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184 FIS IO LO GI A HU MA NA FUNÇÕES DA TIREOIDE E PARATIREOIDE A glândula tireoide fica localizada abaixo da laringe, nos dois lados da traqueia e na sua parte frontal. Essa glândula secreta dois hormônios extremamente importantes: a tiroxina e a triiodotironina, popularmente conhecidos como T4 e T3. Esses hormônios exercem diversos efeitos no metabolismo. Além disso, a tireoide também secreta a calcitonina, que é um hormônio que atua no metabolismo do cálcio. Na ausência de secreção dos hormônios tireoidianos, ocorre queda de cerca de 40%, no metabolismo basal. Já o excesso de secreção, pode causar um aumento no metabolismo basal de 60 a 100%. Em princípio, a secreção da tireoide é controlada pelo hormônio tireoestimulante (TSH), que é secretado pelo lobo anterior da hipófise. HORMÔNIOS TIREOIDIANOS Os hormônios secretados pela glândula tireoide, constituem cerca de 90% de tiroxina, e 10% de triiodotironina. Mas a maior parte da tiroxina é convertida em triiodotironina nos tecidos. Suas funções são qualitativamente as mesmas, porém diferem na rapidez e intensidade de ação, já que a triiodotironina pode ser considerada mais potente que a tiroxina. Apesar disso, ela ocorre em quantidades menores na circulação do sangue e dura menos tempo que a tiroxina. ANATOMIA DA GLÂNDULA TIREOIDE A glândula tireoide é constituída por numerosos folículos fechados, que estão repletos de uma substância secretora, o coloide. Os folículos são revestidos por células epitelioides cúbicas, responsáveis pela secreção de seus produtos no interior dos mesmos. O coloide é composto principalmente por uma grande glicoproteína, a tireoglobulina, que abriga os hormônios tireoidianos em sua molécula. Depois que a secreção alcança o interior do folículo, ela precisa ser reabsorvida pelo epitélio folicular. O fluxo sanguíneo na tireoide promove um suprimento muito rico, quando comparado a outras áreas do organismo, com exceção do córtex suprarrenal. IODO NA FORMAÇÃO DE TIROXINA O iodo é uma substância essencial para a síntese de quantidades normais de tiroxina. Para se ter uma ideia, são necessários cerca de 50 mg de iodo por ano em um organismo, na forma de iodetos. Esse iodo é obtido a partir da alimentação. Por esse motivo, o sal comum que consumimos é iodado. Para isso, é adicionado uma parte de iodeto de sódio para cada 100.000 partes de cloreto de sódio, evitando assim a deficiência dessa substância. Os iodetos que foram ingeridos, são absorvidos pelo tubo gastrointestinal, passando para o sangue praticamente da mesma forma que os cloretos. Porém, sua maior parte é logo em seguida excretada pelos rins, e apenas uma pequena parte é removida da circulação pela tireoide. 185www.biologiatotal.com.br FIS IO LO GI A HU MA NA TIREOGLOBULINA, TIROXINA E TRIIODOTIRONINA FORMAÇÃO E SECREÇÃO DA TIREOGLOBULINA As células da tireoide são células glandulares secretoras de proteínas. A tireoglobulina secretada, contém resíduos de tirosina em sua molécula. Esses resíduos são os principais substratos que se combinam com o iodo para formar os hormônios da tiroide, os quais são formados no interior da molécula de tireoglobulina. Dessa forma, a tiroxina e a triiodotironina que são formadas a partir do aminoácido tirosina, permanecem como parte da molécula de tireoglobulina durante a síntese dos hormônios da tiroide. Além disso, as células glandulares também processam o iodo e fornecem enzimas e outras substâncias para que possa ocorrer a síntese dos hormônios da tireoide. SÍNTESE DOS HORMÔNIOS DA TIREOIDE Durante a síntese dos hormônios tireoidianos, a primeira etapa é a