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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP TECNOLOGIA EM GESTÃO PÚBLICA Riberto de Sousa Junior PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR IV (PIM IV) Analise de gestão da Secretaria Municipal de Saúde de Araguari. Araguari – Mina Gerais. 2019. 1 RESUMO O presente trabalho desenvolvido na forma de projeto integrado multidisciplinar (PIM IV) através de entrevistas e coleta de dados “in loco” na Secretaria Municipal de Saúde de Araguari, e tem por objetivo apresentar de forma baseada em fundamentação teórica o conhecimento adquirido no curso superior de Gestão Pública, onde abordando a disciplina Teoria do Estado, falaremos sobre a composição atual do setor público no Brasil e como dentro deste contexto se enquadra tal secretaria, e logo em seguida, trataremos dos assuntos abordados na disciplina Gestão Pública e Políticas Públicas no Brasil, tema central deste trabalho, em que faremos uma análise das características da administração pública, seus princípios a serem seguidos, modelos de administração pública, alternativas de gestão, as principais diferenças entre gestão pública e privada e como a organização pesquisada se enquadra nestes aspectos em relação às maneiras em que se dão a contratação de pessoal, as parcerias público-privadas e os contratos firmados entre a Secretária Municipal de Saúde e fornecedores privados, e finalizando o artigo, com base na disciplina Dinâmica Das Relações Interpessoais, foi feito um levantamento de como o funcionário interage ou é levado a interagir com o órgão público; como é exercida a liderança dentro da organização e como ela é incentivada, além de observações quanto a soluções de conflitos quando ocorrem, almejando sempre que se insira o indivíduo na coletividade. Na pesquisa foi aplicado à secretaria analisada neste artigo, o teor das disciplinas estudadas neste semestre e como tais conhecimentos podem e devem ser aplicados de forma prática na gestão, e ao final deste artigo, sugerindo uma melhor maneira de corrigir falhas levantadas na pesquisa aplicando os conhecimentos adquiridos no curso. Palavras-chaves: Pesquisa, Teoria, Prática, Funcionamento, Soluções. 2 ABSTRACT The present work developed as a multidisciplinary integrated project (PIM IV) through interviews and data collection “in loco” at the Municipal Health Secretariat of Araguari, and aims to present in a theoretical basis the knowledge acquired in higher education. Management, where addressing the discipline Theory of the State, we will talk about the current composition of the public sector in Brazil and how within this context fits such secretariat, and then we will address the issues addressed in the discipline Public Management and Public Policy in Brazil. , the central theme of this paper, in which we will analyze the characteristics of public administration, its principles to be followed, public administration models, management alternatives, the main differences between public and private management and how the researched organization fits into these aspects. regarding the ways in which hiring and personal, public-private partnerships and contracts signed between the Municipal Health Secretary and private providers, and concluding the article, based on the discipline Dynamic Interpersonal Relations, was made a survey of how the employee interacts or is led to interact with the public agency; how leadership is exercised within the organization and how it is encouraged, as well as observations about conflict resolution when they occur, aiming for the individual to be inserted into the community. In the research was applied to the secretariat analyzed in this article, the content of the subjects studied this semester and how such knowledge can and should be applied in a practical way in management, and at the end of this article, suggesting a better way to correct a flaw raised, applying the knowledge acquired in the course. Keywords: Research, Theory, Practice, Functioning, Solutions. 3 Sumário RESUMO ................................................................................................. 1 ABSTRACT .............................................................................................. 2 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 5 2 TEORIAS DE ORIGEM E FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO .............. 6 2.1 Teorias que procuram explicar a origem do Estado: ......................... 6 2.1.1 Teoria Patriarcal:............................................................................. 6 2.1.2 Teoria Matriarcal ............................................................................. 6 2.1.3 Teoria da Origem Patrimonial ......................................................... 6 2.1.4 Teoria da Força............................................................................... 7 2.2 O ESTADO MODERNO ..................................................................... 7 2.3 O ESTADO BRASILEIRO .................................................................. 8 2.4 COMPOSIÇÃO ATUAL DO SETOR PÚBLICO NO ESTADO BRASILEIRO ...................................................................................................... 8 2.5 O LUGAR DA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DENTRO DO ATUAL ESTADO BRASILEIRO. ....................................................................... 10 3 GESTÃO PÚBLICA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL ............... 10 3.1 CARACTERÍSTICAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .................. 11 3.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ......................................................................................................................... 11 3.2.1 Princípio da Legalidade: ............................................................... 12 3.2.2 Princípio da Impessoalidade ......................................................... 12 3.2.3 Princípio da Moralidade ................................................................ 13 3.2.4 Princípio da Publicidade ............................................................... 13 3.2.5 Princípio da Eficiência ................................................................... 