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REPRODUÇÃO ANIMAL PRINCIPAIS PATOLOGIAS REPRODTIVAS NAS FÊMEAS BOVINAS, CANINAS E EQUINAS PATOLOGIAS DO SISTEMA REPRODUTOR DE CÃES De forma geral a função do sistema reprodutivo na fêmea é fornecer um local para a concepção, desenvolvimento e eventual liberação de uma cria viável. As alterações reprodutivas podem apresentar consequências variadas, que se estendem da ausência de sinais clínicos, comprometendo somente a fertilidade do animal e passando despercebidas ao proprietário, até manifestações clínicas agudas, que podem conduzir a morte. VAGINITE A vaginite, inflamação da vagina, ocorre em cadelas sexualmente intactas ou castradas, de qualquer idade ou raça e durante qualquer estágio do ciclo reprodutivo. Esta alteração não é tão comum em consequência do baixo pH e imunidade da mucosa e pode ser resultante de infecções virais ou bacterianas, por agentes inespecíficos e oportunistas. O diagnóstico é dado a partir do histórico clínico e dos achados no exame físico, como hiperemia da mucosa e corrimento vulvar mucóide, mucopurulento ou purulento, sendo rara a presença de sangue. Exames como citologia vaginal e vaginoscopia podem ser úteis no diagnóstico, além disso, deve-se tentar diferenciar outros distúrbios sistêmicos que estão associados a sinais semelhantes (Purswell, 2008). Para definir a terapêutica, deve-se primeiramente descobrir a causa, principalmente se estiver relacionada a anormalidades anatômicas. Antibioticoterapia associada à limpeza perineal é o tratamento mais eficaz (Johnson, 2006). HIPERPLASIA E PROLAPSO VAGINAL Durante o proestro e estro, quando a fêmea encontra-se sob estimulação estrogênica, algumas cadelas desenvolvem uma prega ventral edematosa na vagina distal imediatamente cranial a abertura da uretra que pode tornar-se grande o suficiente para projetar-se na abertura vulvar. O prolapso vaginal envolve a protrusão de 360 graus da mucosa enquanto a hiperplasia vaginal pode se originar de um coto de mucosa no assoalho da vagina, ambas geralmente craniais à papila lateral. Raramente ocorre o prolapso vaginal em cadelas e gatas, sendo esta alteração associada à distocia, tenesmo ou extração forçado do macho durante a cópula. Os sinais clínicos são protrusão de massa a partir da vulva, rosa pálida e edematosa, com corrimento vaginal, em sua maioria com sangramento. Normalmente as queixas são de não permitir a introdução peniana durante o acasalamento ou por causa de dificuldade fecais ou urinárias. Uma vez que essa condição manifesta-se por si mesma, há tendência a recidivar a cada ciclo estral subsequente, entretanto a condição é autolimitante e se revolverá assim que não houver influência estrogênica no final do estro ou após a ováriosalpingohisterectomia (OSH). HIPERPLASIA ENDOMETRIAL CÍSTICA E PIOMETRA Dentre as alterações proliferativas não neoplásicas do útero, o complexo hiperplasia endometrial cística (HEC) - piometra é a alteração mais comum, sendo caracterizado como um distúrbio de útero de caráter agudo e emergencial, podendo resultar no óbito do animal acometido. Ocorre frequentemente em fêmeas com idade reprodutiva, principalmente as idosas e nulíparas. Em cadelas, o risco de desenvolvimento da piometra aumenta com a idade, provavelmente devido à repetida estimulação hormonal no útero. Esta patologia é observada durante o diestro, ou seja, ela ocorre na fase de produção de progesterona pelo corpo lúteo, ou ainda após a administração de progestágenos exógenos. O principal hormônio envolvido neste distúrbio é a progesterona, cuja função normal é estimular o crescimento e atividade secretória das glândulas endometriais, sendo ainda responsável pela nidação do ovo e manutenção da gravidez. A contaminação bacteriana deste fluido se dá por via ascendente, presumivelmente da flora vaginal, havendo colonização no útero anormal, resultando no desenvolvimento da piometra. Normalmente a infecção ocorre mais comumente pela bactéria Escherichia coli, entretanto infecções mistas frequentemente