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SISTEMÁTICA DE IMPORTAÇÃO AULA 1 Profª Rosinda Angela da Silva 2 CONVERSA INICIAL Você já pensou por que as organizações negociam internacionalmente? Já analisou quais motivos levam empresas do mundo todo a comprar e vender mercadorias, serviços, tecnologia e até mesmo trocarem know-how? A resposta parece simples! Você pode justificar dizendo que essas negociações têm foco na melhoria dos processos produtivos e de atendimento, na inovação dos produtos, na tentativa de tornar as fábricas mais eficientes e competitivas por meio da redução de custos dos produtos. Isso pode ser alcançado através de negociações com bons fornecedores no exterior. Mas você já pensou como estruturar esse processo? Já conjecturou sobre quais são os principais procedimentos para habilitar uma empresa a adquirir produtos e serviços de fornecedores de qualquer lugar do mundo? A partir dessas dúvidas, a disciplina Sistemáticas de Importação convida você a embarcar na construção do conhecimento sobre esse assunto tão interessante e atual! Seja bem-vindo à primeira aula de Sistemáticas de Importação! CONTEXTUALIZANDO As negociações comerciais entre países não é uma atividade nova, pois faz parte da história da humanidade. Isso pode ser constatado nos livros de história que narram as grandes navegações marítimas que se intensificaram a partir do século XV em busca de novas rotas de comércio em várias partes do mundo. Contudo, para adentrarmos os temas discutidos nesta disciplina, utilizaremos como marco teórico as mudanças globais mais recentes na área, as quais datam do final da década de 1980 até os dias atuais. Essa década foi atípica devido à transformação drástica ocorrida na forma como a humanidade passou a se comunicar, representado pela disseminação do uso da internet. Além da internet, outros elementos que contribuíram para o avanço das negociações internacionais foram: os progressos da Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC); a melhoria das operações logísticas que aconteceram pelos quatro cantos do mundo; e a abertura da economia mundial. Segundo Ludovico (2009, p. 4), “a queda das barreiras alfandegárias, a formação de blocos econômicos, a velocidade nas comunicações, os avanços 3 tecnológicos e o fluxo dos capitais internacionais são as principais forças que criaram uma nova ‘ordem mundial’”. Por conta dessas mudanças globais, a economia brasileira também iniciou a abertura das suas portas para o mundo e, com isso, muitas empresas nacionais iniciaram o processo de internacionalização, o que aconteceu de diferentes maneiras. Algumas se internacionalizaram comprando e vendendo mercadorias no mercado exterior, outras realizando joint ventures com empresas estrangeiras, outras ainda adquirindo empresas já estabelecidas no mercado, entre outras possibilidades. Por mais que esse fenômeno não tenha sido exclusividade do Brasil, uma vez que outros países de economia fechada passaram pelo mesmo processo em distintas intensidades, o fato é que, com tudo isso, negociar no mercado externo está mais fácil agora. Aos poucos, os empresários foram perdendo o medo de negociar com empresas estrangeiras, a oferta de capacitação foi se tornando mais frequente e um verdadeiro exército de profissionais ligados às áreas de importação, exportação, frete internacional, seguro internacional, desembaraço aduaneiro, direito tributário, direito internacional, entre outras especialidades, formou-se no Brasil e no mundo. Diante disso, podemos analisar que adquirir conhecimentos nessa área vai fazer com que profissionais e estudantes se tornem mais capacitados para atuar no comércio internacional. Esta disciplina tem como ponto de partida a certeza de que o mundo está muito globalizado para retroceder. Isso significa dizer que cada vez mais as empresas e os países negociarão entre si. Por isso a importância em conhecer e compreender os meandros das atividades inerentes à importação de mercadorias, bem como aplicar os conhecimentos adquiridos, porque de fato é disso que as empresas necessitam: colaboradores capacitados, com conhecimentos teóricos e práticos que as auxiliem nas tomadas de decisões diárias. TEMA 1 – FUNDAMENTOS DA IMPORTAÇÃO No cenário econômico mundial observa-se que se mantêm no mercado as empresas que oferecem produtos inovadores, com qualidade compatível com as exigências de mercado e preço justo. Esses elementos podem ser alcançados através de boas parcerias com fornecedores locais ou internacionais, uma vez que atuar globalmente já é uma realidade para muitas organizações. Isso justifica 4 a importância em compreender os fundamentos das importações para que as negociações sejam realmente vantajosas para ambas as empresas. Para auxiliar nesse processo, este tema tratará das primeiras informações necessárias para a compreensão do processo de importação. As empresas possuem vários caminhos para iniciarem o processo de internacionalização de seus negócios, e um deles é a importação. Importar é adquirir produtos e serviços de fornecedores estrangeiros dentro dos parâmetros legais da atividade, ou seja, respeitando as diretrizes e a legislação vigentes no Brasil e também no exterior. Nos últimos anos, a atividade de importação ganhou destaque como estratégia de redução de custos para a indústria e para o varejo; contudo, nem sempre essa situação é vista como benéfica para um país. A indústria reduz seus custos importando diversos insumos (partes, componentes, peças e matérias- primas) e industrializando-os no Brasil, agregando valor e vendendo no mercado local, quiçá exportando. Já o varejo consegue reduzir os custos da mercadoria vendida através da importação de produtos prontos, apenas os comercializando. Certamente, ao reduzir os custos operacionais espera-se que as empresas possam praticar menores preços de vendas, fazendo frente à concorrência. Então, por esse viés, importar parece ser saudável e estratégico para um país. E isso é verdadeiro quando não cria a desindustrialização desse país, ou seja, não desencadeia o sucateamento do parque fabril e até o fechamento de fábricas. Dessa forma o país pode sofrer a redução de postos de trabalho nas fábricas e a diminuição na procura por serviços específicos na indústria, tais como: manutenção de máquinas e equipamentos; limpeza, conservação e segurança. Outra consequência desse cenário é a diminuição da compra de peças de reposição, matérias-primas e gastos gerais de fabricação (óleos, lixas, graxas, fitas, colas, rebolos e uma infinidade de outros produtos). Isso é visto como prejudicial porque esses segmentos são essenciais para o crescimento da