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EDUCAÇÃO ESPECIAL
Larice Patricia de Almeida
Fabiana de Melo Giacomini Garcez
Resumo
O presente artigo visa identificar a educação especial, com ênfase nos aspectos históricos, legais e conceituais sobre o tema. Espera-se, no que se refere ao objetivo central, buscar embasamento teórico e metodológico para o entendimento da educação especial, e sua aplicação dentro do campo de trabalho do educador. Outro aspecto relevante diz respeito a evolução do conceito de educação especial, e como está inserida na prática docente, bem como na verificação de como está ocorrendo o processo de inclusão escolar na atualidade. A presente pesquisa foi de caráter bibliográfico, utilizando como base a literatura científica no território brasileiro. Observou-se no decorrer do processo de pesquisa, que existe uma vasta literatura referente ao tema, porém muito de fala sobre inclusão, e pouca abrangência sobre os aspectos conceituais da educação especial. 
Palavras – chave: Educação especial. História. Aspectos jurídicos. 
1 INTRODUÇÃO 
A atualidade vem marcando de forma incisiva os temas referentes à educação especial e a inclusão das pessoas com deficiência dentro dos espaços escolares. Atender as diferentes  necessidades desses alunos, é sem dúvida  um dos maiores desafios enfrentados pelas instituições de ensino, uma vez que o paradigma da educação inclusiva dentro do  ambiente escolar está sendo amplamente discutido no atual cenário das pesquisas acadêmicas em Educação. 
O contexto atual da Educação está vivenciando um amplo processo de discussões  a cerca das maneiras como incluir as crianças com deficiência dentro do contexto escolar, sem prejudicar seu desenvolvimento, e estimulando a integração com os demais colegas, professores e comunidade escolar. 
Tendo em vista o acima exposto o presente artigo visa identificar como está ocorrendo o processo de inclusão escolar dos alunos com deficiência, para tanto, será abordado os conceitos referentes a educação especial e a inclusão escolar, com base na literatura científica no território brasileiro. Na busca por abranger o escopo da pesquisa será contextualizado a educação especial em um resgate histórico do tema. Espera-se com essa abordagem identificar como está o cenário nacional referente a educação especial e como ela está sendo implementada dentro do contexto escolar. 
2 CONCEITUANDO EDUCAÇÃO ESPECIAL
A educação especial é uma modalidade de educação escolar organizada de modo a considerar uma aproximação sucessiva dos pressupostos e das práticas pedagógica social da educação inclusiva, possibilitando o cumprimento de dispositivos político-filosófico, conforme consta no Documento “Diretrizes nacionais para a Educação Especial na Educação Básica”, (BRASIL, 2001). 
A educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os recursos e serviços e orienta quanto a sua utilização no processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular. (BRASIL ², 2009, p.1).
A educação Especial tem como público alvo o atendimento as pessoas com deficiências, sejam elas de ordem física, auditiva, visual, mental, múltipla, bem como de alunos portadores de espectro autista ou com altas habilidades. Considera-se assim que sua organização é específica para o atendimento de indivíduos com determinadas necessidades especiais.
 Sotobäus e Mosquera (2004) destacam que a aparição de terminologias que têm distinguido e distinguem a Educação Especial no decorrer dos anos, nada mais é um esforço de normalização a integração, a inclusão, à diversidade, no sentido de um conceito único e abrangente sobre o tema. Isso leva a um novo postulado lançando o pela Organização das nações Unidade, de acessibilidade. O autor complementa que existe um lado obscuro que para todo aquele que é diferente, que não se ajusta a modelos pré-estabelecidos da sociedade, que fazem evidência de uma pessoa pertencer a grupos homogêneos que geralmente fundamentam sua sessão em ser iguais frente a outros que são distintos. 
Outro segmento alunos, são atendidos na modalidade de ensino da Educação Especial, são os alunos que apresentam típicas ou altas habilidades, que é oferecida. A Política Nacional de Educação Especial (1994), em seu texto, define como portadores de altas habilidades / superdotados os 
“educandos que apresentarem notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual geral; aptidão acadêmica especifica; pensamento criativo ou produtivo; capacidade de liderança; talento especial para artes e capacidade psicomotora”. (BRASIL, 2006, p.14).
