Prévia do material em texto
Prof. Me. Rafael Botelho Gouveia rafael.gouveia@funepe.edu.br Aula: 2 Deficiência Intelectual Ao final da aula o aluno deverá ser capaz de... ✓Diferenciar deficiência intelectual de doença mental ✓Identificar as principais características das pessoas com deficiência intelectual ✓Conceituar deficiência intelectual ✓Citar o nome de algumas deficiências intelectuais O que você entende por Deficiência Intelectual? Processo patológico definido com quadro característico de sinais e sintomas. Pode afetar o corpo inteiro ou quaisquer de suas partes. Sua etiologia, patologia e prognóstico podem ser conhecidos ou desconhecidos. Geralmente como conceito fisiológico, patológico, filosófico, contrário à "saúde" Doença • Perda ou anormalidade de estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, temporária ou permanente. • Incluem-se a ocorrência de anomalia, defeito ou perda de um membro, órgão, tecido ou qualquer outra estrutura do corpo, inclusive das funções mentais. • Refletem distúrbio orgânico, perturbação no órgão. >> Amiralian, M. L. T. et al. The concept of disability . Revista de Saúde Pública, v. 34, n. 1, p. 97-103, 2000. Deficiência Doença Mental & Deficiência Intelectual Doença Mental: Doenças psiquiátricas que se manifestam por rupturas no processo de adaptação expressas primariamente por anormalidades de pensamento, sentimento e comportamento, produzindo sofrimento e prejuízo do funcionamento. Afetam a percepção do indivíduo em relação à realidade Doença Mental & Deficiência Intelectual o indivíduo não tem alterada a percepção de si mesmo e da realidade; é capaz e tem o direito de decidir o que é melhor para ele Deficiência Intelectual: Funcionamento intelectual subnormal que se origina durante o período de desenvolvimento. Possui múltiplas etiologias, incluindo defeitos genéticos e lesões perinatais. Retardo ou deficiência intelectual = Quadro resultante de múltiplos fatores Dificuldade em conceituar Anátomo-p atológica Genética Etiológica Psicométrica Ponto comum: Insuficiência/retardo mental Profundos: Quociente de Inteligência (QI) abaixo de 20. Severos: QI entre 20 e 35. Moderados: QI entre 35 e 55. Leves: QI entre 55 e 70. Classificação quanto à intensidade O que os testes medem é o desempenho, a performance intelectual Definição de deficiência intelectual “...incapacidade caracterizada por limitações significativas no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo expresso em termos conceituais, sociais e práticos de habilidades adaptativas. Esta deficiência tem origem antes da idade de 18 anos.” » Classificação Internacional de Funcionalidades (2001) Antiga: escores de QI e educacional Atual: comportamento adaptativo Na deficiência intelectual, a alteração se encontra na capacidade intelectual do indivíduo, dificultando o aprendizado e suas possibilidades de adaptar-se às exigências da sociedade (Marcucci,2003) Comportamento adaptativo: funcionalidade do indivíduo que promove adaptação nos contextos de vida. Comportamento adaptativo >> Schalock, R. L. et al. Intellectual Disability: Definition, Classification, and Systems of Supports (11th Edition). 2010 Adaptação Fatores internos (exe.: psicológicos) Fatores externos (exe.: sociais, culturais) Conjunto de habilidades conceituais, sociais e práticas que são aprendidas e realizadas pelas pessoas em suas vidas cotidianas >> Schalock, R. L. et al. Intellectual Disability: Definition, Classification, and Systems of Supports (11th Edition). 