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Clínica médica de ruminantes - Cardiocirculatório [resumo 1]

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CLÍNICA MÉDICA DE RUMINANTES 
SISTEMA CARDIOVASCULAR 
 
 
O exame do aparelho circulatório revelará seu possível envolvimento no 
processo patológico. Neste caso, também, deve-se esclarecer se tal envolvimento é 
primário (idiopático) ou secundário (sintomático). Isto é, se os órgãos do sistema 
circulatório foram afetados diretamente (p. e. na pericardite traumática por corpo 
estranho perfurante no retículo), ou indiretamente (p. ex. insuficiência circulatória ou 
cardíaca na evolução da doença infecciosa ou tóxica grave, com localização em outra 
parte do organismo). O resultado desse exame muitas vezes é determinante para a 
avaliação do prognóstico, que se característica como grave quando há 
comprometimento da função dos órgãos envolvidos na circulação. 
Indicações na anamnese que levam a pensar em uma afecção do coração, dos 
vasos ou do sangue são, entre outras: edema do peito ou pescoço, hematoma com 
grande região afetada ou feridas com grandes perdas de sangue, perda de sangue 
(secreção/excreção) de sangue por orifícios, hemoidrose, taquipnéia ou respiração 
ofegante, cansaço rápido após exercício, processos infecciosos purulentos e crônicos de 
localização variada, rigidez corporal generalizada, edemas de articulações e 
tendovagina, emagrecimento progressivo (em terneiros, crescimento retardado) 
relacionado com febres recidivantes e sem origem aparente e orelhas frias. Outros 
achados no exame clínico geral indicam a presença de problemas circulatórios: fraqueza 
generalizada, abdução dos codilhos, estase ou endurecimento das veias jugular e 
mamária, edemas na região de barbela, excreções com sangue, anomalias do pulso, 
febre ou distribuição irregular do calor corpóreo. O mesmo deve ser observado no 
exame das mucosas aparentes: palidez, cianose ou petéquias. 
 
O exame físico do sistema circulatório deve seguir a ordem: 
 Coração → artérias (pulso) e capilares (vasos espisclerais, mucosas 
aparentes) → grandes veias (jugular, subcutânea abdominal). 
 