13 3.2.6 Princípio do Interesse Público ...................................................... 13 3.2.7 Princípio da Finalidade ................................................................. 14 4 3.2.8 Princípio da Igualdade .................................................................. 14 3.2.9 Princípio da Lealdade e boa-fé ..................................................... 14 3.2.10 Princípio da Motivação ................................................................ 14 3.3 MODELOS TEÓRICOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .............. 14 3.4 ALTERNATIVAS DE GESTÃO ........................................................ 16 3.4.1 Gestão de projetos........................................................................ 16 3.4.2 Gestão de processos .................................................................... 17 3.4.3 Gestão de contratos ...................................................................... 17 3.5 DIFERENÇA ENTRE GESTÃO PÚBLICA E ADMINISTRAÇÃO PRIVADA.......................................................................................................... 18 3.6 A SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE ARAGUARI E SEU PAPEL NA GESTÃO E POLITICAS PÚBLICAS NO BRASIL .......................... 19 4 Dinâmica das Relações Interpessoais ................................................ 22 4.1 que é Comunicação ......................................................................... 23 4.2 RELAÇÕES INTERPESSOAIS NA SECRETÁRIA MUNICIPAL DE SAÚDE .............................................................................................................24 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES DE MELHORIAS ......... 25 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 26 5 1 INTRODUÇÃO O presente projeto integrado multidisciplinar (PIM IV) vem apresentar uma pesquisa realizada na Secretaria Municipal de Saúde do município de Araguari, estado de Minas Gerais. O órgão público é dirigido pelo Secretário e Subsecretário municipais de Saúde, subordinados diretamente ao prefeito municipal e responsáveis pela gestão de recursos financeiros, pessoal, bens e serviços relativos aos usuários da rede do Sistema Único de Saúde (SUS), em todo território municipal. Seu quadro funcional é de 978 colaboradores diretos divididos entre servidores concursados efetivos, servidores temporários admitidos via processo seletivo público por tempo determinado (em geral, dois anos) e servidores comissionados, que são designados diretamente pelo poder executivo nos chamados “cargos de confiança”, sendo que a linha hierárquica da administração, é composta pelo secretário municipal, também chamado gestor da pasta, seguido pelo subsecretário e logo abaixo pelos coordenadores de áreas, diretores de departamentos e chefes de divisão, além dos demais servidores subordinados a estes. É importante notar, que no modelo atual, o subsecretário é quem fica à cargo do, “dia a dia” da secretaria, por assim dizer, sendo responsável pelo RH, suprimentos, resolução de conflitos internos e acompanhamentos dos processos e projetos em andamento, enquanto que o secretário, fica principalmente a cargo dos contratos, convênios, gestão de conflitos externos, busca de recursos e defesa dos interesses da pasta junto aos governos estadual e federal. Toda a pesquisa foi realizada utilizando-se de recursos como entrevistas, pesquisas de campo, além de bibliografia pertinente ao assunto, sempre com o intuito de entrelaçar o conhecimento teórico adquirido ao longo do curso e aplicá- lo de forma prática no funcionamento da empresa, tentando assim harmonizar e otimizar o seu funcionamento 6 2 TEORIAS DE ORIGEM E FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO Há um grande número de teorias que visam demonstrar a origem e os fundamentos que justificam a existência do Estado.Como indica Maluf (2013, p. 83): “O problema é dos mais difíceis, porquanto a ciência não dispõe de elementos seguros para reconstituir a história e os meios de vida das primeiras associações humanas. Basta ter em vista que o homem apareceu na face da terra há cem mil anos, pelo menos, enquanto os mais antigos elementos históricos de que dispomos remontam apenas a seis mil anos.” 2.1 Teorias que procuram explicar a origem do Estado: 2.1.1 Teoria Patriarcal: Nela, o Estado é visto como a evolução de um núcleo familiar cuja maior autoridade é do varão mais velho (patriarca). O Estado seria, assim, uma ampliação da família patriarcal. Segundo a tradição, Grécia e Roma tiveram essa origem, bem como o Estado de Israel que originou-se da família de Jacob, conforme o relato bíblico (MALUF, 2013, p. 84). Os defensores dessa teoria argumentam que essas famílias já apresentavam os mesmos elementos básicos identificados posteriormente no Estado, basicamente na monarquia absolutista. 2.1.2 Teoria Matriarcal: Admite que a primeira organização familiar foi baseada na autoridade da mãe, pois como naqueles tempos não havia a certeza da paternidade, cabia à mãe exercer a autoridade familiar, e essas famílias teriam evoluído para a constituição da sociedade civil. Maluf (2013, p. 85) considera que, com o tempo, a autoridade passou a ser exercida com base no sistema paternalista. 2.1.3 Teoria da Origem Patrimonial: Originou-se das ideias de Platão (em A República), que indica que o Estado surgiu da união de profissões econômicas, e Maluf (2013, p. 85) informa que também Cícero entendia que o 7 Estado é uma organização que visa à proteção da propriedade e a regulamentação das relações patrimoniais. “Decorre desta teoria a afirmação de que o direito de propriedade é anterior ao Estado”. O Estado Feudal, durante a Idade Média, adequava-se bem às concepções desta teoria, por ter sido, fundamentalmente, uma organização patrimonial, e o socialismo também valeu-se bastante desta teoria, à medida que via o fator econômico como o principal determinante das questões e lutas entre os integrantes da sociedade. 