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CAPÍTULO I DO TÍTULO XI “DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL” (artigos 312 a 327 do C.P.) Prof. Sérgio Augusto Alves de Assis . DEFINIÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: é toda atividade funcional do Estado e dos demais entes públicos. (ANTONIO PAGLIARO). Em outras palavras, é um conceito da área do direito que descreve o conjunto de agentes, serviços e órgãos instituídos pelo Estado com o objetivo de fazer a gestão de certas áreas de uma sociedade, como Educação, Saúde, Cultura, etc. Administração pública também representa o conjunto de ações que compõem a função administrativa. . DEFINIÇÃO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO PARA EFEITOS PENAIS • Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. • § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. • § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. . • ANÁLISE DO ARTIGO Efeitos penais: funcionário público para efeitos penais é diferente de funcionário público no Direito Administrativo. Para efeitos penais o artigo 327 do C.P., menciona ser a pessoa que exerce função pública, ainda que sem remuneração. Aplica-se a toda legislação penal, inclusive a especial. cargo público: é aquele ocupado por servidor público; emprego público: é aquele ocupado por empregado público que pode atuar em entidade privada ou pública da Administração indireta; função pública: é um conjunto de atribuições destinadas aos agentes públicos, abrangendo a função temporária e a função de confiança. . CONSIDERADOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS: -vereadores; -serventuários da justiça; -funcionários de cartório; -peritos judiciais; -contador da prefeitura; -prefeito municipal; -leiloeiro oficial quando auxiliar do juízo; -administrador de hospital que presta atendimento a segurados da Previdência Social -funcionários do Banco do Brasil; . -zelador de prédio municipal; -advogado do município; -estudante atuando como estagiário da defensoria pública; -militar; -deputados e senadores; -membros do Conselho Tutelar; -jurados; -mesários. . NÃO CONSIDERADOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS: -administrador oficial da massa falida -administradores e médicos de hospitais privados credenciados pelo Governo -tutores e curadores -inventariantes -dirigente sindical . SITUAÇÃO PROBLEMA O DEFENSOR DATIVO É CONSIDERADO PARA EFEITOS PENAIS FUNCIONÁRIO PÚBLICO? . -quando for nomeado pelo juiz para patrocinar a defesa de pessoa pobre, ou for “ad hoc”, sem receber remuneração dos cofres públicos, não é considerado funcionário público; -porém, se houver convênio entre OAB e órgão estatal, como por exemplo a defensoria pública, e recebe remuneração, aí sim é equiparado a servidor público. . • § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. – Cargo em comissão ou função de direção ou assessoramento: são aqueles de livre escolha, nomeação e exoneração, de caráter provisório, destinando-se às atribuições de direção, chefia e assessoramento, podendo recair ou não em servidor efetivo do Estado. . • PECULATO • Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: • Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. • § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. . • Peculato culposo • § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: • Pena - detenção, de três meses a um ano. • § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. . ANÁLISE DO TIPO: SUJEITO ATIVO: funcionário público (em regra, pois pode haver participação de particular) SUJEITO PASSIVO: O Estado ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO: dolo (caput e parágrafo primeiro e culpa no parágrafo segundo – peculato culposo) CLASSIFICAÇÃO: crime próprio (praticado por sujeito ativo qualificado – funcionário público) AÇÃO PENAL: pública incondicionada. . RESUMO DO ARTIGO 312: -peculato apropriação: artigo 312, primeira parte -peculato desvio: artigo 312, segunda parte -peculato furto ou peculato subtração: parágrafo primeiro -peculato culposo: parágrafo segundo -causa de extinção da punibilidade: parágrafo terceiro primeira parte -causa de diminuição da pena: paragrafo terceiro segunda parte . SITUAÇÃO PROBLEMA 1 O PARTICULAR PODE RESPONDER POR CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO? . Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. • § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. • § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. elementares do crime: são os elementos típicos do crime, dados que integram a definição da infração penal. São os fatores que integram a definição básica de uma infração penal. No tipo penal é tudo aquilo que se você retirar dele, ou o crime deixa de existir ou passa ser outro crime. . RESPOSTA: dependendo do caso concreto as elementares do crime se comunicam (artigo 30 CP): -se o particular concorre de qualquer forma para a prática do crime praticado por funcionário público (todos), responderá pelo crime juntamente com o funcionário público em concurso de agentes (artigo 29 C.P.), desde que tenha conhecimento da qualidade de funcionário público do agente com o qual participou do crime. -porém, se o particular não tinha conhecimento da qualidade de funcionário público do agente com o qual concorreu, não responderá pelo crime funcional (particado por funcionário público). . • EXEMPLO DE CRIME DE PECULATO: -o funcionário público que apropria-se de bem de quem tem a posse em razão de cargo ou função, e um particular concorre na conduta do funcionário público, porém sem saber da qualidade de funcionário público do agente. -o funcionário público responderá por peculato apropriação (artigo 312, caput, primeira parte); -o particular responderá por apropriação indébita (artigo 168 do CP). SITUAÇÃO PROBLEMA 2 NA CONDIÇÃO DE DEPUTADO ESTADUAL, O SUJEITO INDICA PESSOA EM CARGO COMISSIONADO PARA SEU GABINETE, E EDMITE, PORÉM ESSA PESSOA PRESTAVA SERVIÇOS PARTICULARES AO DEPUTADO. PERGUNTA- SE: O DEPUTADO RESPONDERÁ POR CRIME? EM CASO POSITIVO, QUAL O DELITO A SER TIPIFICADO? . RESPOSTA: -responderá pelo crime de peculato na modalidade peculato desvio (artigo 312, caput, segunda parte). SITUAÇÃO PROBLEMA 3 O SERVIDOR PÚBLICO SE UTILIZA ILEGALMENTE DE PASSAGENS AÉREAS E DIÁRIAS EM HOTÉIS PAGAS PELOS COFRES PÚBLICOS EM PROVEITO PRÓPRIO E DA FAMÍLIA DURANTE SEIS MESES. ESSE SERVIDOR RESPONDERÁ POR QUAL OU QUAIS DELITOS? . • RESPOSTA: -responderápelo crime de peculato na modalidade peculato desvio (artigo 312, caput, segunda parte), em continuidade delitiva (artigo 71 CP) - (STJ, AP 477, j. 04/03/2009). • Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. • Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código . SITUAÇÃO PROBLEMA 4 UM FUNCINÁRIO PÚBLICO UTILIZA DE UM BEM MÓVEL (INFUNGÍVEL) EM SEU BENEFÍCIO, COMO POR EXEMPLO UM LAPTOP, OU UM VEÍCULO, PORÉM COM A INTENÇÃO DE DEVOLVER, SEM INTENÇÃO DE CONQUISTA DEFINITIVA DO BEM. PERGUNTA-SE: ESSE FUNCIONÁRIO RESPONDERÁ POR ALGUM CRIME? . • RESPOSTA: -trata-se de peculato de uso: -O funcionário não responderá por crime de peculato, configurando mero ilícito administrativo. -responderá por improbidade administrativa (lei 8429/92, artigo 9, inciso IV): Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente: IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por essas entidades; . SITUAÇÃO PROBLEMA 5 (XII OAB 2013) Lucas, funcionário público do Tribunal de Justiça, e Laura, sua noiva, estudante de direito, resolveram subtrair notebooks de última geração adquiridos pela serventia onde Lucas exerce suas funções. Assim, para conseguir seu intento, combinaram dividir a execução do delito. Lucas, em determinado feriado municipal, valendo-se da facilidade que seu cargo lhe proporcionava, identificou-se na recepção e disse ao segurança que precisava ir até a serventia para buscar alguns pertences que havia esquecido. O segurança, que já conhecia Lucas de vista, não desconfiou de nada e permitiu o acesso. Ressalte-se que, além de ser serventuário, Lucas conhecia detalhadamente o prédio público, razão pela qual se dirigiu rapidamente ao local desejado, subtraindo todos os notebooks. Após, foi a uma janela e, dali, os entregou a Laura, que os colocou no carro e saiu. Ao final, Lucas conseguiu deixar o edifício sem que ninguém suspeitasse de nada. Todavia, cerca de uma semana após, Laura e Lucas têm uma discussão e terminam o noivado. Muito enraivecida, Laura procura a polícia e noticia os fatos, ocasião em que devolve todos os notebooks subtraídos. Com base nas informações do caso narrado, assinale a afirmativa correta. . a) Laura e Lucas devem responder por crime de peculato-furto praticado em concurso de agentes b) Laura deve responder por furto qualificado e Lucas deve responder por peculato-furto, dada à incomunicabilidade das circunstâncias c) Laura e Lucas serão beneficiados pela causa extintiva da punibilidade, uma vez que houve a reparação do dano ao erário anterior à denúncia. d) Laura