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Politicas_Educacionais_20183_COM_SEC

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EAD
POLÍTICAS EDUCACIONAIS
 
Maria Helena Quaite Rodrigues
Natália Keneeip Gonçalves
   
POLÍTICAS EDUCACIONAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MARIA HELENA QUAITE RODRIGUES 
NATÁLIA KENEEIP GONÇALVES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   
SUMÁRIO 
 
 
UNIDADE 01 - A EDUCAÇÃO ANTES DA INSTITUIÇÃO ESCOLA ............................................ 7 
UNIDADE 02 - A EVOLUÇÃO DA ESCOLA .............................................................................. 12 
UNIDADE 03 - POLÍTICAS EDUCACIONAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL............... 17 
UNIDADE 04 - REFORMAS DO ENSINO: GUSTAVO CAPANEMA ........................................ 22 
UNIDADE 05 - REFORMAS DO ENSINO (1960 - 1970) ........................................................... 27 
UNIDADE 06 - A REFORMA DO ENSINO DO 1º E 2º GRAUS ................................................ 32 
UNIDADE 07 - POLÍTICAS EDUCACIONAIS NA NOVA REPÚBLICA ...................................... 37 
UNIDADE 08 - POLÍTICAS EDUCACIONAIS E O GOVERNO FHC ......................................... 42 
UNIDADE 09 - O FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO - O FUNDEF ...................................... 46 
UNIDADE 10 - FUNDO DE MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA 
(FUNDEB) .................................................................................................................................... 51 
 
   
APRESENTAÇÃO 
O caráter universalizante dos direitos do 
homem [...] não é da ordem do saber 
teórico, mas do operatório ou prático: 
eles são invocados para agir, desde o 
princípio, em qualquer situação dada. 
FRANÇOIS, Julien, filósofo e sociólogo. 
 
Caros (as) alunos (as) 
 
A presente disciplina vai delinear os caminhos e os rumos percorridos pelas 
diversas reformas no campo educacional que o Brasil vem enfrentando desde o 
início da História da Educação Brasileira, bem como planos de financiamento, 
formação de docentes e avaliação do sistema. 
Nossa proposta é enfocar a educação como um direito social, assentado no 
âmbito da Constituição Federal. Para tanto, faremos uma breve abordagem sobre 
as grandes transformações ocorridas na sociedade contemporânea, que 
reconfiguraram as relações de produção e impuseram novas demandas para os 
sistemas educacionais. Em seguida, analisaremos a retomada das constituições 
brasileiras até chegarmos a nossa atual Constituição Federal de 1988, destacando 
os artigos referentes à educação, a fim de compreendermos as determinações 
gerais que regem o conceito de educação nacional, bem como seus objetivos e 
finalidades mais amplas. 
 
 
Bons estudos! 
Maria Helena Quaite Rodrigues 
Natália Keneeip Gonçalves 
 
 
   
PROGRAMA DA DISCIPLINA 
 
Ementa: Os direitos sociais e educativos, as responsabilidades das esferas 
educacionais. O financiamento da educação pública. O plano nacional de 
educação e suas metas. A formação do professor. Acesso, qualidade, e equidade 
na educação. A avaliação no sistema educacional. 
 
Objetivos 
 Adquirir conhecimentos sobre as políticas educacionais da Educação 
Básica, bem como suas reformas; 
 Reconhecer as transformações da sociedade contemporânea como 
determinantes da reconfiguração dos sistemas educacionais; 
 Refletir sobre a educação enquanto um direito social e os fundamentos da 
legislação educacional; 
 Estudar os aspectos relativos à educação na atual Constituição Federal 
(1988). 
 
 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 
A Educação antes da instituição escola. 
A Evolução da escola. 
Políticas Educacionais na Educação Básica no Brasil após 1.930. 
Reformas do Ensino: Gustavo Capanema. 
Reformas do Ensino (1.960-1.970). 
A Reforma do Ensino de 1º e 2º graus. 
Políticas Educacionais na Nova República. 
Políticas Educacionais e o Governo FHC (Fernando Henrique Cardoso). 
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento de Educação Básica (FUNDEB) 
 
   
METODOLOGIA 
 Será adotada uma metodologia que alia a teoria à prática reflexiva, 
proporcionada por meio de atividades e questionamentos que permitam ao aluno 
enriquecer os seus conhecimentos necessários à sua formação de profissional da 
educação. 
 
 
AVALIAÇÃO 
No sistema EAD, a legislação determina que haja avaliação presencial, sem, 
entretanto, se caracterizar como a única forma possível e recomendada. Na 
avaliação presencial, todos os alunos estão na mesma condição, em horário e 
espaço pré-determinados. De forma diversa, a avaliação a distância permite que o 
aluno realize as atividades avaliativas no seu tempo, respeitando-se, obviamente, 
a necessidade de estabelecimento de prazos. 
Assim, a avaliação terá caráter processual e, portanto, contínuo, sendo os 
seguintes instrumentos utilizados para a verificação da aprendizagem: 
 Trabalhos individuais ou a partir da interatividade com seus pares; 
 Provas bimestrais realizadas presencialmente; 
 Trabalhos de pesquisa bibliográfica e de aprofundamento. 
 
As estratégias de recuperação incluirão: 
 Retomada eventual dos conteúdos abordados nos módulos, quando não 
satisfatoriamente dominados pelo aluno. 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA: 
DEMO, P. A Nova LDB: Ranços e Avanços. Campinas-SP: Papirus, 1997. 
LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F. O.; TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas, 
estrutura e organização. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2005. 
 
   
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: 
BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria da Educação Média e Tecnológica. 
Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: Ministério da Educação, 
1999. 
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares nacionais: 
terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. 
BRASIL. Conselho Nacional de Educação/CEB. Resolução CEB nº 2. Institui as 
diretrizes curriculares nacionais para o Ensino Fundamental. 
BRASIL. Conselho Nacional de Educação/CEB. Resolução CEB nº 3. Institui as 
diretrizes curriculares nacionais para o Ensino Médio. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Lei nº 9.394/96. Estabelece as Diretrizes 
e Bases da Educação Nacional. Brasília: 1996. 
FAVERO, Osmar (org.). Educação nas Constituintes Brasileiras 1823 – 1988. 
Campinas: Autores Associados, 2001. 
GARCIA, Walter. Administração Educacional em Crise. 2ª. Ed. São Paulo: Cortez, 
2001. 
NOVOA, Antônio. Relação Escola – Sociedade: Novas Respostas para um Velho 
Problema. IN. SERBINO, Raquel et al (org). Formação de Professores. São Paulo 
/SP: UNESP, 1.994. 
 
 
 
 
 
 
 
   
UNIDADE 01 - A EDUCAÇÃO ANTES DA INSTITUIÇÃO ESCOLA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Relatar como se dava a instrução antes da Instituição Escola. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Nessa Unidade, o enfoque à Instituição Escola vem apresentar como a 
arquitetura e o espaço da instituição contribuiu para o aprimoramento da 
Educação Básica, bem como, compreender o rompimento da atividade educativa 
familiar. 
A função da escola, enquanto arquitetura institucional deve ser a de 
proporcionar ao aluno uma proximidade do conhecimento, e que este não seja 
diferente da vida escolar. Desse ponto de vista, a escola não é o único espaço 
onde ocorre o ensino/aprendizagem. A escola pode ser um espaço sociocultural 
que implica o resgate dos sujeitos na trama social que a constitui enquanto 
instituição. 
A palavra escola, em grego, significa o lugar do ócio e surge, na Idade 
Média, para atender à demanda de uma nova classe social que não precisava 
trabalhar para garantir a sua sobrevivência, mas que precisava ocupar o seu 
tempo ocioso de forma nobre e digna. 
Logo, este espaço chamado “escola” era para o lazer e o prazer. Por isso, 
concordamos com Brandão (1988), quando defende a ideia de que a escola não é o 
único lugar em que se aprende. 
Nesse sentido, pode-se dizer que tudo aquilo que é aprendido fora da 
escola é visto com reserva, com desconfiança, marcando a diferença entrea 
Educação Formal e a Educação Informal, que se constrói no cotidiano dos atores 
sociais, a partir da interação entre os sujeitos. 
   
A escola consegue mudar a sociedade, porque pode partilhar de projetos 
com segmentos sociais que assumem os princípios democráticos, articulando-se 
com eles, e constituindo-se como um espaço de transformação. 
A educação formal tem objetivos claros e específicos e é representada pela 
Educação Básica Brasileira, englobando o Ensino Infantil, o Fundamental, o Médio 
e o Superior. Ela depende de uma diretriz educacional centralizada no currículo, 
com estruturas hierárquicas e burocráticas, determinadas em nível nacional, com 
órgãos fiscalizadores do Ministério da Educação e Desportos (MEC). 
Segundo Teixeira (1968), a Educação tradicional apresentava-se centrada 
no professor e com métodos organizados com currículos fechados, além de uma 
organização baseada num ensino dualista e num sistema excludente, com 
metodologia que privilegiava a exposição oral e a reprodução, com atividades 
concentradas em aulas seletivas e classificatórias. 
A nossa sociedade tradicional via a criança como um “adulto em miniatura” 
(Philippe Ariès), isto é, não passava pelas etapas da infância e da juventude 
aprendendo os aspectos essenciais das sociedades evoluídas de hoje. A 
transmissão dos valores e dos conhecimentos e, de modo geral, a socialização da 
criança, não eram asseguradas pela família, pois a criança bem cedo, se afastava 
de seus pais, indo morar com outra família que não fosse a sua. Essa família antiga 
tinha como prática a conservação dos bens, ensinar ofício, proteção da honra e a 
convivência necessária à sobrevivência. 
Logo, a educação era garantida pela aprendizagem com a convivência com 
os adultos, ajudando-os a fazer seus deveres. Portanto, entendemos que a 
educação se dava através da ação genérica de um grupo de adultos sobre as 
gerações jovens, com o fim de conservar e transmitir a existência coletiva. Assim, 
esse modelo de educação era por imitação, era essencialmente uma educação 
natural, espontânea, inconsciente, adquirida na convivência de pais e filhos, 
adultos e menores. Não havia ainda uma educação sistemática, intencional com 
pessoal preparado para a função da ação educadora. Mais tarde, com o advento 
   
da escola, a criança deixou de ser misturada aos adultos e de aprender a vida 
diretamente, através do contato com eles. Passaram, em geral, a ter contato com 
a escrita, que fixa o saber. 
Para prosseguir no estudo da história da educação brasileira, convém 
assinalar a diferença entre a educação para os nobres e para os menos 
favorecidos. Assim, apresentaremos a antiga situação educacional brasileira e 
algumas características da educação moderna. Segundo TEIXEIRA, 
 
