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1 Curso: Engenharia Ambiental Disciplina: Química Analítica TÓPICO 2 - Equilíbrio ácido-base Profª. Drª. Elisandra Scapin 2 Equilíbrios Importantes em Química Analítica - 3 Equilíbrio Ácido-base - Dissociação De Ácidos Ácidos e Bases de Brønsted-Lowry Brønsted e Lowry classificaram os ácidos como doadores de prótons e as bases como receptores de prótons. O HCl é um ácido (doador de próton) - aumenta a [H3O +] na água: Essa definição pode ser estendida a solventes não aquosos e igualmente para a fase gasosa: 4 Ácidos e Bases Conjugados 5 pH A constante de autoprotólise para a água tem o símbolo especial Kw, onde o subscrito w significa água (do inglês “water”) Lembre-se de que a H2O (o solvente) éomitido da constante de equilíbrio. O valorde K = 1,0 × 10−14 a 25°C é suficientemente exato para os objetivos deste curso. 6 7 pH é o logaritmo negativo da concentração de H+: 8 9 Ácidos e Bases Fracos Todos os ácidos fracos, representados por HA, reagem com a água doando um próton para a H2O: A constante de equilíbrio é representada por Ka - constante de dissociação do ácido. Ácido fraco - se dissocia apenas parcialmente em água - Ka é “pequeno” para um ácido fraco. Bases fracas, B, reagem com água, retirando um próton da H2O: 10 Ex.: O ácido acético é um ácido fraco típico. Os ácidos carboxílicos em sua maioria são ácidos fracos, e a maioria dos ânions carboxilatos são bases fracas. 11 A metilamina é uma base fraca. As aminas são bases fracas e os íons amônio são ácidos fracos. A “mãe” de todas as aminas é a amônia, NH3. Quando uma base como a CH3NH2 reage com água, o produto é um ácido conjugado - o íon metilamônio é um ácido fraco: O íon metilamônio é o ácido conjugado da metilamina. 12 O cloreto de metilamônio é um ácido fraco porque 1. Ele se dissocia em CH3NH3 + e Cl-. 2. O CH3NH3 + é um ácido fraco, sendo conjugado do CH3NH2, uma base fraca. 3. O Cl- não tem propriedades alcalinas. Ele é conjugado do HCl, um ácido forte. Isto é, o HCl se dissocia completamente. 13 Quanto mais fraco um ácido, menor será sua constante de dissociação. 14 15 Ácidos e Bases Polipróticos Ácidos e bases polipróticos são compostos que podem doar ou receber mais de um próton. Ex.: O ácido oxálico é diprótico, e o íon fosfato é tribásico: 16 17 H2SO3 18 Relação entre Ka e Kb Existe uma relação muito importante entre Ka e Kb para um par ácido-base conjugado em solução aquosa. Podemos obter esse resultado com o ácido HA e sua base conjugada A–. 19 Constantes de Dissociação para Pares Ácido-Base Conjugados 20 Exemplo: Qual o valor de Kb para o equilíbrio? Ka para o HCN= 6,2 10 -10 CN- + H2O HCN + OH - 21 Para um ácido diprótico, podemos obter relações entre cada um dos dois ácidos e suas bases conjugadas: Os resultados finais são: Relação geral entre Ka e Kb Para um ácido triprótico: 22 De uma forma geral: 23 24 25 Constantes de Dissociação para Ácidos Fracos Ex.: Calcule a concentração de íon hidrônio presente em uma solução de ácido nitroso 0,120 mol/L. Se Logo: Como: Tem-se: 26 Qual é a concentração de cada espécie derivada do soluto numa solução de ácido acético 0,50 mol/L? Resolução: Onde Ka = 1,8 x 10 -5 (tabelado) Soluto Concentração Inicial (Mol/L) Variação na concentração (mol/L) Concentração no equilíbrio (Mol/L) HC2H3O2 0,50 -X 0,50 - X H+ 0 +X X C2H3O2 - 0 +X X 27 Como o ácido é bastante fraco (Ka pequeno) admitimos que o número de mols de ácido