será beneficiada pelo instituto do arrependimento eficaz, mas Lucas não poderá valer-se de tal benefício, pois a restituição dons bens, por parte dele não foi voluntária. . RESPOSTA: ALTERNATIVA (a) Laura e Lucas devem responder por crime de peculato-furto praticado em concurso de agentes . • PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM • Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: • Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. . ANÁLISE DO TIPO: QUALQUER UTILIDADE: significa qualquer outro bem móvel SUJEITO ATIVO: funcionário público SUJEITO PASSIVO: O Estado ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO: dolo, não há modalidade culposa CLASSIFICAÇÃO: crime próprio (praticado por sujeito ativo qualificado – funcionário público) AÇÃO PENAL: pública incondicionada. . • INSERÇÃO DE DADOS FALSOS NO SISTEMA DE INFORMAÇÃO • Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: • Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. . ANÁLISE DO TIPO: TIPO MISTO ALTERNATIVO SUJEITO ATIVO: funcionário público SUJEITO PASSIVO: O Estado ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO: dolo, não há modalidade culposa CLASSIFICAÇÃO: crime próprio (praticado por sujeito ativo qualificado – funcionário público) AÇÃO PENAL: pública incondicionada. . SITUAÇÃO PROBLEMA (OAB 2010) Fundação Pública Federal contrata o técnico de informática Abelardo Fonseca para que opere o sistema informatizado destinado à elaboração da folha de pagamento de seus funcionários. Abelardo, ao elaborar a referida folha de pagamento, altera as informações sobre a remuneração dos funcionários da Fundação no sistema, descontando a quantia de cinco reais de cada um deles. A seguir, insere o seu próprio nome e sua própria conta bancária no sistema, atribuindo-se a condição de funcionário da Fundação e destina à sua conta o total dos valores desviados dos demais. Terminada a elaboração da folha, Abelardo remete as informações à seção de pagamentos, a qual efetua os pagamentos de acordo com as informações lançadas no sistema por ele. Considerando tal narrativa, é correto afirmar que Abelardo praticou crime de: a) estelionato; b) Peculato; c) Concussão d) Inserção de dados falsos em sistema de informação . RESPOSTA: ALTERNATIVA (d) Inserção de dados falsos em sistema de informação (artigo 313 – A C.P) . Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações • Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: • Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. • Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado. . ANÁLISE DO TIPO: SUJEITO ATIVO: funcionário público SUJEITO PASSIVO: O Estado ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO: dolo, não há modalidade culposa CLASSIFICAÇÃO: crime próprio (praticado por sujeito ativo qualificado – funcionário público) AÇÃO PENAL: pública incondicionada. . SITUAÇÃO PROBLEMA UM FUNCIONÁRIO PÚBLICO, SEM AUTORIZAÇÃO OU SEM SER SOLICITADO, MODIFICA O PROGRAMA DE INFORMÁTICA DA REPARTIÇÃO PÚBLICA. CONTUDO, ESSA MODIFICAÇÃO CAUSA MELHORIA NO PROGRAMA. PERGUNTA-SE: ELE RESPONDERÁ PELO CRIME PREVISTO NO ARTIGO 313 – B? . RESPOSTA: SIM, ele cometerá o delito previsto no artigo 313- B, mesmo que cause melhoria no programa, conforme entende doutrina e jurisprudência. -fazendo-se a leitura do parágrafo único podemos constatar causa de aumento de pena se resultar dano. Interpretando-se portanto que o caput constitui crime mesmo que não cause dano. . EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO • Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: • Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave. . ANÁLISE DO TIPO: SUJEITO ATIVO: funcionário público SUJEITOPASSIVO: O Estado ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO: dolo, não há modalidade culposa CLASSIFICAÇÃO: crime próprio (praticado por sujeito ativo qualificado – funcionário público) AÇÃO PENAL: pública incondicionada. . – Consuma-se o crime meramente com a conduta, independentemente de causar prejuízo à administração pública. – Na conduta omissiva de sonegar, não se admite tentativa . SITUAÇÃO PROBLEMA (OAB 2016) • Guilherme, funcionário público de determinada repartição pública do Estado do Paraná, enquanto organizava os arquivos de sua repartição, acabou, por desatenção, jogando ao lixo, juntamente com materiais inúteis, um importante livro oficial, que veio a se perder. Considerando apenas as informações narradas, é correto afirmar que a conduta de Guilherme: • A) Configura crime