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Reprodução animal

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REPRODUÇÃO ANIMAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRINCIPAIS PATOLOGIAS REPRODTIVAS NAS FÊMEAS BOVINAS, 
CANINAS E EQUINAS 
PATOLOGIAS DO SISTEMA REPRODUTOR DE CÃES 
De forma geral a função do sistema reprodutivo na fêmea é fornecer um local para a 
concepção, desenvolvimento e eventual liberação de uma cria viável. As alterações 
reprodutivas podem apresentar consequências variadas, que se estendem da ausência de 
sinais clínicos, comprometendo somente a fertilidade do animal e passando 
despercebidas ao proprietário, até manifestações clínicas agudas, que podem conduzir a 
morte. 
 VAGINITE 
A vaginite, inflamação da vagina, ocorre em cadelas sexualmente intactas ou 
castradas, de qualquer idade ou raça e durante qualquer estágio do ciclo reprodutivo. 
Esta alteração não é tão comum em consequência do baixo pH e imunidade da mucosa e 
pode ser resultante de infecções virais ou bacterianas, por agentes inespecíficos e 
oportunistas. 
O diagnóstico é dado a partir do histórico clínico e dos achados no exame físico, 
como hiperemia da mucosa e corrimento vulvar mucóide, mucopurulento ou purulento, 
sendo rara a presença de sangue. Exames como citologia vaginal e vaginoscopia podem 
ser úteis no diagnóstico, além disso, deve-se tentar diferenciar outros distúrbios 
sistêmicos que estão associados a sinais semelhantes (Purswell, 2008). Para definir a 
terapêutica, deve-se primeiramente descobrir a causa, principalmente se estiver 
relacionada a anormalidades anatômicas. Antibioticoterapia associada à limpeza 
perineal é o tratamento mais eficaz (Johnson, 2006). 
 
 HIPERPLASIA E PROLAPSO VAGINAL 
Durante o proestro e estro, quando a fêmea encontra-se sob estimulação estrogênica, 
algumas cadelas desenvolvem uma prega ventral edematosa na vagina distal 
imediatamente cranial a abertura da uretra que pode tornar-se grande o suficiente para 
projetar-se na abertura vulvar. O prolapso vaginal envolve a protrusão de 360 graus da 
mucosa enquanto a hiperplasia vaginal pode se originar de um coto de mucosa no 
assoalho da vagina, ambas geralmente craniais à papila lateral. 
Raramente ocorre o prolapso vaginal em cadelas e gatas, sendo esta alteração 
associada à distocia, tenesmo ou extração forçado do macho durante a cópula. 
Os sinais clínicos são protrusão de massa a partir da vulva, rosa pálida e edematosa, 
com corrimento vaginal, em sua maioria com sangramento. Normalmente as queixas 
são de não permitir a introdução peniana durante o acasalamento ou por causa de 
dificuldade fecais ou urinárias. 
Uma vez que essa condição manifesta-se por si mesma, há tendência a recidivar a 
cada ciclo estral subsequente, entretanto a condição é autolimitante e se revolverá assim 
que não houver influência estrogênica no final do estro ou após a 
ováriosalpingohisterectomia (OSH). 
 
