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BIOSSEGURANÇA DA CADEIA DE ALIMENTOS

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BIOSSEGURANÇA 
DA CADEIA DE 
ALIMENTOS
Professor Dr. Gustavo Affonso Pisano Mateus
Professora Dra. Maria Fernanda Francelin Carvalho
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Acesse o seu livro também disponível na versão digital.
http://https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/827
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; MATEUS, Gustavo Affonso Pisano; CARVALHO, Ma-
ria Fernanda Francelin. 
 
 Biossegurança da Cadeia de Alimentos. Gustavo Affonso Pi-
sano Mateus; Maria Fernanda Francelin Carvalho. 
 Maringá-Pr.: Unicesumar, 2019. 
 208 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Biossegurança 2. Cadeia . 3. Alimentos 4. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-1909-4
CDD - 22 ed. 344.81
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
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Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
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Pró-Reitor de Ensino de EAD
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Presidente da Mantenedora
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NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
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Kátia Coelho
Diretoria de Permanência 
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Head de Curadoria e Inovação
Tania Cristiane Yoshie Fukushima
Gerência de Produção de Conteúdo
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Gerência de Projetos Especiais
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Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
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Supervisão de Produção de Conteúdo
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Coordenador de Conteúdo
Maria Fernanda Francelin Carvalho
Designer Educacional
Bárbara Neves 
Patrícia Peteck
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Ilustração Capa
Bruno Pardinho
Editoração
Flávia Thaís Pedroso
Qualidade Textual
Meyre Barbosa
Ilustração
Marta Kakitani
Welington Vainer Satin de Oliveira
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos 
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e 
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos 
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: 
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, 
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos 
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e 
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por 
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma 
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos 
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos 
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades 
de todos. Para continuar relevante, a instituição 
de educação precisa ter pelo menos três virtudes: 
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de 
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam 
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes 
áreas do conhecimento, formando profissionais 
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal 
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual 
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Crian-
do oportunidades e/ou estabelecendo mudanças 
capazes de alcançar um nível de desenvolvimento 
compatível com os desafios que surgem no mundo 
contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógi-
ca e encontram-se integrados à proposta pedagógica, 
contribuindo no processo educacional, complemen-
tando sua formação profissional, desenvolvendo com-
petências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos 
em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no 
mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm 
como principal objetivo “provocar uma aproximação 
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o 
desenvolvimento da autonomia em busca dos conhe-
cimentos necessários para a sua formação pessoal e 
profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fó-
runs e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe 
das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma 
equipe de professores e tutores que se encontra dis-
ponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em 
seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe 
trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória 
acadêmica.
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Professor Dr. Gustavo Affonso Pisano Mateus 
Possui Doutorado e Mestrado em Biotecnologia Ambiental pela Universidade 
Estadual de Maringá (UEM), Especialização em Docência no Ensino 
Superior e Análise Ambiental (Unicesumar) e Graduação em Ciências 
Biológicas (Unicesumar). Possui experiência na área de Fitossanidade e 
desenvolvimento de produtos Biotecnológicos aplicados ao tratamento de 
água e efluentes, em especial com os temas: processos de separação por 
membranas, nanotecnologia e coagulantes naturais. Atualmente é professor 
e coordenador de cursos na EAD UNICESUMAR.
http://lattes.cnpq.br/1379816809384173
Professora Dra. Maria Fernanda Francelin Carvalho
Doutora e Mestre em Ciência de Alimentos e graduada em Engenharia de 
Alimentos, todos pela Universidade Estadual de Maringá. Coordenadora de 
Curso de Graduação na Unicesumar. Atuou como Técnico de Ensino Pleno e 
consultor técnico na empresa Senai, ministrando aulas nos cursos técnicos 
em Biotecnologia e Química, cursos de aprendizagem industrial no setor 
sucroalcooleiro, assim como cursos in company, conforme necessidade 
da empresa, nas áreas de alimentos, química, gestão e de acordo com a 
necessidade da empresa. Tem experiência técnica nas áreas industriais de 
controle de qualidade e produção. Conhecimentos em Ferramentas de 
qualidade, 5S, PDCA, espinha de peixe e gerenciamento da rotina do dia a 
dia, BPF, HACCP e ISOs e demais ferramentas de gestão do ramo de alimentos.
http://lattes.cnpq.br/7093544315248478
SEJA BEM-VINDO(A)!
Saudações, caro(a) aluno(a)!
Esta obra tem por finalidade contextualizar e apresentá-lo(a) a alguns conceitos básicos 
voltados à biossegurança da cadeia de alimentos. Você já refletiu sobre a necessidade 
de procedimentos e princípios básicos para garantir a Biossegurança nas diferentes ca-
deias de alimentos? Pois bem, existe a necessidade de explorarmos essa temática em 
função da saúde e seguridade alimentar que se fazem necessários no manuseio e pro-
dução de alimentos.
Para compreendermos a necessidade e a origem do advento tecnológico na produção 
de alimentos, a primeira unidade, intitulada Produção de Alimentos e o Aumento da De-
manda de Produtividade, aborda a relação entre a produção de alimentos, os desafios, as 
perspectivas e indica alguns números relativos à fome, no Brasil e no Mundo.
Ao pensarmos em biossegurança e em Fundamentos Biotecnológicos, imediatamen-
te, somos remetidos a ambientes laboratoriais com procedimentos complexos e muito 
tecnológicos. De fato,essa parcela de conteúdo existe neste material e nesta disciplina, 
porém, em um breve histórico acerca desses fundamentos biotecnológicos em nossa 
segunda unidade, mostra-nos que o homem já manipula a natureza e as características 
de interesse de seus componentes há muito tempo. Historicamente, bioprocessos sim-
ples e relevantes para o desenvolvimento da humanidade foram dominados e aprimo-
rados, ainda que não houvesse compreensão total dos fenômenos envolvidos, como foi 
o caso dos processos de fermentação.
Já a terceira unidade aproxima-nos, de fato, da atuação da biotecnologia nas diferentes 
cadeias produtivas, dando ênfase nas modificações genéticas observadas em células 
vegetais, visto que as cadeias produtivas vegetais são responsáveis por uma parte sig-
nificativa da economia e da alimentação da população mundial. Logo, a relação biotec-
nologia e agricultura é muito relevante. Ainda, essa unidade aborda as legislações que 
regulamentam e atuam de forma direta sobre a Biossegurança em âmbito Nacional.
A quarta unidade, que recebe o nome de Normas sobre Biossegurança na cadeia de ali-
mentos, discute, além das questões legislativas sobre a perspectiva dos direitos do con-
sumidor, no que tange a risco, informações e rotulagem, além da relação entre a Biosse-
gurança e a Bioética.
Por fim, a quinta e última unidade do material aborda os princípios da engenharia gené-
tica, contemplando a modificação de microrganismos e animais, além da produção de 
subprodutos oriundos dos transgênicos, abordando sobretudo princípios da avaliação 
de riscos associados à sua utilização e manipulação.
Desta forma, esse material pretende contribuir de forma breve com conceitos básicos acerca 
da biossegurança na cadeia de alimentos e todas as temáticas por esse assunto contempladas.
Boa leitura!
APRESENTAÇÃO
BIOSSEGURANÇA DA CADEIA DE ALIMENTOS
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E O AUMENTO DA DEMANDA DE 
PRODUTIVIDADE
15 Introdução
16 Crescimento Populacional x Alimentação e suas Implicações 
21 Números sobre a Fome no Brasil e no Mundo 
25 Perspectivas e Desafios no Combate à Fome 
32 O Papel da Biotecnologia como Proteção a Segurança Alimentar 
36 Considerações Finais 
42 Referências 
44 Gabarito 
UNIDADE II
FUNDAMENTOS BIOTECNOLÓGICOS
47 Introdução
48 Introdução à Biotecnologia 
54 Tecnologia do DNA 
67 Bioprocessos 
82 Considerações Finais 
88 Referências 
90 Gabarito 
SUMÁRIO
10
UNIDADE III
A BIOTECNOLOGIA E AS DIFERENTES CADEIAS PRODUTIVAS
93 Introdução
94 Introdução à Biotecnologia e as Diferentes Cadeias Produtivas 
100 Legislação Aplicada à Biossegurança Nacional 
109 Biotecnologia e Agricultura 
115 Considerações Finais 
121 Referências 
123 Gabarito 
UNIDADE IV
NORMAS SOBRE BIOSSEGURANÇA NA CADEIA DE ALIMENTOS
127 Introdução
128 Legislação Pertinente 
138 Direitos do Consumidor - Informação, Risco e Rotulagem 
140 Biossegurança e Bioética 
143 Considerações Finais 
150 Referências 
152 Gabarito 
SUMÁRIO
11
UNIDADE V
PRINCÍPIOS DE ENGENHARIA GENÉTICA
155 Introdução
156 Fundamentos de Engenharia Genética 
178 Animais Transgênicos 
188 Princípios Gerais da Avaliação de Riscos 
199 Considerações Finais 
205 Referências 
207 Gabarito 
208 CONCLUSÃO
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Professor Dr. Gustavo Affonso Pisano Mateus
Professora Dra. Maria Fernanda Francelin Carvalho
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS 
E O AUMENTO DA DEMANDA 
DE PRODUTIVIDADE
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Conhecer a relação do crescimento populacional em relação à distribuição 
de alimentos e a diferença entre a produção de alimentos.