Não se cogitava de dar ao pobre a Educação conveniente ao rico, mas, 
antes, se dar ao rico a Educação conveniente ao pobre, pois a nova 
sociedade democrática não deveria distinguir a educação de trabalhar, mas 
a todos queria educar para o trabalho, distribuindo-os pelas ocupações, 
conforme o mérito de cada um e não segundo a sua oposição social ou 
riqueza. (TEIXEIRA, 1.968, p. 29) 
 
ESCOLA ANTIGA ESCOLA MODERNA 
 Método expositivo e memorizado  Método pela ação 
 Conhecimento repetitivo e 
compartamentalizado 
 Conhecimento diversificado 
 Currículo enciclopédico  Currículo transversal 
 Classificatória e excludente 
 Organização centrada no 
professor 
 Transmitir conhecimento 
 Organização em forma de turmas 
 Quantidade 
 Inclusiva e aprendente 
 Organização centrada no aluno 
 Professor estimulador da 
aprendizagem 
 Organização em série e classe 
 qualidade 
 
Dentre as características apontadas por Teixeira (1968), na Educação 
Brasileira mais antiga, algumas se conservam até hoje; outras foram substituídas 
para atender melhor à nova demanda. Segundo o estudo acima as características 
que se conservaram foram aquelas que não influenciaram na perpetuação da 
sociedade, tais como: estrutura arquitetônica da escola, localização, transporte e 
   
infraestrutura. Assim, a escola moderna tanto quanto a escola antiga procura 
cumprir seu papel de equalizadora social. 
Portanto, com o advento da globalização, a Educação é tida como o maior 
recurso de que se dispõe para enfrentar a nova estruturação do mundo escolar e 
atender às necessidades da demanda técnica. Da globalização depende a 
continuidade do atual processo de desenvolvimento econômico e social, também 
conhecido como período pós-industrial. 
Vale ressaltar que hoje a Educação está centrada no aluno, valorizando o 
currículo baseado no seu cotidiano. O modelo da proposta pedagógica segue a 
orientação dos PCN, segundo a qual o importante é ensinar as questões 
ambientais, geográficas, políticas e econômicas, tanto no nível local, quanto no 
regional e no global. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
 O homem é um ser que se transforma, o que faz dele um ser histórico, 
logo, a educação é possível e necessária ser apresentada a ele. Contudo, essa 
evolução só se revela, quando os fins e os meios da educação como etapas a 
serem vencidas e propagadas acompanham a marcha da humanidade. 
 Verificada a historicidade dos fins da educação, observa-se que há uma 
diversidade histórica dos fins. Sobre esse aspecto Spencer (apud in Meneses, 2001) 
coloca que tal diversidade é uma proposta a respeito dos conteúdos dos meios 
(processo educacional). 
 Assim, os conteúdos propostos querem sempre moldar o homem para que 
ele seja eficiente, para a realização dos fins: colocar o homem em condições para 
desfrutar do seu próprio ser para si mesmo. No entanto, há que se ressaltar que, 
do ponto de vista pedagógico e moderno, os fins da educação estão voltados 
para a realização dos fins sociais. 
   
 A partir dessas verificações, a educação deve proporcionar ao educando os 
meios necessários para entender o mundo em que vive e o momento histórico 
que está sendo apresentado a ele, podendo criar as possibilidades de 
sobrevivência e de defender-se de influências nocivas para a sua existência e para 
a comunidade a qual pertence. 
 A escola como instituição arquitetônica surge para dar continuidade da 
atividade educativa familiar, isto é, os pais foram os primeiros educadores com o 
fim de assegurar a vida e o desenvolvimento da geração mais nova. 
 
   
UNIDADE 02 - A EVOLUÇÃO DA ESCOLA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Mencionar as semelhanças e as diferenças entre as escolas jesuíticas e as 
demais. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Educação antes da República: Educação Colonial 
 A história do Brasil colônia não pode ser desvinculada da história europeia, 
já que a colonização deve ser compreendida como a necessidade de expansão 
comercial da burguesia enriquecida com a Revolução Comercial. 
 Nesse contexto, percebe-se que a economia era o modelo agrário, 
baseado na monocultura da cana de açúcar e o grande proprietário de terras era 
o patriarcal da sociedade, centrada no poder do senhor do engenho. A mão de 
obra foi inicialmente dos índios e, depois, dos negros africanos. Por isso, a 
educação não era meta prioritária para o colonizador, uma vez que para a 
agricultura não precisa de trabalho especializado. O escravo era a força do 
trabalho. 
 São os religiosos que iniciam o trabalho pedagógico, no Brasil, e os jesuítas 
desenvolveram a melhor atividade pedagógica. A vinda dos jesuítas para o Brasil 
se deu em 1549, acompanhados pelo Padre Manoel da Nóbrega, juntamente com 
a chegada do primeiro Governador Geral, Tomé de Souza. 
 A primeira escola elementar fundada no Brasil foi em Salvador/Bahia. José 
de Anchieta foi mestre-escola. Ressalte-se que os Padres não ficaram só na 
fundação de escolas elementar, pois, após alguns anos, começaram a criar 
colégios no Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia. A regulamentação dos 
documentos das escolas jesuíticasera através da Ratio Studiorum. 
   
 Uma característica marcante do método jesuítico são os exercícios fixados 
na repetição a fim de serem memorizados. O método estimulava a competição. O 
conteúdo era baseado na leitura dos clássicos gregos e latinos. 
 Por mais de duzentos anos, o ensino público ficou entregue aos padres da 
Companhia de Jesus, sendo mais tarde acusada a ação pedagógica jesuítica de 
ultrapassada, pois sua maior preocupação era com a formação de novos jesuítas e 
não com a educação dos jovens: pregavam a fé católica ao trabalho educativo, a 
catequização dos índios e a obediência. 
 Desse modo, percebe-se que a elite na época colonial era formada pelos 
jesuítas e os índios apenas catequizados. A principal marca da influência jesuítica 
na formação da cultura brasileira está na tradição religiosa do ensino, que perdura 
sempre. 
 Com o intuito em proteger os índios dos colonos, os jesuítas ensinavam-
lhes também a mão de obra na lavoura e, com isso, garantiam uma fonte de 
renda. Nesse sentido, a educação profissional era aprendida no convívio entre os 
índios, os negros e os mestiços. A mulher aprendia as prendas domésticas. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
Educação Pombalina 
Com a ruína do ensino jesuítico, o Marquês de Pombal assume a 
responsabilidade pela instrução pública e pretende renovar o ensino e seus 
métodos e recriar um sistema educacional. Tal programa não foi possível, 
somente criaram-se as aulas régias de humanidade, ciências e primeiras letras. 
 A reforma proposta por Pombal apresentou problemas de ordem 
financeira e carência de professores. Vale dizer que a escola que pretendia 
organizar era para servir aos interesses da Coroa Portuguesa. 
   
 D. João VI, em sua administração, sediada no Brasil, tinha o objetivo de 
formar pessoal especializado, logo, o ensino técnico destacava-se para atender às 
necessidades do momento histórico. 
 Não era só o ensino técnico especializado que desabrochava, o ensino 
superior nas Academias da Marinha e Militar também começam ganhar força. 
Entretanto, a educação do povo continuava ao interesse pessoal e social da coroa 
no exercício do poder. 
 Mediante o cenário criado pela Reforma de Pombal, há necessidade de 
recuperar a economia atual, momento oportuno para o Governo Central instituir 
os tributos. 
 Nesse período da Educação Pombalina, muda-se a organização do ensino 
secundário que antes era oferecido em forma de curso-humanidades, passa-se 
para aulas avulsas (aulas régias). Porém, inúmeras dificuldades foram enfrentadas, 
principalmente, por não existir mais a formação de mestres, não havendo, 
portanto, uniformidade no ensino. 
 
Educação Joanina 
A chegada de Dom João VI no Brasil, acompanhado da corte, trouxe 
medidas e consequências de ordem econômica muito importantes para o país. 
Instituiu-se, na Carta Régia de 1808, a abertura dos portos a todas as nações 
amigas, além de liberar o comércio. O contrabando diminuiu, mas o lucro da 
coroa portuguesa aumentou, formando uma grande fortuna que pode elevar o 
Brasil a Reino Unido. Cresceu o desenvolvimento das cidades portuárias. 
 A cidade do Rio de Janeiro tornou-se a capital do império e sofreu diversas 
modificações. Missões estrangeiras vieram estabelecidas ao país, para avaliar as 
riquezas da região. Houve a criação do primeiro jornal do país. Alguns prédios 
públicos foram estabelecidos: A casa da Moeda, Banco do Brasil, a Academia Real 
Militar e o Jardim Botânico. 
   
 Nesse período a educação ganhou força graças a chegada da imprensa, 
biblioteca pública, revista e o museu. Porém, o curso superior era voltado para a 
formação militar; os engenheiros, médicos e cirurgiões para o exército; técnicos 
em economia, agricultura e indústria para a marinha. Mesmo assim, não eram 
considerados como cursos em nível superior, porque organizavam-se com a 
preocupação básica do ensino profissionalizante. Quanto ao ensino primário 
continuava voltado para o aprendizado da leitura e escrita. 
 