 Habitualmente são utilizadas quatro as leis básicas, estas buscam estabelecer os fundamentos necessários no espectro legal no que diz respeito à Educação Especial no cenário brasileiro, são elas: a Constituição Federal de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (Lei Federal nº 9.394/96), a Lei da Coordenadoria para Integração das Pessoas com Deficiência - Corde (Lei Federal n° 7.853/89) e a Lei da Acessibilidade (Lei Federal nº 10.098/00).
Fonseca (2012) coloca que por pessoa portadora de deficiência considera-se o indivíduo que apresenta, em comparação com a maioria das pessoas dentro da esfera global, significativas diferenças físicas, sensoriais, intelectuais. O autor coloca que os impedimentos provenientes de caráter físico, mental, intelectual e ou sensorial são, a meu sentir, atributos, peculiaridades ou predicados pessoais, os quais, em interação com as diversas barreiras sociais, podem excluir as pessoas que os apresentam da participação da vida política, aqui considerada no sentido mais amplo.
O Decreto Nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007. Este documento busca legitimar os conceitos referentes às pessoas com deficiência, este foi adotada pela Organização das Nações Unidas em 13 de dezembro de 2006. (BRASIL ¹,2009, p.2). Porem somente em 03 de maio de 2008 entra em vigor, com o conceito colocado no artigo 1º. Na visão de Piovesan (2009), as pessoas com deficiência 
“são aquelas que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”. (PIOVESAN, 2009, p.302). 
O Decreto nº 3298/99, regulamenta a Lei7853/89, em seu texto conceitua a deficiência como:
I - deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; II - deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; e III - incapacidade – uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida.
Estas deficiências são decorrentes de fatores inatos ou adquiridos, de caráter permanente, que acarretam dificuldades em sua interação com o meio físico e social, e que por essa razão, estão enfrentando várias barreiras para tomar parte ativa na sociedade com oportunidades iguais às da maioria da população, o que ainda é considerado difícil. (BRASIL, 1999, p.2)
Outro aspecto jurídico importante, que dá legitimidade ao conceito é o Decreto nº 5296/04 - regulamenta as leis 10.048 e 10.098/2000, nesse texto Pessoa “portadora“ de deficiência,
”[...]pessoa com mobilidade reduzida, aquela que, não se enquadrando noconceito de pessoa portadora de deficiência, tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentar-se, permanente ou temporariamente, gerando redução efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção”. (BRASIL, 2004, p.3).
Entender os conceitos referentes as pessoas com deficiência, apresenta os subsídios necessários para o entendimento da Educação Especial, aja vista que está visa a atender as pessoas que possuem algum tipo de deficiência, seja ela intelectual ou física.
A Educação Especial ocupa-se do atendimento e da educação de pessoas com deficiência e transtornos globais de desenvolvimento em instituições especializadas. É organizada para atender específica e exclusivamente alunos com determinadas necessidades especiais. Onde profissionais especializados como educador físico, professor, psicólogo, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional trabalham e atuam para garantir tal atendimento. (NORONHA; PINTO, 2000, P.1)
A Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional (LDB/96), em seu texto trabalha no capítulo V, exclusivamente com a Educação Especial, em Art. 58 define a Educação Especial como “para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais”. Complementando destaca-se os demais parágrafos da referida lei:
§ 1º. Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º. O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. § 3º. A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público. Parágrafo único. O Poder Público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular de em sino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo. (BRASIL, 1996, p. 17)
Os presentes conceitos fornecem os subsídios necessários para a atuação profissional, dentro da educação especial, como base metodológica para o trabalho docente. Entender os conceitos referentes aos tipos de deficiências e a legislação que ampara tal prática é vital para que os professores possam distinguir quais crianças necessitam de atendimento especializado, além de trazer os aspectos legais que garantem a educação de qualidade para esses educandos. 
3 CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL
Os conceitos históricos da educação especial no Brasil foram marcados por diversas tentativas de contextualização, por parte dos estudiosos do tema. Esses processos se deram inicialmente pelo estabelecimento de marcos legais, amparado nas experiências de outros países. Na literatura encontra-se como início do processo de educação especial, registrado em meados do sec. XVI com a criação de asilos e abrigos de assistência. Estes primeiros esforços de abrigar as pessoas com deficiência foram marcadas pela segregação, onde estes indivíduos ficavam enclausurados, pois fugiam dos padrões de normalidade.