 
Coração 
No bovino, o coração localiza-se ventralmente na cavidade torácica, se 
estendendo do 3º- 6º pares de costelas, com sua base dorsal alcançando a metade da 
altura vertical do tórax, o ápice cardíaco se localiza a alguns centímetros acima do 
esterno; é direcionado levemente e caudalmente à esquerda, e com isso cinco sétimos do 
músculo cardíaco ficam em cima do lado esquerdo (dois sétimos do lado direito) do 
plano mediano. Por esse motivo, examina-se o coração primeiro do lado esquerdo, mas 
em todos os casos suspeitos (anemia, febre recorrente, aumento da área de macicez, 
aumento da FC, achados auscultatórios não muito claros, doença não responsiva, etc) 
deve-se efetuar o exame também do lado direito. 
O exame do coração é feito por: 
 Inspeção: para a visualização da região cardíaca, deve-se observar a 
parede peitoral medialmente ao codilho esquerdo. Normalmente, não 
se observa a função cardíaca já que o choque cardíaco só faz vibrar a 
parede torácica, no caso de palpitação e batimentos com aumento de 
intensidade ou quando o coração se desloca em direção caudal. Além 
disso, observa-se edema congestivo em pele e subcutâneo em região 
de barbela (insuficiência cardíaca direita grave), bem como pode haver 
aumento do peito e de barbela causado por afecções locais (flegmão 
gasoso e tumor), o que pode gerar compressão de jugular e, com isso, 
impedir o retorno venoso para o coração; 
 Palpação: os batimentos cardíacos podem ser sentidos com as pontas 
dos dedos, colocando-se a mão esquerda no tórax na parte interna do 
codilho e localizando-se o 4º espaço intercostal (se necessário o 3º e o 
5º). Deve-se observar o choque do coração ou choque lateral do 
coração e outras vibrações na parede do tórax, assim como 
sensibilidade dolorosa na região cardíaca. O choque cardíaco é devido 
a contração do miocárdio, acompanhada de uma torção para a 
esquerda, sendo transmitido à parede torácica em menor ou maior 
grau. A intensidade e local do choque cardíaco, do conteúdo do 
líquido do pericárdio, da quantidade de ar contida nos lobos 
pulmonares na área pericárdica, da espessura da parede torácica, assim 
como de alterações que causam modificações de espaço (p. x. 
tumores) nas regiões próximas ao coração; normalmente não se sente 
o choque cardíaco em animais obesos, mas sente-se bem em animais 
magros, sobretudo após esforço físico e excitação psíquica 
(palpitação). Qualquer evidência de deslocamento, enfraquecimento, 
arritmia ou aumento do choque cardíaco deve ser acompanhada: em 
inflação restrita ao lado esquerdo da pleura ou do pericárdio e no 
pneumotórax esquerdo, é necessário sentir o coração do lado direito. O 
deslocamento cranial do choque cardíaco pode ser consequência de 
um deslocamento cranial do diafragma (por sobrecarga dos pré-
estômagos, ascite ou hidrâmnio, gestação gemelar), de algum processo 
patológico que ocupe espaço no mediastino ou de uma eventração de 
porções dos pré-estômagos para a cavidade torácica (hérnia 
diafragmática). Por outro lado, pode haver tumores ou alterações ou 
alterações inflamatórias localizadas na fissura mediastínica anterior ou 
subcardial, assim como aumento cardíaco que leve a um deslocamento 
caudal ou dorsal do choque cardíaco. Choque cardíaco enfraquecido 
ou ausente são alterações que acompanham processos que dificultam a 
palpação, por aumento de espaço entre o coração e a parede torácica, 
ou que impeçam a função normal do coração: acúmulo de gordura, 
edema ou aumento de espessura da pleura, enfisema pulmonar, 
acúmulo de líquido no pericárdio (hidro, icoro, fibrino, pio ou 
hemopericárdio), leucose pericárdica, pneumo, pio, icoro ou 
hidrotórax. Animais magros também apresentam as mesmas alterações 
na ICC grave; bovinos mal nutridos têm geralmente um batimento 
cardíaco forte. Por outro lado, um batimento cardíaco mais intenso e 
palpitante pode significar o início de uma doença cardíaca ou perfusão 
inadequada dos vasos (perda de sangue, colapso valvular), casos em 
que o coração trabalha mais para manter a homeostasia 
(compensação). Animais com pericardite traumática recente e com 
pleurite aguda podem gemer; 
 Percurssão (sonora e dolorosa): a percurssão sonora da 
regiãocardíaca é realizada, juntamente com a da área pulmonar, com 
um martelo plessinétrico pequeno e com ponta macia e um plessímetro 
ou dígito-digital. Para esse procedimento, faz-se o animal avançar com 
o membro anterior do lado que vai ser examinado ou um auxiliar 
mantém o membro para frente. Deve-se percurtir primeiramente na 
borda caudal do ancôneo de cima para baixo; a partir do som maciço 
do coração, a percursão é feita ventralmente, caudoventralmente, 
caudalmente e caudodorsal para contornar toda a área de macicez 
cardíaca. Como o coração está afastado da parede torácica pela parte 
ventral dos pulmões, que neste local é mais delgada, o som percurtido 
próximo ao esterno na área torácica do campo de percurssão pulmonar 
apresenta-se relativamente maciço. No animal adulto e saudável, a 
área cardíaca do lado esquerdo tem o tamanho da palma de uma mão e 
a direita é um pouco menor ou só levemente observada. A delimitação 
superior da área de macicez cardíaca forma um arco na direção 
caudoventral e um ângulo de 45º com a linha horizontal. Em pacientes 
com enfisema pulmonar, a área de macicez cardíaca é menor dos dois 
lados ou está ausente; nos animais com pneumotórax, ocorre o mesmo 
do lado acometido. Acúmulo de líquido no pericárdio leva a um 
aumento da área e som mais caracteristicamente maciço da região 
cardíaca. Deve-se observar uma eventual sensibilidade. Para a 
percurssão dolorosa, usa-se um martelo mais pesado. Uma reação 
positiva do animal (defesa, gemido ou medo) pode indicar alterações 
inflamatória e/ou traumática na área ventral da cavidade torácica 
(inclusiva pericárdio); 
 Auscultação: o local mais propício para auscultara atividade cardíaca 
é à esquerda, do 3º - 4º espaço intercostal, na altura média entre o 
codilho e a linha horizontal da articulação do ombro, sempre 
exercendo certa pressão sobre o diafragma do estetoscópio; o exame 
cardíaco bem conduzido engloba a auscultação do lado esquerdo e do 
lado direito, principalmente nos casos em que a inspeção, a palpação 
e/ou a percurssão do coração indicam suspeita ou presença de doença. 
O primeiro ruído cardíaco (sisrólico) coincide com o início da sístole 
ventricular, e ocorre pela vibração do miocárdio durante a contração e 
pelo fechamento das válvulas atrioventriculares (ruído muscular e 
valvular). É mais longo, grave e alto do que o segundo ruído, que 
coincide com o choque cardíaco. O segundo ruído cardíaco é mais 
curto, agudo e baixo, sendo originado pelo fechamento das válvulas 
semilunares (ruído valvular), coincidindo com o início da diástole 
(ruído cardíaco diastólico); e precedendo o silêncio cardíaco. Em geral 
o intervalo de tempo entre o primeiro e o segundo ruídos cardíacos é 
mais curto (pequeno silêncio) do que o último e a próxima sístole 
(grande silêncio). O primeiro ruído é mais bem auscultado sobre o 
ventrículo enquanto o segundo é sobre a base do coração. 
 