2.1.4 Teoria da Força: Essa teoria pressupõe que o Estado foi originado a partir da capacidade de dominação dos mais fortes sobre os mais fracos e que as lutas primitivas resultavam em organizações que objetivavam manter a predominância dos vencedores e a submissão dos vencidos. Hobbes foi o principal sistematizador dessa teoria, com sua filosofia de que o homem é o maior inimigo de outro homem, e denominava como Estado Real aquele que surgia desse confronto, e entendia como Estado Racional, o que advinha da razão, constituído segundo a forma contratualista. Citando Queiroz Lima, Maluf (2013, p. 87) expõe que para controlar a tirania dos indivíduos recorreu-se, de início, à criação de um poder coercitivo, religioso, patriarcal ou guerreiro. 2.2 O ESTADO MODERNO O que diferencia o Estado moderno, em suas origens, das outras formas históricas de sociedade política é a centralização do poder político. Essa organização começa a ser observada na Europa a partir do século XIII, quando há a ruptura das estruturas medievais e a concentração do poder dos reis, substituindo os da Igreja e da nobreza. Lembra Ranieiri (2013, p. 35): “A escalada culmina com a Paz de Westfália, resultado de tratados de paz celebrados no ano de 1648 entre Estados europeus católicos e protestantes, envolvidos na Guerra dos Trinta Anos, assinalando, simultaneamente, o fim da supremacia papal”. 8 O Estado moderno, ente outros aspectos, é identificado: • pela existência de uma base territorial; • pelo reconhecimento recíproco da soberania do poder político secular; • pelo fato de o poder secular contrapor-se ao religioso, que predominava antes dos acordos de Westfália. 2.3 O ESTADO BRASILEIRO O Estado Brasileiro, é uma organização política administrativa que tem ação soberana, ocupa um território, é dirigido por um governo próprio e se institui pessoa jurídica de direito público internacionalmente reconhecida. Nessa linha de pesquisa, território é o limite dentro do qual o Estado exerce o seu domínio soberano sobre pessoas e bens e compreende a extensão circunscrita pelas fronteiras, as águas territoriais, o ar e o subsolo correspondentes. O Governo Soberano é o componente que conduz o Estado, que detém e exerce o poder absoluto emanado do povo. O povo é o componente humano submetido juridicamente ao estado. 2.4 COMPOSIÇÃO ATUAL DO SETOR PÚBLICO NO ESTADO BRASILEIRO O presidencialismo é o sistema de governo do nosso país. O presidente (no caso dos estados, ele é substituído pelo governador e, quando se tratar de município, pelo prefeito) é escolhido, de forma direta pela sociedade, em eleições realizadas a cada período de quatro anos e é, ao mesmo tempo, o chefe de estado e o chefe de governo. Cabe ao governo a administração do Estado, e além do Poder Executivo, há o Legislativo e o Judiciário, independentes entre si. O regime de governo no Brasil é a democracia, e o poder decisório está concentrado no povo, direta ou indiretamente, a partir de seus representantes eleitos, e a União é a pessoa jurídica de direito público interno, à qual cabe exercer as prerrogativas da soberania do Estado brasileiro e representar o Brasil 9 em suas relações internacionais. Os territórios federais, também chamados estados nacionais, integram a União. Os estados caracterizam-se pela sua capacidade de auto-organização e autolegislação(são regidos pelas suas específicas Constituições e leis complementares), de autogoverno (com competência para organizar os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário) e de autoadministração, desde que suas leis estejam em acordo e subordinadas a legislação federal. Além dos vários componentes do Poder Executivo, cumpre ressaltar a atuação do Legislativo: o Poder Legislativo é responsável pela formulação e aprovação das leis de cada nível executivo, sendo o Congresso Nacional constituído pela Câmara dos Deputados, com 513 representantes do povo, conforme o número de eleitores de cada estado (mínimo de 8, máximo de 70, com mandatos de 4 anos) e o Senado, com 81 representantes dos estados e do Distrito Federal (3 por unidade, com mandatos de 8 anos). Nos estados, o Legislativo é exercido pelos integrantes da Assembleia Legislativa e, nos municípios, pelas respectivas Câmaras de Vereadores. Com relação ao Poder Judiciário, o seu órgão máximo é o STF (Supremo Tribunal Federal), formado por 11 juízes, escolhidos pelo Presidente da República, com aprovação do Senado). O CNJ (Conselho Nacional de Justiça), por sua vez, é encarregado do controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres constitucionais dos juízes. Costin (2010, p. 19), indica a relação das entidades do Poder Judiciário, sendo o STF (Supremo Tribunal Federal), como já dissemos, o órgão máximo na hierarquia: • Conselho Nacional de Justiça; • Superior Tribunal de Justiça; • Tribunais Federais e juízes federais; • Tribunais Eleitorais e juízes eleitorais; • Tribunais do Trabalho e juízes do trabalho; • Tribunais Militares e juízes militares; • Tributos Estaduais e juízes estaduais e do Distrito Federal e territórios. 10 Considerado como uma função essencial ao estabelecimento da justiça e a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais, menciona-se, também, o Ministério Público (Federal, do Trabalho, Militar, do Distrito Federal e Territórios e dos Estados). 2.5 O LUGAR DA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DENTRO DO ATUAL ESTADO BRASILEIRO. O órgão público em estudo, é parte do poder executivo municipal da cidade de Araguari, estado de Minas Gerais, e aproximadamente, 120.000 habitantes. Responde assim diretamente ao prefeito, chefe do executivo local e opera com recursos tanto do município, quanto do estado e união. O gestor da secretária, é o Secretário Municipal de Saúde, cargo designado politicamente em regime de comissionamento, ou o também chamado, cargo de confiança de primeiro escalão. 3 GESTÃO PÚBLICA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL Gestão Pública é o Estado em ação, mobilizando diversos recursos a favor da coletividade. A Constituição Federal de 1988 estabeleceu diversos princípios que devem nortear a Administração Pública. O artigo 37 estabelece que a Administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Como indica Paludo (2012, p. 20): “A administração pública em sentido amplo compreende o governo (que toma as decisões políticas), a estrutura administrativa, e a administração (que executa essas decisões). Em sentido estrito, compreende apenas as funções administrativas de execução dos programas de governo e demais atividades”. 