conversão dos íons iodeto em uma forma oxidada de iodo, iodo nascente (Iº) ou como I3-, que pode se combinar diretamente com a tirosina. A oxidação é promovida pela enzima peroxidase e seu peróxido de hidrogênio, constituindo um poderoso sistema para oxidar os iodetos. A organificação da tireoglobulina é o processo em que ocorre a ligação do iodo à molécula de tireoglobulina. O iodo oxidado, liga- se de modo direto à tirosina, pela ação de enzimas. Primeiramente, a tirosina é iodetada a monoiodotirosina e depois a diiodotirosina. Depois, quantidades cada vez maiores de resíduos de diiodotirosina se acoplam, formando a molécula de tiroxina, que constitui parte da molécula de tireoglobulina. Uma molécula de monoiodotirosina se une a uma molécula de diiodotirosina e forma a triiodotironina. Para cada dez moléculas de tiroxina, cada molécula de tireoglobulina tem de uma a três moléculas de tiroxina e cerca de uma molécula de triiodotironina. Dessa forma, os hormônios da tireoide são armazenados nos folículos, por um período de dois a três meses, em quantidades necessárias para atender a demanda do organismo. SECREÇÃO DE TIROXINA E TRIIODOTIRONINA Como foi mencionado, a tiroxina e a triiodotironina são inicialmente clivadas da molécula de tireoglobulina, e somente em seguida os hormônios livres são liberados. Porém, cerca de 75% da tirosina iodetada na tireoglobulina nunca irá se transformar em hormônios da tireoide, permanecendo na forma de monoiodotirosina ou diiodotirosina. O iodo utilizado para a síntese dos hormônios, é clivado por uma enzima, deixando sua maior parte disponível para reciclagem no interior da glândula, possibilitando a síntese de quantidades adicionais desses hormônios. Durante o processo em que esses hormônios entram em contato com os tecidos alvo do organismo, grande parte do iodo presente na tiroxina é retirado para formar quantidades adicionais de triiodotironina. Por isso, o hormônio que é liberado e utilizado pelos tecidos é principalmente a triiodotironina. Praticamente quase toda tiroxina e a triiodotironina que são liberadas no sangue, combinam-se com várias proteínas plasmáticas, como a globulina, a pré-albumina e a albumina. A quantidade de globulina de ligação da tiroxina no sangue é de apenas 1 a 1,5 mg/dl de plasma, em contrapartida, sua afinidade pelos hormônios tireoidianos é tão grande que ela se fixa a maioria deles. A tiroxina apresenta uma afinidade de ligação bem maior com a globulina do que a triiodotironina. Além disso, a concentração plasmática de tiroxina é consideravelmente 186 FIS IO LO GI A HU MA NA maior do que a triiodotironina, o que contribui para que a quantidade total de tiroxina, seja muito maior do que a quantidade de triiodotironina ligada à proteína. FUNÇÕES DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS EFEITO NO AUMENTO DA TRANSCRIÇÃO DE GENES Nesse aspecto, o efeito geral do hormônio tireoidiano está na capacidade de promover a transcrição nuclear de grande número de genes. Em quase todas as células do organismo, há um aumento no número de enzimas, proteínas estruturais, proteínas de transporte e outras substâncias. Como resultado desse processo, ocorre um aumento generalizado da atividade funcional no organismo. A maior parte da tiroxina é desiodetada, antes de atuar sobre os genes para promover uma maior transcrição. Isso ocorre com remoção de um íon iodeto e a formação de triiodotironina, que possui afinidade de ligação muito elevada com os receptores celulares dos hormônios tireoidianos. Os receptores desses hormônios ficam fixados aos filamentos de DNA ou bem próximos a eles, e quando fixam um hormônio tireoidiano