Buscar

Fichamento bromatologia- muito além do peso

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE SAÚDE
CURSO DE FARMÁCIA
DISCIPLINA: BROMATOLOGIA APLICADA
DOCENTES: INGRID ESTEFANIA MANCIA DE GUTIERREZ
DISCENTE: TAYRINNE SILVA CARNEIRO ALMEIDA E CARLOS NÔ BISPO 
FICHAMENTO DO DOCUMENTÁRIO MUITO ALÉM DO PESO
O documentário tem como título “Muito Além do Peso”, é dirigido por Estela Renner, encontra-se disponível no Youtube no canal “Maria Farinha Filmes”, onde foi publicado no ano de 2013. Esta obra tem aproximadamente 1 hora e 24 minutos de duração, sendo formado por diversas entrevistas e depoimentos de médicos, especialistas, pais e das próprias crianças que estão acima do peso, onde estas apresentam diversas doenças que antigamente só eram prevalentes em adultos, como por exemplo a diabetes tipo II, doenças cardiovasculares, pulmonares e hipertensão, causadas principalmente pela má alimentação.
O filme tem como ideia principal mostrar como anda a alimentação da população em geral, principalmente do público infantil e mostrar também o poder que as grandes indústrias de alimentos e bebidas tem em influenciar, através das propagandas, a tomada de decisão das pessoas quanto ao alimento que devem consumir. O documentário traz diversas críticas e alertas, começando ao mostrar diversas frutas e legumes às crianças, perguntando-as se conheciam, se sabiam os nomes e qual a última vez que as comeram. As respostas foram surpreendentes, pois em sua maioria as crianças não conheciam nem sabiam o nome daqueles alimentos saudáveis que foram apresentados a elas e a minoria que conheciam algum, não se lembrava qual a última vez que o comeu. Em outro momento mostra também que a indústria de alimentos processados visa somente o lucro e não a saúde dos indivíduos. Nas suas embalagens estão sempre os desenhos e personagens famosos que já conquistaram as crianças, as comidas dos “fast foods” associam o seu produto a um brinquedo, o que leva muitas vezes a comprarem o produto apenas na intenção de adquirir o brinquedo, então isso acaba influenciando absurdamente na educação alimentar da criança. Junto a isso, devido ao fato de que esses alimentos possuem sabor geralmente artificial e carregados de sal, o seu sabor marcante leva a considerar que os alimentos mais naturais não possuem sabor, quando na verdade são saborosos e com as quantidades de nutrientes em dosagens normais para o alimento.
Além disso, observa-se que o documentário traz algumas ideias secundárias que também são relevantes, como por exemplo, a importância de se observar a rotulagem dos alimentos, pois foi mostrado que a população não tem nenhuma noção da quantidade de gordura e de açúcar que está presente em muitos alimentos industrializados que eram consumidos diariamente por eles. Faz-se necessário começar a se consumir mais produtos naturais e orgânicos para que a incidência de crianças obesas seja cada vez menor, de acordo com dados do filme, 33,5% das crianças no Brasil sofrem de sobrepeso e obesidade e um estudo do Ministério da Saúde também mostra que crianças acima do peso possuem 75% mais chance de serem adolescentes obesos e adolescentes obesos têm 89% de chance de serem adultos obesos (BRASIL, 2019). Um dado preocupante, pois a obesidade traz consigo muitos problemas graves de saúde como já foi relatado.
Outro ponto importante é a necessidade de se praticar atividade física, pois as crianças na atualidade estão cada vez menos brincando ao ar livre, correndo, se exercitando (atrasando o processo criativo) e estão cada vez mais ocupando-se em frente a televisão, no vídeo game e no celular o que leva a esse ser um outro fator que corrobora também para o aumento do peso nessa faixa etária. É necessário que haja melhores investimentos e incentivo do poder público, com, por exemplo, a construção de quadras, praças e parques, como também uma educação nutricional, levando esse tema para ser trabalhado nas escolas com a presença inclusive dos pais e responsáveis, pois observa-se através do documentário que muitos deles adotam alimentos industriais, pela rapidez, praticidade, preço ou até mesmo por desconhecerem dos malefícios e eles precisam entender que dizer “não” é necessário em muitos casos, e que será preciso resistir as insistências do filho quanto ao que deseja, já que não faz bem à saúde. Falta diálogo e incentivo das escolas para que os lanches saudáveis sejam cada vez mais consumidos nesse ambiente. Além de que, muitas escolas agem de maneira não saudável pois, conforme foi relatado no documentário, em uma das escolas visitadas, a maioria dos alimentos eram enlatados e embutidos.