de prevaricação. • B) configura situação atípica. • C) configura crime de condescendência criminosa. • D) configura crime de extravio, sonegação ou inutilização de • livro ou documento. . • RESPOSTA: B) configura situação atípica . • EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS • Artigo 315 Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. verba pública: é a dotação da quantia em dinheiro para o pagamento das despesas do Estado renda pública: é a quantia em dinheiro arrecadada pelo Estado . ANÁLISE DO TIPO: SUJEITO ATIVO: funcionário público SUJEITO PASSIVO: O Estado ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO: dolo, não há modalidade culposa CLASSIFICAÇÃO: crime próprio (praticado por sujeito ativo qualificado – funcionário público) AÇÃO PENAL: pública incondicionada. . • INFORMAÇÕES RELEVANTES DO ARTIGO 315 -quando o artigo fala em lei, não se inclui decretos, portarias, ou provimentos. Portanto, constitui crime dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei. . -Possível confusão do artigo 315 com o artigo 312 (peculato) do CP: (Jurisprudência STF, Inq. 3731, 2 T., rel. Gilmar Mendes, j. 02.02.2016, v.u.) -no crime de peculato desvio (artigo 312, caput segunda parte), o agente visa o benefício próprio ou de terceiro que não seja a administração pública. -se o desvio da verba é em favor da própria administração pública, mas com a finalidade diversa da estabelecida em lei, configura o crime previsto no artigo 315 do CP. . CONCUSSÃO (artigo 316 Caput) EXCESSO DE EXAÇÃO (artigo 316 parágrafos primeiro e segundo) CONCUSSÃO • Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. . • ANÁLISE DO TIPO: definição de concussão: liga-se ao verbo latino “concutere”, sacudir fortemente. Empregava-se o termo especialmente para alusão ao ato de sacudir com força uma árvore para que dela caísse frutos. “Semelhante ao que ocorre neste artigo 316 “caput” do C.P., onde o agente sacode o infeliz particular sobre quem recai a ação delituosa para que caiam frutos, mas não no chão, mas em seu bolso”. (NUCCI, 2017 p. 1431). exigir: significa ordenar, impor uma obrigação. O funcionário emite ameaças de represália, incutindo temor na vítima, não necessitando ter emprego de violência. . SUJEITO ATIVO: funcionário público SUJEITO PASSIVO: O Estado ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO: dolo, não há modalidade culposa CLASSIFICAÇÃO: crime próprio (praticado por sujeito ativo qualificado – funcionário público) AÇÃO PENAL: pública incondicionada. . • EXEMPLOS DE CRIME DE CONCUSSÃO: -Juiz, mesmo de férias exige dinheiro do réu para absolvê-lo, ameaçando que se não pagar proferirá condenação de pena privativa de liberdade e que poderá ensejar sua prisão. -Médico contratado de hospital credenciado ao Sistema Único de Saúde (SUS), que exige quantia para prestar atendimento a pessoa acobertada pelo referido sistema. (STF, HC 97.710, j. 02/02/2010). OBS: competência da Justiça Estadual, pois o ofendido é o particular e não a União - STJ). -O agente público que se dispõe a não aprender mercadoria descaminhada mediante o pagamento de vantagem indevida, configura crime de concussão. (TRF, Terceira Região, ACR 2006,61.21.000195-4-SP, 2 T., rel.. Nelton dos Santos, 23.03.2010, v.u.). . DIFERENÇA ENTRE CONCUSSÃO, CORRUPÇÃO PASSIVA E EXTORÇÃO Concussão: o agente exige vantagem indevida em razão de sua função pública. Corrupção passiva: o agente solicita, recebe ou aceita promessa de vantagem indevida. Extorsão: o agente exige vantagem indevida mediante violência ou grave ameaça, mas não em razão da função pública do agente. Não estaremos diante do crime de concussão, mas de extorsão, previsto no art. 158 do CP. Saímos assim da seara dos crimes praticados por funcionário público contra a administração, pois o funcionário público não praticou em razão de sua função pública, e vamos para os crimes contra o patrimônio. . EXCESSO DE EXAÇÃO (artigo 316, parágrafos primeiro e segundo) • § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: • Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. • § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: • Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. . ANÁLISE DO TIPO: definição de exação: substantivo feminino. Arrecadação de tributos; cobrança rigorosa das rendas públicas. Precisão, correção, retidão e pontualidade na realização de um trabalho, tarefa, cargo ou ofício. excesso de exação: é a cobrança rigorosa das rendas públicas, além da quantia efetivamente