 ■ Exemplificar com dados o desenvolvimento populacional e alimentar 
perspectivas.
 ■ Conhecer como a ciência pode auxiliar no combate à fome.
 ■ Conhecer os cuidados por trás dos melhoramentos tecnológicos.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Crescimento Populacional x Alimentação e suas implicações 
 ■ Números sobre a fome no Brasil e no Mundo
 ■ Perspectivas e Desafios no combate à fome
 ■ O papel da Biotecnologia como proteção a Segurança Alimentar
INTRODUÇÃO
Olá, caro (a) aluno (a), tudo bem?
É com grande alegria que iniciamos nossos estudos a respeito da segurança 
alimentar de forma mais crítica e científica. Neste momento, começaremos a 
desvendar muitas lendas que foram se formando ao longo dos tempos em volta 
da forma de se produzir a alimentação.
Nesta primeira unidade, quero compartilhar com vocês alguns dados que 
foram sendo coletados ao longo da última década, como uma forma de com-
preendermos o quão importante e fundamental a tecnologia é neste ramo. Vale 
também salientarmos que, neste processo, muitas barreiras e paradigmas devem 
ser deixados de lado, e um senso crítico deve ser construído quando nos apro-
fundamos em assuntos mais polêmicos e que, talvez, possam ir contra algumas 
crenças e modelos produtivos que hoje vêm tomando espaço.
Sabemos que os modelos produtivos atuais possuem embasamentos que, 
muitas vezes, não são saudáveis ao meio ambiente, mas que se fazem necessá-
rios em alguns momentos para que atendam à demanda. Contudo devemos ter 
olhos abertos e mente ampla para vislumbrarmos, por meio da ciência, novos 
caminhos mais sustentáveis.
Gostaria, também, que ficasse claro que todas as informações que aqui se 
encontrarem são científicas e dados reais e, por serem neste formato, quando 
falamos de biotecnologia e ciência de alimentos de uma forma geral, todas são 
mutáveis a todo instante, pois esta é uma área muito estudada e de muita melho-
ria contínua, que levam à flutuação de dados. Esta é uma informação a que vocês, 
talvez, estejam habituados, pois as notícias aparecem nas mídias e, em pouco 
tempo, já são obsoletas e apresentando informações, talvez, até contrárias aos 
dados anteriores, e assim por diante.
Gostaria que, com esta disciplina, assim como no decorrer de todo o curso, 
possamos saber filtrar todas essas informações e nos munir de conhecimento 
para que possamos ser defensores da ciência em prol da dissipação da informa-
ção correta.
Vamos nesta jornada!
Introdução
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PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E O AUMENTO DA DEMANDA DE PRODUTIVIDADE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E16
CRESCIMENTO POPULACIONAL X ALIMENTAÇÃO E 
SUAS IMPLICAÇÕES
Quando pensamos no globo terrestre, começamos a pensar em toda a popula-
ção que nele habita, como se distribui e como vive. Quando aprofundamos mais 
esta observação, começamos a avaliar a respeito de seu crescimento, demografi-
camente, para que possamos avaliar os sistemas de gestão para a sobrevivência 
destas pessoas e qualidade de vida.
Para podermos estudar este assunto, sem dúvida alguma, teremos que falar 
de dados mundiais que são, constantemente, coletados como forma de acompa-
nhamento do desenvolvimento populacional e, assim, participar de programas 
de sustentabilidade. O principal órgão que possui dados completos e confiá-
veis é a Organização das Nações Unidas (ONU), que publicou os últimos dados 
revisados do ano de 2017. Nesta Revisão, obtiveram os dados de que era uma 
população mundial de 7,6 bilhões, que sendo avaliado com dados já possuído 
pela instituição, chegou-se à conclusão que, ao longo dos últimos doze anos, a 
população aumentou em um bilhão de habitantes. 
Crescimento Populacional x Alimentação e suas Implicações
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Neste estudo, também foi possível fazer a estratificação demográfica, ou seja, 
distinguir quantos habitantes vivem em cada continente, com a finalidade de se 
poder observar a densidade demográfica, ou seja, saber quantas pessoas vivempor metro quadrado de terra. Sendo assim, os dados encontrados mostraram 
que sessenta por cento estão vivendo na Ásia, dezessete por cento na África, 
dez por cento na Europa, nove por cento na América do Latina e no Caribe e 
os outros seis por cento na América do Norte e na Oceania. Os números exatos 
estão apresentados na Tabela 1 a seguir, uma tabela de fonte do próprio estudo 
de revisão (ONU, 2017, on-line)1.
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Mundo África Ásia Europa Américalatina e
Caribe
América
do norte Oceania
Figura 1 - População do Mundo e Regiões, 2017, 2030, 2050 e 2100, de acordo com a Projeção Média-variante
Fonte: United Nations (2017, on-line)1.
A Figura 1 também nos possibilita visualizar uma projeção que a própria agên-
cia relaciona a uma prospecção de crescimento populacional para os próximos 
anos, com base em dados presentes em seus bancos de estudo de crescimento 
e comportamento populacional. Não há dúvidas de que até o ano de 2100 a 
população mundial alcance cerca de 11 bilhões de pessoas, um aumento de, 
aproximadamente, 45% em relação ao número que temos nos dias atuais. Este 
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E O AUMENTO DA DEMANDA DE PRODUTIVIDADE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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número, por mais expressivo que seja, também é um resultado de trabalho de 
desenvolvimento e mudança na maneira da vida das pessoas, pois dados de anos 
anteriores mostraram que, há dez anos, a taxa de crescimento anual populacio-
nal era de 1,24%, ao passo que os últimos dados mostram que esta caiu para 
1,10% (ONU, 2017, on-line)2.
Todas essas pessoas espalhadas pelo globo trazem exigências em várias 
esferas, como habitação, energia e alimentação; sendo assim, muitos órgãos são 
responsáveis por acompanhar o desenvolvimento em cada uma das áreas de 
preocupação. A FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a 
Agricultura), no ano de 2015, fez um levantamento de dados, mostrando que, 
aproximadamente, 805 milhões de pessoas não possuem possibilidade de se ali-
mentar, pelo simples fato de não haver alimentos em quantidades mínimas para 
manterem sua saúde e, assim, terem uma vida ativa.
Vale também avaliarmos que as perspectivas de crescimento postulacional 
são apenas previsões, podendo haver variações, como ocorreu com um estudo 
da ONU de 2012, que previa a população mundial atingir 8 bi, próximo ao ano 
de 2024. Estamos em 2019, e os estudos de revisão de 2017 mostraram já uma 
população de 7,6 bi.
Toda essa população tem crescido e possui inúmeras necessidades bási-
cas, entre elas a alimentação. Esta demanda requer, entre muitos fatores, espaço 
para o plantio, além da boa produtividade das sementes e outros tantos deta-
lhes. Além do plantio e da colheita, tem-se o desafio de se utilizar os terrenos de 
plantio para que se produza alimentos e, caso todos estes pontos sejam positivos 
e o resultado favorável, ainda nos deparamos com o grande desafio de distri-
buir esse alimento de maneira igualitária e de acordo com a necessidade de cada 
país, para que todo esse alimento produzido chegue às pessoas que sentem fome.
Assim como citamos anteriormente, as estimativas dos órgãos envolvidos, 
como a ONU, o crescimento da fome no mundo tornou-se maior do que o ima-
ginado nos levantamentos feitos pela organização com dados divulgados no 
ano de 2015. Aproximadamente, 80 milhões de pessoas estavam em situação 
de desnutrição, e esse número passou para 108 milhões nos dados levantados e 
Crescimento Populacional x Alimentação e suas Implicações
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divulgado no ano de 2017. Em apenas três anos, quase 30 milhões de pessoas a 
mais passando fome ao redor do globo (ONU-BR, 2017, on-line)1.
De qualquer forma, a população aumentará. Estamos falando de taxa de nata-
lidade e, por mais que países desenvolvidos, como a Europa, tenham este índice 
muito baixo, os subdesenvolvidos e os em desenvolvimento continuam contri-
buindo para este aumento. E ainda não ressaltamos o fato de que a expectativa 
de vida das pessoas aumentou e deve continuar aumentando. Logo, mesmo a 
taxa de natalidade sendo mais baixa, o número de pessoas vivendo sobre a terra 
permanece aumentando.
Todos estes cenários culminam para o mesmo problema, não importando se 
estamos falando de maior número de nascimentos ou de um menor número de 
óbitos, afinal, todos levam à maior utilização dos recursos naturais. As empresas 
Global Footprint Network (GFN) e World Wide Fund for Nature (WWF) divul-
garam um relatório mostrando que a humanidade possui uma demanda anual 
superior à capacidade que a natureza possui de se renovar naturalmente, e cha-
maram de pegada ecológica. Este trabalho mostrou que, hoje, precisamos de um 
planeta e meio para poder suprir as necessidades da população.
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1960 1980 2000 2020 2040 2060 2080 2100
A biocapacidade deverá cair 
até o nível da produtividade 
de 1951 ou abaixo no caso de 
o excedente continuar a 
aumentar.
Este declínio pode se acelerar 
à medida que a dívida 
ecológica cresce, e estas 
perdas de produtividade 
podem se tornar irreversíveis.