Com base no que foi relatado no documentário, percebe-se que os alimentos industrializados possuem grande influência sobre a população, devido a sua praticidade (no caso dos fast foods e alimentos de rápido preparo) e seu baixo custo. Segundo Bielemann (2015, p. 2),
devemos considerar que os indivíduos consomem alimentos e/ou preparações sem que o nutriente em si seja o principal determinante na escolha – fato conhecido e explorado pelo comércio e indústria alimentícia que oferecem, cada vez mais, alimentos práticos, palatáveis, duráveis e mais atrativos para a população.
Portanto, nota-se que a praticidade tem sido um fator crucial na escolha do alimento, em especial para trabalhadores com longas jornadas de trabalho que, por vezes não haver tempo suficiente para uma boa refeição, optam por alimentos mais práticos, palatáveis, a fim de poupar tempo. O mesmo ocorre com as crianças, cada vez mais interessadas nesse tipo de alimentação, visualmente atrativa. Ainda nessa linha de raciocínio, as crianças, por questões sociais de hierarquização, se sentem mais confortáveis estando nos mesmos padrões das demais, que é o de se levar um lanche industrializado. No documentário há relatos de crianças que se sentem envergonhadas de levarem uma simples maçã, porque nenhum outro colega leva algum tipo de fruta, algumas crianças chegam a ingerir o alimento as escondidas. Desse modo, conforme foi informado por uma das profissionais presentes no documentário, os alimentos processados e ultraprocessados eram de caráter ocasional, uma alimentação a parte, comemorativa, mas que, com o passar dos anos e o desenvolvimento da indústria alimentícia, tornou-se parte da alimentação diária básica da maioria da população, o que fortalece os argumentos e a crítica central trazidos na obra em questão.
No entanto, é nítido que a mesma população que consome tais produtos de maneira demasiada, é a mesma que desconhece ou pouco conhece quanto aos riscos que esses alimentos podem oferecer. Fato este que, infelizmente, contribui para o aumento das epidemias como obesidade, que consequentemente leva ao surgimento de outras grandes epidemias, como diabetes, hipertensão e problemas cardiovasculares. 
No documentário, foi perceptível que, dentre as pessoas entrevistadas, em suas casas, o consumo majoritário era de alimentos processados e ultraprocessados, com apenas poucos produtos in natura ou minimamente processados. De acordo com Louzada et al. (2015, p. 2) 
Alimentos ultraprocessados são formulações industriais prontas para consumo e feitas inteiramente ou majoritariamente de substâncias extraídas de alimentos (óleos, gorduras, açúcar, proteínas), derivadas de constituintes de alimentos (gorduras hidrogenadas, amido modificado) ou sintetizadas em laboratório com base em matérias orgânicas (corantes, aromatizantes, realçadores de sabor e outros aditivos usados para alterar propriedades sensoriais).
Dessa forma, o consumo de alimentos ultraprocessados, por possuírem substâncias prejudiciais ao organismo, como os aditivos, são grandes causadores de doenças epidêmicas, como as que foram relatadas anteriormente no presente trabalho, tendo o consumidor um reduzido conhecimento acerca do assunto, limitando-se a informações superficiais, na pretensão de omitir os fatos para que o grande mercado siga a todo vapor. 
O documentário finaliza com uma mensagem inspiradora, mostrando que o controle da alimentação deve partir dos consumidores,determinando o que realmente querem para o futuro. Sendo assim, essa ação coletiva ajudaria em uma boa redução dos problemas enfrentados pelo consumo de alimentos não saudáveis. É necessário um movimento sustentável que eduque as crianças sobre alimentação, inspirando as famílias a cozinharem em suas casas alimentos mais naturais. Deve-se, portanto, fortalecer as pessoas de todo o mundo para que lutem contra a obesidade, pois, conforme é encerrado a obra, a cada 5 crianças obesas, 4 permanecerão obesas quando adultas.
REFERÊNCIAS
Bielemann, Renata M et al. Consumption of ultra-processed foods and their impact on the diet of young adults. Revista de Saúde Pública. 2015, v. 49. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0034-8910.2015049005572>. Acesso em: 20 Mar. 2020. 
LOUZADA, Maria Laura da Costa et al . Alimentos ultraprocessados e perfil nutricional da dieta no Brasil. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 49, 38, 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102015000100227&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 20  Mar.  2020.

Mais conteúdos dessa disciplina