11 3.1 CARACTERÍSTICAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Meirelles (apud PALUDO, 2012, p. 21) classifica as unidades públicas organizadas segundo o regime federativo, conforme ocorre no Brasil, como: • Independentes: são estabelecidas pela CF/1988 e não estão sujeitas às hierarquias superiores, como são os casos da Presidência da República, do Congresso Nacional, do Senado, da Câmara dos Deputados (ou de Vereadores, em se tratando de municípios) e dos tribunais ligados ao Poder Judiciário. • Autônomas: estão situadas no topo da estrutura administrativa, imediatamente subordinadas às independentes, podendo, nessa classificação, ser mencionados os Ministérios do Governo Central, a Controladoria Geral e a Advocacia Geral da União. • Superiores: unidades que exercem funções de comando, direção e controle, subordinadas à autoridade superior na hierarquia dos poderes. São exemplos os gabinetes, as diretorias, secretarias e coordenadorias. • Subalternas: não detêm poder, atuando, basicamente, na execução das atividades a seu cargo, sob sua responsabilidade, como ocorre, por exemplo, com as portarias e as seções de atendimento ao público. Assim posto, a Secretária Municipal de Saúde, se enquadra como uma instância superior no comando das diretrizes e serviços de saúde públicos, e a ela estão subordinadas outras inúmeras unidades subalternas, como por exemplo o departamento de Inspeção e Vigilância Sanitária, departamento de Combate e Controle a Zoonoses, a Policlínica Municipal, entre outros. 3.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Para compreender os Princípios da Administração Pública é necessário entender a definição básica de princípios, que servem de base para nortear e embasar todo o ordenamento jurídico e é tão bem exposto por Reale (1986, p. 60), ao afirmar que: 12 “Princípios são, pois verdades ou juízos fundamentais, que servem de alicerce ou de garantia de certeza a um conjunto de juízos, ordenados em um sistema de conceitos relativos à dada porção da realidade. Às vezes também se denominam princípios certas proposições, que apesar de não serem evidentes ou resultantes de evidências, são assumidas como fundantes da validez de um sistema particular de conhecimentos, como seus pressupostos necessários.” Em relação aos princípios constitucionais, Meirelles (2000, p.81) afirma que: “Os princípios básicos da administração pública estão consubstancialmente em dez regras de observância permanente e obrigatória para o bom administrador: legalidade, moralidade, impessoalidade ou finalidade, publicidade, eficiência, razoabilidade, proporcionalidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, motivação e supremacia do interesse público. Os cinco primeiros estão expressamente previstos no art. 37, caput, da CF de 1988; e os demais, embora não mencionados, decorrem do nosso regime político, tanto que, ao daqueles, foram textualmente enumerados pelo art. 2º da Lei federal 9.784, de 29/01/1999.” Assim, segue breve descrição de cada princípio: 3.2.1 Princípio da Legalidade: A Legalidade está no alicerce do Estado de Direito, no princípio da autonomia da vontade. É um dos mais importantes para a Administração Pública. Baseia-se no Art. 5º da CF, que diz que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei", pressuposto de que tudo o que não é proibido, é permitido por lei. Mas o administrador público deve fazer as coisas sob a regência da lei imposta. Portanto, só pode fazer o que a lei lhe autoriza. Ele não pode se distanciar dessa realidade, caso contrário será julgado de acordo com seus atos. 3.2.2 Princípio da Impessoalidade: A imagem de administrador público não deve ser identificada quando a Administração Pública estiver atuando. Outro fator é que o administrador não pode fazer sua própria promoção, tendo em vista 13 seu cargo, pois esse atua em nome do interesse público. E mais, ao representante público é proibido o privilégio de pessoas específicas. Todos devem ser tratados de forma igual. 3.2.3 Princípio da Moralidade: Esse princípio tem a junção de Legalidade com Finalidade, resultando em Moralidade. Ou seja, o administrador deve trabalhar com bases éticas na administração, lembrando que não pode ser limitada na distinção de bem ou mal. Não se deve visar apenas esses dois aspectos, adicionandoa ideia de que o fim é sempre será o bem comum. A legalidade e finalidade devem andar juntas na conduta de qualquer servidor público, para o alcance da moralidade. 3.2.4 Princípio da Publicidade: Na Publicidade, o gerenciamento deve ser feito de forma legal, não oculta. A publicação dos assuntos é importante para a fiscalização, o que contribui para ambos os lados, tanto para o administrador quanto para o público. Porém, a publicidade não pode ser usada de forma errada, para a propaganda pessoal, e, sim, para haver um verdadeiro controle social. 3.2.5 Princípio da Eficiência: O administrador tem o dever de fazer uma boa gestão. É o que esse princípio afirma. O representante deve trazer as melhores saídas, sob a legalidade da lei, bem como mais efetiva. Com esse princípio, o administrador obtém a resposta do interesse público e o Estado possui maior eficácia na elaboração de suas ações. Esse princípio anteriormente não estava previsto na Constituição e foi inserido após a Emenda Constitucional nº 19/98, relativo a Reforma Administrativa do Estado. 3.2.6 Princípio do Interesse Público: O princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado é intimamente unido em toda e qualquer sociedade organizada. Segundo a própria CF, “todo o poder emana do povo”, por isso, o interesse público irá trazer o benefício e bem-estar à população. 14 3.2.7 Princípio da Finalidade:É dever do administrador público buscar os resultados mais práticos e eficazes. Esses resultados devem estar ligados as necessidades e aspirações do interesse do público. 3.2.8 Princípio da Igualdade: O art. 5º da CF, prevê que todos temos direitos iguais sem qualquer distinção. Para o administrador não é diferente. Ele não pode distinguir as situações. Sendo obrigado, por lei, a agir de maneira igual em situações iguais e desigual em situações desiguais. 3.2.9 Princípio da Lealdade e boa-fé: O princípio da legalidade e boa-fé, resume-se que o administrador não deve agir com malícia ou de forma astuciosa para confundir ou atrapalhar o cidadão no exercício de seus direitos. Sempre deve agir de acordo com a lei e com bom senso. 