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CURSO pedagogia

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CURSO: Licenciatura Plena em Pedagogia (ênfase em Educação Especial)
 
As fases de desenvolvimento da criança.
Disciplina ministrada por : Graciana Cerqueira Cruz.
Alexandra Francisca de Almeida Santos 
As fases de desenvolvimento da criança.
A visão interacionista de Piaget: a relação de interdependência entre o homem e o objeto do conhecimento
 Foi possível observar , sgundo a explicação da doutora Graciana Cerqueira que : as ideias de Piaget contrapõem-se, às visões de duas correntes antagônicas e inconciliáveis que permeiam a Psicologia em geral: o objetivismo e o subjetivismo. Ambas as correntes são derivadas de duas grandes vertentes da Filosofia (o idealismo e o materialismo mecanicista) que, por sua vez, são herdadas do dualismo radical de Descartes que propôs a separação estanque entre corpo e alma, id est, entre físico e psíquico. Assim sendo, a Psicologia objetivista, privilegia o dado externo, afirmando que todo conhecimento provém da experiência; e a Psicologia subjetivista, em contraste, calcada no substrato psíquico, entende que todo conhecimento é anterior à experiência, reconhecendo, portanto, a primazia do sujeito sobre o objeto (Freitas, 2000:63).
Considerando insuficientes essas duas posições para explicar o processo evolutivo da filogenia humana, Piaget formula o conceito de epigênese, argumentando que “o conhecimento não procede nem da experiência única dos objetos nem de uma programação inata pré-formada no sujeito, mas de construções sucessivas com elaborações constantes de estruturas novas” (Piaget, 1976 apud Freitas 2000:64). Quer dizer, o processo evolutivo da filogenia humana tem uma origem biológica que é ativada pela ação e interação do organismo com o meio ambiente – físico e social – que o rodeia (Coll, 1992; La Taille, 1992, 2003; Freitas, 2000; etc.), significando entender com isso que as formas primitivas da mente, biologicamente constituídas, são reorganizadas pela psique socializada, ou seja, existe uma relação de interdependência entre o sujeito conhecedor e o objeto a conhecer.
Esse processo, por sua vez, se efetua através de um mecanismo auto-regulatório que consiste no processo de equilíbração progressiva do organismo com o meio em que o indivíduo está inserido, como procuraremos expor em seguida.
2) O processo de equilibração: a marcha do organismo em busca do pensamento lógico
Pode-se dizer que o “sujeito epistêmico” protagoniza o papel central do modelo piagetiano, pois a grande preocupação da teoria é desvendar os mecanismos processuais do pensamento do homem, desde o início da sua vida até a idade adulta. Nesse sentido, a compreensão dos mecanismos de constituição do conhecimento, na concepção de Piaget, equivale à compreensão dos mecanismos envolvidos na formação do pensamento lógico, matemático. Como lembra La Taille (1992:17), “(…) a lógica representa para Piaget a forma final do equilíbrio das ações. Ela é ‘um sistema de operações, isto é, de ações que se tornaram reversíveis e passíveis de serem compostas entre si'”.
 
No método psicogenético, o ‘status’ da lógica matemática perfaz o enigma básico a ser desvendado. O maior problema, nesse sentido, concentra-se na busca de respostas pertinentes para uma questão fulcral: “Como os homens constróem o conhecimento?” (La Taille: vídeo). Imbricam-se nessa questão, naturalmente, outras indagações afins, quer sejam: como é que a lógica passa do nível elementar para o nível superior? Como se dá o processo de elaboração das idéias? Como a elaboração do conhecimento influencia a adaptação à realidade? etc.
Procurando soluções para esse problema central, Piaget sustenta que a gênese do conhecimento está no próprio sujeito, ou seja, o pensamento lógico não é inato ou tampouco externo ao organismo mas é fundamentalmente construído na interação homem-objeto. Quer dizer, o desenvolvimento da filogenia humana se dá através de um mecanismo auto-regulatório que tem como base um ‘kit’ de condições biológicas (inatas portanto), que é ativado pela ação e interação do organismo com o meio ambiente – físico e social (Rappaport, op.cit.). Id est, tanto a experiência sensorial quanto o raciocínio são fundantes do processo de constituição da inteligência, ou do pensamento lógico do homem.
