomia em seus aprendizados.
1.2.6 Teoria crítico-emancipatória
A teoria crítico-emancipatória é uma abordagem didática-
-pedagógica da Educação Física que tem como autor o professor 
22 Metodologia da Educação Física escolar: educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental
Elenor Kunz, que sugere uma reflexão sobre o ensino dos esportes 
(apud FINCK, 2011). Essa proposta possibilita uma educação por 
intermédio do desenvolvimento e do esporte na escola, podendo 
contribuir para que crianças e jovens tenham uma apreciação crítica 
a respeito do conhecimento da cultura corporal.
Finck (2011, p. 67) destaca a relevância dessa teoria para o 
trabalho com os esportes nas escolas, ao falar dos “encaminhamentos 
metodológicos, evidenciando seus valores e mostrando a relevância 
desse fenômeno social de uma forma crítica e significativa, vindo, 
assim, a contribuir para a emancipação do aluno como cidadão”.
Seguindo a lógica do aluno emancipado, Kunz afirma que 
existem dois aspectos que precisam ser considerados nessa teoria: 
a busca pela emancipação do aluno, que poderá, por meio das aulas 
de Educação Física, “aprender a analisar e questionar a realidade, 
construindo seus própriosconceitos na busca de uma sociedade 
mais justa”, e “a preocupação com a construção de propostas práticas, 
possíveis de serem desenvolvidas e que possam contribuir para o 
atendimento dos objetivos” (apud Finck, 2011, p. 67).
Assim como a teoria crítico-superadora, o objeto de estudo 
da teoria crítico-emancipatória é a cultura corporal, sendo os 
jogos, ginásticas, esportes, capoeira e dança os elementos a serem 
compreendidos e contextualizados (DARIDO; RANGEL, 2011).
A partir do exposto, Darido e Rangel (2011) afirmam que o 
objetivo do ensino crítico é compreender a estrutura autoritária 
dos processos institucionalizados que formam falsas convicções, 
interesses e desejos, e, portanto, “promover condições para que essas 
estruturas autoritárias sejam suspensas e o ensino encaminhado 
para uma emancipação, possibilitada pelo uso da linguagem, que 
tem papel importante no agir comunicativo” (DARIDO; RANGEL, 
2011, p. 15).
A Educação Física escolar 23
Sendo assim, conforme visto nas teorias pedagógicas que se 
originaram a partir de estudos que buscam compreender a Educação 
Física como área de relevância no ambiente escolar, é por meio da 
cultura corporal do movimento que o trabalho dos professores 
precisa ser fundamentado. Mas, afinal, o que é cultura corporal do 
movimento e como ela se manifesta?
1.3 Manifestações da cultura 
corporal do movimento
Para compreendermos o aluno como um todo, é preciso 
considerar diversos aspectos que influenciam suas ações nas 
atividades propostas na Educação Física escolar. Nesse sentido, 
entende-se que o aluno traz características do meio em que vive e 
estas se expressam por meio de diferentes atitudes. Para que ocorra 
a aprendizagem, é necessário que o aluno tenha interesse e que 
estabeleça conexões com a sua realidade, ou seja, com o meio social 
e cultural em que vive.
O ser humano, desde suas origens, produziu cultura. Sua 
história é uma história de cultura, na medida em que tudo 
o que faz está inserido num contexto cultural, produzindo 
e reproduzindo cultura. O conceito de cultura é aqui 
entendido como produto da sociedade, da coletividade 
à qual os indivíduos pertencem, antecedendo-os e 
transcendendo-os. (BRASIL, 1997, p. 23)
Nessa perspectiva, considera-se que o aluno está inserido em 
uma cultura e que se expressa por diferentes linguagens, entre as 
quais a do movimento. A criança tem características próprias que 
precisam ser respeitadas, assim como as atividades propostas devem 
estar de acordo com a fase de seu desenvolvimento. Para isso, 
existem diferentes recursos utilizados para proporcionar elementos 
de desenvolvimento da criança por meio do movimento, os quais 
atendem a aspectos cognitivos, motores e socioafetivos. Apesar 
disso, para Brandl (2010), ainda existe um desconhecimento das 
24 Metodologia da Educação Física escolar: educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental
características e necessidades da criança e de como acontece o seu 
desenvolvimento e a sua aprendizagem, ou seja, há um desrespeito 
com a sua corporeidade infantil.
“Corporeidade pode ser entendida como corpo em 
movimento que busca a vida num determinado tempo histórico 
e cultural” (NISTA-PICCOLO; MOREIRA, 2012, p. 50). Os 
autores complementam que a leitura do corpo é um processo de 
conscientização, afirmação da personalidade, da individualidade, 
do sentido de presença à etnia humana, e que esse entendimento 
resulta na compreensão de que a realidade do corpo vai além da 
dicotomia corpo e mente, natureza e cultura.
Kolyniak (2005 apud BRANDL, 2010, p. 32) explicita que, desde 
o nascimento, por meio da consciência, o corpo vai se conformando 
como corporeidade, a qual é observada nos movimentos, na 
expressividade, na postura e no significado atribuído ao padrão 
estético, assim, “humano vivo é corporeidade, é cultura encarnada”.
As primeiras interações do ser humano consigo mesmo e com 
o ambiente ocorrem por meio do movimento, ou seja, a criança se 
expressa e se desenvolve a partir de atos motores, que se concretizam 
no âmbito de resolver problemas relacionados ao ambiente. 
De acordo com Darido e Rangel (2011), as formas básicas de 
movimentação se combinam de diferentes maneiras para atender às 
demandas ambientais, que estão inseridas na cultura. E o conjunto 
de manifestações expressivas corporais se denomina cultura corporal 
de movimento.
Logo, o movimento humano, objeto de estudo da Educação 
Física, pode ser concebido por meio de diferentes manifestações 
corporais. O aluno tem preferência por determinadas modalidades 
de acordo com o que lhe é transmitido de geração em geração, ou 
com o que ele observa na mídia e no local em que vive.