3.2.10 Princípio da Motivação: Para todas as ações dos servidores públicos, deve existir uma explicação, um fundamento de base e direito. O princípio da motivação é o que vai fundamentar todas as decisões que serão tomadas pelo agente público. 3.3 MODELOS TEÓRICOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Historicamente, em síntese, é possível listar três diferentes modelos de Administração Pública: a administração patrimonialista, a burocrática e a gerencial. Administração Pública burocrática, que surgiu basicamente com o advento do Estado Liberal, busca romper com o modelo anterior, patrimonialista, pois separa os interesses pessoais do detentor do poder e os instrumentos colocados à disposição do Poder Público para garantir a satisfação do interesse público. Tem como objetivo defender a sociedade contra o poder arbitrário do soberano. No modelo de Administração burocrática são adotadas uma série de medidas cujo objetivo é a defesa da coisa pública, em contraposição ao período patrimonialista antecedente, cuja característica principal é a confusão entre 15 patrimônio público, Estado, e o patrimônio particular do detentor do poder. O modelo burocrático enfatiza aspectos formais, controlando processos de decisão estabelecendo uma hierarquia funcional rígida, baseada em princípios de profissionalização e formalismo. Os procedimentos formais são feitos por funcionários especializados, com competências fixas, sujeitos ao controle hierárquico, e há a profissionalização do funcionário burocrático, que exerce o cargo técnico em razão de sua competência comprovada por processo de seleção, afastando-se assim, o nepotismo e as relações de apadrinhamento. O exercício de cargos públicos passa a ser uma profissão, com remuneração previamente conhecida pelo indivíduo e pela sociedade. Houve, nesse período, a criação das primeiras carreiras para funcionários públicos e a realização dos primeiros concursos públicos, efetuados no Governo Vargas, na década de 30. Na Administração burocrática, inicialmente não havia controle finalístico ou de resultados, pois o foco era tornar a Administração Pública impessoal, e esses objetivos somente apareceram com o surgimento da Administração gerencial. A Administração Pública gerencial revê as características principais do modelo burocrático, ou seja, as estruturas rígidas, a hierarquia, a subordinação, o controle de procedimentos, passando a direcionar a atuação para o controle de resultados pretendidos. Nesse contexto, o modelo gerencial possui maior ênfase no princípio da eficiência que, segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, não pode ser concebido senão na intimidade do princípio da legalidade, porquanto a busca da eficiência jamais seria justificada pela postergação daquele que é o dever administrativo por excelência. Emerson Gabardo, em sua obra “Eficiência e Legitimidade do Estado”, assim contextualiza o princípio da eficiência: “No Brasil, a eficiência tornou-se princípio constitucional expresso a partir da Emenda Constitucional nº 19/98, que alterou a redação do caput do artigo 37. Isso não implica asserir que a reforma introduziu uma novidade no sistema administrativo nacional. O princípio constitucional da eficiência administrativa já se denotava 16 implícito na Carta Magna. Assim sendo, é importante considerar que a natureza da eficiência como norma constitucional não compreenderá a essência neoliberal que permeou os trabalhos reformadores. A eficiência como mero símbolo ou valor ideológico não se confunde com a sua manifestação jurídico-normativa.” Entre vários meios de atuação da Administração Pública gerencial, há a parceria com a sociedade civil e uma maior autonomia para as entidades administrativas. A eficiência da administração pública, a necessidade de reduzir custos e aumentar a qualidade dos serviços públicos prestados, tendo o cidadão como beneficiário, torna-se a meta do Estado, a essência da atividade desempenhada por este. 3.4 ALTERNATIVAS DE GESTÃO Algumas técnicas modernas de gestão advindas em grande parte de modelos exitosos na administração privada, podem, e vem sendo utilizados também na gestão pública, e entre estes, podemos destacar resumidamente alguns deles: 3.4.1 Gestão de projetos: Projetos são atividades únicas, com início e final determinados, objetivando o alcance de determinada meta ou objetivo. Eles podem ser de pequeno ou grande porte e vigorarem em prazos curtos e longos. Podem demandar a participação de poucas ou até de milhares de pessoas e valores diferenciados em outros recursos. Paludo (2012, p. 146) comenta que: “Mesmo obras muito antigas de grande porte foram desenvolvidas com a utilização de alguma técnica ou método de gerenciamento de projetos, citando como exemplos as Pirâmides do Egito, a Muralha da China e vários outros.” 17 Nos dias atuais, é conhecida a importância de se organizarem projetos para o atendimento a necessidades de empresas e entidades privadas e públicas, e direcionados à criação de novos produtos e serviços, além daqueles voltados à implantação de inovações ou de mudanças nos processos de trabalho. 3.4.2 Gestão de processos: Uma das tendências da atualidade na busca por meios mais eficazes de organização e execução do trabalho vem conduzindo à gestão por processos. “A visão organizacional por processos rompe os antigos departamentos funcionais em busca de maior coordenação de esforços e está baseada num conjunto de atividades inter-relacionadas e sequenciais, focadas no cliente e na geração de valor em produtos e serviços” (PALUDO, 2012, p. 365). A gestão de processos também pode ser chamada deBPM (Business Process Management) ou gerenciamento de processos. Cada processo é gerenciado de uma forma específica e isso ocorre desde o momento em que um processo recebe uma entrada (insumo) até o momento em que ele gera uma saída (resultado) de alto valor para o negócio. Portanto, a gestão de processos tem o objetivo de orquestrar as diversas funções de negócio, isto é, os departamentos, para que juntos possam atingir um objetivo específico. Essa “orquestração” se dá através de um dos principais conceitos que se destacam na gestão de processos: o de processos ponta a ponta. É preciso considerar que os processos de uma empresa geralmente envolvem muitas áreas. Apesar disso, a maior parte das organizações faz um gerenciamento orientado a departamentos. Ou seja, cada um na sua caixinha cuidando daquilo que compete ao seu departamento. 