ocorrem com a presença de outras bactérias, principalmente as dos gêneros Streptococcus, Pseudomonas, Salmonela, Proteus e Klebsiella. Os sinais clínicos associados à piometra são variáveis, podendo ser observado além do corrimento na vulva; distensão abdominal; anorexia; letargia; perda de peso; vômito; desidratação; poliúria; polidipsia; aumento ou diminuição da temperatura corpórea e nos casos mais graves choque e coma. O diagnóstico é baseado no histórico clínico reprodutivo, exame físico, hemograma, bioquímica sérica, urinálise, citologia vaginal, radiografia e ultrassonografia abdominal. O tratamento de eleição para esta enfermidade é a ovariosalpingohisterectomia. Caso não seja tratado, a piometra tem alta elevada taxa de letalidade, resultando em morte por choque endotoxêmico. PROLAPSO UTERINO O prolapso uterino é a eversão e protrusão de uma porção do útero através cérvix para o interior da vagina. O prolapso uterino é raro e ocorre normalmente durante ou próximo do parto, geralmente com um trabalho de parto prolongado. Um ou ambos os cornos uterinos podem prolapsar e se situar na vagina cranial e ou serem evertidos através da vulva, mas para que isto ocorra, a cérvix deve estar dilatada. Em casos mais graves, pode resultar em laceração do ligamento largo do útero e hemorragia da artéria uterina, podendo levar a um quadro de choque hipovolêmico. O diagnóstico é realizado com base na anamnese, achados do exame físico, radiografia, ultrassonografia e vaginoscopia. O paciente deve ser estabilizado, realizar limpeza do local e principalmente nos casos de tecido desvitalizado ou irredutível, deve-se optar pela ovariohisterectomia. SÍNDROME DO OVÁRIO RESIDUAL A Síndrome do Resto Ovárico (SRO) refere-se à presença de tecido ovariano funcional após procedimento de ovariohisterectomia em cadelas e gatas. A SRO pode ocorrem em consequência de técnica cirúrgica inadequada com ressecção incompleta de um ou ambos os ovários ou ainda pela presença de tecido ovariano ectópico na cavidade abdominal, mesmo após a realização correta da técnica. Cadelas com SRO apresentam sinais típicos de proestro e estro mesmo após a castração, sendo indicada realização de ultrassonografia abdominal no intuito de identificar o(s) ovário(s) e em seguida uma laparotomia exploratória no período de estro ou diestro, já que a presença de folículos ou corpo lúteo reforça as possibilidades de visualizar o tecido. NEOPLASIAS UTERINAS Os leimiomas são os mais frequentes, em especial na cadela. Trata-se de uma neoplasia benigna de células musculares lisas bem diferenciadas, dispostas em feixes. Normalmente são múltiplos, não apenas no útero, mas também nas cérvix e vagina. Os tumores malignos são raros e os mais comuns em cadelas e gatas são os leiomiossarcomas e adenocarcinoma endometrial, respectivamente. Leiomiossarcomas são semelhantes aos leiomiomas, contudo invasivos e com metástase lenta. Nos casos de adenocarcinoma, o endométrio encontra-se espessado e nodular. Este tumor pode ser sólido, cístico, séssil e polipóide e pode obliterar o lúmen uterino, resultando em piometra. O diagnóstico é realizado a partir da anamnese, exames físicos e laboratoriais, radiografia, ultrassonografia. O tratamento de eleição é a OSH, devendo este material ser encaminhado para a análise histopatológica. PATOLOGIAS DO SISTEMA REPRODUTOR DE FÊMEAS BOVINAS PROLAPSO VAGINAL O prolapso vaginal é à saída da membrana mucosa, inicialmente do assoalho da vagina anterior podendo se agravar até haver um prolapso com inversão (saída da vagina e cérvix pela vulva). Pode ser acompanhado de prolapso de útero, cervical, retal e de bexiga urinária. Pode ser de dois graus: prolapso parcial da vagina quando somente uma porção da vagina é projetadapara o exterior pela abertura vulvar, ou prolapso total da vagina quando ocorre a projeção total da vagina pela vulva, sendo a porção vaginal da cérvix visível. Pode ser observado em ruminantes em prenhêz adiantada ou no pós-parto. O prolapso vaginal pode ocorrer devido ao relaxamento