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Mobilização precoce

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Thais Ferreira Salomão Fisioterapia 10P
Mobilização precoce
Efeitos da permanência no leito
As sequelas resultantes do internamento em UCI são hoje motivo de preocupação quando se avaliam os resultados em saúde. A imobilidade física, com importante impacto na diminuição das capacidades funcionais, tem vindo a ser investigada na tentativa de se encontrarem intervenções que se revelem eficazes na prevenção e redução do problema. No âmbito da reabilitação do doente crítico, a mobilização precoce, tem sido sugerida como forma de mitigar os efeitos deletérios ao nível funcional, pelo que interessa perceber quais os resultados até agora alcançados pelos estudos realizados. (1)
Com a total imobilidade, a massa muscular pode reduzir pela metade em menos de duas semanas, e associada á sepse, pode declinar até 1,5 kg ao dia. Estudos experimentais com indivíduos saudáveis demonstraram uma perda de 4% a 5% da força muscular por semana”. A fraqueza músculo esquelética pode persistir em pacientes anos após a alta hospitalar, além de um grande impacto negativo no estado funcional, qualidade de vida, aumento nos gastos com a saúde, dificuldades para o retorno a suas atividades de vida diária. (2)
Benefícios da mobilização precoce
A reabilitação precoce associou-se ao aumento da capacidade funcional e à força muscular com menor tempo de ventilação mecânica e melhora na distância percorrida bem como melhor percepção da saúde e da qualidade de vida. (3)
Os pacientes que realizam intervenções mais exigentes com os MMII (como o círculo ergômetro) mostram um aumento significativo na distância percorrida na alta hospitalar. (3)
Os resultados mostraram que a reabilitação e a mobilização precoce produzem um efeito na diminuição dos dias de internação tanto na UTI quanto no hospital. Acredita-se que há um efeito sobre o progresso da capacidade funcional, força, mobilidade, qualidade de vida, menor tempo de ventilação mecânica e maior probabilidade de receber alta para casa. (3)
Critérios de segurança para a mobilização precoce
Para prevenir e minimizar estas alterações, faz-se necessária a intervenção fisioterapêutica imediata, desde que o paciente tenha estabilidade clínica para suprir as demandas vasculares e oxigenativas que a intervenção exige. Pode-se justificar que os critérios cardiovasculares foram os mais citados pelo fato de que os pacientes acamados com prolongada internação hospitalar, ao serem estimulados, requerem adicional trabalho do sistema cardiovascular para manter a pressão arterial, débito cardíaco, bem como adequado e constante fluxo cerebral. Com isto, os pacientes hemodinamicamente instáveis, que necessitam de altas doses de vasopressores não estão aptos a iniciar e nem a progredir a terapia. (4)
Em relação aos critérios respiratórios, a saturação periférica de oxigênio (SpO2), encontrada em 14 estudos, oscilaram entre > 88% a >90 para tolerar a mobilização. (4)
Dentre os critérios neurológicos, destacaram-se a avaliação da pressão intracraniana (PIC) e do nível de consciência. No que diz respeito à PIC elevada, Witcher et al., afirmam que pacientes com elevação da PIC, nos quais a sedação profunda está associada a bloqueadores neuromusculares, não são candidatos a participarem de protocolos de MP e da interrupção diária da sedação. Outros motivos para a MP ser comprometida são as plegias ou paresias, disfunções cognitivas, alterações na perfusão cerebral, além dos dispositivos utilizados para contínua monitorização cerebral. (4)
No que se refere à avaliação contínua do nível de consciência dos pacientes, é recomendada a interrupção diária das sedações ou a manutenção da sedação mínima necessária, para possibilitar avaliação mais fiel do paciente, além de reduzir a gravidade das complicações relacionadas à internação em UTI. (4)
Os eventos adversos geralmente estão relacionados com complicações respiratórias, cardiovasculares e com os dispositivos anexados aos pacientes.(4)
Quando a mobilização pode ser iniciada?
Confirma-se que a mobilização precoce é possível e segura em doentes críticos, podendo ser iniciada logo após a estabilização fisiológica e que, considerando o balanço entre os efeitos desejáveis e indesejáveis, se pode concluir que, claramente, o peso dos efeitos desejáveis é bastante maior que o dos eventuais efeitos indesejáveis, aparentando ter efeitos positivos, pelo que se recomenda a introdução da mobilização precoce no plano de cuidados do doente crítico, com início o mais precocemente possível. (1)
1. ZEVEDO, Paulo Manuel Dias da Silva  and  GOMES, Bárbara Pereira. Effects of early mobilisation in the functional rehabilitation of critically ill patients: a systematic review.Rev. Enf. Ref. [online]. 2015, vol.serIV, n.5 [cited  2019-02-23], pp.129-138
2. SILVA, Ana Paula Pereira da; MAYNARD, Kenia; CRUZ, Mônica Rodrigues da. Efeitos da fisioterapia motora em pacientes críticos: revisão de literatura. Rev. bras. ter. intensiva,  São Paulo ,  v. 22, n. 1, p. 85-91,  Mar.  2010
3. Arias-Fernández P, Romero-Martin M, Gómez-Salgado J, Fernández-García D. Rehabilitation and early mobilization in the critical patient: systematic review. J Phys Ther Sci. 2018;30(9):1193-1201.
4. DA CONCEIÇÃO, Thais Martins Albanaz et al. Critérios de segurança para iniciar a mobilização precoce em unidades de terapia intensiva. Revisão sistemática. Rev Bras Ter Intensiva, v. 29, n. 4, p. 509-519, 2017.

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