No caso de alteração da função ventricular (insuficiência cardíaca) pode-se 
auscultar, ocasionalmente, o ruído de baixa frequência do enchimento ventricular, 
devendo ser diferenciado, de acordo com o momento do ciclo, do terceiro ruído 
cardíaco oriundo do rápido enchimento passivo do ventrículo e do quarto ruído cardíaco 
originado do rapidíssimo enchimento ativo dos ventrículos (também durante a sístole 
atrial). 
Para a auscultação das válvulas cardíacas, deve-se procurar os focos de 
auscultação máxima (puncta máxima): 
 Válvula pulmonar: do lado esquerdo, com o membro dianteiro 
deslocado cranialmente, em meia altura entre o codilho e a articulação 
do ombro, deve-se colocar o diafragma do estetoscópio o mais 
cranialmente possível; 
 Válvula aórtica: do lado esquerdo, pouco abaixo da linha horizontal da 
articulação do ombro, posicionar o diafragma do estetoscópio não tão 
cranial quanto no ponto anterior; 
 Válvula bicúspide (mitral): do lado esquerdo, pouco abaixo da linha 
horizontal da articulação do ombro, posicionar o diafragma mais 
caudalmente (quinto espaço intercostal); 
 Válvula tricúspide: do lado direito, na altura média entre o cotovelo e a 
articulação do ombro, posicionar o diafragma o mais cranialmente 
possível. 
À auscultação a função cardíaca, devem-se observar: frequência, intensidade, 
ritmo, delimitação entre os ruídos e a presença de sons adventícios. 
A frequência cardíaca geralmente corresponde ao pulso embora possa ser mais 
rápida do que este na insuficiência cardíaca grave e em alterações do ritmo ("pulso 
deficiente"). Frequência cardíaca acima de 90bpm no bovino adulto m repouso, acima 
de 100bpm em bovinos jovens e acima de 120bpm no bezerro é sinal de disfunção 
cardíaca (taquicardia). 
 
 
Tabela 1: Padrões de pulso fisiológicos em bovinos. 
Variação Batimentos por minuto 
Bezerros lactantes 90 - 110 
Bovino jovem 70 - 90 
Vacas secas e puerpérias 65 - 80 
Vacas em gestação avançada 70 - 90 
Touros e boi grandes 60 - 70 
 