3.4.3 Gestão de contratos: Exceto em alguns casos de dispensa ou inelegibilidade, os contratos (acordos de vontades) administrativos públicos com terceiros devem ser precedidos de licitação (Lei nº 8.666/1993).Visando obter 18 maior garantia e qualidade, deve ser definida uma direção, supervisão, setor ou até um único servidor que seja designado como responsável pelas atribuições relacionadas aos contratos. O recebimento do bem ou do serviço contratado identifica a etapa final de sua execução, prosseguindo a gestão para que sejam feitos os pagamentos e a posterior verificação pelos órgãos de controle. O contratado tem a obrigação de manter todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação (ou, eventualmente, mesmo que ocorra a dispensa desta última). 3.5 DIFERENÇA ENTRE GESTÃO PÚBLICA E ADMINISTRAÇÃO PRIVADA A diferença principal entre a Gestão Pública e a administração privada está na própria finalidade de cada uma. Em oposição à Gestão Pública, cujo foco é o bem comum; a administração privada volta-se para o lucro ou para o consumo e suas ações visam o próprio desenvolvimento e crescimento do negócio, além do benefício dos proprietários e gestores. Outras diferenças entre a gestão pública e a administração privada são modo como as organizações são criadas, captam recursos e seus modelos de planejamento, sendo que no setor público, as diretrizes de legalidade e publicidade são muito mais rígidas e sofrem rigoroso sistema de fiscalização por parte dos órgãos de controle estatais como Ministério Público, Controladorias Municipais, Estaduais e Federais, além do próprio cidadão cada vez mais atento e atuante no controle público através de meios como a internet. Ou seja, no setor privado, a decisão soberana recai sobre um proprietário, diretor ou pequeno grupo de administradores, enquanto que no setor público, tudo deve ser compartilhado com toda população e sempre que possível, atendendo as necessidades e anseios de todos. 19 3.6 A SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE ARAGUARI E SEU PAPEL NA GESTÃO E POLITICAS PÚBLICAS NO BRASIL De acordo com as normativas vigentes no Sistema Único de Saúde (SUS), tendo uma cobertura de aproximadamente 70% de munícipes atendidos pelo Programa Saúde da Família, uma Santa Casa Filantrópica, um Centro de especialidades (Policlínica) e um hospital conveniado, a instituição tem responsabilidade de gestão plena do sistema, ou seja, o Gestor tem autonomia para contratar qualquer tipo de profissional ou serviço dentro do seu limite de teto MAC (Media e Alta Complexidade) liberado pelo Ministério da Saúde de acordo com os gastos do ano anterior, perfil populacional, notificações de doenças etc. Assim sendo, o gestor determina quais os tipos de contratos serão firmados, sendo que na área de RH, as contratações seguem as determinações legais dos concursos públicos, e hoje, todos os novos contratados desde 2010, são automaticamente enquadrados pelo regime estatutário próprio, e programas anuais de incentivo são adotados para a mudança de antigos servidores que ainda respondem ao regime “celetista” (CLT), migrem também para esse regime. Outra forma de contratação adotada com frequência, é a realização de processo seletivo por tempo determinado (em geral, contrato com duração de um ano, prorrogável por mais um), de modo a suprir demandas mais imediatas ao sistema de saúde, como substituição de algum quadro exonerado por motivos diversos (morte, aposentadoria, desligamento voluntário etc), ou para formação de equipe necessária para ampliação de serviços, como construção de alguma nova unidade, aquisição de algum novo equipamento que permite novas especialidades, ampliação de algum centro ou serviço médico etc. Essa forma de contratação tem tramites burocráticos mais ágeis, além de serem realizadas por funcionários internos da própria prefeitura dispensando a contratação de serviços especializados e mais dispendiosos para a realização das provas de um concurso público. É importante deixar claro o caráter temporário do processo seletivo que tão logo as condições do município permitam, deve disponibilizar essas vagas em concurso para substituição do pessoal em contrato temporário. 20 Todas as compras e serviços contratados são sempre feitas através de licitação, que podem ocorrer no regime de pregão (presencial ou online) ou por adesão em ata de registro de preços. Com relação ao pregão, este dá-se onde empresas ou seus representantes, dão lances partindo de um valor previamente estipulado pela Secretaria até o menor valor possível que cumpra os requisitos de quantidades, prazos e descrições do produto ou serviço licitado, ganhando o direito a fornecer, a empresa que apresentar o menor valor. Com relação ao registro de preços, este é feito com base em pregões anteriores realizados em qualquer órgão público semelhante, e que compõe uma base de dados de forma a permitir que a secretaria “pegue carona” no preço apresentado neste pregão de modo a contratar sem a necessidade de realizar um novo pregão. As vantagens do registro de preço são tanto do poder público, quanto da empresa, pois a empresa quando participa desta modalidade, tem que ter em mente que firma com o poder público, uma promessa de preferencia em compras futuras em todo território nacional durante toda a validade da ata de registro de preços, que em geral, não deve ultrapassar um ano salvo prorrogações legais, e dessa forma, entende-se que a previsão de novas vendas, seja um estimulante a prática de melhores preços, e o poder público, ganha em reduzir custos e o tempo necessários para a realização de um novo pregão específico. Tanto pregão quanto registros de preços, também são utilizados para abertura de credenciamentos de serviços, sendo que uma vez aberto o credenciamento, profissionais podem ingressar no convenio aberto e prestar o serviço mediante pagamentos e condições previamente estabelecidas, sendo este um dos principais meios de obtenção de serviços médicos especializados pela Secretaria Municipal