A Educação Física escolar 25
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), 
“dentre as produções da cultura corporal, algumas foram incorporadas 
pela Educação Física em seus conteúdos: o jogo, o esporte, a dança, 
a ginástica e a luta. Estes têm em comum a representação corporal 
com características lúdicas e de diversas culturas humanas”. Essas 
produções “ressignificam a cultura corporal humana e o fazem 
utilizando uma atitude lúdica” (BRASIL, 1997).
Já a BNCC (2017) afirma que a Educação Física se constitui como 
um componente curricular cujo objeto de estudo é a cultura corporal 
do movimento humano, envolvendo as diferentes manifestações do 
movimento, entre elas os esportes, jogos, lutas e ginásticas.
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC),
A Educação Física é o componente curricular que tematiza 
as práticas corporais em suas diversas formas de codificação 
e significação social, entendidas como manifestações das 
possibilidades expressivas dos sujeitos, produzidas por 
diversos grupos sociais no decorrer da história. Nessa 
concepção, o movimento humano está sempre inserido 
no âmbito da cultura e não se limita a um deslocamento 
espaço-temporal de um segmento corporal ou de um corpo 
todo. (BRASIL, 2017, p. 213)
Ainda segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a 
Educação Física deve oferecer
uma série de possibilidades para enriquecer a experiência 
das crianças, jovens e adultos na Educação Básica, 
permitindo o acesso a um vasto universo cultural, Esse 
universo compreende saberes corporais, experiências 
estéticas, emotivas, lúdicas e agonistas [...] Para além 
da vivência, a experiência efetiva das práticas corporais 
oportuniza aos alunos participar, de forma autônoma, em 
contextos de lazer e saúde. (BRASIL, 2017, p. 213)
26 Metodologia da Educação Física escolar: educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental
Ao abordar a cultura corporal dos alunos, a Educação Física 
utiliza suas experiências e práticas culturais, e o currículo escolar 
é construído com base nessas práticas e saberes – e não na prática 
hegemônica e esportiva da escola tradicional (GALLARDO, 2009). 
Assim, todos os alunos devem participar das atividades numa 
perspectiva inclusiva que pondere suas características e a fase da 
aprendizagem, adequando espaços, materiais, regras e outros 
procedimentos metodológicos.
As atividades precisam ser motivadoras, não muito fáceis que 
tornem a aula tediosa, nem além da capacidade de entendimento e 
execução dos alunos, para que estes tenham êxito no que é proposto 
pelo professor. Além disso, deve-se organizar os conteúdos em 
ordem crescente de dificuldade, conforme as capacidades de ordem 
motora, cognitiva e afetivo-social dos alunos e em concordância 
com os objetivos da Educação Física escolar.
Para Gallardo (2009), as sugestões de atuação da Educação Física 
para os cinco primeiros anos servem como indicadores iniciais, e 
não como pontos de chegada. Nesse sentido, a riqueza propiciada 
pelas manifestações da cultura corporal não se esgota em sua 
realização pura e simples, mas leva a uma reflexão que contribui 
para a formação de valores e convivência social.
“O conhecimento do mundo na criança depende das relações 
que esta estabelece com os outros e com as coisas” (FREIRE, 2009,p. 17). E, considerando essa fase, as atividades devem ter caráter 
lúdico, proporcionando o desenvolvimento de habilidades por meio 
de jogos e brincadeiras.
O professor de Educação Física, então, deve ter conhecimento 
da cultura corporal do movimento, entendendo o conhecimento 
prévio do aluno, suas expectativas e as competências e habilidades 
que devem ser desenvolvidas na Educação Física escolar.
A Educação Física escolar 27
Considerações finais
A Educação Física escolar é marcada por uma evolução histórica 
e influenciada por propósitos econômicos, sociais e ideológicos do 
Brasil e do mundo. De acordo com o que foi exposto neste capítulo, 
observamos que muitos estudiosos e pensadores concentraram 
seus esforços em mostrar a importância dessa disciplina para a vida 
humana e, por isso, da sua inclusão no ambiente escolar.
Optamos por apresentar, em forma de concepções, de que 
maneira a Educação Física escolar foi trabalhada, desde o seu 
surgimento no ambiente escolar e a partir da chamada crise da 
Educação Física dos anos 1980. Assim, descrevemos algumas das 
principais teorias pedagógicas que sustentam a área da Educação 
Física e que influenciam de maneira significativa a prática do 
professor nas escolas.
A escola é um espaço de saber e de convivência, onde o aluno, 
por meio de diferentes áreas, adquire conhecimentos, competências, 
habilidades e experiências. Estas, em particular, se desenvolvem 
nos aspectos cognitivo, motor, afetivo e social, com o intuito de 
que o aluno possa atuar no mundo de maneira comprometida, 
responsável e ética. Sendo assim, ao refletir sobre a cultura corporal 
de movimento na prática docente, objeto de estudo da Educação 
Física escolar, todos os aspectos citados anteriormente devem ser 
considerados de forma equivalente.
Pelo fato de vivermos em um país com grande espaço territorial 
e diferentes manifestações culturais, entender a cultura corporal dos 
alunos e considerá-la, no trabalho escolar, é de extrema importância 
para o professor, pois esse entendimento e apropriação influenciam 
diretamente no processo de ensino e aprendizagem da Educação 
Física.
28 Metodologia da Educação Física escolar: educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental
Ampliando seus conhecimentos
• ABORDAGENS pedagógicas em Educação Física escolar 
parte 01. 2010. 1 vídeo (9 min.). Publicado pelo canal Omar 
Schneider. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=wlSdK7lduD4. Acesso em: 18 jul. 2019.
Trata-se de um vídeo sobre a história da Educação Física, 
que traz um complemento sobre as teorias pedagógicas da 
área. Além disso, apresenta contribuições importantes sobre 
ensino-aprendizagem da Educação Física escolar.
• NEIRA, M. G.; NUNES, M. L. F. Educação Física, currículo e 
cultura. São Paulo: Phorte, 2009.
Essa obra trata da função social da escola, das tendências do 
ensino da Educação Física e da importância da cultura no 
momento histórico. Aborda, ainda, o atual contexto, fazendo 
um convite à sua investigação e às concepções pedagógicas 
que o influenciam.
Atividades
1. Quais foram as concepções que embasaram a Educação 
Física escolar no início do século XIX até o final da década 
de 1970? Explique o motivo da existência dessas concepções.