Dívida ecológica
acumulada
1951-2003
Pegada Ecológica
Biocapacidade
2003-2100, cenário de referência moderado
Pegada Ecológica (para 2050)
Biocapacidade
Figura 2 - Comparativo da necessidade de recursos naturais e disponibilidade
Fonte: World Wild Foundation (2006, p. 24).
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E O AUMENTO DA DEMANDA DE PRODUTIVIDADE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E20
Todo este cenário leva a grandes preocupações, pois todas as projeções de cres-
cimento populacional mostram-se superiores ao aumento nas projeções de 
produção de alimentos. Com o aumento de pessoas, há o aumento de terras 
gastas nas expansões territoriais urbanas juntamente com restrições na utili-
zação de terras rurais para o plantio de alimentos (SAATH, 2018). A FAO, em 
2013, divulgou que as áreas agrícolas disponíveis estão concentradas em poucos 
países, sendo que 90% das terras passíveis de expansão para exploração encon-
tram-se na América Latina e África. O mesmo relatório mostra que países como 
EUA e China não possuem mais esta possibilidade (FAO, 2013) - se retomar-
mos a Figura 1 que vimos no início da unidade, podemos nos lembrar de que a 
China tem uma densidade populacional elevada, pois está em uma região com 
um número elevado de habitantes.
Tendo em vista este cenário de falta de espaço, as buscas por alternativas tec-
nológicas se tornam as formas mais viáveis de tentar solucionar, ou ao menos 
minimizar os danos que a falta de alimentos produz. Pois, segundo a FAO (2009), 
o formato atual de produção já esgotou suas possibilidades de desempenho, além 
das condições atuais climáticas, que se alteraram grandemente no decorrer dos 
anos, modificando as necessidades dos sistemas de plantio. Contudo todo este 
debate possui muitas facetas e a cada dia aparecem novos dados para que haja 
mudanças no perfil dos produtores e dos consumidores, o que é importante 
sabermos, e, dentro deste mercado, devemos estar atentos às necessidades tanto 
da população quanto do planeta, buscando sempre um equilíbrio.
Números sobre a Fome no Brasil e no Mundo 
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NÚMEROS SOBRE A FOME NO BRASIL E NO MUNDO 
Em relação à palavra fome, em termos de população mundial, deparamo- nos 
com um cenário de desnutrição alinhado àssituações de subalimentação que 
ocorrem ao redor do globo. Dados da FAO (2018), no ano de 2017, esta condição 
pode ter alcançado marcas de 10,9% da população. Estas condições encontram-
-se, principalmente, em regiões fragilizadas por inúmeras formas de sofrimento, 
como zonas de conflito de guerras, condições climáticas e também condições 
adversas da economia, como vem acontecendo nos últimos tempos.
Como podemos perceber, há vários índices para definirem, de forma abran-
gente, a condição de sobrevivência de uma pessoa em condições de pobreza ou 
pobreza extrema. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e 
Alimentação (FAO), a definição é sobre a quantidade de calorias diárias ingeridas 
por meio de seus rendimentos, no caso, seria uma dieta que seja capaz de forne-
cer 1750 calorias/dia e, segundo a Comissão Econômica para a América Latina 
e o Caribe (CEPAL), é a capacidade de obter 2200 calorias diárias. A ONU con-
sidera pobre a pessoa que possui renda de US$ 1,25 por dia; a União Europeia 
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E O AUMENTO DA DEMANDA DE PRODUTIVIDADE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E22
considera que uma pessoa está na linha de pobreza se ganhar 60% em relação à 
renda média do país, na Dinamarca seria quem possui uma renda igual ou infe-
rior a 2.500,00 reais.
Com tantas diferenças, podemos perceber que os países subdesenvolvidos 
ou em desenvolvimento possuem a linha de pobreza diretamente ligada à taxa 
de consumo de calorias diárias, tornando a insegurança alimentar um fator ine-
rente à condição de pobres e pobreza extrema.
Se observarmos a Figura 2, retirada do relatório da FAO (2018), podemos 
perceber que, desde o ano de 2015, tem havido um aumento no índice em situ-
ação de insegurança alimentar por falta de alimentos em quantidade suficiente 
no mundo, um dado alarmante, uma vez que esse índice se encontrava em um 
decrescente até então.
Se a região avaliada for a América do Sul e algumas regiões da África, esta 
última permanece sendo o continente que apresenta números mais elevados em 
relação à desnutrição e à fome, tendo, aproximadamente, 256 milhões de pessoas 
nesta situação. Na América do Sul, cerca de 5,0% da população vivem em condi-
ções subumanas, tornando a desnutrição uma realidade diária. Essas condições 
desencadeiam em outros índices de avaliação populacional, que interferem dire-
tamente no desenvolvimento das comunidades afetadas. Alguns dados mostram 
a relação de mulheres anêmicas em idade de atuação no mercado de trabalho, 
ocorrendo em uma em cada três mulheres, consequência direta da dieta con-
sumida diariamente.
Podemos verificar alguns índices que dizem respeito ao reflexo da desnu-
trição, como:
 ■ Emaciação
Este dado trata, diretamente, do número de crianças com desnutrição, ou 
seja, que passam fome no mundo. No ano de 2017, ao todo, 7,5% das crian-
ças com menos de cinco anos, ou seja, aproximadamente, 50,5 milhões 
estão em estado de desnutrição aguda, o que leva ao baixo peso, assim 
como a falta de desenvolvimento de estatura, levando-as a uma condição 
de risco de morte superior às demais. Estudos feitos no ano 2013 mostra-
ram que cerca de 875.000 mortes de crianças inferiores a cinco anos de 
idade tiveram relação direta com a condição de desnutrição aguda, sendo 
Números sobre a Fome no Brasil e no Mundo 
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que cerca de 7,4% destas, o que representa, aproximadamente, 516.000 
mortes foram causadas pela desnutrição aguda grave.
 ■ Sobrepeso infantil e obesidade adulta
Estudos revelam que a proporção de crianças com peso acima do ideal 
está estagnada desde o ano de 2012, em um percentual próximo a 5,5%, 
o que representa, em números gerais, 38,3 milhões de crianças. Um dado 
curioso é que 25% destas se encontram na África e 46% nas Ásia.
Quando tratamos deste assunto em relação a adultos, o quadro é pior, uma 
vez que seu número vem aumentando, como no estudo de 2012, em que o 
índice era de 11,7%, saltando para 13,2% no estudo feito no ano de 2017. 
Isso quer dizer que, aproximadamente, um a cada oito adultos está em situ-
ação de obesidade, sendo que a sua grande maioria se encontra na América 
do Norte. Vale lembrar que o índice de crescimento nesta região é superior 
ao do restante do globo, evidenciando a falta de parcimônia com a alimen-
tação, pois nestes locais pode não haver desnutrição em quantidades, mas, 
com certeza, há déficit de nutrientes essenciais de uma boa dieta.
 ■ Os custos da desnutrição
Quando se trata de desnutrição, muitos fatores englobam esta proble-
mática. Como já mencionado, percebe-se o baixo crescimento estatural 
destas regiões, porém pudemos ver que os índices mostraram que, mesmo 
havendo a desnutrição, juntamente houve a obesidade, formando comuni-
dades com elevados níveis de nanismo. Esta simbiose entre este parâmetro 
acomete uma dose extra de problemas no sistema de saúde, provenientes 
da desnutrição, pois esta parcela é amplamente afetada por deficiências 
nutricionais de micronutrientes, vitaminas e minerais. Esta condição pode 
ser conhecida por “fome oculta” e, além desta problemática, há também 
os índices de anemia em idade reprodutiva, outro fator de risco que evi-
dencia a falta de nutrientes (FAO, 2018).
No Brasil, o índice de pessoas vivendo na faixa de extrema pobreza está 
na casa de 7,4%, com dados levantados, no ano de 2017 (IBGE, 2018, 
on-line)3, o que equivale à quantidade de 13,5 milhões de pessoas. O mais 
impressionante é que, de acordo com o Banco Mundial, estas pessoas vivem 
com uma renda inferior a US$ 1,90 por dia, ou seja, R$ 140,00 por mês.
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Com esta condição de vida, a pesquisa pode evidenciar que cerca de 27 
milhões de pessoas, cerca de 13% da população brasileira, vivem em casas 
com características físicas inadequadas ou em condições de ocupação ou 
acesso a serviços de forma inadequada, o que demonstra uma densidade 
demográfica elevada com mais de três moradores por dormitório. O estudo 
pode citar, também, que as condições são mais desfavoráveis quando se 
trata da região nordeste (IBGE, 2018, on-line)3.
Por nosso país ter proporções continentais, os índices podem variar, subs-
tancialmente, de acordo com a região. Para a análise de coleta de lixo, por 
exemplo, no Amapá, 18,5% da população não possui coleta, enquanto 
Santa Catarina possui um índice de 1,6% e, no Maranhão, 32,7% da popu-
lação não possui este serviço. Isto mostra que para todos os índices há 
uma grande diferença quando avaliamos regiões diferentes.
O Brasil havia saído do mapa da pobreza 
O gráfico é resultado do processamento de microdados de Pnads Con-
tínuas (a partir de 2012) e de Pnads de 1992 a 2011. As Pnads não são 
feitas nos anos em que são realizados os censos demográficos. Entre di-
versas metodologias que apresentam números muito próximos, adota-
-se mais frequentemente aquela seguida pelo programa Bolsa Família. 