Educação no Período do Império 
Em 1822, o Brasil ficou independente e isso se deu com muita luta. Com a 
independência, D. Pedro I convocou a “Constituição da Mandioca”, assim, 
chamada porque só poderiam votar, para eleger representantes aqueles que 
possuíssem uma renda equivalente a cento e cinquenta alqueires de mandioca, de 
forma que o número de eleitores foi restrito, pois poucos tinham essas posses. 
Essa medida peculiar em colocar o voto exposto ao poder tinha uma 
razão: excluir as camadas populares e os comerciantes portugueses. Os primeiros, 
porque não tinham renda suficiente; os segundos, por serem comerciantes, 
tinham a renda expressa em dinheiro e não em alqueires de mandioca. Assim, 
num só golpe o “partido português” estava afastado da vida pública. 
Essa Assembléia Constituinte deveria elaborar as leis que passariam a 
organizar o sistema educacional brasileiro. Tudo não passou de um anteprojeto, 
pois, logo, D. Pedro I engavetou a Constituição que estava sendo elaborada e fez 
ele mesmo uma nova Constituição, promulgada em 1824. 
As leis que serviram de base para a organização do ensino no Brasil foram 
tributárias desta. Esta Constituição ficou em vigor e com poucas alterações, até a 
proclamação da República em 1889. 
A educação tornou-se elitista, seguindo a iniciada por D. João VI, reforçada 
durante o reinado de D. Pedro II. As leis promulgadas por D. Pedro I tiveram 
como objetivo formar um sistema educacional popular e gratuito. 
   
Os últimos anos do Império foram marcados por fatores de ordem 
econômica, social e política, que configuraram a crise da Monarquia e prepararam 
o advento da República. 
A Constituição de 1824, outorgada em 25 de março de 1824 por D. Pedro I, 
divide o governo em três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   
UNIDADE 03 - POLÍTICAS EDUCACIONAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA 
NO BRASIL 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Apresentar de que forma os rumos da educação no Brasil foram articulados 
e desenhados em acordos com os governos em vigor. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
O percurso da História da Educação no Brasil é permeado de leis e 
reformas que estabeleciam a organização do ensino brasileiro. Embora, muitos 
fracassados, mesmo antes de serem colocados em vigor. Essa unidade trará o 
esboço das transformações políticas, econômicas e educacionais ocorridas no 
Brasil na década de 30. 
Num ideário reformista, intelectuais e políticos do período de 1910 a 1920, 
acreditavam ser indispensável a modernização do Brasil com a montagem de um 
Estado Nacional, centralizador. Esse movimento deu origem à Revolução de 1930, 
pois valorizavam o papel da educação como imprescindível, porque nele pareciam 
estar contidas as soluções para os problemas do país: sociais, econômicos ou 
políticos. Essa concepção salvacionista considerava que a reforma da sociedade 
estava atrelada a reforma da educação e do ensino. 
 No governo de Getúlio Vargas, cada vez mais tinha-se consciência de que 
a função da escola era uma questão de reprodução social. 
 A primeira medida do Governo Provisório, instalado com a Revolução de 
1930, foi criar o Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública. O objetivo 
era criar um ensino mais adequado à modernização. Essa revolução dá início a um 
período em que todos os setores são atingidos, caracterizando a passagem de 
   
uma sociedade pré-capitalista, agrário comercial e artesanal para uma sociedade 
urbano-industrial. 
Esse novo modelo político-econômico deu origem ao crescimento da 
população urbana devido às novas ocupações ligadas à vida urbano-industrial. 
Assim, cresce a demanda por educação, mas o Governo Provisório não tinha até o 
momento implementado toda a organização e um sistema nacional integrado, ou 
seja, não havia uma política nacional de educação que estabelecesse diretrizes 
gerais e a elassubordinasse os sistemas estaduais. 
 Uma característica dessa Reforma é a modificação do status social da 
mulher, ela passa a ter direito à educação, isto é, direito à matrícula no ensino 
secundário. A reforma de 1930 não atingiu todos os níveis de ensino, apenas o 
ensino secundário, ensino comercial e ensino superior puderam contar com o 
privilégio das mudanças em todo o território nacional. Houve uma ampliação da 
demanda e, como o baixo rendimento do ensino foi expressivo por causa da 
evasão, reprovação e o alto índice do crescimento populacional, a Reforma 
fracassou. 
 Com a criação do Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública, o 
Ministro Francisco Campos é o primeiro titular da pasta, promovendo a realização 
de reformas que evidenciariam ampliação das funções federais relativas a as 
modalidades de ensino por ela abrangidas. 
 O Decreto 19.852 foi o que ganhou maior expressividade, pois ele dispunha 
sobre a organização da Universidade do Rio de Janeiro. Os Decretos propostos 
por Francisco Campos que mudaram o desenho da educação foram: 
 Decreto 19.850, de 11 de abril de 1931, que criou o Conselho Nacional de 
Educação; 
 Decreto 19.851, de 11 de abril de 1931, que dispôs sobre a organização do 
ensino superior no Brasil e adotou o regime universitário; 
 Decreto 19.852, de 11 de abril de 1931, que dispôs sobre a organização da 
Universidade do Rio de Janeiro; 
   
 Decreto 19.890, de 18 de abril de 1931, que dispôs sobre a organização do 
ensino secundário; 
 Decreto 19.941, de 30 de abril de 1931, que instituiu o ensino religioso 
como matéria facultativa nas escolas publicas do país; 
 Decreto 20.158, de 30 de junho de 1931, que organizou o ensino comercial 
e regulamentou a profissão de contados; 
 Decreto 21-241, de 14 de abril de 1932, que consolidou as disposições 
sobre a organização do ensino secundário. 
 A Reforma de Francisco Campos significou a definitiva superação os 
exames parcelados e estabeleceu o currículo seriado, a frequência obrigatória, a 
divisão do ensino secundário em dois ciclos e a sua ampliação para sete anos. O 
primeiro ciclo, ou fundamental, com a duração de cinco anos, destinava-se a 
proporcionar a formação geral básica. O segundo ciclo, ou complementar, com a 
duração de dois anos, diversificava a função dos cursos superiores para os quais 
constituíam pré-requisitos: Direito, Engenharia, Arquitetura, Medicina, Farmácia e 
Odontologia. Esse desenho educacional teve o caráter seletivo, elitista e 
preparatório para o curso superior. 
 Desde 1.920, havia um grupo de educadores que vinha estruturando a 
nacionalidade do ensino brasileiro, entre eles, “Manifesto dos Pioneiros da Escola 
Nova”, publicado em 1932, e endereçado ao povo e ao governo. Nele estavam as 
ideias dos educadores da Assembleia de Educação (ABE) que pleiteavam a 
atribuição de amplos poderes à União, defendiam a autonomia dos estados na 
organização e administração do ensino. Atribuía à União o papel de coordenar e 
estimular as atividades educativas em âmbito nacional. Esse Manifesto reconhecia 
a educação como direito de todos e dever do estado, reivindicava uma escola 
pública, assentada nos princípios de laicidade, obrigatoriedade, gratuidade e 
coeducação (ensino para os dois sexos). 
 Para os intelectuais do Manifesto, o emergente processo de 
industrialização demandava políticas educacionais que asseguravam uma 
   
educação capaz de incorporar novos métodos e técnicas que fossem eficazes na 
formação do perfil da sociedade adequada ao processo de industrialização. Assim, 
essa organização racional do trabalho demandava uma pedagogia específica no 
campo da distribuição “racional” da população pelas atividades rurais e urbanas. 
 Tanto os defensores da educação nova quanto os ideais da Igreja Católica, 
lutavam pela hegemonia de suas propostas junto ao governo Francisco Campos e 
Getúlio Vargas, procuravam conciliar reivindicações divergentes, sempre que 
possível em seu proveito. A divulgação do documento elaborado pelos 
educadores e intelectuais do Manifesto provocou violentos contra-ataques da 
direita católica e da hierarquia da igreja. 
 Contra os ideais do grupo dos intelectuais o grupo dos católicos venceu, 
conseguindo com que o ensino religioso de freqüência facultativa e, ministrado de 
acordo com os princípios da confissão religiosa do aluno, fosse introduzido como 
matéria nos horários das escolas públicas primárias, secundárias, profissionais e 
normais (Art. 153). 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
A expansão do ensino 
 A partir da década de 30, a educação alcança níveis de atenção nunca 
antes atingidos, quer pelos movimentos dos educadores, quer pelas iniciativas 
governamentais, ou pelos resultados concretos. Segundo Fernando de Azevedo, 
de 1930 a 1940, dá-se um desenvolvimento do ensino primário e secundário que 
jamais se registrará até então no país. De 1936 a 1951 as escolas primárias 
dobraram e as secundarias quase quadruplicam, em número ainda que tal 
desenvolvimento não seja homogêneo, tendo se concentrado nas regiões urbanas 
dos estados mais desenvolvidos. 
 Também as escolas técnicas se multiplicam, segundo Lourenço Filho, se em 
1933 havia 133 escolas de ensino técnico industrial, em 1945, este número sobe 
   
para 1.368 e o número de alunos que era de quase 15.000, em 1933, ultrapassa, 
então 65.000. 
 Em 1930, é criado o Ministério de Educação e Saúde, órgão 
importantíssimo para a organização do planejamento das reformas em âmbito 
nacional, e para a estruturação da universidade. 
 Em 1934, é fundada a Universidade de São Paulo, pela aglutinação de 
diversas faculdades. O mesmo ocorre no ano seguinte, no Rio de Janeiro, com a 
criação da Universidade do Distrito Federal. Em 1936, é reconhecida pelo governo 
federal Faculdade de Filosofia São Bento, fundada em 1908 e que, desde 1911, se 
agregará à Universidade Católica de Louvain (Bélgica). 
 Merece ser registrado o impulso no campo de formação do magistério, 
com a reorganização de algumas escolas de nível secundário, já existentes. 
Também, na recém fundada Faculdade de Filosofia de São Paulo, os alunos que se 
formam passam a obter complementação pedagógica no Instituto de Educação. 
Assim, em 1937, são diplomados no Brasil os primeiros professores licenciados, 
para o ensino secundário: 
 