2. Quais foram as teorias pedagógicas da Educação Física 
que surgiram na década de 1970 e que são relatadas neste 
capítulo? Explique o porquê do surgimento dessas teorias.
3. O conjunto de manifestações expressivas corporais se 
denomina cultura corporal de movimento. Por que devemos 
considerá-lo nas aulas de Educação Física?
A Educação Física escolar 29
Referências
BRANDL, C. E. R. (org.). Educação Física escolar: questões do cotidiano. 
Curitiba: CRV, 2010.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. 
Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares 
nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997. Disponível em: http://portal.mec.gov.
br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf. Acesso em: 18 jul. 2019.
BRASIL. Ministério da Educação. Base nacional comum curricular. 
2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/
BNCC_20dez_site.pdf. Acesso em: 18 jul. 2019.
CASTELLANI FILHO, L. et al. Metodologia do ensino da Educação Física. 
São Paulo: Cortez, 2009.
DARIDO, S. C.; RANGEL, I. C. A. Educação Física no ensino superior: 
Educação Física na escola: implicações para a prática pedagógica. São Paulo: 
Guanabara Koogan, 2011.
FINCK, S. C. M. A Educação Física e o esporte na escola: cotidiano, saberes e 
formação. Curitiba: Ibpex, 2011.
FONSECA, D. G. da.; MACHADO, R. B. (org.). Educação Física: 
(re)visitando a didática. Porto Alegre: Sulina, 2015.
FREIRE, J. B.; SCAGLIA, A. J. Educação como prática corporal. São Paulo: 
Scipione, 2009.
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. Compreendendo o desenvolvimento motor: 
bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2005.
GALLARDO, J. S. P. Prática de ensino em Educação Física: a criança em 
movimento: livro do professor. São Paulo: FTD, 2009.
NISTA-PICCOLO, V. L.; MOREIRA, W. W. Corpo em movimento na 
educação infantil. São Paulo: Cortez, 2012.
2
Bases legais da 
Educação Física escolar
As concepções e abordagens pedagógicas da Educação Física, 
tratadas no capítulo anterior, surgiram e se firmaram com objetivos, 
conteúdos e métodos influenciados pelos contextos econômicos 
e momentos históricos vividos pela sociedade. De acordo com os 
diferentes momentos históricos, podemos observar a formulação 
de políticas públicas educacionais que legitimam e norteiam a área 
da Educação Física na escola, e esses documentos são revistos e 
reformulados pelos governos com o passar dos anos.
Este capítulo trata das bases legais da educação e de como é 
colocada a área da Educação Física nessas bases, iniciando com a 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN (BRASIL, 
1996), um marco para a educação nacional. A partir da LDBEN, 
documentos importantes norteadores foram criados e são referência 
para autores e pesquisadores da educação, por isso, serão abordados 
neste livro: os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL,1997), 
o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (BRASIL, 
1998) e, por fim, o mais novo documento que temos em vigência, a 
Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017).
Vale lembrar que as políticas públicas educacionais assumem 
um papel fundamental na resolução de problemas enfrentados 
pela sociedade em geral e legitimam a atuação das diversas áreas 
do conhecimento em um determinado território de abrangência. 
Nesse contexto, insere-se a área da Educação Física, que, ao longo 
dos anos, vem se destacando no cenário educacional, uma vez que 
sua atuação é debatida e defendida por pessoas que buscam sua 
valorização mediante pesquisas que afirmam a sua importância.
32 Metodologia da Educação Física escolar: educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental
Sendo assim, é essencial conhecer as bases legais que 
fundamentam a prática educacional e como a Educação Física se 
faz presente nesses documentos para a afirmação e valorização da 
área como componente curricular escolar. Vamos conhecer esses 
documentos e o que eles nos dizem sobre a Educação Física na 
escola?
2.1 Leis de Diretrizes e Bases da Educação
Em meio ao surgimento de concepções, abordagens e 
discussões acerca dos caminhos que a educação e a Educação Física 
deveriam seguir no país, novas leis são formuladas para atender ao 
desenvolvimento socioeconômico da nação.
Dentre as bases legais que orientam o papel das diferentes áreas 
de conhecimento dentro do ambiente escolar, temos a Lei n. 9.394, 
de 20 de dezembro de 1996, que estabelece Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional, a LDBEN. Assim como outras leis, a LDBEN, 
que teve sua primeira versão em 1961, vem se modificando até os 
dias atuais por meio de outras leis que aprimoram o seu texto em 
busca da qualidade da educação nacional.
Segundo Darido e Rangel (2011), a LDBEN foi resultado de 
diversasdiscussões entre sociedade, deputados, senadores e Poder 
Executivo durante um período de oito anos. Ela trouxe uma série de 
mudanças, em que se destacam a mudança da estrutura didática, a 
autonomia dos estabelecimentos escolares e o enfoque na formação 
do cidadão. A principal mudança de estrutura e nomenclatura foi 
a divisão em dois níveis de ensino: a educação básica, formada por 
educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; e a educação 
superior.
Dentro da educação básica, como afirma a LDBEN, segundo 
Darido e Rangel (2011, p. 53),
existem outros três níveis de Ensino, sendo que cada um 
deles deve contribuir para o alcance dos seus objetivos, 
Bases legais da Educação Física escolar 33
sempre adequado à faixa etária dos alunos. A Educação 
Infantil tem como objetivo principal a preocupação com 
o desenvolvimento integral da criança até 6 anos de idade, 
complementando a ação da família e da comunidade. 
O Ensino Fundamental, com duração mínima de 9 anos, 
voltado para crianças a partir de 6 anos, tem como objetivo 
principal a formação básica do cidadão.
Em conformidade com a Constituição Federal, a LDBEN “reforça 
os princípios constitucionais da liberdade de aprender, ensinar, 
pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber, do 
pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas” (GALLARDO, 
2009, p. 80). A referida lei traz como objetivo da educação infantil 
a autonomia e independência da criança para o seu autocuidado, e 
como objetivo principal do ensino fundamental a apropriação de 
valores e conhecimentos do aluno para que ele viva em sociedade 
(GALLARDO, 2009).