 
Quando ocorrem casos de taquicardia com exame normal do aparelho 
circulatório, é provável que a causa esteja em outro órgão. No caso de animais medrosos 
que ficam inquietos com o exame é recomendável que se espere o tempo necessário 
para que a frequência cardíaca volte ao normal em estado de repouso. Redução da FC 
para menos de 60bpm (bradicardia) também é considerada patológica, podendo ser 
ocasionada por vagotonia, distúrbios de condução do coração ou distúrbios metabólicos 
(cetose, uremia e colemia → aumento dos sais biliares no sangue). A bradicardia vagal é 
muitas vezes um sinal acompanhado de alteração no transporte de alimentos pelos pré-
estômagos e abomaso (síndrome de Hoflund). No diagnóstico diferencial, Dirksen e 
Rantze (1968) indicam a injeção subcutânea de 30mg de sulfato de atropina por 500kg 
de peso vivo; com isso, a FC de animais que tem lesões no vago aumenta no mínimo 
16% em 15 minutos, enquanto em animais com bradicardia com outra origem a FC 
permanece inalterada, ou aumenta muito pouco. 
Normalmente, a intensidade dos ruídos é forte e uniforme, isto é, à auscultação, 
os ruídos são nítidos e tem a mesma força.Um aumento maior ou menor da força do 
primeiro ruído (palpitação, batimentos mais fortes) é observado no aumento do trabalho 
cardíaco por motivos fisiológicos ou patológicos (esforço físico, excitação psíquica, 
anemia ou insuficiência cardíaca). Um aumento da força do segundo ruído que soa mais 
curto e mais alto é devido a algum aumento da resistência do fluxo na pequena ou na 
grande circulação (enfisema pulmonar, broncopneumonia generalizada: aumento do 
som da válvula pulmonar; estenose aórtica: aumento do som da válvula aórtica). As 
alterações que reduzem ambos os ruídos cardíacos, de modo que mal possam ser 
auscultados ou sejam inaudíveis de um ou de ambos os lados, são as mesmas que 
diminuem a intensidade do choque do coração na parede torácica ou aumentam a área 
de macicez cardíaca. 
À auscultação, quando se torna impossível se delimitar os ruídos cardíacos com 
clareza, ou seja, eles se tornam confusos e ininterruptos, pode-se desconfiar do início de 
uma endocardite valvular; quando, além disso, há taquicardia, pode ser indício de maior 
deterioração da função cardíaca. 
 
Tabela 2: Características de diferenciação entre ruídos adventícios pericárdicos e endocárdicos 
Características 
auscultatórias 
Origem do ruído adventício 
 Endocárdio (sopro) Pericárdio 
Audibilidade do ruído 
cardíaco 
Geralmente claro e próximo 
(palpitante) 
De longe e indistinto (baixo e 
embrulhado) 
Característica do 
ruído adventício 
Sopro, rugido, chiado, 
murmúrio, crepitação, sibilo ou 
ronronar 
Roce, fricção, arranhadura, 
esfregadela, chapinhar, gargarejo ou 
estalo. 
Associação do ruído 
a um ponto de 
auscultação máxima 
 
 
+ 
 
 
 
Associação do ruído a 
uma determinada do 
ciclo adventício 
 
 
+ 
 
 
 
Audibilidade do ruído De longe De perto 
 
Causa do ruído 
adventício 
Geralmente de origem 
funcional, endocardite 
trombótica (procurar metástase 
em outros órgãos), defeitos 
congênitos do coração/vasos. 
 