A partir de 1930, a sociedade civil começa a organizar-se em associações de pessoas preocupadas com o problema da deficiência: a esfera governamental prossegue a desencadear algumas ações visando a peculiaridade desse alunado, criando escolas junto a hospitais e ao ensino regular, outras entidades filantrópicas especializadas continuam sendo fundadas ,há surgimento de formas diferenciadas de atendimento em clínicas, institutos psicopedagógigos e outros de reabilitação geralmente particular a partir de 1500, principalmente, tudo isso no conjunto da educação geral na fase de incremento da industrialização do BR, comumente intitulada de substituição de importações, os espaços possíveis deixados pelas modificações capitalistas mundiais. (JANNUZZI, 2004 p.34).
Uma grande lacuna histórica no tocante da educação especial no Brasil teve fim a partir de 1950, com o início efetivo do processo de discussão sobre a educação especial, tornando-se preocupação dos governos com a criação de instituições públicas e privadas, órgãos normativos federais e estaduais e de classes especiais. Na concepção de Buccio e Buccio (2008), a história da educação especial nos reporta necessariamente à história da deficiência, este processo vem como forma de entendimento e compreensão da pessoa portadora de deficiência. Nesse contexto o autor identifica que os indivíduos com deficiência, foram afastados do convívio social, este fator contribuí para a trajetória das pessoas com deficiência ser marcada pela exclusão, pois elas não são consideradas pertencentes à sociedade. “A história da educação especial no Brasil é marcada pelo caráter assistencialista, dentro de uma atitude de segregação e segmentação das deficiências, fato que contribui para o isolamento da vida escolar e social das pessoas com deficiência”. (BUCCIO; BUCCIO, 2008, p. 55.).
Outro marco histórico desse processo foi a criação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), sendo concebida tendo como parâmetro a organização da National Association for Retarded Children dos Estados Unidos da América, que consistia em uma associação de assistência às crianças excepcionais. (BUCCIO; BUCCIO, 2008, p. 56.).
 Outro aspecto importante nesse processo é colocado por Romanelli (2003), o autor apresenta em sua obra uma vasta pesquisa dentro do campo da educação especial, enfatiza que o período entre 1960 e 1968, ficou marcado pela crise da nova Pedagogia e pela articulação de tendência tecnicista, assumida pelo grupo militar e tecnocrata. A educação nessa época passou a ser enfatizada como derivada do projeto de desenvolvimento econômico. Posteriormente em 1971, educação, a escola e o ensino foram concebidos como investimentos, sendo colocada nesse período uma nova ideologia com ênfase na eficácia da produtividade. Estes novos esforços segundo o autor refletiram nas preocupações didáticas da época, reproduzindo o ensino da disciplina à dimensão técnica, afirmando a neutralidade científica dos métodos. 
Sassaki (2002), complementa que no início da década de 70, o movimento de integração social passou a ser a discussão, quando então se intentava a inserção do deficiente na sociedade de uma forma geral.
De longa data, a educação nacional vem mostrando o quanto necessita de mudanças para atender a todos os alunos, garantido o desenvolvimento escolar destes, e comonesse sentido, a vontade política para enfrentar um programa em favor das transformações de qualidade tem sido preferida pela opção por políticas que a um custo que não exija ampliação significativa da participação da educação na renda nacional e no orçamento público, privilegiam intervenções que tem sido compensatórias ou orientadoras para ações que possam mostrar números indicativos e maior acesso e permanência dos alunos no sistema escolar (FERREIRA & FERREIRA, 2004, p.33)
Na década de 1980, inicia-se um vasto estudo literário pertinente ao tema evidencia que, de um modo geral, a prática de integração teve maior impulso, outro ponto de destaque é o surgimento da luta pelos direitos das pessoas portadoras de deficiência. Na década de 1990, o Brasil participa da na Conferência Mundial sobre Educação para Todos na cidade de Jomtien, na Tailândia, nesse momento começa a serem plantadas as primeiras sementes da política de educação inclusiva. Desde 1994 a concepção de educação inclusiva, é substituída em definitivo pelo conceito de educação especial com base na Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994). Nesse documento é ampliado o conceito de necessidade educacional especial, outro aspecto importante é a defesa da necessidade de inclusão dos alunos especiais no sistema regular de ensino, tendo por princípio uma “Educação para Todos”. 