A motivação de trabalhar com a referida lei neste livro é que ela 
serviu para a formulação e implementação de outros documentos, 
como as Diretrizes Curriculares Nacionais, os Parâmetros 
Curriculares Nacionais e o Referencial Curricular para a Educação 
Infantil – estes dois últimos vamos conhecer mais adiante.
Com relação à presença da Educação Física na LDBEN, no 
parágrafo 3° do artigo 26, tem-se que: “A Educação Física, integrada 
à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da 
Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições 
da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos” 
(BRASIL, 1996). Anos depois, esse parágrafo foi reformulado pela 
Lei n. 10.328 de 2001, acrescentando-se a palavra obrigatório logo 
após “componente curricular”.
No artigo 27 da LDBEN, constam as diretrizes para os conteúdos 
curriculares da educação básica, reforçando, no inciso IV, o lugar da 
Educação Física:
34 Metodologia da Educação Física escolar: educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental
I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos 
direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum 
e à ordem democrática;
II - consideração das condições de escolaridade dos alunos 
em cada estabelecimento;
III - orientação para o trabalho;
IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas 
desportivas não formais. (BRASIL, 1996)
Em seu artigo 26, a LDBEN prevê que os currículos do ensino 
fundamental e médio devem ter uma base comum e uma base 
diversificada, exigidas pelas características regionais e locais da 
sociedade, da cultura, da economia e da clientela. No ano de 2013, 
na redação desse artigo, foi acrescentado, além dos currículos do 
ensino fundamental e médio, o da educação infantil, e o termo 
clientela foi substituído pela palavra educandos.
Como podemos observar, a LDBEN trouxe referenciais essenciais 
para a elaboração de novas orientações em busca da qualidade da 
educação nacional. Para a área da Educação Física, Darido e Rangel 
(2011, p. 56) afirmam que a LDBEN trouxe grandes avanços:
Um desses aspectos é o fato de a Educação Física ser 
encarada como um componente curricular, e, talvez, 
mais importante ainda, seja o fato de a disciplina dever se 
ligar ao projeto político pedagógico da escola, oferecendo 
a possibilidade de que se integre ao cotidiano escolar e 
demonstre sua importância.
Os documentos criados com base na orientação da LDBEN 
são hoje muito utilizados pelos profissionais da área, uma vez 
que orientam o trabalho pedagógico nas escolas. A partir desses 
documentos, formações de professores são realizadas a fim de 
atingir os objetivos da educação.
Na LDBEN, assim como nos demais documentos que serão 
apresentados neste livro, podemos perceber a nítida presença da 
Educação Física como conteúdo curricular obrigatório da educação 
Bases legais da Educação Física escolar 35
básica, sendo debatida e reformulada ao longo dos anos. Portanto, 
faz-se necessário ter conhecimento sobre a legislação que norteia 
a educação, bem como as responsabilidades de cada área do 
conhecimento no ambiente escolar.
Vamos conhecer mais bases legais importantes para a Educação 
Física?
2.2 Parâmetros Curriculares Nacionais
Apresentamos, agora, os Parâmetros Curriculares Nacionais 
(PCNs), de 1997, documento criado para todas as áreas do 
conhecimento presentes no ambiente escolar. Eles sugerem e 
orientam o encaminhamento das áreas nas escolas e estão divididos 
em livros separados.
Surgidos a partir de um enfoque dado pela LDBEN, a qual reforça 
a necessidade de se propiciar a todos uma educação básica comum, 
o que pressupõe a formulação de um conjunto de diretrizes capazes 
de nortear os currículos e seus conteúdos mínimos, os PCNs foram 
organizados tendo como base temas transversais e documentos que 
abordam a especificidade de cada componente curricular.
Para a disciplina de Educação Física, segundo Finck (2011), 
os PCNs orientaram a elaboração dos currículos de estados e 
municípios e serviram de reflexão para a prática de professores. 
Já no entendimento de Brandl (2010), os PCNs abordam os 
conteúdos em procedimentos, conceitos e atitudes, nos quais, 
conceitos e procedimentos mantêm grande proximidade, pois o 
movimento gira em torno do compreender e sentir, embora a ênfase, 
na prática, esteja no fazer.
Os PCNs utilizaram como fundamentação elementos de 
diferentes teorias pedagógicas que convergiram para a sua formação, 
buscando entender a Educação Física desde sua concepção. Desse 
modo, encontra-se nos parâmetros a seguinte colocação: “Para que 
36 Metodologia da Educação Física escolar: educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental
se compreenda o momento atual da Educação Física é necessário 
considerar suas origens no contexto brasileiro, abordando as 
principais influências que marcam e caracterizam essa disciplina 
e os novos rumos que estão se delineando” (BRASIL, 1997, p. 19).
Essa afirmação demonstra a preocupação em entender o processo 
percorrido, a situação atual e de que modo se constituirá futuramente, 
de acordo com o cenário social, preconizando a autonomia do aluno 
para a utilização de seu potencial de movimento e para exercê-lo de 
maneira social e culturalmente significativa e adequada.
Já ao abordar a cultura corporal de movimento como objeto de 
estudo da Educação Física, os PCNs “apontam alguns caminhos por 
meio da Cultura corporal de Movimento, como colaboradores da 
formação do cidadão, que se pretende participativo, solidário, crítico 
e autônomo” (DARIDO; RANGEL, 2011, p. 59). Preocupando-se 
com a formação do ser humano e considerando a cultura corporal 
de movimento colaboradora desse processo, temos um documento 
organizado que orienta o trabalho da Educação Física no ambiente 
escolar.
Os PCNs da Educação Física estão divididos em duas partes. 
A primeira trata dos princípios e das características da área da 
Educação Física no ensino fundamental, evidenciando as influências, 
tendências e o quadro atual da disciplina na escola. Apresenta o 
objeto de estudo da Educação Física relacionando-o com os 
temas transversais, bem como aspectos conceituais, atitudinais e 
procedimentais concernentes à metodologia, conteúdos, objetivos 
e avaliação na disciplina. A segunda parte traz os critérios para a 
seleção dos conteúdos com base nosconhecimentos da cultura 
corporal de movimento, objetivos, metodologia e avaliação e 
também quanto a orientações didáticas para o ensino da Educação 
Física nas séries finais, hoje, anos finais do ensino fundamental 
(FINCK, 2011).