economia de um país. Entretanto, na prática o desemprego não é decorrente da desindustrialização, e sim de métodos inadequados de produção, capital humano não capacitado suficientemente, maquinário obsoleto e a falta de investimentos em novas tecnologias. É pertinente analisar que um país que deseja atuar fortemente no mercado exterior e tem todas as condições para isso, como o Brasil, não deve temer a desindustrialização e sim fomentar o 5 crescimento das empresas de desenvolvimento de novas tecnologias e melhorar a produtividade nacional, reduzindo custos e tornando as empresas mais competitivas. Esses cenários mutantes têm instigado as empresas a revisitar constantemente suas táticas e buscar maneiras de permanecerem ativas no mercado. Como já foi citado anteriormente, uma das estratégias que tem sido usada com frequência é a importação de produtos prontos para revenda, bem como a importação de matérias-primas para fabricação e peças, módulos e componentes para montagem aqui no Brasil. Para levar adiante a estratégia de importar, são necessários alguns conhecimentos fundamentais prévios, dentre os quais sedestacam: conhecimento sobre negócios internacionais em geral; identificação da maneira como os países negociam; reconhecimento das regras vigentes, dos acordos comerciais internacionais e dos blocos econômicos que dominam determinada parte do globo; entendimento (ainda que limitado) de teoria econômica; domínio de noções cambiais e de economia internacional; e identificação dos órgãos intervenientes do comércio exterior. Além disso, é importante que a empresa tenha um planejamento financeiro, porque os desembolsos para nacionalizar costumam ser altos, principalmente no que tange ao recolhimento dos impostos. Em linhas gerais, a tarefa de importar pode ser didaticamente dividida em quatro grandes grupos de atividades: Grupo 1 – Fase da negociação com o exportador e da documentação da empresa: Inicialmente o gestor deve compreender a relevância de uma negociação internacional para encontrar (desenvolver) um exportador que esteja apto a atendê-la e que tenha interesse em negociar. Desenvolver e homologar um fornecedor no exterior difere um pouco do processo de desenvolvimento de um fornecedor nacional. Em alguns casos, isso gera tentativas frustradas de importação. Nessa fase deve-se iniciar a providência dos documentos necessários para tornar a empresa importadora e cumprir os trâmites legais exigidos, como habilitação no Siscomex (Radar), o Sistema Harmonizado (SH), a Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM), a Tarifa Externa Comum (TEC), entre outros, caso a empresa seja nova nesse meio. Grupo 2 – Fase documental da importação: Nessa fase a empresa já está apta a importar e o fornecedor já foi contatado. São realizados os trâmites 6 documentais da negociação, ou seja, discute-se com o fornecedor as questões comerciais: preço, forma de pagamento, modal de transporte, lead time, Termo Iternacional de Negócio (Incoterm) que impactará os custos da importação, volumes de compras e outros. É verificado também se o produto não exige Licença de Importação (LI) antes do embarque, se não há controle de preços, medidas antidumping ou outra sanção prevista. Fechada a negociação com todos esses parâmetros acertados, o exportador já consegue emitir o primeiro documento da importação: a Proforma Invoice, a qual representa o acordo comercial entre exportador e importador. Grupo 3 – Fase Fiscal da importação: Nessa fase o produto já chegou ou está chegando ao Brasil e alguns procedimentos são necessários, tais como: analisar o sistema fiscal e tributário para verificar todos os tributos que incidirão sobre o processo: impostos, taxas e contribuições; verificar os impostos que a empresa poderá se creditar futuramente, entre outros; e conferir se o sistema de emissão de nota fiscal está adequado, considerando todos os tributos corretamente. Grupo 4 – Fase Despacho e Nacionalização da mercadoria: Nesse momento, o foco são os procedimentos necessários para nacionalizar a mercadoria quando esta chega ao porto ou aeroporto ou à fronteira entre países vizinhos: decidir onde a mercadoria será desembaraçada (território aduaneiro ou recintos alfandegados, como os portos secos); atentar-se aos prazos, ao registro da Declaração de Importação (DI), aos pagamentos necessários para liberar as mercadorias, à parametrização do canal; retirar o material do recinto e transportá-lo até a empresa importadora. Concluídos esses trâmites operacionais, é realizado também o fechamento do custo total para se certificar de que a importação realmente trouxe a redução de custo almejada pela empresa. Essa breve apresentação das atividades mais recorrentes de uma importação é o alicerce para que uma empresa comece a se organizar para operacionalizar essa estratégia, por isso as mesmas serão contempladas nos temas da disciplina. Contudo, é comum que as empresas terceirizem parte desses processos para os despachantes aduaneiros, uma vez que a base fundamental para uma importação de sucesso é o conhecimento — então, nada melhor que ser assessorado por quem tem experiência nos processos de vários segmentos e já está habituado aos trâmites do comércio exterior. 7 Textos de leitura obrigatória Amplie seu conhecimento nessa fase inicial da disciplina com a leitura do tópico 1.3 “Comércio internacional” (p. 25-32) e do tópico 1.4 “O comércio internacional brasileiro” (p.34-38), que fazem parte do livro listado a seguir: TRIPOLI, Angela Cristina Kochinski; PRATES, Rodolfo Coelho. Comércio Internacional: teoria e prática. Curitiba: Intersaberes, 2016. Saiba mais Acesse o link a seguir e saiba como o governo está fomentando a importação das pequenas e médias empresas através do processo de drawback: <https://www.comexdobrasil.com/governo-amplia-desoneracao-sobre- importacoes-para-as-empresas-optantes-pelo-simples-nacional/>. Curiosidade Acesse o link a seguir e conheça a relação de Alberto Santos Dumont, o pai da aviação brasileira, com a importação do primeiro veículo no Brasil: <http://www.saopauloinfoco.com.br/a-relacao-de-santos-dumont-com-o- primeiro-veiculo-de-sao-paulo/>. Vídeos Para entender como as importações de pessoas físicas têm crescido no Brasil, acesse o link a seguir e assista ao vídeo Compras pela internet, produzido pelo Canal Futura: <https://www.youtube.com/watch?v=O8rPEKnw-as>. Tema de pesquisa Você já pensou em importar serviços? Como é possível importar algo que é intangível por natureza? Acesse o Google e busque mais informações sobre esse assunto, que é uma tendência no mercado exterior também. TEMA 2 – INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DE