Com esse acontecimento inaugurou-se, de fato, uma nova era do 
ensino secundário, cujos quadros docentes, constituídos até então de 
egressos de outras profissões, autodidatas ou práticos experimentados 
no magistério, começaram a renovar e a enriquecer-se, ainda que 
lentamente, com especialistas formados nas faculdades de filosofia que 
além do encargo da preparação cultural e cientifica receberam por 
acréscimo o da formação pedagógica dos candidatos professorado do 
ensino secundário. 
É possível compreender tais mudanças a partir da análise do contexto 
social e econômico a que nos referimos no início. Com a crise do 
modelo agrário exportador e o delineamento do novo modelo nacional 
desenvolvimentista com base na industrialização, passa a ser exigida 
melhor escolarização. ARANHA, 1989, p 58 
 
   
UNIDADE 04 - REFORMAS DO ENSINO: GUSTAVO CAPANEMA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Evidenciar que Gustavo Capanema implementou uma série de reformas no 
ensino brasileiro, que flexibilizaram e ampliaram as Reformas de Francisco 
Campos, ex-Ministro da Educação. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Houve uma série de reformas propostas por Capanema, no período de 
1942 – 1946, sendo chamadas de Leis Orgânicas do Ensino. Essas leis 
regulamentavam os diversos ramos e modalidades de ensino: secundário, 
industrial, comercial, agrícola, normal e primário. 
O Ministro Gustavo Capanema fez os seguintes decretos-leis: 
 Decreto Lei 4.048, de 22 de janeiro de 1942, Lei Orgânica do Ensino 
Industrial; 
 Decreto-Lei 4.073, 30 de janeiro de 1942, cria o Serviço Nacionalde 
Aprendizagem Industrial (SENAI) outros Decretos se seguiriam a este, 
completando a regulamentação da matéria; 
 Decreto-Lei 4.244, de 09 de abril de 1942, Lei Orgânica do Ensino 
Secundário; 
 Decreto-Lei 6.141, de 28 de dezembro de 1943, Lei Orgânica do Ensino 
Comercial; 
 Decretos-Leis 8.529 e 8.530, de 02 de janeiro de 1946, Lei Orgânica do 
Ensino Primário e Normal, respectivamente; 
 Decretos-Lei 8.621 e 8.622, de 10 de janeiro de 1946, cria o Serviço Nacional 
de Aprendizagem Comercial (SENAC); 
   
 Decreto-Lei 9.613, de 20 de agosto de 1946, Lei Orgânica do Ensino 
Agrícola. 
Esse conjunto de Decretos-Leis compôs as Leis Orgânicas que 
completaram o processo político aberto com a criação do Ministério dos 
Negócios da Educação e Saúde Pública, em 1930. As demais eram poder ao 
governo da União para estabelecer diretrizes sobre todos os níveis da Educação 
no país. 
A reforma Capanema foi diferente da reforma Campos, do ponto de vista 
do ensino profissional, a segunda era voltada para os interesses da economia 
agroexportadora, enquanto a primeira contemplava o ensino técnico profissional 
industrial, comercial e agrícola, além do ensino primário e normal. 
Assim mesmo continuava o dualismo: as camadas mais favorecidas da 
população procuravam o ensino secundário e superior para a sua formação, os 
menos favorecidos ou a classe trabalhadora, as escolas primárias e profissionais, 
com vistas à preparação para o mercado e trabalho. 
Nesse sentido, crescia o trabalho especializado para a indústria e fazia-se 
urgente um sistema de ensino para atender à demanda. O governo obrigou-se a 
recorrer à Confederação Nacional da Indústria (CNI), criando assim, um sistema 
paralelo ao ensino oficial. 
Com o reconhecimento da incapacidade governamental em promover a 
formação profissional em larga escala, o Serviço Nacional da Aprendizagem 
Industrial (SENAI) assume a formação técnica almejada, patrocinada pelos 
empresários filiados da CNI. Essas filiações com suas contribuições deveriam 
organizar e administrar as escolas de aprendizagem e treinamento industrial. 
Essa situação não perdurou por muito tempo, o SENAI reconhece que é 
função do Estado oferecer e cuidar da alfabetização e educação geral primária. 
Para o SENAI, sua função era a formação de trabalho. Ao longo dos anos, foi 
abandonado os cursos e atividades com vinculação à preparação da mão de obra, 
dedicando-se apenas à formação especializada de nível técnico. 
   
A luta ideológica sobre os rumos da educação brasileira continuava, sendo 
assunto de debate no Congresso Nacional, pois o Ministro da Educação da época, 
Clemente Mariano, nomeou uma Comissão de especialistas, com o objetivo de 
estudar e propor uma reforma geral da educação nacional. Isso resultou que uma 
nova Constituição fosse elaborada: Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional, Lei 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Essa lei elimina o dualismo 
administrativo do sistema de ensino herdado do Império, inicia-se a 
descentralização do sistema, concedendo certo grau de autonomia. Com a 
descentralização entre os órgãos, um ficou com a função normativa; outro, com a 
função executiva. 
Para as funções normativas criou-se o Conselho Federal de Educação e os 
Conselhos Estaduais de Educação. Além das funções normativas referentes ao 
sistema federal e aos sistemas estaduais, ficavam responsáveis também de 
elaborar o plano de educação referente a cada Fundo (Fundo Nacional do Ensino 
Primário, do Ensino Médio, e do Ensino Superior). 
Com a autonomia que LDB deu aos estados, eles puderam organizar-se 
seus sistemas de ensino em nível e instrução, de modo que o regime 
administrativo, disciplinar e didático fosse menos uniforme. 
 Vale ressaltar que a LDB não trouxe soluções inovadoras, pelo contrário, 
conservou as linhas de organização anterior. Manteve o ensino secundário e os 
vários ramos profissionais. Englobou o ensino secundário e o profissional, sob a 
denominação comum de “Ensino Médio”, cuja finalidade era a “Formação do 
Adolescente”. Generalizou as denominações “Ginásio” e “Colégio”, para o primeiro 
e segundo ciclo de todos os ramos. Admitiu a equivalência de todos os cursos 
médios (a continuação dos estudos sem exames). Ainda com o objetivo de reduzir 
as diferenças entre os diversos ramos e de proporcionar uma formação básica 
comum, estabeleceu um núcleo de matérias obrigatórias a serem indicadas pelos 
CFE (Conselho Federal da Educação), para todas as modalidades de ensino médio, 
   
prevendo um currículo comum, no tocante às matérias obrigatórias, para as duas 
séries iniciais do primeiro ciclo. 
 Apesar dessas inovações o ensino primário continuava distante do ensino 
médio, pois, para ingressar ao ginásio o aluno passava pelo exame de admissão. 
Essa era uma exigência que dificultava o ingresso, pois se o aluno não fosse 
aprovado deveria aguardar a matrícula do próximo ano e prestar outro exame 
para habilitar-se para o ingresso. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
A Reforma Capanema 
Diversos Decretos-Leis são assinados entre 1942 e 1946 e denominados Lei 
Orgânicas do Ensino. 
O curso secundário é novamente reestruturado, passando a ser O Ginásio 
com quatro anos e colegial com três. Vale dizer o colegial divide-se em curso 
clássico (com predominância de humanidades) e científico. 
A lei do ensino secundário, em seu artigo 1º: especifica que as finalidades 
desse ensino são “formar a personalidade integral dos adolescentes”, “acentuar e 
elevar a consciência patriótica e a consciência humanística”, “ dar preparação 
intelectual geral que possa servir de base a estudos mais elevados de formação 
especial” e, ainda, segundo o artigo 25, “formar as individualidades condutoras”. 
Quanto ao ensino profissional, as alterações foram consideráveis. O país 
passava por grande desenvolvimento industrial e a importação de técnicos 
estrangeiros achava-se comprometida pela guerra, o que exigia uma solução 
nacional para o problema. A Lei Orgânica cria, então, dois tipos de ensino 
profissional: Um mantido pelo sistema oficial; o outro, paralelo, mantido pelas 
empresas. Assim é criado, em 1942, o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem 
Industrial), organizado e mantido pela Confederação Nacional das Indústrias, com 
diversos cursos de aprendizagem, aperfeiçoamento e especialização, além de 
   
possibilitar a reciclagem do profissional. Em 1946, é criado o SENAC (Serviço 
Nacional de Aprendizagem Comercial), desenvolvendo o mesmo processo. 
A população de baixa renda, desejosa de se profissionalizar, encontra 
nesses cursos a condição ideal, mesmo porque os alunos são pagos para estudar. 
Daí o êxito desse empreendimento particular paralelo. 
Mesmo considerando o êxito do SENAI e SENAC, é preciso reconhecer aí a 
manutenção do sistema do alto ensino. 
A reforma do ensino primário só é regulamentada por lei, após o Estado 
Novo, em 1946, e institui diversas novidades. A criação do ensino supletivo de dois 
anos, por exemplo, foi importante para a diminuição do analfabetismo. 
Nos termos da lei, aparece novamente a influência do movimento 
renovador. É estipulada a necessidade do planejamento escolar e constitui 
novidade a previsão de recursos para a implantação reforma. Também é dada 
atenção à necessidade de estruturação da carreira docente, bem como a 
remuneração condigna do professor. Porém, se a lei leva ao otimismo, a realidade 
nem tanto. São inúmeras as dificuldades enfrentadas para sua aplicação e se acha 
inadequada à nossa realidade. 
Outra medida da Lei Orgânica foi a regulamentação dos cursos de 
formação de professores. A novidade da lei é a centralização das diretrizes. No 
entanto, um defeito é a predominância de matérias de cultura geral em 
detrimento das de formação profissional, bem como o mesmo caráter rígido de 
avaliação. 
 