Bases legais da Educação Física escolar 37
Conforme os PCNs, a cultura corporal é fundamental para o 
desenvolvimento da Educação Física na escola, pois
O ser humano, desde suas origens, produziu cultura. Sua 
história é uma história de cultura, na medida em que tudo 
o que faz está inserido num contexto cultural, produzindo 
e reproduzindo cultura. O conceito de cultura é aqui 
entendido como produto da sociedade, da coletividade 
a qual os indivíduos pertencem, antecedendo-os e 
transcendendo-os. (BRASIL, 1997, p. 26)
Nesse sentido, respeitar a cultura é fundamental para que as 
atividades façam sentido ao aluno e promovam aprendizagens 
significativas. Segundo os PCNs, “a área de Educação Física 
hoje contempla múltiplos conhecimentos produzidos pela 
sociedade a respeito do corpo e do movimento” (BRASIL, 1997, 
p. 27). Encontramos também neste documento que, entre esses 
conhecimentos, são de grande importância as atividades com fins 
de lazer e expressão de sentimentos, as quais promovem a saúde.
Assim como a LDBEN estabelece as diretrizes para a educação 
nacional, os PCNs são instrumentos que definem a orientação que 
cada disciplina deve seguir para formar o cidadão que vai atuar e 
viver em sociedade. Para a Educação Física, os PCNs definem que:
Cabe à escola trabalhar com o repertório cultural local, 
partindo de experiências vividas, mas também garantir o 
acesso a experiências que não teriam fora da escola. Esta 
diversidade de experiências precisa ser considerada pelo 
professor quando organiza atividades, toma decisões 
sobre encaminhamentos individuais e coletivos e avalia 
procurando ajustar a sua prática às reais necessidades de 
aprendizagem dos alunos. (BRASIL, 1997 p. 59)
Aulas diversificadas, assim como a inclusão, progressão 
das atividades e adequação ao nível de ensino são princípios 
metodológicos a serem considerados quando se planeja atividades 
com os alunos. São conhecimentos que a graduação em Educação 
Física proporciona para o ensino formal.
38 Metodologia da Educação Física escolar: educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental
Nesse sentido, cabe ao professor elaborar o seu planejamento de 
aulas, a fim de que os alunos possam fazer escolhas, decidir, resolver 
problemas, tornando-se cada vez mais independentes e responsáveis.
Os PCNs trazem os conteúdos divididos em três grandes blocos 
que se articulam entre si, mas possuem suas especificidades. São 
eles: Conhecimentos sobre o corpo; Esportes, jogos, lutas e ginástica; 
e Atividades rítmicas e expressivas. Para cada bloco, o documento 
traz uma gama de possibilidades a serem trabalhadas nas aulas em 
diferentes níveis de ensino.
Os alunos do primeiro ciclo, compreendendo estudantes que se 
encontram nos anos iniciais do ensino fundamental, devem atingir 
os seguintes objetivos com as aulas de Educação Física:
participar de diferentes atividades corporais, procurando 
adotar uma atitude cooperativa e solidária, sem discriminar 
os colegas pelo desempenho ou por razões sociais, físicas, 
sexuais ou culturais; conhecer algumas de suas possibilidades 
e limitações corporais de forma a poder estabelecer algumas 
metas pessoais (qualitativas e quantitativas), conhecer, 
valorizar, apreciar e desfrutar de algumas das diferentes 
manifestações de cultura corporal presente no cotidiano; 
e organizar autonomamente alguns jogos, brincadeiras ou 
outras atividades corporais simples. (BRASIL, 1997, p. 63)
Vamos ver agora o que diz o Referencial Curricular para a 
Educação Infantil, que integra a série de documentos dos PCNs. 
Afinal, como deve ser o ensino na educação infantil? E onde entra a 
Educação Física nessa fase de ensino?
2.3 Referencial Curricular Nacional para a 
Educação Infantil
O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil 
(RCNEI) é um documento, pós-promulgação da LDBEN, a 
considerar a educação infantil a primeira etapa da educação básica. 
Bases legais da Educação Física escolar 39
Portanto, o primeiro espaço formal e institucional que a criança 
frequenta regularmente, um espaço de educação dos direitos 
humanos e de movimentos que garantem a vida individual e em 
sociedade. A finalidade da educação infantil é desenvolver a criança 
de maneira integral nos aspectos físico, intelectual, linguístico, 
afetivo e social, complementando a educação recebida na família 
e na comunidade em que vive, conforme determina a LDBEN 
(NISTA-PICCOLO; MOREIRA, 2012).
Assim, partindo de orientação da LDBEN para que a educação 
brasileira estabeleça e siga diretrizes curriculares nacionais, Paulo 
Renato Souza, então ministro da educação no governo Fernando 
Henrique Cardoso, afirma que
O Referencial foi concebido de maneira a servir como um 
guia de reflexão de cunho educacional sobre objetivos, 
conteúdos e orientações didáticas para os profissionais 
que atuam diretamente com crianças de zero a seis anos, 
respeitando seus estilos pedagógicos e a diversidade cultural 
brasileira. (BRASIL, 1998, p. 7)
O RCNEI é um conjunto com três volumes, organizado da 
seguinte forma: o volume 1 contém uma reflexão sobre creches e pré-
-escolas do Brasil, trazendo as concepções da criança, da educação 
e dos profissionais que serviram para a construção dos objetivos da 
educação infantil, e organiza os eixos de trabalho sobre Formação 
Pessoal e Social e Conhecimento de Mundo; o volume 2 refere-se à 
experiência de Formação Pessoal e Social que favorece os processos 
de construção da Identidade e Autonomia das crianças (BRASIL, 
1998); por fim, o volume 3 é
relativo ao âmbito de experiência Conhecimento de 
Mundo que contém seis documentos referentes aos eixos 
de trabalho orientados para a construção das diferentes 
linguagens pelas crianças e para as relações que estabelecem 
com os objetos de conhecimento: Movimento, Música, Artes 
Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e 
Matemática. (BRASIL, 1998, p. 9)
40 Metodologia da Educação Física escolar: educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental
Para este livro, vamos manter o foco no volume 3, pois nele 
encontramos a importância do movimento na primeira infância, 
elemento essencial de trabalho do professor de Educação Física.