 
Geralmente pericardite traumática 
 
Tipos de ruídos: 
 Ruídos adventícios endocárdicos (sopros): surgem no interior do 
coração, geralmente em consequência de um defeito valvular. A 
insuficiência ou estenose da válvula atrioventricular ou das semilunares 
provoca turbulência intracardíaca do fluxo sanguíneo. As alterações que 
as originam costumam ser de natureza inflamatória ou trombótica 
(endocardite valvular), resultante de metástase de um foco infeccioso 
(infecção podal, abscesso hepático, metrite, mastite), e, raramente, uma 
perfuração do endocárdio por corpo estranho. Outro exemplo de ruído 
adventício funcional encontrado em alguns bovinos sadios ou em caso de 
taquicardia, à auscultação sobre a artéria pulmonar, é o leve borbulhar ou 
murmúrio sistólico. Possuem som de "F" (sopro protossistólico "buhf-
dup", sopro sistólico "buh-f-dup", sopro pré-diastólico "buh-fdup", sopro 
diastólico "buh-dupf" e sopro pré-sistólico "fbuh-dup". 
o Ruídos adventícios orgânicos: sopros causados por anomalias 
genéticas (persistência do forame intraventricular); 
o Sopros funcionais ou inocentes: sopros endocardiais sem origem 
orgânica; 
o Sopros anêmicos: após perda de sangue por hemólise ou 
hemorragia e na inanição grave; 
↓ 
Nos pacientes com FC alta, há certa dificuldade em identificar se o ruído 
endocárdico ocorre durante o primeiro e segundo ruídos, sendo recomendável a 
utilização a eletrocardiografia e a fonocardiografia. Os ruídos adventícios endocárdicos 
podemvarias conforme tabela 2. Eles parecem vir "de longe" (do interior do coração) e 
são mais bem descritos como sopros, murmúrios, frêmitos, bramidos, zumbidos, sibilos, 
chiados e ronronares. Ao contrário dos ruídos pericárdicos, não são só regulares mas 
também são uniformes em tom, intensidade e localização. Para localizar o defeito 
valvular, ausculta-se cada válvula individualmente, comparando os focos de maior 
intensidade. A ausência de sopros endocárdicos não é uma prova segura de que o animal 
não tenha lesões valvulares já que apenas 70% dos casos são audíveis. 
 Ruídos adventícios pericárdicos ou exocárdicos: tem origem externamas 
estão intimamente ligados ao coração, sendo correlacionados com a 
função cardíaca e não ao ciclo cardíaco. Ressoam de perto e os ruídos 
cardíacos são mais ou menos abafados por sons de roce, fricção, esfregar, 
raspagem, arranhadura, coçar, chapinhar, gargarejar, borbulhar, variando 
em timbre, força, duração e ponto máximo de duração. Para sua 
auscultação, é necessário uma auscultação prolongada e repetida em 
vários pontos. A origem mais comum desse ruído e á pericardite 
traumática, na qual não há só o acúmulo de líquido como também de 
fibrina (ruído de roce) e às vezes gases originados da putrefação 
(chapinhar), semelhante ao encontrado em pericardite tuberculosa e 
leucose do pericárdio. Pacientes com hérnia diafragmática podem 
apresentar esse tipo de ruído devido ao batimento do coração contra a 
parede do retículo prolapsado para a cavidade torácica. 
 Ruídos adventícios endocárdicos e pericárdicos: tornam-se mais claros 
após esforço físico (movimentação rápida do animal ou interrupção breve 
da respiração). 
 Ruídos adventícios provenientes do pulmão mas originados pela 
atividade cardíaca: é comum em bovinos saudáveis, sendo, na maioria 
das vezes, um ruído cardiorrespiratório protossistólico, ocasionado pela 
contração do músculo cardíaco (entrada de ar em áreas pulmonares 
próximas ao coração). Em pacientes com alterações broncopneumônicas, 
às vezes se detecta um ruído cardiopneumônico análogo, traduzido pela 
auscultação de um sibilo sincrônico com o batimento cardíaco, em 
especial a sístole. 
 
 
Exames complementares: 
 Punção do pericárdio: em bovinos saudáveis, geralmente não se 
obtém líquido à pução. Após a tricotomia, anti-sepsia e anestesia 
local, introduz-se uma agulha no espaço intercostal na borda 
causal da área onde a macicez cardíaca foi detectada e realizada a 
punção ao puxar o êmbolo de uma agulha para extrair o líquido 
que é enviado para a análise (física, presença de substâncias 
sólidos, a prova de Rivalta e os níveis de proteína → albumina e 
globulina, bem como a contagem total de células; 
 Fonocardiograma: registro gráfico dos ruídos cardíacos, bem 
como ruídos endocárdicos e pericárdicos, com a ajuda de um 
microfone, um amplificador e uma impressora semelhante a 
utilizada para eletrocardiograma. Apresenta certas vantagens no 
diagnóstico de anomalias congênitas, lesões valvulares 
adquiridas, alterações no ritmo cardíaco e problemas no 
miocárdio. 
 Eletrocardiograma: representação gráfica da corrente elétrica do 
coração. Doenças que podem apresentar alterações 
eletrocardiográficas, mas que não demonstram distúrbios 
específicos das funções do miocárdio (alterações de ritmo, 
modificação na forma, no volume e na integridade do tecido do 
músculo cardíaco) são: paresia puerperal hipocalcêmica, tetania 
hipomagnesêmica, calcinose, miodistrofia enzoótica dos bezerros, 
lesão do nervo vago, pericardite e miocardite traumáticas, 
cardiomiopatia e lesões do músculo cardíaco causadas por 
leucose, tuberculose, febre aftosa ou parasitas; 
 Ecocardiografia: traz certas vantagens para o diagnóstico de 
algumas doenças; 
 Radiografia: em bovinos é muito difícil devido a massa corporal 
bastante volumosa, sendo possível apenas em animais em 
decúbito dorsal, onde o coração, áreas mediastínicas pré e pós-
cranial pode ser examinadas. A principal indicação para o Raio X 
é nos casos de pericardite traumática. 
 