são ativados e iniciam o processo de transcrição. Depois disso, irão se formar diferentes tipos de RNA mensageiro, ocorrendo a tradução do RNA nos ribossomos e produzindo novas proteínas. HORMÔNIOS TIREOIDIANOS NO METABOLISMO CELULAR As atividades metabólicas da maioria dos tecidos do organismo, aumentam com a ação dos hormônios da tireoide. Por isso, a velocidade de crescimento em indivíduos jovens é elevada, pois maiores quantidades desses hormônios são produzidas. Os hormônios tireoidianos também promovem o aumento do transporte ativo de íons, através das membranas celulares. Por exemplo, a quantidade de enzimas NaK-ATPase(NKA) aumenta em resposta a esses hormônios. Assim, a NKA acelera a velocidade de transporte do sódio e do potássio pela membrana celular. Esse processo utiliza energia, aumentando o calor produzido no organismo. Por essa razão, esse poderia ser um mecanismo para aumentar o metabolismo do corpo. HORMÔNIOS TIREOIDIANOS NO CRESCIMENTO Os efeitos dos hormônios da tireoide no crescimento, podem ser melhor observados em crianças durante a fase de crescimento. Isso ocorre, pois indivíduos com hipotireoidismo apresentam um retardo na velocidade de crescimento, enquanto indivíduos com hipertireoidismo podem apresentar um crescimento excessivo dos ossos. No entanto, nesses casos, os ossos geralmente amadurecem antes, assim as epífises acabam se fechando prematuramente e isso pode reduzir a duração do crescimento ou a altura do indivíduo adulto. Outro efeito importante dos hormônios tireoidianos no crescimento, é o desenvolvimento do cérebro no embrião em formação e nos primeiros anos de vida do bebê. Quando a secreção for insuficiente, a criança poderá apresentar deficiência mental. EFEITOS DOS HORMÔNIOS DA TIREOIDE Metabolismo dos carboidratos: vários aspectos do metabolismo dos carboidratos são afetados pela ação dos hormônios tireoidianos, como por exemplo a rápida captação de glicose pelas células, o aumento da glicólise e da gliconeogênese, além da maior velocidade de absorção pelo tubo gastrointestinal e o aumento da secreção de insulina. Metabolismo das gorduras: o metabolismo das gorduras também é intensificado pela ação dos hormônios da tireoide. A gordura é a principal 187www.biologiatotal.com.br FIS IO LO GI A HU MA NA fonte de suprimento de energia a longo prazo, por isso, suas reservas podem sofrer maior depleção do que no caso de outros elementos. Esses hormônios também aceleram a oxidação de ácidos graxos livres pelas células. Além disso, um maior nível de hormônios tireoidianos faz com que ocorra a redução do colesterol, de fosfolipídios e de triglicerídios no plasma. Da mesma forma, sua secreção insuficiente pode elevar o colesterol, os fosfolipídios e os triglicerídios, inclusive provocando a deposição de gordura no fígado. Metabolismo das vitaminas: como as vitaminas são constituintes importantes de algumas enzimas ou coenzimas e os hormônios da tireoide aumentam as quantidades de diferentes enzimas, ocorrerá um aumento da necessidade de vitaminas. Por esse motivo, pode haver deficiência relativa de algumas vitaminas, quando esses hormônios são secretados em altas quantidades. Metabolismo basal: Os hormônios da tireoide aumentam o metabolismo em praticamente todas as células. Por isso, uma elevação dos níveis desses hormônios pode aumentar o metabolismo basal (de 60 a 100% acima do normal). Da mesma forma, na ausência da produção desses hormônios, o metabolismo pode cair até para a metade de seu valor normal. Sistema cardiovascular: com o aumento do metabolismo, a demanda por oxigênio também é maior e provoca grande liberação de produtos de degradação. Isso