O movimento é tão importante na educação infantil que, no 
volume 3 do RCNEI, é apresentado como o primeiro elemento a 
ser considerado pelo professor. Do total de 40 páginas destinadas 
a orientar o trabalho com as crianças, já no primeiro parágrafo da 
introdução, podemos encontrar a ênfase que é dada ao movimento 
na educação infantil:
As crianças se movimentam desde que nascem, adquirindo 
cada vez maior controle sobre seu próprio corpo e se 
apropriando cada vez mais das possibilidades de interação 
com o mundo. Engatinham, caminham, manuseiam objetos, 
correm, saltam, brincam sozinhas ou em grupo, com objetos 
ou brinquedos, experimentando sempre novas maneiras de 
utilizar seu corpo e seu movimento. Ao movimentar-se, as 
crianças expressam sentimentos, emoções e pensamentos, 
ampliando as possibilidades do uso significativo de gestos 
e posturas corporais. O movimento humano, portanto, é 
mais do que simples deslocamento do corpo no espaço: 
constitui-se em uma linguagem que permite às crianças 
agirem sobre o meio físico e atuarem sobre o ambiente 
humano, mobilizando as pessoas por meio de seu teor 
expressivo. (RCNEI, 1998, p. 15)
Nessa perspectiva, Nista-Piccolo e Moreira (2012) afirmam que 
é função da Educação Física possibilitar o pensamento das crianças, 
que as leva à imaginação, sendo esta área uma das linguagens da 
expressão humana. É importante, também, estimular diferentes 
formas de movimento, pois é por meio dele que a criança se expressa, 
se comunica com os demais e interage com o ambiente.
No primeiro ano de vida da criança,o RCNEI afirma que os 
movimentos de preensão e locomoção são as maiores conquistas e 
que a relação do seu corpo com o ambiente é desenvolvida por meio 
da experimentação ou exploração.
Bases legais da Educação Física escolar 41
Ao observar um bebê, pode-se constatar que é grande o 
tempo que ele dedica a explorações do próprio corpo – fica 
olhando as mãos paradas ou mexendo-as diante dos olhos, 
pega os pés e diverte-se em mantê-los sob o controle das 
mãos – como que descobrindo aquilo que faz parte do seu 
corpo e o que vem do mundo exterior. Pode-se também 
notar o interesse com que investiga os efeitos dos próprios 
gestos sobre os objetos do mundo exterior, por exemplo, 
puxando várias vezes a corda de um brinquedo que emite 
um som, ou tentando alcançar com as mãos o móbile 
pendurado sobre o berço, ou seja, repetindo seus atos 
buscando testar o resultado que produzem. (BRASIL, 1998, 
p. 21)
Para Gallahue e Ozmun (2005), o aprendizado efetivo do 
movimento de locomoção se dá a partir da possibilidade de vivenciá-
-lo de diversas formas, em diferentes ambientes e com diversos 
obstáculos, sendo que o domínio dos movimentos se amplia com a 
exploração da criança.
A partir do primeiro ano até os três, a criança apresenta um 
aumento da autonomia em sua locomoção, sendo a fase em que 
mais se movimenta e faz descobertas. Segundo o RCNEI, “a grande 
independência que andar propicia na exploração do espaço é 
acompanhada também por uma maior disponibilidade das mãos: a 
criança dessa idade é aquela que não para, mexe em tudo, explora, 
pesquisa” (BRASIL, 1998, p. 22).
Os gestos manuais usados para a alimentação, ainda que 
praticados com um pouco de insegurança, e gestos simbólicos 
utilizados no faz de conta, como embalar uma boneca, surgem a 
partir da imitação existente no meio em que vivem. Além disso, 
nessa fase, a criança começa a reconhecer a imagem do seu corpo 
e suas características físicas, essenciais para a construção de sua 
identidade (BRASIL, 1998).
42 Metodologia da Educação Física escolar: educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental
Sendo assim, é importante que o professor utilize a imitação 
como uma das estratégias para o aprendizado no plano do 
movimento. Para Nista-Piccolo e Moreira (2012), as crianças, nessa 
fase, se expressam por meio dos movimentos, e as atividades de 
Educação Física devem contemplar os grandes grupos musculares 
e promover valores como honestidade, cooperação, participação e 
responsabilidade.
Já após os quatro anos de idade e até os seis, de acordo com o 
RCNEI,
constata-se uma ampliação do repertório de gestos 
instrumentais, os quais contam com progressiva precisão. 
Atos que exigem coordenação de vários segmentos motores 
e o ajuste a objetos específicos, como recortar, colar, encaixar 
pequenas peças etc., sofisticam-se. Ao lado disso, permanece 
a tendência lúdica da motricidade, sendo muito comum que 
as crianças, durante a realização de uma atividade, desviem 
a direção de seu gesto; é o caso, por exemplo, da criança 
que está recortando e que de repente põe-se a brincar com 
a tesoura, transformando-a num avião, numa espada etc. 
(BRASIL, 1998, p. 24)
É nessa fase que as brincadeiras e os jogos culturais possuem 
um repertório maior, o que contribui sobremaneira para o 
desenvolvimento e aprimoramento da coordenação motora das 
crianças, bem como para a precisão nos movimentos essenciais ao 
cotidiano. Nessa fase, ainda é importante destacar a cultura na qual 
a criança está inserida, pois dependendo do ambiente em que vive, 
ela pode possuir um maior desenvolvimento motor em relação às 
demais crianças. O RCNEI destaca isso quando afirma que
Uma criança que vive à beira de um rio utilizado, 
por exemplo, como forma de lazer pela comunidade 
provavelmente aprenderá a nadar sem que seja preciso 
entrar numa escola de natação, como pode ser o caso de 
uma criança de ambiente urbano. Habilidades de subir 
Bases legais da Educação Física escolar 43
em árvores, escalar alturas, pular distâncias, certamente 
serão mais fáceis para crianças criadas em locais próximos 
à natureza, ou que tenham acesso a parques ou praças. 