 HIPERPLASIA ENDOMETRIAL CÍSTICA E PIOMETRA 
Dentre as alterações proliferativas não neoplásicas do útero, o complexo hiperplasia 
endometrial cística (HEC) - piometra é a alteração mais comum, sendo caracterizado 
como um distúrbio de útero de caráter agudo e emergencial, podendo resultar no óbito 
do animal acometido. 
Ocorre frequentemente em fêmeas com idade reprodutiva, principalmente as idosas 
e nulíparas. 
Em cadelas, o risco de desenvolvimento da piometra aumenta com a idade, 
provavelmente devido à repetida estimulação hormonal no útero. Esta patologia é 
observada durante o diestro, ou seja, ela ocorre na fase de produção de progesterona 
pelo corpo lúteo, ou ainda após a administração de progestágenos exógenos. O principal 
hormônio envolvido neste distúrbio é a progesterona, cuja função normal é estimular o 
crescimento e atividade secretória das glândulas endometriais, sendo ainda responsável 
pela nidação do ovo e manutenção da gravidez. 
A contaminação bacteriana deste fluido se dá por via ascendente, presumivelmente 
da flora vaginal, havendo colonização no útero anormal, resultando no desenvolvimento 
da piometra. Normalmente a infecção ocorre mais comumente pela bactéria Escherichia 
coli, entretanto infecções mistas frequentemente ocorrem com a presença de outras 
bactérias, principalmente as dos gêneros Streptococcus, Pseudomonas, Salmonela, 
Proteus e Klebsiella. 
Os sinais clínicos associados à piometra são variáveis, podendo ser observado além 
do corrimento na vulva; distensão abdominal; anorexia; letargia; perda de peso; vômito; 
desidratação; poliúria; polidipsia; aumento ou diminuição da temperatura corpórea e nos 
casos mais graves choque e coma. O diagnóstico é baseado no histórico clínico 
reprodutivo, exame físico, hemograma, bioquímica sérica, urinálise, citologia vaginal, 
radiografia e ultrassonografia abdominal. 
O tratamento de eleição para esta enfermidade é a ovariosalpingohisterectomia. Caso 
não seja tratado, a piometra tem alta elevada taxa de letalidade, resultando em morte por 
choque endotoxêmico. 
 
 PROLAPSO UTERINO 
O prolapso uterino é a eversão e protrusão de uma porção do útero através cérvix 
para o interior da vagina. 
O prolapso uterino é raro e ocorre normalmente durante ou próximo do parto, 
geralmente com um trabalho de parto prolongado. Um ou ambos os cornos uterinos 
podem prolapsar e se situar na vagina cranial e ou serem evertidos através da vulva, mas 
para que isto ocorra, a cérvix deve estar dilatada. 
Em casos mais graves, pode resultar em laceração do ligamento largo do útero e 
hemorragia da artéria uterina, podendo levar a um quadro de choque hipovolêmico. O 
diagnóstico é realizado com base na anamnese, achados do exame físico, radiografia, 
ultrassonografia e vaginoscopia. O paciente deve ser estabilizado, realizar limpeza do 
local e principalmente nos casos de tecido desvitalizado ou irredutível, deve-se optar 
pela ovariohisterectomia. 
 
 SÍNDROME DO OVÁRIO RESIDUAL 
A Síndrome do Resto Ovárico (SRO) refere-se à presença de tecido ovariano funcional 
após procedimento de ovariohisterectomia em cadelas e gatas. A SRO pode ocorrem em 
consequência de técnica cirúrgica inadequada com ressecção incompleta de um ou 
ambos os ovários ou ainda pela presença de tecido ovariano ectópico na cavidade 
abdominal, mesmo após a realização correta da técnica. Cadelas com SRO apresentam 
sinais típicos de proestro e estro mesmo após a castração, sendo indicada realização de 
ultrassonografia abdominal no intuito de identificar o(s) ovário(s) e em seguida uma 
laparotomia exploratória no período de estro ou diestro, já que a presença de folículos 
ou corpo lúteo reforça as possibilidades de visualizar o tecido. 
 
 NEOPLASIAS UTERINAS 
Os leimiomas são os mais frequentes, em especial na cadela. Trata-se de uma 
neoplasia benigna de células musculares lisas bem diferenciadas, dispostas em feixes. 
Normalmente são múltiplos, não apenas no útero, mas também nas cérvix e vagina. 
Os tumores malignos são raros e os mais comuns em cadelas e gatas são os 
leiomiossarcomas e adenocarcinoma endometrial, respectivamente. Leiomiossarcomas 
são semelhantes aos leiomiomas, contudo invasivos e com metástase lenta. Nos casos 
de adenocarcinoma, o endométrio encontra-se espessado e nodular. Este tumor pode ser 
sólido, cístico, séssil e polipóide e pode obliterar o lúmen uterino, resultando em 
piometra. 
O diagnóstico é realizado a partir da anamnese, exames físicos e laboratoriais, 
radiografia, ultrassonografia. O tratamento de eleição é a OSH, devendo este material 
ser encaminhado para a análise histopatológica. 
 