COMPRAS Para negociar no mercado internacional as organizações precisam de pessoas competentes e devidamente capacitadas. Nas empresas de grande porte, geralmente existe um departamento de comércio exterior, o qual é 8 responsável pelas exportações e importações dos produtos. Já em empresas de pequeno e médio porte, esse setor de comércio exterior inexiste, fazendo com que colaboradores dos setores de compra assumam o papel de importadores. Por isso é conveniente compreender como preparar o setor de compras para essa nova tarefa. Por isso este tema tem como objetivo discutir as maneiras como uma empresa pode fazer essas adaptações utilizando os recursos já existentes. Quando o Brasil abriu suas portas para o mercado internacional, não havia mão de obra qualificada para desempenhar as atividades inerentes a esse novo processo, e tampouco os empreendedores estavam preparados para assumir ou gerenciar os departamentos de comércio exterior (Comex) que deram início a sua estruturação nas organizações. Isso não significa dizer que as empresas brasileiras não realizavam negócios no exterior, mas com a economia fechada, tais tarefas não eram fomentadas a ponto de garantir investimentos em grandes estruturas. Com o tempo, instituições de ensino iniciaram o processo de formação do capital humano, preparando profissionais que rapidamente adquiriram know-how e puderam então auxiliar as empresas a participar de maneira mais eficiente do mercado internacional. As grandes organizações, por sua vez, estruturaram setores específicos para o gerenciamento das negociações internacionais, mas as pequenas e médias empresas (PMEs) não possuíam (e ainda não possuem) as mesmas condições. Nesses casos, as PMEs optaram por fazer importações indiretas ou capacitar um profissional interno para a realização das atividades. Dessa maneira, a área comercial assumiu a exportação e a área de compras assumiu a importação. No entanto, o foco desta aula é desenvolver os conceitos de importação, então a internacionalização do setor de compras terá destaque nesse momento. Atualmente, ter um setor de compras bem estruturado e apto a desenvolver as atividades de importação é imprescindível para a sobrevivência de uma empresa, independente do seu porte. Com a formação das grandescadeias de suprimentos globais (Global Supply Chain) tornou-se mandatório que os compradores estejam devidamente capacitados a negociar em ambientes diferenciados, e para isso é preciso dominar diversos conhecimentos, em especial aqueles relacionados a: questões econômicas e políticas do país exportador; 9 representatividade dos blocos econômicos; metodologias de negociações internacionais e segundo idioma, principalmente o inglês; conhecimento dos impostos incidentes nas importações e noções de câmbio; metodologia de cálculo dos custos para comparar a viabilidade entre importar ou comprar no mercado nacional; noções de rotinas de importação, logística internacional, operadores logísticos, intervenientes que atuam no cenário internacional, territórios aduaneiros, zonas primárias e secundárias, entre outras informações pertinentes que fazem parte da rotina do setor. Para atuar nesse cenário, o comprador deve ser também um usuário intermediário de informática, porque terá que operar em sistemas informatizados como Siscomex, Siscoserv, Siscarga, entre outros. Mas algo que necessita ficar claro para as empresas é que o comprador convencional não é um importador, logo, ele não tem os conhecimentos citados. Nesse caso é prudente que a capacitação para os compradores tenha início antes de a empresa começar o processo de importação propriamente dito. Isso porque algum conhecimento prévio, mesmo que teórico, fará com que o aprendizado prático seja menos doloroso. Com a mudança no modus operandi das negociações de compras, as quais agora ocorrem frequentemente com fornecedores internacionais, é interessante que o comprador tenha um perfil mais inovador e arrojado para incorporar a prática da importação às rotinas do setor. Percebe-se assim que o papel do comprador hoje é outro: de negociador “com vizinhos” para negociador “com o desconhecido”. Diante dessas mudanças é imprescindível que o setor de compras se posicione de forma estratégica para contribuir com a competitividade da empresa. Imagine que se uma grande empresa fizer uma importação malsucedida, certamente sentirá os efeitos em seus custos, mas não irá à bancarrota. Uma pequena empresa, por sua vez, certamente não terá estrutura de capital suficiente para um prejuízo de grande monta. Isso nos faz refletir sobre o quão importante é a capacitação do colaborador responsável pela importação. Para o bem dos negócios, esse comprador não pode errar — pelo menos não de forma grosseira ou irresponsável! Segundo Ludovico (2009, p. 50), “as pessoas que 10 fazem parte dessa área da empresa devem, naturalmente, ter uma especialização na atividade, além de uma experiência adequada; caso contrário, pode haver riscos e prejuízos pelo despreparo tanto da empresa como dos funcionários”. Para mitigar as chances de erros é importante que os profissionais estejam tecnicamente qualificados e informados. Para isso, eles devem acompanhar os movimentos e as tendências de mercado e se munirem de informações atuais sobre os mercados fornecedores que se desenvolvem pelo mundo. Isso é possível por meio de visitas a feiras internacionais, participação em eventos e palestras sobre comércio internacional, acesso a periódicos, revistas, livros e jornais que contribuam com o fomento desse conhecimento, entre outras atividades. Considere que atualmente é inadmissível um indivíduo justificar uma falha por falta de informação, pois o acesso está tão democrático e acessível que simplesmente não há justificativa para não buscar conhecimentos. Entre as importantes tarefas que o comprador terá que desempenhar, a prospecção e o desenvolvimento de fornecedores no exterior são grandes desafios. Isso porque o ambiente de negociação é diferente daquele com que o comprador está acostumando. Além da barreira do próprio idioma, as questões culturais, as quais podem ser muito diferentes do que se verificar no Brasil, também impactam diretamente a qualidade da negociação. Para desenvolver um fornecedor no Brasil, o comprador seguirá alguns passos básicos, como prospecção, identificação, negociação prévia, visita à empresa, discussão de questões comerciais, desenvolvimento do fornecedor, homologação, compra, avaliação da qualidade e acompanhamento do fornecimento. Já na importação, a sistemática difere um pouco, principalmente no quesito visita, pois nem sempre é viável para a