Artérias 
O exame dos "batimentos" das artérias consiste na palpação do pulso que, em 
geral, é feita na artéria facial com ambas as mãos de forma simultânea. Deve-se 
observar além da frequência , ritmo e qualidade do pulso. 
O ritmo do pulso geralmente é regular e os intervalos entre as ondas do pulso do 
animal em estação e em repouso não se alteram. O pulso irregular é influenciado pela 
respiração quando há dispnéia e quando a frequência do pulso aumenta durante a 
inspiração e diminui durante a expiração. 
Quando se fala em qualidade do pulso devem-se considerar amplitude, tensão e 
duração da onda do pulso, assim como grau de repleção da artéria. Tais características 
dependem do rendimento cardíaco (força de contração, volume por batimento e 
funcionalidade das válvulas) e da pressão sanguínea (volume sanguíneo disponível e 
diâmetro e tensão do vaso), sendo as anormalidades encontradas um reflexo dessas 
funções. Para analisar a qualidade do pulso, primeiramente pega-se o vaso entre os 
dedos de maneira que ele faça um movimento de rolagem para frente e para trás e 
depois pressiona-se o vaso com o dedo anular até que a força da onde desapareça. A 
desigualdade do pulso é considerada patologia circulatória, sendo um dos sinais de 
insuficiência cardíaca grave. 
A amplitude do pulso compreende o aumento da circunferência da artéria 
durante a pulsação, dessa maneira pode-se diferenciar o pulso grande e o pulso pequeno 
de amplitude normal. 
A tensão do pulso é avaliada pela força necessária para se pressionar o vaso. 
Pode servir como medida da funcionalidade cardíaca (pulso forte ou fraco) e do tônus 
do vaso (pulso duro ou mole). 
A duração da onde do pulso é caracterizada como pulso tardio, saltitante ou 
normal. 
A avaliação conjunta da amplitude e da onda do pulso indicam repleção do vaso: 
cheio, vazio ou normal. Dessa forma, o pulso com mau prognóstico é caracterizado por 
pequeno, curto e duro, assim como pequeno, tardio e mole. 
 
 
Capilares 
O exame dos menores vasos visíveis é realizado pela inspeção dos vasos 
episclerais. Para a sua visualização, deve-se girar a cabeça do animal e com isso a 
esclera passa a ser visualizada. Os vasos são analisados quanto a sua repleção, à 
coloração e à delimitação, assim como uma eventual pulsação. No bovino, essas 
arteríolas normalmente são moderadamente cheias e bem delimitadas. Isto é, destacadas 
do fundo. Um preenchimento exacerbado das arteríolas, no qual os vasos se tornam 
"congestos" é característico de inflamação do olho, sendo bem evidenciada na febre 
catarral maligna. O preenchimento exacerbado das vênulas pode indicar diminuição do 
retorno venoso ao coração (estase venosa) enquanto arteríolas com pouco sangue e 
contorno indefinido são sinais de anemia grave. Quando os vasos episclerais aparecem 
"desbotados", sem contorno definido, de cor vermelho-ferrugem, indicam aumento da 
permeabilidade capilar em consequência de intoxicação (capilares tóxicos) ; na diátese 
hemorrágica, podem-se identificar hemorragias na mucosa e em aberturas naturais 
(petéquias). 
O tempo de perfusão capilar é medido pelo tempo no qual a mucosa e a pele 
(tetas, lábios, etc.) não pigmentadas levam para readquirirem a cor rosada e sua perfusão 
sanguínea normais, após palidez temporária provocada por pressão local e temporária 
com o dedo, sendo encontrado aumentado em casos de distúrbio de coagulação 
periférica (choque, colapso). 
A permeabilidade capilar pode ser avaliada ao se colocar um garrote na base da 
orelha ou na extremidade de um membro. Em animais com tempo de sangramento 
aumentado, após pouco tempo , se produz um "suor sanguíneo" na pele, na parte 
garroteada. Nesses casos, deve-se avaliar também a coagulação do sangue. 
 