 
PATOLOGIAS DO SISTEMA REPRODUTOR DE FÊMEAS BOVINAS 
 PROLAPSO VAGINAL 
O prolapso vaginal é à saída da membrana mucosa, inicialmente do assoalho da 
vagina anterior podendo se agravar até haver um prolapso com inversão (saída da 
vagina e cérvix pela vulva). Pode ser acompanhado de prolapso de útero, cervical, retal 
e de bexiga urinária. 
Pode ser de dois graus: prolapso parcial da vagina quando somente uma porção 
da vagina é projetadapara o exterior pela abertura vulvar, ou prolapso total da vagina 
quando ocorre a projeção total da vagina pela vulva, sendo a porção vaginal da cérvix 
visível. Pode ser observado em ruminantes em prenhêz adiantada ou no pós-parto. O 
prolapso vaginal pode ocorrer devido ao relaxamento do sistema de fixação do genital 
em animais idosos; alimentação rica em estrógenos; aumento da pressão intra 
abdominal (prenhêz adiantada, tenesmo, outras patologias); tratamentos hormonais ou 
que causem excessiva irritação da vagina; deposição excessiva de gordura no tecido 
peri-vaginal relaxando seus ligamentos e aumentando a sua mobilidade; predisposição 
hereditária; confinamento e cistos ovarianos. 
Recidiva em prenhêz futura é possível e há transmissão da predisposição aos 
descendentes. O principal perigo do prolapso vaginal grave nos ruminantes durante a 
prenhêz é evoluir para prolapso uterino do tipo pós-parto ou de se instalar uma infecção 
na mucosa lesada que pode evoluir para a cérvix e útero levando ao abortamento, 
enfisema fetal, infecções puerperais ou septicemias. 
O tratamento sugerido é reduzir e manter o órgão em sua posição. A redução do 
prolapso através de suturas, se possível, pode ser feita por diferentes métodos 
cirúrgicos. 
 
 HIPOPLASIA OVARIANA 
A hipoplasia ovariana hereditária ocorre em várias espécies e constitui-se em 
importante causa de falha reprodutiva em vacas taurinas e zebuínas. É uma patologia 
hereditária, devido a um gene autossômico recessivo de penetrância incompleta, pode 
ser bilateral total ou parcial ou unilateral total ou parcial. Tanto em vacas taurinas 
quanto em vacas zebuínas, a hipoplasia gonadal hereditária é geralmente bilateral, mas 
varia consideravelmente em severidade e simetria. Em associação com a hipoplasia 
ovariana, geralmente há um infantilismo relacionado ao restante do trato genital. O 
infantilismo genital ocorre mais frequentemente em fêmeas jovens associadas à má 
nutrição, tornando os ovários monofuncionais. 
Clinicamente, os ovários são pequenos, consistentes e lisos. Os cios são irregulares e 
muito espaçados quando a hipoplasia é parcial. No caso de hipoplasia total e bilateral os 
animais apresentam trato reprodutivo infantil e nunca manifestam cio. 
No caso de hipoplasia total e bilateral os animais apresentam trato reprodutivo 
infantil e nunca manifestam cio. O diagnóstico é realizado através da palpação retal 
onde se observa ovários de tamanho diminuído, semelhantes a grão de ervilha, de 
consistência firme e superfície achatada. Nas formas unilaterais o ovário contralateral e 
funcional é de tamanho normal. 
Não há tratamento por ser uma patologia genética, sendo o mais indicado o descarte 
do animal para evitar a transmissão aos descendentes. 
 