dissociados por litro é pequeno em comparação com o número de mols presentes: Se x << 0,50 então: e confirmando que a suposição é correta temos: 28 → Se não temos certeza da força do ácido, podemos resolver o problema de outra forma: 29 Ex.: Calcule a concentração de íon hidrônio em uma solução de cloreto de anilina, C6H5NH3Cl, 2,0x10 -4 mol/L. Em solução aquosa a dissociação do sal para formar Cl- e C6H5NH3 + é completa: 30 Ou: Considerando que: 31 Ex.: Calcule a concentração de íons hidróxido presentes em uma solução de NH3 0,075 mol/L. NH4 + e NH3 são provenientes da solução de concentração 0,0750 molL-1. Logo [NH4 +] + [NH3] = cNH3 = 0,0750 molL -1 Substituindo [NH4 +] por [OH-] e reescrevendo: [NH3] = 0,0750 molL -1 – [OH-] 32 E considerando: 33 Ex.: Suponha que 0,10 mol de NH3 é adicionado a 1 litro de NaOH 0,10 mol/L. Qual é a concentração de íons NH4 + se o volume de solução permanece inalterado? → → -Se x << 0,10, então (0,10 + x )~ 0,10 -A suposição foi justificada, assim: 34 Considerando: Calcule o pH de uma solução de 0,20 mol/L de HCN. (Ka para o HCN é 4,9 x 10-10) 35 Ácidos e Bases Fortes O que pode ser mais simples do que calcular o pH de uma solução de HBr 0,10 M? O HBr é um ácido forte, de modo que a reação ocorre de forma completa, e a concentração de H3O + é 0,10 M. Assim: Como calcular o pH de uma solução de KOH 0,10 M? O KOH é uma base forte (ele está completamente dissociado), logo [OH−] = 0,10 M. Se Kw = [H+][OH−] 36 De uma forma muito simples: O Dilema Até agora, tudo parece bem simples. Entretanto, podemos perguntar: “Qual é o pH de uma solução de KOH 1,0 × 10−8 M?” Entretanto, como a base KOH pode produzir uma solução ácida (pH < 7)? Isso é impossível. 37 A Solução do Problema Obviamente, existe alguma coisa errada: não consideramos a contribuição dos íons OH− provenientes da dissociação da água. Na água pura, [OH−] = 1,0 × 10−7 M - é maior que a quantidade de KOH adicionada à solução. Recorrendo ao tratamento sistemático do equilíbrio: 38 39 Porém é necessário ter alguns cuidados Existem 3 regiões distintas: 1. Quando a [conc.] é “alta” (≥10−6M), o pH é calculado considerando-se apenas o H+ ou OH− adicionado. Isto é, o pH de uma solução de KOH 10−5 M é 9,00. 2. Quando a [conc.] é “baixa” (≤ 10−8 M), o pH é 7,00. Não adicionamos ácido ou base suficiente para afetar significativamente o pH da própria H2O. 3. Em [conc.] intermediárias de 10−6 a 10−8M, os efeitos da dissociação da H2O e do ácido, ou da base, adicionado são equivalentes. Valores de pH, calculados para concentrações diferentes de uma base forte ou de um ácido forte, dissolvidos em água. 40 Somente na região 3 (10−6 a 10−8M) é necessário fazer um cálculo de equilíbrio sistemático. A região 1 é o único caso prático. A menos que você consiga proteger uma solução de KOH 10−7 M do contato com o ar, o pH da solução será controlado pelo CO2 dissolvido, e não pelo KOH. Valores de pH, calculados para concentrações diferentes de uma base forte ou de um ácido forte, dissolvidos em água. Grau de dissociação: O grau de dissociação, α, é a fração do ácido que se encontra na forma de A-: Exemplo: Fração de Dissociação de um ácido: Para o ácido o-hidróxibenzóico 0,050 M, tem-se: Isto é: o ácido está 14% dissociado numa concentração formal de 0,050M. 42 Tampões: Um tampão consiste em uma mistura de um ácido e sua base conjugada. É preciso ter quantidades comparáveis de ácido e base conjugados para exercer uma ação tamponante significativa. Uma solução tamponada resiste a mudança de pH quando ácidos ou bases são adicionados ou quando ocorre uma diluição. 