empresa arcar com despesas tão altas em uma viagem para o exterior. A partir disso, ocorre o processo de negociação: produto, volume, lote econômico de compra e de fabricação, amostras para teste, preços, pagamentos, Incoterm, lead time, modal de transporte, frete, tipos de embalagem, taxas, entre outros. Então, quando todos os pormenores forem acertados, uma ordem de compra (purchase order – PO) é encaminhada ao exportador. Em contrapartida, o exportador, se estiver de acordo com as 11 premissas da PO, encaminha o documento provisório de compra, chamado de proforma invoice –PI. Até aqui, comentamos apenas o início do fluxo de uma importação, mas já é possível perceber que ele difere ligeiramente de um pedido de compras nacional. Logo, se a empresa optar por centralizar as compras nacionais e as internacionais no setor de compras, compete aos compradores o gerenciamento de todas as tarefas envolvidas. Links para textos de leitura obrigatória Acesse o link a seguir e leia o estudo de caso sobre mercados organizacionais (p.114-116) e aprenda mais sobre compras: <http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788582122822/page s/115>. Saiba mais Acesse o link a seguir e conheça um estudo sobre os modos como as empresas que participam de uma cadeia de suprimentos no Sul do Brasil internacionalizaram seus setores de compras: <http://repositorio.pucrs.br/dspace/handle/10923/1181>. Curiosidade Que tal conhecer um pouco mais sobre o processo de compras organizacionais? Acesse o link a seguir e leia o capítulo 4 (p.100-113) do livro A influência do consumidor nas decisões de marketing. Vídeos Você compraria flores pela internet? E coroas de flores para velórios? Pois saiba que isso é perfeitamente possível! Acesse o link a seguir e assista ao vídeo em que o jovem empreendedor comenta sobre o assunto: <https://globoplay.globo.com/v/2485328/>. Tema de pesquisa Acesse o link a seguir e conheça os principais produtos importados pelo Brasil em junho de 2016: <http://br.advfn.com/jornal/2016/07/lista-dos-principais- produtos-importados-pelo-brasil-em-junho-de-2016>. 12 TEMA 3 – A TI COMO RECURSO ESTRATÉGICO PARA IMPORTAÇÃO A Tecnologia da Informação (TI) é um dos principais recursos do comércio internacional, pois viabiliza a troca de informações entre empresas clientes e empresas fornecedoras de maneira rápida e eficiente. O avanço da TI fez com que o fluxo total de uma importação tenha reduzido consideravelmente, consequentemente atendendo às necessidades das empresas de forma mais efetiva. Além disso, no Brasil todo o processo administrativo das importações é realizado via internet, através de sistemas específicos que oferecem todo o suporte. A partir desses pressupostos, este tema discutirá como a TI pode ser utilizada como um recurso estratégico na melhoria dos processos de importação. A logística tem sido um dos setores mais beneficiados pelas inovações tecnológicas. O avanço dos recursos tecnológicos auxiliou as empresas a reduzir as distâncias geográficas e fazer com que os produtos cheguem mais rapidamente ao consumidor. Atualmente isso está bem representado pelo e- commerce (comércio eletrônico), seja na versão B2B (business to business – negociação entre empresas) ou B2C (business to consumer – negociação entre empresa e consumidor final). Segundo Costa (2007, p. 118), “o comércio eletrônico voltado para B2C, também chamado de varejo eletrônico, é a vendadireta de produtos ou serviços para o consumidor ou cliente por meio de vitrines eletrônicas ou shoppings virtuais, geralmente no formato de catálogos eletrônicos e/ou leilões”. O autor esclarece ainda: “Já o B2B são as relações entre empresas que podem ocorrer de forma manual ou por meio de complexos sistemas de informação para a execução e a distribuição, interligando centenas de fornecedores e fabricantes” (Costa, 2007, p. 126). Ao analisarmos esses aspectos de negociação eletrônica apenas nas transações comerciais locais (nacionais), observamos a contribuição da TI no que concerne à troca de informações, documentações, pagamentos, rastreabilidade das entregas, avisos de chegada, entre outros. Nas transações comerciais internacionais, a necessidade dessas informações se intensifica e é através do uso Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC) que isso é possibilitado e até facilitado. O desenvolvimento constante de novas soluções de TIC tem proporcionado às empresas cada vez mais integração virtual, troca de 13 informações em tempo real e negociações cada vez mais rápidas. A TIC tem sido utilizada em diversas áreas do comércio internacional, a saber: 1. Apoio às empresas que trabalham em cadeia de suprimentos globais (global supply chain management): Através do uso da TIC, a distância geográfica já não é mais um empecilho para as empresas firmarem parecerias com fornecedores internacionais e reduzirem seus custos de produção. Segundo Banzato (2005, p. 36), “a Tecnologia da Informação permite que as organizações atinjam seus próprios sistemas e sistemas de parceiros, extraindo dados e os distribuindo por toda a cadeia. O resultado é a maior velocidade, qualidade e valor para toda a cadeia — dos fornecedores de matérias-primais até o cliente final”. Os principais benefícios são: troca rápida de informações, desenvolvimento de produtos e serviços de forma conjunta e virtual, e redução dos custos operacionais dos estoques (uma vez que a rastreabilidade on-line permite um planejamento mais eficiente das quantidades de produtos estocados, culminando em resposta mais rápida ao consumidor final e também reduzindo o tempo de resposta por toda a cadeia). Observa-se então que as cadeias de suprimentos globais dependem da tecnologia da informação para sua operação, pois não há possibilidade de gerenciar todos os elos envolvidos (fabricantes, distribuidores, atacadistas, varejistas, atacarejos, centros de distribuição, centros de armazenagem e outros) sem o uso intenso de sistemas informatizados. 2. Apoio aos negócios das grandes multinacionais que possuem plantas em vários países do mundo e contam com projetos e/ou produtos globais, como grandes montadoras automobilísticas, grandes laboratórios farmacêuticos, siderúrgicas, fábricas de papel, grandes cadeias varejistas, entre outros. Para essas empresas é extremamente importante que seu corpo diretivo consiga gerenciar conjuntamente esses projetos, mas é dispendioso manter equipes muito grandes e que necessitam estar em trânsito pelas plantas o tempo todo. Nesse caso o uso da TIC é essencial para reunir os colaboradores dos projetos e até mesmo os tomadores de decisões, através das videoconferências e reuniões estratégicas realizadas com os recursos tecnológicos disponíveis. Os benefícios para essas empresas residem em manter os especialistas em suas bases originais de trabalho e proporcionar recursos tecnológicos para as reuniões virtuais. Com isso é possível realizar transferência de know-how 14 entre as próprias bases. Por exemplo: é possível disseminar alguma sistemática que deu certo em determinada planta para as demais, sem a necessidade de grandes dispêndios com viagens internacionais, estadias, seguros pessoais, entre outros. E, globalizado como o mundo se encontra atualmente, essas situações são mais comuns do que parecem. 