de saúde, como serviços de imagem (ultrassom, ressonâncias, tomografias etc) e também de exames laboratoriais. Ainda neste aspecto da gestão de políticas públicas, a secretaria é a responsável também por aderir, gerir, executar e fiscalizar uma série de programas como as leis de vigilância sanitária, sendo o Secretário Municipal a autoridade sanitária máxima do município, programas de controle e combate a 21 doenças e zoonoses como a Dengue, Zika e Chikungunya, promoção, vigilância e controle dos programas de vacinação entre outros, além de ser o responsável pela gestão de recursos a serem distribuídos pela rede atenção primária através das UBS e UBSFs (os chamados postos de saúde) e também responsável pela manutenção e contratação de serviços na rede do município ou mesmo fora através de PPIs que são Pactuações Programadas e Integradas entre gestores de diferentes munícipios, emque recursos de um município possam ser destinados a outros que tenham melhor capacidade para atender determinados tipos de pacientes, por exemplo, um município pode ter um centro para tratamento de oncologia maior e mais bem preparado que outro, e dessa forma receber os pacientes e os recursos destinados a este tratamento realizando o chamado TFD, que é o Tratamento Fora de Domicílio. Os Princípio da legalidade, e publicidade são especialmente tratados em todos os tramites da secretaria, que é regularmente fiscalizada por auditorias externas enviadas pelo Ministério da Saúde e cotidianamente também pelo Ministério Público. Todos os atos de compras e contratações são publicados diariamente no Diário Oficial do Município ficando disponível permanente online e duas vezes por semana impresso e distribuído aos cidadãos na forma de “jornal”, para livre consulta. O princípio da Isonomia, ou Impessoalidade, também é bastante observado na Secretária Municipal de Saúde, tanto pelo caráter de suas compras e contratações, quanto também aplicado em relação aos seus pacientes, que em ultima analise, são os “clientes” da “empresa”. Por falta de capacidade da prestação de serviços em tamanho crescente e condizente com o perfil populacional, algumas filas de espera por atendimento, procedimentos e exames acabam por se formar, e a ordem de entrada e saída destes pacientes na fila, deve ser rigorosamente acompanhada, sendo que somente através de laudo realizado por um médico regulador concursado e autorizado pelo secretário municipal, e que um paciente considerado de urgência ou emergência pode ter seu atendimento adiantado em relação a outros que já estavam aguardando o atendimento na fila. Hoje toda a fila para os atendimentos eletivos (ou seja, fora da rede de urgência e emergência), constam disponibilizados no site da 22 prefeitura municipal através do “Portal da Transparência”, onde cada paciente e o próprio Ministério Público, podem consultar seu “status” na fila. Algumas particularidades envolvendo “PPP”s, ou, parcerias público- privadas também são encontradas na gestão da Secretaria Municipal de Saúde. Uma delas é a gestão compartilhada com uma “O.S” que administra a única UPA (unidade de pronto atendimento) do município. No direito do Brasil, organização social ou “O.S.” é um tipo de associação privada, com personalidade jurídica, sem fins lucrativos, que recebe subvenção do estado para prestar serviços de relevante interesse público, como, por exemplo, a saúde pública, e neste caso, o vultoso contrato torna o município fornecedor dos recursos e pacientes, mas também cliente da instituição que administra a unidade, e essa relação nem sempre é das melhores, sendo que hora a “O.S”. reclama de excesso de pacientes fora do perfil de pronto atendimento que deveriam ser atendidos na rede de atenção básica, hora o munícipio se queixa de ingerências e falhas por parte da “O.S.” e seus funcionários. A outra “PPP” não menos conturbada, é com a administração da Santa Casa de Misericórdia de Araguari, que é uma instituição filantrópica administrada por uma associação médica do município, e que apesar de também prestar serviços particulares, tem mais de 94% das suas receitas advindas do SUS através da gestão da Secretaria Municipal de Saúde, criando uma zona cinzenta entre a gestão privada e o estado que na pratica é quem sustenta a unidade financeiramente. Da mesma maneira que a UPA, as queixas de ingerências e baixa assertividade também são frequentes entre os dois lados. 4 Dinâmica das Relações Interpessoais Para Arten (2012), a dinâmica das relações interpessoais, vem demonstrar a importância da interação entre o indivíduo e a organização; do papel do líder nessas relações; da reflexão sobre o processo grupal; da administração de conflitos; da capacidade na tomada de decisão e na negociação, interna ou externa, identificando a complexidade do universo 23 individual e da organização como um todo, sempre se comunicando e interagindo com os demais indivíduos na empresa. Relações interpessoais significa então, agir com interação, agir mutuamente, o que nos leva a crer que não se possa existir uma organização sem o tema proposto neste capítulo. 4.1 que é Comunicação “Quem não se comunica, se estrumbica!”, já dizia o saudoso Velho Guerreiro, Chacrinha, portanto há de se convir que nenhuma empresa, seja de qual segmento for, está livre de aplicar esse ditado tão certo. De acordo com o tipo de comunicação é que o administrador demonstrará aos seus subordinados o que se almeja na empresa, quais os projetos a serem executados e como executá-los, porém deve se tomar cuidado porque no modo dese comunicar é que se caracteriza o chefe ou o líder. Figura 1 – Modelo Linear de Shannon e Weaver Disponível em: http://pmartins-simplesmentecomunicar.blogspot.com/2010/02/modelos-da- comunicacao.html Considerando-se ainda que é no dom de comunicar-se que surgem os líderes, pessoas que se destacam e conseguem que sejam admirados por seus subordinados e pessoas que querem segui-lo. http://pmartins-simplesmentecomunicar.blogspot.com/2010/02/modelos-da-comunicacao.html http://pmartins-simplesmentecomunicar.blogspot.com/2010/02/modelos-da-comunicacao.html 24 4.2 RELAÇÕES INTERPESSOAIS NA SECRETÁRIA MUNICIPAL DE SAÚDE O estilo de liderança exercido na empresa objeto de pesquisa deste projeto é a liderança autocrática, pois a empresa apesar de