Está implícito nessa ótica de Piaget que o homem é possuidor de uma estrutura biológica que o possibilita desenvolver o mental, no entanto, esse fato per se não assegura o desencadeamento de fatores que propiciarão o seu desenvolvimento, haja vista que este só acontecerá a partir da interação do sujeito com o objeto a conhecer. Por sua vez, a relação com o objeto, embora essencial, da mesma forma também não é uma condição suficiente ao desenvolvimento cognitivo humano, uma vez que para tanto é preciso, ainda, o exercício do raciocínio. Por assim dizer, a elaboração do pensamento lógico demanda um processo interno de reflexão. Tais aspectos deixam à mostra que, ao tentar descrever a origem da constituição do pensamento lógico, Piaget focaliza o processo interno dessa construção.
Simplificando ao máximo, o desenvolvimento humano, no modelo piagetiano, é explicado segundo o pressuposto de que existe uma conjuntura de relações interdependentes entre o sujeito conhecedor e o objeto a conhecer. Esses fatores que são complementares envolvem mecanismos bastante complexos e intrincados que englobam o entrelaçamento de fatores que são complementares, tais como: o processo de maturação do organismo, a experiência com objetos, a vivência social e, sobretudo, a equilibração do organismo ao meio.
O conceito de equilibração torna-se especialmente marcante na teoria de Piaget pois ele representa o fundamento que explica todo o processo do desenvolvimento humano. Trata-se de um fenômeno que tem, em sua essência, um caráter universal, já que é de igual ocorrência para todos os indivíduos da espécie humana mas que pode sofrer variações em função de conteúdos culturais do meio em que o indivíduo está inserido. Nessa linha de raciocínio, o trabalho de Piaget leva em conta a atuação de 2 elementos básicos ao desenvolvimento humano: os fatores invariantes e os fatores variantes.Em síntese, pode-se dizer que, para Piaget, o equilíbrio é o norte que o organismo almeja mas que paradoxalmente nunca alcança (La Taille, op.cit.), haja vista que no processo de interação podem ocorrer desajustes do meio ambiente que rompem com o estado de equilíbrio do organismo, eliciando esforços para que a adaptação se restabeleça. 
A teoria psicanalítica de Freud
A psicanálise é um método terapêutico das perturbações da personalidade e um corpo teórico explicativo da estrutura psíquico, da vida mental e afectiva. Esta teoria centra a explicação do comportamento em factores energéticos inatos e internos a própria pessoa, apresentando assim uma perspectiva intrapsíquica. A personalidade é orientada por forças pulsionais de origem inconsciente e marcadas pelas experiencias relacionais com as pessoas, significativas sobre tudo durante a infância. A experiencia clinica de Freud fê-lo valorizar os primeiros anos de vida na organização da personalidade e compreender o acesso ao mundo inconsciente das pulsões, dos desejos e dos conteúdos reprimidos, que explicam as perturbações neuróticas.
A formação da personalidade é, na perspectiva de Freud, marcada pelo desenvolvimento psicossexual ao longo das fases oral, anal, fálica e genital . Cada estádio constitui um patamar estrutural do psiquismo e do carácter do individuo, decorrente da estimulação da zona erógena em causa e da forma relacional particular que a criança estabelece com outro. Entra também em jogo a identificação que, na teoria psicanalítica, é um processo central na formação da personalidade, através do qual:
O sujeito se constitui e se transforma, assimilando ou apropriando-se, em momentos-chave da sua evolução, dos aspectos, atributos ou traços dos seres humanos que o rodeiam.
A abordagem psicanalítica de Freud procura compreender a organização e o desenvolvimento da personalidade, segundo uma dinâmica interna entre a vidapulsional e as exigências de adaptação ao mundo exterior, marcada pelas relações que, desde a primeira infância, o individuo estabelece com os outros.