leva a uma vasodilatação e aumento do fluxo sanguíneo nos tecidos. Com um maior fluxo sanguíneo, ocorrerá o aumento do débito cardíaco, além de aumentar também a frequência e a força cardíaca. Porém, quando a secreção dos hormônios tireoidianos está muito elevada, pode ocorrer uma depleção da força do músculo cardíaco. O volume de sangue também é aumentado com a ação desse hormônio e consequentemente a frequência e profundidade da respiração. Tubo gastrointestinal: a velocidade de secreção dos sucos digestivos e a motilidade do tubo gastrointestinal também são aumentados com o efeito dos hormônios tireoidianos. Os hormônios tireoidianos também têm efeito sobre outras funções do organismo, como sobre o sistema nervoso central, sobre o sono, sobre a função dos músculos, sobre a função sexual e sobre outras glândulas endócrinas. Nesse último caso, seu aumento acelera a velocidade de secreção da maioria das outras glândulas endócrinas. HORMÔNIO TIREOESTIMULANTE (TSH) O hormônio tireoestimulante provoca o aumento da secreção de tiroxina e triiodotironina. E além disso, pode provocar alguns efeitos específicos sobre a glândula tireoide: 1. Produz um aumento da proteólise da tireoglobulina armazenada nos folículos; 2. Induz a maior atividade da bomba de iodeto; 3. Leva a um aumento do processo de iodetação da tirosina e do acoplamento para formação dos hormônios tireoidianos; 4. Induz o aumento do tamanho e da atividade secretora das células da tireoide. 5. Produz maior número de células da tireoide. É importante lembrar, que a regulação da secreção do TSH é realizada pelo lobo anterior da hipófise. Assim, a secreção adeno-hipofisária é controlada pelo hormônio da liberação da tireotropina (TRH). Esse hormônio afeta as células da adeno-hipófise e aumenta o débito de TSH. 188 FIS IO LO GI A HU MA NA A secreção da tireoide pode ser regulada também através de um mecanismo de feedback, onde o aumento da concentração de hormônio tireoidiano nos líquidos do corpo pode diminuir a secreção de TSH pela adeno-hipófise. DOENÇAS DA TIREÓIDE HIPERTIREOIDISMO Indivíduos com hipertireoidismo, na maioria das vezes, apresentam a glândula tireoide aumentada de duas a três vezes mais que o normal. Nesses casos, a velocidade de secreção de cada célula aumenta também. Os sintomas da doença são intolerância ao calor, sudorese intensa, perda de peso, diarreia, fraqueza, nervosismo e outros distúrbios, exoftalmia, entre outros. A exoftalmia, que é a protrusão dos globos oculares, ocorre na maioria dos pacientes com hipertireoidismo. HIPOTIREOIDISMO Indivíduos com hipotireoidismo geralmente apresentam uma autoimunidade contra a própria glândula tireoide, assim como no hipertireoidismo. Porém, ao invés da glândula ser estimulada ela é destruída. Como a deficiência do hormônio tireoidiano provoca um aumento da quantidade de colesterol no sangue, geralmente isso pode levar a quadros de arteriosclerose. CRETINISMO Essa doença aparece devido a um hipotireoidismo muito acentuado, que pode ocorrer durante a fase de vida fetal, até a infância. Ela pode ocasionar retardo mental. A doença pode ser resultado de uma ausência congênita da glândula tireoide, da incapacidade da glândula em produzir os hormônios por defeito genético, ou pela insuficiência de iodo na dieta. O cretinismo provoca uma inibição do crescimento esquelético, em comparação com os tecidos moles. HORMÔNIO PARATIREÓIDEO (PTH) O aumento da atividade da glândula paratireoide pode causar uma rápida absorção de cálcio dos ossos, o que leva a um quadro de hipercalcemia no líquido extracelular. O hormônio secretado por essa glândula, é importante não