reunir em sua prática as características da liderança eficaz, modifica sua atuação no momento da tomada de decisão, pois embora o grupo seja consultado, nem sempre a decisão coletiva é a adotada pelo gestor. (ARTEN, 2012). Além do Secretário Municipal, na secretaria em questão também existe um Subsecretário Municipal de Saúde, que pela legislação municipal, é o responsável pela pasta na ausência ou insuficiência do Secretário, ficando subordinado as decisões do secretário que são unânimes. Informalmente, no modelo adotado hoje o subsecretário é quem fica à cargo do, dia-a-dia da secretaria, por assim dizer, sendo responsável pelo RH, suprimentos, resolução de conflitos internos e acompanhamentos dos processos e projetos em andamento, enquanto que o secretário, fica principalmente a cargo dos contratos, convênios, gestão de conflitos externos, busca de recursos e defesa dos interesses da pasta junto aos governos estadual e federal. Uma falha frequente identificada, é que muitas vezes a gestão falha no feedback aos servidores das decisões tomadas, o que deixa a empresa a desejar no quesito comunicação empresarial e endomarketing, pois na secretaria, a decisão total pelos rumos do trabalho a ser realizado, é do gestor, cabendo aos funcionários apenas cumprirem as metas. Os conflitos quando porventura surgem são administrados sempre que possível, pelo subsecretário que determina qual conduta deve ser tomada, mas quando na insuficiência ou incapacidade deste, a discussão é levada ao gestor que a determina de maneira impositiva, o que conforme descrito por Arten (2012) caracteriza a gestão como estilo ditador, onde a tentativa de solução dá-se mediante a imposição de um comportamento, sem abrir espaço para negociação. 25 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES DE MELHORIAS Ao final deste projeto e pesquisa, viu-se que o órgão público em questão, é uma unidade pública de instancia superior na gestão do SUS no município de Araguari, tendo diversas unidades subalternas a seu comando, e tendo seu quadro funcional distribuído de forma que o secretário é o gestor pleno e detentor da última palavra dentro da organização, seguido hierarquicamente pelo Subsecretário, e abaixo deste pelos coordenadores de setores, e em seguida pelos diretores de unidades, chefes de divisão e por fim, aos servidores e unidades subalternas.Com 978 servidores lotados em seus quadros, é visível que a profissionalização e equipamentos do setor de RH interno estejam defasados, pois muito embora as funções de RH também sejam compartilhadas com a Secretaria de Administração, as funções corriqueiras de resolução de conflitos e disputa de interesses pessoais internos, como remanejamento entre unidades e gratificações por desempenho, acabam por ocupar muito do tempo do Secretário e Subsecretário, e estes por sua vez acabam por adotar um regime de liderança ditatorial como forma mais rápida de resolução de conflitos, falhando no feedback das informações e maior dialogo nas tomadas de decisões aos seus subordinados. Tal posição dificulta o relacionamento interpessoal dentro da empresa, pois os funcionários tendem a sentir-se acuados em manifestar suas opiniões, o que por vezes poderia melhorar o desempenho da empresa melhorando toda a estrutura funcional, sendo que em muitos casos, essa situação retroalimenta a própria geração de novos conflitos, transformando estes fatos em um ciclo vicioso dentro da organização. Para Queiroz (2013), este tipo de conceito, aos poucos vêm sendo desestimulado e paulatinamente introduzem-se novos métodos de gestão de pessoas nas instituições, tornando desta forma as empresas mais fortes, pois acreditando que hoje um gestor deve agregar valores e talentos dos seus subordinados e não meramente dar ordens e supervisionar se o trabalho foi feito como foi determinado é possível melhorar a eficiência de todo o grupo. 26 Figura 2 – Diferença entre Chefe e Líder Fica claro ao final desta pesquisa, que a empresa muito tem que melhorar no quesito comunicação interpessoal, pois o que foi detectado é que conforme mostra a figura2, de fato, muitas vezes a postura de chefia acaba sendo utilizada no lugar da postura de liderança, com ordens no sentido vertical, de cima para baixo para se cumprir sem contestação. Outro ponto de sugestão para a gestão do órgão, é a revisão de seus contratos de PPP mediante a próxima renovação que acontece anualmente, de forma a estabelecer critérios mais claros dos direitos e deveres de ambas as partes para com seus dois maiores parceiros, tanto da Santa Casa quanto da UPA, respeitando sempre os limites legais e os princípios básicos que norteiam a administração pública, de modo a sanarem as acusações e desgastes mútuos. REFERÊNCIAS ARTEN, Tatiana Felipe Candido. Livro Texto UNIP – Dinâmica das relações interpessoais. São Paulo: Editora Sol, 2012. REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 1986 BRASIL, República Federativa do. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, Senado, 1998. 27 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2000. GABARDO, Emerson. Eficiência e Legitimidade do Estado: uma análise das estruturas simbólicas do direito político. Barueri, SP: Manole, 2003, p. 185. BARBOSA, Daniele. Revista eletrônica exame.com. Disponível em:PORTAL G1. Mercado para técnico de segurança do trabalho está em expansão em GO. Disponível em: <http://g1.globo.com/goias/noticia/2012/10/mercado-paratecnico-de-seguranca-do- trabalho-esta-em-expansao-em-go.html>. Acesso em: 28 nov. 2019. QUEIROZ, Maiara Magalhães de O. Artigo publicado no site webartigos.com. Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/gestao-de-pessoal-lider- ouchefe/114658/>. Acesso em: 18 Nov. 201 SCHERMERHORN, John R. Jr.; HUNT, James G.; OSBORN, Richard N. Fundamentos de Comportamento Organizacional. 2ª Edição, São Paulo: Grafline Editora Gráfica, 1998. VELOSO, Luísa. Empresas, identidades e processos de identificação. 1ª Edição, Porto: Editora da Universidade de Porto, 2007. Ditticio , Claudio; Carlini Angélica. Livro texto UNIP Interativa - Introdução a Teoria do Estado. São Paulo: Editora Sol, 2012 Ditticio , Claudio; Valverde, Santiago; Bulcão, Renato. Livro Texto UNIP Interativa - Gestão Pública e políticas Públicas no Brasil. São Paulo: Editora Sol, 2012