A população em situação de extrema pobreza é aquela com rendimento 
domiciliar per capita de até R$ 70,00; e a população em situação de 
pobreza é aquela com rendimento de até R$ 140,00. Dados de junho de 
2011, deflacionados/inflacionados pelo INPC para os meses de referên-
cia de coleta da Pnad (Domenici, 2018, on-line)4.
De acordo com fontes do IBGE, percebe-se que, no território nacional, 
26,5% da população nacional encontra-se em alguma das condições defi-
nidas como pobreza. Vemos, claramente, as condições de desigualdade 
perante o território, onde a grande maioria se encontra nas regiões norte 
e nordeste. Este sempre foi um grande desafio, pois estas regiões possuem 
condições climáticas desfavoráveis, assim como também uma população 
com menoresoportunidades de trabalho, estudo e condições de vida. Já 
discutimos, aqui nesta unidade, que situações de desnutrição acarretam 
muitas outras interferências no desenvolvimento de crianças nestas con-
dições; estes fatores interferem, diretamente, no potencial competitivo 
e, consequentemente, nas condições de melhoria de vida dessas pessoas.
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PERSPECTIVAS E DESAFIOS NO COMBATE À FOME 
Segundo dados da FAO (2017), em, aproximadamente, dez anos, a produção 
de alimentos do planeta não será suficiente para sustentar a população global. 
Estudos gerenciados pelos Gro Intelligence, uma empresa de inteligência agrí-
cola, mostram que o colapso terá início a partir do ano de 2027, com a falta de 
214 trilhões de calorias, ou seja, faltará alimento.
Esta previsão aponta que, no ano de 2050, haverá um número de 7,1 bilhões 
de habitantes no planeta, causando mais fome e desnutrição. Se nos dias atuais 
já temos deficiência de dietas em tantas comunidades, apesar de sermos plena-
mente capazes de produzir quantidades necessárias para esta alimentação, imagine 
quando o número de pessoas superar esta quantidade. O mundo se tornará um 
caos, cada vez mais a detenção de tecnologia e território passíveis de plantio se 
tornarão razões de disputas e guerras, assim como ocorre hoje com petróleo.
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2%
1.8%
1.6%
1.4%
1.2%
1.0%
0.8%
0.6%
0.4%
0.2%
0%
0.1%
1760 1780 1800 1820 1840 1860 1880 1900 1920 1940 1960 1980 2000 2020
2015
2040 2060 2080 2100
0.9 Bilhão
1.65 Bilhão
3 Bilhões
4.4 Bilhões
7.4 Bilhões
9.2 Bilhões
10.2 Bilhões
10.8 Bilhões
11.2
Bilhões
Taxa de crescimento anual da população mundial
População mundial
Projeção
Figura 3 - Dados dos estudos de crescimento populacional e produção de alimentos com perspectivas até o 
ano de 2100
Fonte: Our World in Data (2013, on-line)5.
A Figura 3 mostra um gráfico retirado do site Our World in Data, que compi-
lou os dados dos estudos de crescimento populacional e produção de alimentos 
com perspectivas até o ano de 2100, com base no ano de 2015 para os estudos, e 
podemos ver o momento em que se espera para o colapso entre os dois fatores.
Um dado mais alarmante nestes estudos é sobre o fato de como estes são 
feitos. Até o presente momento, estivemos falando sobre a fome e a desnutrição 
nos dias atuais, com números relevantes a respeito, contudo há uma contradi-
ção quanto ao dado que acabamos de citar, ou seja, se os estudos mostram que 
haverá falha entre quantidade de pessoas e quantidade de alimentos, mas, no 
cenário atual, encontra-se a desnutrição existente em função da falta de acesso 
aos alimentos saudáveis - que permitem fontes suficientes de nutrientes e, assim, 
poderiam diminuir a desnutrição e também o sobrepeso e obesidade. Hoje temos 
casos de desnutrição em recém-nascidos que já vêm ao mundo com esta enfer-
midade, em função da condição de sobrevivência da mãe durante a gravidez, o 
que acarreta possíveis condições de sobrepeso das meninas, que terão, conse-
quentemente, na vida adulta, anemia e se tornarão gestantes anêmicas com filhos 
desnutridos ao nascerem, gerando um ciclo infindável (FAO, 2018). 
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Não podemos nos esquecer de que estas condições estão, diretamente, liga-
das a regiões que possuem renda média familiar muito baixa, com pouco acesso 
a alimentos saudáveis e também a informações de suas condições de vida. A 
Figura 4 retirada do relatório El estado de la seguridad alimentaria y la nutrición 
en el mundo 2018 (FAO, 2018), ilustra a condição atual.
PREVALÊNICA DE DESNUTRIÇÃO (%)
2005 2010 2012 2014 2016 20171
MUNDIAL 14,5 11,8 11,3 10,7 10,8 10,9
ÁFRICA 21,2 19,1 18,6 18,3 19,7 20,4
África setentrional 6,2 5,0 8,3 8,1 8,5 8,5
África subsaariana 24,3 21,7 21,0 20,7 22,3 23,2
África oriental 34,3 31,3 30,9 30,2 31,6 31,4
África central 32,4 27,8 26,0 24,2 25,7 26,1
África austral 6,5 7,1 6,9 7,4 8,2 8,4
África ocidental 12,3 10,4 10,4 10,7 12,8 15,1
ÁSIA 17,3 13,6 12,9 12,0 11,5 11,4
Ásia cental 11,1 7,3 6,2 5,9 6,0 6,2
Ásia oriental 14,1 11,2 9,9 8,8 8,5 8,5
Ásia sudoriental 18,1 12,3 10,6 9,7 9,9 9,8
Ásia meridional 21,5 17,2 17,1 16,1 15,1 14,8
Ásia ocidental 9,4 8,6 9,5 10,4 11,1 11,3
Ásia central e Ásia meridional 21,1 16,8 16,7 15,7 14,7 14,5
Ásia oriental e Ásia sudoriental 21,1 16,8 16,7 15,7 14,7 14,5
Ásia ocidental e África setentrional 15,2 11,5 10,1 9,0 8,9 8,9
AMÉRICA LATINA E CARIBE 9,1 6,8 6,4 6,2 6,1 6,1
Caribe 23,3 19,8 19,3 18,5 17,1 16,5
América Latina 8,1 5,9 5,4 5,3 5,3 5,4
América Central 8,4 7,2 7,2 6,8 6,3 6,2
América do Sul 7,9 5,3 4,7 4,7 4,9 5,0
OCEANIA 5,5 5,2 5,4 5,9 6,6 7,0
AMÉRICA SETENTRIONAL E EUROPA <2,5 <2,5 <2,5 <2,5 <2,5 <2,5
Figura 4 - Prevalência da Subalimentação no mundo, 2005-2017
Fonte: FAO (2018).
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Sendo assim, se utilizarmos a fonte de quantidade, hoje não teríamos o problema 
de desnutrição, no entanto o que acabamos de perceber é que, atualmente, temos 
distintos problemas, como obesos desnutridos por falta de alimentação bem como 
sua distribuição adequadas, entre outros fatores ao redor do mundo (FAO, 2018). 
Menker questiona em seu estudo: Por que falamos de peso quando falamos 
de alimentos, se peso não referencia valor nutricional? Enquanto pensarmos em 
segurança alimentar em termos de números produzidos, continuaremos com o 
paradoxo de coexistência de desnutrição e obesidade em uma mesma comuni-
dade (NOTÍCIAS AGRÍCOLAS, 2019, on-line)6. 
Esta afirmação, que embasa seus argumentos de uma forma sistêmica, pon-
tuando que a produção de alimentos deve ser estudada a partir de sua produção, 
e atualmente os alimentos não são produzidos para que haja este balanceamento. 
Outro fator relevante é que os países que mais possuem crescimento populacio-
nal são os maiores importadores líquidos de alimentos. Todas estas informações, 
se não forem tratadas com a devida importância, terão seus dados comprova-
dos de forma prática, no ano de 2023, pois é quando o crescimento populacional 
atingirá o ponto de equilíbrio entre a produção agrícola. Neste ano, a população 
da China, Índia e África juntas serão mais da metade da população mundial, e 
todo este movimento fará com que os mercados exportadores façam movimen-
tos diferenciados do que realizam atualmente. 
Outro fator que o estudo aponta é que nestes países, devido à globalização, 
a forma de alimentação deles também tem sofrido mudanças. A China, por 
exemplo, tem aumentado seu consumo de carne vermelha e, com o seu aumento 
populacional, este será um produto cada vez mais requerido em seus supermer-
cados (NOTÍCIAS AGRÍCOLAS, 2019, on-line)6.
Menker (on-line, 2017)7, em seu estudo à Gro Intelligence, ressalta que, para 
este colapso ser minimizado ou, até mesmo, erradicado, a produção e a forma 
de distribuição destes alimentos devem ser modificadas nos próximos anos. Ela 
cita que a principal reforma deve acontecer nas produções da África e Índia, 
uma vez que suas populações possuem o maior índice de crescimento. Deverá 
ser alterada a forma de cultivo no campo, bem como o consumo desses alimen-
tos, buscando a diminuição do desperdício e melhora da dieta da população.