 
   
UNIDADE 05 - REFORMAS DO ENSINO (1960 - 1970) 
 
CONHECENDOA PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Compreender o sentido político social da Educação para todos. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Na década de 60, a educação popular, é alvo de discussões e idealizações. 
Paulo Freire foi um dos principais pensadores deste movimento. Seu método de 
alfabetização de adultos centrado na adequação do processo educativo às 
características do meio e do educando. Alcançou repercussão nacional e 
internacional. 
 Os ideais dos educadores da década de 20 e início dos anos 30, somente 
em 1961 foram efetivamente obtidos. Nesse ano, a União passa a assumir a função 
de coordenação educativa nacional. Os estados organizam os seus sistemas de 
ensino em todos os níveis e modalidades. 
 Inicia-se um período contrário à descentralização política e administrativa. 
Nesse período, o planejamento da educação, que era incumbência do Conselho 
Federal de Educação – CFE transferiu-se para os órgãos executivos com o reflexo 
da hegemonia do Poder Executivo sobre o Legislativo. 
 Em 1962, instala-se no Brasil o Regime Militar, a fim de garantir o capital e 
o continente contra o socialismo, impedindo qualquer abuso na economia e 
política do país. Neste regime, o Poder Executivo é repressor, controlava os 
sindicatos, os meios de comunicação, a universidade. Assim, os militares 
contiveram a crise econômica, abafaram a movimentação política e consolidaram 
os caminhos para o capital multinacional. 
 As reformas do ensino no regime militar tiveram o planejamento da 
educação na concepção econômica de desenvolvimento. Essa política 
   
desenvolvimentista, ou seja, educação para a formação de capital humano, 
vínculo entre educação e mercado de trabalho, modernização de hábitos de 
consumo, integração da política educacional aos planos gerais de consumo, 
integração da política educacional aos planos gerais de desenvolvimento e 
segurança nacional, defesa do estado, repressão e controle político ideológico da 
vida intelectual e artística do país. Assim, essa perspectiva “economicista” em 
relação à educação foi confirmada no Plano Decenal de Desenvolvimento 
Econômico e Social (1967 – 1976), para qual a educação deveria assegurar 
“estrutura do capital humano do país”. 
 Para assegurar uma política educacional orgânica, nacional que garantisse 
o controle político e ideológico sobre a educação escolar, uma série de leis, 
Decretos-Leis, e pareceres declararam seus motivos para elaborar uma única lei: 
Lei nº 5.692/71 - Ministro Jarbas Passarinho. 
 Lei 4.464, de 09 de novembro de 1964, que regulamentou a participação 
estudantil; 
 Lei 4.440, de 27 de outubro de 1964, que institucionalizou o salário educação, 
regulamentado no Decreto 55.551, de 12 de janeiro de 1965; 
 Decreto 57.634, de 14 de janeiro de 1966, que suspendeu as atividades da UNE; 
 Decretos 53, de 18 de novembro de 1966, e 252, de 28 de fevereiro de 1967, que 
reestruturaram as universidades federais e modificaram a representação 
estudantil; 
 Decreto-Lei 228, de 28 de fevereiro de 1967, permitindo que reitores e diretores 
enquadrassem o movimento estudantil na legislação pertinente; 
 Lei 5.540, de 28 de novembro de 1968, que fixou as normas de organização e 
funcionamento do ensino superior; 
 Decreto-Lei 477, de fevereiro de 1969, e suas Portarias 149-A e 3.524, que se 
aplicavam a todo corpo docente, discente e administrativo das escolas, proibindo 
quaisquer manifestações políticas nas universidades. 
 Lei 5.370, de 15 de dezembro de 1.67, que criou o Movimento Brasileiro de 
Alfabetização (MOBRAL), regulamentado em setembro de 1970; 
   
 Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971, que fixou as diretrizes e bases para o ensino de 
1º e 2º graus; 
 Lei 7.044, de 18 de outubro de 1882, que alterou dispositivos da lei 5.692, 
referentes à profissionalização do ensino de 2º grau. 
 
No período do regime militar que deram apoio a política educacional 
foram as seguintes leis: Lei nº 5.540/68 – Reformulou o ensino superior; Lei nº 
5.692/71 – Reformou o ensino de 1º e 2º graus. 
 A Lei nº 5.540/68 promove a reforma universitária ou ensino de 3º grau. Ela 
extingue a cátedra, unifica o vestibular e aglutina as faculdades em universidades. 
Institui o curso básico para suprir as deficiências do 2º grau e, no ciclo profissional. 
Estabelece cursos de curta e longa duração. Desenvolve um programa de pós-
graduação. 
 Além disso, uma reestruturação completa, visando a racionalizar e 
modernizar o modelo, com a integração de cursos, áreas e disciplinas. Uma nova 
composição curricular permite a matrícula por disciplina, fica instituído o sistema 
de créditos. Para a nomeação de reitores e diretores da universidade não há 
exigência de que sejam pessoas ligadas ao corpo docente universitário. 
 A Lei 5.540/68, além da proposta da reforma no ensino superior, introduziu 
o regime de tempo integral e dedicação exclusiva aos professores. Como leis 
anteriores, essa não rompeu com os antigos laços de poder, nem feriu os 
interesses constituídos, manteve a tradição das elites. 
 Estiveram participando do movimento da Reforma de 1968 além dos 
pesquisadores e docentes o movimento estudantil. O movimento estudantil 
realizou seminários sobre a reforma universitária, criticando seu caráter elitista, 
denunciou a existência cátedra vitalícia, indicou a necessidade de realização de 
concursos públicos para a admissão de professores e lutou por currículos 
atualizados e pela ampliação da participação estudantil nos órgãos colegiados. 
   
 Os Decretos nº 4.464/1964; o Decreto nº 2.28/1967, o Decreto nº 477/1969 
foram de caráter repressivo: extinguiu a União Nacional dos Estudantes (UNE) 
limitou a existência de organizações estudantis ao âmbito estrito de cada 
universidade; puniu estudantes, professores e funcionários que não 
desenvolvessem as atividades de acordo com os planos do regime militar. Criou, 
no MEC, uma divisão de segurança e informação para fiscalizar as atividades 
políticas de professores e estudantes nas instituições. 
 Essa repressão foi a primeira medida para impulsionar o golpe de 64, o 
setor da educação era o mais controlado, pois bastava que um programa 
educativo ou um livro tivesse inspiração comunista já era suficiente para acontecer 
a perseguição. Nos casos de pessoas que ocupavam cargos, ocorriam as 
demissões. Dessa forma, impediam que programas de educação, voltados para o 
povo fossem desenvolvidos. Com isso, traçam o modelo capitalista moderno no 
sistema educacional. Os defensores do ensino público foram substituídos por 
aqueles que lutavam pela hegemonia da escola particular subsidiada pelo estado, 
com os militares empenhados na repressão. Nesse sentido, começam as 
faculdades a tornarem-se mera transmissoras de conteúdos, onde bastava o aluno 
ter presença, ouvir e reproduzir, em decorrência da não autonomia didática do 
professor. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
O Manifesto dos Pioneiros 
 Devido ao clima de conflito aberto, em 1932, é publicado o Manifesto dos 
Pioneiros da Educação Nova, encabeçado por Fernando de Azevedo e assinado 
por 26 educadores. O documento considerava dever do Estado, tornar a 
educação obrigatória, pública, gratuita e leiga. Tal ação deve também ser ampla, 
mediante um programa de âmbito nacional. Diante do caráter social da educação, 
   
o Manifesto critica o sistema dual (que destina uma escola para os ricos e outra 
para os pobres), reivindicando uma escola básica única. 
 Esse manifesto é muito importante na história da pedagogia brasileira, 
porque representa a tomada de consciência da defasagem entre a educação e as 
exigências do desenvolvimento. 
 Dentre os adeptos da escola nova, que, na década de 20, tinham 
empreendido reformas de ensino, destaca-se Francisco Campos, autor da mesma 
reforma no estado de Minas Gerais. Uma vez tornado Ministro da Educação, 
imprime essa tendência renovadora em diversos decretos de 1.931 e 1.932. 
 Pode-sedizer que, pela primeira vez, no Brasil, ocorre uma ação planejada 
visando a uma organização em nível nacional (as reformas anteriores foram 
estaduais), sobretudo no que se refere ao ensino secundário, ao comercial e à 
organização do sistema universitário. 
 O ensino secundário passa a ter dois ciclos: um fundamental, de cinco 
anos, e outro complementar, de dois anos, visando à preparação para o ingresso 
no curso superior. Com isso, pretendia-se evitar que o ensino secundário 
permanecesse meramente propedêutico, ao não enfatizar a formação geral do 
aluno. Todas as escolas são equiparadas ao Colégio Pedro II (até então 
considerado modelo) e são estabelecidas normas de admissão de professores e 
formas de inspeção do ensino ministrado. 
 No entanto, apesar do real avanço, algumas críticas podem ser feitas. 
Houve total descaso pela educação primária e pela formação de professores. 
Quanto às demais áreas do ensino profissionalizante, a atenção foi dada ao 
comercial, tendo sido descuidado o industrial, de premente necessidade. Grave 
também foi o desenvolvimento de programas de caráter enciclopédico que, ao 
lado de uma avaliação rígida, tornavam o ensino altamente seletivo e elitizante. 
 