do sistema de fixação do genital em animais idosos; alimentação rica em estrógenos; aumento da pressão intra abdominal (prenhêz adiantada, tenesmo, outras patologias); tratamentos hormonais ou que causem excessiva irritação da vagina; deposição excessiva de gordura no tecido peri-vaginal relaxando seus ligamentos e aumentando a sua mobilidade; predisposição hereditária; confinamento e cistos ovarianos. Recidiva em prenhêz futura é possível e há transmissão da predisposição aos descendentes. O principal perigo do prolapso vaginal grave nos ruminantes durante a prenhêz é evoluir para prolapso uterino do tipo pós-parto ou de se instalar uma infecção na mucosa lesada que pode evoluir para a cérvix e útero levando ao abortamento, enfisema fetal, infecções puerperais ou septicemias. O tratamento sugerido é reduzir e manter o órgão em sua posição. A redução do prolapso através de suturas, se possível, pode ser feita por diferentes métodos cirúrgicos. HIPOPLASIA OVARIANA A hipoplasia ovariana hereditária ocorre em várias espécies e constitui-se em importante causa de falha reprodutiva em vacas taurinas e zebuínas. É uma patologia hereditária, devido a um gene autossômico recessivo de penetrância incompleta, pode ser bilateral total ou parcial ou unilateral total ou parcial. Tanto em vacas taurinas quanto em vacas zebuínas, a hipoplasia gonadal hereditária é geralmente bilateral, mas varia consideravelmente em severidade e simetria. Em associação com a hipoplasia ovariana, geralmente há um infantilismo relacionado ao restante do trato genital. O infantilismo genital ocorre mais frequentemente em fêmeas jovens associadas à má nutrição, tornando os ovários monofuncionais. Clinicamente, os ovários são pequenos, consistentes e lisos. Os cios são irregulares e muito espaçados quando a hipoplasia é parcial. No caso de hipoplasia total e bilateral os animais apresentam trato reprodutivo infantil e nunca manifestam cio. No caso de hipoplasia total e bilateral os animais apresentam trato reprodutivo infantil e nunca manifestam cio. O diagnóstico é realizado através da palpação retal onde se observa ovários de tamanho diminuído, semelhantes a grão de ervilha, de consistência firme e superfície achatada. Nas formas unilaterais o ovário contralateral e funcional é de tamanho normal. Não há tratamento por ser uma patologia genética, sendo o mais indicado o descarte do animal para evitar a transmissão aos descendentes. ENDOMETRITE, METRITE E PIOMETRA Endometrite: essencialmente uma inflamação do endométrio, embora clinicamente na maioria dos casos não altere a saúde geral do animal, invariavelmente pode modificar o ambiente uterino e afetar a fertilidade, por comprometer o trânsito dos espermatozóides, impedir o reconhecimento maternal da gestação ou provocar a morte do embrião, resultando em aumento do período de serviço e/ou número de serviço por concepção. A doença ocorre usualmente dentro de 10 dias após o parto. Metrite: infecção uterina em torno de 21 dias ou mais pós-parto sem sinais clínicos. Ocorre envolvimento de toda a espessura da parede uterina. Piometra: é caracterizada por acúmulo progressivo de exudato purulento no útero. Após o parto, as barreiras físicas, como a vulva e cérvix, estão mais vulneráveis facilitando a instalação de infecções uterinas. Somados a esses fatores, a retenção de placenta, o parto distócico, o prolapso uterino, casos de aborto, o nascimento prematuro e as lesões traumáticas afetam o mecanismo de defesa e frequentemente expõem o animal às infecções. DOENÇA OVARIANA CÍSTICA (DOC) EM BOVINOS A doença do ovário cístico em vacas é usualmente encontrada nos dois primeiros meses após o parto, quando a atividade ovariana normal reinicia. Tradicionalmente, que persistem por 10 dias ou mais na ausência de um corpo lúteo funcional e é acompanhado de comportamento estral anormal (intervalos estrais irregulares, ninfomania e anestro). O tamanho normal dos folículos maduros varia de 16 a 19 mm. Folículos que persistem no ovário com diâmetros maiores que