3. Apoio às negociações internacionais: para importar ou exportar produtos e serviços, as empresas necessitam de suporte tecnológico. Se analisarmos os procedimentos brasileiros para uma empresa operar no comércio internacional, constataremos o quão importante é o papel da tecnologia da informação e também da comunicação, pois para que a empresa possa se tornar uma importadora ela terá que operar nos sistemas vigentes (como Siscomex, Siscarga, Siscoserv, entre outros), e para isso é necessário que ela esteja habilitada no Radar da Receita Federal. Para a troca de informações com os fornecedores dos produtos e os provedores de serviços no exterior (trades, agentes de cargas, armadores, entre outros), assim como para realizar o envio dos pagamentos, será necessária a utilização de e-mails e também do sistema bancário, o que acontece totalmente por meio eletrônico. Para finalizar o processo, quando a mercadoria chega ao Brasil, todo o processo de nacionalização também é realizado por meio eletrônico. 4. Realizar previsão da demanda, pois através de sistemas informatizados é possível coletar e armazenar informações dos períodos passados, os quais são analisados criticamente por especialistas que, utilizando a estatística, conseguem calcular as quantidades de materiais a serem adquiridos ou os estoques de segurança a serem mantidos. No comércio internacional isso tem relevância pelo fato de que o lead time costuma ser bem maior que em compras locais. 5. Outras utilizações importantes: Uso de sistemas no gerenciamento dos estoques, na gestão dos armazéns, acompanhamento da distribuição e da reposição de mercadorias, uso dos códigos de barras, das etiquetas de Identificação por radiofrequência (RFID), rastreamento de veículos, sistemas de informações logísticas (SIL), sistemas de informações gerenciais (SIG), sistemas de gerenciamento de transporte, entre outros. A proposta do comércio internacional é que as empresas trabalhem cada vez mais de forma integrada e colaborativa, e as tecnologias da informação e da 15 comunicação serão a base para esse propósito. Os recursos tecnológicos ainda estão no início do seu ciclo de vida — isso significa dizer que cada vez mais serão criadas soluções inteligentes e automatizadas que suportarão maiores fluxos de negociações e melhorarão a produtividade das organizações e, consequentemente, dos países também. Links para textos de leitura obrigatória Acesse o link a seguir e amplie seu conhecimento sobre B2B e B2C com a leitura das páginas 117 a 121 do livro Sistemas de Informação Gerenciais: Administrando a empresa digital, dos autores Kenneth C. Laudon e Jane P. Laudon. Saiba mais As empresas precisam alinhar os objetivos da tecnologia da informação às estratégias da empresa. Leia o artigo disponível no link a seguir e entenda como isso é possível: <http://www.administradores.com.br/artigos/academico/pdti-o-alinhamento-da- ti-com-os-objetivos-organizacionais/99377/>. Curiosidade Que tal conhecer o robô que faz companhia para as pessoas no trânsito? Acesse o link a seguir e leia a matéria do G1: <http://g1.globo.com/carros/noticia/2016/10/toyota-vendera-robo-para-fazer- companhia-no-transito.html>. Vídeos Amplie seu conhecimento através da leitura da matéria “Temas relevantes do comércio exterior são debatidos em evento promovido pela Thomson Reuters”, disponível em: <http://www.comexdobrasil.com/temas-relevantes-do- comercio-exterior-sao-debatidos-em-evento-promovido-pela-thomson-reuters/>. Tema de pesquisa Neste tema tivemos uma breve noção do que é o comércio B2B e B2C. Que tal agora conhecer o e-government? Acesse o link a seguir e leia os itens 7.4 e 7.5 (p. 243-249) do livro Comércio eletrônico: estratégia e estão, de Efraim 16 Turban e David King. TEMA 4 – TIPOS DE IMPORTAÇÃO: PRÓPRIA OU POR ENCOMENDA Aproveitar as oportunidades de adquirir produtos mais inovadores e com preços menores que os praticados pelo mercado nacional é objetivode muitas organizações. No entanto, devido à complexidade que permeia a importação de inúmeros produtos, muitas empresas optam por atuar de forma indireta no mercado global. Isso é possível por causa da possibilidade de a empresa escolher entre fazer uma importação própria e arcar com todos os ônus do processo ou realizar uma importação por encomenda. Este tema tratará de apresentar as duas possibilidades e suas principais características. Muitas empresas, principalmente de médio e pequeno porte, têm interesse em importar produtos e serviços, mas por conta da burocracia existente desistem da ideia. No entanto, existem diferentes canais de aquisição, os quais serão apresentados a seguir. 4.1 Importação própria (ou direta) Segundo Bizelli (2006, p. 16), a importação própria refere-se a situações em que “o adquirente promove a entrada da mercadoria no país”. Nesses casos, o adquirente, que é o próprio importador, realiza todas as operações envolvidas no processo e é responsável por todo o trâmite da importação. Essa responsabilidade abarca também seguir toda a legislação pertinente envolvida, por isso, muitos médios e pequenos empresários não utilizam essa metodologia. Se por um lado a importação direta requer um esforço maior por parte das empresas que desejam adquirir produtos e serviços a custos menores, por outro verifica-se que as dificuldades mais expressivas acontecem apenas no início do processo. Com o tempo, os compradores/importadores adquirem know-how e o processo se torna mais automático. Para esse caso, a empresa terá sim que investir em um time devidamente capacitado para realizar todas as atividades da importação própria. Os compradores terão que negociar com os exportadores todas as condições comerciais da importação, desde o melhor preço, a condição de 17 pagamento, o lead time, o Incoterm, o porto de origem e o porto de destino (caso seja via marítima), a documentação inicial e outros detalhes pertinentes à operação. Na modalidade da importação própria também compete à empresa compradora toda a parte administrativa, como os registros necessários para importação, a consulta às NCMs dos produtos, as licenças de importação (LI), o acompanhamento da chegada das mercadorias, a organização da documentação final, o registro da DI e todo o trâmite de despacho e desembaraço aduaneiro. Caberá ainda à empresa importadora o pagamento pela compra da mercadoria através dos procedimentos bancários legais, bem como a comunicação ao exportador. São inúmeras atividades desenvolvidas quando a empresa opta pela importação direta, mas os benefícios valem a pena, porque a empresa reduz os gastos com intermediários, tem um acompanhamento melhor dos processos e consegue controlar melhor os custos. Além disso, toma as decisões de forma mais autônoma e mais ágil, trazendo maior competitividade para o seu negócio. 