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29
ERRADICAÇÃO
DA POBREZA 
FOME
ZERO 
BOA SAÚDE E
BEM-ESTAR 
IGUALDADE
DE GÊNERO
EDUCAÇÃO DE
QUALIDADE 
ÁGUA LIMPA E
SANEAMENTO
ENERGIA ACESSÍVEL
E LIMPA 
EMPREGO DIGNO
E CRESCIMENTO
ECONÔMICO 
REDUÇÃO DAS
DESIGUALDADES 
CIDADES E
COMUNIDADES
SUSTENTÁVEIS
CONSUMO E
PRODUÇÃO
RESPONSÁVEIS 
COMBATE ÀS
ALTERAÇÕES
CLIMÁTICAS 
PAZ, JUSTIÇA E
INSTITUIÇÕES
PARCERIA EM PROL
DAS METAS
VIDA DE BAIXO
D’ÁGUA
VIDA SOBRE A
TERRA
INDÚSTRIA, 
INOVAÇÃO
E INFRAESTRUTURA 
Figura 5 - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Fonte: Planeta Vivo (2016, on-line)8.
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Tendo em vista que, para suprirmos estas necessidades, no ano de 2015, a 
Organização das Nações Unidas (ONU) desenvolveu um projeto com 17 ações 
para mudarem a forma de vida das pessoas buscando resolver esses problemas. A 
este projeto deu-se o nome de Agenda 2030, e a Figura 5 mostra os 17 Objetivos 
de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que nada mais são que ações para nos 
tornarmos mais sustentáveis, com a finalidade de erradicar a pobreza e a des-
nutrição. Assim, foi definido que os países se comprometeriam a cumprir 17 
objetivos, a fim de atingir as metas estabelecidas.
1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.
2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutri-
ção e promover a agricultura sustentável.
3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em 
todas as idades.
4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover 
oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.
5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.
6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento 
para todos.
7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à 
energia para todos.
8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, 
emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos.
9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclu-
siva e sustentável e fomentar a inovação.
10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles.
11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resi-
lientes e sustentáveis.
12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.
13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos.
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14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos 
marinhos para o desenvolvimento sustentável.
15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas ter-
restres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, 
deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade.
16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sus-
tentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições 
eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.
17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para 
o desenvolvimento sustentável (ONU, 2015, on-line)8.
Esses objetivos foram embasados nos oito Objetivos de Desenvolvimento do 
Milênio, que foram definidos, no ano de 2010, pela ONU, com os mesmos pro-
pósitos de diminuição da pobreza e desnutrição e tinham validade até o ano de 
2015. O Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon, cita que
Não podemos desiludir os milhares de milhões de pessoas que espe-
ram que a comunidade internacional cumpra a promessa de um mun-
do melhor contida na Declaração do Milênio [...] Nosso mundo possui 
o conhecimento e os recursos necessários para alcançar os ODMs [...] 
Não alcançá-los seria um fracasso moral e prático inaceitável (UNIC 
RIO DE JANEIRO, 2010, on-line)9.
Esta é a forma de mostrar que a ONU e seus governantes envolvidos acreditam 
que quando se estipulam metas, estas têm maior interesse por parte dos gover-
nantes e, assim, facilitam o seu cumprimento (ONU, 2010, on-line)10. Sendo 
assim, podemos perceber que estas organizações estão buscando formas de man-
ter a ordem neste crescimento. 
O programa bolsa família teve grande influência na saída do Brasil da linha 
da pobreza. Seu intuito principal é garantir a todas famílias do Brasil alimen-
tação e educação.
Fonte: Caixa Notícias ([2018], on-line)11.
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E O AUMENTO DA DEMANDA DE PRODUTIVIDADE
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IU N I D A D E32
O PAPEL DA BIOTECNOLOGIA COMO PROTEÇÃO À 
SEGURANÇA ALIMENTAR
Com todos os problemas citados a respeito das condições de populações em situ-
ações de pobreza, como alimentação com índices de subnutrição e deficitárias 
em nutrientes, problemas crônicos como a anemia e déficits de desenvolvimento 
cognitivos por falta de micronutrientes essenciais, deparamo-nos com proble-
mas não apenas da não obtenção ou produção insuficiente de alimentos, mas 
também na qualidade e quantidade de qualidade de alimentos produzidos e a 
quantidade de terra gasta para esse tipo de agricultura.
Neste sentido, inicia-se uma discussão a respeito de biodiversidade, como 
uma forma de resolver, não apenas o problema da fome e desnutrição, mas tam-
bém como forma de interagir e tornar um mundo mais sustentável com utilização 
de energias renováveis, cumprindo, assim, alguns dos ODS da Agenda 2030.
O Papel da Biotecnologia como Proteção à Segurança Alimentar
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Logo, quando se trata deste assunto, não há como falarmos de biodiversi-
dade e sustentabilidade sem falarmos sobre biotecnologias avançadas com o 
intuito de agregar valor às culturas, aumentar a produtividade, a sustentabili-
dade e biodiversidade aos povos.
O texto a seguir, escrito por Hélder Mateia, Responsável do Escritório da 
FAO em Portugal, descreve muito bem o papel da biotecnologia no âmbito da 
insegurança alimentar para a UNESCO:
A biotecnologia é um instrumento de grande importância no combate 
à fome. Ela pode ajudar não só a promover mais produtividade na pro-
dução de alimentos, mas também a utilização sustentável dos recursos 
agrícolas, pecuários, florestais e pesqueiros.
A biotecnologia, lato senso, cobre um vasto leque de técnicas e instru-
mentos empregues na agricultura e indústria alimentar, o que inclui 
práticas simples como a seleção de sementes, hibridização, insemina-
ção artificial e enxertia de plantas. Todas essas técnicas, algumas delas 
milenares, cabem nesta definição mais ampla.
Contudo, há quem se refira à biotecnologia no sentido mais restrito, 
cobrindo apenas as tecnologias genéticas e biologia molecular, como 
por exemplo a manipulação genética, marcadores de DNA e clonagem 
de plantas e animais (UNESCO, [2019], on-line, p. 1)12.
Ainda pensando nas práticas biotecnológicas, a polêmica em torno de todo 
estudo gera, sem sombra de dúvidas, inúmeros debates acalorados entre estu-
diosos das áreas, a favor e contra, além de envolverem a comunidade civil, que 
possuem pouco ou nenhum conhecimento real a respeito do tema. Contudo 
percebemos que, nos dias atuais, mais do que nunca, se faz necessário abordar 
os temas de forma franca e com responsabilidade, pois a necessidade latente de 
que as pessoas entendam do que realmente trata a biotecnologia, a manipula-
ção genética para a produção de alimentos, para que possamos travar a batalha 
contra a fome de forma franca e segura. 
Na atualidade, temos um número aproximado de mais de 800 milhões de pes-
soas que passam fome. Este quadro é cada vez mais agravado pelo crescimentoPRODUÇÃO DE ALIMENTOS E O AUMENTO DA DEMANDA DE PRODUTIVIDADE
Reprodução proibida. A
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IU N I D A D E34
demográfico, que, de uma forma geral, se desbalanceado a equação de equilí-
brio entre pessoas e alimentos, recursos naturais de uma forma geral. Estudos 
mostram que, se os sistemas produtivos não forem melhorados, no ano de 2050, 
teremos cerca de 9 milhões de pessoas ao redor do mundo que, consequentemente, 
necessitarão se alimentar e, logo, a produção de alimentos deverá ser aumentada. 
A equação de produção de alimentos e pessoas cada vez mais se desequilibra.
Neste sentido, como temos dito ao longo desta a unidade, a biotecnologia é 
uma arma poderosa que, quando bem manipulada pode auxiliar extremamente 
a resolver estes dilemas. Afinal devemos levar em consideração o amplo campo 
de aplicação desta ciência, tanto os que já conhecemos, quanto aos que ainda 
não conhecemos e possuem um potencial imenso, como forma de solucionar-
mos problemas. Talvez você esteja pensado que esse professor acredita que a 
biotecnologia é a solução para todos os problemas do mundo, que deve ser um 
aficcionado pelo tema, deve estar louco. Não é bem assim; na realidade, a solução 
para os problemas de sustentabilidade do mundo não está apenas nas mãos da 
ciência, mas sim nas mãos de cada uma de nós, afinal, nossa forma de consumo 
ditará a real necessidade de produção mundial. Contudo a Biotecnologia vem 
sim como um braço aliado à melhoria na qualidade destas produções, mesmo 
porque, quando se trata de organismos geneticamente modificados, devemos 
tomar certos cuidados e levarmos em consideração seus fatores principais. 
Temos que ter em mente que esta tecnologia deve ser usada para a melho-
ria e sustentabilidade do planeta de forma geral. Neste sentido, a biotecnologia 
traz soluções de produtividade e além, pois podemos pensar em formas de sanar 
problemas nutricionais, melhorando características de alimentos que podem ser 
utilizados no combate à desnutrição. Temos, inclusive, a utilização da biotecno-
logia no campo da medicina e farmácia com a engenharia genética no combate 
a doenças, na produção de novos medicamentos e vacinas, mostrando a ampli-
tude de sua utilização.