somente no metabolismo do cálcio como também no metabolismo do fosfato. Geralmente, os seres humanos apresentam quatro glândulas paratireoides, que ficam logo atrás da glândula tireoide. Essas glândulas são bem pequenas, sendo difícil seu reconhecimento. Por isso, em muitos casos quando era realizada a remoção da glândula tireoide, as glândulas paratireoides também acabavam sendo retiradas, provocando casos de hipoparatireoidismo transitório. O lado bom, é que mesmo uma pequena quantidade de tecido da paratireoide que restava, geralmente era capaz de hipertrofiar e desempenhar a função de todas as glândulas que haviam sido removidas. A glândula paratireoide de um adulto, contém células principais e células oxífilas (ausentes em jovens). Mas são as células principais as responsáveis pela secreção da maior parte do hormônio da paratireoide. CONCENTRAÇÕES DE CÁLCIO E DE FOSFATO Dois fatores podem causar a elevação da concentração de cálcio no organismo: o efeito do hormônio da paratireoide, que absorve cálcio e fosfato do osso e também seu efeito na 189www.biologiatotal.com.br FIS IO LO GI A HU MA NA redução da excreção renal de cálcio. O hormônio da paratireoidetambém exerce um efeito bem forte sobre os rins, que leva a excreção excessiva de fosfato, causando o declínio de sua concentração no sangue e o aumento da absorção dessa substância nos ossos. EFEITO DO HORMÔNIO DA PARATIREOIDE (PTH) O PTH possui dois efeitos distintos sobre os ossos, no sentido de determinar a absorção de cálcio e de fosfato. O primeiro efeito ocorre em uma fase muito rápida (que dura cerca de minutos), resultando na ativação das células ósseas que existem, promovendo assim a absorção de cálcio e de fosfato (osteólise). Na segunda fase, a qual é bem lenta, ocorre a proliferação dos osteoclastos e em seguida um aumento da reabsorção osteoclástica do osso. A ativação do sistema osteoclástico pode ocorrer em duas etapas: 1. Ativação dos osteoclastos já formados e 2. Formação de novos osteoclastos. PTH na excreção de fosfato e de cálcio pelos rins: quando o PTH é administrado, ocorre a perda rápida e imediata de fosfato na urina, pois a reabsorção tubular proximal dos íons fosfato é reduzida. O PTH aumenta também a reabsorção tubular de cálcio e diminui a reabsorção de fosfato. PTH na absorção intestinal de cálcio e fosfato: o PTH aumenta tanto a absorção de cálcio quanto a de fosfato pelo intestino, promovendo o aumento da formação de 1,25-diidroxicolecalciferol, a partir da vitamina D nos rins. Vitamina D e PTH: a vitamina D tem função importante tanto na absorção como na deposição óssea. Quantidades altas dessa vitamina, pode causar a absorção óssea, assim como o PTH causa. No entanto, na sua ausência, o efeito de absorção óssea do PTH fica bem reduzido ou nulo. CONTROLE DA SECREÇÃO DE PTH PELA CONCENTRAÇÃO DE CÁLCIO Quando há uma redução da concentração de cálcio no líquido extracelular, ocorre em contrapartida, o aumento da velocidade de secreção das glândulas paratireoides. Quando a baixa concentração de cálcio se mantém, as glândulas podem se hipertrofiar. Da mesma forma, quando a concentração de cálcio aumenta, ocorre a diminuição da atividade secretora e do tamanho das glândulas paratireoides. Esse quadro pode aparecer em casos de quantidades excessivas de cálcio na dieta, ou quando há um aumento da vitamina D na dieta, e também quando ocorre absorção óssea por fatores distintos do PTH. CALCITONINA O hormônio calcitonina exerce efeitos fracos sobre a calcemia, de maneira oposta ao PTH. No entanto, a calcitonina pode reduzir a concentração sanguínea de cálcio e é secretada pela glândula tireoide. CALCITONINA