(BRASIL, 1998, p. 24-25)
Além das características do movimento de zero a seis anos que 
o RCNEI traz, ele apresenta os objetivos para cada fase: de zero a 
três anos e de três a seis anos de idade. De zero a três anos, a prática 
educativa deve ser organizada no sentido de a criança:
familiarizar-se com a imagem do próprio corpo; explorar as 
possibilidades de gestos e ritmos corporais para expressar-
-se nas brincadeiras e nas demais situações de interação; 
deslocar-se com destreza progressiva no espaço ao andar, 
correr, pular etc., desenvolvendo atitude de confiança 
nas próprias capacidades motoras; explorar e utilizar os 
movimentos de preensão, encaixe, lançamento etc., para o 
uso de objetos diversos. (BRASIL, 1998, p. 27)
Para as crianças de três a seis anos, tais objetivos deverão ser 
aprimorados, e o RCNEI acrescenta:
ampliar as possibilidades expressivas do próprio movimento, 
utilizando gestos diversos e o ritmo corporal nas suas 
brincadeiras, danças, jogos e demais situações de interação; 
explorar diferentes qualidades e dinâmicas do movimento, 
como força, velocidade, resistência e flexibilidade, 
conhecendo gradativamente os limites e as potencialidades 
de seu corpo; controlar gradualmente o próprio 
movimento, aperfeiçoando seus recursos de deslocamento 
e ajustando suas habilidades motoras para utilização em 
jogos, brincadeiras, danças e demais situações; utilizar os 
movimentos de preensão, encaixe, lançamento etc., para 
ampliar suas possibilidades de manuseio dos diferentes 
materiais e objetos; apropriar-se progressivamente da 
imagem global de seu corpo, conhecendo e identificando 
seus segmentos e elementos e desenvolvendo cada vez mais 
uma atitude de interesse e cuidado com o próprio corpo. 
(BRASIL, 1998, p. 24)
44 Metodologia da Educação Física escolar: educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental
Finda a parte que cabe ao movimento na educação infantil, 
o RCNEI destaca os conteúdos que devem ser trabalhados e que 
são organizados em dois blocos: possibilidades expressivas dos 
movimentos e seu caráter instrumental, trazendo a expressividade, 
o equilíbrio e a coordenação como conteúdos a serem desenvolvidos 
por meio das atividades.
Sobre a expressividade, o RCNEI afirma que
a dimensão subjetiva do movimento deve ser contemplada 
e acolhida em todas as situações do dia a dia na instituição 
de educação infantil, possibilitando que as crianças 
utilizem gestos, posturas e ritmos para se expressar e se 
comunicar. Além disso, é possível criar, intencionalmente, 
oportunidades para que as crianças se apropriem dos 
significados expressivos do movimento. A dimensão 
expressiva do movimento engloba tanto as expressões e 
comunicação de ideias, sensações e sentimentos pessoais 
como as manifestações corporais que estão relacionadas 
com a cultura. (BRASIL, 1998, p. 30)
Desse modo, considera-se importante oferecer uma gama 
de atividades que possibilitem as mais diversas formas de se 
movimentar, como: engatinhar, rolar, escalar, manusear objetos, 
entre outras. Isso é proporcionado por meio de “brincadeiras que 
compõem o repertório infantil e que variam conforme a cultura 
regional” e “apresentam-se como oportunidades privilegiadas para 
desenvolver habilidades no plano motor, como empinar pipas, 
jogar bolinhas de gude, atirar com estilingue, pular amarelinha etc.” 
(BRASIL, 1998, p. 24).
Considerar a cultura regional na qual a criança está inserida 
é primordial na construção de ações que vão favorecer a sua 
formação integral. A Educação Física, a fim de contribuir para essa 
formação, deve centrar suas ações na corporeidade, ludicidade, jogo 
e motricidade. Portanto,
Bases legais da Educação Física escolar 45
Com um trabalho do professor voltado à exploração e à 
descoberta do próprio corpo, é possível atingir a consciência 
corporal,melhor dizendo, a corporeidade, em vivências 
que levam o domínio do movimento. É importante que as 
atividades propostas possam despertar as potencialidades 
criativas das crianças, isto é, que por meio dessas aulas o 
aluno consiga desenvolver-se como um todo. (NISTA- 
-PICCOLO; MOREIRA, 2012, p. 32-33)
Além de centrar as ações na corporeidade, ludicidade, jogo e 
motricidade, é importante que o professor de Educação Física 
desenvolva as capacidades motoras dos alunos, a fim de que 
os objetivos nessa fase de ensino sejam atingidos. Dentre essas 
capacidades motoras estão os movimentos essenciais para as 
necessidades básicas, como os movimentos de manipulação que a 
criança utiliza para alimentar-se sozinha.
No trabalho com movimento, o RCNEI indica que deverão ser 
consideradas as diferentes capacidades das crianças em cada faixa 
etária e diversas culturas corporais presentes nas regiões do país, 
sendo que, “ao brincar, jogar, imitar e criar ritmos e movimentos, as 
crianças também se apropriam do repertório da cultura corporal na 
qual estão inseridas” (BRASIL, 1998, p. 15).
Com relação ao equilíbrio e coordenação, o RCNEI destaca 
que as atividades devem estar ligadas a essas capacidades motoras, 
uma vez que são essenciais para o cotidiano da criança que está em 
formação integral. Tais atividades precisam ser trabalhadas de forma 
progressiva e coordenadas com outras capacidades, como força, 
velocidade e flexibilidade.
Juntamente com os conteúdos, o RCNEI fala em orientações 
didáticas para o desenvolvimento das aulas, como organização dos 
espaços, do tempo da aula, da observação e registro e também a 
avaliação do aprendizado das crianças – o que será abordado em 
outro capítulo deste livro.
46 Metodologia da Educação Física escolar: educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental
É indiscutível a contribuição que o RCNEI e os PCNs trouxeram 
para a educação brasileira, sendo até hoje muito utilizados na 
orientação do trabalho pedagógico de professores nas mais diversas 
localidades do Brasil. Contudo, temos um novo documento 
balizador, construído a partir de fóruns regionais, estaduais e 
nacionais e com a participação da população. Sabe dizer qual é? 