estes valores podem ser considerados císticos. PROLAPSO DE VAGINA E CÉRVIX O prolapso de vagina é uma afecção provocada por causas diversas, sendo necessário para o seu desencadeamento um conjunto de três fatores: parede vaginal relaxada, lúmen grande e uma força que a desloque de sua posição original. É muito frequente em vacas leiteiras, principalmente em raças grandes como Holandesa e Pardo Suíço, e em ovelhas. O prolapso vaginal começa pela formação de uma dobra no assoalho da vagina, imediatamente cranial à união vestíbulo-vaginal, onde o incômodo causado por esta eversão, juntamente com a irritação e inflamação da mucosa exposta, provocam distensão e agravamento do prolapso. Por fim, toda a vagina pode estar prolapsada e o colo do útero ser visível na zona mais caudal do prolapso. O desenvolvimento do prolapso é progressivo, sendo classificado em três graus: inversão da vagina, prolapso parcial e prolapso total da vagina, com prognóstico favorável para os dois primeiros e reservado para o último. Dependendo da severidade do quadro, que pode ser agravado por prolapso retal, prolapso cervical e uterino, morte fetal, aborto, metrite, endotoxemia e septicemia. INVERSÃO E PROLAPSO DE ÚTERO O prolapso uterino é uma afecção, que ocorre geralmente no puerpério imediato, ou seja, imediatamente após o parto. O prolapso ocorre durante a terceira e última fase do parto, algumas horas após a expulsão do feto, quando os cotilédones fetais se separam das carúnculas maternas. Constitui-se no movimento do órgão virando ao avesso e se exteriorizando, total ou parcialmente, pelos lábios vulvares, muitas vezes, dobrando-se (revertendo-se) sem surgir pela vulva, sendo de diagnóstico difícil, com cura espontânea ou necrose de segmento de corno uterino. Por norma, as vacas multíparas são mais afetadas que as primíparas e as vacas de aptidão leiteira são mais propensas que as vacas de aptidão mista ou carne. A predisposição está diretamente relacionada com a disposição anatômica do útero, ovários e ligamentos, sendo mais frequente na vaca. Os sinais clínicos de prolapso uterino são suficientes para o diagnóstico definitivo, sendo difícil ser confundido com outras condições, tais como o prolapso vaginal. RETENÇÃO DE PLACENTA A retenção de placenta (RP) pode ser definida como a permanência da porção fetal da placenta aderida ao útero após a expulsão do feto por um período superior a 12 horas. Isto ocorre devido a falhas na separação dos cotilédones e das carúnculas por disfunções no processo de separação destas membranas. Aproximadamente 9% das vacas leiteiras que parem apresentam retenção de Placenta e esta doença afeta adversamente a produção leiteira e a fertilidade em vista da involução uterina retardada. Após o parto deve ocorrer a involução uterina, que é a restauração do útero ao seu tamanho normal (vazio) e função após o parto, e depende de concentrações miometriais, da eliminação de agentes bacterianos e a regeneração do endométrio. Lóquio é o nome dado a descarga uterina de muco, sangue, restos de membrana e líquidos fetais e tecido materno, que é eliminado na primeira semana após o parto. A retenção de placenta pode funcionar como via secundária para infecções uterinas, devido à exposição dos restos placentários pela vulva. Além disso, sabe-se que a porção da placenta que permanece no útero afeta a involução uterina. Estas condições tendem a se tornar cada vez mais intensas, pois uma vez que a involução uterina seja prejudicada,a eliminação do conteúdo placentário é dificultada, o que favorece a proliferação de bacteriana. PATOLOGIAS DO SISTEMA REPRODUTOR DE FÊMEAS EQUINAS ENDOMETRITE Das afecções que acometem o sistema reprodutivo, as endometrites podem ser consideradas como uma das principais causas de subfertilidade e infertilidade na espécie equina. A endometrite aguda é caracterizada pelo infiltrado de neutrófilos para o estroma do endométrio e luz uterina, pode ser de origem bacteriana ou não. A forma mais comum é de endometrite pós- cobertura, inflamação uterina em