Apesar de todos esses benefícios comentados e potenciais de utilização, não 
podemos nos esquecer dos riscos por trás de toda esta manipulação. Veremos, 
nas unidades subsequentes, o quanto todo esse processo é complexo e todos 
O Papel da Biotecnologia como Proteção à Segurança Alimentar
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os cuidados e resguardos legislativos e científicos para garantir a segurança. 
Afinal, há possibilidades de se produzirem novas toxinas, desencadear novas 
reações alérgicas, criar novas espécies invasoras, das quais não temos controle 
e, até mesmo, promover a perda da biodiversidade, interferindo nas cadeias e 
no equilíbrio natural.
Logo, a utilização da biotecnologia deve ser consciente, levando em conside-
ração todos os possíveis riscos na criação de OGM, para que todas as vantagens 
deste método sejam utilizadas, porém com segurança.
Tendo em vista que essas palavras são de dentro de órgãos que se preocupam 
veementemente com o combate à fome, podemos concordar que, como caminho 
para que possamos ter um futuro melhor, alimentos mais saudáveis e em quanti-
dades suficientes para atender à demanda mundial, a biotecnologia é uma opção 
de muito valor e que deve ser não apenas explorada, mas também desmistificada.
A biotecnologia é uma ciência que, apesar de parecer muito contemporânea, 
tem sua origem num histórico distante, cerca de seis mil anos, quando foram 
encontrados relatos da utilização de microrganismos para produção de alimen-
tos por meio das fermentações como a produção de cervejas, pães e vinhos. 
Com o passar do tempo e o conhecimento desta tecnologia, avanços agrí-
colas passaram a utilizar melhoramentos genéticos de formas simples, uma vez 
que começou a ser possível a utilização de alterações de acordo com a necessi-
dade do homem, tornando este um marco histórico para a biotecnologia. Após 
estes acontecimentos, na década de 1970, metodologias específicas começaram 
a ser usadas para o sequenciamento do DNA, para que se pudesse conhecer e 
manipular de forma controlada. Neste sentido, foi possível selecionar e codifi-
car os genes de interesse em processos de seleção assistida, dando início a era 
dos transgênicos.
Sendo assim, em uma análise bruta a respeito deste assunto, percebemos 
que os alimentos transgênicos são um caminho sem volta e que devemos nos 
habituar a essa ciência e conhecê-la para que possamos, de uma maneira geral, 
entender e cobrar para que ela seja usada para o que foi criada: resolver os pro-
blemas da fome e desnutrição, assim como sustentabilidade mundial.
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E O AUMENTO DA DEMANDA DE PRODUTIVIDADE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E36
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Bem, chegamos ao final da primeira unidade de um conteúdo denso e de muita 
curiosidade. Espero que esta unidade tenha dado base para que você possa ter 
informações suficientes para criar um senso crítico a respeito do assunto de bio-
tecnologia, sua necessidade e seus riscos.
Gostaria que, em nenhum momento de nossos estudos, deixemos de lado 
os dados a respeito da desnutrição, das condições de pobreza a que muitas pes-
soas estão expostas. Estas pessoas que, muitas vezes, encontram-se não apenas 
com fome de barriga vazia, mas uma fome mais profunda que esse sentimento 
fisiológico, uma fome que vem de alimentos que lhe permitam trazer saúde, 
desenvolvimento e sustento para que possam atingir algum objetivo, mesmo 
quando estas sequer sabem o que significa ter um objetivo em suas vidas. Não 
nos esqueçamos de que as condições em que vivemos são as que nos dão digni-
dade e identidade de quem somos e onde podemos chegar - quando não temos 
nem alimento, como poderemos nos reconhecer? Quando não podemos colocar 
alimento na mesa de nossa família, quem podemos pensar que somos?
A questão social por trás da alimentação é muito maior que simplesmente 
barriga cheia. A alimentação é algo de extrema importância e, quando bem feita, 
tem o poder de dar energia e vitalidade além da saúde. Uma pessoa que tem 
acesso à alimentação saudável tem também alimentado sua autoestima, tendo 
forças para a batalha diária, sentindo-se digno de ter mais coragem para bata-
lhar por seus sonhos e anseios. 
O que podemos fazer para que todo este cenário possa mudar ou, talvez, ape-
nas melhorar? Há algo que possamos fazer para os olhos de uma criança brilhar 
e fazê-la acreditar que pode ter um futuro melhor - que pode haver um futuro?
Sejamos nós a peça que pode mudar a vida de quem sequer sabemos o nome.
Um grande abraço e até a próxima!
1. De acordo com informações da ONU, no ano de 2017, a população mundial 
atingiu, aproximadamente, 7,6 bilhões de habitantes e, numa projeção para o 
ano de 2050, a população atingirá cerca de 9,7 bilhões de habitantes.
Tendo em vista esses dados, podemos dizer que eles são baseados nas taxas de 
natalidade das regiões mundiais que, em um balanço geral, encontra-se positi-
vo e leva ao aumento de pessoas. Contudo existe um continente que a taxa de 
natalidade é negativa. Assinale a alternativa que apresenta esta região.
a) África.
b) Ásia.
c) Europa.
d) América Latina.
e) Oceania.
2. A FAO, em 2013, divulgou que as áreas agrícolas disponíveis estão concentra-
das em poucos países, sendo que 90% das terras passíveis de expansão para 
exploração encontram-se em regiões distintas do globo, enquanto algumas 
não possuem mais esta capacidade. Entre as regiões nestas condições, quais 
das citadas a seguir ainda possuem esta possibilidade de expansão?
a) Brasil.
b) China.
c) Itália.
d) Espanha.
e)América do Norte.
3. Inúmeras são as definições de pobreza perante as organizações do setor que 
se preocupam com as condições da insegurança alimentar. Segundo a Organi-
zação das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), essa definição 
possui uma explanação bem clara. Entre as alternativas a seguir, assinale a que 
define corretamente esta proposição.
a) Quantidade de calorias ingeridas diárias por meio de seus rendimentos, no 
caso, uma dieta de 1750 calorias/dia.
b) Capacidade de obter 2200 calorias diárias.
c) Pessoa que possui uma renda de US$ 1,25 por dia.
d) Ganha 60% em relação à renda média do país.
e) Quem possui uma renda igual ou inferior a 2.500,00 reais.
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4. O Dado que trata diretamente do número de crianças com desnutrição aponta 
que, no ano de 2017, ao todo, 7,5% das crianças com menos de cinco anos, ou 
seja, aproximadamente, 50,5 milhões, estão em estado de desnutrição aguda, 
o que leva ao baixo peso e à falta de desenvolvimento de estatura, levando-as 
a uma condição superior às demais de risco de morte. 
O trecho apresentado descreve um dado monitorado pelas organizações res-
ponsáveis. Assinale a alternativa que mostra de qual se trata.
a) Emaciação.
b) Sobrepeso infantil.
c) Obesidade adulta.
d) Desnutrição e seus custos.
e) Desnutrição obesa.
5. A população em situação de extrema pobreza é aquela com rendimento do-
miciliar per capita de até R$ 70,00, e a população em situação de pobreza é 
aquela com rendimento de até R$ 140,00. Tendo em vista essa condição, qual a 
porcentagem média do Brasil de pessoas vivendo nessas condições?
a) 45%.
b) 15,6%.
c) 26,5%.
d) 30 a 40%.
e) Maior que 45%.
A FALTA DE INFORMAÇÃO SOBRE OS ORGANISMOS GENETICAMENTE 
MODIFICADOS NO BRASIL
Organismos Geneticamente Modificados: contexto brasileiro
Atualmente, vivemos em um período caracterizado pelo alto desenvolvimento cientí-
fico e tecnológico. Período este fundamentado em incertezas oriundas dos processos 
tecnológicos das últimas décadas.
No entanto, os OGMs são frutos dessas novas tecnologias - biotecnologias. A biotec-
nologia é definida, segundo o informe publicado pela Organização de Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico, como “a aplicação de princípios científicos e técnicos ao 
tratamento de matérias por agentes biológicos para obter bens e serviços”. Ainda de 
acordo com essa definição, os agentes biológicos são: microorganismos, células animais 
e vegetais e enzimas. E os bens e serviços são produtos das indústrias do ramo de ali-
mentação, bebidas, farmácia e biomedicina.
Os OGMs são aqueles organismos, no caso as plantas, que têm seu material genético mo-
dificado pela introdução de um ou mais genes através da técnica de biologia molecular. 
Assim, genes oriundos de diferentes vegetais, animais ou microorganismos podem ser 
introduzidos em um genoma vegetal receptor, conferindo às plantas, novas características 
para a otimização da produção de alimentos, fármacos e outros produtos industriais.
Há muitos anos, plantas são cultivadas por meio da manipulação genética, mas, só recente-
mente, a biotecnologia passou a ser considerada prioritária, por ser um instrumento de ex-
trema valia e poder, determinador de progressos e ao mesmo tempo causador de incertezas.
A década de 1970 ficou marcada pelos grandes avanços que ocorreram na biologia mo-
lecular e na genética, proporcionando o atual progresso e o desenvolvimento biotecno-
lógico. A partir desse momento, micróbios, vegetais e animais, passaram a ser produzi-
dos por transgenia.