Os aspectos da personalidade como a dependência, a baixa tolerância a frustração e a angústia de separação e de abandono, remetem para uma fixação ou para uma regressão a momentos mas precoces do desenvolvimento. Nesta fase, a relação com a figura materna (ou seu substituto) é determinante e organiza condições fundamentais para formação da personalidade, como a autoconfiança, a auto-estima e a capacidade de estar só.
Em conclusão, a personalidade forma-se e desenvolve-se a partir de disposições inatas do individuo, das relações e identificações as pessoas significativas, da forma como o ego gere os conflitos intrapsíquico e dos mecanismos de defesa que se desenvolve e privilegia.
 Continuando a aula, a doutora Graciana falou também sobre as vertentes da psicologia : 
1) Psicanálise
Começo pela psicanálise de Freud porque ela é consirada uma das 3 forças da psicologia. Durante a faculdade, estudamos muito a obra freudiana e quem deseja se aprofundar acaba fazendo uma pós-graduação ou um curso de formação (que dura cerca de 5 anos).
Antes de desenvolver seu método próprio, Freud utilizava a hipnose. Ele observou que os pacientes melhoravam depois de algumas sessões, mas era frequente o retorno dos sintomas anteriores depois de um tempo. Deste modo, e por não gostar de hipnotizar, ele abandonou a hipnose e passou a utilizar o método da associação livre.
Funciona assim: o paciente chega ao consultório do psicanalista e nas primeiras sessões são realizadas sessões de avaliação, chamadas tecnicamente de entrevistas preliminares. Depois dessa avaliação e se for indicado, o analista explica o método e o paciente deita-se no divã.
O método consiste em falar tudo o que vier à mente, sem criticar o que vier, mesmo que seja bobo, estranho ou sem sentido. O analista, por sua vez, vai ajudar o paciente nesse processo, permitindo com que ele rompa as suas resistências e se abra. Também fará interpretações e com as elaborações do paciente, o processo de análise propicia autoconhecimento e transformação gradual dos sintomas.
Importante notar que é um método não diretivo. Ou seja, o analista não sugere que o paciente faça isto ou aquilo ou diga isto ou aquilo. A análise acontece a partir das associações do paciente e são analisados os sintomas (os sofrimentos) e sonhos, se estes aparecerem.
Muitos pensam que o analista fica quieto a sessão inteira e só o paciente fala. Não é muito por aí. Um bom analista vai interpretar em diversos momentos, embora possa ficar em silêncio durante parte do processo. Quer dizer, um analista que fique a sessão inteira em silêncio – e em todas as sessões – simplesmente não está fazendo o seu trabalho.
A duração de uma análise é extremamente variável e existe uma questão se há ou não o fim da análise (para quem quiser saber mais, recomendo o texto Análise Terminável e Interminável, de Freud). Mas digamos que uma análise para propiciar mudanças leve de 6 meses a 2 anos. Na medida em que é um processo igualmente de autoconhecimento, muitos continuam a análise até depois de terem superado seus sintomas iniciais e alguns ficam dez anos ou mais fazendo análise.
2) Psicologia Analítica de Jung (Análise junguiana)
Jung foi um dos mais importantes psicólogos do século XX. Ajudou na consolidação da psicanálise entre os anos de 1907 e 1912 e foi inclusive o primeiro Presidente da Associação Psicanalítica Internacional. Entretanto, ele discordou de certos pressupostos de Freud.
Na terapia junguiana, nota-se diferenças significativas com relação ao método de Freud. Em primeiro lugar, o analista não fica de costas para o paciente (deitado no divã). Os dois sentam-se frente à frente. Assim como na psicanálise, os sonhos podem vir a ser uma importante fonte de informações sobre o paciente, porém, como a noção de inconsciente é diferente nas duas linhas, vamos encontrar na Psicologia Analítica de Jung o conceito de personificação do inconsciente.
Em outras palavras, quando sonhamos, sonhamos narrativas. Nestas narrativas encontramos certos personagens que, de tempos em tempos, vão mudando.
Para entrar em “contato” com estes personagens Jung preferia utilizar o método da imaginação ativa, ao invés de utilizar o método da associação livre. Na imaginação ativa, o paciente aprende como deixar livre as suas fantasias e a se aproximar destes seus outros lados internos.