 ENDOMETRITE, METRITE E PIOMETRA 
Endometrite: essencialmente uma inflamação do endométrio, embora clinicamente 
na maioria dos casos não altere a saúde geral do animal, invariavelmente pode modificar 
o ambiente uterino e afetar a fertilidade, por comprometer o trânsito dos 
espermatozóides, impedir o reconhecimento maternal da gestação ou provocar a morte 
do embrião, resultando em aumento do período de serviço e/ou número de serviço por 
concepção. A doença ocorre usualmente dentro de 10 dias após o parto. 
Metrite: infecção uterina em torno de 21 dias ou mais pós-parto sem sinais clínicos. 
Ocorre envolvimento de toda a espessura da parede uterina. 
Piometra: é caracterizada por acúmulo progressivo de exudato purulento no útero. 
Após o parto, as barreiras físicas, como a vulva e cérvix, estão mais vulneráveis 
facilitando a instalação de infecções uterinas. Somados a esses fatores, a retenção de 
placenta, o parto distócico, o prolapso uterino, casos de aborto, o nascimento prematuro 
e as lesões traumáticas afetam o mecanismo de defesa e frequentemente expõem o 
animal às infecções. 
 
 DOENÇA OVARIANA CÍSTICA (DOC) EM BOVINOS 
A doença do ovário cístico em vacas é usualmente encontrada nos dois primeiros 
meses após o parto, quando a atividade ovariana normal reinicia. Tradicionalmente, 
que persistem por 10 dias ou mais na ausência de um corpo lúteo funcional e é 
acompanhado de comportamento estral anormal (intervalos estrais irregulares, 
ninfomania e anestro). O tamanho normal dos folículos maduros varia de 16 a 19 mm. 
Folículos que persistem no ovário com diâmetros maiores que estes valores podem 
ser considerados císticos. 
 
 PROLAPSO DE VAGINA E CÉRVIX 
O prolapso de vagina é uma afecção provocada por causas diversas, sendo 
necessário para o seu desencadeamento um conjunto de três fatores: parede vaginal 
relaxada, lúmen grande e uma força que a desloque de sua posição original. É muito 
frequente em vacas leiteiras, principalmente em raças grandes como Holandesa e Pardo 
Suíço, e em ovelhas. 
O prolapso vaginal começa pela formação de uma dobra no assoalho da vagina, 
imediatamente cranial à união vestíbulo-vaginal, onde o incômodo causado por esta 
eversão, juntamente com a irritação e inflamação da mucosa exposta, provocam 
distensão e agravamento do prolapso. Por fim, toda a vagina pode estar prolapsada e o 
colo do útero ser visível na zona mais caudal do prolapso. O desenvolvimento do 
prolapso é progressivo, sendo classificado em três graus: inversão da vagina, prolapso 
parcial e prolapso total da vagina, com prognóstico favorável para os dois primeiros e 
reservado para o último. Dependendo da severidade do quadro, que pode ser agravado 
por prolapso retal, prolapso cervical e uterino, morte fetal, aborto, metrite, endotoxemia 
e septicemia. 
 
 INVERSÃO E PROLAPSO DE ÚTERO 
O prolapso uterino é uma afecção, que ocorre geralmente no puerpério imediato, ou 
seja, imediatamente após o parto. O prolapso ocorre durante a terceira e última fase do 
parto, algumas horas após a expulsão do feto, quando os cotilédones fetais se separam 
das carúnculas maternas. Constitui-se no movimento do órgão virando ao avesso e se 
exteriorizando, total ou parcialmente, pelos lábios vulvares, muitas vezes, dobrando-se 
(revertendo-se) sem surgir pela vulva, sendo de diagnóstico difícil, com cura espontânea 
ou necrose de segmento de corno uterino. 
Por norma, as vacas multíparas são mais afetadas que as primíparas e as vacas de 
aptidão leiteira são mais propensas que as vacas de aptidão mista ou carne. 
A predisposição está diretamente relacionada com a disposição anatômica do útero, 
ovários e ligamentos, sendo mais frequente na vaca. Os sinais clínicos de prolapso 
uterino são suficientes para o diagnóstico definitivo, sendo difícil ser confundido com 
outras condições, tais como o prolapso vaginal. 
 