E CÁLCIO A calcitonina apresenta um efeito sobre a concentração de cálcio no sangue que é oposto ao que ocorre no caso do PTH. Além disso, seu efeito é mais rápido. O efeito desse hormônio reduz as concentrações de cálcio de duas formas: 1. Através de um efeito imediato, que diminui a atividade de absorção dos osteoclastos, além de um efeito osteolítico e 2. Através de um efeito de diminuição da formação de novos osteoclastos. Como resultado, ocorre uma redução da atividade osteoclástica e osteoblástica e não se observa um efeito prolongado sobre a concentração plasmática de cálcio. A concentração de cálcio também pode influenciar na secreção de calcitonina, já que em alguns casos um aumento da concentração de cálcio em 10%, causa uma elevação de duas 190 FIS IO LO GI A HU MA NA a seis vezes mais na secreção da calcitonina. Demonstrando um mecanismo de feedback hormonal para o controle da concentração de cálcio. Há algumas diferenças entre os sistemas de feedback da calcitonina e do PTH. Pois o mecanismo de secreção de calcitonina ocorre de forma mais rápida do que o do PTH. Além disso, a calcitonina funciona como um regulador da concentração de cálcio a curto prazo, enquanto que o PTH é que ajusta essas concentrações em períodos mais prolongados. HIPOPARATIREOIDISMO Essa condição ocorre quando as glândulas paratireoides não são capazes de secretar quantidades suficientes de PTH. Dessa forma, a reabsorção osteocítica do cálcio permutável diminui, e os osteoclastos se tornam praticamente inativos. Como resultado, a reabsorção de cálcio no osso fica muito baixa e o nível de cálcio nos líquidos corporais também diminui. O osso permanece forte quando o cálcio e os fosfatos não estão sendo absorvidos do mesmo. Mas quando as glândulas paratireoides são removidas, ocorre uma queda no nível de cálcio do sangue e, em contrapartida, a concentração de fosfato pode duplicar. Na presença de valores baixos de cálcio, sinais habituais de tetania podem surgir. Os músculos da laringe são sensíveis ao espasmo tetânico. O tratamento dessa condição pode ser realizado, em poucos casos, com a administração do paratormônio. A terapia com altas doses de vitamina D e ingestão de cálcio é bem mais comumente utilizada e geralmente é suficiente para manter a concentração de cálcio regulada. Em outros casos pode ser administrado o 1,25-diidroxicolecalciferol no lugar da forma não-ativada da vitamina D, pois sua ação é mais potente e rápida. HIPERPARATIREOIDISMO Geralmente, essa condição ocorre como resultado de um tumor de uma das glândulas paratireoides. É provável que a gravidez e a lactação, que estimulam as glândulas paratireoides, sejam a causa do aparecimento desses tumores, já que são mais frequentes em mulheres. O hiperparatireoidismo pode provocar uma atividade osteoclástica intensa no osso, elevando a concentração de cálcio do líquido extracelular, e diminuindo a concentração de fosfato, pois ocorre uma maior excreção renal desses íons. Em casos graves de hiperparatireoidismo o osso pode ser quase totalmente descalcificado. Os efeitos dos níveis elevados de cálcio no plasma, podem causar depressão dos sistemas nervosos central e periférico, fraqueza muscular, constipação, dor abdominal, úlcera péptica, falta de apetite e diminuição do relaxamento do coração durante a diástole. INTOXICAÇÃO POR PTH Em raros casos pode ocorrer a secreção de quantidades muito elevadas de PTH, fazendo com que o nível de cálcio nos líquidos corporais se eleve de forma muito rápida, atingindo valores bem altos. Assim, a concentração de fosfato geralmente aumenta ao invés de diminuir. O motivo para isso, pode ser o fato de