2010 Comportamento adaptativo ❑ Habilidades conceituais: linguagem e alfabetização; Conceitos de dinheiro, tempo e número; orientação (direção) ❑ Habilidades sociais: habilidades interpessoais, responsabilidade social, autoestima, credulidade, resolução de problemas sociais e a capacidade de seguir regras / obedecer leis ❑ Habilidades práticas: atividades da vida diária (cuidados pessoais), habilidades ocupacionais, saúde, viagens/transporte, horários/rotinas, segurança, uso de dinheiro, uso do telefone Classificação Comportamento Adaptativo Limítrofe Aprendizagem lenta, emocionalmente próximo ao que se espera das pessoas sem deficiência Leve Educável, diferenças percebidas predominantemente após os 6 anos de idade Moderado Treinável para tarefas de rotina e cuidados especiais Severo Aprende minimamente tarefas relacionadas a cuidados pessoais; trabalho predominante em casa Profundo Com poucas exceções, estado vegetativo (Gorgatti, 2005) Classificação com base nas habilidades adaptativas • Intermitente - efetua-se somente quando necessário • Limitado – requerem tipo de apoio mais intensivo e limitado (apoio em determinados momentos específicos) • Extensivo - apoio caracterizado pela regularidade, normalmente diária • Generalizado - é o apoio constante e intenso, necessário em diferentes áreas da vida (Winnick, 2002) Classificação quanto ao níveis de apoio • Aprendizagem lenta • Vocabulário limitado • Dificuldades de compreender e transmitir informações • Memória limitada* • Falta de atenção e dificuldade em relacionar conceitos ligados a números, formas, tamanhos e cores. • Tendência à auto-desvalorização, frustração e teimosia Características Principais (ROSADAS, 2001, p. 92-93) Causas e fatores de risco Período de gestação Durante o parto Após o parto Congênita Adquirida Causas e fatores de risco Pré-natais Alterações na distribuição cromossômica Infecções Álcool, drogas, intoxicações e radiações Hidrocefalia e macrocefalia Microcefalia Causas e fatores de risco Perinatais • Ausência ou carência de oxigênio durante o parto ou algum tipo de trauma que resulte em lesão cerebral. • A prematuridade pode acarretar implicações para o sistema respiratório, e isso pode causar ao prematuro dificuldades em proporcionar ao sistema nervoso central a quantidade de oxigênio necessária. (GIMENEZ, 2005, p. 85) Causas e fatores de risco Pós-natais Radiações e medicamentos Desnutrição Grave Causas e fatores de risco Pós-natais Privação familiar e cultural e doenças como sarampo e caxumba Infecções: meningite, encefalite Doenças desmielinizante A deficiência intelectual costuma coexistir com outras deficiências em crianças. A ocorrência e a quantidade dos problemas coexistentes aumentam de acordo com o nível de severidade da DI (Winnick, 2004) Síndrome de Prader-Willi ▪ Origem genética (cromossomo 15) ▪ Ocorrendo durante a gestação ▪ Hipotonia severa durante a infância ▪ Obesidade ▪ Hipogonadismo e pouco desenvolvimento da genitália ▪ Infertilidade em ambos os sexos >> Cassidy, SB et al. Prader-Willi Syndrome. Genet Med 2012:14(1):10–26 Síndrome de Angelman Distúrbio neurológico que causa deficiência intelectual, comprometimento ou ausência de fala, epilepsia, atraso psicomotor, andar desequilibrado, com as pernas afastadas e esticadas, alterações no comportamento >> Margolis, SS. Angelman Syndrome. Neurotherapeutics. 2015;12(3):641-50. Síndrome Williams-Beuren Desordem genética em ambos os sexos Caracterizada por “face de gnomo ou fadinha” Problemas de coordenação, equilíbrio, atraso psicomotor e desenvolvimento motor lento >> Kandasamy S et al. Williams syndrome: a case series. Indian Pediatr. 2014 May;51(5):411-2. Síndrome de Down Síndrome de Down Síndrome de Down – Principais características Síndrome de Down Necessidade de laudo médico ortopedista Instabilidade Atlanto-Axial: 3 a 5 mm Benefícios da atividade física para pessoas com DI • Melhoria do equilíbrio psicológico e da relação com o seu meio. • Restabelecimento da força muscular. • Desenvolvimento da coordenação neuromuscular. • Melhoria das habilidades motoras. • Satisfação, auto-realização, alegria, auto-confiança • Melhora do tônus muscular Conteúdo das atividades para pessoas com DI Cuidados queo professor de Educação Física deve ter em suas aulas 1. Solicitar aos pais ou responsáveis laudo médico. 