 RETENÇÃO DE PLACENTA 
A retenção de placenta (RP) pode ser definida como a permanência da porção fetal 
da placenta aderida ao útero após a expulsão do feto por um período superior a 12 horas. 
Isto ocorre devido a falhas na separação dos cotilédones e das carúnculas por disfunções 
no processo de separação destas membranas. 
Aproximadamente 9% das vacas leiteiras que parem apresentam retenção de 
Placenta e esta doença afeta adversamente a produção leiteira e a fertilidade em vista da 
involução uterina retardada. Após o parto deve ocorrer a involução uterina, que é a 
restauração do útero ao seu tamanho normal (vazio) e função após o parto, e depende de 
concentrações miometriais, da eliminação de agentes bacterianos e a regeneração do 
endométrio. Lóquio é o nome dado a descarga uterina de muco, sangue, restos de 
membrana e líquidos fetais e tecido materno, que é eliminado na primeira semana após 
o parto. 
A retenção de placenta pode funcionar como via secundária para infecções 
uterinas, devido à exposição dos restos placentários pela vulva. Além disso, sabe-se que 
a porção da placenta que permanece no útero afeta a involução uterina. Estas condições 
tendem a se tornar cada vez mais intensas, pois uma vez que a involução uterina seja 
prejudicada,a eliminação do conteúdo placentário é dificultada, o que favorece a 
proliferação de bacteriana. 
 
 
PATOLOGIAS DO SISTEMA REPRODUTOR DE FÊMEAS EQUINAS 
 ENDOMETRITE 
Das afecções que acometem o sistema reprodutivo, as endometrites podem ser 
consideradas como uma das principais causas de subfertilidade e infertilidade na espécie 
equina. A endometrite aguda é caracterizada pelo infiltrado de neutrófilos para o 
estroma do endométrio e luz uterina, pode ser de origem bacteriana ou não. A forma 
mais comum é de endometrite pós- cobertura, inflamação uterina em resposta ao contato 
com o sêmen. 
De acordo com a predisposição a inflamação endometrial, as fêmeas da espécie 
equina podem ser classificadas em dois grupos: éguas susceptíveis e éguas resistentes a 
endometrite, conforme a capacidade de resposta do seu sistema imune e sua capacidade 
uterina de debelar a inflamação. O sistema imunológico da égua deve ser capaz eliminar 
o fluido inflamatório em no máximo 96 horas, para que no quinto ou sexto dia após a 
fertilização, o embrião possa encontrar um ambiente propício ao chegar ao lúmen 
uterino. Caso isso não ocorra, uma inflamação persistente promove altas concentrações 
de prostaglandina, resultando em luteólise precoce, diminuição de progesterona e 
consequente perda embrionária. 
 
 FIBROSE PERIGLANDULAR E CISTOS UTERINOS 
A Fibrose periglandular e os cistos uterinos têm sido considerados fatores de grande 
relevância quando se trata de perda de prenhez precoce na espécie equina e acomete 
principalmente éguas idosas. Acredita-se que na espécie equina a infertilidade associada 
à fibrose periglandular é consequência da falha de fixação do concepto. 
Outra anormalidade uterina não inflamatória são os cistos uterinos. podem ser 
classificados em cistos endometriais e linfáticos. Os endometriais são menores e se 
localizam em diversas regiões uterinas. Já os linfáticos são maiores e apresentam poucas 
localizações. Cistos grandes podem interferir na movimentação do embrião, o que 
dificulta o reconhecimento materno da gestação. Podem ainda, interferir na fixação da 
vesícula e em alguns casos afetar a placentação. 
 