Já na década de 1980 e 1990, as biotecnologias passaram a ser objeto de diversas pes-
quisas e de intensas discussões no âmbito internacional. Segundo Monquero, baseado 
no relatório da FAO, os primeiros experimentos de campo foram desenvolvidos em 1986 
nos Estados Unidos e na França. Já a China foi o primeiro país a comercializar plantas 
transgênicas no início da década de 90, com a introdução do fumo resistente a vírus, 
seguido pelo tomate resistente a vírus. No Brasil, a liberação da soja transgênica acha-se 
regulada desde 1995 pela Lei de Biossegurança nº. 8.974, revogada pela Lei 11.105 de 
2005, que fixa as normas coordenadas pela Comissão Técnica Nacional de Biosseguran-
ça (CTNBio) para uso dessa técnica de engenharia genética.
Nos últimos anos, diversas variedades de plantas geneticamente modificadas foram 
aprovadas e introduzidas para a plantação, como a soja, o milho, a canola e o algodão. 
Dentre essas plantas, a mais comercializada é a soja Roundup Ready, cuja patente per-
tence à empresa multinacional norte-americana Monsanto, que foi desenvolvida atra-
vés da introdução de um gene oriundo de uma bactéria do gênero Agrobacterium, per-
tencente ao solo, para aumentar a tolerância ao herbicida glifosfato.
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No Brasil, o cultivo de plantas geneticamente modificadas se iniciou no fim da déca-
da de 1990 durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. A soja transgênica foi 
plantada ilegalmente no Brasil, Rio Grande do Sul, através de contrabando vindo da Ar-
gentina, onde a mesma já era plantada em larga escala. Logo, a soja Roundup Ready 
seria objeto da primeira solicitação de autorização para cultivo transgênico em escala 
comercial no país, recebendo, na sequência, parecer favorável da CTNBio. Após a auto-
rização concedida por esta, o Greenpeace e o Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC) 
entraram com um processo na 6ª Vara de Justiça Federal contra a Monsanto e o Governo 
Federal. Esse processo marcou o início da moratória judicial para liberações comerciais 
de transgênicos no Brasil e fez com que as variedades transgênicas permanecessem fora 
do mercado entre 1998 e 2003.
A fim de resolver o impasse gerado pelas lavouras ilegais de soja transgênica, o governo 
do presidente Luis Inácio Lula da Silva, cedendo à pressão por parte da Monsanto, do 
Rio Grande do Sul e dos produtores que haviam plantado soja ilegalmente no Brasil, 
autorizou em 26 de março de 2003 a Medida Provisória 113, que permite o uso comer-
cial dessa soja ilegal para consumo humano e animal destinado à comercialização no 
mercado interno ou externo, até janeiro de 2004.
Cabe destacar que, durante esse período de nove anos, entre 1996 e 2004, a área total 
cultivada com lavouras transgênicas cresceu mais de 47 vezes, passando de 1,7 milhão 
de hectares em 1996 para 81,0 milhões de hectares em 2004. Nesse mesmo período, o 
número de países que cultivam plantas transgênicas aumentou de 6 para 21. Já nos anos 
de 2003 e 2004 houve um crescimento maior na área de lavouras geneticamente modifi-
cadas nos países em desenvolvimento, se comparado com os países industrializados.
Contudo, apenas em março de 2005, a fim de adequar a lei com a realidade existente 
na plantação de OGM no país, o Presidente Lula sancionou a nova Lei de Biossegurança 
11.105, de 24 de mar de 2005, que regulamenta decisivamente o plantio e a comerciali-
zação das variedades transgênicas no país.
Após a criação da lei 11.105 de 2005, a disputa pela legitimação da soja transgênica 
foi encerrada. Apesar disso, as disputas internas a respeito da biotecnologia continua-
ram, devido à contínua expansão do cultivo de OGM no Brasil e no mundo e à posição 
de destaque do país nesse cultivo. Como disposto no relatório recente publicado pelo 
ISAAA, o aumento do cultivo de OGM entre 2007 e 2008 foi de 9,4% ou 10,7 milhões 
de hectares. Passando para 25 o número de países que cultivam plantas transgênicas. 
Além disso, merecem destaque cinco países em desenvolvimento que estão exercendo 
liderança e incentivando a adoção global das lavouras biotecnológicas. São eles: China, 
Índia, Argentina, Brasil, e África do Sul. De acordo com esse mesmo relatório, os países 
que mais plantam OGM são, na ordem: os Estados Unidos, a Argentina e o Brasil, este 
com 15,8 milhões de hectares. Hoje, são três as plantas transgênicas cultivadas no país: 
a soja, o milho e o algodão.
Fonte: Ribeiro e Marin (2010).
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTARBiotecnologia e Nutrição
Neuza Maria Brunoro Costa
Editora: Nobel Editora
Sinopse: a Biotecnologia aplicada aos alimentos não apenas proporciona o 
aumento da produção, mas também atende à demanda dos consumidores 
por alimentos mais seguros, nutritivos, saudáveis, saborosos e adequados. 
Ultimamente, a aplicação de Biotecnologia às plantas vem sendo direcionada 
para aumentar sua qualidade nutricional, de modo a produzir alimentos nutricionalmente 
fortificados e, assim, deixar de adicionar componentes sintéticos aos alimentos processados. Com 
o objetivo de traduzir os benefícios científicos da Biotecnologia para uma linguagem acessível 
a estudantes, profissionais de áreas afins e leitores ávidos por informações, modificados ao 
consumidor final.
Food Evolution
Ano: 2016
Sinopse: Food Evolution foi lançado nos Estados Unidos, em junho. Dirigido 
pelo norte-americano Scott Hamilton Kennedy, o documentário “Food 
Evolution” aborda a produção global de alimentos e o uso da biotecnologia 
nos transgênicos. O filme traz a opinião de cientistas que pesquisam e trabalham 
com organismos geneticamente modificados e de ativistas contrários. 
O material a seguir traz o Relatório global sobre crises alimentares 2017, acerca da crise da produção 
de alimentos, e os dados são alarmantes e complementam todo o tema abordado na unidade. Faça 
bom proveito e busque além do texto indicado.
Web: http://www.fao.org/emergencies/resources/documents/resources-detail/en/c/876564/
A agenda 2030 foi criada no ano de 2015, em um evento onde líderes mundiais reuniram-se na sede 
da ONU, em Nova York, para avaliar as condições do mundo de uma forma abrangente e realista. 
Acesse link disponível em: http://www.agenda2030.com.br/sobre que o direcionará ao site que 
explica a respeito. 
REFERÊNCIASREFERÊNCIAS
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Avançados. São Paulo, v. 24, n. 70, 2010. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/
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FAO. FAO Statistical Yearbook 2013: World food and agriculture. Rome: FAO, 2013. 
Disponível em: http://www.fao.org/3/i3107e/i3107e.PDF. Acesso em: 29 jul. 2019.
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1-10. Disponível em: https://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
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SAATH,K.C.O.; FACHINELLO, A.L. Crescimento da demanda mundial de alimentos e 
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4 Em: http://www.justificando.com/2018/07/11/extrema-pobreza-atinge-niveis-de-
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8 Em: https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/. Acesso em: 29 jul. 2019. 
9 Em: http://unicrio.org.br/cupula-das-nacoes-unidas-sobre-os-objetivos-de-desen-
volvimento-do-milenio-nova-york-%E2%80%93-20-a-22-de-setembro-de-2010/. 
Acesso em: 06 jul. 2019. 
10 Em: https://nacoesunidas.org/cupula-das-nacoes-unidas-sobre-os-objetivos-de-
-desenvolvimento-do-milenio-nova-york-20-a-22-de-setembro-de-2010/. Acesso 
em: 29 jul. 2019. 
11 Em: http://www.caixa.gov.br/programas-sociais/bolsa-familia/Paginas/default.aspx. 
Acesso em: 29 jul. 2019. 
12 Em: https://www.unescoportugal.mne.pt/images/FAO/O_Papel_da_Biotecnolo-
gia_no_combate_%C3%A0_Fome_final.docx. Acesso em: 06 jul. 2019. 
GABARITOGABARITO
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3. A.
4. A.
5. C.
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Professor Dr. Gustavo Affonso Pisano Mateus
Professora Dra. Maria Fernanda Francelin Carvalho
FUNDAMENTOS 
BIOTECNOLÓGICOS
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Conceituar Biotecnologia, explicitando seu contexto e desenvolvimento 
histórico.
 ■ Conhecer as relações resultantes da descoberta da tecnologia do DNA, 
os princípios básicos da biologia celular e relacioná-los com os avanços 
Biotecnológicos.
 ■ Conhecer alguns dos Bioprocessos presentes nos processos da indústria.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Introdução à Biotecnologia
 ■ Tecnologia do DNA
 ■ Bioprocessos
Introdução
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INTRODUÇÃO
Olá, caro(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) à nossa segunda unidade de Biossegurança 
na cadeia de Alimentos. Nesta unidade, direcionaremos nossa reflexão aos fun-
damentos biotecnológicos que serão relevantes para a compreensão de como 
a biossegurança se dá, regula e permeia a produção de alimentos, na atuali-
dade. Ainda, os fundamentos desta grande e relevante ciência nos possibilitará 
compreender juntos como o maquinário celular permite e possibilita a vida e, 
consequentemente, as alterações de origem antrópica.