 
Veias 
Para examinar as grandes veias (p.e. jugular e mamária), deve-seinspecioná-
las e palpá-las com o animal em estação e em local plano, verificando-se o grau de 
plenitude das veias e eventuais ondulações dentro do vaso, assim como a consistência 
de sua parede através da palpação. 
 
Grau de plenitude: no ventre de vacas leiteiras pode-se identificar a veia 
mamária, que tem a espessura de um dedo e é levemente sinuosa. Estando abaixo da 
linha do coração, em geral, está bem cheia devido à pressão hidrostática, e pelo mesmo 
motivo, quando é comprimida, a porção do lado do coração não se esvazia. A veia 
jugular, que está acima da linha do coração, é pouco visualizada e palpável em animais 
saudáveis, mas quando pressionada, torna-se mais cheia acima do ponto de pressão 
devido ao acúmulo de sangue ao passo que a porção abaixo do ponto de pressão se 
esvazia no próximo batimento cardíaco (prova de estase venosa negativa). 
A estase pode ser causada estreitamento na entrada do peito, causado por 
processos flegmonosos ou tumorais de maneira que a jugular fique constantemente 
comprimida, e raramente ocorre por estenose da tricúspide a qual impede o fluxo de 
sangue venoso no ventrículo direito, insuficiência cardíaca idiopática (cardiomiopatia), 
hidrotórax ou piotórax, bem como geralmente é causado por impedimento do trabalho 
cardíaco em consequência de alterações no pericárdio devido a tuberculose, leucose ou 
corpo estranho, de modo que, durante a diástole, o coração não se expande 
suficientemente. Prova de estase venosa positiva é quando o segmento abaixo da 
compressão não se esvazia. 
No caso de pacientes desidratados, pode-se avaliar a porcentagem de líquido 
extracelular pela compressibilidade da jugular juntamente com a presença de enoftalmia 
e do valor do hematócrito. 
 
Mecanismos de ondulação: as oscilações da pressão intratorácica de origem 
respiratória aumentam e diminuem o ritmo do perímetro da veia jugular imediatamente 
anterior à entrada do peito durante a inspiração e expiração. Esta ondulação é 
característica em pacientes com dispnéia e indica patologia do aparelho respiratório. À 
palpação, pode-se observar pulsação mais ou menos acentuada das veias jugulares e 
mamária durante a prova de estase venosa em pacientes estenose tricúspide, hipertonia 
ventricular direita ou pulmonar associada a doença pulmonar grave e insuficiência 
cardíaca esquerda (diminuição da ação de sucção da diástole ventricular). 
 
Consistência da parede: as grandes veias são examinadas através da palpação 
rolante de seu eixo transversal em trajetos acessíveis, observando-se eventuais aumentos 
de espessura em sua parede, que normalmente quase não são palpáveis. Deve-se 
observar também a mobilidade da parede do vaso em relação aos tecidos vizinhos. O 
endurecimento de origem inflamatória restrito à parede do vaso denomina-se flebite, 
quando se estende ao lúmen e o bloqueia parcial ou totalmente denomina-se 
tromboflebite; se os tecidos vizinhos também estiverem envolvidos denomina-se para 
ou peri(trombo)-flebite. Sendo essas lesões causadas por intravenosas mal aplicadas de 
medicamentos irritantes.

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