   
UNIDADE 06 - A REFORMA DO ENSINO DO 1º E 2º GRAUS 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Proporcionar ao educando esclarecimentos sobre a obrigatoriedade do 
ensino escolar de oito anos. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
A Lei nº 5.692/1971 representou uma elevação dos gastos dos 
estabelecimentos privados de ensino, devido a sua extensão de quatro para oito 
anos de escolaridade obrigatória. No 2º grau também ocorrem despesas 
adicionais, igualmente de difícil transferência para os pais como ocorreu no ensino 
de 1ª grau. 
 Nesse sentido, os lucros dos estabelecimentos ficaram ameaçados, bem 
como sua sobrevivência. Um exemplo que ficou claro foram as faculdades que se 
abriram nas periferias das grandes cidades. Logo, o setor privado do ensino ficou 
desvantajoso não compensando mantê-los em funcionamento. 
A Lei nº 5.692/1971, de 11 de agosto de 1971, fixou as diretrizes e bases para 
o ensino de 1º e 2º graus. Introduziu mudanças no ensino que estava 
desarticulado, mas continua assegurando o amparo técnico e financeiro à 
iniciativa privada. Dessa vez, a luta não foi com a Igreja e os defensores da escola 
pública e leiga, como forma prevista na Constituição de 1934 e 1946, seus 
partidários é que estavam divididos. 
 Mudanças introduzidas pela referida lei: 
 ampliar a obrigatoriedade escolar e quatro para oito anos; com a idade 
de 7 a 14 anos; 
 exclui o exame de admissão; 
 necessidade de educador para a educação elementar; 
   
 Desvantagens: 
 seletividade do curso primário na rede particular; 
 elevado número de vagas; 
 inexistência de escola na zona rural. 
 Tudo isso tornou impraticável a extensão e a obrigatoriedade da 
escolaridade para oito anos. Privilegiou-se a quantidade à qualidade. 
 O governo militar havia diminuído os recursos para e educação, isto é, não 
cumpriu o previsto na Lei nº 4.020/1964, que tinha o objetivo de incrementar o 
ensino de 1º grau. Assim, o salário-educação que a União deveria repassar aos 
Estados da Federação para a construção de escolas, era desviado para os 
interesses de políticos e empreiteiros. Portanto, o governo não valorizava o 
empreendimento de construção como era o sonho dos educadores. 
 Com apenas dois anos de promulgação da lei, em 1973, foi baixado o 
Decreto 72.495, de 19 de junho de 1973, que estabelecia: “norma para a concessão 
de amparo técnico e financeiro às entidades particulares de ensino”. 
 Esse decreto estabelece que os recursos a serem repassados teriam sua 
origem o FNDE (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação). 
Objetivos do repasse: 
 “suprir deficiências locais da rede oficial de ensino de 1º e 2º graus, 
 “adotar a intercomplementariedade entre estabelecimentos oficiais e 
particulares de ensino, 
 “equipar, reequipar e instalar unidades escolares, 
 “ampliar e recuperar imóveis destinados exclusivamente a atividades 
escolares;” (art. 3º). 
 Estava previsto, na criação do FNDE, que os recursos conferidos às escolas 
privadas não seriam reembolsadas ao cofre público. As escolas devolveriam em 
forma de gratuidade total ou parcial de ensino oferecido, ou seja, uma parceria 
entre o governo e a instituição. Essa parceria estabelecia que, onde houvesse 
   
escola privada que atendesse a demanda, o governo não construiria a escola 
pública. 
 Nesse sentido, era fácil cumprir o acordo, pois os empresários do ensino 
tinham a maioria dos membros que compunham os conselhos Estaduais de 
Educação, logo, seus interesses eram vencidos. Isso posto, os conselhos estaduais 
tinham recebido o decreto a incumbência de baixar as normas complementares 
para o cumprimento de tais exigências. 
 Esse privilégio dado às escolas privadas é porque se entendia que ensino 
público e privado são equivalentes. Então, seria um critério visando aos interesses 
de ambas as partes: poder público e privado. 
 Em relação ao 2º grau, com duração de três anos, a lei nº 5.692/1971 
recomendava o Art. 1º. “Proporcionar ao educando formação necessária ao 
desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de autorrealização, 
qualificação para o trabalho e preparo para o exercício consciente da cidadania”. 
De acordo com o previsto nesse artigo, o ensino de 2º grau perde seu tradicional 
perfil propedêutico, sua função agora é preparar para o trabalho. 
 Frente ao grande número de vagas particulares no ensino superior, esse 
tipo de ensino profissionalizante era o mais procurado ao ensino de qualificação 
do nível médio. Tudo não passava de um engodo, pois, excluindo da carga 
horária da formação básica, as disciplinas de Filosofia, Sociologia e Psicologia, os 
cursos estavam longe de formar um egresso para obtenção de emprego. 
 
BUSCANDO O CONHECIMENTO 
 
 A Lei nº 5.692//71 obedece aos princípios da continuidade e da 
terminalidade. Para tanto, diversos pareceres regulamentam para currículo que 
consta de uma parte de educação geral e outra de formação especial. Além disso, 
foram incluídos como matérias obrigatórias, Educação Física, Educação Moral e 
   
Cívica, Educação Artística, Programa de Saúde e Religião (esta, obrigatória para a 
escola, mas optativa para o aluno). 
 Em 1967 é criado o Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização) para 
começar a suprir a taxa de analfabetismo no Brasil. Paulo Freire teve seu método 
consagrado, mas logo tornou-se fracassado, por ter sido seu conteúdo 
considerado subversivo, segundo o ponto de vista da política vigente.
 Algumas vantagens da Lei nº 5.692: 
 extensão da obrigatoriedade do 1º grau (1ª a 8ª séries); 
 escola única: superação da seletividade com a eliminação do 
dualismo escolar, já que não existe mais separação entre o 
secundário e o técnico; 
 profissionalização a nível médio para todos: superação do 
ensino médio propedêutico, já que existe a terminalidade; 
 integração geral do sistema educacional do primário ao 
superior (continuidade); 
 cooperação das empresas na educação. ARANHA, 1989. p: 
257. 
 
 Essas vantagens não tiveram sucesso no campo da terminalidade e da 
formação para o trabalho, pois o ensino profissionalizante oferecido era de baixa 
qualidade, pela insuficiência de laboratórios adequados às exigências dos cursos. 
Portanto, consegue-se vasta mão de obra barata no mercado, porque a escola 
prepara um exército de reserva”. 
 Nesse sentido, a escola particular leva vantagem, mas o ensino em sala de 
aula continua com o sentido propedêutico entregando seus alunos às vagas das 
melhores universidades. Como consequência a reforma não consegue desfazer o 
dualismo (uma escola para o rico e outra para o pobre). O dualismo estende-se 
até ás faculdades. 
 A Lei n. 5.692, teve a caráter tecnocrático, segundo o qualeficiência e 
produtividade tem validade por si só. Outro aspecto que deve ser mencionado é, 
   
a Lei foi política e não apolítica como pode transparecer. Por volta de 1.980 
essa Lei torna-se obsoleta, uma nova Lei n.7.044/82 dispensa as escolas da 
obrigatoriedade profissionalizante, voltando a ênfase para formação geral. O 
cenário brasileiro é outro e os debates em prol de ser reconquistado o tempo e o 
espaço perdido, começam a ganhar força com a volta dos políticos que haviam 
sido exilados e as organizações estudantis retornam a atividade. A forca do 
regime militar começa enfraquecer. 
Vale registrar que a lei n. 5.692/71 foi alterada pela Lei n. 7.044/82, em 
virtude da reorientação quanto à profissionalização do 2º grau. O ponto 
fundamental alterado foi a substituição da proposta de que o ensino 
deveria qualificar para o trabalho pela ideia que deveria preparar para o 
trabalho. MENESES, 2.001. p. 164. 
 
 
   
UNIDADE 07 - POLÍTICAS EDUCACIONAIS NA NOVA REPÚBLICA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Efetuar um estudo sobre o período que antecede a criação da Lei n. 
9.394/96. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Nessa unidade será apresentada a crise que enfraqueceu o regime militar e 
as pressões por eleições diretas à escolha presidencial e como seriam definidas as 
políticas educacionais, ou seja, caberia ao Executivo Federal decidir quando e a 
que descentralizar. 
 O regime militar estava enfraquecido e suas antigas alianças desfaceladas. 
A sociedade civil organizava-se para intervir nas políticas públicas educacionais, 
firmando um consenso sobre um novo projeto educacional com o interesse em 
subsidias o MEC na busca de soluções que respondessem às diversidades locais e 
regionais. 
 A força do regime militar mesmo enfraquecida mantinha o poder de 
decisão entre o poder centralizado do governo federal com os estados e 
municípios. O repasse do salário-educação era distribuído de acordo com seus 
critérios. 
 Com o objetivo de recuperar as forças, o governo federal decidiu atuar 
diretamente nos municípios. O resultado não foi dos benéficos, pois a política 
confusa permitiu maior comprometimento no planejamento global e articulado da 
educação. Assim, para atender a maioria da população, defendendo a escola 
pública, um novo projeto de LDB seria elaborado pela comunidade escolar para 
enfrentar o século XXI. 
   