4.2 Importação por encomenda Essa modalidade de importação é útil para a empresa que deseja adquirir determinada mercadoria, mas não quer se envolver no processo de importação ou não deseja realizar todos os procedimentos inerentes a um processo de importação. Isso é comum quando a empresa não é importadora frequente e quer focar seus esforços na sua atividade principal. Nesse caso, a empresa cliente negocia com uma empresa importadora, devidamente registrada e com conhecimento na área, que se responsabiliza por todo o processo. Na realidade, a empresa importadora se encarrega de comprar, trazer e pagar a mercadoria para o exportador e, após nacionalizar a mercadoria, revende-a para empresa encomendante. Esse tipo de importação é tratado na Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal nº 634/2006, e deve haver um contrato formal entre a empresa adquirente e a empresa encomendante para garantir os benefícios da transação comercial para ambas. Para evitar fraudes, a Receita Federal pode, por exemplo, solicitar comprovantes das importações feitas por encomenda para compará-los com o patrimônio de ambas as empresas, de modo a verificar se há compatibilidade entre o patrimônio e os valores negociados. 18 Vieira (2015, p. 61) diz que para dar curso a este tipo de operação e a empresa que encomenda mercadoria a uma outra empresa deve apresentar à Secretaria da Receita Federal, com jurisdição para fiscalização aduaneira, cópia do contrato firmado entre a importadora e encomendante, caracterizando, assim, a vinculação da operação junto ao Siscomex. O importador por encomenda, para promover o registro da Declaração de Importação deverá informar, em campo próprio, o número de inscrição da empresa que efetuou a encomenda. Vieira continua explicando que para fins fiscalizatórios, além do contrato com todas as cláusulas estabelecidas entre empresa importadora e encomendante, é importante que ambas mantenham os documentos em ordem e os arquivem por, no mínimo, dez anos. O site da Receita Federal traz importantes informações sobre esse modelo de importação, algumas das quais serão apresentadas a seguir. No que concerne a requisitos, condições e obrigações tributárias acessórias, destacam-se as seguintes orientações: Ambas as empresas (importadora e encomendante) devem estar habilitadas a operar no Siscomex. A operação deve ser realizada integralmente com recursos do importador contratado. Para promover o despacho aduaneiro das mercadorias importadas, ao elaborar a declaração de importação (DI) o importador, pessoa jurídica contratada, deve indicar, em campo próprio na ficha “Importador” da DI, o número de inscrição do encomendante no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). Enquanto não estiver disponível na ficha “Importador” da DI um campo específico para o CNPJ do encomendante, este deve ser informado no campo destinado à identificação do adquirente por conta e ordem daquela mesma ficha, devendo também ser informado, na ficha “informações complementares” da DI, que se trata de uma importação por encomenda, entre outras informações. O pagamento deve ser realizado (cobertura cambial) exclusivamente pela empresa importadora, a qual precisa ter caixa suficiente para arcar com esse desembolo. 19 Sobre os cuidados especiais: Ambas as empresas devem observar os requisitos, as condições e obrigações tributárias acessórias. É importante frisar que, na importação por encomenda, o fato de o importador (na qualidade de contratado do encomendante) registrar a declaração de importação (DI) em seu nome e utilizar seus próprios recursos para levar a efeito a operação faz com que se produzam, para o importador contratado, os mesmos efeitos fiscais de uma importação própria. Por mais que seja o importador que recolha os tributos incidentes na operação, ainda assim a empresa encomendante é responsável solidário pelo recolhimento de todos os tributos, porque ambos têm interesse comum na situação que constituiu o fato gerador dos tributos. Outro cuidado que as empresas devem ter se refere à legislação de preços de transferência (transfer pricing), evitando os superfaturamentos nas importações e subfaturamentos nas exportações. No site da Receita Federal é possível encontrar mais informações sobre a modalidade de importação por encomenda, a qual é comumente utilizada por empresas que têm filiais em vários países e fazem negociações entre si. As informações aqui apresentadas sobre as modalidades de importação própria e por encomenda são sintéticas, mas já é possível vislumbrar duas formas pelas quais uma empresa pode atuar como importadora. Links para textos de leitura obrigatória Acesse o link a seguir e leia as páginas 270 e para aprofundar seu conhecimento sobre as modalidades de importação: <http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788559720815/page s/269>. Saiba mais Amplie seus conhecimentos sobre importação acessando o artigo “Os desafios para as operaçõesde importação no Brasil: Um estudo de caso de uma empresa importadora da região sul de Minas Gerais”, disponível em: <http://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos15/9122228.pdf> 20 Curiosidade Já pensou em importar um animal vivo? Embora não seja comum, é possível fazer isso, desde que algumas regras sejam obedecidas. Acesse o link a seguir e conheça um pouco mais sobre o assunto: Vídeos Acesse o link a seguir e assista ao vídeo que comenta quão importante é a participação do Brasil no comércio exterior, intitulado Comércio exterior pode garantir a retomada do crescimento econômico: <https://www.youtube.com/watch?v=U4GvWpZ4T8Y>. Temas de pesquisa Amplie seu conhecimento sobre como ocorrem as importações de medicamentos no Brasil acessando o link a seguir: <http://portal.siscomex.gov.br/informativos/noticias-orgaos/anvisa/importacao- de-medicamentos-sem-registro-no-brasil>. TEMA 5 – TIPOS DE IMPORTAÇÃO: CONTA E ORDEM DE TERCEIROS As empresas que optam por atuar de forma indireta no comércio internacional contam também com a possibilidade de realizar uma importação por conta e ordem de terceiros. Esse modelo de importação tem suas características próprias e exige alguns procedimentos formais, como um contrato entre as empresas participantes do processo. Este tema tratará então de explicar como uma empresa pode realizar uma importação utilizando esse método. Segundo Vieira (2015, p. 59), na importação por conta e ordem de terceiro, o importador de fato é a adquirente, a mandante da operação, aquela que efetivamente traz a mercadoria procedente do exterior por meio de uma negociação internacional. Sendo assim, a importadora por conta e ordem é uma mera mandatária da adquirente. Essa modalidade também é regida por uma Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal, a IN SRF n. 225/2002, a qual traz todas as <http://www.in.gov.br/web/dou/-/instrucao-normativa-n-12-de-28-de-junho- de-2019-187160162>. 21 informações pertinentes para a empresa que deseja importar através desse procedimento, tais como: Por mais que a empresa importadora (intermediária) realize operações desde levantamento de preço e negociação comercial até a organização da chegada da mercadoria, não significa que a mercadoria a ela pertence, pois os recursos financeiros utilizados serão da empresa adquirente (diferente da modalidade da importação por encomenda, na qual a empresa importadora paga tudo inicialmente). Ambas as empresas precisam estar habilitadas a operar no Siscomex. Ao registrar a DI é necessário que o importador informe o nome e CNPJ e outras informações da empresa adquirente. O conhecimento de carga deverá estar endossado à empresa importadora (intermediária) para que ela possa realizar os procedimentos de despacho aduaneiro. A fatura comercial deve identificar o nome da empresa adquirente para caracterizar uma transação comercial de compra e venda de mercadorias entre o exportador e a empresa adquirente, entre outras informações. O site da Receita Federal adverte que são observados alguns cuidados especiais, tais como: mesmo que a empresa importadora (intermediária) registre a DI em seu nome, a empresa adquirente é proprietária de fato da mercadoria, porque a mesma foi contratada apenas para intermediar os trâmites da importação. Independentemente de a empresa importadora (intermediária) efetuar algum pagamento (seja ao exportador ou a algum prestador de serviço nacional) com os recursos da adquirente, a mercadoria não se torna sua propriedade. Além disso, mesmo que a importadora seja o contribuinte dos tributos federais incidentes nas importações dessa modalidade, o adquirente é responsável solidário pelo recolhimento desses tributos. Também na modalidade de importação por conta e ordem de terceiros, é preciso observar as regras dos preços de transferência e também do valor aduaneiro da mercadoria. Essas sistemáticas estão previstas em legislação específica e têm como foco evitar as fraudes fiscais e tributárias. Observe um exemplo disponível no site da Receita Federal: Assim, por exemplo, quando empresas brasileiras, subsidiárias ou coligadas de empresas sediadas no exterior, contratam intermediários 22 para promoverem importações por sua conta e ordem para o Brasil, de produtos fornecidos por suas matrizes ou outras subsidiárias ou coligadas estrangeiras, em termos fiscais, a operação se dá entre empresas vinculadas, devendo-se observar, nesse caso, as regras de “preços de transferência” de que tratam os artigos 18 a 24 da Lei nº 9.430/96 e as regras de valoração aduaneira de mercadorias importadas entre pessoas vinculadas, em especial, aquelas constantes dos artigos 15 a 19 da IN SRF nº 327/03. (Brasil, 2014) A operação de importação por conta e ordem de terceiro também exige um contrato formal entre empresa importadora (que será a intermediária) e a empresa adquirente, com todas as cláusulas pertinentes aos direitos e às obrigações das duas empresas envolvidas. Segundo Bizelli (2006, p. 18), os controles governamentais se aplicam a qualquer uma das alternativas apresentadas, pois mesmo nas operações terceirizadas tanto o adquirente como o “encomendante” assumem responsabilidades de ordem tributária. Ressalte-se ainda que, nas operações por conta e ordem de terceiros, além das responsabilidades de natureza comercial, as obrigações cambiais são das duas empresas envolvidas (importador e adquirente); diferentemente ocorre no caso da importação por encomenda, pois tanto as obrigações comerciais como a operação cambial são de responsabilidade exclusiva do importador. Além das modalidades de importação própria, por encomenda, por conta e ordem de terceiros, ainda há outras. Algumas serão apresentadas brevemente a seguir: Importação sem cobertura cambial: São as importações nas quais não haverá a necessidade de pagar o exportador. Alguns exemplos, segundo Vieira (2015, p. 55): peças e acessórios abrangidos por contrato em garantia; doações; bens importados admitidos em regime de importação temporária; bens importados em consignação; leasing; aluguel e outros. Importação via remessa postal ou encomenda internacional: Normalmente são as importações realizadas por pessoas físicas ou jurídicas através do correio ou de courier e que não ultrapassam US$ 3.000,00 (três mil dólares). O interessante é que, pela legislação, as importações que não excederam US$ 50,00 (cinquenta dólares) são isentas de impostos, assim como os medicamentos comprados por pessoas físicas que apresentem a receita médica ao Ministério da Saúde no momento da liberação. Livros, jornais e periódicos impressos em papel também são isentos (Vieira, 2015, p. 56). Importação sob forma de doação: É necessário solicitar previamente a licença de importação (LI). Se o importador que receberá a doação tiver de pagar frete ou outra despesa ao exportador doador é necessário informar isso na fatura proforma e também descrever a situação no campo das informações 23 complementares da LI. Os produtos devem ser destinados exclusivamente para distribuição para uso dos beneficiários cadastrados na entidade, sendo proibida sua comercialização. Além disso, o despacho aduaneiro desses produtos será realizado através da declaração simplificada de importação (DSI) (Vieira, 2015, p. 57-58). Importação em moeda nacional: Segundo Vieira (2015, p. 61-62), a circular Bacen nº 3.691 de 16/12/2013 [estabelece que] as pessoas físicas ou jurídicas, residentes, domiciliadas ou com sede no exterior, podem ser titulares de contas de depósito em moeda nacional no País, exclusivamente em agências que operem câmbio