O princípio fundamental desta linha de Ação é de que as escolas devem acolher todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Devem acolher crianças com deficiência e crianças bem dotadas, crianças que vivem nas ruas e que trabalham, crianças de minorias lingüística, étnicas ou culturais e crianças e crianças de outros grupos ou zonas desfavoráveis ou marginalizadas. (UNESCO, 1994, p. 17- 18)
A Constituição de 1988, e posteriormente a LDB de 1996, a educação especial começa a ganhar destaque, saindo da segregação para a prática da inclusão. Estes aspectos serão abordados na secção seguinte. Na visão de Mazzotta (1982), os dispositivos legais servem como sustento as linhas de ação estabelecidas, que tem como ferramenta a política educacional. Constituem na concepção do referido autor, como preceitos a serem respeitados e utilizados, principalmente como ferramentas, na busca por embasar as ações que levem ao cumprimento das determinações contidas nos textos e nas recomendações de organismos internacionais.
5 A INCLUSÃO ESCOLAR NA ATUALIADADE
A inclusão escolar das pessoas com deficiência é sem dúvida um dos maiores desafios encontrados para os profissionais envolvidos com a educação, esse desafio vai além dos professores, transpõem as barreiras da escola e entra na sociedade, no campo de discussão de todos os envolvidos nesse universo. Nessa linha de pensamento, as mudanças sociais são fundamentais para o processo de inclusão. Este trabalho exige um grande esforço de todos os envolvidos, o resultado desse processo é que a escola possa ser vista como um ambiente de construção de conhecimento, deixando de existir a discriminação com as pessoas deficientes. 
A busca por uma sociedade igualitária, por um mundo em que os homens gozem de liberdade de expressão e de crenças e possam desfrutar da condição de viverem a salvo do temor e da necessidade, por um mundo em que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os seres humanos e da igualdade de seus direitos inalienáveis é o fundamento da autonomia, da justiça e da paz mundial, originou a elaboração da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que representa um movimento internacional do qual o Brasil é signatário.(FACION, 2008, p. 55).
O atual cenário da inclusão no século XXI deve estar voltado para o caráter amplo e complexo de sua aplicação. Favorecer a construção ao longo da vida, e todo aluno, independente das dificuldades, contribuindo para seu crescimento enquanto indivíduo social. Para Mills apud Cardoso (2004, p.25) o princípio que rege a educação inclusiva é: “o de que, todos devem aprender juntos, sempre que possível, levando-se em consideração suas dificuldades e diferenças”. Nesse contexto, quando se fala de uma sociedade inclusiva, pensa-se naquela que valoriza a diversidade humana e fortalece a aceitação das diferenças individuais, sendo assim, é dentro dela que se aprende a conviver, contribuir e construir juntos um mundo de oportunidades reais, uma utopia no atual milênio. 
A estabilidade é algo que buscamos frequentemente, pois ela nos dá segurança. Quanto mais conhecemos determinado fato ou assunto, mais nos sentimos seguros diante dele. O novo gera insegurança e instabilidade, exigindo reorganização, mudança. É comum sermos resistentes ao que nos desestabiliza. Sem dúvida, as ideias inclusivas causam muita desestabilidade e resistência (MINETTO, 2008, p. 17).
A proposta da inclusão na atualidade é o aumento das possibilidades de se conseguir progressos significativos desses alunos na escolaridade, por meio da adequação das práticas pedagógicas à diversidade. Mantoan (1998, p. 3) propõe que uma verdadeira” transformação da escola, de tal modo que o aluno tenha a oportunidade de aprender, mas na condição de que sejam respeitados as suas peculiaridades, necessidades e interesses, a sua autonomia intelectual, o ritmo e suas condições de assimilação dos conteúdos curriculares”.Vários são os desafios no que se refere a educação inclusiva, um dentre tantos, é a aposta pela igualdade e a não discriminação. Nesse contexto a garantia de todos a igualmente, o acesso à educação, à participação e à igualdade de deveres e direitos, diminuindo diferenças e contribuindo para a eliminação de preconceitos. 
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pode-se identificar no percurso da pesquisa que a concepção de educação especial sofreu uma considerável evolução, com o passar dos anos a maneira como se vê o indivíduo portador de necessidades especiais, está sofrendo modificações, principalmente de caráter epistemológico. A forma como se aborda o tema, bem como a maneira como a sociedade enxerga as pessoas com deficiência também sofreu modificações, isso pode ser considerado como uma evolução, porém ainda existe um longo caminho a ser percorrido para que tenhamos uma educação de qualidade para as pessoas deficientes. 