Partindo desta premissa biotecnológica e de uma retrospectiva histórica 
acerca dos avanços e das descobertas que ocorreram na história da humani-
dade e que compõem a biotecnologia clássica e moderna, conheceremos alguns 
dos processos envolvidos na tecnologia do DNA recombinante. A descoberta 
e a manipulação do DNA à luz da biotecnologia representa um grande marco 
histórico e possibilitou à humanidade utilizar todo o potencial natural em bene-
fício próprio, seja no desenvolvimento de produtos inovadores, diminuindo 
desvantagens presentes no cultivo seja no processo produtivo ou, ainda, no enri-
quecimento nutricional de alimentos.
Por fim, conheceremos os processos biotecnológicos denominados biopro-
cessos, que, em outras palavras, podem ser também intitulados processos de 
fermentação. Estes já se fazem presentes na história da humanidade muito antes 
das descobertas e dos avanços científicos que possibilitaram uma mudança no 
paradigma produtivo global, como o processo de panificação, de produção de 
vinho, cerveja, queijos e iogurtes.
Assim, munidos de uma compreensão inicial e de um entendimento de como 
os processos biotecnológicos ocorrem, poderemos construir um diálogo efetivo 
acerca da efetividade e participação da biossegurança, biotecnologia e da enge-
nharia genética nas diferentes cadeias produtivas.
Bons estudos!
FUNDAMENTOS BIOTECNOLÓGICOS
Reprodução proibida. A
rt.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E48
INTRODUÇÃO À BIOTECNOLOGIA
O surgimento da biotecnologia está atrelado e é indissociável ao advento de 
fenômenos sociais, estes que acompanham os seres humanos desde a antigui-
dade, contribuindo com o desenvolvimento da humanidade nos mais variados 
aspectos. As técnicas e os princípios do século XXI são diferentes das técnicas 
empregadas na biotecnologia do século passado, o que torna essa ciência dinâ-
mica e inovadora, porém os princípios envolvidos não se diferem.
O princípio da primeira definição do termo biotecnologia deu-se em 1914, 
pelo engenheiro agrícola Karl Ereky, que desenvolvia, na época, um plano auda-
cioso para criação de suínos, no qual ele pretendia substituir práticas tradicionais 
por práticas da indústria agrícola pautada em desenvolvimento científico e tecno-
lógico. Alguns anos depois, em 1915, surge a primeira definição de biotecnologia 
como ciência e métodos, que possibilitam a obtenção de produtos a partir da maté-
ria-prima e mediante a intervenção de organismos vivos (MALAJOVICH, 2016). 
Apesar de termos abordado uma breve definição de Biotecnologia ao final da 
Unidade I, neste momento, torna-se relevante conhecer diferentes definições que 
Introdução à Biotecnologia
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permearão todas as nossas discussões relacionadas a essa complexa e tão relevante 
ciência, em especial ao considerarmos as duas vertentes que a orientam: uma 
tradicionalista e outra contemporânea, dando origem ao termos Biotecnologia 
Tradicional e Biotecnologia Moderna.
A Biotecnologia Tradicional, ou Clássica, relaciona-se, diretamente, com 
o desenvolvimento da humanidade em uma perspectiva histórica. Tal afirma-
ção faz-se verdadeira, devido à variedade de evidências históricas que indicam 
o emprego de meios e recursos biológicos voltados ao desenvolvimento de bens 
e serviços. Segundo Ninis e Bilibio (2012), a separação da condição animal do 
homem ocorreu devido a uma série de fatores, entre eles: o domínio do fogo, a 
aquisição da linguagem, a formação de sociedades e o desenvolvimento e apri-
moramento da agricultura.
Neste viés, outros exemplos também podem ser citados, em relação à biotecno-
logia tradicional, como a domesticação de animais, a transformação de alimentos e 
a apropriação de propriedades medicinais de algumas plantas, e todas essas ações 
citadas, dentro de uma perspectiva histórica, ocorreram sem um aprofundamento 
científico e eram baseadas apenas em conhecimentos empíricos, desconside-
rando leis de hereditariedade e a existência de microrganismos (MALAJOVICH, 
2016). Estima-se que há 8000 anos a.C., na Mesopotâmia, considerada o berço 
da civilização, algumas plantas e sementes eram selecionadas, considerando suas 
características favoráveis ao aumento das colheitas. Outros exemplos históricos 
relevantes de aplicações da biotecnologia tradicional consistem na utilização de 
microrganismos (leveduras e bactérias) para a fermentação da uva na produção 
de vinho, utilização do trigo na produção de pão, além da fermentação do leite na 
produção de queijos (FALEIRO; ANDRADE; REIS JUNIOR, 2011).
Assim, seguindo uma trilha histórica evolutiva, o progresso da civilização 
exigiu processos industriais mais eficientes, tornando indispensável a compreen-
são/utilização de recursos naturais, a fim de atender às necessidades da sociedade 
e definir a Biotecnologia Moderna (BORÉM; SANTOS, 2008). Essa evolução é 
atribuída principalmente à biotecnologia aplicada à economia, sociedade e bene-
fícios ambientais, passando de tecnologias tradicionais para as técnicas modernas, 
que contemplam diferentes áreas, como a bioquímica, a imunologia, a genética, 
a biologia celular e molecular (FALEIRO; ANDRADE; REIS JUNIOR, 2011).
FUNDAMENTOS BIOTECNOLÓGICOS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E50
Apesar do que se pensa, a descoberta e avanços em relação ao modelo helicoi-
dal da molécula de DNA (ácido desoxirribonucleico) por Watson e Crick, em 
1953, não representa um marco transitório entre os conceitos de Biotecnologia 
Tradicional e Moderna. Esse marco foi representado por uma série de experi-
ências realizadas por Boyer e Cohen que resultou na transferência de um gene 
de um sapo a uma bactéria, em 1973 (OCTAVIANI, 2013), possibilitando alte-
rar o programa genético de um organismo, transferindo-lhes genes de interesse 
que tivera origem em outra espécie. Tal avanço influenciou na realização da 
Conferência de Asilomar, em 1974. Nessa conferência, foram tratadas questões 
acerca dos riscos das técnicas de engenharia genética e também na segurança 
dos espaços laboratoriais que foram devidamente exploradas um pouco mais 
tarde (ALBUQUERQUE, 2001).
Assim, observa-se uma diferenciação entre esses conceitos, o que explicita seus 
impactos na sociedade e, consequentemente, a relevância desta ciência. Vejamos, 
agora, uma linha do tempo, que representa alguns eventos que explicitam em tra-
jetória histórica marcos contemplados pela Biotecnologia Clássica e Moderna.
Introdução à Biotecnologia
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Antiguidade
Biotecnologia Clássica
Biotecnologia Moderna
Pão, queijo, cerveja, vinho. 
Século XIX Microbiologia, Bioquímica, Imunologia, Biologia celular,
Genética. 
1907-1909 ���������������� de tecidos animais e humanos. 
1914-1918 Produção de acetona por fermentação. 
1919 Primeira de�nição do termo Biotecnologia (Ereky). 
1939 ���������������� de tecidos vegetais. 
1944 Produção de penicilina. Biologia Molecular. 
1953 Modelo da dupla hélice de DNA. 
1973 Tecnologia do DNA-recombinante.
1975 Tecnologia de hibridomas*.
1975-1990 Tecnologia do DNA, bases comerciais e primeiras patentes.
1990-2000
Bens e serviços em vários setores da sociedade (primeira
planta geneticamente modi�cada e primeiro mamífero a
ser clonado - Ovelha Dolly).
2001-2003 Genoma humano e avanços da Genômica**.
2004 Primeira conferência sobre Biologia Sintética. 
2009 Obtenção de células iPS*** por reprogramação de células
somáticas diferenciadas.
2010 Edição gênica com CRISPR (Clustered Regularly Interspaced
short Palindromic Repeats)****.
* Hibridomas correspondem a linhagens celulares desenvolvidas para a produção de anticor-
pos desejados em grande proporção.
** Ciência que estuda o genoma completo de um organismo, em outras palavras, destina-se ao 
estudo de toda a informação hereditária de um organismo que está codi�cada em seu DNA. A 
Genômica pode ainda compreender os esforços para determinar e conhecer a sequência 
completa do DNA de organismos de interesse.
*** iPS correspondem ao termo células tronco pluripotentes que podem dar origem a qualquer 
tipo de célula fetal ou adulta.
**** A tradução do termo signi�ca Repetições Curtas Agrupadas e Regularmente Inter 
espaçadas, que correspondem a sequências de DNA bacteriano (repetições de nucleotídeos) 
em forma de palíndromo, este que pode ser lido ou codi�cado em qualquer um dos sentidos. 
Figura 1 - Linha histórica de acontecimentos e marcos relevantes a Biotecnologia Clássica e Moderna
Fonte: adaptada de Malajovich (2017).
FUNDAMENTOS BIOTECNOLÓGICOS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E52
Embora a manipulação gênica e genômica estrutural tenham impulsionado a bio-
tecnologia, conforme podemos observar na figura apresentada anteriormente, as 
técnicas da engenharia genética não são as únicas ferramentas disponíveis para 
esta ciência. A biotecnologia moderna caracteriza-se como multidisciplinar, 
pois abrange áreas desde a ciência básica (biologia molecular, ecologia, micro-
biologia, biologia celular, genética, virologia

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