de instituições bancárias autorizadas a operar no mercado de câmbio pelo Banco Central do Brasil. Dessa forma é possível que uma empresa brasileira faça uma importação de uma empresa que se enquadre nesse requisito e possa pagar uma importação commoeda nacional, o Real. Importação de material usado: É relativamente comum as indústrias brasileiras receberem ofertas de máquinas e equipamentos usados de fornecedores no exterior, mas a legislação brasileira impõe certas restrições, com foco em evitar que as empresas brasileiras adquiram equipamentos sucateados. Uma dessas restrições é conseguir a Licença de Importação (LI) de um equipamento usado, pois a empresa importadora terá que comprovar que no Brasil não há equipamento ou máquina similar ou que o equipamento em questão não possa ser substituído por outro tipo de mecanismo de produção. Existem outras exigências, mas comprovar esses dois fatores apresentados aqui já inibe boa parte dos pedidos de LI para importar máquinas e equipamentos usados. O fato é que para realizar importações, independentemente da modalidade, é salutar que os importadores consultem sempre a legislação vigente para não correr o risco de realizarem atos considerados inadequados, prevenir erros na documentação que geram multas ou taxas extras e ainda evitar ser auditado pela fiscalização e autuado pela Receita Federal. Links para textos de leitura obrigatória Acesse o link a seguir para conferir as informações que a Receita Federal disponibiliza sobre a importação por conta e ordem de terceiros: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/importacao-e- exportacao/operacoes-realizada-por-intermedio-de-terceiros/importacao-com- conta-e-ordem>. 24 Saiba mais Acesse o link a seguir e assista ao vídeo “Governo quer impulsionar participação do Brasil no comércio exterior”, que comenta a preocupação do governo com o comércio internacional: <https://www.youtube.com/watch?v=9WfXmLnm5dY>. Curiosidade Acesse o link a seguir e conheça o trabalho que a Polícia Federal realiza para inibir as importações fraudulentas: <http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do- sul/noticia/2016/10/lojas-terceirizavam-importacao-para-sonegar-impostos-diz- receita-federal.html>. Vídeos Acesse o link a seguir e assista ao vídeo que traz mais informações sobre a importação por conta e ordem de terceiros: <https://www.youtube.com/watch?v=vF_BlGidRYw>. TROCANDO IDEIAS Analisando os temas desta primeira aula, discuta no fórum com seus colegas quais são os principais desafios que uma empresa de médio ou pequeno porte pode enfrentar para se tornar uma importadora. NA PRÁTICA Analise o estudo de caso sugerido e depois responda aos questionamentos apresentados. Orientações para realizar a atividade: 1. Leia o estudo de caso atentamente e os temas da rota. 25 2. Identifique no texto desta rota de aprendizagem onde estão os conceitos- chaves que você irá utilizar. Lembre-se de ter o material em mãos para realizar as tarefas. 3. Bons estudos e bom trabalho! Estudo de caso n. 1: a empresa Bandeja de Prata A Bandeja de Prata é uma empresa especializada em distribuir equipamentos para cozinha industrial que está no mercado desde 2001 realizando vendas para todo o território nacional, atendendo a cozinhas industriais, bares e restaurantes. A empresa tem em seu portfólio mais de 500 produtos diferentes, que vão desde utensílios básicos (talheres, travessas, formas, baixelas e outros) até equipamentos maiores como fornos, cafeteiras, panelas elétricas, fritadeiras e eletrodomésticos em geral. As condições econômicas no momento não estão favoráveis e a Bandeja de Prata está conjecturando a importação como estratégia de redução de custos. Como seus compradores estão habituados a negociar apenas com fornecedores nacionais, quais são as primeiras ações que os compradores da Bandeja de Prata devem realizar? 26 RESPOSTAS Após o estudante ter lido a rota 1 completa e também ter acessado os materiais de apoio sugeridos, é esperado que ele chegue à seguinte lista de atividades iniciais para a empresa Bandeja de Prata aplicar a estratégia de importação: Capacitar os colaboradores de compras. Providenciar os registros necessários. Habilitar a empresa para importar. Contratar os serviços de um despachante aduaneiro. Definir os primeiros produtos a serem importados. Consultar se os produtos podem ou não ser importados. Prospectar fornecedores no exterior. Iniciar o processo de negociação. FINALIZANDO Nesta primeira aula, foram apresentados os conceitos iniciais dos processos de importação, evidenciando a importância de se realizar negociações no mercado internacional. Foi discutida também a necessidade de preparar o setor de compras para assumir a responsabilidade de importar, bem como o papel estratégico que a TI representa para esse processo. Para iniciar a construção do entendimento do processo de importação, foram apresentados os tipos de importação: própria, por encomenda e por conta e ordem de terceiros, demostrando que as empresas podem utilizar canais diferentes para importar. Foi explorada também uma noção geral dos órgãos intervenientes que regulamentam o comércio internacional no Brasil. 27 REFERÊNCIAS BANZATO, E. Tecnologia da Informação aplicada a logística. São Paulo: IMAM, 2005. BIZELLI, J. dos S. Importação: sistemática administrativa, cambial e fiscal. São Paulo: Aduaneiras, 2006. BRASIL. Instrução Normativa SRF n. 225, de 18 de outubro de 2002. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 21 out. 2002. Disponível em: <http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado& idAto=15100>. Acesso em: 25 ago. 2017. 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Dissertação (Mestrado em Administração e Negócios) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011. Disponível em: <http://repositorio.pucrs.br/dspace/handle/10923/1181>. NASCIMENTO, D. PDTI: O alinhamento da TI com os objetivos organizacionais. Administradores, 26 out. 2016. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/academico/pdti-o-alinhamento-da- ti-com-os-objetivos-organizacionais/99377/>. Acesso em: 25 ago. 2017. 29 OLIVEIRA, A. de. A relação de Santos Dumont com o primeiro veículo de São Paulo. São Paulo in Foco, 15 out. 2015. Disponível em: <http://www.saopauloinfoco.com.br/a-relacao-de-santos-dumont-com-o- primeiro-veiculo-de-sao-paulo/>. Acesso em: 25 ago. 2017. SEVILHA CONTABILIDADE. Importação por conta e ordem de terceiros. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=vF_BlGidRYw>. Acesso em: 25 ago. 2017. SOUZA, R. da S.; LIMA, W. A.; SOUZA, G. de; SILVA, F. M. 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