2. Aos pais ou responsáveis de alunos com Síndrome de Down, solicitar aprovação médica para participação, apresentando laudo sobre a instabilidade atlanto-axial. 3. Dar orientações claras sobre a tarefa a ser realizada, utilizando pequena quantidade de informações por vez (considere que a memória de curta duração é limitada). 4. Usar exemplos concretos, valorizando o conhecimento de cada aluno. 5. Utilizar formas, cores e ângulos para aumentar a atenção (seletiva) à informação relevante. Todas as dicas visuais devem ser removidas uma vez compreendida a tarefa. 6. Garantir estrutura e rotina na aula. 7. Utilizar demonstrações. São eficientes, de fácil visualização e imitação. 8. Elogiar as tentativas. Crie desafios! Recomendações para alunos com deficiência intelectual ✓ Grupo heterogêneo de desordens com variadas causas e quadros clínicos; ✓ Limitações cognitivas e funcionais em áreas como HABILIDADES DE VIDA DIÁRIA, SOCIAIS e de COMUNICAÇÃO; ✓ Constante mudança de critérios de classificação afetam drasticamente a incidência da deficiência intelectual; ✓ Os termos utilizados para designar as pessoas com deficiência intelectual geralmente remetem a significado NEGATIVO e demonstram sentido de perpetuidade de condição Deficiência Intelectual Ao final da aula o aluno deverá ser capaz de... ✓Diferenciar deficiência intelectual de doença mental ✓Identificar as principais características das pessoas com deficiência intelectual ✓Conceituar deficiência intelectual ✓Citar o nome de algumas deficiências intelectuais Educação Física Adaptada Resumindo: DM & DI DM: alteração da percepção de realidade DI: limitação no funcionamento intelectual Síndrome de Down / Algeman / Turner / Williams / Prade-willi DI Características Limitação no Comp. Adapt. Diagnosticada: até 18 anos Aprendizagem lenta / vocabulário limitado / compreensão de informações / Desatenção e teimosia Tipos de DI ❑ São chamadas autistas as crianças que tem inaptidão para estabelecer relações convencionais com o outro; ❑ atraso na aquisição da linguagem e incapacidade de atribuir valor a comunicação. ❑ Essas crianças apresentam igualmente estereotipias gestuais, necessidade de manter imutável seu ambiente material AUTISMO Definição: Kanner, Leo. Autistic Disturbances of Affective Contact. Nervous Child, 2:217-250, 1943. "o isolamento autístico", estava presente na criança desde o início da vida. Ele sugeria que se tratava então de um distúrbio inato. ❑ A descrição de Kanner organizava-se em torno do distúrbio central, que é a inaptidão das crianças em estabelecer relações convencionais com as pessoas e em reagir normalmente às situações desde o início da vida". ❑ Escolhendo o termo "autismo" para descrevê-lo, Kanner mostrava a importância que queria atribuir à noção de afastamento social. Kanner, Leo. Autistic Disturbances of Affective Contact. Nervous Child, 2:217-250, 1943. Ele nunca demonstra alegria quando vê o pai ou a mãe. Parece fechado em sua concha e vive dentro de si. Beamon Triplett (1938 – relato do 1º caso de autismo) • Influência Genética • Vírus • Toxinas e poluição • Desordens metabólicas • Desregulação imune • Infecções virais e grandes doses de antibióticos nos primeiros 3 anos Possíveis causas >> Gadia CA et al. Autismo, comportamento infantil, desenvolvimento infantil. J Pediatr (Rio J). 2004;80(2 Supl):S83-S94. “Tipos de autismo” Clínico: história da criança com pais e no ambiente escolar, observação da criança Profissionais envolvidos Ainda não existem exames capazes de diagnosticar autismo