43 Equação de Henderson-Hasselbalch A equação central para tampões é a Equação de Henderson- Hasselbalch: uma forma rearranjada da expressão da constantede equilíbrio Ka. pH pKa Equação de Henderson-Hasselbalch: 44 A Equação de Henderson-Hasselbalch nos mostra o pH de uma solução, desde que saibamos a razão entre as concentrações do ácido e da base conjugados, bem como o pKa do ácido. Se uma solução é preparada a partir da base fraca B e de seu ácido conjugado a equação é análoga: Ex.: “tris” = tris(hidroximetil)aminometano. pKa aplica-se a este ácido “tris” 45 Como o Ka do ácido fórmico é muito maior que o Kb do formiato a solução é ácida e o Ka vai determinar a [H3O +], logo: Substituindo na equação: Observe que as suposições: [H3O +] cHCOOH e que [H3O +] cHCOO- são válidas, logo: pH = -log( 7,20 x 10-5) = 4,14 Exemplo: Qual o pH de uma solução que é 0,400 molL-1 em ácido fórmico e 1,00 molL-1 em formiato de de sódio. 1,0 0,4 46 Hipoclorito de sódio (NaOCl), o ingrediente ativo de quase todos os alvejantes, foi desenvolvido em uma solução tamponada em pH 6,20. Encontre a razão [OCl-]/[HOCl] nesta solução. pKa = 7,53 para o ácido hipocloroso, HOCl 47 Exemplo: encontre o pH de uma solução preparada pela dissolução de 12,43g de tris (PM 121,136) mais 4,67g de tris cloridrato (PM 157,597) em 1L de água. 1) Calcular as concentrações de B e BH+: [B]= 12,43g/121,136mol= 0,1026M [BH+]= 4,67g/157,597mol= 0,0296M Calculando temos: pH = pKa + log ([B]/[BH+]) = 8,075 + log(0,1026/0,0296)= 8,61 48 Em uma solução tampão, o volume da solução é irrelevante, porque o volume é cancelado no numerador e no denominador do termo logaritmo. Ex.: Se adicionarmos 12mL de HCl 1,00M à solução usado no exemplo anterior, qual será o novo pH? -Qdo um ácido forte á adicionado a uma base fraca, ambos reagem completamente para produzir BH+ - n°mol de HCl: M(mol/L) x V(L) = 1mol/L x 0,012L = 0,012mol de H + 49 O exemplo mostra que o pH de um tampão não se modifica muito quando é adicionada uma quantidade limitada de um ácido ou base forte. -Esta qtidade de H+ consumirá 0,012 mol de B para criar 0,012mol de BH+: B + H+ BH+ Tris do HCl Número de Moles iniciais: 0,1026 0,0120 0,0296 Número de Moles finais: 0,0906 - 0,0416 (0,1026 - 0,0120) (0,0296 + 0,0120) pH = pKa + log N° de moles de B N° de moles de BH+ pH = 8,075 + log 0,0906 0,0416 = 8,41 50 Um tampão resiste a mudanças de pH porque o ácido ou a base forte é consumido por B ou BH+. Por exemplo: -Se adicionarmos HCl ao tris, B será convertido em BH+. -Se adicionarmos NaOH ao tris, BH+ será convertido em B. Quantos mililitros de NaOH 0,50 M devem ser adicionados a 10,0 g de tris cloridrato para alcançar um pH de 7,60 em um volume final de 250 ml? Nº de moles de tris cloridrato = 10/157,596 = 0,063 52 Referências Bibliográficas: 1. HARRIS, D. C. Análise Química Quantitativa. 8ª Edição., Rio de Janeiro, Editora Livros Técnicos e Científicos S. A., 2012. 2. SKOOG, D. A.; West, D. A.; Holler, F. J.; Crouch, S. R.; Fundamentos de Química Analítica, 9ª Edição, Editora Thomson, 2014. 3. VOGEL, A. I. Analise Química Quantitativa. 6 ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos. 2002. 4. BACCAN, N. Química Analítica Quantitativa Elementar. São Paulo: Edgard Blücher. 2001.
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