resposta ao contato com o sêmen. De acordo com a predisposição a inflamação endometrial, as fêmeas da espécie equina podem ser classificadas em dois grupos: éguas susceptíveis e éguas resistentes a endometrite, conforme a capacidade de resposta do seu sistema imune e sua capacidade uterina de debelar a inflamação. O sistema imunológico da égua deve ser capaz eliminar o fluido inflamatório em no máximo 96 horas, para que no quinto ou sexto dia após a fertilização, o embrião possa encontrar um ambiente propício ao chegar ao lúmen uterino. Caso isso não ocorra, uma inflamação persistente promove altas concentrações de prostaglandina, resultando em luteólise precoce, diminuição de progesterona e consequente perda embrionária. FIBROSE PERIGLANDULAR E CISTOS UTERINOS A Fibrose periglandular e os cistos uterinos têm sido considerados fatores de grande relevância quando se trata de perda de prenhez precoce na espécie equina e acomete principalmente éguas idosas. Acredita-se que na espécie equina a infertilidade associada à fibrose periglandular é consequência da falha de fixação do concepto. Outra anormalidade uterina não inflamatória são os cistos uterinos. podem ser classificados em cistos endometriais e linfáticos. Os endometriais são menores e se localizam em diversas regiões uterinas. Já os linfáticos são maiores e apresentam poucas localizações. Cistos grandes podem interferir na movimentação do embrião, o que dificulta o reconhecimento materno da gestação. Podem ainda, interferir na fixação da vesícula e em alguns casos afetar a placentação. PLACENTITES A contaminação no trato genital das éguas é causada normalmente devido ao fechamento insuficiente da vulva e vestíbulo associados principalmente a deficiência de conformação perineal. Como consequência, a via ascendente (cervical) é a forma mais comum de infecções. A placentite é um dos principais problemas que comprometem a gestação e refere-se à inflamação de origem infecciosa nas vilosidades corioalantoidianas podendo acometer âmnio e cordão umbilical. Podem ocasionar abortamentos e partos prematuros com nascimento de potros inviáveis e letárgicos. Além da ação do agente infeccioso, o processo inflamatório resulta na produção de prostaglandinas que atuam na estimulação da contração do miométrio levanto a expulsão fetal. Os microorganismos mais comumentes descritos como causadores de placentites bacteriana são: Streptococcus zooepidermicus. Escherichia coli, Klebsiella pneumonia e Pseudomonas aeruginosa. A maior incidência da infecção ocorre em épocas que os animais ficam durante muito tempo estabulados, aumentando as possibilidades de contaminação via vaginal e o Aspergillus fumigatos é o fungo mais comumente isolado. TORÇÃO UTERINA A torção do útero durante a gestação ocorre ocasionalmente na espécie equina, entre 5 a 9 meses de gestação, causando sérias complicações. Torções maiores que 180 graus, levam a sinais de cólica persistentes que são facilmente confundidos com problemas intestinais, sendo indispensável o diagnóstico por palpação transretal. As alterações de fluxo sanguíneo levam a hipóxia e morte fetal, e o abortamento ocorre em alguns dias. As torções maiores que 270 graus podem levar a ruptura uterina com perda de feto na cavidade abdominal. A correção das torções deve ser cirúrgica por meio de laparotomia mediana ventral, ou pelo flanco. PIOMETRA Piometra é definida como o acúmulo de material mucopurulento no interior do útero, com presença ou não de corpo lúteo, dependendo do grau de lesão no endométrio. A ocorrência da piometra em éguas é multifatorial, sendo uma condição incomum nessa espécie, originada geralmente por falha da drenagem fisiológica do liquido uterino, o que pode ser devido à presença de aderências cervicais ou à um canal cervical estenosado, sinuoso ou irregular. Uma causa potencial de drenagem uterina insuficiente, independentemente da competência cervical, podem ser aderências intra-abdominais tornando o órgão pendular. Aderências cervicais são condições anatomo-patológicas que