 PLACENTITES 
A contaminação no trato genital das éguas é causada normalmente devido ao 
fechamento insuficiente da vulva e vestíbulo associados principalmente a deficiência de 
conformação perineal. Como consequência, a via ascendente (cervical) é a forma mais 
comum de infecções. A placentite é um dos principais problemas que comprometem a 
gestação e refere-se à inflamação de origem infecciosa nas vilosidades 
corioalantoidianas podendo acometer âmnio e cordão umbilical. Podem ocasionar 
abortamentos e partos prematuros com nascimento de potros inviáveis e letárgicos. 
Além da ação do agente infeccioso, o processo inflamatório resulta na produção de 
prostaglandinas que atuam na estimulação da contração do miométrio levanto a 
expulsão fetal. Os microorganismos mais comumentes descritos como causadores de 
placentites bacteriana são: Streptococcus zooepidermicus. Escherichia coli, Klebsiella 
pneumonia e Pseudomonas aeruginosa. A maior incidência da infecção ocorre em 
épocas que os animais ficam durante muito tempo estabulados, aumentando as 
possibilidades de contaminação via vaginal e o Aspergillus fumigatos é o fungo mais 
comumente isolado. 
 
 TORÇÃO UTERINA 
A torção do útero durante a gestação ocorre ocasionalmente na espécie equina, entre 
5 a 9 meses de gestação, causando sérias complicações. Torções maiores que 180 graus, 
levam a sinais de cólica persistentes que são facilmente confundidos com problemas 
intestinais, sendo indispensável o diagnóstico por palpação transretal. 
As alterações de fluxo sanguíneo levam a hipóxia e morte fetal, e o abortamento 
ocorre em alguns dias. As torções maiores que 270 graus podem levar a ruptura uterina 
com perda de feto na cavidade abdominal. A correção das torções deve ser cirúrgica por 
meio de laparotomia mediana ventral, ou pelo flanco. 
 
 PIOMETRA 
Piometra é definida como o acúmulo de material mucopurulento no interior do 
útero, com presença ou não de corpo lúteo, dependendo do grau de lesão no endométrio. 
A ocorrência da piometra em éguas é multifatorial, sendo uma condição incomum nessa 
espécie, originada geralmente por falha da drenagem fisiológica do liquido uterino, o 
que pode ser devido à presença de aderências cervicais ou à um canal cervical 
estenosado, sinuoso ou irregular. Uma causa potencial de drenagem uterina insuficiente, 
independentemente da competência cervical, podem ser aderências intra-abdominais 
tornando o órgão pendular. 
Aderências cervicais são condições anatomo-patológicas que prejudicam a 
capacidade reprodutiva das éguas, podendo ser transluminal ou vaginal (Sertich, 2011). 
Tais alterações são provocadas durante o parto normal ou: pela tração forçada no parto 
assistido, repetidas manipulações cervicais que ocorrem na fetotomia, bem como de 
forma iatrogênica durante procedimentos de tratamento intra-uterino, inseminação 
artificial ou transferência de embriões. Quando o endométrio está gravemente 
danificado, com perda extensa de epitélio superficial, fibrose endometrial grave e atrofia 
glandular, resultam em uma fase lútea prolongada, devido a síntese e liberação reduzida 
de PGF2α. Na endometrite leve, com o acúmulo de pequenas quantidades de líquido no 
lúmen uterino ocorre liberação prematura de PGF2α e posterior luteólise. 
O diagnóstico de piometra é realizado pelo exame ginecológico completo, 
constituindo-se da palpação retal, vaginoscopia, exame ultrassonográfico, cultivo e 
antibiograma do conteúdo, podendo ser complementado pela biopsia uterina. 
Diagnóstico diferencial deve ser realizado para descartar a possibilidade de gestação, 
mucometra, hidrometra, hemometra e pneumometra. 
Alguns microrganismos estão associados à piometra na égua, sendo os mais 
comuns: Streptococcus equi sub.esp. S. zooepidemicus; Escherichia coli, Actinomyces 
sp., Pasteurella sp., Pseudomonas sp., Proprioni bacterium sp e Candida rugosa e 
Citrobacter Diversus. 
 