 Inicia-se o neoliberalismo na década de 90, com a posse para Presidente 
da República de Fernando Collor de Mello que governou de 1990-1992. As 
políticas educacionais foram marcadas por forte clientelismo, privatização e 
enfoques fragmentados. Nesse período, houve muito debate sobre a 
redemocratização do ensino brasileiro, mas de pouca ação, pois os acessos do 
governo no plano da educação era a maioria conservador, inclusive no MEC. 
 Algumas intenções do governo federal para o setor educacional: 
 O Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania PNAC (1990); 
 O Programa Setorial de Ação do governo Collor na área da educação 
(1991-1.995); 
 Brasil: um Projeto de Reconstrução Nacional (1991). 
 O ponto culminante do governo José Sarney (1985-1990) com relação ao 
projeto de redemocratização foi a vitória alcançada com a aprovação da 
Constituição de 1988. A nova Carta Magma do país conseguiu varrer diversos 
mecanismos que sustentaram o regime autoritário (militar). O fim da censura, a 
livre organização partidária, o retorno das eleições diretas e a divisão dos poderes. 
 A Constituição foi uma vitória política, mas, no campo econômico, não, 
apesar do entusiasmo do plano cruzado. Quanto à indústria foi um furo, teve uma 
pane no setor da produção e da falta de produtos de primeira necessidade. 
 Nesse sentido, o setor econômico foi abalado, pois as ações não freavam o 
índice inflacionário. Os Planos: Bresser e Verão tentaram articular ações de 
correção da inflação, mas a intenção foi em vão e a crise econômica financeira 
estava declarada. Essa crise convivia com a esperança e a perspectiva de 
democratização. Assim, o governo José Sarney perdia o apoio da sociedade civil. 
 No que concerne à educação, a oposição erguia a bandeira da mudança, 
pois era um movimento que vinha reivindicando mudanças já a tempo. 
 Como movimento da oposição pode-se citar: 
 Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação – ANPED; 
 Associação Nacional de Docentes do Ensino Superior ANDES; 
   
 Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação CNTE; 
 Educação & Sociedade; 
 Revista da ANDE; 
 Cadernos do CEDES; 
 Conferencia Brasileira de Educação (CBES); 
 - As reuniões anuais da SBPC. 
 Assim, esses movimentos defendiam a educação pública e gratuita como 
direito público subjetivo e dever do Estado. Além disso, defendiam a erradicação 
do analfabetismo e a universalização da escola pública. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
O projeto educacional na Nova República teria, então, como principal 
diretriz assegurar o acesso, ingresso e permanência no ensino de boa qualidade. 
 
a-) Melhoria da qualidade da Educação 
 Merenda escolar; 
 Distorção idade e série; 
 Transporte; 
 Material didático; 
 Redução de números de aluno na sala de aula; 
 Bibliotecas e laboratórios; 
 Melhor infraestrutura; 
 Alteração no currículo; 
 Superação da formação profissional; 
 Implementação da educação politécnica; 
 Adequação do calendário regional; 
 Revisão de técnicas e métodos de ensino; 
 Revisão de critérios de avaliação do rendimento escolar; 
   
 Mudança dos conteúdos dos livros didáticos; 
 Formação docente e retribuições salariais dignas e justas. 
 
b-) Plano de carreira nacional aos profissionais da educação que compreendia: 
valorização e qualificação. 
 
c-) Democratização da gestão. 
 
d-) Financiamento da Educação. 
 
e-) Ampliação da escolaridade obrigatória, abrangendo creche, pré escola 1 e 2 
graus. 
 Com o fim do Governo Sarney, quem assume, eleito pelo voto direto, foi 
Fernando Collor de Mello. Ao assumir, anunciou seu pacote de modernização 
administrativa, cujo objetivo era conter a inflação. 
 Com a crise política somada à crise econômica, Collor foi alvo de uma CPI 
(Comissão Parlamentar de Inquérito) e, comprovado as irregularidades no seu 
governo deixou a presidência federal. Quem assumiu foi o seu Vice Itamar Franco 
(1992-1994). 
O presidente então eleito não teve quase nenhuma participação no setor 
educacional, seu compromisso maior foi de “arrumação da casa”, pois havia 
herdado do governo anterior problemas que foram possíveis de ser sanados 
somente com o ministro da Educação Paulo Renato Souza, na gestão de FHC 
(Fernando Henrique Cardoso). 
Como avanço pode ser citado a decisão de fechar o Conselho Federal de 
Educação, pois esse era alvo de denúncias no sentido de vender pareceres para a 
abertura de cursos superiores. Vale ressaltar que Paulo Renato implantou o 
programa para avaliação de livros didáticos e de universidades públicas. Os 
   
vetores da administração educacional da Nova República foram: Clientelismo, 
tutela e assistencialismo. 
 
 
   
UNIDADE 08 - POLÍTICAS EDUCACIONAIS E O GOVERNO FHC 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Analisar o período político (1995-2003) quanto suas ações do setor da 
educação brasileira. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
A primeira Lei de Diretrizes e Bases (Lei n.4.024/61) conceituou a educação 
como processo formativo da infância e da juventude. Consideraram-se os fins da 
liberdade e ideais de solidariedade humana e os hegemonizou em relação aos 
meios (processos formais e informais de educar. 
 Enquanto que a Lei n.9.394/96, atual LDB buscou privilegiar o processo, 
que visa à formação para a sociedade, a Lei n.5.692/71 em relação ao artigo1º da 
Lei n.4.024/61 referendou o seu respeito à formação do eu essencial. A Lei 
n.9.394/96 foi promulgada no Governo FHC, embora, o projeto estava sendo 
discutido naAssembleia desde o governo anterior. 
 As Leis 5.692/71 e 5.840/l68 não podem ser consideradas LDB na medida 
em que se voltam apenas para uma fração da educação brasileira: a primeira para 
a educação pré-escolar e para o ensino de 1º e 2º graus e a outra para o ensino 
superior. Duas leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional são entendidas 
como normas para todo o Sistema Educacional desde a pré escola até o ensino 
superior: Lei n. 4.024/61 e Lei n. 9.394/96 
 
A primeira Lei de Diretrizes e Bases foi a (4.024/61). 
O princípio da municipalização do ensino fundamental apareceu pela 
primeira vez na Lei n. 5.692/71, que previa em seu Art. 58 a progressiva passagem 
   
para a órbita municipal dos encargos de educação, especialmente do 1º grau. Esta 
legislação deu amparo ao MEC para desenvolver programas com os Municípios. 
Em 1974: Pró Município-Projeto de Coordenação e Assistência Técnica ao 
Ensino Municipal, com o objetivo de um processo contínuo de articulação entre 
Estados e Municípios visando o aperfeiçoamento do ensino repassando recursos 
aos municípios por critérios políticos. 
Em 1980: Edural-Programa de Expansão e Melhoria da Educação Rural no 
Nordeste. Seu objetivo era a melhoria das redes municipais no que se refere a 
recursos humanos, materiais e ao currículo. 
Em 1983: Decreto Federal 88.374-Estabelece que da cota estadual do 
salário educação 25% seriam destinados a programas municipais. 
Em 1985: Educação para Todos- Os municípios participantes do programa 
deveriam ter Estatuto do Magistério Municipal, ter aplicado no ano anterior 20% 
do Fundo de Participação dos Municípios no setor educativo. 
Em 1988: Promulgação da Nova Constituição Federal. Os Municípios se 
tornam membros da Federação, aumenta a autonomia financeira dos municípios. 
No artigo 211, a Lei estabeleceu que a União, os Estados, o Distrito Federal 
e os Municípios deveriam organizar em regime de colaboração seus sistemas de 
ensino. 
Ainda da Constituição, Parágrafo 1º. A União deveria organizar e financiar o 
sistema federal de ensino e prestar assistência técnica e financeira aos Estados, 
Distrito Federal e Municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de ensino 
e o atendimento prioritário à escolaridade obrigatória. 
Parágrafo 2º. Os Municípios deveriam atuar prioritariamente no ensino 
fundamental e pre-escolar. 
Em 1996, 20 de dezembro, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
n. 9.394. Apesar de a LDB estabelecer um regime de colaboração entre União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios prevê prioridades para atuação de cada 
esfera do poder público. Para o Município, prioriza em primeiro lugar o ensino 
   
fundamental e, em segundo, a educação infantil. O ensino médio e a educação 
superior somente serão desenvolvidas pelo município, quando sua demanda 
privilegiada (ensino fundamental e educação infantil) estiver totalmente atendida. 
As escolas privadas de educação infantil ficam ligadas ao sistema municipal. A LDB 
define como atribuição específica dos Estados o ensino médio. 
 
A Lei n.9.394/96 delimita dois níveis de ensino: 
 Educação Básica: Educação Infantil, Ensino Fundamental e o Ensino 
Médio; 
 Educação Superior 
Esses níveis podem se desenvolver através de quatro modalidades de 
ensino de acordo dom as necessidades de sua clientela: 
 Ensino regular 
 Educação especial 
 Educação e jovens e adultos 
 Educação profissional 
 Educação continuada 
 Esses dois últimos como formas de desenvolvimento dos diversos níveis e 
modalidades. 
Quanto ao currículo escolar para a educação básica, a LDB prevê: 
 Base nacional comum que assegura através dos conteúdos mínimos 
a formação básica nacional comum; 
 Parte diversificada que atenda as características regionais e locais da 
sociedade, da cultura, da economia e da clientela. 
 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
 
   
FORMAÇÃO PROFISSIONAL 
Quanto à política de formação profissional, a referida lei propõe o prazo de 
dez anos para que todos estejam formados em nível superior. 
 Em 1995, assume o governo federal Fernando Henrique Cardoso,. Nesse 
governo, como eixos da política educacional permaneceram o estabelecimento de 
um mecanismo objetivo e universalista de arrecadação e repasse de recursos 
mínimos para as escolas. Entra, assim, o eixo da política de financiamento e a 
avaliação como a base da reforma educacional, tendo como foco a qualidade. 
 Esse controle seria de modo a possibilitar maiores responsabilidades e 
compromissos para cada esfera de governo, portanto, a descentralização na 
gerência de recursos. Com isso mudava-se o padrão de gestão no setor público. 
 O documento “Mãos à obra Brasil”, proposta do governo FHC, era para 
estabelecer as diretrizes direcionadas à reformulação ao ensino fundamental; à 
valorização da escola e de sua autonomia. Previa-se ainda a implantação de um 
canal de TV via satélite nas escolas públicas. 
 Outros dispositivos legais foram considerados como medidas necessárias à 
inovação, como: Emenda Constitucional/94 e a Lei n. 9.424/96, que dispunha 
sobre a criação do FUNDEF- Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino 
Fundamental e de Valorização do Magistério e o Plano Nacional da Educação-Lei 
n. 10.174/2001. 
 Quanto à avaliação foram instituídos os seguintes dispositivos: 
 CENSO ESCOLAR 
 SAEB-Sistema de Avaliação da Educação Básica 
 ENEM-Exame Nacional do Ensino Médio 
 ENC-Exame Nacional de Cursos (Provão) 
 
   
UNIDADE 09 - O FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO - O FUNDEF 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Analisar a Lei n. 9.424/96 e a Regulamentação do FUNDEF-Fundo de 
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do 
Magistério. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
Segundo SHIROMA, 
Uma política nacional de educação é mais abrangente do que a 
legislação proposta para organizar a área. Realiza-se também pelo 
planejamento educacional e pelo financiamento de programa 
governamentais, em suas três esferas, bem como por uma série de 
ações não governamentais que se propagam, com informações, pelos 
meios de comunicação. SHIROMA, 2011.p.73 
 