devida. (NUCCI, 2017, p. 1434). meio vexatório ou gravoso: vexatório é o que causa vergonha ou ultraje; gravoso é o meio opressor ou oneroso. . SUJEITO ATIVO: funcionário público SUJEITO PASSIVO: O Estado ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO: dolo, não há modalidade culposa CLASSIFICAÇÃO: crime próprio (praticado por sujeito ativo qualificado – funcionário público) AÇÃO PENAL: pública incondicionada. . OBSERVAÇÕES FINAIS: -norma penal em branco: é necessário consultar os meios de cobrança de tributo e contribuições, instituídos em lei específica para apurar se está vendo excesso de exação. -pena desproporcional: a doutrina defende que após a modificação imposta pela lei 8.137/90 (crimes contra a ordem tributária), a pena do crime de excesso de exação ficou desproporcional e exagerada, ferindo o principio da proporcionalidade das penas, reclamando uma correção, nas palavras de Guilherme de Souza Nucci. Par. 1 antes da lei: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, de um conto a dez contos de réis. Par. 1 depois da lei: Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. . SITUAÇÃO PROBLEMA A COBRANÇA EXCESSIVA VEXATÓRIA OU GRAVOSA DE CUSTAS OU EMOLUMENTOS CONFIGURA CRIME DE EXCESSO DE EXAÇÃO? . • RESPOSTA: -não configura, pois o tipo penal prevê a figura de tributo ou contribuição social, e custas e emolumentos não são tributos. -no artigo 5º do Código Tributário Nacional estão expressos os tributos. . • CORRUPÇÃO PASSIVA • Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: • Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. • § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. • § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: • Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. . ESPÉCIES DE CORRUPÇÃO PASSIVA: -corrupção passiva própria: o funcionário solicita, recebe ou aceita promessa para praticar ato ilegal ou para deixar depraticar ato legal. Ex. Escrivão recebe dinheiro para retardar o processo. -corrupção passiva imprópria: o funcionário solicita, recebe ou aceita promessa para praticar ato legal que iria regularmente praticar. Ex. Magistrado recebe dinheiro para dar celeridade ao processo, o que deve ser normalmente realizado. . -corrupção passiva antecedente: o funcionário solicita, recebe ou aceita promessa antes de praticar ou omitir o ato. -corrupção passiva subsequente: o funcionário se vende (solicita ou recebe vantagem indevida) e recebe após ter praticado o ato ou se omitido a praticar. . Corrupção passiva privilegiada • § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: • Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. -cedendo a pedido ou influência de outrem: aqui o agente não visa receber nenhuma vantagem, mas sim atender a pedidos de amigos ou de pessoa influente. . Não se confunde corrupção passiva privilegiada com prevaricação. Na prevaricação o funcionário age para satisfazer interesse ou sentimento próprio, sem que terceiro participe do ato. Não há acordo de vontade. Na corrupção passiva privilegiada existe um acordo entre o funcionário e o particular (bilateralidade), isto é, deve aparecer a figura do corruptor. . ANÁLISE DO TIPO: SUJEITO ATIVO: funcionário público SUJEITO PASSIVO: O Estado ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO: dolo, não há modalidade culposa. CLASSIFICAÇÃO: crime próprio (praticado por sujeito ativo qualificado – funcionário público) AÇÃO PENAL: pública incondicionada. . FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO • Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): • Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. . • DIFERENÇA ENTRE CONTRABANDO E DESCAMINHO • No descaminho, o crime é relacionado ao não pagamento do imposto devido, como podemos observar: “Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo demercadoria”. • No contrabando a relação criminosa é com a mercadoria, proibida no Brasil, ser importada ou exportada, como observado no dispositivo: “Importar ou exportar mercadoria proibida”. . ANÁLISE DO TIPO: SUJEITO ATIVO: funcionário público SUJEITO PASSIVO: o Estado ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO: dolo, não há modalidade culposa. CLASSIFICAÇÃO: crime próprio (praticado por sujeito ativo qualificado – funcionário público) AÇÃO PENAL: pública incondicionada. . SITUAÇÃO PROBLEMA DE QUEM É A COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR O CRIME DE FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO PREVISTO NO ARTIGO 318 DO CÓDIGO