 
 PROLAPSOS 
A forma do útero, sua disposição anatômica, a localização dos ovários e a 
característica morfofuncional de todos os ligamentos do trato reprodutivo não fazem da 
égua um animal propenso, por natureza, a apresentar prolapsos de estruturas genitais. 
As inversões da mucosa, os prolapsos parciais e totais ou cérvico-vaginais são raros. 
Projeções abauladas da mucosa vaginal através da rima vulvar podem ser observadas 
nos animais jovens e, na maior parte das vezes, trata-se da membrana himenal 
imperfurada. Prolapsos vaginais podem ocorrer durante trações forçadas na condução de 
partos distócicos, na fase expulsiva do parto normal ou coincidentes com contrações, 
consequentes de processos irritativos, inflamatórios ou excessiva manipulação. 
Os agentes causais são amplos, porém, frequentemente responsabilizam-se os 
processos irritativos de qualquer natureza, manuseio excessivo, dor, tenesmo ou grave 
cistite. O tratamento requer o conhecimento de protocolos anestésicos, manuseio 
delicado na restituição do órgão à sua posição anatômica original e a completa remoção 
da agente causal. A fertilidade futura dos animais acometidos e tratados com sucesso irá 
depender do grau do dano endometrial e dos procedimentos terapêuticos impostos. 
 
 TUMORES OVARIANOS 
Os tumores mais frequentes em ovários de éguas são os das células da granulosa na 
maioria das vezes unilaterais e o animal exibe comportamento masculinizado, ou 
ninfomania ou anestro prolongado podendo atingir vários tamanhos na dependência no 
tempo de evolução e do diagnóstico. Outros tipos podem ser encontrados inclusive 
teratomas. Vias de acesso para remoção dos tumores: a fossa paralombar do lado 
correspondente ao processo com o animal em estação ou em decúbito lateral na 
dependência do diâmetro da massa, índole do animal sob protocolo anestésicoespecífico para cada situação ou pela linha alba em decúbito dorsal sob anestesia geral 
em centro cirúrgico. 
 
 LACERAÇÕES OU DILACERAÇÕES 
As lacerações podem ser superficiais ou profundas, pontuais ou lineares, contidas ou 
extensas e potencialmente ocorrem em qualquer segmento da via fetal mole, que 
consiste dos cornos e corpo uterino, cérvix, vagina, vestíbulo e complexo contíguo 
vulva/períneo. 
Os acidentes superficiais com sede no útero são dificilmente diagnosticados e, às 
vezes, percebidos pelo toque digital. A reversão é espontânea à medida que progride a 
involução uterina no puerpério. As lesões profundas são altamente comprometedoras da 
integridade física e viabilidade reprodutiva da égua em virtude da hemorragia, formação 
de aderência do útero aos órgãos adjacentes e a peritonite. Contaminação secundária ao 
puerpério patológico, especialmente nas condições de tratamento mal executados, 
fatalmente evoluirá em necrose tecidual, piometra ou endometrite crônica. 
As lesões profundas determinam a perda de competência funcional cervical, 
impedindo a concepção ou impossibilitando a manutenção da gestação. Estes acidentes 
acontecem durante o transcurso de um parto normal, entretanto, estão mais 
frequentemente associados com a tração forçada de potros absolutos ou relativos 
grandes, produtos que apresentem anomalias hereditárias ou adquiridas, durante 
manipulação imprudente e pela realização de fetotomia. 
A vulva, para a espécie equina, apresenta uma importância no aspecto reprodutivo 
sem os mesmos precedentes nas outras espécies domésticas ou de produção. Os simples 
defeitos de conformação, comprimento efetivo, angulação ou inclinação, inserção ou 
justaposição dos lábios, são suficientes para ocasionar subfertilidade ou infertilidade. Os 
desajustes vulvares permitem a passagem do ar caracterizando a pneumovagina, 
evidenciada inclusive pela sonoridade aspirativa emitida quando o animal se locomove. 
A episotomia é um procedimento obstétrico controlado que pode ser realizado na 
égua para promover maior dilatação vulvar a fim de facilitar a expulsão do produto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DOENÇAS INFECCIOSAS QUE ACOMETEM A REPRODUÇÃO DAS FÊMEAS 
 