prejudicam a capacidade reprodutiva das éguas, podendo ser transluminal ou vaginal (Sertich, 2011). Tais alterações são provocadas durante o parto normal ou: pela tração forçada no parto assistido, repetidas manipulações cervicais que ocorrem na fetotomia, bem como de forma iatrogênica durante procedimentos de tratamento intra-uterino, inseminação artificial ou transferência de embriões. Quando o endométrio está gravemente danificado, com perda extensa de epitélio superficial, fibrose endometrial grave e atrofia glandular, resultam em uma fase lútea prolongada, devido a síntese e liberação reduzida de PGF2α. Na endometrite leve, com o acúmulo de pequenas quantidades de líquido no lúmen uterino ocorre liberação prematura de PGF2α e posterior luteólise. O diagnóstico de piometra é realizado pelo exame ginecológico completo, constituindo-se da palpação retal, vaginoscopia, exame ultrassonográfico, cultivo e antibiograma do conteúdo, podendo ser complementado pela biopsia uterina. Diagnóstico diferencial deve ser realizado para descartar a possibilidade de gestação, mucometra, hidrometra, hemometra e pneumometra. Alguns microrganismos estão associados à piometra na égua, sendo os mais comuns: Streptococcus equi sub.esp. S. zooepidemicus; Escherichia coli, Actinomyces sp., Pasteurella sp., Pseudomonas sp., Proprioni bacterium sp e Candida rugosa e Citrobacter Diversus. PROLAPSOS A forma do útero, sua disposição anatômica, a localização dos ovários e a característica morfofuncional de todos os ligamentos do trato reprodutivo não fazem da égua um animal propenso, por natureza, a apresentar prolapsos de estruturas genitais. As inversões da mucosa, os prolapsos parciais e totais ou cérvico-vaginais são raros. Projeções abauladas da mucosa vaginal através da rima vulvar podem ser observadas nos animais jovens e, na maior parte das vezes, trata-se da membrana himenal imperfurada. Prolapsos vaginais podem ocorrer durante trações forçadas na condução de partos distócicos, na fase expulsiva do parto normal ou coincidentes com contrações, consequentes de processos irritativos, inflamatórios ou excessiva manipulação. Os agentes causais são amplos, porém, frequentemente responsabilizam-se os processos irritativos de qualquer natureza, manuseio excessivo, dor, tenesmo ou grave cistite. O tratamento requer o conhecimento de protocolos anestésicos, manuseio delicado na restituição do órgão à sua posição anatômica original e a completa remoção da agente causal. A fertilidade futura dos animais acometidos e tratados com sucesso irá depender do grau do dano endometrial e dos procedimentos terapêuticos impostos. TUMORES OVARIANOS Os tumores mais frequentes em ovários de éguas são os das células da granulosa na maioria das vezes unilaterais e o animal exibe comportamento masculinizado, ou ninfomania ou anestro prolongado podendo atingir vários tamanhos na dependência no tempo de evolução e do diagnóstico. Outros tipos podem ser encontrados inclusive teratomas. Vias de acesso para remoção dos tumores: a fossa paralombar do lado correspondente ao processo com o animal em estação ou em decúbito lateral na dependência do diâmetro da massa, índole do animal sob protocolo anestésicoespecífico para cada situação ou pela linha alba em decúbito dorsal sob anestesia geral em centro cirúrgico. LACERAÇÕES OU DILACERAÇÕES As lacerações podem ser superficiais ou profundas, pontuais ou lineares, contidas ou extensas e potencialmente ocorrem em qualquer segmento da via fetal mole, que consiste dos cornos e corpo uterino, cérvix, vagina, vestíbulo e complexo contíguo vulva/períneo. Os acidentes superficiais com sede no útero são dificilmente diagnosticados e, às vezes, percebidos pelo toque digital. A reversão é espontânea à medida que progride a involução uterina no puerpério. As lesões profundas são altamente comprometedoras da integridade física e viabilidade reprodutiva da égua em virtude da hemorragia, formação de aderência do útero aos órgãos adjacentes e a peritonite. Contaminação secundária ao