os rins não excretarem suficientemente rápido o fosfato que está sendo absorvido do osso. Como resultado, o cálcio e o fosfato dos líquidos corporais tornam- se bastante supersaturados, e cristais de fosfato de cálcio passam a se depositar nos alvéolos dos pulmões, nos túbulos renais, na glândula tireoide, na mucosa gástrica produtora de ácido e nas paredes das artérias. Indivíduos com hiperparatireoidismo geralmente possuem tendência para formar cálculos renais, pois o excesso de cálcio e de fosfato é excretado pelos rins. Dessa forma, cristais de fosfato de 191www.biologiatotal.com.br FIS IO LO GI A HU MA NA cálcio podem se precipitar nos rins e formar cálculos. RAQUITISMO Essa condição pode ocorrer em crianças que apresentam deficiência de cálcio ou de fosfato no líquido extracelular. No entanto, é mais comum que a doença apareça devido à falta de vitamina D. A exposição à luz solar promove a produção do 7-desidrocolesterol na pele, o qual é ativado pela ação dos raios ultravioleta, formando vitamina D. Em casos prolongados de raquitismo, o aumento da secreção de PTH, promove uma absorção osteoclástica do osso muito intensa, fazendo com que o mesmo fique cada vez mais fraco. Também pode ocorrer tetania em estágios mais avançados de raquitismo, quando os ossos sofrem depleção total de cálcio, fazendo com que seus níveis no sangue fiquem muito reduzidos. ANOTAÇÕES 192 EX ER CÍ CI OS EXERCÍCIOS 1 2 3 5 6 4 7 Qual dos hormônios abaixo tem sua secreção estimulada por altos níveis de cálcio no sangue? a) paratormônio. b) colecalciferol. c) calcitonina. d) tiroxina. e) cortisol. Observe o gráfico abaixo e explique como ocorre a regulação da calcemia, ou seja, como são mantidosos níveis plasmáticos de cálcio no sangue. FIGURA 1- Concentrações de paratormônio (PTH) e de calcitonina (CT) em relação às concentrações de cálcio no sangue (GUYTON, 1997) Coloque em ordem, de 1 a 7, os eventos que ocorrem no processo de síntese dos hormônios da tireoide. a. (2) Oxidação do iodo e ligação à tirosina da tireglobulina (TG). b. (1) Captação de iodo pela célula folicular via NIS. c. (5) Fagocitose da TG+T3/T4. d. (3) Armazenamento da TG+iodotirosinas (MIT ou DIT) no colóide. e. (7) Difusão das moléculas de T3/ T4 para os capilares. f. (4) Acoplamento de MIT e DIT para formar T3 ou T4. g. (6) Digestão intracelular da molécula de TG e liberação na célula de T3 e T4. São efeitos dos hormônios tireoidianos, EXCETO: a) aumento do consumo de oxigênio e da atividade da Na+-K+ ATPase. b) aumento do débito cardíaco por aumentar a frequência cardíaca e o débito sistólico. c) amadurecimento do sistema nervoso central. d) inibição do crescimento ósseo. e) aumento da absorção de glicose pelo trato gastrintestinal. O T3 reverso é produzido perifericamente pela ação das desiodases e tem como objetivo: a) potencializar os efeitos do T4. b) aumentar o metabolismo basal. c) inativar o T4 em uma situação adversa. d) estimular a síntese de T3. e) estimular a síntese do hormônio tireo- estimulante. Explique como ocorre a regulação da secreção dos hormônios tireoidianos pela glândula tireoide em uma situação de aumento da ingesta de iodo. Observe o gráfico abaixo e leia as afirmativas. Figura 2. Concentrações plasmáticas dos hormônios tireoidianos (T3, T3 reverso e T4) avaliadas em indivíduos submetidos a diferentes condições de tratamento alimentar. Dieta normal com 40%C (carboidratos), 40%F (gorduras) e 20%P (proteínas); jejum e ingesta oral de glicose (WARTOFSKY & BURMAN, 1994). 