Para ajudar na imaginação são utilizadas técnicas geralmente ligadas às artes. Por isso, Jung é bastante estudado em cursos de arteterapia. Não raro são usadas pinturas, esculturas, desenhos, técnicas de escrita, técnica da caixa de areia (Sandplay).
3) Behaviorismo – Comportamental
Quando mencionei a psicanálise, disse que ela é considerada uma das 3 forças da psicologia. A segunda força é a comportamental, já que a Psicologia Analítica de Jung pode ser classificada como uma teoria próxima da psicanálise, nas chamadas psicologias psicodinâmicas (que defendem a existência do inconsciente).
É difícil dizer de um único behaviorismo, pois existem escolas que também divergem entre si sobre determinados aspectos. Mas conseguimos entender a abordagem em geral se percebemos que a sua visão é de que devemos entender e modificar o comportamento.
A psicologia comportamental começa com Watson e é expandida com os geniais estudos de B. F. Skinner, que conseguiu comprovar empiricamente, em laboratório, diversas relações funcionais entre estímulos antecedentes, comportamento e estímulos consequentes.
Um comportamento não é apenas o que fazemos. Os pensamentos, as emoções e a fala também são definidos como comportamentos. E o comportamento humano possui uma estrutura que tem regras. Melhor dizendo, existem leis que nos permitem compreendê-lo e alterá-lo.
Um organismo (um sujeito) se comporta de determinada forma com seus amigos e de outra com sua família. Este é apenas um exemplo de como o comportamento se modifica de acordo com o meio. (O meio também inclui o que pensamos, sentimos internamente, ou seja, o que os outros não conseguem observar diretamente).
Assim, a terapia comportamental foca os seus esforços na modificação dos comportamentos. É uma abordagem mais diretiva. O analista comportamental vai avaliar o que o paciente precisa e vai ajudar com técnicas específicas para a transformação. Técnicas estas que serão direcionadas para o problema particular do indivíduo.
Por exemplo, digamos que o paciente tenha medo de altura. O medo é um resposta condicionada do organismo. Isto significa que a altura elicia uma resposta que o paciente não consegue alterar. Como não consegue alterar por si, ele procura fugir do medo, o que não resolve nada, apenas mantém a resposta de medo com o comportamento de esquiva (de fuga).
Neste caso, o analista pode utilizar uma técnica como a dessensibilização sistemática. A grosso modo, seria como fazer aproximações sucessivas a fim de que o medo vá diminuindo aos poucos com a exposição ao ambiente que gera o medo.
Este é apenas um exemplo. Para cada problema ou transtorno, o analista comportamental possui técnicas específicas para ajudar o paciente. Não raro são passadas “tarefas de casa” para serem feitas entre uma sessão e outra. Por isso falamos que é uma abordagem mais diretiva. Não raro também acontece de o analista sair do seu consultório e ir junto com o paciente para lhe ajudar em uma determinada atividade, como enfrentar o medo de altura.
4) Humanismo
O principal expoente da terapia humanista é o psicólogo Carl Rogers. É difícil dizer em poucas palavras como funciona a sua terapia centrada na pessoa. Mas penso que o seu conceito de aceitação incondicional nos ajuda a entender os seus princípios e o modo como ele conduzia a psicoterapia, individualmente ou em grupo.
Para Rogers, só podemos mudar quando nos aceitamos. Como ele dizia: “O paradoxo curioso é que quando eu me aceito como eu sou, então eu mudo“.
O exemplo clássico para a aceitação ser fundamental para a mudançaé o problema do álcool e drogas. Enquanto uma pessoa usa uma determinada substância, ela geralmente acredita que não é viciada e que tem um controle sobre o uso. Pode até brincar sobre o seu abuso, porém não aceita de verdade que tem um problema. É só quando aceita que tem um problema que ela consegue mudar.
Evidentemente, a terapia centrada na pessoa não está ligada apenas a este tipo de mudança. A aceitação incondicional por parte do terapeuta vai propiciar ao paciente a compreensão de si mesmo.

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