puerpério patológico, especialmente nas condições de tratamento mal executados, fatalmente evoluirá em necrose tecidual, piometra ou endometrite crônica. As lesões profundas determinam a perda de competência funcional cervical, impedindo a concepção ou impossibilitando a manutenção da gestação. Estes acidentes acontecem durante o transcurso de um parto normal, entretanto, estão mais frequentemente associados com a tração forçada de potros absolutos ou relativos grandes, produtos que apresentem anomalias hereditárias ou adquiridas, durante manipulação imprudente e pela realização de fetotomia. A vulva, para a espécie equina, apresenta uma importância no aspecto reprodutivo sem os mesmos precedentes nas outras espécies domésticas ou de produção. Os simples defeitos de conformação, comprimento efetivo, angulação ou inclinação, inserção ou justaposição dos lábios, são suficientes para ocasionar subfertilidade ou infertilidade. Os desajustes vulvares permitem a passagem do ar caracterizando a pneumovagina, evidenciada inclusive pela sonoridade aspirativa emitida quando o animal se locomove. A episotomia é um procedimento obstétrico controlado que pode ser realizado na égua para promover maior dilatação vulvar a fim de facilitar a expulsão do produto. DOENÇAS INFECCIOSAS QUE ACOMETEM A REPRODUÇÃO DAS FÊMEAS O vírus da Diarréia Viral Bovina [Bovine viral diarrhea virus, BVDV] é um dos principais patógenos de bovinos e causa perdas econômicas significativas para a pecuária bovina em todo o mundo. No caso do Vírus da Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR)/Vulvovaginite Pustular Infecciosa (IPV) é denominado Herpesvírus Bovino tipo 1 (BHV-1). Este vírus está associado a várias síndromes, tais como rinotraqueíte, vulvovaginite, balanopostite, cujos sintomas são edema, exsudação, pústulas, endometrites, infertilidade temporária por cerca de 60 dias, conjuntivite e abortos no terço final. A brucelose é decorrente da infecção pela bactéria Brucella abortus. Até pouco tempo foi provavelmente a causa mais comum de aborto em bovinos. O aborto acorre com freqüência entre o 7° e 8° mês de gestação, acompanhados muitas vezes de retenção de placenta e endometrite. Bovinos quase sempre são infectados pela ingestão de material contaminado, por exemplo, secreções vaginais, fetos mortos e placentas. Tricomonose bovina é uma doença sexualmente transmissível e infecciosa, causada pelo protozoário Tritrichomonas foetus, caracterizada principalmente por alterações reprodutivas nas fêmeas tais como: morte embrionária inicial, aborto, piometra ou maceração fetal. O local preferencial do protozoário é a vagina. No caso da neospora, os cães portadores de miosite e encefalite, chamaram a atenção para um parasita com estrutura semelhante ao Toxoplasma gondii. isolaram e classificaram tal parasita denominando-o Neospora caninum. Bactérias do gênero Leptospira possuem diversos sorovares patogênicos para homens e animais. As perdas econômicas produzidas pela leptospirose estão diretamente ou indiretamente relacionadas a custos com assistência veterinária, medicamentos, vacinas, testes laboratoriais, falhas reprodutivas e aborto. A infecção por Leptospira sp. em equinos, normalmente é subclínica e os abortamentos ocorrem no terço final da gestação. O abortamento é decorrente da leptospiremia fetal, que é a passagem das leptospiras através da placenta. REFERÊNCIAS Principais causas de perdas gestacionais na espécie equina: Revisão. PUBVET. v.10, n.12, p.933-945, Dez., 2016. Terapêutica hormonal aplicada à reprodução na cadela. Anais do VII CONERA. Acta Veterinaria Brasilica, v.8, Supl. 2, p. 396-401, 2014. Prolapsos vaginais e uterinos em animais de produção. hospital veterinário de grandes animais – universidade de brasília unb (2005 – 2016). Doenças infecciosas que impactam a reprodução de bovinos. Rev. Bras. Reprod. Anim., Belo Horizonte, v.41, n.1, p.133-139, jan./mar. 2017. Disponível em < www.cbra.org.br>. http://www.cbra.org.br/
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