PENAL? . • RESPOSTA: JUSTIÇA FEDERAL, porque se trata de crime conexo ao contrabando ou descaminho, cujo interesse é da União. . PREVARICAÇÃO • Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: • Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. -esse crime é chamado pela doutrina de autocorrupção própria, onde o funcionário se deixa levar por vantagem indevida, violando deveres funcionais. . ANÁLISE DO TIPO: SUJEITO ATIVO: funcionário público SUJEITO PASSIVO: o Estado e secundariamente a entidade de direito público ou a pessoa prejudicada ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO: dolo, não há modalidade culposa. CLASSIFICAÇÃO: crime próprio (praticado por sujeito ativo qualificado – funcionário público) AÇÃO PENAL: pública incondicionada. . • EXEMPLOS DE CRIMES DE PREVARICAÇÃO: -funcionário que por não se dar bem com o requerente de uma determinada certidão, cuja expedição ficou a seu cargo, deixa de expedi-la no prazo regular. (retardar) -delegado, que devendo instaurar inquérito policial, ao tomar conhecimento da prática de um crime de ação pública incondicionada, não o faz porque não quer trabalhar demais. (deixar de praticar) . SITUAÇÃO PROBLEMA (OAB 2013.1) • Coriolano, objetivando proteger seu amigo Romualdo, não obedeceu à requisição do Promotor de Justiça no sentido de determinar a instauração de inquérito policial para apurar eventual prática de conduta criminosa por parte de Romualdo. Nesse caso, é correto afirmar que Coriolano praticou crime de • A)desobediência (Art. 330, do CP). • B)prevaricação (Art. 319, do CP). • C)corrupção passiva (Art. 317, do CP). • D)crime de advocacia administrativa (Art. 321, do CP) . • RESPOSTA: Alternativa B, prevaricação . • Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007). • Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. . ANÁLISE DO TIPO: SUJEITO ATIVO: funcionário público SUJEITO PASSIVO: o Estado e secundariamente a sociedade ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO: dolo, não há modalidade culposa, porém há certa crítica na doutrina admitindo a possibilidade culposa em caso de negligência pelo funcionário. CLASSIFICAÇÃO: crime próprio (praticado por sujeito ativo qualificado – funcionário público) AÇÃO PENAL: pública incondicionada. . • CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA • Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: • Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. indulgência: mesmo que tolerância . • DEFINIÇÃO DE CONDESCENDÊNCIA: Disposição para ceder aos sentimentos ou aos desejos de alguém; complacência, Comportamento de quem acompanha, por medo ou por fraqueza, os preceitos do dever, da honra, da honestidade. • DEFINIÇÃO DE CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA: É crime contra a Administração Pública, praticado por funcionário público que, por clemência ou tolerância, deixa de tomar as providências a fim de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo, ou deixa de levar o fato ao conhecimento da autoridade competente, quando lhe falte autoridade para punir o funcionário infrator. .ANÁLISE DO TIPO: SUJEITO ATIVO: funcionário público SUJEITO PASSIVO: o Estado ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO: dolo, não há modalidade culposa. CLASSIFICAÇÃO: crime próprio (praticado por sujeito ativo qualificado – funcionário público) AÇÃO PENAL: pública incondicionada. . • ADVOCACIA ADMINISTRATIVA • Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário: • Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. • Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: • Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. . DEFINIÇÃO DE ADVOCACIA ADMINISTRATIVA: Trata-se da utilização indevida das facilidades de cargo ou função, por funcionário público no intuito de fazer prevalecer ou fazer influir o seu peso funcional sobre a prática de atos administrativos. TERMO ADVOCACIA: não se trata de tipo penal voltado a advogados. A expressão advocacia está no sentido de promover a defesa ou patrocínio. Para o tipo penal de advocacia administrativa, trata-se de exercício normal patrocínio de causas em assuntos administrativos. . • FIGURA QUALIFICADA: • Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: • Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. interesse ilegítimo: se o interesse for ilícito. No caput seria qualquer interesse privado, de natureza lícita. No parágrafo único seria qualquer interesse privado de natureza ilícita. . ANÁLISE DO TIPO: SUJEITO ATIVO: funcionário público SUJEITO PASSIVO: o Estado e eventualmente em caráter secundário a entidade de direito público ou a pessoa prejudicada. ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO: dolo, não há modalidade culposa. CLASSIFICAÇÃO: crime próprio (praticado por sujeito ativo qualificado – funcionáriopúblico) AÇÃO PENAL: pública incondicionada. . • VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA • Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la: • Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência. . • OCORRÊNCIA DE REVOGAÇÃO TÁCITA: Entende a doutrina majoritária que o artigo 322 foi tacitamente revogado pela Lei n. 4.868/65, que disciplinou os crimes de abuso de autoridade, não havendo mais necessidade de aplicação deste artigo. Porém o STF decidiu: “o artigo 322 do C.P., que tipifica o crime de violência arbitrária, não foi revogado pelo artigo 3, alínea “i” da Lei n. 4.898/95 (lei de abuso de autoridades)” (HC 95.617, j. 25/11/2008). . ANÁLISE DO TIPO: SUJEITO ATIVO: funcionário público SUJEITO PASSIVO: o Estado e secundariamente a pessoa prejudicada. ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO: dolo, não há modalidade culposa. CLASSIFICAÇÃO: crime próprio (praticado por sujeito ativo qualificado – funcionário público) AÇÃO PENAL: pública incondicionada. . ABANDONO DE FUNÇÃO • Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: • Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. • § 1º - Se do fato resulta prejuízo público: • Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. • § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: • Pena - detenção, de um a três anos, e multa. . • Fora dos casos previstos em lei: seria quando o funcionário deixa o cargo licitamente, quando por exemplo ingressa com licença saúde ou férias regulamentares. • Figuras qualificadas: – Se houver prejuízo (parágrafo primeiro) – Local compreendido em faixa de fronteira (parágrafo segundo) . ANÁLISE DO TIPO: SUJEITO ATIVO: funcionário público SUJEITO PASSIVO: o Estado ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO: dolo, não há modalidade culposa. CLASSIFICAÇÃO: crime próprio (praticado por sujeito ativo qualificado – funcionário público) AÇÃO PENAL: pública incondicionada. . • EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO OU PROLONGADO • Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: • Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. . • OBSERVAÇÕES RELEVANTES: -norma penal em branco: as exigências legais para que o funcionário público entre no cargo são previstas em legislação específica que necessita ser consultada para poder complementar o tipo em questão. -aposentado compulsoriamente: aos 70 anos de idade o funcionário público deve afastar-se imediatamente do cargo, ainda que não haja formalizada sua aposentadoria ainda, sob pena de responder pelo artigo 324 em questão. . ANÁLISE DO TIPO: SUJEITO ATIVO: funcionário público SUJEITO PASSIVO: o Estado ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO: dolo, não há modalidade culposa. CLASSIFICAÇÃO: crime próprio (praticado por sujeito ativo qualificado – funcionário público) AÇÃO PENAL: pública incondicionada. . • VIOLAÇÃO DE SIGILO PROFISSIONAL • Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: • Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave. • § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: • I - permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública; • II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. • § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: • Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. . ANÁLISE DO TIPO: SUJEITO ATIVO: funcionário público SUJEITO PASSIVO: o Estado e secundariamente a pessoa prejudicada com a revelação do sigilo ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO: dolo, não há modalidade culposa. CLASSIFICAÇÃO: crime próprio (praticado por sujeito ativo qualificado – funcionário público) AÇÃO PENAL: pública incondicionada. . • VIOLAÇÃO DO SIGILO DE PROPOSTA DE CONCORRÊNCIA • Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: • Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. -este artigo foi revogado pelo artigo 94 da Lei n. 8.666/93, por ser lei especial que trata do assunto: • Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: • Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa. ..............................FIM..................................
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