O vírus da Diarréia Viral Bovina [Bovine viral diarrhea virus, BVDV] é um dos 
principais patógenos de bovinos e causa perdas econômicas significativas para a 
pecuária bovina em todo o mundo. No caso do Vírus da Rinotraqueíte Infecciosa 
Bovina (IBR)/Vulvovaginite Pustular Infecciosa (IPV) é denominado Herpesvírus 
Bovino tipo 1 (BHV-1). 
Este vírus está associado a várias síndromes, tais como rinotraqueíte, vulvovaginite, 
balanopostite, cujos sintomas são edema, exsudação, pústulas, endometrites, 
infertilidade temporária por cerca de 60 dias, conjuntivite e abortos no terço final. 
A brucelose é decorrente da infecção pela bactéria Brucella abortus. Até pouco 
tempo foi provavelmente a causa mais comum de aborto em bovinos. O aborto acorre 
com freqüência entre o 7° e 8° mês de gestação, acompanhados muitas vezes de 
retenção de placenta e endometrite. Bovinos quase sempre são infectados pela ingestão 
de material contaminado, por exemplo, secreções vaginais, fetos mortos e placentas. 
Tricomonose bovina é uma doença sexualmente transmissível e infecciosa, causada 
pelo protozoário Tritrichomonas foetus, caracterizada principalmente por alterações 
reprodutivas nas fêmeas tais como: morte embrionária inicial, aborto, piometra ou 
maceração fetal. O local preferencial do protozoário é a vagina. No caso da neospora, os 
cães portadores de miosite e encefalite, chamaram a atenção para um parasita com 
estrutura semelhante ao Toxoplasma gondii. isolaram e classificaram tal parasita 
denominando-o Neospora caninum. 
Bactérias do gênero Leptospira possuem diversos sorovares patogênicos para 
homens e animais. As perdas econômicas produzidas pela leptospirose estão 
diretamente ou indiretamente relacionadas a custos com assistência veterinária, 
medicamentos, vacinas, testes laboratoriais, falhas reprodutivas e aborto. 
A infecção por Leptospira sp. em equinos, normalmente é subclínica e os abortamentos 
ocorrem no terço final da gestação. O abortamento é decorrente da leptospiremia fetal, 
que é a passagem das leptospiras através da placenta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
Principais causas de perdas gestacionais na espécie equina: Revisão. PUBVET. v.10, 
n.12, p.933-945, Dez., 2016. 
 
Terapêutica hormonal aplicada à reprodução na cadela. Anais do VII CONERA. Acta 
Veterinaria Brasilica, v.8, Supl. 2, p. 396-401, 2014. 
 
Prolapsos vaginais e uterinos em animais de produção. hospital veterinário de grandes 
animais – universidade de brasília unb (2005 – 2016). 
 
Doenças infecciosas que impactam a reprodução de bovinos. Rev. Bras. Reprod. 
Anim., Belo Horizonte, v.41, n.1, p.133-139, jan./mar. 2017. Disponível em < 
www.cbra.org.br>. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.cbra.org.br/

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