193www.biologiatotal.com.br EX ER CÍ CI OS 10 9 ANOTAÇÕES Leia as seguintes afirmativas: I- Os indivíduos que receberam uma dieta normal apresentaram concentrações de T3 elevadas e de T3 reverso baixas. II- Durante o jejum as concentrações de T3 diminuíram, as de T3 reverso aumentaram e as de T4 permaneceram inalteradas. III- O jejum estimulou a conversão periférica do T4 a T3 reverso como uma forma de poupar energia e diminuir o metabolismo nessa situação adversa. IV- Após a administração de glicose, os indivíduos apresentaram um aumento ainda maior nas concentrações de T3 reverso. Estão corretas: a) I, II, IV b) II, III, IV c) I, II, III d) I, III, IV e) I e II Observe a figura abaixo e assinale a alternativa correta. FIGURA 3 - Esquema da regulação da secreção hormonal da glândula tireóide (AIRES, 1999). A figura acima ilustra um sistema de retroalimentação: a) positiva: o TRH hipotalâmico estimula a produção do TSH hipofisário que estimula a tireoide a produzir T3 e T4 e estas inibem a produção do TRH e do TSH. b) positiva: o TRH hipotalâmico estimula a produção do TSH hipofisário que estimula a tireoide a produzir T3 e T4 e estas estimulam a produção do TRH e do TSH. c) negativa: o TRH hipotalâmico estimula a produção do TSH hipofisário que estimula a tireoide a produzir T3 e T4 e estas inibem a produção do TRH e do TSH. d) negativa: o TRH hipotalâmico estimula a produção do TSH hipofisário que estimula a tireoide a produzir T3 e T4 e estas estimulam a produção do TRH e do TSH. e) positiva: o TRH hipotalâmico inibe a produção do TSH hipofisário que inibe a tireoide de produzir T3 e T4 e estes inibem a produção do TRH e do TSH. O hipotireoidismo é ocasionado por uma diminuição nas taxas dos hormônios T3 e T4, sendo que uma de suas causas pode ser uma dieta deficiente em: a) cálcio. b) potássio. c) iodo. d) magnésio. e) ferro. A glândula tireoide, localizada em uma região na base do pescoço, está relacionada com o controle do metabolismo de quase todo o corpo. Ela é responsável pela produção de três hormônios denominados: a) Tireotrófico, tiroxina e tri-iodotironina. b) Tireotrófico, tiroxina e ocitocina. c) Tiroxina, tri-iodotironina e ocitocina. d) Tireotrófico, tri-iodotironina e calcitonina. e) Tiroxina, tri-iodotironina e calcitonina. 8 194 FIS IO LO GI A HU MA NA GABARITO DJOW HORMÔNIOS DA HIPÓFISE ANOTAÇÕES 1- C 2- A concentração de cálcio deve permanecer entre 8 e 10mg/dl de sangue. Em uma situação de hipocalcemia, ou seja, baixos níveis plasmáticos de cálcio no sangue, a secreção do paratormônio é estimulada e este promove aumento da reabsorção renal de cálcio e indiretamente aumento da atividade dos osteoclastos, promovendo a reabsorção óssea e, consequentemente, a saída de cálcio do osso para a circulação. Isso faz com que os níveis de cálcio voltem ao normal. Em uma situação de hipercalcemia, ou seja, excesso de cálcio plasmático, a tireoide é estimulada e produz a calcitonina, que promove a deposição de cálcio no osso, diminuindo a concentração plasmática de cálcio. 3- 2 - 1 - 5 - 3 - 7 - 4 - 6 4- D 5- C 6- A secreção dos hormônios tireoidianos é regulada pela hipófise anterior e também pela própria tireoide, conforme a REFERÊNCIAS GUYTON, Arthur, Fisiologia Humana, Guanabara Koogan, 13ª Ed. 2017. oferta de iodo. O iodo pode exercer efeitos estimulatórios ou inibitórios na glândula. Quando ocorre um aumento da ingesta de iodo, inicialmente a glândula aumenta a captação de iodo e a secreção dos hormônios. Se o efeito persistir, a síntese e a secreção hormonal voltam ao normal por diminuir a atividade do transportador NIS e a organificação do iodo, provavelmente por saturação da enzima peroxidase, necessária à síntese das iodotironinas. Este efeito é chamado de “Efeito Wolf-Chaikoff”. 7- E 8- C 9- C 10- E