A Lei n. 9.424/96, sancionada em 24/12/96, é uma lei federal e traz em seu 
art. 1º que: obedecendo ao § 7º do artigo 60 do Ato das Disposições Transitórias, 
alterado pela Emenda Constitucional 14/96. A EC 14/96 foi promulgada em 12 de 
setembro de 1.996 e foram alterados os artigos 34, 208, 211 e 212 do corpo 
constitucional permanente, além do artigo 60 das Disposições Transitórias. As 
determinações são que: 
 Fundo se constitui numa alternativa de natureza contábil ao “regime 
de colaboração” entre União, Estados e Distrito Federal previsto no 
artigo 211 da Constituição Federal para o desenvolvimento do 
ensino fundamental; 
 Da constituição do Fundo participam recursos estaduais e 
municipais, além da possibilidade de complementação da União. É 
composta basicamente das transferências do ICMS (Imposto sobre 
Circulação de Mercadoria), FPE (Fundo de Participação do Estado), 
   
FPM (Fundo de Participação do Município), IPI – Exportação 
(Imposto sobre Produto Industrializado e o Fundo de Ressarcimento 
de Exportações; 
 Pelo artigo 212 da Constituição, 25% desses recursos vão para o 
Fundo e 10% devem ser aplicados em outras despesas de 
“manutenção e desenvolvimento do ensino”. 
 O ISS e o IPTU não entram no Fundo, mas continua a obrigação 
prevista no artigo 212 da Constituição de aplicar 25% das receitas 
provenientes desses impostos em “manutenção e desenvolvimento 
do ensino”. 
 Dos 25% destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino 
fundamental 60% dos recursos para o magistério em efetivo 
exercício, remuneração e habilitação de leigos e até 40% para outras 
despesas, incluindo-se a remuneração do pessoal administrativo e 
os inativos do ensino fundamental, reformas de escolas, transporte e 
educação infantil. 
 O critério paraa distribuição do dos recursos do Fundo é o do 
número de alunos matriculados anualmente nas escolas cadastradas 
das redes públicas de ensino. Esses dados são obtidos pelo Censo 
Educacional, realizado anualmente pelo MEC. 
 O custo aluno definido pelo FUNDEF parte das disponibilidades 
financeiras do FUNDO. 
 Para acompanhamento e controle social sobre a repartição, 
transferência e articulação dos recursos do FUNDO (artigo 4º) 
deveriam ser criados os Conselhos Municipais, até 30 de junho de 
1997 através de mensagem do Executivo à Câmara Municipal. 
 
A Lei 9.424/96 trata também da valorização do magistério através da 
instituição de novos planos de carreira e remuneração. Esses planos deveriam 
   
estar aprovados até junho de 1997. Aos professores leigos passam a integrar um 
quadro em extinção, de duração de cinco anos, Após esse prazo a carreira só terá 
professores com habilitação. 
 O FUNDEF foi a principal característica do governo FHC como política 
educacional. Nesse sentido, as políticas públicas do Brasil, pode-se afirmar, foram 
marcadas pela influência do capital na era da globalização econômica na década 
de 80. 
 De acordo com o discurso de posse do governo federal, percebe- se o 
interesse de países estrangeiros pelo Brasil, pois, FHC, deixa clara a abertura ao 
capital estrangeiro. 
No sentido de o governo garantir a permanência do aluno na escola, ele 
criou vários programas: Acorda Brasil!, Tá na hora de escola!, Aceleração da 
Aprendizagem, Guia do livro didático – 1ª a 4ª série do ensino fundamental. 
Vale ressaltar que o programa Bolsa-Escola também foi relevante, pois, ele 
contribuía com um valor financeiro a toda família com criança em idade escolar, 
que fizesse a matrícula da criança na escola. Talvez, tenha sido o incentivo maior 
da política educacional daquele contexto. 
Nesse patamar de inovação ou renovação, o governo FHC, com a criação 
do FUNDEF, encontrou uma solução para estimular a matrícula de crianças de 7 a 
14 anos e propiciou maior transparência do gasto público com a educação. Mas 
os Estados e os Municípios encontraram dificuldades para financiar a expansão da 
educação infantil (0 a 6 anos) e do ensino médio (15 a 17 anos) e a educação e 
jovens e adultos. 
Assim, percebe-se que o FUNDEF não era um fundo para toda a Educação 
Básica. Ele estimulou a municipalização do ensino fundamental, ficando sob a 
responsabilidade do Estado o ensino médio. Nesse período, o então Ministro da 
Educação, Paulo Renato, afirmou que o fundo não pode ser responsabilizado pela 
falta de investimento nos outros setores. O fundo além desse fato, apresenta 
   
outro ponto negativo devido ao governo federal ter fixado um valor baixo para o 
custo anual por aluno, ele exime-se de contribuir no orçamento com mais rigor. 
Nessa perspectiva, o ensino fundamental foi o que mais esteve perto de 
cumprir as metas, mas o governo não cumpriu sua promessa de campanha, a de 
elevar o número de concluintes do ensino fundamental e a de ampliar o ensino 
fundamental obrigatório para nove anos. Outro nível que não foi cumprido é o 
ensino médio, esse o governo federal não conseguiu expandir nem equipar as 
escolas com computadores, laboratórios e bibliotecas. Ainda, ficou sem definir 
uma política de valorização dos docentes, deixando de estimular a formação 
docente. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
 Embora o governo federal tenha implantado diversos programas de 
incentivo e melhoria à educação, a universalização do ensino fundamental não 
atinge a meta proposta. Logo, o MEC avalia ser desnecessária a expansão da rede 
pública de ensino, pois, admite que o fundamental é melhorar a eficiência e a 
qualidade desse nível de ensino. Como estratégia, introduziu o Programa de 
Aceleração de Aprendizagem, cuja finalidade era corrigir a distorção idade/série. 
 Outro ponto negativo em relação ao FUNDEF é a pressão que o ensino 
médio vai sofrer para atender o grande contingente e alunos concluintes do 
ensino fundamental à procura de vaga. Para preparar a escola, no campo de 
investimentos básicos e equipamentos, a União conta com o apoio do BID (Banco 
Interamericano de Desenvolvimento) que já havia anunciado seu interesse em ser 
cooperador das linhas de ação desenvolvidas na educação no sentido e política 
educacional. 
 Essa não era uma previsão que o governo federal havia pensado para o 
ensino médio, mas mesmo assim, dá a cobertura adequada. Através do Decreto 
2.208 de 17 de abril de 1997, pretendia estabelecer a separação do ensino médio 
   
com o ensino técnico, para tanto, cada um teria sua organização e seus currículos 
específicos, ambos de caráter flexível. O ensino técnico deveria ter uma formação 
básica e outra específica. 
 Contudo, outros aspectos ameaçaram as políticas do governo, a grande 
procura por uma vaga no ensino superior. De acordo com o desenho à procura 
de vaga, o governo baixa leis, medidas provisórias, decretos, decretos-leis, 
portarias, resoluções; tudo isso, para definir os rumos do ensino superior 
brasileiro, medida iniciada no regime militar. 
 No governo FHC, a reforma do ensino superior estava amparada na 
avaliação, na autonomia e na melhoria do ensino, todos os itens ligados à eficácia 
e produtividade, ou seja, a melhoria do ensino depende da avaliação e da 
autonomia. Outro ponto que marcou o governo FHC foi a promulgação da 
LDBE/96, Lei n.9.394- em 20 de dezembro e 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional. 
 
   
UNIDADE 10 - FUNDO DE MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA 
EDUCAÇÃO BÁSICA (FUNDEB) 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Mostrar o que o Fundo trouxe de benefícios para o desenvolvimento da 
Educação Básica. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Percebe-se que a implantação do FUNDEB rompeu com algumas políticas 
do governo FHC e deu continuidade em outro setor público e privado para a 
efetivação dos programas e projetos e seu governo, entre eles os voltados para a 
educação, deslocando parte dessas funções para o Terceiro setor. 
O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e da 
Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB foi criado pela Emenda 
Constitucional n. 53/2006 e regulamentada pela Lei n. 11.494/2007 e pelo Decreto 
n. 6.253/2007, em substituição ao FUNDEF, que vigorou de 1998 a 2006. É um 
Fundo especial, de natureza contábil (um fundo por estado e Distrito Federal) 
formado por recursos provenientes dos impostos e transferências dos estados, 
Distrito Federal e municípios, vinculados à educação por força do disposto no 
artigo 2121 da Constituição Federal. Independentemente da origem, todo recurso 
gerado é redistribuído para aplicação exclusiva na Educação Básica. Com vigência 
estabelecida para o período de 2007 a 2020, sua implantação começou em 1º de 
janeiro de 2007. 
Além dos recursos originários dos entes estaduais e municipais, verbas 
federais também integram a composição do referido fundo, a título de 
complementação financeira, com o objetivo de assegurar o valor mínimo nacional 
por aluno/ano. 
   
Lei n. 11.494, de 20 de dezembro de 2007 – Regulamenta o Fundo de 
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos 
Profissionais da Educação Básica – FUNDEB, de que trata o artigo 60 do Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias; altera a Lei n. 10.195, 14 de fevereiro de 
2001; revoga dispositivos das Leis n.9.424, de 24 de dezembro de 1996, n. 10880, 
de 9 de junho de 2004, e 10.845, de 5 de março de 2004, e dá outras 
providencias. 
Esse fundo é um importante compromisso da União com a Educação 
Básica, na medida em que aumenta o volume anual dos recursos federias. Além 
disso, materializa a visão sistêmica da educação, pois financia todas as etapas da 
Educação Básica e reserva recursos para os programas direcionados a jovens e 
adultos. A estratégia é distribuir os recursos pelo país, levando em consideração o

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