Os profissionais envolvidos com o trabalho na Educação Especial precisam estar preparados para o compromisso de educar, como mencionado na Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994, p.2) “o objetivo da Educação para Todos, examinando as mudanças fundamentais e políticas necessárias para desenvolver a abordagem da Educação Inclusiva, nomeadamente, capacitando as escolas para atender todas as crianças, sobretudo as que têm necessidades educativas especiais”. Com base no exposto cabe destacar que no Brasil o caminho a ser percorrido pela educação especial é grande, muito já foi e está sendo feito, porém deve-se ter em mente sempre a busca pela melhora. Mantoan (2005) acrescenta que a escola brasileira é marcada pelo fracasso e pela evasão, considera que uma parte significativa de seus alunos são marginalizados pelo insucesso, por privações constantes e pela baixa auto-estima. Isso é resultante da exclusão escolar e da social – alunos que são vítimas de seus pais, de seus professores e, sobretudo, das condições de pobreza em que vivem, em todos os seus sentidos. 
A escola deve ser entendida como sendo de todos, em seus espaços não deve haver discriminação, todos devem ser tratados independente de sua origem social, e principalmente das suas limitações físicas ou intelectuais. Em um cenário ideal, a escola deve ofertar, para os alunos com déficit de aprendizagem recebem atendimento individualizado, de modo que possam superar suas dificuldades. 
A escola não pode mudar tudo e nem pode mudar a si mesma sozinha. Ela está intimamente ligada à sociedade que a mantém. Ela é, ao mesmo tempo, fator e produto da sociedade. Como instituição social, ela depende da sociedade e, para se transformar, depende também da relação que mantém com outras escolas, com as famílias,aprendendo em rede com elas, estabelecendo alianças com a sociedade, com a população. (GADOTI, 2007, p. 12).
Como coloca Carvalho (1999), a vivência escolar tem demonstrado que a educação especial pode ser favorecida quando observam as seguintes providencias: preparação e dedicação dos professores; apoio especializado para os que necessitam; e a realização de adaptações curriculares e de acesso ao currículo, se pertinentes. Considera-se com base no exposto que o exercício profissional da educação especial deve ser feito de forma holística, com base no atendimento de qualidade as crianças, jovens e adultos que dela dependem. 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo teve como foco principal a abordagem da educação especial, com ênfase no resgate histórico dessa modalidade educacional, utilizando como abrangência geográfica principal o território nacional. Observou-se no decorrer do processo que abrangeu a seleção dos livros, artigos científicos, Dissertações e Teses, que a temática referente a educação especial é amplamente discutida. Outro enfoque relevante foi o conhecimento sobre a legislação que ampara a educação especial e os portadores de deficiência, contribui para que os profissionais envolvidos na educação especial possam ter seus direitos respeitados, além de informar as pessoas portadoras de deficiência e as famílias quais são os seus direitos. 
 Verificou - se que muito do que foi trabalhado em nível de implementação da educação especial, veio com a influência de outros países, com destaque para a Declaração de Salamanca, e da UNESCO, responsáveis pelo escopo inicial do que hoje possuímos sobre educação especial. O Brasil percorreu um longo caminho no que se refere a educação especial, porém esse caminho não chegou ao fim, muito ainda deve ser feito com o objetivo de trazer mais dignidade para as pessoas com deficiência, bem como par aos profissionais que atuam na Educação Especial. 
Com referência ao contexto da escola, e aos profissionais que nela trabalham, a necessidade de uma melhor especialização com base na educação especial torna-se necessária. Verificou-se que mesmo com a Nova LDB de 1996, e com as novas prerrogativas legais no sentido de garantir aos alunos deficientes acesso igualitário a escola, uma longa batalha ainda esta sendo travada. Pois de nada adianta possuir a estutura necessária, o apoio do poder público das organizações como a APAE, se as universidades não formarem profissionais para atuar nessa área. A efetiva qualidade de ensino para os alunos deficientes, se dará com o trabalho de uma equi muldisciplinar, contribuindo para o efetivo ensino e aprendizagem desses indivíduos. 
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� Aluna da Pós Graduaçãoda UNIASSELVI, Pedagoga, formada pela UNIASSELVI. 
� Pedagoga com Habilitação em Educação Especial (UFSC), Especialista em Psicopedagogia Institucional (IBPEX - Curitiba) e Atendimento Educacional Especializado (Universidade Federal do Ceará/MEC). Coordenadora Pedagógica da APAE de Florianópolis e Professora Tutora Externa dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação da UNIASSELVI. E-mail: fabi.garcez@hotmail.

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