Dica: esse documento já está sendo utilizado na construção de 
referências estaduais e municipais. Conseguiu descobrir? Está em 
dúvida? Falaremos dele na próxima seção.
2.4 Base Nacional Comum Curricular
O cenário educacional tem acompanhado as modificações 
sociais, com relação à adequação de currículo e estruturas didático-
-pedagógicas. Nesse sentido, modificações são constantemente 
realizadas nos documentos legais que norteiam a educação, para, 
a partir destes, realizar os encaminhamentos necessários para a 
melhoria no processo educacional.
Na atualidade, as mudanças estão ocorrendo com muito mais 
rapidez. Desse modo, foram necessárias novas reflexões para 
suprir as lacunas existentes em documentos anteriores, criados 
em realidade social diferente. Foi construída, então, com novas 
perspectivas para a educação, a Base Nacional Comum Curricular 
(BNCC), documento de caráter normativo
que define o conjunto orgânico e progressivo de 
aprendizagens essenciais que todos os alunos devem 
desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação 
Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos 
de aprendizagem desenvolvimento, em conformidade com 
o que preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE). 
(BRASIL, 2017, p. 7)
Bases legais da Educação Física escolar 47
O documento traz elementos de outros marcos legais, como LDB 
e PCNs. No entanto, considera questões como o avanço tecnológico 
e o novo perfil de aluno que temos na educação básica. Trata-se 
de uma espécie de compêndio sobre a educação brasileira, desde 
a educação infantil até o ensino médio, com o objetivo de nortear 
os currículos dos sistemas e redes de ensino de todo o país. Para 
esta obra, consultamos a terceira versão do documento, revisada e 
publicada em 20171.
De acordo com esse documento, são necessárias novas 
metodologias que se identifiquem com o perfil de aluno que se quer 
formar, pois a sociedade atual requer um olhar inovador e inclusivo 
às questões do processo educativo, ou seja, “o que aprender, como 
ensinar, como promover redes de aprendizagem colaborativa e 
como avaliar o aprendizado” (BRASIL, 2017, p. 12).
Nessa nova abordagem trazida pela BNCC (BRASIL, 2017), 
são consideradas as diferentes dimensões da natureza humana, 
entendendo o aluno a partir de aspectos físicos, intelectuais e sociais, 
ou seja, em sua integralidade. Gonçalves (1994 apud BRANDL, 
2010, p. 3) “define o ser humano como unidade, totalidade, entidade 
que integra sentimentos, pensamentos e ações. Homem e mundo 
formam uma dialética. Concebe-se, então, o ser humano como uma 
totalidade indivisível, como ser imbricado e inter-relacionado com 
o meio”.
Nessa perspectiva, a BNCC utiliza elementos trazidos por outros 
documentos que a antecederam e aspectos relacionados ao cenário 
atual, a fim de proporcionar uma aprendizagem significativa aos 
alunos. Está organizada para as três etapas da educação básica 
(educação infantil, ensino fundamental e ensino médio), como 
ilustrado a seguir:
1 Disponível no site do Ministério da Educação (MEC) em versão digitalizada.
48 Metodologia da Educação Física escolar: educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental
Figura 1 – Estrutura geral da BNCC para as três etapas da educação 
básica
EDUCAÇÃO BÁSICA
COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Etapas
Áreas do conhecimento
Competências específicas 
de área
Componentes curriculares
Áreas do conhecimento
Bebês 
(0-1 a 6m)
Unidades 
temáticas
Objetos de 
conheci- 
mento
Habilidades
Crianças 
bem 
pequenas 
(1 a 7m – 
3 a 11m)
Crianças 
bem 
pequenas 
(1 a 7m – 
3 a 11m)
Crianças 
pequenas 
(4a – 5a 
11m)
Anos 
Iniciais
Anos 
Finais
Competências específicas 
de componente
Língua 
Portuguesa
Matemática
Habilidades
EDUCAÇÃO 
INFANTIL
Direitos de aprendizagem e 
desenvolvimento
Campos de experiências
ENSINO 
FUNDAMENTAL
Competências específicas 
de área
ENSINO 
MÉDIO
Fonte: BRASIL, 2017, p. 24.
Para a educação infantil, primeira etapa da educação básica, a 
BNCC tem como eixos estruturantes as interações e a brincadeira, 
no sentido de garantir às crianças conviver, brincar, participar, 
explorar, expressar-se e conhecer-se. Para a organização curricular 
da educação infantil, a Base apresenta cinco campos de experiências: 
Bases legais da Educação Física escolar 49
O eu, o outro e o nós; Corpo, gestos e movimentos; Traços, sons, 
cores e formas; Escuta, fala, pensamento e imaginação; e Espaços, 
tempos, quantidades, relações e transformações. Já os objetivos são 
estabelecidos e organizados em três grupos de faixa etária: Bebês 
(zero a um ano e seis meses); Creche – crianças bem pequenas (um 
ano e sete meses a três anos e onze meses); e Crianças pequenas 
(quatro anos a cinco anos e onze meses) (BRASIL, 2017).
Como se observa, a Educação Física também está presente nas 
orientações dadas pela BNCC (BRASIL, 2017). Para a educação 
infantil, especialmente quando se afirma que as interações e 
brincadeiras são eixos estruturantes das práticas pedagógicas nessa 
etapa de ensino, de acordo com as DCNEI2, essas são experiências 
“nas quais as crianças podem construir e apropriar-se de 
conhecimentos por meio de suas ações e interações com seus pares 
e com os adultos, o que possibilita aprendizagens, desenvolvimento 
e socialização” (BRASIL, 2017, p. 37).
Conforme a BNCC, a interação das crianças durante o brincar 
traz aprendizagens para o seu desenvolvimento integral, expressando 
os afetos, as frustrações, a resolução dos problemas e a regulação das 
emoções. Na educação infantil, vivenciar desafios faz com que as 
crianças se sintam provocadas a resolvê-los, e isso contribui para 
a construção dos significados sobre si, os outros e o mundo social 
e natural (BRASIL, 2017). Assim, é direito da criança da educação

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